Aula Magna

Page 1

Novembro dezembro 2010

magazine nº 01

Distribuição gratuita

Ricardo Araújo Pereira de regresso às aulas

Bandas Estudantis

Fazer da Universidade um palco



As opiniões veiculadas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem necessariamente a opinião da revista ou dos seus colaboradores. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos ou imagens por quaisquer meios e para quaisquer fins.

Direcção Luís Oeiras Fernandes Consultores de Edição Anick Bilreiro Filipe Pedro Luís Ricardo Duarte Consultor de Fotografia José Miguel Soares Consultora de Grafismo Filipa Lourenço Consultores de Internet Abílio Santos Jorge Martins Escrevem Frederico Pedreira Golgona Anghel (FLUL) João Pedro Barros Luís Ricardo Duarte Virgílio A. P. Machado (FCT UNL) Imagens Filipe Mateus João Fazenda José Miguel Soares Diogo Santos Banda desenhada Projecto Pandora Box Álvaro Áspera (edição, texto e guião) Ana Afonso (desenho e cor da primeira página) Filipe Alves (desenhos e cor) Joana Hartmann (legendagem) Paginação Filipa Lourenço Projecto gráfico (papel) Marisa Rodrigues (FBAUL) Estudo para projecto gráfico (FBAUL) Eunice Oliveira Sara de Castela Coelho Marisa Rodrigues Agradecimentos FBAUL Prof. Doutor Aurelindo Ceia Prof. Doutor Emílio Vilar AEESD IPL AEESM IPL AEESTC IPL AEESTS IPL AEFBAUL AEFFUL AEFPCEUL AAMDL Editor e redacção Magna Estudantil – Publicações S.A. Avenida Visconde Valmor, n.º 41 -2.º Esq. 1050-237 Lisboa Tel. 21 780 02 80 Fax. 21 780 08 82 NIPC 508642558 Conselho de administração Luís Oeiras Fernandes Miguel Tapada Vanda Matias Fernandes Este projecto beneficia do apoio do programa Finicia Participado pela Inovcapital. Impressão Lisgráfica Rua Consiglieri Pedroso, n.º90, Casal de Sta. Leopoldina. Barcarena Periodicidade Mensal Tiragem 60 mil exemplares Iniciado o processo de inscrição na APCT

Parcerias

Fazer da Universidade um Palco

Ricardo Araújo Pereira entrevista

Estudantes Longe das Decisões

Discurso sobre a Servidão Voluntária

os efeitos do RJIES

Pandora Box

Frente a Frente

Esgrima Desporto

Curtas

Festas

Direito a Votar

Agenda

Poema

4

5 6 7 8 9

Anfiteatro

10

11

12

13 14 15

16

17

18

19 20 21

Laboratório

22

23

Pátio

24

25

26

27 28 29

30

Bar

Estatuto Editorial Pegou a moda das bandas estudantis. Quando

nossas vidas seja todo gasto apenas em aulas e

apostámos nesse conceito, na nossa edição 00,

a ver televisão. Deixa lá o sofá em paz e a tele-

parecia incrível que ninguém falasse nisso. Meta-

visão. Vem publicar a foto que fizeste da banda

de dos novos talentos do nosso país nascem nas

dos teus colegas, vem falar neles, vem dizer-nos

universidades e nos politécnicos e ninguém repar-

o que pensas sobre o RJIES e o MCTES e todas

ava. O assunto deu que falar, apareceram concur-

as siglas que mais ninguém senão os estudantes

sos e até universidades a criar bases de dados. A

conhecem, vem publicar o teu poema, o teu conto

todos batemos palmas e só temos pena de não

(em papel ainda não publicámos nenhum, mas no

podermos ajudar mais. Dissemos, desde o início,

nosso sítio de Internet, a secção literária é das mais

que o mundo muda, muda mesmo, muda todos

movimentadas). A Aula Magna ainda mal começou

os dias e a única questão é saber por quem e por

e já passaram dezenas de estudantes pelas nos-

onde muda. Cá está um exemplo de como se

sas equipas, já se inscreveram centenas no nosso

pode mudar um bocadinho do mundo, lançar uma

sítio. Não chega, queremos mais. Não somos um

luz sobre uma parte dele que estava escondida. Al-

simples projecto de comunicação social, somos

guém divulga daqui, alguém organiza um concerto

uma escola. Os fotógrafos, os jornalistas, os asses-

ou concurso dali e o mundo académico inteirinho

sores de imprensa, os grafistas e paginadores do

se enche de graça para ver a banda passar. É por

futuro passam por aqui. Não te esqueças que isso

aí que queremos ir, pelas bandas, pelos grupos de

também é para ti. Não te esqueças que este é o

teatro, pelos núcleos políticos que andam a lutar

único projecto comunitário do país que se pode dar

pela descida ou pela subida das propinas, pelos

ao luxo de te dizer: Não te perguntes sobre o que

projectos científicos e por quem faz seja o que for

podes fazer pela Aula Magna, pergunta-te sobre o

e não deixa que o pouco tempo de estudante das

que a Aula Magna pode fazer por ti. Colabora.

Inscreve-te em www.aulamagna.pt


ANFITEATR0

De Regresso às aulas

Ricardo araújo Pereira /// Diz que nunca escreverá um romance, embora admita que a Literatura sempre o fascinou. Por isso, dez anos depois da licenciatura, inscreveu-se num mestrado. texto Frederico Pedreira / fotografias Filipe Mateus



ANFITEATR0 /// Dez da manhã, no café do costume. Traz um livro meio lido debaixo do braço. Com calma,

abre o romance e, quando o empregado chega, pede «Dois rissóis e uma míni...» Mais tarde, o espectáculo continua. Depois de pousar o matinal manjar, o empregado diz-lhe: «Já lhe trago a cervejinha...». Está bom de ver que facilmente se faria um sketch do Gato Fedorento com este episódio. Até porque, como me dirá Ricardo Araújo Pereira, é nos «contrastes» que se encontra a chave de uma boa piada. Mas não falámos só de humor. Depois de uma licenciatura em Comunicação Social, na Universidade Católica, ele está de regresso às aulas. Passados dez anos, inscreveu-se no mestrado em Teoria da Literatura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Quisemos saber como é a sua vida de estudante, quais os seus planos para a tese, como vê o Ensino Superior hoje em dia, o que há de científico nos sketches que escreve e representa. Qual foi o objectivo do teu regresso à universidade?

Fazer o que sempre quis. Se tivesse podido escolher sem constrangimentos, quando acabei o 12.º ano, teria seguido Literatura. Mas os meus pais acharam que não tinha saídas profissionais, que não se ganhava dinheiro a escrever, que jornalismo era melhor. Vê-se mesmo que não percebem nada do mercado de trabalho. Não há jantar de família em que não lhes recorde isso amargamente. Depois de velho, vim tentar recuperar esse projecto. Um investimento pessoal nessa área, como autodidacta, não era suficiente?

Com o mestrado posso continuar a fazêlo. Compro e leio tudo o que me apetece, mas ter uma orientação, ainda por cima a este nível, é muito importante. É óptimo ter Miguel Tamen ou António Feijó como professores, uma grande mais-valia. Como está a ser a experiência de voltar às aulas?

Simpática. Sempre gostei de estudar. Entretanto, tive uma experiência fugaz na Universidade Nova de Lisboa. Inscrevi-me na licenciatura de Estudos Portugueses [na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas], mas por falta de tempo só fiz duas cadeiras. Agora que

tivemos a inteligência de assinar um contrato [com a SIC] em que a carga horária é mais leve, fiquei com tempo para este tipo de coisas. Encontraste muitas diferenças no ensino superior, passados dez anos?

