ESPORTE EM 2020, VIVA O
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CORRIDA DE RUA BIKE NATAÇÃO TRIATHLON SK ATE FUTEBOL TÊNIS BASQUETE CROSS TRAINING ESPORTS CAMINHADA
EM 2020,
FAÇA ACONTECER! CORRIDA DE RUA
ESPORTS
S A Ú D E C O R P O R AT I V A
UM FLAGELO DOS TEMPOS MODERNOS
UM NOVO MUNDO NOS ESPORTES
SAÚDE CORPORATIVA EM ALERTA!
A obesidade não para de crescer, ameaçando colocar em colapso os sistemas de saúde por todo o globo. Uma resposta contundente precisa ser dada. Mas qual? Pág. 04
O eSports é um fenômeno de público e audiência, trazendo à tona um novo mundo de possibilidades para marcas e produtos. Veja mais na pág. 46
O custo-saúde nas empresas segue em rápida expansão, aumentando a demanda por planos de qualidade de vida que efetivamente tragam resultado. Pág. 30
ANUÁRIO DO ESPORTE 2020
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EDITORIAL
UMA BREVE HISTÓRIA DA NOSSA SAÚDE A SAÚDE É UM DIREITO DE TODOS E UM DEVER DO ESTADO CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART. 196
F
oi somente a partir da Constituição de 1988, e vão-se apenas míseros 30 anos, que passamos a adotar a assistência médica gratuita para toda a população. Vale destacar que o Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes que teve a ousadia de declarar a saúde como direito do cidadão e dever do Estado. Uma pena terem os constituintes de 1988 se esquecido de informar de onde viriam os recursos para tamanha generosidade. Criou-se assim o complexo modelo que temos hoje, dividido entre o Sistema Único de Saúde (público) e a Saúde Suplementar (privado). Atualmente 75% da população – 150 milhões de brasileiros – é atendida pelo SUS. Os 50 milhões restantes possuem planos particulares, sem, contudo, perderem o direito ao SUS. Dos 9,5% do PIB investidos em saúde no Brasil, só 45% são direcionados ao SUS. Ou seja, apesar de concentrar ¾ da população do país, o sistema público recebe menos de 50% dos investimentos. Diferente do que se possa imaginar, nossos gastos globais com saúde não são baixos. Alinham-se com a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Porém, os resultados bastante inferiores geram altos índices de insatisfação dos usuários com os serviços prestados no Brasil. Com o rápido envelhecimento da população e o crescimento vertiginoso de doenças relacionadas à obesidade e ao sedentarismo, como diabetes e hipertensão, especialistas afirmam que se nenhuma providência for tomada, os gastos com saúde deverão atingir cerca de 20% a 25% do PIB nacional em 2030 – um investimento adicional de aproximadamente R$ 10 trilhões. Não precisa ser especialista no assunto para saber que não existe dinheiro para isso. Resta à sociedade brasileira, portanto, uma única alternativa: PREVENÇÃO. Na década de 1960 o índice de fumantes no Brasil era de 60%, mas hoje está abaixo dos 10%, graças em grande parte a um conjunto de iniciativas envolvendo toda a sociedade. E hoje, no Brasil, as principais doenças são as que podem ser evitadas! Os brasileiros envelhecem mal por conta do sedentarismo e da falta de bons hábitos alimentares, comportamento que contribui para metade da população de 60 anos ser hipertensa e pelo menos 18 milhões de pessoas terem diabetes.
Gastos com saúde e qualidade da saúde, Brasil X outros países Gastos totais com saúde Em percentual do PIB
Gastos totais com saúde per capita
% 2014
US$ atual, 2014
Estados Unidos
8.3
8.9
9.403
17.1
79
9.0
2.5
8.7
2.6
11.3
5.411
81
2.5
Áustria
8.7
Holanda
9.5
Canadá
7.4
Brasil
4.2
5.3
11.2
5.580
81
5.694
81
10.4
5.292
9.5
Austrália
6.3
Itália
7.0
Reino Unido
7.6
Espanha
6.4
Chile
3.9
3.9
Turquia
4.2
1.2 5.4
3.1
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3.935
7.8 9% Média OCDE
1.137 568
83 81 83 80 75
4.221 Gastos privados
Nas próximas páginas você irá encontrar um breve apanhado de informações, com notas, entrevistas e infográficos que buscam retratar parte do grave panorama da saúde no Brasil. Além disso, trazemos informações e curiosidades sobre segmentos nos quais acreditamos e atuamos. Nosso portfólio de produtos para 2020 se encontra de maneira bastante resumida e integrada ao conteúdo. Caso tenha interesse por mais informações é só entrar em contato. Obrigado!
Poucos se lembrarão, mas até a criação do SUS só os brasileiros com carteira assinada tinham direito à assistência médica, pelo antigo INPS. Os outros pagavam pelo atendimento, faziam fila na porta de algum hospital público ou viviam a mercê da caridade alheia.
83
2.658
9.0
Gastos públicos
2
6.031 3.258
9.3
1.5 9.1 2.6
82 75
947
9.4
2.3
82
1.4 10.9 3.0
Felipe F. Telles
Lembra do INPS? Anos, 2013
França
4.959
VIVA O ESPORTE!
SAIBA MAIS
Alemanha
11.5
Nosso sistema de saúde necessita, com total urgência, de um novo pacto social capaz de ouvir todos os elos desta enorme cadeia: governo e autoridades, integrantes da saúde suplementar, usuários, poder judiciário, médicos, hospitais e a própria indústria farmacêutica, para que, em conjunto, busquem-se políticas de medicina preventiva e consensos para redução de custos e desperdícios. Ou se faz isso rapidamente ou o sistema implode. O Brasil forjou-se como uma sociedade de muitos direitos, mas poucos deveres. E na saúde não poderia ser diferente. O brilhante Drauzio Varella aborda o tema com maestria: “Cuidar da saúde é dever do cidadão, e não do Estado”. Apesar de certa dose de provocação, trata-se da mais pura realidade. Boa parte da enorme sobrecarga em nossos sistemas de saúde poderia ser evitada com medidas básicas ao alcance de todos – sim, falamos de massificação de atividade física e alimentação saudável. Nós, na Norte Mkt Esportivo, dentro desta imensa engrenagem, seguimos com nossa missão de promover saúde no Brasil. E para isso contamos com a maior plataforma de conteúdo e eventos da América Latina. Queremos informar e entreter. Mas, acima de tudo, buscamos incentivar cada um a experimentar, VIVER a prática do esporte.
10X o Bolsa Família O orçamento do SUS é de aproximadamente 280 bilhões anuais. Trata-se, portanto, do maior e mais democrático sistema de transferência de renda do país. Comparado a ele, o Bolsa Família torna-se um trocado.
Um outro lado Para boa parte da população a imagem do Sistema Único de Saúde é a do pronto-socorro com macas no corredor, mulheres esperando dias para realizar um parto e outras cenas tristes e frequentes do nosso país. Parece justo lembrar também que é o SUS quem oferece gratuitamente o maior programa de vacinações e de transplantes de órgãos do mundo. Que o programa de distribuição de medicamentos contra a Aids revolucionou o tratamento da doença em todo o globo. Não nos esqueçamos que, quando nos acidentamos, é para o SUS que ligamos, e que a qualidade das transfusões de sangue nos hospitais de luxo é assegurada por ele.
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SUMÁRIO
FORA DE CONTROLE
Até 1980, em cada dez moradores de países industrializados, menos de um era considerado obeso. Menos de meia década depois, porém, essa taxa explodiu assustadoramente em quase metade dos países desenvolvidos: hoje, uma em cada duas pessoas está obesa ou acima do peso. E se o presente é muito preocupante, o futuro chega a ser estarrecedor: nos próximos dez anos, estudos mostram que mais de 65% das pessoas – dois em cada três habitantes! – apresentarão problemas de sobrepeso. 3.626 cal 24% / 886 cal. 6% / 231 cal. 29% / 1.056 cal.
43,9% Suécia
6% / 183 cal.
3% / 120 cal.
66,3%
13,7%
34% / 1.006 cal.
23% / 862 cal.
5% / 136 cal.
7% / 246 cal.
3% / 84 cal.
27% / 744 cal.
China
3% / 71 cal. 6% / 175 cal.
81% / 1768 cal. 3% / 70 cal.
10% / 314 cal. 18% / 550 cal.
19% / 510 cal.
2.185 cal
Eritreia
30% / 908 cal.
Média de calorias diárias
18,9%
5% / 155 cal.
2.998 cal
3.767 cal
6% / 159 cal.
3% / 92 cal.
França
Estados Unidos
39% / 1.073 cal.
34% / 1.085 cal.
41,6%
Brasil
2.746 cal
Bangladesh
27% / 855 cal.
6% / 205 cal.
Japão
26,7%
25% / 788 cal.
31% / 1.128 cal.
40,6 %
23,4%
3.158 cal
53,5%
3% / 61 cal.
Austrália
11% / 232 cal. 2% / 43 cal. 1% / 11 cal.
3.126 cal
24% / 912 cal.
21% / 661 cal.
39% / 1.462 cal.
7% / 234 cal.
3% / 109 cal.
30% / 938 cal. 33% / 1.044 cal.
5% / 176 cal.
Porcentagem de sobrepeso por país
1.689 cal.
Frutas, vegetais, nozes
8% / 132 cal.
Tanto ingestão calórica (quantidade) como tipo de alimento (qualidade) têm impacto significativo nesses resultados.
Carne, leite, peixe, ovos
5% / 90 cal.
Óleos, gorduras, açúcares
13% / 223 cal.
Raízes, tubérculos
4% / 72 cal.
Outros
2% / 26 cal.
04
52% / 1.539 cal. 7% / 217 cal. 18% / 540 cal. 14% / 406 cal. 6% / 178 cal. 3% / 74 cal.
12
A GUERRA CONTRA A OBESIDADE Estamos perdendo miseravelmente essa guerra. Pior, não conseguimos sequer entender contra quem estamos lutando.
24 WEARABLES: UMA TECNOLOGIA EM ASCENSÃO O crescimento da capacidade computacional poderá transformar a medicina como conhecemos hoje.
MICROMOBILIDADE: NOVOS CAMINHOS Mais de 60% das corridas nos principais centros são abaixo de 8 km e poderiam se beneficiar da micromobilidade.
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NOSSAS CRIANÇAS PRECISAM DE (MAIS) MOVIMENTO As crianças estão menos ativas e comendo mais e pior. O resultado não poderia ser outro: o crescimento vertiginoso da obesidade infantil.
34
UMA NOVA ABORDAGEM SOBRE A DEPRESSÃO Nunca se tomou tanto remédio e nunca tivemos tanta gente sofrendo deste mal. Alternativas psicológicas e sociais precisam entrar em campo.
44
5% / 159 cal.
2.954 cal
Cereais
68% / 1.146 cal.
3% / 90 cal.
48
CONEXÃO EMOCIONAL Por que o marketing de conteúdo é o caminho mais efetivo na construção de uma relação emocional com sua marca?
3
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OBESIDADE
MAS AFINAL: O QUE É OBESIDADE?
A HISTÓRIA DA OBESIDADE É AINDA UM UNIVERSO CHEIO DE PERGUNTAS E COM POUCAS RESPOSTAS “Em 1934, uma jovem pediatra alemã chamada Hilde Bruch mudou-se para os Estados Unidos, se instalou na cidade de Nova York e ficou ‘impressionada’, como escreveu mais tarde, com o número de crianças obesas que viu – ‘realmente obesas, não só nas clínicas, mas nas ruas e nos metrôs, e nas escolas’. Com efeito, as crianças obesas na cidade de Nova York chamavam tanto a atenção que outros imigrantes europeus costumavam perguntar a Bruch sobre isso, presumindo que ela teria uma resposta. ‘Qual é o problema com as crianças norte-americanas?’, perguntavam. ‘Por que elas são tão gordas e barrigudas?’ Muitos diziam que nunca tinham visto tantas crianças em tal estado. Mas essa era a cidade de Nova York em meados dos anos 1930. Isso foi duas décadas antes das primeiras franquias de McDonald’s e KFC, quando nasceu o fast-food tal como o conhecemos hoje. Isso foi meio século antes das porções extragrandes e do xarope de milho rico em frutose. Mais exatamente, 1934 era o pior momento da Grande Depressão, uma época de sopas comunitárias, filas para o pão e desemprego sem precedentes. Um em cada quatro trabalhadores nos Estados Unidos estava desempregado. Seis em cada dez norte-americanos estavam vivendo na pobreza. Na cidade de Nova York, onde Bruch e seus colegas imigrantes ficaram impressionados com a adiposidade das crianças locais, consta que uma em cada quatro crianças era desnutrida. Como isso é possível?” (Gary Taubes, no livro Por que engordamos e o que fazer para evitar?)
É perceptível — e não é de hoje — que a obesidade preocupa. Muitas perguntas têm sido feitas e, aparentemente, ainda não há resposta definitiva. É evidente que a questão do sobrepeso está diretamente relacionada com a quantidade de alimentos ingeridos. Mas, cada vez mais, a qualidade e constituição desses alimentos (nutrientes, fibras, proteínas, gorduras, açúcares, industrialização) assumem maior importância na solução de um dos maiores problemas de saúde da civilização moderna.
4
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PESO
IMC =
ALTURA x ALTURA
Observando o gráfico abaixo é possível encontrar as 3 diferentes faixas de classificação: normal, sobrepeso e obeso. Um IMC de 25 ou mais coloca uma pessoa na categoria acima do peso; 30 é o limiar da obesidade. Estudos descobriram que o excesso de peso – especialmente obesidade e obesidade mórbida – é um importante fator de risco de morte e de muitas, muitas doenças. A obesidade está relacionada com diabetes, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, doenças cardíacas, asma, apneia do sono, cálculos e vários tipos de câncer.
Cálculo do Índice de Massa Corporal Pe
ALTURA
O MAL DA CIVILIZAÇÃO
A obesidade tornou-se um dos maiores flagelos de saúde do nosso tempo. Em todo o mundo, ela é corresponsável por 3 milhões de mortes anuais. Dados da OMS mostram que o número de pessoas obesas com idade entre 5 e 19 anos aumentou de 11 milhões em 1975 para 124 milhões em 2016. Há mais de 1 bilhão de adultos que se classificam com sobrepeso ou obesos, e a epidemia atingiu, principal e contraditoriamente, países em desenvolvimento – onde a fome e a desnutrição ainda são comuns. À medida em que os pesquisadores aprendem mais sobre os impactos social e econômico da obesidade, uma série de perguntas básicas não respondidas permanece: por exemplo, por que as taxas de obesidade aumentaram nas últimas três décadas e como reverter essa tendência? A palavra obesidade vem do latim “obesitas”, que significa gordura. O “índice de massa corporal”, ou IMC – um cálculo entre altura e o peso de uma pessoa – é o método mais utilizado para medir a obesidade, embora não seja perfeito. O IMC pode colocar pessoas musculosas, por exemplo, nas categorias de sobrepeso ou obesidade porque não consegue distinguir entre massa muscular magra e massa gorda. No entanto, continua sendo um bom indicador.
so
( kg )
IMC
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
1,47m
45,4 47,6 49,8 52,1 53,9 56,2 58,5 60,7 62,5 64,8 67,1
1,52m
48,5 50,8 53,5 55,7
1,54m
50,3 52,6 55,3 57,6 59,8 62,1 64,8 67,1 69,4 71,6 74,3
1,60m
53,5 56,2 58,9 61,2 63,9 66,2 68,9 71,6 73,9 76,6 79,3
1,65m
57,1
1,70m
60,7 63,5 66,2 69,4 72,1 75,2
1,75m
64,4 67,5 70,3 73,4 76,6 79,8 82,5 85,7 88,9
1,80m
68
59,8 62,5 65,3
71,2 74,8
78
58
68
60,3 62,5 64,8 67,1 69,4 71,6
70,7 73,4 76,2 78,9 81,6 84,3 78
80,7 83,9 86,6 89,8 92
94,8
81,1 84,3 87,5 90,7 94,3 97,5 100,7
1,85m
72,1 75,2 78,9 82,5 85,7 89,3 92,5 96,1 99,3 102,7 106,5
1,90m
76,2 79,8 83,4
87
90,7 94,3 97,9 101,6 105,2 108,8 112,4
Relacione peso e altura e descubra o IMC. PESO NORMAL
ACIMA DO PESO
OBESO
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OBESIDADE
PERDIDOS EM ALTO-MAR A obesidade custa ao mundo quase tanto quanto a guerra, a violência armada e o terrorismo. Pior, ainda não temos nenhuma clareza dos gatilhos dessa epidemia. Um famoso colunista do Financial Times escreveu sobre a difícil missão de combater a obesidade: “Ao lidar com a obesidade, somos como navegadores do século XVI usando mapas com ilhas perdidas e continentes disformes”.
PELO MUNDO • Em 2016, mais de 1,9 bilhão de adultos, com 18 anos ou mais, apresentavam excesso de peso. Destes, mais de 650 milhões eram obesos. • 39% dos adultos com 18 anos ou mais estavam acima do peso em 2016. Desses, 13% eram obesos.
