Invasões napoleónicas

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Escola Secundária Gabriel Pereira

Invasões napoleónicas História A; Estrela Espiridião e Ana Ribeiro 11ºD

Fig.1 – O desastre da ponte das barcas, 29 de Março 1809 http://noticias.sapo.pt/info/artigo/986684 (1.3.15)


Índice Introdução ..................................................................................................................................... 3 Invasões Francesas ........................................................................................................................ 4 Contextualização histórica: ....................................................................................................... 4 Invasões Portuguesas: ............................................................................................................... 4 “Évora: das invasões napoleónicas à resistência patriótica (1807-1808)” ............................... 6 Conclusão ...................................................................................................................................... 7 Bibliografia .................................................................................................................................... 8 Anexos ........................................................................................................................................... 9

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Introdução As Invasões Napoleónicas, ou Francesas, são um tema que muito cedo aprendemos, mas quando tentamos entender para além dos nomes e datas torna-se muito complicado encontrar informação. Como sabíamos que este trabalho deveria possuir todas as informações base sobre este tema tentámos não nos desviar muito. No entanto, é difícil fazer um trabalho apenas com matéria estritamente necessária, por isso decidimos abordar levemente o efeito em Évora, a nossa cidade. Começamos com uma contextualização histórica onde tentámos mostrar aquilo que nos pareceu mais interessante: a vida de Napoleão até ao seu auge como Imperador. Ao longo do trabalho não é muito mencionado, visto que os seus generais eram os que mais impacto tinham em Portugal, mas não deixa de ser imensamente importante para a compreensão deste tema. Logo depois optamos por uma descrição direta e essencial das três invasões francesas em Portugal e uma mais intensa da primeira. No último tópico relembramos a história da nossa cidade, que muito sofreu com estes massacres, e que teve um papel importante. Os Franceses, e os seus ideais libertistas, trouxeram alguma luz aos artistas portugueses. Não só roubaram imensas obras de arte como também encomendaram outras. Um dos artistas que realçamos neste trabalho é D. A. Sequeira que foi muito influenciado pela presença dos franceses. Nos anexos colocamos algumas das suas obras relacionadas com esta época das invasões e outras de outros autores. “A revolução de 1820, as Constituintes, acordaram o seu incipiente jacobinismo. Aquilo que só em equívoco antipatriótico os Franceses tinham trazido, era então a lei nova na vida nacional, e por essa lei Sequeira se apaixonava de novo.”1

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FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Bertrand Editora, 3ª edição, volume 1 (pág. 153)

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Invasões Francesas Contextualização histórica: No ano de 1769, na pequena ilha de Córsega, perto de Itália, nasce Napoleão Buonaparte. Nesse mesmo ano, esta ilha foi vendida aos Franceses pelos Genoveses. O jovem Napoleão, destinado a ser oficial, foi enviado para uma escola militar aos 10 anos. Por ser oriundo de uma família pobre sempre soube que para suceder teria de triunfar sobre a vontade dos outros. Instala-se em Paris. É-lhe dada a patente de general e deram-lhe o comando de um pequeno exército que devia partir para Itália para disseminar as ideias da Revolução Francesa. Em 1796, no início da campanha, o general Napoleão (que agora assinava “Bonaparte”, á maneira francesa), inspirou os soldados desta forma: “Soldados! Vocês estão quase sem roupa e sem comida. O governo deve-vos muito dinheiro e não tem como pagar. Mas eu vou levar-vos para a planície mais fértil do mundo. As províncias ricas e as grandes cidades vão cair nas vossas mãos, e lá vão encontrar honra, glória e riquezas. Soldados! Quem é que não tem coragem e resistência?”2 O ainda jovem Napoleão estava então designado para ser poderoso e influente, e iria ter um forte impacto na história da Europa.