No mestrado é tudo diferente. A própria sala, enquanto espaço físico, Além disso, uma pessoa com muda (estamos todos à volta de uma 18 anos não está preparada mesa) e não há exactamente uma mapara a universidade. Eu, téria que se vá percorrendo ao longo pelo menos, não estava. Aos das aulas. Na Universidade Católica o curso de 18 anos é-se uma besta. Comunicação Social estava a começar. Não se está minimamente Por essa razão ou por outras, era uma interessado em aprender. grande balbúrdia, com cadeiras canceladas, outras que fazíamos por cancelar Agora, tenho outra vontade. porque não tinham interesse algum. Além disso, uma pessoa com 18 anos não está preparada para a universidade. Eu, pelo menos, não estava. Porquê?

Aos 18 anos é-se uma besta. Não se está minimamente interessado em aprender. Agora, tenho outra vontade. Hoje levas-te mais a sério?

Talvez menos ainda... Se calhar esse é o problema quando se tem 18 anos, em que tudo tem uma enorme importância. Hoje, tenho uma perspectiva diferente sobre o assunto. Mas não quero estar a fazer a rábula do tipo que envelheceu e ficou mais maduro. No meu caso, aos 18 anos era uma besta. Sentiste diferenças entre o ensino público e privado?

Não muito. Na Católica foi diferente, mas provavelmente porque o curso estava no início. Suponho que os cursos de Direito e de Economia sejam exigentes e estimulantes como noutras faculdades, admitindo que esses cursos possam ser estimulantes. A biblioteca, por exemplo, era bastante boa e permitia o acesso directo às estantes, como o Umberto Eco defende. Também fiz o curso todo sem grande interesse pelo jornalismo e pelo fenómeno da comunicação em geral. Aproveitei todas as hipóteses que tinha para escolher opções relacionadas com os meus gostos pessoais. Foi assim que fiz Literatura Brasileira ou Cultura Clássica, por exemplo.


6/7

Como é a tua vida de estudante?

Igual às dos outros, imagino. O mestrado ainda vai muito no início, mas apresento-me aqui à hora marcada e vou-me embora quando a aula acaba. E acompanhas a vida académica?

Referes-te a quê? Lutas estudantis, tunas, jornais, esplanadas... Nada. Só venho aqui pela razão por que isto foi criado. Não tenho interesse em mais nada. Por exemplo, praxes... coisa linda, não é? Nem pelas associações de estudantes?

Não, embora tenha sido presidente de uma. Mas na Católica aquilo tinha outra piada. Dava para passar o tempo e para chatear algumas pessoas. Foi divertido fazer uma associação de extrema-esquerda. Uma vez organizámos um conjunto de colóquios, com Francisco Louçã e AlBerto, entre outros. Quando pedimos uma sala deram-nos uma das melhores, na Biblioteca João Paulo II, visível de todos os pontos da faculdade. No entanto, assim que afixámos o cartaz com os oradores, fomos remetidos para uma subcave impossível de encontrar.

A graça que o humor tem. Alguns sketches do Gato Fedorento brincam com a ideia de professor e aluno. É um universo potencialmente engraçado?

Muito. A ideia de haver um tipo a falar para vários que estão a ouvir é divertida de corromper. Exemplos: se o professor não for assim tão admirável, se os alunos tiverem menos capacidade para aprender ou se tiverem outros interes-ses. Lembro-me de um sketch sobre um professor que vai apresentar um poema, mas como é particularmente difícil pede ajuda a outro professor que é homosse-xual. Depois, faz o outing dele à frente dos alunos. O sketch sobre o curso de literatura para porteiras tinha o mesmo espírito. A ideia surgiu a partir de uma frase de David Lodge, segundo a qual a Literatura é coscuvilhice para intelectuais. Daí ao curso sobre a Madame Bovary foi um passo. Na universidade ainda há os formalismos, os senhores professores, senhores mestres, senhores doutores, senhores catedráticos, jubilados, honorários…

Pois. Talvez seja uma coisa muito portuguesa, como

toda a gente diz. Mas é divertido, um gajo que é só professor, ou professor doutor por extenso, ou prof. não sei o quê. Essas nuances às quais se presta atenção são muito giras. O humor do Gato Fedorento tem muito de investigação social e linguística. Achas que dava uma tese de qualquer coisa?

Ficaria muito surpreendido se alguém pretendesse estudar as nossas fantochadas. Mas por acaso vai haver uma tese em que seremos objecto ou caso de estudo. Mas reconheces essa dimensão de estudo de comportamentos e de tiques de linguagem?

Não diria estudo, porque parece que estamos a fazer uma tese em forma de programa humorístico. Há um lado infantil em nós que faz com que reparemos em duas ou três coisas que A ideia de haver um tipo as pessoas adultas não estão vocacio- a falar para vários que nadas para reparar. Acontece-nos muitas vezes uma criança estão a ouvir é divertida de fazer uma pergunta que nos confronta corromper. com algo que vimos durante anos e anos mas em relação à qual nunca tínhamos pensado daquela maneira. Basicamente, o nosso trabalho é fazer esse tipo de perguntas e observações. Como se estivéssemos a ver as coisas pela primeira vez?

Exactamente. Temos, no dia-a-dia, o olhar calejado. Estamos fartos de ver determinada coisa a acontecer e por isso deixamos de a questionar. No Gato Fedorento, procuramos ver as coisas pelo olhar de uma criança ou de um extraterrestre. Isso ajuda a manter uma imaturidade bastante grande, o que, por sua vez, prejudica muito o relacionamento com o sexo feminino... Vês-te a dar aulas sobre humor?

Já dei umas aulas de escrita humorística. Tem um lado divertido e outro enfadonho. Enfadonho porque a conversa sobre humor normalmente não tem graça nenhuma. E retira graça ao que antes achávamos graça. Então onde está a graça?

Em fingir que o que dizemos para ter graça está a ser inventado na altura. A simulação da espontaneidade é provavelmente um


ANFITEATR0

8

dos elementos mais importantes nisto de fazer rir. Mas não passa de uma simulação. Woody Allen diz que nunca improvisa quando está em palco, porque as pessoas pagam para o ver. Só improvisa quando está a escrever. Conta dez piadas para chegar Temos, no dia-a-dia, o a duas que são boas. Com o Gato Fedoolhar calejado. Estamos rento passa-se o mesmo.

fartos de ver determinada coisa a acontecer e por isso deixamos de a questionar. No Gato Fedorento, procuramos ver as coisas pelo olhar de uma criança ou de um extraterrestre.

É a dimensão escrita do humor que mais te interessa?

Sim. Porque depois é preciso um actor – e essa é a parte para a qual temos pouco jeito – para fingir que aquilo está a ser inventado no momento. O humor nasce assim?

Claro. O contraste é uma das ferramentas fundamentais, exactamente como descreveste. Imagina que era um trolha a beber uma míni, ou uma senhora muito bem posta a beber chá? Ninguém acharia piada. Uma senhora a beber uma míni tem graça, tal com um trolha a beber chá e biscoitos.

Indícios Literários Qual o teu interesse na Literatura?

Isso é uma pergunta complicada... Sempre tive interesse na Literatura. Passei a infância na casa da minha avó, que sabia ler muito mal e escrever pior ainda. Lá em casa havia uns livros do meu tio, incluindo os contos de Eça de Queirós. De vez em quando lia alguns para a minha avó. Um deles, A Aia, narra a história de um reino e de uns bandidos que querem raptar o príncipe. Ao longo do conto, Eça vai dando a entender o que vai acontecer. À medida que eu ia lendo, a minha avó, que nem a quarta classe tinha, percebia que estava ali um indício, que qualquer coisa ia correr mal. Para mim era divertido perceber como uma coisa sofisticada, como é a Literatura, ainda assim, conseguia fazer-se entender a uma pessoa sem instrução.