2,1
2,1
2
TRILHÕES DE DÓLARES
TRILHÕES DE DÓLARES
TRILHÕES DE DÓLARES
1,4
TRILHÃO DE DÓLARES
VIOLÊNCIA ARMADA, GUERRA, TERRORISMO
FUMO
OBESIDADE
ALCOOLISMO
A OBESIDADE É UM DOS TRÊS PRINCIPAIS GASTOS GERADOS PELA HUMANIDADE. VALORES RETRATAM O IMPACTO NO PIB MUNDIAL.
MÉXICO
RITMO ALUCINANTE Projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam para um aumento progressivo e constante nas taxas de obesidade até pelo menos 2030. Calcula-se que os níveis de obesidade sejam particularmente elevados nos Estados Unidos, México e Inglaterra: 47%, 39% e 35% dessas populações, respectivamente, serão obesas em 2030. Embora não conste nos dados da OCDE, a situação brasileira também é crítica. Com base nas últimas pesquisas realizadas, a obesidade aqui teve crescimento de 67% entre 2006 e 2018. Se esse ritmo alarmante for mantido, o Brasil chegará a 2030 com quase 38% de sua população obesa.
Em média, cada mexicano consome impressionantes 371 refrigerantes (350 ml) a cada ano, maior consumo do planeta! Não à toa, o México possui aproximadamente 65% da sua população acima do peso. Quase 35% são obesos, perdendo apenas para os EUA no ranking da gordura.
Projeções das Taxas de Obesidade para 2030 • 41 milhões de crianças menores de 5 anos estavam acima do peso ou obesas em 2016. • Mais de 340 milhões de crianças e adolescentes com idade entre cinco e 19 anos estavam acima do peso ou obesas em 2016. • A maioria da população mundial vive em países onde o excesso de peso e a obesidade matam mais que a subnutrição. • A obesidade mundial quase triplicou desde 1975.
50% 45% 40%
México Brasil
35%
Inglaterra
30% Canadá
25% Espanha
20%
França
15%
Suíça
$ O custo do tratamento para doenças relacionadas à obesidade deve crescer até 1,2 bilhão de dólares em 2030 e 1,7 bilhão em 2050.
Itália
10%
Coréia
5% 0% 1970
1980
1990
2000
2010
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A previsão é que até 2050 haverá 12 milhões de casos de diabetes e 8 milhões de casos de doenças cardíacas.
USA
2020
2030
2040
O diabetes associado à obesidade é o maior assassino de mexicanos.
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OBESIDADE
OE JUNTO AMBIENTE MUDOU COM ELE, O PESO DA NOSSA POPULAÇÃO
150
calorias
1
Refeições são feitas cada vez mais fora de casa. Quando isso acontece, comemos mais e pior. Segundo pesquisas, o consumo calórico é de 20% a 40% maior quando a refeição é longe de casa.
163
112
1977-78
A obesidade é real e está à nossa volta. E na esteira do crescimento desta epidemia moderna, doenças crônicas associadas não param de crescer: diabetes, doenças cardíacas, síndrome metabólica, entre dezenas, talvez centenas de outras. Está claro que ganhar peso fica cada vez mais fácil, e, em contrapartida, mais difícil se livrar dos quilos extras. A resposta óbvia: o consumo é maior do que a queima. Mas especialistas em saúde pública consideram que boa parte deste consumo não é consciente.
109
119
136
1989-91
163
121
122
198
192
1994-98
165
147
208 2003-04
2
142
165
163
162
138
157 2011-12
1.200 ml
179
199
2009-10
As porções não param de crescer. A refeição média de um restaurante hoje é quatro vezes maior do que na década de 1950.
1.200 g/ml
ingestão diária recomendada de açúcar
168
164 0
1002
144 00
300
400 (calorias)
1.100 g/ml
Crianças
1.000 g/ml
COMIDA BEBIDA
Adultos
COMIDA BEBIDA
900 g/ml
3
Refeições que são quase “sobremesas”. Acima, o gráfico mostra o consumo americano de açúcar em relação ao recomendado
era nte s
800 g/ml
fri g
700 g/ml
4 5 6 7 8
Re
600 g/ml 500 g/ml 400 g/ml
r
340 g
ita
190 g
gue
300 g/ml
úr mb
200 g/ml
200 ml
100 g/ml
110 g
Ha
ta fr
Bata
68 g
anos
1950
HOJE
O consumo de refrigerantes e sucos açucarados atingiu uma escala sem precedentes Comidas saudáveis podem ser mais caras Os vegetais, geralmente, são exclusivamente batatas e tomates O bombardeio publicitário de comidas pouco saudáveis
Hábito de assistir televisão enquanto se alimenta. A pessoa não presta atenção no que está consumindo, correndo o risco de comer mal e mais do que deveria.
EVENTOS
URBAN WALK Tem como propósito combater o sedentarismo e propõe mais do que uma caminhada, oferecendo um final de semana de saúde com avaliações clínicas, físicas e nutricionais.
6
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PEDALA BRASIL O Pedala Brasil reúne participantes de todas as idades com o principal objetivo de incentivar o uso da bicicleta como transporte em grandes cidades brasileiras.
CIRCUITO DO SOL O principal circuito de corridas do verão incentiva jovens e adultos a começarem o ano com mais saúde e qualidade de vida, descobrindo o prazer e a paixão de correr.
FUGA DAS ILHAS O maior circuito de travessia do Brasil é uma excelente plataforma de comunicação com um público qualificado, disciplinado e que não abre mão do contato com a natureza.
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OBESIDADE
PARA INGLÊS VER
O QUE É TERMOGÊNESE?
O acordo firmado no final de 2018 entre o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos, com o objetivo de reduzir a quantidade de açúcar nos produtos industrializados, acabou deixando de fora os “maiores sabotadores” de peso. O acordo, que deve ser cumprido até 2022, parece até ambicioso: redução de açúcar de até 10,5% para achocolatados e até 33,8% para bebidas açucaradas. Mas os principais produtos comercializados no país, inclusive os mais consumidos por crianças, devem passar ao largo do acordo. Refrigerantes tradicionais, por exemplo, que tem 10,5 gramas de açúcar a cada 100 ml, escapam por 0,10 grama, quando a meta estabelecida em 2022 ficou em 10,6 gramas. Achocolatados, que em boa parte possuem 75 gramas a cada 100 gramas, também escaparão, pois o limite estabelecido ficou em 85 gramas.
Um equívoco frequente é a ideia de que nossas necessidades calóricas são constantes. Se você perder uma quantidade relevante de peso, há uma boa chance de que seu metabolismo desacelere. Isso acontece porque seu corpo está mais leve, e seu cérebro começa a combater a perda de gordura. A isso damos o nome de “Termogênese Adaptativa”. Solução Seja paciente e faça pausas. Se você faz dieta há muito tempo (mais de 10 semanas), dê um intervalo para descansar seu metabolismo.
EM MEIO À EPIDEMIA DE OBESIDADE QUE ATRAVESSAMOS, A CORRIDA É MAIS QUE UMA AÇÃO SOCIAL, É UMA NECESSIDADE SOCIAL. É A ATIVIDADE BÁSICA, SÍMBOLO MAIOR DO MOVIMENTO, UM TANTO QUANTO ESQUECIDO NOS TEMPOS ATUAIS Michelle Obama
CONSUMO BRASILEIRO DE AÇÚCAR POR POR
DIA
ANO
80g = 18
colheres de chá de açúcar
Fonte: Ministério da Saúde – 2018
59kg a cada
5 DIAS
de 400g = 9 latas refrigerante
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NEM TÃO DOCE ASSIM Bebidas com açúcar não são tão doces quando você considera seus efeitos nocivos na saúde. O consumo de refrigerantes e outras bebidas adoçadas – à base de frutas, chás, bebidas esportivas e energéticas, todas com adição de açúcar – são a fonte número um de calorias e açúcares adicionados na dieta. Uma lata tradicional de refrigerante contém 7 colheres e meia de chá de açúcar, enquanto uma garrafa de 600 ml tem 16 colheres! A recomendação do Dietary Guidelines for Americans é de, no máximo, 12 colheres de chá de açúcar. A American Heart Association é ainda mais rígida: nove colheres de açúcar por dia para homens, e seis colheres para mulheres. Uma única latinha de 350 ml de refrigerante, portanto, já vai além dos limites sugeridos.
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ENTREVISTA com fome. As pessoas poderiam comer mais alimentos sem adição de açúcar simplesmente porque fizemos isso na maior parte de toda a história humana, isso até algumas centenas de anos atrás.
EM SEU NOVO LIVRO THE CASE AGAINST SUGAR, O ESCRITOR GARY TAUBES DEFENDE QUE O DOCE EM NOSSA COMIDA É A CAUSA MAIS PROVÁVEL DAS EPIDEMIAS PARALELAS DE OBESIDADE E DIABETES. ACOMPANHE ENTREVISTA CONCEDIDA A JULIA BELLUZ
Não posso responder “o que seríamos se nunca tivéssemos consumido açúcar”. Mas quando observamos populações indígenas americanas que passam de relativamente isoladas a completamente ocidentalizadas em um período muito curto de tempo, vemos mudanças dramáticas de geração para geração (em diabetes e obesidade). O que teria acontecido se nunca tivessem consumido açúcar ou se nunca tivessem mais do que alguns quilos de açúcar per capita? Não posso responder, mas apostaria que seria significativamente diferente do que vemos hoje
GARY TAUBES:
“O AÇÚCAR ESTÁ NOS DEIXANDO DOENTES” FOTO Cody Pickens
Há uma linha muito marcante no livro: “Nosso consumo de açúcar ao longo dos séculos pode ter mudado nossa espécie”. Você pode explicar o que quis dizer?
Quando o consumo de açúcar ficou fora de controle? Particularmente na segunda metade do século 19, com o desenvolvimento da indústria do açúcar de beterraba com baixos custos. E com a criação das indústrias do doce, sorvete, chocolate e refrigerantes a partir de 1840. Em 1920, já são consumidos 45 quilos de açúcar per capita nos Estados Unidos. Mas ainda existiram outras duas ondas: os sucos de frutas, a partir da década de 1930, e os cereais açucarados, no final da década de 1940. Mais recentemente, na década de 1970, vieram dois fortes movimentos: o de baixo teor de gordura, que teve o efeito contraditório de conferir uma reputação benigna ao açúcar – e de fazer surgir um novo universo de produtos onde muitas vezes é retirado um pouco da gordura do produto – iogurte é o exemplo icônico – por alguma variação de açúcar. O segundo foi a introdução, no final da década, do xarope de milho com alto teor de frutose (HFCS). Com o xarope na mistura, o consumo total de adoçante calórico aumentou de cerca de 50 quilos per capita no final dos anos 70 para quase 70 quilos no ano 2000.
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No mundo perfeito, como seria o nosso ambiente de alimentação? Os corredores de comida fresca do supermercado dominariam, e os corredores de processados encolheriam. É raro um médico que não recomenda evitar alimentos embalados e processados. Uma proporção enorme contém açúcar, e evitando estes, assim como bebidas adoçadas, bolachas e doces, que também estão nesses corredores – você estaria evitando a maior parte do açúcar. Mas isso também significaria que teríamos que voltar a cozinhar nossas próprias refeições, um luxo que muitos de nós não podem pagar. Por isso, espero ter um ambiente no qual saibamos com certeza quais alimentos ou macronutrientes estão desencadeando obesidade e diabetes e, em seguida, um ambiente alimentar que inclua alimentos embalados e processados, mas exclua esse ingrediente. Se é açúcar, podemos fazer alimentos sem ele, mas teremos que recalibrar nossos paladares.
Todos deveriam eliminar o açúcar? E as pessoas para quem a moderação funciona bem e que vivem saudáveis com um pouco de açúcar?
Se removêssemos o açúcar da dieta, doenças relacionadas à alimentação iriam desaparecer? Uma questão é o que está causando essa epidemia. Outra é o que você tem que fazer com as pessoas que já estão vivendo com esses distúrbios e doenças para torná-los saudáveis novamente. A resposta para a causa, na minha opinião, é primeiro o açúcar, seguido por grãos processados. A segunda questão: você tem um mundo inteiro de pessoas obesas e diabéticas, e muitas delas não comem mais açúcar ou farinha refinada, mas, ainda
assim, estão obesas e/ou diabéticas. Então, a questão é se existe algum tipo de dieta que funcionará para a grande maioria dessas pessoas. Acredito que dietas baixas em carboidratos e altas em gorduras sejam as melhores.
Se tirássemos o açúcar da nossa comida, com o que poderíamos substituí-lo? A questão é se temos que substituir o açúcar. Em bebidas adoçadas, por exemplo. Não podemos apenas beber água em vez disso? Outra questão é o que deveríamos comer para substituir as calorias do açúcar, supondo que estaríamos
Se eu estiver certo sobre o açúcar, então hoje ele é mais prejudicial que o fumo. Vou comparar minha experiência com o tabagismo. Quando eu fumava, eu não conseguia imaginar minha vida sem o cigarro. Mas quando eu decidi que o dano superava qualquer benefício que pudesse haver, eu me comprometi a desistir. Com o açúcar, nós esquecemos que os benefícios de não comer açúcar podem superar e muito os benefícios de comê-lo. Se é tão ruim para nós como eu penso, você deveria lutar contra. Claramente, há pessoas que vivem vidas longas e felizes comendo quantidades significativas de açúcar. Mas costumo dizer: “Meu tio Max fumou dois maços de cigarro por dia, viveu até os 90 anos e morreu de velhice”. Isso significa que os cigarros não causam câncer de pulmão?
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OBESIDADE
SÓ EXERCÍCIOS NÃO BASTAM
OBESIDADE FEMININA Mulheres representam a população de maior risco para desenvolver quadros psiquiátricos decorrentes da obesidade, possivelmente por questões hormonais. Mulheres têm três vezes mais síndrome do pânico e duas vezes e meia mais depressão do que os homens. Quadros ansiosos são mais frequentes em mulheres. Embora a população masculina de obesos esteja crescendo, casos de obesidade são mais comuns nas pessoas do sexo feminino. Além disso, o preconceito da sociedade é também maior em relação às mulheres.
Evidências acumuladas há anos sugerem que, apesar de ótimos para a saúde, exercícios respondem apenas por uma parcela limitada da queima diária de calorias. Existem três componentes principais para o gasto energético: a taxa metabólica basal – energia usada para o funcionamento básico quando o corpo está em repouso; a usada para decompor os alimentos; e a energia gasta na atividade física. Temos muito pouco controle sobre a taxa metabólica basal, que, na verdade, é o maior consumidor energético do corpo. É responsável por cerca de 60% a 80% da energia que consumimos. Digestão representa outros 10%. Isso deixa um espaço entre 10% e 30% para a atividade física. Se a ingestão de alimentos é responsável por 100% da energia que entra no corpo, mas o exercício só pode queimar até 30%, há uma diferença que a atividade física não consegue equacionar. Portanto, o primeiro e maior passo para perder peso é fechar a boca e fugir do açúcar. Gasto Total de Energia para um Adulto (Calorias por dia) Taxa Metabólica Basal
A PREVENÇÃO DA OBESIDADE INFANTIL PRECISA COMEÇAR ANTES MESMO QUE UMA MULHER ENGRAVIDE.
Energia Gasta na Digestão
Energia Gasta em Atividade Física
Mulher
Homem
Pamela Salsberry 0
1.200
2.400
3.600
EM TEMPOS DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA... A obesidade custa ao Brasil 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo um estudo internacional conduzido pelo McKinsey Global Institute. Ou seja, somente em 2018, a obesidade custou para nós, brasileiros, R$ 163 bilhões. Em dez anos, terá nos roubado quase R$ 2 trilhões. O dobro da tão polêmica reforma da Previdência. Uma montanha de dinheiro que coloca em risco a própria saúde financeira do país. Está mais que na hora de os governos atacarem de frente essa pandemia.
OBESIDADE X CÂNCER
Efeito da Obesidade Sobre Causas de Câncer (Reino Unido)
A epidemia de obesidade poderá neutralizar décadas de esforço de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer. No maior estudo já realizado nessa área, pesquisadores do Reino Unido encontraram ainda mais evidências da ligação entre sobrepeso e o câncer. Durante sete anos, 5 milhões de indivíduos foram acompanhados. O objetivo? Mapear quantas dessas pessoas desenvolveram algum dos 22 tipos de câncer mais comuns. Este estudo, publicado na Lancet, descobriu que sobrepeso estava profundamente ligado a dez dos 22 cânceres. Em particular, câncer do útero, da vesícula biliar, do rim, do colo do útero, da tiroide, do fígado, do cólon, do ovário e da mama, além de leucemia. Embora o excesso de peso e a obesidade tenham sido associados a uma série de outras condições de saúde – incluindo diabetes tipo 2, doenças cardíacas, derrame e infertilidade – essa pesquisa se soma ao corpo de evidências que demonstram que o peso está relacionado ao risco de desenvolver alguns tipos de câncer.