Invasões Portuguesas: “Decidido a vencer a Inglaterra, que lhe tinha praticamente posto fora de combate toda a marinha de guerra em Trafalgar (1805), impedindo-o, assim, de proteger os numerosos navios com que se propunha invadir a ilha inimiga. Velho aliado da Grã-Bretanha, era difícil a posição de Portugal, onde numerosa colónia inglesa contribuía para o desenvolvimento comercial do País, particularmente para a exportação do vinho do Porto, uma das nossas grandes fontes de receita nesse tempo.” 3 Napoleão proclama o Bloqueio Continental, o encerramento de todos os portos europeus aos navios ingleses. Assim, será a terra, todo um continente a fazer bloqueio ao mar com vista arruinar o comércio de Inglaterra. Mas para funcionar o Bloqueio Continental tem de ser eficaz. A adesão da Rússia é um bom golpe, fecha a Inglaterra a uma boa parte do comércio báltico, vital para os comércios navais (madeira, peixe) que dali afluem á Grã-Bretanha. Acrescia ainda a certeza de que, logo que Portugal aderisse ao bloqueio, logo os britânicos se apossariam da Madeira, de Cabo Verde, do Brasil e das colonias africanas, que possivelmente jamais nos seriam restituídas. No dia 12 Agosto de 1807 o governo Português recebeu a notícia de que os franceses exigiam que declarasse guerra à Inglaterra até 1 de Setembro, “todos os portos fossem fechados aos navios britânicos, os navios de guerra portugueses se juntassem à esquadra franco-espanhola e todos os ingleses residentes ficassem detidos.”2 O governo Português comunica a situação ao gabinete de Londres que responde tolerar o encerramento dos portos desde que não entrassem tropas Francesas, ou espanholas, em Portugal. Assim o ultimato é ignorado e nada se resolve até que França e Espanha assinam um tratado, para a partilha de Portugal. Dez dias depois Napoleão manda Junot, com 25 000 homens, entrar em Espanha, reunir com as tropas 2

GOMBRICH, E. H.; Uma Pequena História do Mundo; Tinta da China edições; Lisboa (pp. 267-268)

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Dicionário de História de Portugal, Direção de Joel Serrão, Iniciativas Editoriais, vol.5 (pág. 47)

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espanholas e invadir Portugal. O príncipe regente, “tomado de pânico”, declara guerra à GrãBretanha e manda prender os ingleses que ainda se encontravam e Portugal. E assim se dá a primeira invasão francesa, em 1807, comandada por Junot, juntamente com o exército espanhol. Em Agosto do ano seguinte foram expulsos. Voltaram em Fevereiro de 1809, comandados por Soult, mas pouco durou visto que o General John Moore tinha sido enviado com um exército de socorro, ao saber que Napoleão tinha chegado a Madrid. A última invasão começou em Julho de 1810 e acabou em Maio de 1811, comandada por Massena. 4 Quando Junot chegou a Lisboa, em 1807, já a corte tinha fugido para o Brasil. Com a ajuda de Wellesley, e um corpo expedicionário inglês, conseguiram expulsar Junot. Em 1809 chega o General Soult, pelo norte, pareciam destinados a uma vitória total mas tal não aconteceu pois o povo organizou uma resistencia. Não só isso como também a ajuda do general John Moore e o exército de socorro, resultaram expulção e no fim da segunda invasão. Em 1810 os Franceses decidiram invadir Portugal pela terceira vez, mas foram derrotados na Batalha do Buçaco e das Linhas de Torres Vedras. Foi aí, Maio de 1811, que abandonaram, de vez, Portugal.5 Esta expanção francesa destruiu o equilibriu europeu. O imperador da França era também presidente da Republica Italiana, Mediador da confedração Suiça, protector da república Batávia (Holanda) e reorganizador da Alemanha. Mesmo assim mantinha um estado revolucionário. O império francês atingiu o seu apogeu entre 1807 e 1812 mas inglaterra continuava a fazer-lhe frente. Foi por isso que Napoleão decidiu utilizar uma “arma económica” visto que a militar tinha sido infrutífera. Começa a aproximar-se a derrota final de França devido à política dos parentes de Napoleão, à regeneração da Prússia, o conflito interno com o Papa e a crise económica. É assim forçado a deixar o seu império a Luis XVIII e aos emigrantes que voltam a França. Derrotado em Waterloo (Bélgica), em 18 de Junho de 1815, pelos exércitos de Wellington e Blucher, vê-se obrigado a pedir asilo político à Inglaterra que o envia para a Ilha de Santa Helena.6

Fig.2 - Lisboa protegendo os seus habitantes (1812) por D. A. Sequeira.