Atingir uma certa universalidade?

Sim. Depois há outra questão. Sem querer fazer psicanálise, não sou uma pessoa especialmente terna, no sentido em que não consigo comunicar muito bem fisicamente. Não sou uma pessoa carinhosa, com os gestos não vou lá. É algo que me preocupa desde que sou pai. A tua linguagem não verbal é pouco expressiva?

É isso, não sou competente na linguagem não verbal. Mas a linguagem verbal sempre me interessou imenso. Por exemplo, mesa. É uma palavra que não tem nada a ver com o objecto a que se refere, é uma absoluta convenção. Eu digo mesa, tu ouves mesa, eu estou a pensar numa mesa, tu estás a pensar noutra, mas o certo é que nos entendemos com essas quatro letras juntas. São mecanismos de linguagem que sempre me fascinaram. Ou o modo como a poesia, que é racional porque se baseia nas convenções das palavras, consegue ser ao mesmo tempo irracional. Com essas preocupações literárias, podemos esperar um romance teu? Eu próprio escrever? Duvido muito. A minha vida é escrever, mas não literatura. Escrevo crónicas e textos humorísticos. Mais do que isso não creio que tenha competência. Este mestrado não é uma forma de perceber melhor o interior da Literatura?

É obviamente uma maneira de saber mais, mas não necessariamente para perceber como se escreve um romance. Nem sei se é esse o caminho. Escreveres um romance pode ser uma piada de mau gosto?

Pois pode. Pode ser uma péssima piada. Prefiro ter graça quando pretendo tê-la. Não é tão giro quando as pessoas se riem de nós sem querermos.///



ANFITEATR0

Ordem dos advogados /// A Aula Magna pediu a duas personalidades do mundo

do Direito, Virgílio Machado e Nuno Nabais, para comentar o caso dos exames de acesso a Ordem.

responder a questões que nos são postas, analisando-as à luz dos nossos conhecimentos. Também não queremos ser obrigados a ter a franqueza de admitir que não sabemos. Queremos, pelo contrário, mostrar que temos conhecimentos que não possuímos. Faremos assim, aquilo que esperamos vir a fazer pela vida fora: dar a perceber, aos nossos empregadores e aos nossos subordinados, que somos muito mais sabedores do que realmente somos, criando, assim, não uma relação de respeito mútuo, mas de venaração, como génios intelectuais. Para esse fim, achamos mais próprio apropriarmonos do trabalho dos outros, dando respostas que são deles, que não sabemos, nem percebemos, mas que subscrevemos como se fossem nossas. O prof. Virgílio Machado exige, também, que sejamos pontuais às aulas e não se coíbe de assinalar quando não

comparecemos ou chegamos atrasados. Ora, nós somos contra o regime de faltas. Não porque seja desnecessário, por só faltarmos por motivo de força maior, mas porque achamos que as faltas ficam a atestar o nosso desinteresse em participar na vida académica. As faltas obrigam-nos a fazer o sacrifício de frequentar as aulas, de conviver com colegas e professores. Nas aulas temos de ouvir falar de assuntos em que não estamos minimamente interessados. Nós não queremos saber nada do que se passa nas aulas. Queremos é acabar o curso! Achamos que não temos qualquer contributo a dar nas aulas. O estado de embrutecimento intelectual em que nos encontramos, não nos permite participar ou acompanhar a discussão de qualquer assunto do âmbito da disciplina ou pertinente para a nossa formação. Não nos sentimos capazes de dirigir qualquer questão. ///

Virgílio A. P. Machado Prof. da Faculdade Ciências e Tecnologia da U. Nova de Lisboa

Frente

a

O prof. Virgílio Machado chegou já ao ponto de ameaçar impedir-nos de cometer fraudes nos testes. Impede-nos, assim, de nos iniciarmos numa prática que tencionamos aperfeiçoar durante o nosso curso e na nossa vida profissional, que é a de actuarmos, o mais possível, desonestamente, tornando a fraude, o suborno e a corrupção generalizada, parte do nosso dia-a-dia. Procuraremos, assim, amassar fortunas, não como fruto do nosso trabalho e do desenvolvimento do bem-estar geral, mas de processos que permitam apropriarmo-nos daquilo que não nos pertence e de técnicas de dissimulação que construam as nossas riquezas à custa da miséria dos outros. A fraude nos testes é, além do mais, um processo que nos permite manter o subdesenvolvimento das nossas faculdades intelectuais. Não queremos correr o risco de nos habituarmos a


10/11

O bastonário da Ordem dos Advogados proferiu os comentários menos felizes relativamente aos alunos que finalizam a licenciatura de direito no processo de Bolonha. Relativamente as afirmações do bastonário sobre os exames para a entrada na OA. O bastonário proferiu as seguintes palavras: ”É uma medida necessária, pois a Ordem não pode estar aberta a falsos licenciados…” Quando diz querer implantar uma medida discriminatória como é por um exame de triagem para os alunos de agora de direito excluindo os outros que já fizeram a sua entrada na OA mesmo com a licenciatura de Bolonha ou seja descriminação pura e dura… Significa isto que não estou a iniciar um discurso com vista à defesa de uma personalidade prosaica e diz, verdadeiramente e de supetão, o que pensa sobre qualquer assunto, pesando o facto de que desde o início do seu

mandato, se tenha, sucessivamente, contradizendo, propugnando, agora, a favor das grandes sociedades e do partido dominante. Enfim, de uma atitude quixotesca que arrastou os jovens advogados nele votarem, convencidos de que, finalmente alguém, depois de Pires de Lima, vinha fazer a diferença, transformou-se naquilo que está à vista. Quanto à dita afirmação, proponho cautela na resposta porque recordo que na “embalagem” em que a mesma vinha incluída, traduzia, de forma sentida, aquilo que vai na alma dele, bastonário, bem como de milhares de advogados que pensam de igual forma. Ou seja, se declarares algo que choque frontalmente com aquilo que ele efectivamente disse, o conjunto pleno do texto tem possibilidades de escape para justificar uma não interpretação literal da expressão, sendo que aqui o bastonário vai-se vitimar, imediatamente. O que resta então? Proponho, com

humildade, que para a além de referência àquela citação, a qual deve ser mencionada de forma esbatida e reconduzindo-a para o contexto em que foi proferida, é de recordar de que pelas Instituições Jurídicas de significado em Portugal, os licenciados pós-bolonha foram plenamente desconsiderados. O CEJ, bem antes da conclusão da licenciatura de todos os licenciados pósbolonha alterou o regime de acesso, passando a aceitar inscrições só de mestres. Só a OA deixou-se ficar num limbo que, por um lado ao escandalizava – aceitar licenciados com 3 anos; vejase lá o atrevimento?! – e, por outro, o aspecto mercantilista da questão pois a inscrição destes jovens licenciados proporcionou uma receita, não divulgada até ao momento, de um valor de centenas de milhares de euros. Sob a capa de um falso purismo, a OA não tomou posição tal como o CEJ o fez em tempo útil. ///

Frente

Nuno Nabais Presidente da Associação Académica da Univ. Autónoma de Lisboa


LABORATĂ“RIO Bandas Estudantis

Fazer da Universidade um Palco


12/13

/// As faculdades e os institutos politécnicos são viveiros onde nascem os mais variados projectos musicais. E todos temos um amigo que pertence a um. As bandas com estudantes não são mais apoiadas porque ninguém dá apoios ou porque ninguém os sabe pedir? texto Frederico Pedreira / fotografias Filipe Mateus