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Tipo de câncer
Novos casos por ano
Casos atribuídos por excesso de peso ou obesidade
Em %
669
134
20,3%
Tireoide
2.654
51
1,9%
Colo do Útero
2.851
214
7,5%
Fígado
4.241
661
15,6%
Vesícula Biliar
Ovários
7.011
512
7,3%
Leucemia
8.257
522
6,3%
Útero
8.288
3.384
40,8%
Rim
9.639
1.597
16,6%
Cólon
26.725
2.970
11,1%
39.812
2.035
5,1%
110.147
12.080
11%
Mama (pós-menopausa)
TOTAL
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OBESIDADE INFANTIL
O LEGADO OBAMA POR UMA
JUVENTUDE MAIS SAUDÁVEL
COM SEU PROGRAMA LET’S MOVE , MICHELLE OBAMA TRANSFORMOU O COMBATE À OBESIDADE INFANTIL EM UMA PRIORIDADE DE GOVERNO. UM EXEMPLO QUE PODERIA SERVIR DE INSPIRAÇÃO
Após a eleição do presidente Obama em 2008, a primeira-dama Michelle Obama contou que suas filhas estavam ganhando peso. “Mesmo não estando segura, eu sabia que deveria fazer algo em relação a isso, tinha de levar nossa família por um caminho diferente.” Essa luta pessoal se tornou política. Michelle passou a maior parte do seu tempo na Casa Branca fazendo algo sem precedentes para uma primeira-dama: lutar duramente contra a obesidade infantil. À época havia certo pessimismo sobre se de fato a influência Obama poderia ajudar a transformar a saúde do pais. E alguns pontos acentuavam essas dúvidas. A obesidade é causada muito mais pelo excesso de comida do que pela falta de
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exercício. E grande parte das ações do programa estavam no pilar da atividade física. O próprio nome Let’s Move evidencia isso. Outro ponto questionado foi a aproximação de grandes empresas, incluindo aí as gigantes da alimentação. Mas sob sua liderança, e aproveitando o momento em que os Estados Unidos começaram a prestar atenção à comida, fizeram da luta contra a obesidade uma prioridade – tanto simbólica quanto legislativa. A primeira dama promoveu campanhas e trabalhou nos bastidores com pesquisadores, legisladores, chefes de departamentos governamentais, escolas e mesmo com os gigantes do setor alimentício para mudar o que os americanos comiam.
oferecer refeições nutricionalmente vazias e elevar o risco de doenças crônicas não é apenas um problema nutricional; é uma questão de justiça social. Com o apoio dos maiores especialistas em obesidade do país, Michelle Obama concentrou-se em resolver o problema da merenda escolar. Estabeleceu lei federal para alimentação mais nutritiva, com grãos integrais, variedade maior de frutas e vegetais, assim como menos sódio e carne, determinando também que as escolas parassem de comercializar lanches com gordura, açúcar e sal, além de refrigerantes e barras de chocolate No dia em que a campanha Let’s Move foi lançada, foi criada pelo presidente Barak Obama a primeira força-tarefa nacional da história de combate à obesidade infantil, liderada pelo Conselho de Política Interna do país e trabalhando em conjunto com a primeira-dama. Levará anos para saber se de fato o programa conseguiu mexer no ponteiro da obesidade infantil. Mas a campanha Let’s Move é, sem dúvida alguma, o maior legado de Michelle durante o governo Obama.
NAS ESCOLAS Há um consenso entre pesquisadores de que a luta contra a obesidade está praticamente perdida quando as pessoas buscam ajuda médica para administrar o peso. Especialistas afirmam que combater a obesidade significa preveni-la, muito antes de uma pessoa se tornar um paciente. Descobriu-se que escolas serviam às crianças refeições pobres em calorias e pobres em nutrientes – pizza, cachorro-quente, nugget de frango, batata frita –, que aumentam o risco de obesidade das crianças, em vez de ajudar a evitar ganho de peso. Muitas famílias de baixa renda dependem de escolas para alimentar seus filhos por pelo menos uma refeição por dia. Portanto,
Conquistas importantes do projeto • Aumentou a transparência nos rótulos nutricionais, incentivando as empresas a reformularem seus produtos • Proibiu as gorduras trans • Criou o programa América Mais Saudável, alterando a formulação de milhares de produtos • Promoveu a água em vez de atacar os refrigerantes
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OBESIDADE INFANTIL
PERGUNTE O QUE ELES QUEREM!
EVENTO
A regra número 1 em negócios: conheça seu cliente. Videogames, normalmente acusados por eventuais hábitos sedentários dos filhos, fornecem muito do que as crianças querem de uma experiência esportiva: muita ação, liberdade para experimentar, competição sem exclusão, conexão social com amigos como cojogadores, personalização, medida de controle sobre a atividade e nenhuma crítica parental. No videogame a criança está no centro da experiência. E se existisse o mesmo grau de investimento no estímulo de crianças na atividade física, especialmente aquelas que são excluídas ou que optam por não praticar esportes?! Crianças querem principalmente um local para tentar o seu melhor. Embora muitas vezes queiram saber a pontuação e possam até chorar se perderem, a maioria não fica obcecada com resultados, dizem os psicólogos do esporte. Dez minutos após o apito final, as crianças seguem em frente; muitas vezes são o pai e a mãe que ainda querem falar sobre o jogo no jantar.
DIVERSÃO, A PALAVRA-CHAVE
Nove entre cada dez crianças dizem que “diversão” é a principal razão para participarem de algum esporte. Quando perguntadas a definir diversão, trouxeram 81 motivos – e “vencer” ficou apenas na 48ª posição... Porcentagem de Crianças com Participação Regular em Esportes de Alto Gasto Calórico
28,7%
30%
28,3%
27,8%
26,9%
26,6% 24,8%
25%
23,9%
20% 2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
REJEIÇÃO Uma pesquisa realizada na Inglaterra demonstrou o grau de rejeição que sofrem as crianças obesas. Foram exibidas a alunos da pré-escola fotografias de crianças carecas por causa da quimioterapia, em cadeiras de rodas, um chinês que tem uma fisionomia diferente da que estavam acostumados a ver e a de um simpático menino gordinho. Quando lhes pediram para escolher uma criança que não gostariam de ter como amigo, o gordinho ganhou de lavada. A explicação foi simples e direta: ele era muito gordo.
ESCOLAS SEM QUADRAS Seis em cada dez unidades públicas de educação básica do país não contam com quadras esportivas, segundo dados do Censo Escolar. O problema atingia 65,5% dos colégios. O viés inclusivo da educação física é algo que precisa ser resgatado nas escolas. A falta de espaços e equipamentos adequados restringe a atividade física a uma minoria de alunos que já se identifica com a vida de atleta, além de agravar (ou pelo menos em nada contribuir para a diminuição) do problema do aumento da obesidade em crianças e adolescentes. Maranhão e Acre tinham a pior situação, com mais de 90% das escolas da educação básica sem quadra. Mato Grosso do Sul e Distrito Federal apresentam os melhores índices, e ainda assim têm cerca de 30% dos colégios sem o espaço. No Rio de Janeiro esse índice é de 48,5%. E São Paulo, que abriga a maior rede pública de ensino do país, têm 37,4% de unidades carentes de quadras.
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OBESIDADE INFANTIL
O DIABETES NO PLAYGROUND Uma descoberta importante ocorreu tanto nos Estados Unidos como no Brasil. No passado, a maior parte das crianças desenvolvia diabetes do tipo I e só 3%, diabetes do tipo II. Hoje, metade das crianças desenvolve a doença imunológica por falta de insulina (o tipo I) e a outra metade, diabetes tipo II ligado à resistência à insulina – o tipo mais encontrado nos adultos e comprovadamente mais relacionado a estilo de vida, hábitos alimentares e falta de atividade física.
ATENÇÃO, MAMÃES
Durante a Segunda Guerra, a epidemia de fome que assolou a Holanda demonstrou que mãe mal nutrida na gravidez gera crianças mais propensas a gerar obesidade.
A lactação materna no primeiro ano de vida protege a criança contra obesidade, enquanto a criança alimentada com mamadeira tende a ser mais gorda no futuro.
Podem ser dramáticas as consequências de mães que engordam muito durante a gravidez. Além de todos os riscos e dificuldades perinatais, já se sabe que essas crianças correm mais risco de tornarem-se obesas.
Criança sabe quando deve começar a comer, porque está com fome, e quando parar, porque está saciada. Entretanto, por excesso de amor, a mãe resolve que a criança não pode deixar nada no prato. Ela não entende que, às vezes, a pequena quantidade que o filho comeu é suficiente para saciá-lo.
LUGAR DE CRIANÇA É NA QUADRA
SEMPRE NA INFÂNCIA... O ambiente familiar é um elemento preponderante nos casos de obesidade infantil. É clássica a história de que cachorro de dono gordo é mais gordo do que cachorro de dono magro. O sobrepeso existe onde há abundância de comida. Não se pode esquecer, contudo, o peso da “genética”. Em entrevistas com pessoas que buscam tratamento contra a obesidade se descobre que, em geral, ele não é o único na família a apresentar o problema. É até os 7, 8 anos que serão formados os hábitos alimentares nas crianças. Hábitos que em geral só mudam por causa de um susto provocado por um problema grave de saúde, como infarto ou AVC. E muitas vezes, muda por um tempo, mas volta assim que passa o susto.
A falta de atividade física da criança urbana de hoje é causa da epidemia de obesidade infantil em diversos países, o Brasil entre eles. Pesquisa realizada no México mostrou que o risco de obesidade caiu 10% para cada hora de atividade física de intensidade de moderada a forte praticada diariamente pela criança. Estudo semelhante realizado na Carolina do Sul chegou à mesma conclusão: crianças mais ativas são mais magras do que aquelas que se movimentam pouco. O número de horas que a criança passa diante da televisão também está diretamente ligado ao aumento de peso – 12% no risco de desenvolver obesidade para cada hora por dia na frente da TV, não só por desviar a criança das atividades físicas, mas por induzir à ingestão de alimentos altamente calóricos.
LINHA DO TEMPO DA OBESIDADE NA SOCIEDADE MODERNA 1950
1974
1977
1979
1984
1994
Uma garrafa de Coca-Cola continha 192 ml
É aberta a primeira praça de alimentação em shopping center em Paramus, NJ
Xarope de frutose de milho passa a ser usado na produção de alimentos por causa dos altos impostos do açúcar em Paramus, NJ
McDonald’s passa a servir a “Happy Meal” e nuggets de frango
Coca e Pepsi passam a usar o xarope de milho com alto teor de frutose (HFCS)
McDonald’s apresenta o copo “Supersize” (1,125 litro)
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OBESIDADE INFANTIL
FILHO DE PEIXE, PEIXINHO É Crianças ativas têm melhores resultados em todas as esferas da vida. É o que mostram as pesquisas no composto dos benefícios.
CRIANÇAS FISICAMENTE ATIVAS
1 EM 10 TEM TENDÊNCIA A SER OBESA
CICLO INTERGERACIONAL
PAIS ATIVOS TÊM CRIANÇAS MAIS ATIVAS
NOTAS EM PROVAS MAIS DE 40% MELHORES
PRIMEIRA INFÂNCIA
MENOR PROPENSÃO DE FUMAR, USAR DROGAS, ENGRAVIDAR E FAZER SEXO DE RISCO
RISCO REDUZIDO DE DOENÇAS CARDÍACAS, AVCS CÂNCER E DIABETES
FILHOS DE MÃES ATIVAS SÃO 2X MAIS PROPENSOS A SEREM ATIVOS
-$
15% MAIS CHANCES DE CHEGAREM À FACULDADE
SALÁRIOS ATÉ 8% MAIORES
MAIS PRODUTIVAS NO TRABALHO
MENOR GASTO COM SAÚDE
ADOLESCÊNCIA
IDADE ADULTA
EVENTO
As calorias consumidas por crianças fora de suas casas praticamente dobrou.
1995
2001
2004
2005
2010
2014
2016
É lançado o Playstation
25% das refeições consumidas no Estados Unidos são “fast-food”
McDonald’s suspende o “Supersize”
Um milhão de Playstation vendidos
O americano médio gasta 27 minutos por dia na preparação das refeições
20,5% dos adolescentes entre 12 e 15 anos são obesos
Adolescentes que usam tablets, celulares e computadores por mais de 5 horas/dia têm risco 43% maior de desenvolver obesidade
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POLÍTICAS PÚBLICAS
GUERRA MUNDIAL
CONTRA A OBESIDADE
TAXAR OS PRODUTOS COM ADIÇÃO DE AÇÚCAR PODE SER UM IMPORTANTE ALIADO DOS GOVERNOS NESSA BATALHA
Em meio à “epidemia global” de obesidade, governos e entidades buscam caminhos para combater essa doença silenciosa. Um dos principais pontos adotados em alguns países é a taxação de produtos com adição de açúcar, como refrigerantes e bebidas doces. A OMS já recomendou encarecer o preço das bebidas para reduzir o consumo. México, cinco estados dos EUA, Reino Unido, França, Finlândia, Dinamarca, Hungria, Irlanda, Noruega, Portugal e a Catalunha já tomaram a medida. No México funcionou: o país criou um imposto especial de um peso por litro de bebida açucarada em 2013. Os preços ao consumidor subiram 10% e o consumo caiu 7,6% entre 2013 e 2017.
ENQUANTO ISSO... O Japão, por sua vez, é a nação desenvolvida com menores taxas de obesidade. Estima-se que apenas 3,7% da população adulta esteja obesa. O resultado se deve a várias medidas, como a educação nutricional obrigatória até o nível secundário, cardápios escolares equilibrados e participação ativa dos estudantes em todo o processo de produção das refeições. Já os adultos devem medir a circunferência da cintura anualmente. Caso as medidas estejam fora do desejável, os empregados são estimulados pelas empresas a fazer mais exercícios, inclusive durante o expediente. Algumas empresas abrem acesso a ginásios e quadras para os funcionários. O governo também se esforça para garantir segurança nas ciclovias, para estimular a população a se deslocar pedalando. Diante do atual cenário, políticas públicas focadas no combate à obesidade são absolutamente necessárias.
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Sobretaxar alimentos com adição de açúcar branco, farinha branca, gordura saturada, refrigerantes, entre outros
Subsídio e aumento de oferta de alimentos saudáveis com acesso mais fácil a toda a população
Qualificar profissionais da área médica para tratar devidamente os pacientes obesos
O BRASIL CONTRA A OBESIDADE O governo brasileiro lançou, em 2014, o Guia Alimentar para a População Brasileira, disponível gratuitamente no site do Ministério da Saúde. O guia apresenta dicas e informações sobre a alimentação saudável e tenta, também, funcionar como ferramenta para ações que promovam a saúde e a segurança alimentar e nutricional da população. Outra iniciativa pública é o programa Academia da Saúde, que desde 2011 incentiva a prática de atividades físicas em espaços públicos transformados em polos equipados para a prática das atividades. Paralelamente a isso, campanhas do governo tentam reduzir os níveis de substâncias como o sódio, açúcar e gordura trans dos alimentos processados. Universidades públicas e privadas foram selecionadas para desenvolver ações de prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). As medidas de maior destaque para as crianças são o programa Crescer Saudável, para a prevenção e controle da obesidade infantil nos municípios com maior prevalência de excesso de peso, e o Programa Saúde na Escola, que estimula a alimentação saudável e as atividades físicas em mais de 85 mil escolas do país.
Colocação de rótulos e símbolos de advertência em junk foods e controle do tamanho das embalagens
Proibição da propaganda de alimentos calóricos e não saudáveis e retirada desses produtos de cantinas escolares
Campanhas maciças de conscientização da obesidade, estimulando a atividade física
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POLÍTICAS PÚBLICAS
SUGAR TAX A FORÇA DE VONTADE NÃO É SUFICIENTE O preconceito em relação à obesidade é antigo. Desde a Grécia antiga, e depois na Idade Média, período marcado pelo poder da Igreja, o obeso é considerado um indivíduo que oscila entre a preguiça e o mau caráter. Há mais de um século, no entanto, já havia ideias discordantes. Nos anos 1960, em experiências da Universidade de Vermont – que jamais seriam autorizadas hoje -, o grupo de Ethan Sims alimentou prisioneiros de peso normal com 10.000 kcal diárias, cerca de cinco vezes a média das necessidades energéticas do organismo adulto. Em resposta, os índices metabólicos desses homens aumentaram de modo a fazê-los voltar ao peso normal com relativa facilidade, quando a oferta calórica foi reduzida. As exceções foram dois presidiários que engordaram rapidamente, mas tiveram muita dificuldade para perder o peso adquirido. Ambos tinham histórico de obesidade familiar. Logo vem à tona uma pergunta: deveria a obesidade ser considerada uma doença?
