Sexualidade na idade média

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A Sexualidade na Idade Média

Por Ana Ribeiro, nº2 10ºD Disciplina de História Ano letivo 2013/14

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ÍNDICE

O Contexo Medieval (Introdução)…………………………….3

Meios e Costumes Cortesãos…………………………………...4

Comportamentos Sexuais…………………………………………5

Conclusão…………………………………………………………………7

Bibliografia/Webgrafia……………………………………………..8

“O amor cortês”

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O CONTEXTO MEDIEVAL (INTRODUÇÃO)

Desde a Queda do Império Romano do Ocidente, provocada pelas invasões bárbaras e a instabilidade política, começa um período de mudança na Europa, durante o qual se instalam novos valores e costumes. A ordem política e a estrutura social mudam, o feudalismo abre caminho ás propriedades fundiárias e á criação de direitos próprios dos senhorios. O papel da Igreja aumenta consideravelmente, pois distinguia-se como a única instituição que se mantinha quando, no caos que se vivia, tudo ruía. Os modos de vida da população alteram-se e com eles alteram-se as mentalidades, crenças e necessidades. Deixando de parte a História politica, as conquistas e os avanços da Idade Média, este trabalho pretende antes de mais dar a conhecer os comportamentos sexuais desta época, bem como as condicionantes e restrições da atividade sexual, incluindo a forma como a mesma era encarada. .

“Não caminhais em glutonarias e embriaguez, nem em desonestidade e dissoluções, nem em contendas e rixas, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis a satisfação da carne com os seus apetites.” Santo Agostinho

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MEIOS E COSTUMES CORTESÃOS

Nos finais do século XI / princípios do século XII, o Ocidente depara-se com conceções matrimoniais divergentes, lutando contra os padrões que o clero reformista queria impor, com vista em erradicar certos comportamentos sexuais. António Resende de Oliveira escreveu “Há que reconhecer que (…) a Idade Média não é um período em que o uso da escrita estivesse difundido”, o que torna difícil a pesquisa sobre qualquer tema desta altura. No entanto, com o regresso dos laicos ao mundo da escrita, nos princípios do século XII, a literatura começa a revelar os comportamentos dos meios cortesãos do Ocidente. Uma forma de conhecer as práticas amorosas da Idade Média é através das canções trovadorescas, que se devem á presença de trovadores occitânicos na Península. Muitas destas canções trovadorescas falavam sobre o amor, as donas, as magnatas, e assuntos sobre “fornicações”: a homossexualidade (feminina e masculina), a prostituição, a masturbação. A homossexualidade é, contudo, a que melhor se encontra representada. Os agentes da sátira usavam personagens como Maria Mateus (conhecida por ser lésbica) para representar a homossexualidade – “Mari’Mateus, Mari’Mateus, tam desejosa ch’és de cono com’eu” (Afonso Anes do Coton) ou então referiam-se ás soldadeira, representantes das prostitutas. A mais célebre soldadeira era conhecida como Maria Peres Balteira. Os meios cortesãos estenderam a sua (aparente) liberdade nos costumes sexuais aos meios eclesiásticos.

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Cavaleiro cortejando uma dama.

COMPORTAMENTOS SEXUAIS Desde cedo a Igreja fomentou a recusa do prazer e a ideia de que o sexo servia unicamente para a procriação. As atenções aumentavam para quem cometia desvios sexuais, como: adultério, incesto, homossexualidade, masturbação, prostituição, desrespeito pelas normas de tempo ou locais estipuladas para a ação sexual. Outro aspeto merecedor de muita atenção dos membros do clero e da Igreja era as posições permitidas. Apenas a posição de missionário era aceite, qualquer outro tipo de relação era considerada pecado. Inclusive julgava-se que a masturbação feminina levaria a “um encontro com Satanás”. Era uma época em que o casamento não era determinado pelo amor, mas sim pelas famílias e alianças entre as mesmas. Isto levou a que houvesse uma larga tendência para o adultério, maioritariamente entre os homens. Santo Agostinho pronunciou-se sobre o assunto: “(…) adúltero é aquele que ama com demasiada paixão a sua mulher!”, JeanClaude Bologne defende que “A sedução é apenas obra da cortesia e fica

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limitada ás relações adulteras, uma vez que a fin’amors não reina no interior do casamento.” Os maridos ou pais que quisessem proteger a sua esposa ou filha de “invasores”, protegê-la-ia com um cinto de castidade. Feito de ferro, com uma abertura que permitisse a saída de urina e saliências pontiagudas do lado de fora a impossibilitar a entrada.