Foi numa praxe académica que Mafalda Arnauth, então caloira de Veterinária, acedeu ao pedido para cantar um fado. O tema de Amália Rodrigues, Triste Sina, desbravou-lhe o caminho para uma promissora carreira nos palcos e para a edição de seis discos, sendo o mais recente Flor de Fado. Muitos são os artistas e bandas, nacionais e internacionais, que se desenvolveram num ambiente universitário, aprimorando os seus ímpetos criativos através de um intenso percurso estudantil. Se Mafalda Arnauth assistiu ao traçar do seu destino numa praxe, a vocalista dos Deolinda, Ana Baca lhau, desencantou-o no ambiente descontraído do Bar Novo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). Foi na véspera de mais dias que explicou como conheceu Dídio Pestana e Gonçalo Tocha, os músicos com quem viria a formar a sua primeira banda, os Lupanar: «Participava sempre que havia uma sessão de Karaoke e, além disso, pedia para cantar a capella uma música da Janis Joplin.» Havia também um núcleo de rádio para o qual contribuía com um programa de música semanal. É por isso que Ana Bacalhau acredita que o contexto universitário foi essencial para o seu desenvolvimento artístico. «Partilhávamos o interesse pela Língua Portuguesa, pela música, e achámos que nos poderíamos juntar e criar um grupo que trabalhasse diferentes linguagens musicais», afirma. Começaram por ensaiar em casa de Dídio Pestana, mas durante o ano lectivo de 2000/2001 decidiram aumentar o número de músicos para sete. Desta forma, passaram a ocupar as salas de aula da FLUL com en-

saios acústicos. Em 2002, os Lupanar continuaram a crescer e a Reitoria da Universidade de Lisboa, atenta às iniciativas de índole criativa, mostrou-se interessada na banda. O auge do início de carreira seria atingido com um espectáculo para cerca de 800 pessoas na Aula Magna da Universidade de Lisboa. Ana Bacalhau diz que este concerto foi «crucial» para o desenvolvimento dos Lupanar. «Nunca poderíamos suportar sozinhos todos os custos financeiros, logísticos e humanos que fazer um espectáculo naquele espaço implica.» Apoio idêntico tiveram, em 2005, para a edição de autor do primeiro álbum da banda. Os Lupanar angariaram outros financiamentos, mas foi a associação de estudantes da FLUL a assegurar o material promocional, como postais e cartazes.

O papel das associações Surgem então as questões: como se procuram estes apoios e quem pode ajudar? Para Pedro Barros, dirigente associativo da FLUL entre 1994 e 1997, não poderá ser uma AE a assumir o apadrinhamento das bandas, o que acabaria por resultar numa pré-definição estética dos grupos ou na criação de «boybands ou girlbands». No entanto, sublinha o papel fundamental da estrutura universitária para acolher projectos e iniciativas musicais. Nesse sentido, é essencial as bandas entregarem nas AE um «dossier de apresentação do grupo», onde deve constar uma maquete. «Acima de tudo, o que vai seduzir é o projecto musical», afirma. É importante também incluir «uma biografia dos músicos», na medida em que esses elementos podem «chamar à atenção»,


LABORATÓRIO através, por exemplo, de uma colaboração com um artista de renome ou o trabalho demonstrado numa área artística diferente. Os membros da banda devem assim «seleccionar os elementos mais fortes», sabendo que serão estes a despertar a curiosidade das associações estudantis. «Não basta dizer que a música é interessante», diz Pedro Barros. Outros aspectos que fazem a diferença são «a linha gráfica da maquete e um bom texto de apresentação da banda». E os contactos com a imprensa. As bandas devem também estar a par «do fecho das agendas dos jornais para anunciar os concertos a tempo», para além de «fazerem um apanhado dos jornalistas que escrevem sobre música», tendo em conta as áreas de especialização de cada um. «Depois, é enviar os press-releases e as maquetes ao cuidado dessas pessoas», explica Pedro Barros. Vice-presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e organizador de um torneio de bandas universitárias, Tiago Veríssimo acredita que é possível dar apoio a bandas que tenham um projecto bem estruturado, incluindo as autorizações necessárias, por parte do Conselho Directivo, para alugar um espaço da universidade para ensaios. Foi o que a associação de A primeira acção estudantes fez para a tuna, a quem que as bandas foi atribuído uma sala num dos pavilhões da faculdade. Para este devem tomar é dirigente, a primeira acção que as apresentar um bandas devem tomar é apresenprojecto na tar um projecto na associação de estudantes seguindo os critérios da associação de «concisão e credibilidade». estudantes seguindo Assim, no portfólio da banda «devem constar dados simples, os critérios da como o número de membros, há concisão e quanto tempo se juntaram, que credibilidade. instrumentos usam, descrevendo o tipo de música e a quem pode interessar, anexando também um historial de concertos». Tiago Veríssimo afirma já ter uma considerável experiência no contacto com músicos, mas num circuito comercial exterior à universidade. Conclui que, com uma abordagem informada por parte da banda, os responsáveis pelos espaços «ficam quase obrigados a aceitar os pedidos».

A atitude das bandas Agora jornalista na Agência Lusa, Filipe Pedro colaborou activamente na revista estudantil Subcave, onde se empenhou na divulgação de bandas portuguesas em início de carreira. Recordando o caso dos Ornatos Violeta, «que viviam todos juntos quando se formaram», e dos Zen, «que surgiram de jam sessions ocasionais e de uma mescla de diferentes bandas», sublinha a importância do convívio universitário. «É necessário criar uma rede de contactos e uma com-

ponente intelectual que seja comum aos membros da banda», afirma. No entanto, para obter apoios, as bandas devem «ter objectivos bem delineados» quando procuram a ajuda da sua universidade e «saberem que tipo de apoios precisam e o que pretendem conseguir através deles». «Para cada fase de desenvolvimento da banda corresponde um tipo de apoio diferente». Mas nem todo o trabalho de promoção deve ser feito pelos músicos. Da sua experiência, Pedro Barros pode afirmar que «não há uma política de incentivo» por parte das entidades soberanas do meio universitário. Aquilo que há são «as festas do caloiro e semanas culturais.» Destaca a necessidade das próprias associações de estudantes «olharem para o que está à sua volta, saírem mais à noite e procurarem projectos interessantes que possam ser integrados em espectáculos organizados pelas faculdades». Considera «inacreditável» que, por exemplo, a Associação Académica da Universidade de Lisboa tenha convidado novamente Quim Barreiros para a festa do caloiro deste ano, quando há projectos mais pequenos mas de qualidade superior. «Pegar em coisas interessantes feitas pelos alunos das universidades» é o que propõe para uma melhoria da programação desses concertos. Ana Bacalhau completa a questão com um incentivo aos leitores: «Se não existir uma iniciativa clara das vossas associações de estudantes no sentido da promoção de acções culturais, que as proponham os músicos, as bandas, os fãs». Todo o processo de obtenção de apoios pode revelar-se complicado, e por vezes até frustrante. Como Tiago Veríssimo explica, um dos factores negativos é o Orçamento de Estado, que torna quase impossível um maior investimento nas actividades culturais: «Não há dinheiro nem para o material necessário para as aulas». Hugo Barros, produtor freelancer e habitué na produção de concertos na Aula Magna da Universidade de Lisboa, completa o cenário menos propício: «Nas AE há um processo burocrático pesado, e as poucas pessoas que dela fazem parte têm de passar o tempo todo a tentar segurar a própria estrutura». No entanto, há todo um trabalho de promoção interna, incluindo a tarefa incansável que Pedro Barros denomina de «bater a todas as portas», que a banda deve desenvolver e que, tal como sucedeu com os Lupanar, pode abrir caminhos auspiciosos. E é de bom grado que Ana Bacalhau se lembra dos incentivos prestados pela FLUL aos Lupanar, que se revelaram «essenciais», «quer em termos logísticos, como em termos de promoção e do boca-a-boca». Revela-se então essencial uma vontade inabalável das bandas para se auto-promoverem, até porque alguns apoios são realmente possíveis. Filipe Pedro concorda que todo o processo de obtenção de apoios universitários «não é uma batalha fácil», mas que é fundamental as bandas «acreditarem» em si mesmas. E acrescenta: «Só assim é possível dar o salto».///