Desde 2013, depois de muita discussão, a American Medical Association optou por esse caminho. A resolução objetivou ajudar a comunidade médica a lidar com esse tema complexo, que vai além de questões meramente comportamentais, pressionar operadoras de saúde a criar mecanismos para reembolsar consultas, e facilitar o acesso à cirurgia bariátrica e às terapêuticas intensivas para pessoas obesas. Apesar das boas intenções, a decisão gerou polêmica. Considerar a obesidade uma doença pode aumentar o estigma e o preconceito, empregadores encontrarão justificativa para não contratar trabalhadores rotulados como portadores de uma condição patológica, além de o foco da abordagem ser deslocado da adoção de dietas saudáveis e de programas de atividade física para tratamentos médicos dispendiosos, como cirurgias e medicamentos. Quando essa discussão chegar ao Brasil, será fundamental reconhecer que a obesidade não é uma simples questão de força de vontade. Por outro lado, classificá-la como doença pode estigmatizar ainda mais cidadãos que já enfrentam forte preconceito social.
O Reino Unido, campeão de obesidade na Europa Ocidental, implantou novo imposto conhecido como “sugar tax”, que varia de acordo com a quantidade de açúcar por cada 100 ml de bebida. Quanto mais açúcar, maior o imposto. Para se ter uma ideia, os refrigerantes mais populares e tradicionais do mercado, como a Coca e a Pepsi, que contêm entre 10 g e 11 g de açúcar por 100 ml, podem sofrer aumento de cerca de 40% na taxação em relação ao que se paga hoje. Segundo o Ministério das Finanças, mais da metade dos fabricantes já anunciaram que está alterando suas bebidas para cortar o teor de açúcar e evitar o imposto. Um bom exemplo é um conhecido energético que antes tinha 13 g de açúcar por 100 ml e agora passou a ter menos de 4,5 g – uma redução de cerca de 60%. Outras empresas estão substituindo o açúcar por adoçantes artificiais, que não são taxados.
SE O IMC CRESCE, O CUSTO MÉDICO CRESCE À medida que o IMC (Índice de Massa Corporal) cresce, os gastos com saúde disparam. Pesquisa realizada no Reino Unido mostra que um obeso classe 3, com IMC maior que 40, custa até 86% a mais que uma pessoa com IMC abaixo de 25. Atualmente, estima-se que o investimento de combate à obesidade não represente 0,25% do impacto financeiro que ela causa. Custos médicos aumentam à medida que o IMC aumenta
A FALÁCIA DA GULA
Gasto anual per capita em Libras (£ – UK).
1.493
1.447 “De todas as perigosas ideias que as agências de saúde abraçaram enquanto buscavam entender a questão da obesidade, nenhuma causou tamanho mal como a teoria do balanço calórico. Reforça o que parece ser tão óbvio: a obesidade como castigo pela gula e a indolência. Mas é enganoso e equivocado. Esse pensamento não é apenas parcialmente responsável pelo número cada vez maior de obesos pelo mundo – ao mesmo tempo que desvia a atenção dos verdadeiros motivos pelos quais engordamos –, mas também serviu para reforçar a percepção de que aqueles que engordam não têm a quem culpar senão a si mesmos. Comer menos para curar a obesidade é uma ideia que tem falhado miserável e repetidamente. Mas, mesmo diante dessa constatação, raramente a percebemos como motivo válido para questionar nossas suposições. Pelo contrário. É tomado ainda mais como evidência de que os obesos são incapazes de seguir uma dieta e comer com moderação – o que não poderia estar mais longe da verdade.” (Gary Taubes)
1.274
805
IMC
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< 25
Peso normal
+86%
+80%
1.052 + 58% +31%
25-29
Acima do peso
30-34
Obeso classe 1
35-39
Obeso classe 2
> 40
Obeso classe 3
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ALIMENTAÇÃO
DA ESCASSEZ À ABUNDÂNCIA
AS MUDANÇAS DA NOSSA ALIMENTAÇÃO NA HISTÓRIA
Antes de
10.000 a.C.
Revolução Industrial No século 18, a Revolução Industrial agilizou a urbanização e tirou do homem o tempo e a priorização da saúde. O homem urbano prioriza a riqueza, o sustento, não a saúde. Enquanto a população rural diminui, as áreas urbanas se tornavam cada vez maiores.
1760
1950
1945 Enlatados Quatro bilhões de enlatados são enviados para o front na Segunda Guerra. A América espalha seus alimentos para o mundo inteiro. O esforço americano para enviar “comfort food” a seus soldados fez com que as indústrias percebessem a possibilidade de um mercado global de alimentos.
Alimentação sem rótulo Até o início do século 20, a alimentação dependia da produção local. As mães cozinhavam para alimentar suas famílias. Não existiam redes de restaurantes nem os produtos que vemos hoje nos supermercados. Nada de modismos, heróis ou vilões da alimentação. Comida era simplesmente comida.
FUJA DOS ULTRAPROCESSADOS
Revolução verde No pós-guerra, a “revolução verde” permite escalar a produção de alimentos por meio de novas tecnologias, sementes modificadas e produtos químicos. Soja, milho e pecuária passam a ocupar posições privilegiadas no mercado.
1930
1900
10.000 a.C. Primeira revolução agrícola O homem deixa de ser apenas caçador/coletor e começa a dominar o alimento. Plantas e animais são domesticados, reduzindo a ameaça da escassez. Começamos a planejar o consumo, armazenar produções e fazer trocas comerciais.
Produção e distribuição Na década de 1930, o alimento passa a ser transportado e torna-se mais acessível. Famílias deixam o cultivo próprio de lado e surgem os grandes centros de produção de alimentos. As distâncias exigem tecnologia para conservação. Enlatar, congelar, adicionar sal e açúcar eram alternativas.
1970 Era da conveniência O hábito de cozinhar em casa ainda existe, mas o que é preparado cai de qualidade. Na década de 1970, a mulher conquista o mercado de trabalho e sai da cozinha. O espaço é ocupado pelo alimento processado. Não escolhemos mais o que comemos, passamos a comer mais e a nos alimentar menos.
FONTE: FARMCY ACADEMY
Paleolítico O homem se alimenta exclusivamente do que consegue caçar (carne) ou colher (frutas e vegetais). Come o que a natureza oferece de acordo com cada estação (frutas e vegetais sazonais), carne de acordo com a abundância de cada espécie.
Os Maiores Mercados Mundiais de Produtos Orgânicos Valor das vendas de orgânicos por país em 2013 (em dólares)
Um novo estudo realizado pelo prestigiado British Medical Journal reforça a relação entre os produtos ultraprocessados (como salgadinhos, biscoitos, refrigerantes etc.) e maior risco de doenças cardiovasculares Os pesquisadores observaram o seguinte: um acréscimo de apenas 10% na participação dos ultraprocessados na alimentação aumentava o risco de doença cardiovascular em 12%. Nessa mesma edição do BMJ, um outro estudo se propôs a avaliar a relação entre a ingestão de ultraprocessados e a probabilidade de morrer por qualquer causa. As conclusões confirmaram que os produtos altamente processados – e cheios de ingredientes impronunciáveis – estão longe de serem boas escolhas. Para ter ideia, consumir mais de quatro porções deles ao dia aumentou em 62% a possibilidade de morrer por qualquer motivo em comparação à ingestão de duas porções diárias. Para cada porção extra, o risco de morte subia 18%.
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EUA
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Alemanha
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França
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Canadá
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ALIMENTAÇÃO
VEGETARIANOS EM ALTA
Os Países que Mais Comem Carne Vermelha Consumo anual per capita de carne bovina.
As populações vegetariana e vegana não param de crescer. Em 2015, nos Estados Unidos, os vegetarianos representavam apenas 3,4% da população e os veganos, 0,4%. Hoje são 25% dos americanos entre 25 e 34 anos. No Brasil, dados do Ibope Inteligência, em pesquisa realizada em 2018, indicam que o percentual da população que se identifica com o vegetarianismo atingiu 14%, ou 30 milhões de pessoas. Segundo a Euromonitor, o Brasil se encontra entre os dez países com o maior número de vegetarianos do mundo, em ranking liderado com folga pela Índia e os seus 400 milhões de não comedores de carne.
14%
dos brasileiros afirmam ser vegetarianos
Argentina
41,6 kg
Uruguai
37,9 kg
Brasil
27 kg
EUA
24,5 kg
Austrália
21,6 kg
Israel
19,2 kg
Chile
18,5 kg
Canadá
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Cazaquistão
55%
dos brasileiros consumiriam mais produtos veganos se eles fossem identificados como tal
Nova Zelândia
17,6 kg 14,5 kg
O HORMÔNIO DA SACIEDADE Hoje está provado que o tecido adiposo é a maior glândula endócrina do organismo. Existem dezenas de hormônios produzidos por ele, hormônios ligados à hipertensão e ao apetite, como a leptina, por exemplo. Quanto mais gordura, maior a produção desse hormônio que age no cérebro e faz diminuir o apetite. O obeso, porém, mesmo tendo muita leptina, desenvolve resistência a ela. Não fosse assim, ninguém engordaria!
75%
Crescimento da população vegetariana (comparada com a mesma pesquisa realizada pelo Ibope em 2012)
DESPERDÍCIO SEM FIM
CARNE, PERO NO MUCHO...
Quase ⅓ de toda a comida produzida no planeta é perdido ou desperdiçado. Atualmente, desperdiçamos 1,6 bilhão de toneladas de alimentos por ano, que somam US$ 1,2 trilhão.Não pode piorar? Pode. De acordo com a United Nations, até 2030 esse número deverá crescer 30%, atingindo 2,1 bilhões de toneladas.
frutas e vegetais
45%
raízes e tubérculos
peixe
cereais
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carne
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laticínios
20%
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Perda de alimentos refere-se a alimentos que são derramados ou estragam antes de atingir seu estágio final. Grandes quantidades de comida são desperdiçadas devido a padrões de qualidade que superestimam a aparência dos alimentos.
2019 foi um ano incrível para uma indústria de carnes alternativas. Primeiro, a Impossible Foods, uma das principais criadoras de hambúrgueres que imitam carne, anunciou o Impossible Burger 2.0. Em abril, a Burger King anunciou o lançamento do Impossible Whopper, a Qdoba informou que disponibilizaria taças e tacos Impossible Meat em todas as suas unidades nos EUA. E maio, a Beyond Meat tornou-se pública. Suas ações, que no IPO estavam em US$ 25,00, saltaram para surpreendentes US$ 80,00 – o que significa que a empresa agora tem um valor de mercado de mais de US$ 5 bilhões. Sua principal concorrente, a Impossible Foods, fechou rodada adicional de investimento de mais US$ 300 milhões. Alternativas à carne não são novas. O que diferencia essa nova geração de produtos, como Beyond Meat ou o Impossible Burger, é o fato de serem produtos feitos de plantas que buscam ter gosto de carne e serem vendidos para comedores de carne, diferente dos hambúrgueres vegetarianos, que normalmente são direcionados principalmente para vegetarianos.
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ALIMENTAÇÃO
FAT FACTS
Para queimar uma típica refeição de fast-food, com cheeseburger, milk-shake, sorvete e batatas fritas, que tem algo em torno de 2.200 kcal, seria necessário uma caminhada de 40 km. Não há caminhada que vença uma má alimentação.
ENTENDA SUA FOME O mecanismo da fome é um sistema complexo de comunicação entre diversas proteínas liberadas pelo aparelho digestivo e envolve mais de 250 genes herdados de nossos pais. Visando a manter o equilíbrio energético do organismo, cada um desses genes produz uma determinada proteína. Sua regulação é tão precisa que, se a pessoa ingerir 120 kcal a mais do que suas necessidades energéticas por dia (o que equivale a um copo de refrigerante), no final de dez anos terá engordado 50 kg. O estômago é um importante regulador do apetite. Quando está vazio, ocorre a liberação de GRELINA, um hormônio que age no cérebro e dispara a sensação de fome, que diminui gradativamente à medida que comemos. A passagem dos alimentos para os intestinos provoca a liberação de outro hormônio, representado pela sigla PYY, que também age no cérebro, ativando o centro de saciedade e provocando a perda de apetite.
O PERIGO Dependendo do tipo de alimentos ingeridos, há uma composição diferente na liberação desses hormônios. Por exemplo, carboidratos simples, como a batata e os doces, são absorvidos antes de os intestinos liberarem o hormônio PYY inibidor da fome. Quebrados pela insulina produzida pelo pâncreas, esses carboidratos ingeridos em excesso transformam-se em células gordurosas. No entanto, a gordura de alimentos, como a da carne vermelha, por exemplo, passa rapidamente para os intestinos e libera PYY, induzindo mais depressa a sensação de saciedade. Essa constatação derruba antigos mitos que condenavam a ingestão de certos alimentos mais gordurosos como prejudiciais à saúde.
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Se uma dieta te induz a passar fome, provavelmente falhará pelas seguintes razões: seu corpo irá ajustar o déficit calórico e gastará menos energia (calorias); você ficará o tempo todo com fome. E, como combinação dos argumentos anteriores, você ficará deprimido, irritado e cronicamente cansado.
DE OLHO NO SAL! A hipertensão, popularmente conhecida como “pressão alta”, ocorre quando a pressão sanguínea se iguala ou ultrapassa o nível de 14 por 9, em decorrência de uma contração dos vasos sanguíneos. Você provavelmente tem algum conhecido ou familiar com essa doença. Afinal, cerca de 25% da população brasileira hoje é hipertensa. O sódio é o principal responsável pela hipertensão. A OMS recomenda que apenas 2 gramas de sódio (equivalente a 5 gramas de sal) sejam consumidos por dia, mas, segundo estimativas, o brasileiro consome hoje 12 gramas diárias de sal.
DIGA-ME O QUE COMES E TE DIREI QUEM ÉS. Brillat-Savarin, advogado, político e cozinheiro francês da Revolução Francesa
Num estudo comparativo entre os diversos tipos de dieta para emagrecer, os institutos nacionais de saúde dos Estados Unidos (NHI) concluíram recentemente que uma pessoa costuma perder com as dietas até 10% de seu peso corpóreo. Quando acompanhadas depois de um ano, 50% delas voltaram ao peso original e cinco anos depois praticamente todas readquiriram os quilos perdidos.
CUIDADO COM O DIABETES Considerada epidemia global, o diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz ou não consegue empregar adequadamente a insulina, que é o hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. As principais causas do diabetes são a obesidade, o sedentarismo e a alimentação inadequada. O Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial da doença, com cerca de 18 milhões de adultos portadores, ou seja, 8,9% da população.
Além disso, a cada dia surgem mais evidências de que o estresse é um fator engordativo. A elevação dos níveis de cortisol está diretamente ligada à carga de estresse e ao aumento de peso.
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SAÚDE MENTAL
UMA NOVA PERSPECTIVA
SOBRE A DEPRESSÃO OS MEDICAMENTOS
ESPECIALISTAS AGORA ESTÃO OLHANDO TAMBÉM PARA AS CAUSAS SOCIAIS E AMBIENTAIS DESTE DISTÚRBIO QUE AFETA MILHARES
NÃO SE TRATA APENAS DE QUÍMICA Em seu novo livro Uncovering the Real Causes of Depression — and the Unexpected Solutions, o jornalista americano Johann Hari, que por muito tempo sofreu com a depressão, nos traz alguns questionamentos importantes. Nas últimas décadas escutamos à exaustão que a depressão é causada pela ausência de uma substância química no cérebro chamada serotonina. E que a solução estava em tomar alguns medicamentos para restabelecer os níveis “normais” desse neurotransmissor. Johann relata que, quando começou sua pesquisa para o livro, estranhou o fato de algumas organizações científicas importantes afirmarem que essa abordagem se baseava em uma leitura não precisa da ciência. Os fatores biológicos existem e contribuem para a depressão, mas estão muito longe de ser a história toda. A própria Organização Mundial da Saúde trouxe a seguinte definição em 2011: “A saúde mental é produzida socialmente: a presen-
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ça ou ausência da saúde mental é acima de tudo um indicador social e, portanto, requer soluções sociais além das individuais”. Segundo o psiquiatra lituano Dainius Pūras, um dos maiores especialistas do mundo em saúde mental, as últimas décadas foram marcadas pela medicação excessiva inclusive no tratamento da depressão e prevenção do suicídio. “Embora exista uma função para os medicamentos, precisamos parar de usá-los no tratamento de questões que estão intimamente relacionadas a problemas sociais.” Em mais de três anos de entrevistas com os maiores especialistas no assunto, Johann afirma existir amplo consenso de que existem três tipos de causas para a depressão. São elas: biológica (genética), psicológica (como você se enxerga) e social (como nos integramos e vivemos em sociedade). Quase ninguém contesta isso. Porém, quando se trata de comunicar o grande público e oferecer ajuda, as soluções psicológicas têm sido cada vez mais negligenciadas e as sociais, praticamente ignoradas.
