CADERNO TGI II Analee Torres Sasso

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PARQUE ENGENHO D’ÁGUA Faces do Patrimônio

Analee Torres Sasso

Novembro/2017 Trabalho de Graduação Integrado IAU-USP



Comissão de acompanhamento permanente: Prof.o Dr.o David Moreno Sperling Prof.a Dr.a Lúcia Zanin Shimbo Prof.o Dr.o Joubert José Lancha Prof.a Dr.a Luciana Bongiovanni Martins Schenk Orientador do grupo de trabalho Prof.o Dr.o Paulo Yassuhide Fujioka São Carlos-SP 2017

BANCA EXAMINADORA

______________________________ Prof.o Dr.o Joubert José Lancha

______________________________ Prof.o Dr.o Paulo Yassuhide Fujioka

______________________________ Arq. Bruno Salvador - SIAA


Gleiser, Marcelo “Tempo, vida e entropia”, Folha de São Paulo (São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002) O grande astrofísico britânico Arthur Eddington uma vez proclamou: “Se a sua teoria contrariar alguma lei da física tudo bem, é possível que a lei deva ser modificada. Mas se essa lei for a segunda lei da termodinâmica, pode jogar a sua teoria no lixo”. A segunda lei da termodinâmica é, talvez, a lei natural mais fascinante. Em sua versão mais simples, proposta no século 19 por um médico alemão chamado Rudolf Clausius e pelo físico inglês Lord Kelvin, ela afirma que o calor sempre flui de um corpo quente para um corpo mais frio. “Que lei mais óbvia”, imagino que você esteja pensando. É, nessa versão, ela é óbvia mesmo. Mas, por trás do óbvio, está escondido o mistério da passagem do tempo, do porquê da desordem tender sempre a crescer enquanto a ordem sempre decrescer, do porquê de nós envelhecermos e várias outras questões fundamentais sobre o mundo e nossas vidas. Vamos por partes, começando com fatos que são familiares para todo mundo. Quando você põe um cubo de açúcar no café, o cubo dissolve. Uma vez dissolvido, você não verá os grãos de açúcar voltarem a formar o cubo. Se você abrir uma garrafa de perfume em um quarto fechado, você sentirá o cheiro agradável se espalhando pelo quarto. Isso ocorre por que as moléculas de perfume chocam-se entre si, escapando da garrafa, e, aos poucos, vão se chocando também com as moléculas de ar no quarto, e o perfume vai se difundindo. Você não verá o aroma agradável desaparecer devido ao fato de todas as moléculas espontaneamente terem resolvido voltar para a garrafa. Mais um exemplo: você quebra um ovo e prepara uma omelete. Jamais você verá a omelete se transformar de volta em um ovo. Todos esses processos mostram que existe uma direção preferencial para a passagem do tempo. Se você visse uma omelete se transformando em um ovo, você imediatamente concluiria, por mais estranho que fosse, que o tempo estaria andando para trás. Os exemplos acima têm um aspecto em comum: todos eles começam em um estado organizado (o cubo de açúcar, a garrafa com o perfume dentro, o ovo) e terminam num estado muito mais desorganizado (o cubo dissolvido, o perfume espalhado, a omelete). Esse aumento inevitável da desordem não é uma propriedade exclusiva de cubos de açúcar, garrafas de perfume ou ovos. Ele ocorre com todos os sistemas que não trocam energia com o exterior. (No caso do ovo, o sistema tem de incluir a panela e a colher que bate o ovo e, se você quiser, o calor do fogão e a energia que você gasta.) A quantidade de desordem de um sistema é representada pela sua entropia: quanto mais organizado o sistema, menor é a sua entropia. O cubo e a xícara de café do exemplo acima têm entropia menor do que os grãos de açúcar espalhados por todo o volume do café.


Esse crescimento da entropia é outra expressão da segunda lei da termodinâmica: em um sistema isolado (que não troca energia com o exterior), a entropia nunca decresce, podendo apenas crescer ou permanecer constante. E, como a segunda lei também está relacionada com a direção da passagem do tempo, podemos dizer que o tempo vai para frente porque a entropia cresce. Não existe escapatória: um sistema deixado aos seus afazeres irá sempre ficar mais desorganizado (e, consequentemente, mais “velho”). O que seria de sua casa se você nunca a limpasse? Sempre que discuto a segunda lei, as pessoas me perguntam se ela não contradiz a teoria da evolução. Afinal, segundo essa teoria, a vida na Terra começou com seres unicelulares bastante simples e, com o passar do tempo, foi ficando cada vez mais complexa, cada vez mais organizada. Nós somos seres complicados, com um grau de organização celular muito maior do que aquele de uma ameba ou de um simples vírus. Como foi possível que formas altamente organizadas se desenvolvessem em meio a esse aumento de entropia? A resposta se encontra na formulação da segunda lei. Conforme expliquei acima, ela diz respeito a sistemas isolados, que não trocam energia e informação com o exterior. E esse não é, certamente, o caso dos seres vivos. Qualquer animal depende de um influxo constante de energia e de alimentação para viver. A vida não é possível para um ser que exista completamente isolado dos outros animais e do mundo. Ela só é possível quando existe um decréscimo local de entropia, um aumento local de ordem. Mas, quando consideramos as fontes de energia (o Sol, os alimentos), a entropia total sempre cresce. E o tempo, para o cosmo como um todo, continua sempre marchando avante, indiferente às nossas inquietações existenciais.