14/15

O processo de obtenção de apoios universitários «não é uma batalha fácil», mas é fundamental as bandas acreditarem em si mesmas. Só assim é possível dar o salto. Filipe Pedro


LABORATÓRIO

16 Prémio Jacinto Prado Coelho

Literatura Clássica Distinguida

Divulgar as vantagens da metodologia 6 Sigma é o objectivo da conferência que o Instituto Politécnico de Leiria e a empresa Sinmetro organizam nos dias 4 e 5 de Dezembro. É a primeira apresentação em Portugal deste sistema de trabalho que pretende rentabilizar o binómio serviço/cliente, através de um elaborado processo de definição, medição, análise, melhoria e controlo. A conferência, que decorre na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, conta com a participação de especialistas nacionais e estrangeiros. Nas várias intervenções, falar-se-á das aplicações do 6 Sigma em sistemas de saúde, indústrias farmacêuticas, laboratórios e actividades musicais, entre outras. Porque, qualquer que seja a área, o cliente tem sempre razão.

A décima edição do Festival de Tunas S. Vicente é dedicada a Júlio Verne, o conhecido escritor visionário do início do século XX. Será uma inspiração futurista para a tuna anfitriã, a VicenTuna, da Faculdade de Ciências da UL, e para as outras cinco que vão submeter-se a concurso. Recordese que a Magna Tuna Cartola de Aveiro, a Tuna da Escola Superior de Comunicação Social, a Estudantina Universitária de Lisboa e a Tuna Académica do ISCTE foram os vencedores da edição do ano passado. O Festival realiza-se na Aula Magna da UL a 22 de Novembro, às 21 horas. À semelhança da edição anterior, parte dos lucros revertem a favor do Instituto Português de Oncologia.

Carlos Ascenso André, da Universidade de Coimbra, e José Pedro Serra, da Universidade de Lisboa, foram distinguidos em ex-aequo com o Prémio Jacinto Prado Coelho, no valor de cinco mil euros. As obras em causa foram Caminhos do Amor em Roma, uma edição da Cotovia, e Pensar o trágico: categorias da tragédia grega, da Fundação Calouste Gulbenkian. Trata-se de dois estudos sobre a literatura clássica, o primeiro centrado na poesia latina do século I a.C, o segundo, na herança do teatro grego. Actual director do Conselho Directivo da Faculdade de Letras de Coimbra, Carlos Ascenso André tem vindo a estudar e a traduzir alguns dos principais nomes do chamado século de ouro do Império Romano, tutelado pela figura de Augusto, e em particular os temas do exílio e do amor na antiguidade. São da sua responsabilidade as traduções de Arte de Amar e Amores, de Ovídio, poeta que é abordado neste ensaio, a par de Vergílio, Propércio, Catulo e Tibulo. Pensar o trágico: categorias da tragédia grega foi a tese de doutoramento de José Pedro Serra, professor do Departamento de Clássicas da Faculdade de Letras da UL. Ésquilo, Sófocles e Eurípides são alguns dos autores analisados neste périplo pelo mundo helénico. Uma revisitação que tem como objectivo «lançar mão a esses textos antigos, compreender como deles florescem radicais questões que nos habitam, tomando para nós o mesmo heróico desejo de querer ver, de querer saber, na procura do nosso rosto mais autêntico». O júri do prémio, atribuído pelo Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, foi constituído por Fernando Martinho, Helder Godinho e Fernando Pinto do Amaral.

Bragança de Miranda

Ernesto Castro Leal

George Steiner

A Imagem do Corpo, O Corpo da Imagem

Os Republicanos da Iº República

Os Romances do Ensaísta

Que relações se estabelecem entre o corpo e a imagem? De que forma as novas tecnologias alteraram essa ligação? Quais as consequências dessa mudança? Estas são algumas das questões a que J. A. Bragança de Miranda tenta responder em Corpo e Imagem, uma edição da Vega. Este ensaio parte do principio de que a «imagem, num sentido lato, constituiu historicamente uma forma de protecção do corpo». Porém, com a fotografia, o cinema e o advento do digital verificaram-se dois fenómenos. Por um lado, «o deslocamento das imagens que passam a circular livre e desencontradamente». Por outro, «a sua hibridação com o imaginário teológico, estético e técnico». Foi essa nova «plasticidade» que pôs em causa a noção clássica de corpo.

Contribuir para o estudo do campo partidário republicano português, entre 1910 e 1926, é o principal objectivo do livro Partidos e Programas, de Ernesto Castro Leal. Recorrendo a um conjunto muito alargado de documentação, em grande parte inédita, o professor de História da Faculdade de Letras da UL analisa a estrutura, evolução e fragmentação do Partido Republicano Português, com a consequente pulverização de pequenos organismos partidários. «Os vários partidos e grupos políticos republicanos configuraram múltiplas identidades políticas, sem apresentarem uma diferenciação intensa, dado que se inscreviam no património comum do republicanismo histórico», escreve. No entanto, a par de rivalidades de chefia e de carácter, ou tácticas, os diversos protagonistas da agitada I República, como se demonstra neste estudo, podem filiar-se ideologicamente em duas identidades políticas: «O demoliberalismo unitarista e o radicalismo federalista».

Anno Domini é a mais recente colectânea contos de George Steiner publicada em Portugal. A edição é da Gradiva, que tem vindo a traduzir uma faceta menos conhecida do Prof. da Universidade de Oxford e reputado ensaísta: a de ficcionista. O pós-guerra é o cenário comum às três histórias de Anno Domini, também marcadas pela evocação da violência da guerra. Não é só a dor física que atormenta estas personagens, mas também o mal existencial provocado pela consciência de terem vivido o fim de um tempo. Tal como em O Transporte para San Cristobal, de A. H. ou Provas e Três Parábolas, também lançados pela Gradiva, a literatura de George Steiner é fortemente contaminada pela teses que defende nos seus ensaios.Não poucas vezes ecoam nestas páginas livros tão importantes como Nostalgia do Absoluto, No Castelo do Barba Azul ou O Silêncio dos Livros.