Estudos que mais corroboram o uso de medicamentos indicam que aproximadamente 37% dos pacientes têm melhora significativa. Contudo, em muitos casos a doença volta. Steve Ilardi, professor de psicologia da Universidade do Kansas, resume da seguinte forma o estudo sobre antidepressivos: “Cerca de 50% dos indivíduos deprimidos experimentam uma resposta positiva inicial aos antidepressivos (e apenas 30% alcançam remissão total). Mas, de todos os indivíduos deprimidos que tomam um antidepressivo, apenas um pequeno subconjunto – estimado entre 5% e 20% – experimentará remissão completa e duradoura”. Em outras palavras: os medicamentos proporcionam alívio e, portanto, têm valor real. Mas para uma grande maioria eles não são suficientes. Mesmo com prescrições de antidepressivos aumentando 500% desde a década de 1980, não há redução perceptível nas taxas de depressão. Claramente, falta uma peça nesse quebra-cabeça.
FOCO SOMENTE NO CORPO O foco na biologia nos levou a pensar a depressão e a ansiedade como mau funcionamento do cérebro ou nos genes de cada indivíduo. Mas cientistas que estudam causas sociais e psicológicas desses problemas tendem a vê-los de maneira diferente. Longe de considerar questão de mau funcionamento, eles veem a depressão como sinal de que nossas necessidades não estão sendo atendidas. É sabido que os seres humanos têm necessidades físicas inatas – comida, água, abrigo, ar limpo. Há evidências igualmente claras de que os seres humanos também possuem necessidades psicológicas inatas: pertencer, ter significado e propósito em nossas vidas, sentir que somos valorizados e que temos um futuro seguro. Como sociedade, construímos nossas respostas à depressão e à ansiedade quase que inteiramente baseada em mudar cérebros, não em mudar vidas. Seguimos em frente com essa abordagem e nossa crise de depressão e ansiedade só piorou. Está mais do que na hora de aceitarmos uma nova abordagem. A nossa dor agradece.
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SAÚDE MENTAL
CABEÇA RUIM....
ALERTA TOTAL A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta sobre a depressão. De acordo com o documento da organização, a doença será o maior motivo de afastamento do trabalho no mundo até 2020. No Brasil, cerca de 5,7% da população tem a doença, o que faz do país o campeão de casos na América Latina. A perda de produtividade em decorrência de transtornos depressivos e de ansiedade devem representar um custo aproximado de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 2,24 tri) por ano, que afetará drasticamente a economia mundial. Países com Maior Prevalência (% da população)
5,7%
5,6%
5,6%
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5,6%
Po
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5,8%
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5,9%
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6,3%
Nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4% — hoje, isso corresponde a 322 milhões de indivíduos, ou 4,4% da população da Terra. Os dados vieram à tona em um relatório recente realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O PERIGO MORA NA ADOLESCÊNCIA A fase mais propícia ao aparecimento da depressão é a adolescência. De acordo com Rodrigo Machado Vieira, professor titular de psiquiatria da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, o cérebro juvenil é o mais vulnerável à depressão: 7 em cada 10 casos da doença ocorrem antes dos 24 anos. Não enxergar esperança no futuro é uma das maiores consequências da doença, e afeta aqueles que sofrem deste mal de maneira devastadora. Prevalência de Depressão na População (ao ano) 12
11,5% Dos 12 aos 25 anos
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8
A CORRIDA É UM ANTIDEPRESSIVO PODEROSO Drauzio Varella
8,3% 8,2% 7,9%
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2011
Dos 26 aos 34 anos Dos 35 aos 49 anos
7,7% 7,5%
A partir dos 50 anos
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2015 EVENTO
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SAÚDE FÍSICA
A FASCINANTE CIÊNCIA DO SONO
DORMIR É ESSENCIAL PARA A SAÚDE, FATO. MAS NÃO TEMOS IDEIA DA RAZÃO A maioria das pessoas sabe que o sono é importante e que provavelmente deveria ter mais. Mas isso é apenas parte da história. Nos últimos anos, pesquisadores descobriram coisas estranhas sobre a ciência do sono. Não dormir o suficiente pode ter todos os tipos de efeitos colaterais estranhos, como tornar as pessoas mais propensas ao jogo ou mesmo mais propensas a achar os outros mais atraentes. Também descobriram que é praticamente impossível treinar seu corpo para dormir menos – se você precisa de 8 horas, é provável que seja genético.
NÃO SABEMOS O PORQUÊ Os cientistas concordam que o sono é essencial para a nossa saúde. Mas ninguém sabe ao certo por que isso acontece. Ainda não sabemos por que dormimos. Do ponto de vista evolutivo, o sono não faz muito sentido, exige que as pessoas gastem um terço de suas vidas fazendo o que parece ser nada, enquanto estamos potencialmente expostos a predadores e incapazes de conseguir comida. Apesar de tudo isso, a necessidade de dormir obviamen-
Quem Consegue Dormir Mais Minutos abaixo e acima das 8 horas de sono. Holanda
5,22
Nova Zelândia
4,00
França
3,19
Austrália
1,34
Bélgica
1,30
Canadá
-3,16
Inglaterra
-6,12
Itália
-7,32
Estados Unidos
-7,88
China
-8,51
Espanha
-9,56
Suíça
-9,85
Dinamarca
0-3 meses
Bebês
3-5 anos
Crianças (idade escolar) 6-13 anos
Adolescentes 14-17 anos
Adultos mais jovens 18-25 anos
Adultos
-25,88
Japão
9 10 11 12 13 14 15 16 17
1-2 anos
-18,26
Brasil
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Pré-escolares
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Alemanha
horas – 7
Recém-nascidos
Crianças
-12,50
Hong Kong
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Novas recomendações de especialistas em sono.
4-11 meses
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México
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Quantas horas você deveria dormir
-1,73
Emirados Árabes
Singapura
te existe e, portanto, deve ter alguma função. Alguns pesquisadores acreditam que o sistema de limpeza do cérebro entra em overdrive durante o sono. Teorizam que o sono é um período em que o cérebro elimina todas as toxinas que se acumulam durante o dia. Permite que o cérebro descanse e recomece para o dia seguinte. Outra teoria é que o sono nos ajuda a consolidar a memória – fortalecendo memórias que podem ser particularmente importantes, enquanto descartamos aquelas que não são. O cérebro pode não ser capaz de fazer isso tão bem quando acordado. O sono também ajuda a suprir outras funções corporais. Evidências sugerem que o sono profundo permite que o corpo liberte hormônios de crescimento e produza proteínas associadas ao reparo dos tecidos. Outras evidências sugerem que dormir pode ser uma maneira de preservar energia – especialmente à noite, quando é mais difícil encontrar comida na natureza. Especialistas teorizam que o sono ajuda algumas espécies a fugir de predadores, já que isso lhes permite esconderem-se, em silêncio e imóveis por muito tempo – hipótese controversa, porém, já que o sono as deixaria vulneráveis.
26-64 anos
-29,49
Adultos mais velhos 65+ anos
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SAÚDE FÍSICA
EM PLENA ATIVIDADE
DORMIR É CRUCIAL
Um equívoco comum é pensar que o cérebro desliga durante o sono. Muito pelo contrário. O sono é extremamente ativo e há intensa atividade metabólica durante a noite. O sono é composto basicamente por quatro etapas mais a fase REM – movimento ocular rápido. Os dois primeiros estágios são muito leves, e não são restauradores por natureza. Você não se sentirá revigorado se só atingir esses dois estágios. Os estágios três e quatro são o sono profundo, também conhecido como “sono de ondas lentas”. Sabe-se agora que existem certos hormônios que são secretados durante o sono profundo. Estes, sim, são os estágios que nos fazem sentir revigorados de manhã. O sono REM é o estágio mais ativo do sono. Ao observar os padrões de atividade elétrica no cérebro, nota-se que o REM é tão ativo para o cérebro quanto estar acordado. Há diferentes teorias sobre por que o REM ocorre; acredita-se haver intercomunicação entre neurônios, onde novas sinapses estão sendo criadas. Também ajuda na memória e na concentração. E normalmente é quando sonhamos.
Pesquisa realizada pela Royal Phillips mostra que, embora a população global entenda que o sono tem impacto fundamental na saúde, apenas 10% dizem dormir muito bem. Adultos em todo o mundo reconhecem que o sono (50%) tem um maior impacto em sua saúde e bem-estar, em comparação com a dieta (41%) e o exercício (40%). sono dieta exercício
50% 41% 40%
O CICLO DO SONO Ciclo do sono é o tempo necessário para completar os cinco estágios do sono. Leva aproximadamente 90-120 minutos em um adulto e 50-60 para uma criança. Em geral, temos de 4 a 5 ciclos por noite.
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REM
SONO MUITO LEVE
SONO LEVE
SONO PROFUNDO
SONO MUITO PROFUNDO, MAIS RESTAURADOR
SONO REM, QUANDO NÓS SONHAMOS
Atingido em poucos minutos
Fase anterior ao sono profundo
Sono profundo
Sono profundo como o coma
Ciclo final do sono, quando ocorrem os sonhos
Batimento cardíaco, respiração e movimento dos olhos diminuem
Leva de 10 a 25 minutos
Dura de 10 a 30 minutos
Cerca de 20% do tempo de sono neste estágio, dura de 1 a 5 minutos
Estágio de transição, relaxamento antes de a mente adormecer Sono leve, caracterizado por pequenos espasmos musculares, com sensação de queda Geralmente dura de 1 a 7 minutos
Ondas cerebrais ficam menores, com ocasionais rajadas de ondas mais rápidas Caem a temperatura do corpo e os batimentos, e os movimentos dos olhos param Um adulto normalmente gasta 50% do ciclo do sono neste estágio
Dura entre 10 e 40 minutos Batimento cardíaco e respiração atingem os níveis mais baixos
Respiração, ritmo cardíaco e movimentos musculares são limitadíssimos
Os músculos estão relaxados; muito difícil acordar
O cérebro produz ondas delta
Ocorrem a reparação do corpo, desenvolvimento de ossos e músculos e fortalecimento imunológico
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Terror noturno, sonambulismo e xixi na cama podem ocorrer
Caracterizado pelo movimento rápido dos olhos, de um lado a outro Níveis de batimento, respiração e pressão sanguínea próximos do acordado Músculos paralisados para que o corpo não “encene” os sonhos
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SAÚDE CORPORATIVA
SAÚDE CORPORATIVA NA BOLSA! O CAPITAL HUMANO É UM IMPORTANTE FATOR ECONÔMICO
Estudo realizado pelo banco suíço UBS Corporate Health buscou validar a relação entre o preço das ações de uma empresa e seus programas de qualidade de vida. A mecânica usada foi verificar a correlação entre empresas com programas de qualidade, de vida efetivos e seu desempenho financeiro com um grupo de empresas geral do mercado. O resultado é surpreendente. No gráfico ao lado é possível ver que empresas que tiveram seus planos de qualidade de vida reconhecidos com selos de qualidade, como Hero, Koop e Chaa, bateram o grupo que compõe o índice S&P 500! A conclusão não poderia ser mais direta: o capital humano é um importante fator econômico – talvez o mais importante! – que contribui para o sucesso de uma empresa. Para sustentar e fazer o capital crescer, as empresas precisam de uma força de trabalho saudável.
PROGRAMAS DE BEM-ESTAR ECONOMIZAM? Um estudo muito difundido, feito em Harvard, explica que empresas economizam três dólares em gastos com saúde e outros três em despesas com reduções por faltas no trabalho para cada dólar investido em saúde corporativa.
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3 estudos de Saúde Corporativa X Desempenho de Ações % de retorno
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345% 325%
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150 100 50 0 -50 2001
2004
2007 Koop
PRESENTEÍSMO À primeira vista, alguns indicadores são difíceis de avaliar. Por exemplo, o “presenteísmo” (jornada de trabalho adoentado ou desmotivado, que não aparece como ausência), mas que pode resultar em perdas de produtividade, maior risco de falha ou ainda em comprometimento da tomada de decisão. Estudo mostra que o presenteísmo custa para as empresas do Reino Unido quase o dobro do absenteísmo (falta ao trabalho), ou 15 bilhões de libras contra 8 bilhões por ano. Uma pesquisa realizada pelo dr. Ronald Loeppke sobre absenteísmo e presenteísmo entre 50.000 trabalhadores em dez empresas mostrou que os custos de produtividade perdidos são 2,3 vezes maiores do que os custos médicos e farmacêuticos. Já a Dow Chemical apresentou estudo em que a
2010 HERO
2013 CHAA
S&P 500
média anual de gastos com saúde de um funcionário da empresa foi dividida assim: US$ 6.721 com o presenteísmo, US$ 2.278 com custos diretos com saúde e US$ 661 com absenteísmo. Empresas terão de acompanhar esses fatores menos visíveis mais de perto se de fato quiserem compreender esses múltiplos fatores para a produtividade.
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SAÚDE CORPORATIVA
PILARES DE UM PROGRAMA DE QUALIDADE DE VIDA
PLANOS DE SAÚDE CORPORATIVOS
Baseado em entrevistas com mais de 300 pessoas, incluindo CEOs e CFOs, estudo mostrou que um programa de qualidade de vida de sucesso possui seis pilares de suporte, que, se bem aplicados, produzem retornos enormes.
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Parcerias > Conte com parceiros internos e externos, incluindo fornecedores.
Os planos de saúde corporativos respondem pelo segundo maior custo dentro das empresas, atrás apenas da folha de pagamento. E é uma despesa que não para de crescer! A estimativa para 2019 é que, em média, os planos tenham uma elevação de 17% – quatro vezes mais alta que a inflação. Nos últimos três anos, a alta foi de incríveis 52,9%. O principal fator para tamanha alta dos custos é o uso excessivo de recursos (internações, consultas, terapias, procedimentos e exames, entre outros), que poderia ser evitado. No Brasil são realizadas 130 ressonâncias a cada mil beneficiários; nos países da OCDE, apenas 52.
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O CAMINHO: SAÚDE BÁSICA
Liderança Multinível Criar uma cultura de saúde demanda afinco, persistência e envolvimento direto de liderança em todos os níveis.
Alinhamento Um programa de bem-estar deve ser uma extensão da identidade de uma organização. Não se esqueça de que cultura empresarial demanda tempo.
Escopo, Relevância e Qualidade Programas de bem-estar devem ser abrangentes, envolventes e, acima de tudo, bons. Caso contrário, seus colaboradores não irão participar.
Acesso Tenha como objetivo tornar os serviços oferecidos de baixo ou sem nenhum custo prioritariamente.
Comunicações O bem-estar não é apenas uma missão, mas um tipo de mensagem. A forma de entregá-la pode fazer toda a diferença. Sensibilidade, criatividade e diversidade de canais são fundamentais.
De acordo com estudo da Coalizão Saúde Brasil, 31% das internações no Brasil poderiam ser evitadas com a expansão do atendimento preventivo em saúde básica. Além disso, 67% do orçamento total da saúde no Brasil é gasto em casos de média e alta complexidade, enquanto a média dos países da OCDE é de 55%. Os médicos brasileiros, de acordo com a pesquisa, dão pouca preferência à saúde básica, preferindo especializações. O Brasil tem só 0,1 médico de família a cada mil habitantes, dez vezes menos que a média da OCDE (um a cada mil). “O setor privado está defasado em relação ao setor público no uso da atenção primária como porta de entrada, pois a vasta maioria dos médicos de família atua no setor público”, destaca o relatório, que acrescenta que, internacionalmente, o setor privado tem atuado cada vez mais na saúde básica.
RESULTADOS
Custos mais baixos A economia em custos com saúde gera um ROI impressionante.
Maior produtividade Os participantes destes programas faltam menos e têm melhor desempenho que seus pares que não participam.
Elevação da moral O orgulho, a confiança e o comprometimento do colaborador aumentam, contribuindo para uma organização mais dinâmica.
Público X Privado Gasto total em saúde pública e privada ao redor do mundo (em Reais, 2017)
Estados Unidos
França
Alemanha
Suécia
17,2% do PIB
11,5% do PIB
11,3% do PIB
10,9% do PIB
R$ 12.865
R$ 6.177
R$ 7.218
R$ 6.944
18%
17%
15%
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Brasil
83%
82%
9,2% do PIB R$ 5.230
85%
84%
45% 55% Gasto por pessoa (em Reais)
Canadá
Holanda
Austrália
Nova Zelândia
Inglaterra
10,4% do PIB
10,1% do PIB
9,1% do PIB
9,0% do PIB
9,7% do PIB
R$ 6.082
R$ 6.786
R$ 5.725
R$ 4.641
R$ 5.373
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Gastos com saúde pública Gastos com saúde privada
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SAÚDE CORPORATIVA
O CAMINHO PARA A SAÚDE CORPORATIVA:
EDUCAÇÃO BRUNO DARIO, EXECUTIVO DA EMPRESA BIOFARMACÊUTICA ABBVIE, TRAÇA UM PANORAMA RÁPIDO DA SAÚDE NO BRASIL E APRESENTA SOLUÇÕES PARA QUE SEJAMOS MAIS SAUDÁVEIS GASTANDO MENOS. “É POSSÍVEL FAZER MUITO COM POUCA MUDANÇA”
Qual o objetivo prioritário da última publicação da Abbvie? O livro Orientações Práticas em Saúde Suplementar – Tudo o que o contratante precisa saber tem o objetivo de educar os contratantes da saúde suplementar para um melhor entendimento do sistema de saúde do Brasil e uma melhor decisão na contratação dos planos. Atualmente no Brasil, temos 208 milhões de habitantes, ~75% têm acesso ao sistema público de saúde e 25% ao sistema privado. Do total gasto em saúde no Brasil, 40% são destinados para o sistema público e 60% ao sistema privado. E ainda, ~80% dos planos de saúde são chamados de “coletivos por adesão”, estão ligados aos empregadores e entidades de classe. Considerando que 60% do que é gasto em saúde é destinado ao sistema privado, e que 80% dos planos são os coletivos por adesão, é possível afirmar que o maior contratante e financiador da saúde privada é o empregador. O capítulo “O Sistema de Saúde Brasileiro” deveria ser de conhecimento de toda a população para entender como o nosso sistema funciona e onde estamos inseridos.