Pormenor de um cinto de castidade.

A despeito da exigência cristã, herdada do direito romano, nas famílias nobres a mulher continua sem direito de palavra aquando da decisão do matrimónio e o rapaz não o tem muitas vezes. O casamento era negociado pelos pais, visando a fortuna, o poder, a legitimidade dinástica, a segurança de um território ou alianças políticas. Considerava-se que casar com a mulher que se ama / que se seduziu era menos gratificante do que obter a sua mão pela linhagem ou pelas qualidades guerreiras. Como forma de escapar a este sistema matrimonial, por vezes os cavaleiros raptavam a sua amada – casamentos por rapto. Santo Agostinho, no século V, distingue amor de concupiscência de amor de caridade. Enquanto o primeiro é inspirado pela Natureza, baseado no desejo físico e na beleza, em decadência desde o pecado de Adão, o amor de caridade vem de Deus, é duradouro, eterno e

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indestrutível. Este ultimo permite ao homem votar á mulher o mesmo amor que Cristo tem pela Igreja. A conquista amorosa vai encontrar no século XVI uma dimensão mais carnal.

CONCLUSÃO

Na Idade Média os padrões sexuais e morais prevaleceram: a Igreja assume um forte papel na distinção do Bem e do Mal no que toca á sexualidade. É através das canções trovadorescas que chega a nós uma fração dos pensamentos e comportamentos sexuais da altura. Tal como a homossexualidade, a prostituição e o sexo ilegítimo, qualquer tipo de relação sexual que não tivesse fins meramente procriadores (posição de missionário) era punido severamente e conduzia a uma possível excomunhão da sociedade. Embora não completamente erradicados, os valores medievais sofreram drásticas e obvias mudanças: a censura e rejeição do prazer foi

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substituída pelo culto do prazer, maioritariamente no mundo Ocidental. Mas a influência religiosa, os costumes e valores das regiões e a própria pudicícia ainda se fazem sentir no campo da sexualidade. Os casamentos já não se realizam por interesses territoriais ou questões politicas – de novo, de acordo com o mundo Ocidental, pois não reconhecer a existência de práticas medievalísticas e em certas regiões do Oriente, por exemplo, seria ingenuidade – mas sim pela liberdade individual. O avançar dos séculos abriu imensas portas e ofereceu um leque de escolhas, preferências e resoluções. Hoje em dia temos a banalização do divórcio e do aborto, bem como de contracetivos e práticas sexuais menos ortodoxas. O sexo é, hoje, um assunto em ascensão, sobre o qual todos querem debater, e a ideia de que a sua função é simplesmente procriar, foi apagada das mentes das novas gerações.

BIBLIOGRAFIA/WEBGRAFIA

“História da Vida Privada de Portugal: A Idade Média”, direção de José Mattoso, coordenação de Bernardo Vasconcelos e Sousa; Circulo de Leitores e Temas e Debates, 2011 RICHARDS, Jeffrey, “Sex, Dissidence and Damnation (Minority Groups in the Middle Age)”; Jorge Zahar Editor Lda.; 1993 BOLOGNE, Jean-Claude; “História da Conquista Amorosa”; Edioral Teorrema SA; 2008

http://grupo-a3pd-apr.webnode.pt/contextos-historicos/idade-media/

http://www.google.pt/books?hl=ptPT&lr=&id=zn8GGlPdUgQC&oi=fnd&pg=PA1&dq=sexualidade+na+idade+m

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