Instituto Leiria

Universidade de Lisboa

Conferência de 6 Sigma Festival de Tunas



LABORATÓRIO


18/19 Os Efeitos do RJIES

Estudantes longe das Decisões /// O novo regime jurídico já mexe com o funcionamento das instituições de ensino superior, deixando os alunos mais desprotegidos. Pelo menos, é isto que pensam várias personalidades ligadas ao meio estudantil. texto Frederico Pedreira / fotografias Filipe Mateus

Para uma grande parte dos alunos do ensino superior, a sigla RJIES deve soar, na melhor das hipóteses, a um palavrão dito em croata. Aos medianamente informados, pode evocar mudanças no ensino superior. Os outros, muito provavelmente uma minoria, saberão do que se trata: Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior ou, trocado por miúdos, a mais profunda reforma do ensino superior desde a aprovação da Lei da Autonomia das Universidades, em 1982. Na teoria, o RJIES é uma extensa lei, composta por 185 artigos e aprovada na Assembleia da República a 19 de Julho de 2007, com os votos favoráveis do Partido Socialista e os votos contra de toda a oposição. O documento só agora começa a ter verdadeiras consequências no terreno, já que houve a necessidade de alterar os estatutos das universidades e institutos politécnicos e eleger os novos órgãos, como o Conselho Geral, que substitui o anterior Senado. O governo das instituições de ensino superior compreende ainda um Reitor/presidente (eleito pelo Conselho Geral) e um Conselho de Gestão. Nas faculdades, cai a Assembleia de Representantes (substituída por um órgão colegial com um máximo de 15 membros) e há ainda um director, um Conselho Científico e um Conselho Pedagógico. As mudanças estruturais são estas, mas, na prática, em que é que mudam a vida de um estudante? As personalidades contactadas pela revista Aula Magna para comentar o assunto destacaram o decréscimo da representatividade dos alunos nos órgãos de governo das instituições. Sublinharam também a evidência: o novo regime deixa-os mais desprotegidos na defesa dos seus pontos de vista. Porém, discordaram quanto à relevância que estas alterações possam ter no seu dia-a-dia. Para André

Moz Caldas, eleito para o Conselho Geral da Universidade de Lisboa (UL) e membro do Núcleo de Estudantes Socialistas da Faculdade de Direito da UL, o RJIES apenas se sentirá «muito a jusante», uma opinião compartilhada por Negesse Pina, vice-presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUA). Do lado oposto está José Soeiro, que, com 24 anos, foi até Julho o mais jovem deputado da Assembleia da República, pelo Bloco de Esquerda. O sociólogo, que fez parte do Senado da Universidade do Porto durante dois anos, acha mesmo que as instituições se vão tornar «mais agrestes» para os alunos.

Órgãos mais pequenos e funcionais O RJIES toma uma orientação clara: retirar a classe discente (ou reduzir fortemente a sua presença) dos órgãos que tomam as opções estratégicas das instituições. «Ficamos com órgãos mais pequenos, funcionais e dinâmicos, mas também menos democráticos», considera Moz Caldas, que reconhece que havia um problema de sobredimensionamento. «Há uma tentativa de arrumar a casa, de reunir responsabilidades espalhadas e competências conflituantes», acentua Bruno Carapinha, estudante de doutoramento em Ciência Política na UL, e membro do Comité Executivo da Associação de Estudantes Europeus (ESU). O dirigente pensa que se passa de um processo de decisão «lento» e gerador de consensos para outro «ágil e muito organizado», mas que pode gerar «conflitos e situações de boicote». A composição do Conselho Geral, onde a representação dos alunos (mínimo de 15 por cento) é cerca de metade da das personalidades externas (mínimo de 30%) é o principal alvo das críticas. No Senado, os estudantes tinham paridade com


LABORATÓRIO problema de sobredimensionamento. «Há uma tentativa de arrumar a casa, de reunir responsabilidades espalhadas e competências conflituantes», acentua Bruno Carapinha, estudante de doutoramento em Ciência Política na UL, e membro do Comité Executivo da Associação de Estudantes Europeus (ESU). O dirigente pensa que se passa de um processo de decisão «lento» e gerador de consensos para outro «ágil e muito organizado», mas que pode gerar «conflitos e situações de boicote». A composição do Conselho Geral, onde a representação dos alunos (mínimo de 15 por cento) é cerca de metade da das personalidades externas (mínimo de 30%) é o principal alvo das críticas. No Senado, os estudantes tinham paridade com os docentes e investigadores, agora estes ocupam, obrigatoriamente, mais de metade dos lugares. E os alunos que não se preocupam com a gestão da sua universidade ou faculdade, vão sentir a diferença? «É mais do que evidente que o novo modelo está mais preocupado na obtenção de receitas e lucros, deixando de lado tudo o resto, como as actividades lúdicas, as cidadanias activas», observa Bruno Carapinha. José Soeiro antevê que as universidades e politécnicos se vão tornar em locais de «prestação de serviços a quem pode pagálos», em vez de serem um «lugar de acesso a formação e conhecimento», com cursos ou programas dirigidos à comunidade. O antigo dirigente estudantil dá conta de casos em que a força dos alunos nos órgãos da universidade foi decisiva: «Fiz parte de um Conselho Directivo onde os estudantes conseguiram travar o processo de subida das propinas, e de uma Assembleia de Representantes onde conseguimos fazer passar uma resolução que permitia aos estudantes divulgar os seus materiais e cartazes, que tinham sido retirados», relata. Pedro Barrias, presidente da Federação Académica do Porto (FAP) durante dois anos (2006 e 2007) acrescenta mais uma preocupação: «No Senado da UP éramos 42 alunos. No novo conselho geral, com três ou quatro votos, os estudantes quase não vão ter peso para propor, quanto mais discutir, matérias relativas, por exemplo, ao estatuto de atleta de alta competição ou dirigente associativo». E há vantagens? Apesar das críticas, a FAP manifestou uma «posição concordante», na generalidade, com o RJIES, por «permitir alguma autonomia das universidades». Também a AAUAv, diz Negesse Pina, «não é contra». «Mas acreditamos que três alunos não conseguem representar a voz dos 12.000 que estudam em Aveiro. É uma questão democrática, nem queremos paridade», salienta. É caso para perguntar: há alguma vantagem para os alunos? Os inquiridos neste artigo consideram, de uma forma genérica, que há um reforço de poderes do Conselho Pedagógico, onde se mantém a paridade com os professores. «É mais fácil tratar das questões curriculares», admite Pedro Barrias. André Moz Caldas salienta o facto do

20 órgão passar a ter competências para aprovar o regulamento de avaliação do aproveitamento dos estudantes. No entanto, lamenta-se o facto do organismo ter um carácter essencialmente consultivo. A AAUAv defende mesmo que as suas decisões «deviam ser vinculativas», de forma a «garantir que aquilo que se decide num órgão paritário tem reflexo no Conselho Geral». Para Pedro Barrias, o Conselho Pedagógico acaba por ser vinculativo «na prática», porque «há muitas questões que só ele é que trata». Ainda assim, a ausência, no papel, de um poder «vinculativo ou executivo» impede o órgão de tomar decisões, por exemplo, no caso de «um professor que maltrata um aluno». «Aí, o que se pode fazer é remeter o caso para o Conselho Científico ou Executivo», explica. Bruno Carapinha tem um olhar mais crítico sobre as novas competências do Conselho Pedagógico, classificando o órgão, na prática, como «esvaziado de poder»: «Qualquer implicação financeira, ou interligada com a área científica, não é aplicada. Há um boicote dos Conselhos Científicos e Directivo», acusa. Uma segunda mudança potencialmente favorável é a criação de um provedor do estudante, «cuja acção se desenvolve em articulação com as associações de estudantes», lê-se na lei. Porém, a AAUAv é contra os moldes desta figura, e Bruno Carapinha volta a não poupar críticas: «O provedor O novo regime prevê é uma espécie de gabinete de apoio ao ainda a possibilidade cliente. Não é isso que as associações das universidades e os estudantes pretendiam. É o reconhecimento de que o estudante passa a se transformarem ser um elemento externo à comunidade em fundações académica». Há ainda um novo regime públicas de direito disciplinar do aluno, aplicado pelo reitor ou presidente, e que substitui o decreto privado, o que lhes de 1932 que ainda vigorava. A pena de permitirá uma maior expulsão aí prevista é eliminada, e Pedro autonomia. Barrias julga que há um maior «rigor» e «responsabilização» dos alunos. «Fiz parte da secção disciplinar do Senado, e era muito difícil sancionar alguma coisa, a lei era muito omissa». Para André Moz Caldas, a passagem do direito público para o direito privado pode trazer «muitas diferenças em termos de relacionamento» com os alunos. Mas isso já são contas para outro artigo. No imediato, sobra alguma indignação – «não concordamos com a forma como a mudança foi feita, como se os alunos fossem os culpados do estado do ensino superior», lamenta Negesse Pina – e um alerta de Bruno Carapinha para as instituições: «Andamos entretidos com isto há um ou dois anos, e não fazemos o que devia ser feito em termos educativos».///