Meu mais profundo obrigada à todos que me proveram influxo de energia e inspiração, não só durante o desenvolvimento deste trabalho mas durante toda graduação. Família, amigos, mestres, decrescendo meu estado de entropia, e dando alguma ordem ao caos.

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“What are men to rocks and mountains?� -Jane Austen, Orgulho e Preconceito

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RESUMO

Através de uma análise dos Patrimônios presentes na cidade de Ilhabela, litoral norte de São Paulo, é proposto um programa de integração entre as diferentes faces que este apresenta. Afim de promover a educação patrimonial como instrumento de preservação que se estende além âmbito acadêmico ou da gestão pública.

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ÍNDICE QUESTÃO

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LUGAR

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COMUNIDADES TRADICIONAIS CAIÇARAS

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CONGADA DE SÃO BENEDITO

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OBJETO

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PROGRAMA E PROPOSTA

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BIBLIOGRAFIA

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QUESTÃO

Que lugar ocupamos na cidade? Que marcas deixamos no seu traçado, que marcas usamos para nos orientar. Na contemporaneidade somos bombardeados de informações globais, estamos tanto conectados à tudo a todo momento, quanto desconectados de nossas origens. A negação do passado, do ancestral, pregada pela modernidade como a negação do atraso nos fez chegar nos dias atuais com uma angústia de não saber de ond viemos, tampouco para onde vamos. Isto é evidente na relação com o meio urbano, ja não nos reconhecemos em nossas cidades, não pertencemos à uma comunidade, e as poucas relações estabelecidas estão inscritas em uma esfera de significados próprios que não se inseri em um contexto local. É preciso nos redescobrirmos quanto seres no espaço, como ocupamos o espaço, porquê, com qual finalidade. Uma senda de luz é provida pelas camadas adormecidas do espaço, a memória das cidades, é preciso buscar em outras dimensões (temporais, etnográficas, ecológicas) respostas para as angustias da liquidez contemporânea. “A ativação da memória [...] nestes tempos de transformações e de aceleração da história, diante da perspectiva da perda, do esquecimento, configura-se como uma necessidade premente de reconstrução da própria identidade do indivíduo no seio da nascente sociedade de massa “ (ALMEIDA, 2009, p.40) É fundamental exaltar o valor da visão histórica não como se tratando de um olhar passivo e apático para o passado, mas o olhar holístico, que percebe correlações entre passado e presente.

“A história recolhe sistematicamente, classificando e agrupando os fatos passados, em função das suas necessidades atuais. É em função da vida que ela interroga a morte. Organizar o passado em função do presente: assim se poderia definir a função social da história” (Febvre apud Le Goff, p. 438, 1949) E a organização do espaço na forma de arquitetura e cidade é apenas um subproduto dessa equação vida, gente, tempo e espaço. É a consequência última no espaço e tempo de gerações que deixam sua história escrita no traçado das ruas, no contorno das paisagens, no mapa da cidade. Assim a construção do olhar crítico sobre o passado muito difere de orientar a produção contemporânea para o historicismo ou saudosismo. Tal olhar crítico é substancial no vislumbre de novas possibilidades quanto à arquitetura e cidade.

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A construção da historiografia do lugar está também em sua dimensão de memória. Esta se dá à escala humana, à escala de cada indivíduo, na constituição de sua identidade em associação com o tempo e espaço. “um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade de coerência de uma pessoa de um grupo em sua reconstrução de si” (Pollak, p.204,1992) Quanto a constituição da memória através do espaço, ou seja edifícios e cidades Maria Lucia Bressan nos fala sobre esta relação através de sua análise de Ruskin: “...o que vale dizer, a história. É na longa duração, com a passagem do tempo, que a arquitetura vai se impregnando da vida e dos valores humanos; daí a importância de construir edifícios duráveis, e de preservar aqueles que chegaram até nós. “(Bressan,p.27,2008) Logo o despertar da memória urbana latente pode ser interpretado como uma das possíveis respostas às cidades contemporâneas: “É justamente a afirmação do projeto do presente, em concomitância com a conservação do passado, que sugere a necessidade de extrapolar os limites da investigação no campo específico do restauro, para relacioná-la com a compreensão da produção arquitetônica contemporânea naqueles pontos de tangência e de convergência entre esses dois níveis de abordagem.”(Almeida, 2009) Em Setembro de 2009 em conferência Rem Koolhaas nos dá uma nova perspectiva sobre a conservação, em sua perspectiva coloca em questionamento a produção pósmoderna, de Aprendendo com Las Vegas aos dias atuais: “Estamos vivendo um momento incrivelmente emocionante e um pouco absurdo, ou seja, que a preservação está nos ultrapassando. Talvez podemos ser os primeiros a realmente experimentar o momento em que a preservação não é mais uma atividade retroativa, mas se torna uma atividade perspectiva.” (Koolhaas, 2009)