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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 13 pp.979-982; Editorial Enciclopédia limitada, Lisboa 1940 (pp. 979-982) 5

MONNIER, Jean; História Universal, vol. 8; Editora Verbo Juvenil (pp.87-92)

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SILVA, Manuel Lopes da; História das Civilizações, volume V, Editorial Presença, 1979 (pp. 14-15)

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“Évora: das invasões napoleónicas à resistência patriótica (1807-1808)”7 Com a tomada de algumas cidades espanholas pelos franceses e a colocação de José Bonaparte, irmão de Napoleão Bonaparte, no trono de Espanha os espanhóis revoltaram-se. A notícia chega a Portugal, onde já tinha havido vários apelos à revolta desde 9 de Maio de 1808.8 A 29 de Junho de 1808 deu-se o Massacre de Évora. Foram as forças comandadas por Loison, o mítico “Maneta”9, que provocaram massacres indiscriminados, destacando-se o da cidade de Évora. Neste dia morreram mil pessoas, em combate e execuções. Esta foi, também, a data da reunião dos representantes da cidade onde deliberaram a revolta contra o domínio francês. “Em sua defesa, leal às diretivas recebidas da Casa Real, e como dirigente sensato a quem a história viria a dar razão, Cenáculo relembra que Évora não tinha capacidade militar para resistir ao avanço das tropas napoleónicas e que só perante o facto consumado, com as manifestações populares de apoio ao príncipe regente, aceitou dirigir a revolta.”10 Frei Manuel do Cenáculo foi um dos mais importantes iluministas e mecenas de Portugal. Mandou fazer a Biblioteca Pública de Évora e possuía uma enorme coleção de relíquias. As tropas de Loison, hospedadas no palácio arquiepiscopal, saquearam tudo aquilo que tinha colecionado ao longo da sua vida. Podemos ler, pelas palavras de Frei Manuel do Cenáculo, a descrição desses acontecimentos: “À vista de todos estes sofrimentos com paciência e humildade, se resolveu o General a dizerme que a minha casa era livre de saque, e começou a tratar-me ele e mais alguns poucos Oficiais maiores com menos desprezo e tirania; mas não foi a sua palavra observada porque por ele mesmo General foi a minha casa saqueada excessivamente; não ficou quase nada da prata de que o meu antecessor se tinha provido; fiquei sem anel Episcopal; todo o copioso Monetário que a tanto custo tinha juntado para deixar, juntamente com a grande Livraria que tinha edificado (…) tudo quanto era ouro e prata foi saqueado, como também rasgados os Livros, e feitos pedaços os manuscritos, quebrando as mais pequenas e delicadas peças de Museu natural e artificial, unicamente para levarem alguns pequenos remates de prata, e ouro, fazendo em pedaços Imagens de Cristo e Santos; enfim reduzindo tudo a um estado de fazer lástima ainda a quem não é curioso.”11

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Referência ao livro de Joaquim Palminha Silva: Évora: das invasões napoleónicas à resistência patriótica (18071808). Não nos foi possível consultar a obra, mas teve influência na criação deste tópico. 8 http://www4.cm-evora.pt/pt/conteudos/areas%20tematicas/Cultura/Curiosidades%20Hist%C3%B3ricas%20Bicenten%C3%A1rio%20das%20Invas%C3%B5es%20Francesas.htm (28.02.15) 9

Do qual deriva a expressão popular “ir pró maneta”. http://museudevora.imc-ip.pt/Data/Documents/B3Saque2008.pdf pág. 4 (28.3.15) 11 http://www.arqnet.pt/portal/pessoais/cenaculo_evora.html (1.3.15) 10

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Conclusão Podemos agora concluir que as Invasões Francesas são um tema mais profundo do que pode aparentar. Sabemos que é um assunto que criou muitos hábitos e cicatrizes no povo português e que, por muita influência revolucionária que tenhamos recebido, foi uma época de horrores e massacres. As invasões deram-se devido à competição entre França e Inglaterra, mas na verdade foram todos os países invadidos que realmente sofreram. Portugal foi saqueado, massacrado, destruído, chantageado e os seus habitantes ficaram para sempre marcados por estes horrores. Podemos, pelas palavras de Frei Manuel do Cenáculo, perceber alguns desses horrores e tentativas de resistência mas as verdadeiras histórias do povo são um assunto “tabu”. Napoleão, um simples rapaz, conseguiu conquistar um poder imenso e invadir a Europa. Portugal e Espanha guerrearam entre si e contra França, Inglaterra enviou tropas em nosso socorro e assim vencemos os Franceses. Mas ainda hoje eles possuem algumas obras, especificamente de Évora, e é assim que nos apercebemos que a história é real: quando podemos encontrar vestígios de acontecimentos narrados e quando aprendemos algo que está tão próximo de nós.