Por que a saúde privada no Brasil é tão cara? O custo-saúde no Brasil representa 9% do PIB e pode chegar a 25%, tornando o sistema insustentável. O índice atual do Brasil (9%) é praticamente o mesmo de países que são referência em saúde no mundo, como Austrália, Canadá e Reino Unido. Outro ponto que contribui negativamente está relacionado a fraudes e desperdícios, que atualmente representam ~30% do total gasto pelas operadoras de saúde. A simetria de informações e a educação do uso consciente do sistema de saúde podem fazer a diferença para que mais pessoas tenham acesso ao sistema de saúde privado.
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Por que grande parte das políticas internas, como os planos de wellness, tem pouca efetividade?
A OMS coloca a obesidade como uma pandemia global. Por que estamos perdendo essa guerra?
Pesquisas mostram que o custo de saúde nas empresas representa 12% – é o segundo maior. O sistema de saúde brasileiro é complexo e os profissionais responsáveis pela contratação dos planos recebem pouca capacitação na grade curricular. Existe bastante oportunidade na educação e isso nos mostra que a solução pode estar nas mãos dos contratantes. Antes de contratar programas de wellness, as empresas precisam conhecer sua população para poder oferecer produtos e programas compatíveis. O engajamento dos colaboradores precisa vir dos executivos. É possível fazer muito com pouca mudança, como oferecer frutas em vez de doces em reuniões de trabalho, por exemplo.
É um tema bastante delicado. Existe uma grande oferta de alimentos com elevada quantidade de açúcar e de fácil acesso. É comum ver crianças nas escolas comendo fritura, doces e bebendo refrigerantes. Recentemente o Ministério da Saúde assinou o primeiro acordo com a meta de diminuir 144 toneladas de açúcar nos alimentos. É um movimento importante na luta contra a obesidade. Este tema é tão grave que, se analisarmos as nove metas propostas pela Organização Mundial da Saúde para combater as DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis), a meta 7 diz: “Impedir o aumento do diabetes e da obesidade” – é a única meta cujo objetivo não é diminuir, mas simplesmente impedir o aumento, tal a dificuldade de controle! É preciso criar políticas públicas, proporcionar maior acesso a frutas e hortaliças para a população e educar. Grande parte da população não tem acesso a uma alimentação saudável e outra parte tem dificuldade em entender os rótulos dos alimentos.
Existe algum plano ou conjunto de ações que pode auxiliar as empresas na redução dos custos com saúde? Acredito muito na educação, e não me refiro apenas à educação do contratante. Beneficiários e familiares são o stakeholder mais importante do sistema de saúde. Os contratantes podem fazer gestão de saúde populacional e investir em atenção primária, mas o engajamento e entendimento dos beneficiários é tão importante quanto. É preciso educar e acolher as pessoas. Durante muito tempo, as pessoas foram direcionadas ao hospital. Dor de cabeça, febre, dor de barriga, qualquer que fosse a pauta, a regra era: vá ao hospital. Hospital é um lugar de complexidade – algumas operadoras de saúde oferecem atendimento médico residencial e estão fazendo campanha sobre o tema.
Bruno Dario Responsável pelo desenvolvimento de projetos de educação, prevenção e promoção da saúde centrados no indivíduo com foco na sustentabilidade do sistema de saúde.
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WEARABLE
UM FILME
DE NOSSAS VIDAS SE O RAIO X É UMA “FOTO DA VIDA”, OS WEARABLES SÃO O “FILME” No final do século 19, em 1895, um físico alemão chamado Wilhelm Konrad Roentgen apresentou sua descoberta: um tipo de raio, ainda não conhecido, que conseguia ultrapassar o papelão que envolvia o tubo de irradiação e iluminar a tela atrás desse tubo. Roentgen desconhecia a natureza de sua experiência e batizou a estranha radiação como raio X. Para demonstrar uma de suas possíveis aplicações práticas dos raios X, o físico “fotografou” a mão do anatomista Albert Von Kölliker – que, ao final da apresentação, admitiu ter sido aquele o evento mais significativo em sua vida acadêmica. A descoberta do raio X rendeu a Roentgen o primeiro Prêmio Nobel de Física, em 1901. O fato é que, mais de 100 anos depois, a descoberta do raio X provoca impacto até hoje. Segue sendo um dos inventos mais empregados na medicina, permitindo aos profissionais de Saúde enxergar o que já foi invisível. A partir do raio X, uma série de novas tecnologias foram desenvolvidas – não invasivas, de alta fidelidade e capazes de ajudar no tratamento
e prevenção de doenças. O raio X precedeu o desenvolvimento das tomografias, ressonâncias magnéticas, mamografias, fluoroscopias e pet scans, entre outros exames de imagem. Se o raio X é uma foto, o registro de um momento, os wearables têm potencial para se tornar “o filme das nossas vidas”. Um conjunto infinito de dados, com capacidade de revolucionar a medicina como conhecemos hoje. (Inspirado no texto do engenheiro Guilherme Rabello)
O FUTURO ESTÁ NO SEU PULSO ELES VIERAM PARA FICAR Os wearables são uma tecnologia em ascensão e, ao que tudo indica, vieram para ficar. Em 2017, a Apple vendeu mais Apple Watches do que toda a indústria relojoeira suíça junta. Recursos da saúde são cada vez mais comuns nos “objetos de vestir”. Normalmente incluem alguma forma de contador de passos ou monitor de batimentos cardíacos, como acontece em celulares. O mercado agora se move em direção a formas potentes e precisas de realizar diagnósticos e promover tratamentos complexos por meio dessas tecnologias. E, no futuro, os wearables poderão até mesmo identificar doenças graves sem a necessidade de exame médico.
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De acordo com a IDC, o crescimento do mercado mundial de wearables até agora foi impulsionado quase inteiramente por relógios inteligentes e pulseiras de rastreamento fitness, que devem responder por 95% de todos os wearables enviados este ano – e continuar seu reinado no mercado pelo menos até 2022. O mercado global de wearables está no pulso Estimativa de envio de dispositivos portáteis no mundo (em milhões de unidades) Total de envio de equipamentos
121,1
72,4
122,6
190,4
2018
2022
44,2 45,5
2,9
Smartwatch
Pulseira
10,5
Roupa
2,1
12,3
Fone de ouvido
0,8
0,7
Modular
0,2
0,2
Outro
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WEARABLE
AINDA MUITO PARA CRESCER O mercado global de wearable deverá atingir 225 milhões de unidades em 2019, um aumento de 25,8% em relação a 2018. O mercado global irá faturar US$ 42 bilhões em 2019, sendo que deste total, US$ 16,2 bilhões serão dos smartwatches. O mercado brasileiro, todavia, ainda engatinha nesse universo. Em 2018 comercializamos aproximadamente 250 mil wearables. Para 2019, a projeção é de 460 mil, um crescimento de 91%. O Brasil representa pouco mais de 0,14% do mercado global. Quando comparamos com o mercado de celular, nosso percentual atinge mais de 3%. Existe, portanto, um enorme mercado para ser explorado. Nos EUA, aproximadamente um quarto dos adultos nos EUA, 56,7 milhões, usará um wearable pelo menos uma vez por mês em 2019. Pouco mais da metade deles usará um smartwatch. País
Brasil EUA
Volume Waerables
% População Adulta
460.000
0,45
56.000.000
25
MONITORAMENTO A DISTÂNCIA Outro dado bastante importante para os wearables no universo da saúde é que, cada vez mais, os usuários estão dispostos a compartilhar os dados dos dispositivos de saúde com seu médico (90%). Mais pessoas estão dispostas a compartilhar dados com seus planos de saúde (de 63% em 2016 para 72% em 2018). Mas a conversa é outra quando o destino final é o patrão ou o governo: apenas cerca de 40% dos consumidores querem compartilhar dados com eles.
SEMPRE A MAÇÃ Os dispositivos da Apple continuam liderando o mercado de wearables, de acordo com um novo relatório da IDC. A empresa sediada em Cupertino produziu um total de 46,2 milhões de wearables em 2018. Em segundo lugar vem a chinesa Xiaomi, seguida pela Fitbit. Top 5 – Fabricantes de wearables por volume de entrega, market share e crescimento anual em 2018 (envio em milhões)
WEARABLES 2.0 – O FIM DOS GADGETS? O fato é que uma nova fase dos wearables, integrada a sistemas digitais de análise de dados inteligentes e conectados, vem aí. A medicina personalizada está cada vez mais próxima. Há quem diga que uma das características que deverá guiar esta nova fase é o fato de o wearable não ser mais “vestível”. Em breve não precisaremos mais nos lembrar de usá-los – os novos dispositivos serão parte de nós.
Empresa
Entregas
Market share
1. Apple
46,2
26,8%
2. Xiaomi
23,3
13,5%
3. Fitbit
13,8
8%
4. Huawel
11,3
6,6%
5. Samsung
10,7
6,2%
Outras
66,8
38,8%
Total
172,2
100%
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MODALIDADES
AI, SE AQUI TAMBÉM FOSSE ASSIM... O US Open de Tênis é uma potência em todos os sentidos. Sua receita anual é assustadora, superior a R$ 1,5 bilhão, sendo que a maior fatia vem justamente da bilheteria, 37%. São mais de 700 mil fãs que visitam o torneio durante as duas semanas. A premiação supera os R$ 200 milhões. Mas o que gera realmente inveja para nós, brasileiros, é a frase do seu CEO, Gordon Smith: “Nosso dinheiro não vai para acionistas, investidores ou proprietários de equipes. Pegamos o dinheiro que ganhamos e devolvemos ao jogo”. Nós que já tivemos Guga... Histórico de rendimento Espera-se que o rendimento total do US Open continue aumentando. Histórico dos últimos 7 anos: 2011
226M
2012
233M
2013
253M
2014
264M
2015
298M
2016
305M
2017
335M
2018
350M $50
$100
$150
$200
$250
$300
$350
$400
Milhões
SE VOCÊ COMPARTILHA A DOR, VOCÊ TERÁ METADE DELA Batizadas nos EUA como OCRs (Obstacle Course Racing), as Corridas de Obstáculos não param de crescer no Brasil. A principal corrida na América Latina, Bravus Race, teve mais de 100 mil participantes no último ano. Grande parte desse sucesso pode ser creditada ao fato de serem realizadas em times. O companheirismo e a camaradagem são elementos marcantes na modalidade. As Corridas de Obstáculos inspiram o trabalho em equipe, incentivando os participantes a dar “uma mãozinha” ao próximo. Alguns dizem que a compaixão humana vai lentamente evaporando da nossa estrutura moral. Não é o que se vê por aqui.
MERCADO DE GAMES DO BRASIL
34%
20%
Direitos de transmissão
Patrocínios
$70M
$120M
13%
13%
Licenciamentos e merchandising
Venda de ingressos
$30M
$130M
SE CUIDA, PIZZA HUT Filiais
$1,5BN Receita de Jogos
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#13
Ranking Mundial
75,7M Jogadores
Desde que Greg Glassman abriu sua primeira filial em 2001 em Santa Cruz na California, o CrossFit explodiu globalmente. Atualmente, existem mais de 15.000 locais em 162 países. CrossFit não é apenas a maior cadeia de fitness do mundo, como também uma das maiores e mais rápidas redes corporativas.
Subway McDonald’s Starbucks KFC Burger King Pizza Hut CrossFit Domino’s Pizza
42.998 37.200 28.720 20.404 16.859 16.796 15.500* 15.000
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MODALIDADES
A VÁRZEA É NOSSA! Nascido no final do século passado e parte importante da história do esporte em São Paulo, o futebol de várzea segue arrebanhando multidões todos os finais de semana. Alguns campeonatos importantes (não auditados) dizem atrair mais público que o campeonato carioca, cujas médias de público não são nada promissoras. maior registro de torcida do futebol de várzea O em São Paulo ocorreu na final da Copa Kaiser de 2012. Foi realizada no Estádio do Pacaembu e teve um público de 21 mil pessoas. maior público já registrado no futebol amador O brasileiro é do futebol amador do Amazonas. O torneio de Manaus lotou o estádio Vivadão em 2009. O estádio tem capacidade para 43 mil pessoas.
NEM SEMPRE O FUTEBOL (COM OS PÉS) Quando pensamos em futebol, sempre temos a sensação de se tratar da maior, mais importante e mais rica modalidade do planeta. Mas não é bem assim. A receita da NFL, a liga norte-americana de futebol americano, é a mais rica do planeta. Seu faturamento chega a 13 bilhões de dólares, mais que o dobro da liga inglesa, a maior no futebol mundial. Receita das principais ligas esportivas profissionais
ÁGUAS LIMPAS Desde que a qualidade da água melhorou na baía de Hong Kong, a famosa travessia entre Tsim Sha Tsui e Wan Chai, conhecida como World Harbour Race, pôde retornar à cidade depois de mais de 40 anos suspensa pela qualidade da água. Mais de 3 mil atletas participam da travessia em uma das regiões marítimas mais movimentadas do globo.
Victoria Harbour para a travessia em 1978.
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CORRIDA DE RUA
POR QUE EU CORRO Pesquisa norte-americana analisa o comportamento dos corredores e as razões que os motivam a buscar as corridas de rua. Motivações iniciais para começar a correr
17% 14% 14% 10% 10%
Preocupações com peso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Para entrar em uma corrida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Porque eu gosto disso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Para aliviar o estresse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A CORRIDA TRANSFORMA!
Encorajamento família/amigo. . . . . . . . . . . . . . . . . .
Os corredores são motivados pelo desejo de manter a saúde, manter a forma, aliviar o estresse e treinar para uma corrida
CORRER COMBATE A DEPRESSÃO, MELHORA A QUALIDADE DO SONO E RETARDA A DECADÊNCIA COGNITIVA, ENTRE OUTROS BENEFÍCIOS Muitos especialistas consideram a corrida a coisa mais próxima de uma droga milagrosa. Como uma forma de exercício cardio que é facilmente acessível, a corrida é uma das maneiras mais simples de obter os benefícios importantes do exercício.
1
Mesmo uma corrida de 30 minutos pode aliviar os sintomas da depressão e melhorar o humor.
2 3
Ao contrário do que muitos pensam, correr melhorar a saúde do joelho.
Correr ajuda os jovens a dormir melhor, melhora o humor e aumenta a capacidade de concentração.
4
A corrida pode melhorar significativamente a saúde cardiovascular.
5
Correr pode melhorar sua mente em qualquer idade e combater o declínio cognitivo relacionado à idade.
6 7 8
18,11
21 K
inscritos
42 K OUTROS
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Porque eu gosto disso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Para entrar em uma corrida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Para aliviar o estresse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Correr é uma ótima maneira de queimar calorias.
63%
Corrida e outras formas de exercício aeróbico reduzem significativamente suas chances de morte.
BONÉ / VISEIRA
46%
43%
MÚSICA PORTÁTIL
ÓCULOS DE SOL
RELÓGIOS ESPORTIVOS
39% 32% 29% 27% 27%
47%
CELULAR
47%
Inscrições por distância em 2018 (EUA)
milhões
Manter-se em forma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Amigos inseparáveis do corredor
O número de participantes de corridas de rua nos Estados Unidos ultrapassou, no ano passado, 18 milhões de inscritos . Mas, diferente do Brasil, onde os 10 km reinam absolutos como distância favorita, para os americanos a “rainha” é a meia-maratona.
10 K
Permanecer saudável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Correr muda o cérebro de forma a torná-lo mais resistente ao estresse.
18 MILHÕES EM AÇÃO!
5K
Motivações para continuar a correr
46% CHAVES
Mais de 40% dos gastos anuais do corredor são com viagens relacionadas às corridas
$121
8,90 milhões
Tecnologia de corrida
1,65 milhão 2,09 milhões
$472
$186
Taxa de inscrição de corridas
Roupas de corrida
508 mil 4,95 milhões
$776
$300
Tênis de corrida
$1.850
Viagens para corridas
Despesas totais
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CORRIDA DE RUA
ÁGUA “COMESTÍVEL” Assustados com as 760 mil garrafinhas plásticas distribuídas em 2018, os organizadores da última edição da Maratona de Londres trouxeram uma novidade que pode revolucionar os postos de água: sachês comestíveis! As pequenas bolhas, aparentemente plásticas, mas 100% orgânicas, foram um sucesso! Em Londres, eles substituíram mais de 70% das garrafas plásticas tanto de água quanto de isotônico – foram apenas 215 mil. Feitos basicamente de algas marinhas, se não forem engolidos, os sachês são biodegradáveis e desaparecem do ambiente em, no máximo, seis semanas. O preço dessas “bolhas”, fabricadas pela empresa espanhola Ooho, não passa de dois centavos de dólar por unidade, e o uso de algas não compete com culturas alimentares e contribui ativamente para tornar os oceanos menos ácidos.