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A imagem do arquiteto como demiurgo é sem dúvida um dos maiores equívocos na conformação deste ator urbano. Seu papel está muito mais próximo de um vassalo do espaço e tempo. Alguém que deva fornecer humildemente à humanidade lampejos de técnica aliados à teoria, na esperança última de que se conformem boas relações com os espaços. É ainda por seu status de vassalo que cabe ao arquiteto e urbanista organizar um olhar sobre o passado das cidades. A história sempre estará lantente ao traçado da cidade, porém cabe à este agente de organização espacial e temporal, trazer para o tempo e espaço presente relações que outrora ali habitaram. É através da inscrição do presente em um contexto de passado que a densidade de apropriações se amplifica. Ou seja, ao ganhar memória viva no presente que a apropriação do lugar se dará. “Percebe-se, então, que a memória não aprisiona o indivíduo ao passado, mas o liberta de preconceitos e da padronização imposta, conduzindo ao enfrentamento dos problemas atuais com mais segurança, tornando o grupo social muito mais politizado e comprometido com o bem público. Aí é que entra a importância dos centros de memória, ou instituição-memória, pois ela organiza e racionaliza as memórias perdidas, e não é simplesmente um depósito de memórias vividas pelo grupo social.” (Rodrigues e Machado, 2010) É a constituição de um patrimônio, um legado, uma herança deixada de uma geração para outra. É o que firma a relação com o local. Em um mundo aonde a noção de território nacional vem sendo arrasada graças à nova organização globalizada se tem a visão do todo, através da mídia, da comunicação, dos satélites, da internet. E ao ter a noção do todo se olha para o local em busca de uma outra dimensão. “ a globalização faz também redescobrir a corporeidade. O mundo da fluidez, a vertigem da velocidade, a frequência dos deslocamentos e a banalidade do movimento e das alusões a lugares e a coisas distantes, revelam, por contraste, no ser humano, o corpo como uma certeza materialmente sensível, diante de um universo difícil de apreender. “ (Santos, p.212, 2006)

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“Os temas “memória” e “patrimônio cultural” relacionados entre si configuram uma consciência coletiva de apropriação do passado pelo presente e necessariamente uma perspectiva de transmissão ao futuro, garantida pela idéia de preservação. “(Almeida p. 42, 2009) “Se a arquitetura é produto tanto da memória como da invenção, então as ações de preservar o antigo e construir o novo não podem ser consideradas antitéticas. É necessário, ao contrário, reconhecer que estratégias de preservação precisam estar absolutamente entrelaçadas com as dinâmicas de inovação.” (Almeida, p. 72, 2009) Então a escolha deste trabalho é’ através do Patrimônio, seja qual for sua natureza, arquitetônico, cultural, natural, criar uma experiência que constitua uma conexão com o lugar e sua herança passada. Possibilitando não só uma afirmação da própria identidade para a população local, mas uma ferramenta de exploração do turismo de forma sustentável, ajudando a promover o patrimônio através de ações de educação patrimonial, viabilizando a reflexão e a apropriação destes bens comuns de maneira a preservá-los.

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Pintura de Debret datada de 1827 retrata mercado de escravos e pelourinho em Villa Bella da Princesa

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LUGAR Ilhabela, SP Ilhabela é um arquipélago localizado no litoral norte de São Paulo, à cerca de 200km da capital. Possui área total de 347km2 dos quais apenas 52km2 correspondem à área do município, os outros 295km2 compões o Parque Estadual de Ilhabela. Descoberta em 1502 por Américo Vespúcio a ilha era chamada de Maembipe pelos índios tamoios, que significa “local de troca de mercadorias e resgate de prisioneiros”, uma espécie de zona neutra para trocas. Em 1608 chegam à ilha os primeiros sesmeiros, vindos da Vila de Santos, dando início oficial à ocupação urbana, com engenhos de cana. O município de Ilhabela foi fundado em 1806, quando no Brasil se estabelecia o ciclo do café, e a cidade produzia extensivas quantias de café, em mais de 30 fazendas espalhadas pelas ilhas do arquipélago. A prosperidade cafeeira foi proporcionada pelo solo extremamente fértil fornecido pela mata atlântica, que fora ocupado por plantações chegando à 600 metros de altitude, e por consequência degradando a mata local por conta da monocultura. Com o declínio do ciclo do café outras culturas foram desenvolvidas na ilha, já no começo do século XX os alambiques passam à florescer na cidade, que chegou à produzir anualmente mais de 500 mil litros de cachaça. A atividade dos alambiques foi próspera a tal ponto que ainda há vestígios da produção de cachaça artesanal, como a tradicional “Pinga da Toca”, produzida até os dias de hoje. O último engenho de grande porte a encerrar atividade foi o Leite & Irmãos, em 1980. Apesar da alta produção de cachaça na cidade, foi a exploração turística a partir da década de 60, com instalação do serviço de travessia marítima, sendo o turismo hoje a principal fonte de receita de Ilhabela, que aqueceu a economia local. Sendo a principal atividade economica do comércio local. Estima-se que a população, de 35.197 habitantes (2005 IBGE), mais que duplica durante a alta temporada (dezembro, janeiro, fevereiro e julho). O que por um lado tráz altos renidmentos ao comércio local, mas por outro causa uma série de impactos antropológicos e ambientais. Com a descoberta do pré-sal do Campo de Sapinhoá, na bacia de Santos o município passou a receber royalties do petróleo em 2011, e hoje é a cidade do estado ed São Paulo que mais recebe, em torno de 32%. De 2011 à 2017 os valores dos royalties deram um salto de mais de 500%, só no primeiro semestre de 2017 foram arrecadados pela prefeitura R$148,202 milhões. Que tem se revertido em obras públicas que focam no turismo, mas sem qualquer preocupação com a população, ou com formas de promover o turismo e as relações da sua indústria de forma sustentável.