Fig. 2 - Lápide com inscrições em português que se encontra na posse do município de Évora

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Bibliografia http://www4.cmevora.pt/pt/conteudos/areas%20tematicas/Cultura/Curiosidades%20Hist%C3%B3ricas%20Bicenten%C3%A1rio%20das%20Invas%C3%B5es%20Francesas.htm (28.02.15) http://museudevora.imc-ip.pt/Data/Documents/B3Saque2008.pdf (28.02.15) http://www.arqnet.pt/portal/pessoais/cenaculo_evora.html (1.3.15) SILVA, Manuel Lopes da; História das Civilizações, volume V, Editorial Presença, 1979 (pp. 1415) Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 13; Editorial Enciclopédia limitada, Lisboa 1940 (pp.979-982) MONNIER, Jean; História Universal, vol. 8; Editora Verbo Juvenil (pp.87-92) GOMBRICH, E. H.; Uma Pequena História do Mundo; Tinta da China edições; Lisboa. CONTI, Flavio, Napoleão e a Conquista da Europa, Resomnia Editores (pág. 69) Dicionário de História de Portugal, Direção de Joel Serrão, Iniciativas Editoriais, vol.5 (pág. 47) FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Bertrand Editora, 3ª edição, volume 1 (pp. 147-153) Fig.1 – http://noticias.sapo.pt/info/artigo/986684 (2.3.15) Fig.2 – http://www4.cmevora.pt/pt/conteudos/areas%20tematicas/Cultura/Curiosidades%20Hist%C3%B3ricas%20Bicenten%C3%A1rio%20das%20Invas%C3%B5es%20Francesas.htm (1.3.15) Fig.3 – http://charcofrio.blogspot.pt/2012_11_01_archive.html (1.3.15) Fig.4 – http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sequeira_junot1.jpg (1.3.15) Fig.5 – http://www.art.com/products/p12260295-sa-i1634365/nicolas-toussaint-charletnapoleon-i-at-military-school-in-1783-illustration-from-l-empereur-et-la-garde-imperiale.htm (1.3.15) Fig.6 – http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2012/09/praca-do-chile-iii.html (1.3.15) Fig.7 – http://obaudahistoria.blogspot.pt/2012/07/o-massacre-de-evora.html (2.3.15)

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Anexos

Fig. 3- Junot Protegendo a Cidade de Lisboa de Domingos Sequeira (1808) Descrição: “O “guerreiro invicto, prudente e justo” protege Lisboa. A cidade, sentada e triste, esfalfada, é amparada pela religião e pelo génio nacional que olha, com temor e fascinação de adolescente para um magnifico Junot em grande gala de hussardo, que pega na mão de Lisboa, para a consolar. Ceres e Minerva, a abundancia e a sabedoria, aproximam-se pelos ares, debaixo da sombra imensa de asas abertas; no outro lado da composição, marte- frança fulmina neptuno – Inglaterra”.12

Fig. 4- Napoleão a desenhar nas paredes como aluno da academia militar. Litografia proveniente de ”L’Empereure et la Garde Imperiale” 1845.

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FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Bertrand Editora, 3ª edição, volume 1 (pág. 147)

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Fig. 5 – “A sopa de arroios” (1810) – D. A. Sequeira Descrição: “Vasto arraial no terreiro em frente do palácio de D. Rodrigo de sousa Coutinho, onde era distribuída uma sopa às populações que as ameaças da invasão francesa de 1810 tinham trazido até à capital.”13

Fig.6 – Esquema da defesa de Évora em 29 de Julho de 1808, segundo um desenho feito por J. C. Barreto, publicado na "História Popular da Guerra Peninsular" de J. J, Teixeira Botelho.14

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FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Bertrand Editora, 3ª edição, volume 1 (pág. 152) http://obaudahistoria.blogspot.pt/2012/07/o-massacre-de-evora.html (2.3.15)

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