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O piloto Gobbetti, presidente da Global Aviation conta como descobriu sua paixão por voar e seu talento para fazer dos clientes verdadeiros amigos
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os 18 anos, enquanto os amigos queriam dirigir seus Passats com roda de magnésio, Ricardo Breim Gobbetti pilotava um Buecker 131 – um biplano sem portas 1938, do Aeroclube de São Paulo, onde trabalhava como instrutor de voo. “Aprendi a pilotar nesse avião. As acrobacias contribuíram para complementar minha formação e também contaram para o banco de horas de voo. E eram horas muito melhor aproveitadas”, diverte-se o piloto, que viria a se tornar ograndeempresário do setor da aviação com sua empresa Global Aviation.
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Hoje, um piloto sereno, do tipo 100% céu de brigadeiro e 0% esquadrilha da fumaça, Gobetti está à frente de uma empresa que se destaca pela exclusivi-
dade e qualidade. “Trabalhamos com o conceito One Stop Shop, que procura resolver a vida do cliente com todos os serviços de aviação executiva”, diz Gobbetti. Isto significa que com um único telefonema poderá resolver serviços de fretamento, compra e venda de aeronaves,propriedade compartilhada, hangaragem e atendimento de pista, gerenciamento de aeronaves e transporte aeromédico. Pois é, quem diria que aquele garotinho que, aos quatro anos, cruzava os céus com o pai e com o tio, pilotos do setor privado, elegia em tenra idade o que desejava para si. A”ntes mesmo de tirar carteira de motorista, aos 16 anos tirei meu primeiro brevê.“, diz ele. “Era engraçado, eu podia já pilotar avião, mas não podia dirigir carro”, diz. Como piloto acrobático, ele ganhou prêmio como campeão paulista e brasileiro. Posicinou-se entre os melhores do país, e acabou convocado para compor a primeira equipe que foi à Florida, nos Estados Unidos, participar de uma competição internacional. “Além dos campeonatos, também era contratado para realizar shows aéreos, desses em que fazemos manobras bem perto do chão, com fumaça.” Mas os voos calmos e tradicionais, em aviões de linha comercial, estavam na sua mira. Aos 19 anos, Gobbetti entrou para a Varig como copiloto de Boeing 727, que voava para destinos como Recife, Panamá e Buenos Aires. Aos 23, saiu como o mais jovem comandante da companhia, no controle de um Boeing 737-300, um dos modelos mais festejados da história da aviação civil, que na época, em 1991, estava sendo testada e implantada para fazer a ponte aérea. O maior modelo que pilotou na linha comercial foi o Boeing 767, com capacidade para 214 passageiros, com autonomia para
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PAIXÃO: QUANDO NÃO PILOTA A TRABALHO, GOBBETTI VOA POR LAZER EM SEU EXTRA 300
chegar à Europa ou aos Estados Unidos sem escala. Com visão de longo alcance, Gobbetti sabia que podia voar alto. Não em termos de autonomia de aeronave, mas de satisfação em ter seu próprio negócio. Em 1994, fundou a Global Aviation. Apesar de ter sido uma decisão tomada contra todos os conselhos e palpites, Gobbetti acreditava que bons ventos estavam a seu favor e abriu mão da carreira na Varig para investir em sua empresa de táxi aéreo. “Ouvi muitas pessoas me dizendo que eu estava louco, que não ia dar certo, que eu podia estar na Varig pilotando um MD-11 (trijato superinovador para a época)”, diz. “E eu, que sempre andei na contramão, respondia que estava contente assim.” Na época, ele se instalaria no mercado para disputar com cerca de 500 concorrentes. “Qualquer um podia ter uma empresa de táxi aéreo. Era muito fácil, até que a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) aumentou o nível de exigência, o que levou à sobrevivência apenas das melhores. Eu percebi que havia uma neces-
Vocação: apoiado ele faz questão de conhecer todos os sidade de especialização desse serviço e pela mulher, Flávia, seus passageiros. “Alguns se tornaram por isso segui adiante com meus planos.” o piloto detém um tino especial grandes amigos”, conta ela. “Na aviação Com dois aviões turbo-hélice, um Bandeipara lidar com as rantes e um Mitsubishi, Gobbetti lançou-se particularidades da executiva, o piloto deve carregar mala, aviação executiva cuidar das refeições a bordo, chamar à carreira solo de piloto-empresário. “No táxi, e até providenciar guarda-chuva”, Mitsubishi fazia voos curtos, geralmente entre São Paulo e Angra dos Reis”, diz. O Bandeiran- diz Flavia. “Capacitação técnica todos precisamos tes ele comprou em um leilão. “Quando já estava indo ter, mas sensibilidade para o contato estreito com os embora, de mãos abanando, a pessoa que o havia arre- clientes depende do perfil de cada um”, afirma ela. Atualmente, a Global recebe mensalmente cerca matado desistiu da compra e eu voltei para levá-lo”, diz. de 1400 cotações, sendo 400 para serviço aero Com ele, começou transportando grupos para pescarias em lugares isolados, voltando com o bagageiro cheio de médico. Em uma ocasião ou outra, seja por nepeixes. Seu segundo vôo com o Bandeirantes foi para cessidade ou vontade, é o próprio Gobbetti quem pilota a frota. “Hoje em dia meu avião preferido é transportar um caixão. “Não foi fácil lidar com a família chorando pelo falecido, mas descobri ali uma vocação.” o Falcon 2000, um jato de grande porte que tem Mais do que servir de fagulha para o negócio de trans- tecnologia embarcada de última geração e faz São porte aero médico, a ocasião mostraria a Gobbetti que Paulo-Miami sem escala”, conta. Apesar dos deveum piloto tinha de saber pilotar inclusive sentimentos res de empresário, ele não deixa apagar a paixão e angústias humanas. “Seu envolvimento com os passa- por pilotar, seja a bordo de planador, de jato, de helicóptero ou avião de acrobacia – que continua, geiros na aviação executiva é total, a atenção e dedicação que ele tem com os clientes é muito singular”, diz sua aliás, sendo seu principal hobby. Sempre que pode, mulher Flavia Martins. Até hoje, mesmo com a Global Gobbetti vai ao encontro de seu Extra 300, hancrescendo em média 30% ao ano e somando 54 aeronaves garado no aeroporto a Amarais, em Capinas, para entre helicópteros e aviões e cerca de 180 funcionários, dar algumas piruetas e estripulias entre as nuvens.
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