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A alta aptidão turística de Ilhabela se da exclusivamente por conta de seu Patrimônio Natural, que inclui 150km de costa, 42 praias, e 365 cachoeiras registradas, que fazem parte do Parque Estadual de Ilhabela. No Brasil a atenção para o patrimônio natural só passa a existir a partir da Contituição de 1934, que assegura a importância de proteger “as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico”. A partir deste vários mecanismos de gestão e preservação passam a surgir. Na década de 60 foram criados a Lei dos Sambaquis, destinada à preservação de achados arqueológicos e/ou pré-históricos; o Código Florestal (Lei 477/1965); e o Instituto Brasileiro de desenvolvimento Florestal. Em 1972 houve a Conferência das Nações Unidas para o Meio-Ambiente, onde se afirmou: “os recursos naturais, incluindo-se o ar, a água, a terra, a flora, a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossitemas naturais, devem ser salvaguadados em benefício das gerações atuais e das futuras, por meio do cuidadoso planejamento ou administração, conforme o caso” (Declaração para a Conferência das Nações Unidas para o Meio-Ambiente, 1972) Então em 1977 é criado o Parque Estadual da Serra do Mar, que “representa a maior porção contínua preservada de Mata Atlântica no Brasil.”, com área de 332mil hectares, ocupando 25 municípios. Juntamente com este é criado o Parque Estadual de Ilhabela (PEIb), com o objetivo de preservar a mata atlântica remanescente. O PEIb é delimitado pela cota altimétrica de 200 m na faixa que compreende o canal entre Ilhabela e São Sebastião, e pela cota altimétrica de 100 m no restante da ilha. Correspondendo à 86% da área insular, e cerca de 300km2, 30mil hectares, de Mata Atlântica preservada. “Em 1985, foi publicada a Resolução de Tombamento da Serra do Mar e de Paranapiacaba pelo CONDEPHAAT. Destaca-se “(...) pelo seu grande valor geológico, geomorfológico, hidrológico e paisagístico (condição de banco genético de natureza tropical, dotado de ecossistemas representativos da fauna e da flora), e por funcionar como regulador das qualidades ambientais e dos recursos hidricos da área litorânea e reverso imediato do Planalto Atlântico.

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A escarpa da Serra do Mar, que serviu no passado de refúgio climático para a floresta úmida de encosta, exibe hoje os últimos remanescentes da cobertura florestal original do Estado de São Paulo, fundamentais para a estabilidade das vertentes de alta declividade ai presentes, sujeitas aos maiores impactos pluviométricos conhecidos no país”.” (PMMA, 2015)’ A área tombada dentro de Ilhabela corresponde ao Parque Estadual, que em 1992 foi reconhecido pela UNESCO como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Reforçando o caráter decisivo do parque em preservar a paisagem e a biodiversidade do arquipélago. Tendo o Roedor Cururuá como símbolo da preservação, por se tratar de espécie endêmica de Ilhabela. “A Mata Atlântica é um bioma considerado hotspot por a brigar uma das maiores diversidades biológicas do planeta, com mais de 20 mil espécies de plantas, das quais 40% são endêmicas, ou seja, espécies que não existem em nenhum outro lugar no mundo. É a floresta mais rica do mundo em árvores por unidade de área” (CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL, 2005).

Remanescentes de Floresta Ombrófila Densa no interior do PEIb. Crédito: Imagens cedidas pelo PEIb.

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Limite PEIb

Limite do Parque Estadual de Ilhabela Fonte: PM-PEIb, 2015.