DIREITO A VOTAR PÁTIO

22

encontrar-te-ás sozinho à porta do delírio, terás os cognomes da espera e o direito a votar,

comprarei um passe para visitar o museu das tuas obsessões, saberás fazer-me voltar a horários fixos, tirarei notas de rodapé com pormenores complicados e referências exaustivas, farei esboços dos teus sorrisos, apunhalar-me-ás com ideias universais e alegres a caminho das coisas particulares e tristes, sangrarei adjectivos ao modo superlativo, formas retóricas imprecativas e estruturas paralelísticas, deixarei as veias dos cárpatos abertas até encherem a tua piscina, chamarás o segurança e dirás: isto não é hollywood, babe!, aqui ninguém se suicida com uma overdose de felicidade, não temos rottweilers a vigiar o sono das crias, nem personal shopper para tratar as depressões, terei o tamanho das minhas cicatrizes e as pestanas a fazer tim-tim-tim, terás fome de mim, prender-me-ás à cama como nos abraçámos às nossas ilusões, subirei àquele comboio chamado desejo, gritarás o meu nome de boca virada para a estação do prazer, confundir-me-ás com as outras, serei as outras nesse flutuar branco e veloz,

declinar-te-ei nas conjugações do passado, desprezarás os volumes que imitam o contorno do meu corpo, arrumarás num canto do mapa as ruas que levam a nós, colocarás cartazes em cima dos destroços enquanto um néon publicitário da boticário executará o papel do ocaso. dois minutos antes de cair o pano, o director de som escolherá para o nosso fim uma banda sonora na moda. Golgona Anghel






BAR

27

Desporto

Pouca Esgrima nas Academias /// A vida não está fácil para um estudante do ensino superior que se queria iniciar na esgrima. Com excepção de Lisboa, a modalidade está ausente da oferta de desporto académico e concentrada em clubes. texto Frederico Pedreira

Os clubes são os locais de eleição para a prática da esgrima em Portugal. Numa ronda efectuada entre as principais academias do país, a Nem o facto do Aula Magna apenas conseguiu encontrar aulas da modalidade em Lisboa, primeiro ministro na Escola de Desportos de Combate, ter sido atirador que funciona no Estádio Universitário. da Associação «Somos uma espécie de ilha, porque a esgrima que se faz em Portugal é de Académica de clubes», reconhece André Escobar, proCoimbra salvou fessor no Estádio Universitário de Lisa esgrima. boa. No entanto, esta é uma esgrima «de lazer» e não filiada, já que o Centro Desportivo Universitário de Lisboa (CDUL) abandonou a sua prática, apesar do largo historial na modalidade. Na Associação Académica de Coimbra, também já não há esgrima, há cerca de dez anos. Nem o facto de o primeiroministro José Sócrates ter sido atirador da instituição, entre 1975 e 1980, salvou a secção. «Já nem sequer existe uma competição universitária», nota Joaquim Videira, o melhor esgrimista português no ranking internacional (35.º lugar), que esteve presente nos Jogos Olímpicos de Pequim. O facto pode parecer pouco relevante a quem apenas procura uma actividade física salutar, mas é representativo da pouca aposta na esgrima ao nível do ensino superior. André Couto, presidente da Federação Académica do Desporto Universitário, reconhece mesmo que o Evento Nacional Universitário de Esgrima (uma

espécie de campeonato oficioso), previsto para o dia 18 de Abril de 2009, «não teve instituições interessadas na sua organização». Fora de Lisboa, a situação torna-se ainda mais difícil e os clubes são a única opção. Enquanto estudou e treinou no Porto, entre 2005 e 2007, Joaquim Videira tentou «iniciar um projecto», que poderia ter sido desenvolvido em torno do Centro Desportivo Universitário do Porto, mas não teve sucesso. Consultando a lista de salas de armas da Federação Portuguesa de Esgrima (disponível no sítio www.fpe. pt/~fpept/SGC/index.php/fpe_site/salas_de_armas), é possível verificar a concentração em torno das grandes cidades.

Quanto custa começar? A esgrima tem fama de ser um desporto caro, mas André Escobar rejeita essa ideia. Em primeiro lugar, porque na maioria das instituições o material pode ser emprestado «até um máximo de um ano, se for preciso». Depois, para começar basta «um fato de treino, ténis e boa disposição». Para disputar provas nacionais, o professor estima que seja necessário gastar «cerca de 500 ou 600 euros em equipamento». E o preço das aulas? No Estádio Universitário de Lisboa, as condições são mais favoráveis para os estudantes, que pagam 17,5 euros mensais por duas aulas por semana e 22 euros por três aulas semanais, para além de uma inscrição no valor de 25 euros. ///


BAR

28

FEP Street e Baconal

No convento de Belas Artes André Martins [Faculdade de Belas Artes]

Carlos João e Carolina Costa [Membros da AE FCT]

Não perde uma. Por mais festas que tenha no currículo, nada se compara à FEP Street, que anima a semana de recepção ao caloiro da AE da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (UP). «É uma festa que chama muita gente, tem boa música e um óptimo ambiente», assegura Mário Lourenço. Este ano, a FEP Street realizou-se na discoteca Via Rápida, com música a cargo da dupla Funkyou2 e dos Dj Luís Santos e Nuno Beleza. «Imperdível», garante. Mário Lourenço também não falta às festas que organiza, enquanto presidente da AE da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Instituto Politécnico do Porto. E não vai faltar, dia 20 de Novembro, a mais uma edição da All You Need is Vougue. Mas, a norte, a oferta é grande. E o cardápio de festas não ficaria completo, diz, sem uma referência à Baconal, a festa da Faculdade de Medicina da UP. É remédio santo. Soaram aleluias quando o Coselho Directivo da Faculdade de Belas Artes de Lisboa voltou atrás na decisão de suspender as festas dentro do edifício. É que não há festa como esta, garante André Martins. «Como a faculdade fica num antigo convento, é um espaço diferente, que fica espectacular com o jogo de luzes e com a amplificação natural do som», descreve. Numa das últimas, que decorreu nos corredores, até houve vídeo no tecto. O toque artístico é uma das imagens de marca das noites de Belas Artes. «A música não é a martelo », afirma, lembrando algumas sessões mais alternativas. Recentemente, houve uma festa dedicada aos anos 80 e outra sobre as personagens dos filmes do Tarantino. À lei da bala, ou ao ritmo da série B, a ficção invadiu a realidade. «As pessoas mascaradas vêm com outro espírito», atira André Martins. «Sentem-se mais à vontade».