A FORÇA DAS CORRIDAS
CORRE QUE TÁ CARO! Mesmo com toda a desvalorização recente do real, o Brasil continua sendo o país onde seu tênis de corrida custa mais caro. Veja neste levantamento da O2 o custo do Asics Nimbus 21 em dez países! Brasil
R$ 799,00
França
R$ 765,00
Reino Unido
R$ 744,00
Singapura
R$ 743,33
Hong Kong
R$ 708,90
México
R$ 659,80
Austrália
R$ 643,20
Japão
R$ 639,36
EUA
R$ 577,50
Coreia
R$ 524,70
As principais lesões do corredor
Número de participantes de corridas no Brasil (2019) 1. Maratona do Rio - RJ (2 dias)
23.309
2. Tribuna de Santos - SP
16.775
3. Estações - Outono - SP
12.581
4. Estações - Inverno - SP
11.568
5. Estações - Outono - RJ
11.476
6. Meia Internacional de São Paulo - SP
9.903
7. Maratona de São Paulo- SP
9.802
8. Night Run - SP
8.580
9. 42k de Floripa - SC
8.292
10. Mulher Maravilha - SP
8.171
Número de participantes de corridas nos EUA (2016)
Quadril
14%
Joelho
22% 12% 15%
1. AJC Peachtree Roadrace 10k - Atlanta
Lombar
10% Síndrome da banda iliotibial
11%
Pé
Fascite plantar
No primeiro semestre de 2019, cinco corridas atingiram mais de 10 mil participantes, e a Maratona do Rio, ainda que com provas divididas em dois dias, superou os 20 mil inscritos. Vale ressaltar que provas tradicionais, realizadas há mais de décadas, dominam o ranking.
Dores na canela
11%
Bolha
26%
56.993
2. TCS New York City Marathon - New York City
51.267
3. Bolder Boulder - Boulder
44.671
4. Lilac Bloomsday Run - Spokane
42.206
5. Bank of America Chicago Marathon - Chicago
40.523
6. Blue Cross Broad Street Run - Philadelphia
34.237
7. Bay to Breakers - San Francisco
28.009
8. Brooklyn Half Marathon - Brooklyn
27.428
9. Cooper River Bridge Run - Charleston
26.804
10. Boston Marathon - Boston
26.640 EVENTOS
MEIA DE SAMPA Realizada na maior cidade da América Latina, a Meia de Sampa oferece um desafio à altura de seus participantes com estrutura de primeira e os melhores 21 km para quebra de recordes.
MEIA INTERNACIONAL DA CIDADE DE SÃO PAULO Aliando tradição e inovação, a primeira e mais importante meia-maratona de São Paulo oferece ao corredor uma prova rápida com prestígio internacional e chancela AIMS.
42K DE FLORIPA A 42k de Floripa une turismo e esporte em uma das cidades mais lindas do mundo. Com três distâncias, a prova é palco de recordes, superação e celebração entre atletas, familiares e amigos.
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RIO S-21K Com paisagens de tirar o fôlego, a Rio S21K une performance e natureza, atraindo atletas de todo o mundo que buscam quebrar seus recordes na Cidade Maravilhosa.
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TRIATHLON
QUEM É O TRIATLETA? A Triathlete, principal publicação especializada em triathlon nos Estados Unidos, fez uma pesquisa para conhecer melhor o perfil dos seus leitores. Alguns resultados, bastante interessantes, estão aqui:
TECNOLOGIA NOS TREINOS
Hábitos de Treinamento
De acordo com a pesquisa, quase todos os triatletas utilizam algum tipo de tecnologia durante os treinos.
98% Usam aplicativos de treinamento
TREINOS 6 dias/semana 10 horas/semana (322 dias/ano)
46% Usam tecnologia em todos os treinos
86%
69%
Têm GPS de pulso
Possuem medidor de frequência cardíaca
60%
36%
Ouvem música enquanto treinam
Têm potenciômetro na bicicleta
NATAÇÃO, PEDAL, CORRIDA Muitas pessoas perguntam a razão da ordem das modalidades no triatlhon. É simples, e feito com base na segurança. A natação é a primeira, já que os atletas estão na água quando estão descansados. Você sempre pode parar para andar de bicicleta ou fazer uma pausa durante a corrida, mas infelizmente o mesmo não se aplica à natação.
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NOS PÉS DOS TRIATLETAS Na famosa contagem de tênis no Ironman de Kona, a Hoka One One mais uma vez surpreendeu. Depois de destronar a Asics em 2017, ela mais uma vez prevaleceu como a marca mais usada – capturando os pés de 17,7% dos atletas. A Nike foi a surpresa, triplicando sua participação.
NATAÇÃO 2.7 dias/semana (140 dias/ano)
CICLISMO 3,3 dias/semana (171 dias/ano)
CORRIDA 3,5 dias/semana (182 dias/ano)
Gastos Anuais com o Triathlon (em dólares) 1 em cada 4 pesquisados estão comprando algum material agora. De 20% a 50% não têm certeza qual será a marca de sua próxima compra
U$ 3.280
U$ 487 com roupas
com equipamentos
U$ 2.480
MARCA
2017
2018
Hoka One One
18,1%
17,7%
Nike
5,7%
14,9 %
Asics
12,4 %
11,9%
Saucony
12,6 %
11,2%
On Running
6,9%
7,9%
New Balance
8,0 %
7,0 %
Adidas
7,3%
7,4 %
Brooks
8,5 %
6,3%
Newton
5,4 %
3,9%
Skechers
3,7%
2,3%
Altra
2,0 %
2,0 %
DISTÂNCIA OLÍMPICA? Há uma razão pela qual um triathlon de distância olímpica é chamado de “Olímpico” – a distância foi estabelecida antes de sua estreia nos Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney. Este formato era anteriormente chamado de distância internacional e tinha 1,5 km de natação, 40 km de bike e 10 km de corrida. Short
0,75 km
20 km
5 km
Olímpico
1,5 km
40 km
10 km
Half Distance
1,9 km
80 km
21,5 km
Full Distance
3,8 km
160 km
42,2 km
com viagens para competir
U$ 384 com tênis
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SKATE
EVOLUÇÃO DO
SKATEBOARD 1940
SIDEWALK SURFBOARDS Os primeiros skates foram construídos por crianças nos anos 50, parafusando rodinhas de patins em ripas de madeira. 1959
ROLLER DERBY SKATEBOARD Primeiro skate construído em massa pela marca Roller Derby Skate. Era apenas mais um brinquedo direcionado a crianças.
EM CRESCIMENTO A MODALIDADE, QUE É PREDOMINANTEMENTE CONSUMIDA PELO PÚBLICO JOVEM, ESTÁ EM PLENO CRESCIMENTO E DEVE FATURAR 87 BILHÕES DE DÓLARES NO MERCADO GLOBAL.
1960
NASH SHARK
por atividades esportivas entre as gerações mais jovens que deverá impulsionar o crescimento. Combinam-se com isso tanto a preocupação dos pais em tempos de obesidade e sedentarismo infantil como o crescimento de competições e, em especial, o Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.
Marcas de surf começam a fazer skates com formatos de pranchas de surfe que priorizam o conforto, e não as manobras.
STREET DOMINA
O mercado global de skateboarding (skates, skatewear e acessórios) aponta um crescimento de mais de 4,5% ao ano nos próximos seis anos. Segundo pesquisa realizada pela Kenneth Research, o mercado, avaliado em 61,5 bilhões de dólares em 2017, deve chegar a consideráveis 87 bilhões de dólares em 2025. Falando mais especificamente do mercado de shapes (a popular tábua) de skate, uma nova pesquisa da Grand View Research aponta a avaliação do mercado global em US$ 1,9 bilhão em 2018, devendo alcançar US$ 2,4 bilhões em 2025 – um crescimento anual composto superior a 3%. É a crescente demanda
Os skates para a modalidade “street” seguem sendo o maior segmento, respondendo por 50,7% da receita total em 2018. Mas são os “longboards que mais crescem, expandindo-se a 3,8% ao ano, de 2019 a 2025. Os adolescentes dominaram o mercado global, com participação de 44,1% da receita. As crianças devem representar crescimento médio de 3,7% até 2025. Além do crescimento da faixa da população de 0-9 anos, preocupações com a saúde sobre obesidade e inatividade física ganharam importância entre os pais, que motivam seus filhos para o esporte. A América do Norte segue como o maior mercado global da modalidade, com 31,7% da receita total. Esta é uma tendência é projetada para continuar nos próximos anos.
Tamanho do mercado americano de skate, por produto, 2015-2025 (US$-milhão)
1970
BANANA BOARDS Nos anos 70, a madeira deu lugar ao plástico amarelo, e os shapes ficaram mais finos e flexíveis. 1980
OLD SCHOOL As manobras de skate começaram a evoluir, e os decks seguiram o mesmo caminho. “Kick tails”, que permitiram aos tricks saírem do chão.
Quota de mercado global de skate, por usuário final, 2018 (%) 1990
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536
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Adultos
Crianças 18,6% 37,3% 44,1%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 Street Board
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Cruiser Board
Long Board
Outros
Adolescentes
POPSICLE Pranchas simétricas, com “nose” e “tails” iguais, surgiram nos anos 90 e pouco mudaram desde então. Esse tipo de skate – preferido entre os profissionais – permite manobras bastante técnicas.
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SKATE
DOMÍNIO SWOOSH Apesar da controvérsia em torno da Nike e de seu polêmico apoio ao quarterback da NFL Colin Kaepernick, a gigante esportiva continua a favorita entre adolescentes norte-americanos. De acordo com a última edição da pesquisa bianual Taking Stock With Teens, da Piper Jaffray, 22% dos cerca de 8.000 adolescentes pesquisados este ano consideram a Nike sua marca de roupas predileta. A American Eagle, varejista de roupas em Pittsburgh, vem em segundo lugar. A popularidade da Nike é ainda mais pronunciada quando se trata de calçados: 41% dos adolescentes consideram a icônica marca do logo “swoosh” sua favorita.
Nike é a Marca Favorita dos Adolescentes Americanos*
Roupas
22%
Nike
9%
American Eagle Adidas
5%
Forever 21
5%
Hollister
3%
Calçados Nike
41% 20%
Vans Adidas Converse Foot Locker
13% 5% 3%
*Baseada em pesquisa com 8 mil adolescentes, de idade média de 16,3 anos, em 47 estados norte-americanos em maio de 2019. Fonte: Piper Jaffray
EVENTO
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MOBILIDADE
O FENÔMENO MICROMOBILIDADE
INVESTIMENTOS MENORES, PONTOS DE EQUILÍBRIO MAIS BAIXOS
COM BILHÕES JÁ INVESTIDOS, PARA ONDE VAI ESSE MERCADO? Mais de um quarto da população do mundo vive em cidades com pelo menos 1 milhão de habitantes. E a velocidade de tráfego de veículos em muitos desses centros urbanos é, em média, de 15 quilômetros por hora. Sem dúvida, pode ser uma experiência estressante. A micromobilidade oferece aos moradores da cidade uma possibilidade de fuga dessa tensão: velocidades médias mais altas, menos tempo gasto em espera ou estacionamento, menor custo em aquisições e os benefícios à saúde de estar ao ar livre.
A MICROMOBILIDADE ATRAIU RAPIDAMENTE MUITO DINHEIRO E CLIENTES Desde 2015, investidores já colocaram mais de 5,7 bilhões de dólares em startups de micromobilidade. O mercado já atraiu uma forte base de clientes e o fez cerca de
duas a três vezes mais rapidamente do que o compartilhamento de carros. Em apenas alguns anos, por exemplo, várias empresas iniciantes de micromobilidade acumularam avaliações superiores a 1 bilhão de dólares. Duas circunstâncias impulsionaram essa expansão acelerada. Primeiro, a maioria dos lançamentos de micromobilidade compartilhada ocorre em ambientes propícios. Os consumidores urbanos já valorizam e usam soluções para mobilidade compartilhada. Além disso, a micromobilidade parece fazer as pessoas felizes – é mais rápida do que as viagens de carro em muitas situações –, e os usuários costumam dizer que a liberdade de estar ao ar livre viajando para seus destinos, evitando congestionamentos, garante o sorriso no rosto. Percebida como “mobilidade intuitiva” pelo design “fácil e libertador” de percorrer o tráfego, valer-se da micromobilidade é realmente muito simples e prazeroso: as pessoas se sentem rejuvenescidas e a experiência as leva de volta à primeira vez que andaram de bicicleta ou patinete.
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Primeiro km
M
Acesso metrô
O QUE É MICROMOBILIDADE?
Último km
VIAGEM COMPLETA
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A economia da micromobilidade compartilhada é amplamente favorável aos investidores. As empresas acham muito mais fácil ampliar os ativos de micromobilidade (por exemplo, bicicletas elétricas) em comparação com as soluções de compartilhamento baseadas em carros. O custo de aquisição de um patinete elétrico, por exemplo, é cerca de 400 dólares, enquanto é necessário um investimento muito maior para comprar um carro. Mas, embora seja um mercado em expansão e saudável, o que falta para se transformar em algo realmente transformador? Para que todo esse potencial de mercado se confirme, as cidades precisam apoiar efetivamente a micromobilidade compartilhada com ações que podem incluir proibição de carros de áreas demasiadamente congestionadas ou poluídas, ou a criação de incentivos para o uso da micromobilidade em viagens muito curtas. As cidades também poderiam instalar centros intermodais para tornar mais conveniente o intercâmbio entre micromobilidade e transporte público.
Micromobilidade é o termo empregado para os tipos de transporte que resolvem o problema do primeiro e do último trecho (a distância entre o local onde os passageiros desembarcam do metrô ou ônibus e seu destino final, ou de lá para o transporte público). Normalmente são bicicletas e patinetes.
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MOBILIDADE
UMA ALTERNATIVA AO CARRO
Alternativas ao uso do carro por duração de viagem.
Possuir um carro nos centros urbanos já teve melhor relação custo/benefício. Os serviços de mobilidade compartilhada são mais convenientes e, em alguns casos, mais acessíveis do que um veículo particular. Dividimos vários desses modos de transporte emergentes por duração da viagem. Não que a propriedade de um carro pessoal esteja morta. Longe disso. Mas, à medida que as cidades ficam mais congestionadas, os sistemas de transporte público estão falhando e o tráfego está piorando, o que dificulta o transporte rápido e eficiente. Como resultado, surgiram várias startups de mobilidade, implantando novos modelos de transporte que podem ser mais eficientes que os carros pessoais em regiões urbanas densas e, potencialmente, em regiões residenciais também.
APESAR DE TODO O CRESCIMENTO.... Apesar de todo o seu crescimento notável, o compartilhamento de carros ainda está longe de ser onipresente. Para aumentar os quilômetros percorridos, o setor precisará de novas soluções ampliando o leque de possibilidades de uso. Uma pergunta rápida: qual o porcentual de quilômetros percorridos em 2016 (VMTvehicle miles traveled) nos Estados Unidos provenientes de compartilhamento de veículos? Muito possivelmente sua resposta seja bastante superior à realidade: 1%. Atualmente, o compartilhamento de carros não se aplica de maneira significativa à grande maioria dos casos de uso prático. A posse do carro é ainda mais econômica e conveniente para a maioria dos proprietários e usuários, e, apesar de todo burburinho e empolgação, quando contamos o VMT em termos absolutos, a participação do compartilhamento de veículos é quase um erro de arredondamento. A grande razão para isso está no tamanho do alvo: o modelo atual tem um teto relativamente restrito: adultos da área metropolitana que viajam sozinhos ou em pequenos grupos. Logo, o que estamos testemunhando seria apenas o “Ridesharing 1.0” e, na ausência de mudanças, um platô de curto prazo é inevitável. Pesquisas sugerem que vários avanços, como design mais inteligente, experiência aprimorada do usuário e aplicação de análises de dados avançadas, podem criar novas oportunidades de uso. Essas evoluções (Ridesharing 2.0 e 3.0) encorajariam uma população maior a usar o compartilhamento de carros em uma variedade maior de circunstâncias, o que permitiria ao setor seguir em crescimento.
MICROMOBILIDADE
MÉDIA DISTÂNCIA
60%
25%
15%
das viagens nos EUA
das viagens nos EUA
das viagens nos EUA
0-5 milhas
5-15 milhas
+ 15 milhas
Compartilhamento de carro (Uber e 99)
Carros tarifados
SOLUÇÕES
Bicicletas & patinetes
COMPARTILHAMENTO LIMITADO
QUAL O TAMANHO DESTE MERCADO?