Apesar do desmatamento em decorrência das culturas de cana-deaçucar e café, Ilhabela é atualmente o município que contém a maior área de Mata Atlântica continua original preservada no Brasil, onde restam apenas 12,4% do original de mata remanescente, no estado de São Paulo restam 14% da área original. Em 2015 os secretários de Meio Ambiente dos 17 estados recobertos pelo bioma da Mata Atlântica firmaram compromisso através da da carta “Nova História para a Mata Atlântica”, que prevê “a ampliação da cobertura vegetal nativa e a busca do desmatamento ilegal zero do bioma até 2018.” Porém o cenário nacional de preservação tem se mostrado bem distante disso. Em um estudo feito pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais constatou que entre 2015 e 2016 houve um desmatamento de uma área de 290km2, 29mil hectares, dentro dos 17 estados que abrigam o bioma. As maiores taxas de desmatamento se encontram no estado da Bahia, e São Paulo ocupa a 6o posição.

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Evolução do cenário nacional quanto o desmatamento da Mata Atlântica FONTE:https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/especiais/noticia/estudo-apontaque-desmatamento-da-mata-atlantica-aumentou-cerca-de-60-em-um-ano.ghtml (acesso 12

O completo descaso à respeito da salvaguarda do patrimônio natural da Mata Atlântica fica ainda mais evidente com a inexistência de punições ao crime ambiental da empresa Samarco na cidade de Mariana, MG, em novembro de 2015, onde 324 hectares de Mata Atlântica foram destruido pelo vazamento de 62 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de minério. Causando um dano inestimável ao Patrimônio Nacional.

Rio Doce, MAriana, MG, antes e depois do crime ambiental FONTE:https://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/209228

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COMUNIDADES TRADICIONAIS CAIÇARAS Ilhabela abriga atualmente 17 comunidades tradicionais caiçaras na face oceânica do arquipélago. No último levantamento da prefeitura, em 2014, haviam 833 habitantes nas comunidades. As principais atividades são a pesca, a roça de subesistência e em alguns casos comércios voltados ao turismo, especialmente nas comunidades do Bonete e Castelhanos. A população caiçara é resultado da miscigenação de diferentes povos: índios, portugueses, africanos e diversas outras nacionalidade europeias que visitaram Ilhabela durante as navegações. Muitos piratas e corsários visitaram Ilhabela, o arquipélago tem sua costa repleta de naufrágios dos navegantes mal sucedidos. Diversas histórias são contadas sobre tesouros que estariam enterrados. A credibilidade das histórias sobre os tesouros é questionável, mas é inegável a presença de navegantes europeus, ja que muitos caiçaras possuem feições mediterrâneas, com olhos azuis e cabelos loiros. A cultura caiçara se manifesta de diversas formas, na arquitetura das casas, na culinária, no falar, no artesanato, nas embarcações e aparatos de pesca, e nas festas religiosas. Das festas religiosas podese destacar a festa de Nossa Senhora da Ajuda e Bom Sucesso, padroeira de Ilhabela, A festa de São Benedito, com a tradiicional Congada, a festa de São Pedro, a festa de Santa Verônica e a festa de São João. Além das cantigas e danças, que são variações do Fandango, baile popular no território paulista. Entre eles estão a Dança do Vilão e o Quebra-Chiquinha. As comunidades tradicionais não se evadem dos impactos negativos da atividade turistica predatória em Ilhabela. “Atualmente, o Plano Diretor define como Zonas de Interesse Específico – ZIE as áreas ocupadas pelas comunidades tradicionais caiçaras, as áreas de patrimônio histórico-cultural e os sítios arqueológicos. O art 14, parágrafo 1˚ delimita a área na Ilha de São Sebastião como: “(...) limites laterais pelo divisor de águas de cada sub-bacia hidrográfica contígua à praia ou costeira onde se encontram as moradias de cada uma das comunidades até atingir a cota que define o limite do Parque Estadual de Ilhabela” PMMA 2015 Porém um projeto de lei municipal, atualmente arquivado, previa a mudança do zoneamento das comunidades do Bonete e Castelhanos, passando de ZIE para Z4-OD2, Zona urbana com restrições. O que suspenderia os parâmetros de preservação dessas área, permitindo ocupações imobiliárias predatórias, e possibilitando o asfaltamento das trilhas e acessos à tais comunidades, as quais passam por dentro do PEIb, expondo todo o bioma; que não se restringe a floresta, mas também inclui as matas de restinga, e os manguezais, um dos ecossistemas mais frágeis por ser o reduto reprodutório de diversas espécies da fauna marítima.