As noites do GANK

Mário Lourenço [P. da AE da ES de Tec da Saúde do IP-Porto] Às quartas-feiras, de 15 em 15 dias. O ritual

«originalidade» também. No 29.º aniversário da AE

repete-se na Faculdade

FCT UNL, assinalado no passado dia 12, houve um

de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova

pouco de tudo. Magusto à tarde, porco no espeto

de Lisboa (FCT UNL). Carlos João e Carolina

ao cair do dia, promoções para quem foi trajado

Costa marcam presença sempre que podem.

e música pela noite dentro. A última, antes das

Muita música, bar aberto ou happy hours e temas

férias do Natal, é dia 26 de Novembro.

sempre diferentes. São as «famosas» noites académicas organizadas pelo Grupo Académico Nús Koppus, conhecido por GANK. Não terão seguramente o glamour de outros espaços, nem a promoção de outras iniciativas, como a Gala Anual da AE da FCT UNL, no Buddha Bar, em Lisboa. Mas a sua regularidade cativa muitos adeptos, garantem Carlos João e Carolina Costa. E a


Coimbra Universidade de Coimbra Eleições dos representantes dos estudantes para o Conselho Geral da UC Qui, 11/11/2010 - 10:00 - 19:00

Lisboa Escola Superior de Comunicação Social do IP-Lisboa Campus de Benfica do IP-Lisboa

Oficinas (workshops) Técnicas de Representação em Televisão: Imagem, Postura, Comportamento e Comunicação, Técnicas de apresentação, o estilo do comunicador moderno ou a arte de bem comunicar, etc. Destinatários: Profissionais e estudantes na área da Comunicação Social Docentes: Luís de Matos Duração: 12 horas

Candidaturas: 8 Out.2010 a 15 Nov.2010 Curso: 16 Nov.2010, 25 Nov.2010 18 às 21h Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias R. de Santa Marta nº 56

Pós-Graduação em Enfermagem no Desporto Duração: 300 horas ECTS: 30 Início a 15 Jan.2011

Candidaturas: 15 Nov.2010 a 15 Dez.2010 Pós-Graduação em Cuidados Paliativos Destinatários: Licenciados na área da saúde com interesse em Cuidados Paliativos. Duração: 300 horas ECTS: 30 Início a 15 Jan.2011

Candidaturas: 15 Nov.2010 a 15 Dez.2010 Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem de Reabilitação Destinatários: Enfermeiros

Candidaturas: 26 Out.2010 a 10 Dez.2010 Início a 15 Jan.2011 Faculdade de Belas-Artes da U-Lisboa Lg. da Academia Nacional de Belas-Artes

5.º Ciclo de Conferências ‘Arte e Sociedade’ Será a arte um reflexo da sociedade? O 5.º Ciclo de Conferências subordinado ao tema “Arte e Sociedade” da F-Belas- Artes da U-Lisboa promete debruçar-se sobre o papel da arte na contemporaneidade. 27 Out.2010 a 25 Nov.2010 das 14h30 às 17h30 Auditório

Faculdade de Ciências da U-Lisboa / Museu de Ciência da U-Lisboa Instituto D. Luís da U-Lisboa

2.º Ciclo de Palestras - Ciência em Português 2010 A subida do nível do mar: o que nos dizem os marégrafos, satélites e modelos limáticos Oradora: Susana Barbosa Instituto D. Luís da U-Lisboa

12 Nov.2010 18:30h Entrada livre Faculdade de Ciências da U-Lisboa / Museu de Ciência da U-Lisboa R. da Escola Politécnica, 56

2.º Ciclo de Palestras - Ciência em Português 2010 > A subida do nível do mar: o que nos dizem os marégrafos, satélites e modelos limáticos Oradora: Susana Barbosa Instituto D. Luís da U-Lisboa

12 Nov.2010 18:30h Entrada livre > Alterações climáticas no meio marinho: implicações na ecologia de um predador de topo, as lulas jumbo Orador: Rui Rosa, Centro de Oceonografia, F-Ciências da U-Lisboa

26 Nov.2010 18:30h Entrada livre > As crianças e a internet: acesso, usos e representações Oradora: Ana Delicado, Instituto de Ciências Sociais da U-Lisboa 10 Dez.2010 18:30h Entrada livre


Faculdade de Ciências Médicas da U-Nova de Lisboa Campos Mártires da Pátria nº130

iMed - Congresso Inovar a Medicina 2.0 Sessões de Diagnóstico, Prevenção, Abordagem Médica e Abordagem Cirúrgica Clinical Mind Competition Queres sentir-te como um verdadeiro Dr. House e resolver um caso de elevada complexidade? Prémios para os vencedores. 05 Nov.2010 a 07 Nov.2010 Organização AE da Faculdade de Ciências Médicas da U-Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da U-Nova de Lisboa Av. de Berna, 26-C

III Seminário Internacional ‘Media, Jornalismo e Democracia’ Integrado nas Comemorações Oficiais do Centenário da República Portuguesa. 08 Nov.2010 a 09 Nov.2010 Organização Centro de Investigação Media e Jornalismo

Instituto Superior de Economia e Gestão da U-Técnica de Lisboa (ISEG) R. do Quelhas, 6

UECE Lisbon Meetings 2010 - Game Theory and Applications O Centro de Investigação UECE (Research Unit on Complexity and Economics) do ISEG organiza a Lisbon Meetings 2010 – Game Theory and apllications. Nesta Conferência Internacional será abordada a Teoria dos Jogos e a sua aplicação, onde estarão presentes diversos oradores como Pierre-André Chiappori (Columbia University), Matthew O. Jackson (Stanford University) e Myrna Wooders (Vanderbilt University).

04 Nov.2010 e 07 Nov.2010 Inscrições até 15 de Outubro: 200 euros / após 15 de Outubro: 300 euros / estudantes de douturamento: 100 euros Organização ISEGe UECE - Research Unit on Complexity and Economics

Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da U-Nova de Lisboa Campus de Campolide

III Jornadas de Software Aberto para Sistemas de Informação Geográfica - ISEGI 03 Nov.2010 a 05 Nov.2010 / 1 dia: 100 euros, 3 dias: 150 euros Organização Open Source Geospatial Foundation (OSGeo)

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias I Jornadas Lusófonas de Osteopatia e Saúde - 2010 No evento estarão presentes entre experientes osteopatas, nacionais e estrangeiros, e profissionais de saúde de diversas áreas. A organização está a cargo do Grupo Lusófona, em parceria com a Federação Portuguesa de Osteopatas, membro do Forum for Osteopathic Regulation in Europe. 06 Nov.2010 das 10h às 18h

Porto Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da U-Porto Legaliza a tua Medicina / Curso de Iniciação à Medicina Legal >Sessão 1: Medicina Legal e outras Ciências Forenses. Passado, Presente e Futuro >Sessão 2: CSI – Exame da Cena do Crime >Sessão 3: Patologia Forense. A autópsia médico-legal >Sessão 4: Antropologia e Odontologia Forenses. Identificação de vítimas >Sessão 5: Toxicologia e Química Forenses >Sessão 6: Genética e Biologia Forense. Exames de filiação e criminalística biológica. Entomologia e Botânica Forenses >Sessão 7: Clínica Forense. Avaliação dos danos em vítimas de violência. Autópsia 10 euros (limite máximo-2 faltas) 21 e 28 Outubro, 11 e 25 Novembro, 2, 9 e 16 Dezembro Organização AE do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da U-Porto

Instituto Português de Administração de Marketing de Matosinhos Av. da Republica, nº 594

Kids Marketing – Trends on Children Consumer Behaviour and Marketing to Kids 07 Abr.2011 Entrada livre

Vila Real Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro I Jornadas de História e Metodologia da Matemática 04 Dez.2010 Inscrição até 1 Dez.2010 via email: jornadashmm@gmail.com

Mais informações e entrega de informações em www.aulamagna.pt




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.