A cidade de Nova York se tornou a primeira a limitar o número de carros compartilhados que podem operar no município. Embora isso não encerre os serviços Uber e Lyft na cidade, limitará o número de veículos de compartilhamento disponível. O compartilhamento decolou nos últimos anos em todo o mundo. A maior parte do compartilhamento de carros está acontecendo na Índia, China e Indonésia – enquanto o maior mercado da Uber está nos Estados Unidos e na China.
A micromobilidade poderia, teoricamente, abranger todas as viagens de passageiros com menos de 8 quilômetros, que representam de 50% a 60% do total de milhas viajadas por passageiros na China, na União Europeia e nos Estados Unidos, atualmente. Cerca de 60% das viagens de carro são inferiores a 8 quilômetros e poderiam se beneficiar de soluções de micromobilidade – que também teriam como cobrir cerca de 20% das viagens de transporte público. Estima-se, no entanto, que a micromobilidade englobe cerca de 8% a 15% desse mercado teórico.
Percentual de entrevistados que utilizaram serviços de “ridesharing” (Junho de 2017 – Junho de 2018) Índia
30,1%
China
18,1%
Indonésia
17,1%
Brasil
10,5%
EUA
10,1%
Colômbia
9,7%
Itália
8,1%
México
8,0%
Turquia
7,7%
África do Sul
6,6%
SCOOTER X CARRO Os dados da empresa americana Lime mostrando a rapidez com que atingiram 1 milhão e 6 milhões de viagens com scooters elétricas lançam alguma luz sobre a adequação ao mercado deste produto. Especialmente quando comparadas com o rideshare em um ponto semelhante em cada ciclo de vida das soluções.
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LONGA DISTÂNCIA
Número de viagens realizadas nos primeiros dias das empresas de mobilidade
6 milhões em 58 semanas Lime Lyft
1 milhão
1 milhão
em 31 semanas
0
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20
30
em 61 semanas
40
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ESPORTS
NOVOS TEMPOS
NOVA GUERRA GLOBAL
NO ESPORTE
Anunciada no início do ano, o Google Stadia será lançado em novembro, em 14 territórios diferentes, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, com pelo menos 31 jogos de 21 diferentes desenvolvedores, por um preço inicial de US$ 130. A Microsoft não faz por menos e garante vir forte, provavelmente com seu próprio serviço XCloud, bem como um novo console Xbox. A Sony não fica atrás: elevará o nível de seu próprio serviço, o PlayStation Now, ainda este ano. Há evidências ainda de que a Amazon pode ter seu próprio serviço de jogos na nuvem, e que a própria Verizon estaria testando um deles. Enfim, a guerra da nuvem chegou aos games.
KYLE “BUGHA” GIERSDORF, 16 ANOS, LEVOU PARA CASA US$ 3 MILHÕES NA FORTNITE WORLD CUP mo do torneio feminino da Fifa. Kyle “Bugha” recebeu 50% mais que o golfista Tiger Woods quando conquistou seu 15º título. Além disso, neste mesmo estádio aconteceu o US Open de tênis, um dos quatro mais importantes torneios de tênis do planeta, que paga US$ 3,85 milhões a cada vencedor. A premiação do Fortnite World Cup não é a maior do eSports. O Dota 2 - The International irá pagar um total de pouco mais de US$ 33 milhões. Dado o estágio do eSports, não é de se estranhar que em pouco tempo os atletas mais bem pagos do mundo estejam aí.
O mundo ficou assustado quando um garoto de 16 anos da Pensilvânia saiu do Arthur Ashe Stadium com um dos maiores prêmios do esporte, um cheque de US$ 3 milhões. Não se pode dizer que Bugha teve uma vida fácil para chegar até aí. Durante dez semanas 40 milhões de jogadores tentaram se classificar para a fase final da competição. Nada retrata tão bem a dimensão dessa “nova modalidade” para boa parte do planeta. Dando um pouco de perspectiva para o tamanho do cheque recebido, o valor de premiação do torneio, US$ 30 milhões, é o mes-
ROMPENDO O BILHÃO
AUDIÊNCIA
O ano de 2019 tornou-se um marco importante para o mercado global de eSports, que ultrapassará pela primeira vez a marca de bilhões de dólares em receita. A maior receita global são os patrocínios, que geram quase metade do faturamento, estimados U$ 456,7 milhões em 2019. Entretanto, a linha de maior crescimento são os direitos de mídia.
Em 2019 o número da audiência atingirá impressionantes 454 milhões de espectadores, divididos entre os “entusiastas” e os “espectadores ocasionais”. eSports Crescimento do Público Audiência Total
eSports: Fluxos de Receita Global em 2019 U$
U$ 1,1 bi
456,7
milhões
+34,3% U$
Total de receitas/2019 +26,7% ano a ano
251,3
milhões
+41,8%
U$
189,2
milhões
+14,8%
Patrocínio
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Direitos de Mídia
Propaganda
U$
103,7
U$
95,2
milhões
milhões
+22,4%
-3,0%
Produtos &Ingressos
Taxa do Editor do Jogo
Audiência Total
335 M 192 M
Audiência Total
395 M +17,8%
222 M
143 M
173 M
2017
2018 Espectadores ocasionais
Audiência Total
645 M +14%
454 M +15%
347 M
253 M 201 M 2019
297 M
2022
Entusiastas
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ESPORTS
CADA VEZ MAIS GLOBAL
Mercado de Games Global (em bilhões)
Em 2019, o mercado global de games terá receitas de 152 bilhões de dólares, aumento anual de 9,6%. Os jogos para celular (smartphone e tablet) continuam sendo o maior segmento em 2019, produzindo receitas de US$ 68,5 bilhões – 45% do mercado global de jogos. crescimento de receitas de jogos para dispositivos móveis O continuará a superar o dos desktops nos próximos anos, resultando em redução do mercado de PCs. A geração atual do console está chegando ao fim. Ou seja, a base instalada para o Xbox One e o Playstation 4 atingiu seu auge. Pela primeira vez desde 2015, os EUA serão o maior mercado de jogos por receita globalmente, com US$ 36,9 bilhões este ano. Impulsionados pelo crescimento nas receitas de jogos de console, os Estados Unidos ultrapassarão a China.
+ 9% Total Mercado (CAGR) 2018/2022
152,1
138,7
21%
21%
22% 3%
2%
31%
32%
9%
mobile
62,2
9%
68,5
U$
mobile
9%
8%
8%
85,4
mobile
95,4
U$
U$
76,7
36%
38%
40%
2018
2019
2020
2021
Navegador PC
mobile
U$
35%
Boxed/PC Baixado
31%
31%
31%
U$
1%
1%
2%
mobile
19%
20%
U$
U$
196
U$
178,2
U$
164,6
U$
Console
Tablet
41%
2022 Smartphone
SE CUIDA, SUPER BOWL Recorde de audiência, quase 100 milhões de espectadores assistiram a final do Mundial de LoL este ano. Além das 23 mil pessoas presentes no Munhak Stadium, na Coreia do Sul, outras 99,6 milhões assistiram a chinesa Invictus Gaming levantar o troféu. O número é próximo da audiência do Super Bowl norte-americano, maior audiência anual da televisão no planeta.
99,6 mi Espectadores
19,6 mi
44 mi
Espectadores sintonizados no pico
Audiência média por minuto durante as finais
TWITCH? Outra etapa da revolução dos jogos é a transmissão ao vivo. Pouco conhecido do público em geral, mas uma espécie de pilar no universo dos games, o Twitch foi fundado em 2011 por Justin Kan e Emmett Shear. Costumava fazer parte do Justin.tv até então. Com o serviço, os jogadores podem transmitir o seu jogo ao vivo para os usuários do Twitch e também disponibilizar o vídeo para as pessoas que querem ver mais tarde. Os espectadores, que podem ver o jogador por meio de uma webcam, podem fazer comentários durante os jogos ao vivo. Dois ou mais jogadores também podem jogar juntos para disputar o entretenimento dos telespectadores. O Twitch aumentou em popularidade a partir de 2011, quando começou e deter grande parte da indústria de streaming de jogos ao vivo. Quais são os números por trás do Twitch como uma plataforma de transmissão ao vivo? O Twitch está atualmente avaliado em US$ 3,79 bilhões. O Twitch atrai quase 72% mais espectadores do que seu concorrente mais próximo, o YouTube Gaming. O Twitch é o 26º site mais popular em todo o mundo e o 13º mais popular nos Estados Unidos. Mais de 15 milhões de pessoas assistem ao Twitch todos os dias. Em média, existem 54.500 canais do Twitch ao vivo a qualquer momento. O recorde para o maior número de usuários simultaneamente on-line é de 2 milhões. O fliperama mais popular, Ninja, ganha pelo menos US$ 100.000 por mês apenas do Twitch.
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BRANDED CONTENT
IT’S ALL ABOUT LOVE NOVO ESTUDO REVELA QUE O IMPACTO EMOCIONAL DO MARKETING DE CONTEÚDO AUMENTA O ROI 9,58 segundos. Esse é o recorde mundial nos 100 metros rasos conquistados por Usain Bolt, da Jamaica, provavelmente o homem mais rápido do mundo. 8 segundos. Esse é o tempo médio gasto em conteúdo digital atualmente. Agora você faz as contas! Em um momento em que o maior desafio para os profissionais de marketing não é simplesmente divulgar suas mensagens, mas sim conseguir criar conexão humana, as marcas precisam dar às pessoas o que elas gostam, e rápido, como o famoso Bolt, ou elas simplesmente desaparecem.
CONEXÃO HUMANA Grande parte das pessoas conhece como marketing de conteúdo. Não é um conceito novo. O Storytelling como ferramenta para as marcas se conectarem às pessoas, por meio de conteúdo que entretém e repercute, é bem documentado. Mas, e por que os profissionais de marketing precisam de marketing de conteúdo no seu mix de mídia atual? Qual o papel de uma narrativa de qualidade para uma marca no funil de compra? Embora saibamos ser fundamental que ao final o consumidor pegue o produto na prateleira do supermercado, estamos também pensando em como as marcas podem formar um relacionamento com as pessoas e obter assim um KPI (indicador de desempenho) definitivo: o amor pela marca. É quase impossível medir o amor en-
tre dois seres humanos e, até agora, as pesquisas que medem o impacto emocional do marketing de conteúdo também são relativamente limitadas. Entretanto, uma pesquisa realizada pela Turner em parceria com a plataforma de inteligência artificial Realeyes buscou avaliar como as pessoas se sentem em relação ao marketing de conteúdo em contraposição aos tradicionais anúncios de 30 segundos e como essas emoções influenciam as principais métricas. Usando webcams, visão computacional e aprendizado de máquina, Realeyes descobriu que 90% das tomadas de decisão acontecem quando as pessoas sequer percebem que estão fazendo escolhas.
O IMPACTO EMOCIONAL CONDUZ A VENDAS… ESTÁ ESCRITO NO SEU ROSTO Realeyes examinou as respostas emocionais de quase 5mil pessoas impactadas pelo marketing de conteúdo. A seguir, algumas descobertas:
1
O marketing de conteúdo faz as pessoas felizes Os espectadores do conteúdo tiveram 62% mais chances de mostrar uma reação positiva em comparação com aqueles que assistiram a anúncios de 30 segundos. E como o conteúdo de marca normalmente conta uma história forte, o envolvimento emocional aumentou em 31% durante a experiência de visualização. A
resposta emocional durante os comerciais tradicionais permaneceu basicamente estável.
2
Pessoas felizes lembram sua marca Mais de 67% dos participantes consideraram o conteúdo da marca mais divertido, mais relevante e com maior probabilidade de fazê-los pensar na marca anunciada no momento da compra.
3
Pessoas felizes que se lembram da sua marca compram seus produtos Os entrevistados que assistiram ao branded content mostraram um aumento significativo na preferência em relação à marca 57% mais favorável do que o grupo de controle. Quando perguntados sobre a intenção de comprar, aqueles que visualizaram o branded content tiveram 17% mais chances de dizer que eram “muito propensos” a comprar a marca que estava sendo anunciada.
NADA COMO UMA BOA HISTÓRIA Os dados acumulados deste estudo sugerem que o fator primário para explicar por que do branded content tem efeito tão poderoso sobre os espectadores, tanto emocional como racional, é que esse formato se adequa perfeitamente com contar histórias. A capacidade de contar uma boa história vem sendo provada consistentemente ao longo da história da comunicação como um dos meios mais eficazes de manter atenção e gerar engajamento.
Publicidade tradicional
Marketing de conteúdo
Interrompe
Oferece Informação Relevante
Interrompe os clientes de várias maneiras, procurando capturar sua atenção por um breve período de tempo
Formas de conteúdo relevante: artigos em blogs, podcasts (MP3, gravações), download de guias, infográficos e vídeos.
Vantagens 3 Falhas fatais • Só detém a atenção por um curto período.
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• Interrompe, em vez de oferecer alternativa.
• Tende a ser cara, especialmente se a campanha toda não obtém sucesso.
• Fornece valores aos clientes, criando lealdade à marca.
• Por meio de formatos multimídia, atrai a atenção de diferentes públicos.
• Cria reciprocidade entre os clientes, que podem comprar por “gratidão”.
• Blogs ou vídeos educam os clientes, e eles se tornam clientes no futuro
• Cria conteúdo viral com links para o website.
• Atrai clientes apenas por escreverem no blog.
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TENDÊNCIAS DE CONSUMO DE CONTEÚDO PARA FICAR ATENTO
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Alexa e similares não param de crescer Com uma taxa de crescimento anual composta de 47,9%, os alto-falantes inteligentes são o produto de tecnologia que mais crescem desde o smartphone. Até 2022, 55% das famílias dos EUA terão pelo menos um alto-falante inteligente em casa, segundo a Juniper Research.
Do WhatsApp às TVs inteligentes, do Facebook às plataformas de voz como o Alexa, a tecnologia digital criou muitas opções de como as pessoas encontram, consomem e compartilham conteúdo. Isso gerou uma enorme pressão sobre como as marcas podem e devem se conectar ao consumidor.
1
As pessoas estão checando menos o e-mail De acordo com uma pesquisa da Adobe, hoje as pessoas passam 27% menos tempo conferindo novos e-mails. Mas o fato de eles usarem menos e-mail não significa que não gostam. Cerca de 61% das pessoas na pesquisa disseram que preferem receber mensagens por e-mail em vez de alternativas como mala direta, app e mídia social. O e-mail ainda oferece o melhor ROI de qualquer canal de marketing e o menor custo por aquisição.
5
A queda da TV a cabo está ocorrendo mais rápido do que se imaginava Espera-se que cerca de 50 milhões de pessoas abandonem suas assinaturas por cabo ou satélite até 2021, de acordo com a eMarketer – são 10 milhões a mais que o estudo anterior. Essa diminuição faz cada vez mais sentido à medida que mais programação se torna disponível em plataformas como Netflix e Amazon Prime.
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Ainda assim, os consumidores ainda preferem a programação ao vivo fornecida em uma TV A Copa do Mundo quebrou recordes de transmissão com Inglaterra X Croácia. A Copa do Mundo foi uma evidência de que os consumidores ainda preferem se reunir ao redor da TV para grandes eventos ao vivo.
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Os jovens estão se desconectando do Facebook, mas não do Instagram A base de usuários da Adobe, nos EUA, está perdendo a juventude: apenas 51% dos adolescentes de 13 a 17 anos disseram usar o Facebook. Mas 72% desses adolescentes, que representam a geração Z, disseram estar no Instagram.
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A realidade aumentada crescerá rapidamente De acordo com um relatório da DigiCapital, a realidade aumentada se tornará mainstream muito mais rápido do que previsto anteriormente. O AR (AR móvel e óculos inteligentes) pode atingir de 85 a 90 bilhões de dólares até 2022. Esse crescimento será impulsionado pela ampla distribuição de plataformas e APIs padronizadas para AR via ARKit da Apple para iPhones, e ARCore da Google para dispositivos Android.
3
Os mais velhos estão consumindo notícias do celular A Pew Research descobriu que 67% dos consumidores americanos com mais de 65 anos agora recebem suas notícias em um dispositivo móvel. Isso representa um aumento de 24% em relação a 2016 e é três vezes a participação em 2013. Ao mesmo tempo, cerca de 79% das pessoas entre 50 e 64 anos agora recebem notícias no celular, o dobro da participação em 2013.
MELHOR PERCEBIDO E MELHOR RECEBIDO Os consumidores percebem que o branded content é mais centrado no consumidor, porque se trata menos de vender produtos e mais de agregar valor aos consumidores.
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Consumidores percebem o Branded Content de formas diferentes
Branded content é sobre educar o consumidor
Em uma escala de 0 a 100, o branded content foi entendido menos como propaganda do que displays publicitários
Para vender um produto específico
37% 26%
100 Não é um anúncio
Para educar
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31 Displays
0 É um anúncio
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Propaganda
Branded
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