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CONGADA DE SÃO BENEDITO A congada é uma festividade que se observa em diversos países que tiveram colonização portuguesa com intervenção jesuíta. Original do Congo é um teatro que encena uma batalha entre mouros (muçulmanos) e o reinado de Congo, a época da criação da encenação este havia sido recentemente convertido ao cristianismo. Apesar de ser amplamente distribuída pelo território brasileiro, em cada localidade assume características próprias. É associada às comunidades afrodescendentes brasileiras, e a imagem de São Benedito era associado como protetor dos escravos, obviamente esta figura é uma associação católica do orixá Ossaim do Candomblé. Em Ilhabela a Congada de São Benedito é a festividade que mais representa o Patrimônio Cultural Imaterial Caiçara. Ocorrendo durante o mês de Maio, sem data específica e com duração de 3 dias. No passado ocorria durante a lua cheia, pois os pescadores não saiam a noite para pescar, a intensa luminosidade da lua permitia que os peixes fugissem das redes de pesca. Entre 1944 e 1956 a congada foi proibida pelos padres franciscanos de São Sebastião. Os festejos da Congada envolvem a encenação, uma “missa negra”, procissão com a imagem de São Benedito, e a ucharia. Esta última é uma grande refeição comunitária preparada por mulheres das famílias que carregam a tradição da Congada através das gerações. Os alimentos são doados pelos devotos de São Benedito como forma de agradecimento por graças alcançadas. Contudo além dessa estrutura existe muito mais dentro do que envolve a Congada e o que ela representa na cultura local. O “papel” das figuras principais dentro da Congada são mantidos dentro das mesmas famílias a gerações, bem como é introduzida às gerações novas através da Congada mirim, onde todos os “congueiros” são crianças. A confecção das vestimentas típicas, azul para cristãos e vermelha para mouros, confecção das armas cénicas, os ensaios da encenação. Criando um sentido de unidade e identidade dentro da comunidade envolvida, e para aqueles que meramente vislumbram a encenação no dia da Congada fica tácito que aquilo já a muito tempo não se trata mais de mouros e cristãos, nem de escravos trazendo tradições do Congo. A transformação do seu significado e a apropriação da festividade cria laços entre o passado e o presente; evidencia que apesar das tranformações as quais estamos fadados pelas conjunturas temporais ainda se pisa em um alicerce sólido, trazido através dos séculos, geração após geração, e lhe impregnando de resignificações para que continue a florescer geração após geração. É sem sombra de dúvida a manifestação cultural mais forte em Ilhabela, atraindo a atenção como da pesquisadora de folclore Iracema França Lopes Corrêa, Dona Dede, que escreveu o livro “Congada de Ilhabela na Festa de São Benedito”, material referência no assunto.

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Congueiros, 2014 FONTE: Acervo pessoal

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“Ele (o monumento) constitui uma garantia das origens e dissipa a inquietação gerada pela incerteza dos começos.” Choay, Alegoria do Patrimônio

Casa Grande Fazenda Engenho D’Água, 1924 FONTE: Acervo IPHAN

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OBJETO Fazenda Engenho D’água A Fazenda Engenho D’água foi uma das grandes fazendas produtoras de Ilhabela. Localizada à norte da ilha principal, com a propriedade de 43,5 mil m2, as construções centrais, a Casa e a Senzala datam do século XVII e carregam tipologia tipicamente colonial que é observada em outros sítios da região do Vale do Paraíba. A casa principal se constitui de um sobrado de aproximadamente 700m2, originalmente em taipa de pilão. Na década de 1930 a propriedade, que compreendia todo o bairro Engenhos D’água, encontrava-se em alto estado de degradação quando foi adquirida pela família Gontier, que com apoio do SPHAN a época, deu entrada no processo para tombamento da Fazenda. E em fevereiro de 1945 a Fazenda foi tombada Patrimônio Histórico. Os Gontier se encarregaram da recuperação completa do Engenho, com auxílio técnico do SPHAN, executaram um minucioso trabalho para recuperar a casa principal deixando-a o mais próximo do que havia um dia sido. Vale ressaltar que os autores contemporâneos se posicionam contra essa atuação no Patrimônio, tentando reproduzir seu estado anterior. Porém na época essa era a prática adotada e indicada pelo SPHAN, que mais tarde se tornaria o atual IPHAN. Em 2015 a Prefeitura Municipal adquiriu a propriedade concluindo o processo de desapropriação, por R$23 milhões. Fazem parte da propriedade uma pequena represa, dois canais de água, um aqueduto elevado, um engenho de cana de açucar, um alambique de cobre, cinco toneis de madeira amendoim com capacidade de 20 mil litros cada, e um trator e um caminhão, ambos de 1932, os primeiros veículos de Ilhabela.

Casa Grande Fazenda Engenho D’Água, Maio/2017 FONTE: Acervo Pessoal

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A esquerda imagens de 1924, antes do restauro pela família Gontier, e a direita imagens recentes da edificação central FONTE: acervo IPHAN/ acervo pessoal

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Ilustração por Vitor Hugo Mori, 1989 FONTE: Acervo IPHAN

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Localização Fazenda Engenho D’água

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Fachada Sul

Fachada Oeste

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Pavimento térreo

Segundo pavimento

Edificação principal


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30 Ă rea completa


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Planta do arquivo IPHAN Planta pré-intervenção Gontier


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Planta situação atual / pós-intervenção Gontier


A faixa compreendida entre a propriedade do engenho até a cota altimétrica de 200m, ou seja, até o PEIb, com extensão de 1,4km sentido leste-oeste e 150m de largura no sentido norte-sul, mesmo estando contida dentro do perímetro urbano não é ocupada, tampouco loteada em função da alta declividade e fragilidade do solo, é determinada pelo Plano Diretor de Ilhabela como Zona de Uso com Alta Restrição: “Zona de Alta Restrição 2 (ZR2) - Compreende as áreas que possuem como características relevos de inclinação predominante acima de 47%, recobertos por floresta ou não, que ocorram nas vertentes voltadas para o Canal de São Sebastião, portanto relativamente próximas aos centros administrativos, culturais e de comércio e serviços, constituindo-se zonas de alta restrição de uso por razões geotécnicas e ecológicas.” PDI, 2015 Dentro da extensão urbana da Ilha principal não há ocorrência similiar, em que desde a cota zero, ao nível do mar até a chegada no PEIb não haja nenhuma ou pouca edificação. Apesar da continuidade de desocupação a faixa apresenta pouca vegetação devido ao solo frágil, nos trechos entre a cota 70 e 200m há um sapezal e pouca ou nenhuma vegetação; possivelmente em consequência de monoculturas de canade-açucar e café pela Fazenda Engenho D’água, empobrecendo o solo e descaracterizando a vegetação. O solo é caracterizado como Argissolo Vermelho-Amarelo e Cambissolo Háplico, apresentando fertilidade baixa, excessivamente ácido, suscetivel à erosão natural devido à textura. Ainda que de certa maneira descaracterizada esta área compõe a paisagem do Engenho, e pode ser entendida como parte do Patrimônio, na forma de Patrimônio Paisagístico. Ao fundo da casa grande pode-se observar o Pico do Baepi, montanha de 1048 m de altura, a 7O mais alta da ilha. Seu nome vem do tupi, baepi, significa calvo ou pelado; pois o pico de formação rochosa não apresenta cobertura vegetal. É possível subir o até o pico, são cerca de 3,5 km de trilha, gastando de 3 a 4 horas na subida e 2 na descida. O início da trilha encontra-se exatamente na cota 100m dentro da faixa leste-oeste do Engenho D’água.

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TRILHA PICO DO BAEPI

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9

10

5 4 3

2

1

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PROGRAMA E PROPOSTA A proposta visa aplicar na área, equivalente à 1 hectare, um programa que englobe as diferentes expressões do Patrimônio presente em Ilhabela: Histórico, Arquitetônico, Cultural Imaterial, Pasagístico e Natural. O Programa se dividide 3 frentes: 1) Compreende a área da Fazenda Engenho D’Água, onde é proposta a Casa do Patrimônio: “...a UNESCO ao formular recomendações neste domínio do Patrimônio veio chamar a atenção que uma expressão PCI é tão importante como um edifício histórico, procurando ultrapassar a ideia de menorização que, muitas vezes, a dita - ”cultura popular” esteve sujeita no passado.” CARVALHO, 2008 “A preservação do patrimônio cultural visa, antes de mais nada, a promover, por meio da preservação de práticas culturais e de processos de produção, o exercício da cidadania e uma melhor qualidade de vida para as pessoas no presente.” Patrimônio Cultural Imaterial : para saber mais / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 2012 Dentro desta perspectiva o programa para a Fazenda se estrutura da seguinte forma: A primeira edificação encontra-se um centro de visitantes, para atender todos àqueles que vierem visitar o local, bem como àqueles que irão fazer o trajeto da trilha até o Centro Cururuá, ou subir o pico do Baepi. A segunda edificação, a norte da propriedade, destina-se ao acervo da Casa do Patrimônio abrigada pela edificação principal com um programa exclusivamente voltado a salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, para tanto seguindo as orientações da “Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial” (2003), da UNESCO; que indica três etapas a serem seguidas: Identificação, momento que envolve a pesquisa levantamento do que secaracteriza como Patrimônio;

formal

para

Reconhecimento, momento em que o objeto é reconhecido como patrimônio de fato; Apoio e Fomento, é a etapa onde o que é desenvolvido nas duas etapas anteriores tem chance de se propagar e continuar sendo preservado, através da promoção ao público externo.

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E a quarta edificação, que fora usada como Senzala e posteriormente como estábulo pela Família Gontier, é destinada à educação patrimonial, fator chave na etapa de apoio e fomento do PCI, com espaço de atelier para tais práticas. 2) Compreende a área imediatamente seguinte à Fazenda, com um viveiro de mudas de espécies endêmicas da Mata Atlântica, mudas essas destinadas ao reflorestamento da faixa do Engenho até o Parque Estadual, PEIb, bem como para toda a faixa de Amortecimento entre as cotas 100 e 200m prevista no Plano de Manejo Do PEIb. O Viveiro conta com uma edificação de apoio e acesso de veículo para transporte das mudas. Dentro desta mesma área ainda há um Afiteatro Verde, um espaço de aproximadamente 700m2, destinado a diversos usos: lazer, pois conta com apoio e sanitário junto a edificação do viveiro, educação ambiental junto ao Centro Cururuá e a própria presença do viveiro, entre outros usos como anfiteatro, pois conta com um talude de proporções 1:3 proporcionando acomodação de público. O espaço deste Afiteatro é determinado pelo próprio declive do terreno juntamente com um muro de taipa de pilão como arrimo. Ainda nesta área inicia a trilha que conecta toda a extensão do projeto, desdea Senzala, ou Atelier da Fazenda Engenho D’Água, passando pelo Anfiteatro Verde, viveiros, atravessando a área com cobertura vegetal, até o Centro Cururuá. A trilha segue o caminho existente previamente, pois é a melhor maneira de atravessar a área por conta do seu declive. 3)Por fim a terceira frente e o Centro Cururuá, uma edificação que abriga um auditório com capacidade para 374 espectadores, que usa do próprio desnível do terreno para se acomodar, conta com uma abertura no palco voltado para o Canal de São Sebastião-Ilhabela, na direção Oeste, possibilitando o vislumbre do por-do-sol. O Centro dispõe de um espaço expositivo de 300m2 para exposição de material voltado para Educação Ambiental e Patrimonial; bem como conta com 3 Atelieres com a mesma finalidade. A edificação é executada em Taipa de Pilão, com uso de solo-cimento, uma mistura de solo com 3-5% de cimento, feita com compressão mínima de 40Pa, desta maneira obtem rigidez semelhante à concreto; base e finalização das paredes em alvenaria para proteção e armadura interna. O edifício ainda dispõe de painéis fotovoltáicos e captação e armazenamento de águas pluviais através de cisterna, possuindo autosuficiência de recursos. O Centro ainda serve como base de apoio para a trilha do Pico do Baepi.

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CASA DO PATRIMÔNIO O espaço interno da edificação principal é organizado de acordo com a orientação da UNESCO para o manejo do PCI, Patrimônio Cultural Imaterial: 1.Identificação_ Espaço voltado a pesquisa; 2.Reconhecimento_Espaço expositivo, para dispor dos produtos identificados através da pesquisa; 3.Apoio e Fomento_Dentro da edificação se dá na forma de acervo;

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CENTRO DE VISITANTES

FLUXO DE VISITANTES

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1

ACESSO/LOJA DE PRESENTE

2

SANITÁRIO UNIVERSAL

3

SANITÁRIOS

4

BALCÃO INFORMAÇÕES/GUARDA-VOLUMES

5

ESPAÇO EXPOSITIVO


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1

2

5

3

4


ATELIER PARA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

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1

ACESSO

2

SALAS MULTIPLAS

3

ESPAÇO EDUCACIONAL


49

3

1

2


VIVEIRO E ANFITEATRO VERDE

1

CORTE AA’

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1

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TRILHA

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CENTRO CURURUÁ

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CENTRO CURURUÁ

2 3

1

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1

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3

4

5

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BIBLIOGRAFIA ABREU, Maurício de Almeida de. Sobre a memória das cidades. Revista da Faculdade de Letras - Geografia série 1, v. XIV, Porto, 1988, pp. 77-97. ALMEIDA, Eneida de. O “construir no construído” na produção contemporânea: relações entre teoria e prática. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, 2009. ALMEIDA, Eneida de, e BÓGEA, MARTA. Patrimônio como memória, memória como invenção. Arquitextos, São Paulo, ano 17, n. 195.04, ago 2016. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/17.195/6175>. ARAÚJO, James Amorim. Sobre a cidade e o urbano em Henri Léfèbre. GEOUSP- Espaço e Tempo. São Paulo, n. 31, pp. 133-142, 2012. BARBOSA, Sobre a memória dos lugares e os lugares na memória - O novo nome do Minhocão e o apagamento da ditadura militar. Vitruvius, ano 17, n. 107.06, agosto de 2006. Disponível em: <http://www.vitruvius. com.br/revistas/read/drops/17.107/6156>. CARVALHO, Ana. Os museus e o Patrimônio Cultural Imaterial. Algumas considerações. Convention fo the Safeguarding of the Intangible Cultural Heritage (2003). CASTRIOTA, Leonardo Barci. Intervenções sobre o patrimônio urbano: modelos e perspectivas. Fórum Patrimônio: amb. constr. e patr. sust. Belo Horizonte, v. 1, nO 1, set/dez 2007. CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Estação Liberdade, Editora UNESP. 3O edição. DIAS, Renato Duro. A noção de espaço em Milton Santos e a preservação do patrimônio cultural. In: mbito Jurídico, Rio Grande, XIII, nO 78, julho 2010. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/ index.php?n_link=revista_leitura&artigo_id=8068>. Acesso em: mês 2017. EDELWEISS, Roberta Krahie. Cidade contemporânea, memória e preservação patrimonial: uma interpretação a partir das preexistências culturais. Oculum ens., Campinas, n. 13(1), pp. 153-162, janeiro-junho 2016. FRONER, Tacy-Ara. Patrimônio arquitetônico: conceitos contemporâneos nas cartas do Icomos. Oculum ens., Campinas, n. 10(2), julho-dezembro 2013.

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