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“Estou a arriscar situações novas que podia não as ter” Inconformado com a sua arquitectura e sempre em busca de novas experiências, Eduardo Souto de Moura não diz que não a um novo desafio, mesmo que isso implique colocá-lo em situações de fragilidade. A Traço foi ao encontro do arquitecto portuense e descobriu um homem simples, de linguagem acessível, e que considera que as censuras são vitais na sua profissão

F Texto de Ana Rita Sevilha

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Fotos de Hugo Gamboa

az parte de um grupo selectivo de arquitectos de referência em Portugal, sendo muitas vezes apontado, nomeadamente pelas gerações mais jovens, como um exemplo. Como se sente nesse papel? Eduardo Souto de Moura: Não me preocupo, e nem sei se em relação aos jovens é assim. Mas sendo, associo isso ao facto de estar a passar algumas dificuldades que a nova geração também tem. Eu sou arquitecto há 30 anos, e até podia estar confortável com a minha arquitectura, mas não estou porque a profissão mudou muito, eu próprio até pensei que podia dar-me um certo cansaço e instalar-me num determinado tipo de linguagem, mas não. Achei que devia renovar algumas coisas, e assim encontro-me muitas vezes em situações de fragilidade, passando por experiências novas, o que leva um pouco as gerações mais novas a identificarem-se comigo, pelo facto de não estar a culminar numa série de situações que a experiência dá, e por estar a arriscar situações novas que podia não as ter. Dou-lhe um exemplo recente, o de fazer um edifício como a Casa das Histórias da Paula Rego, que é com-

pletamente diferente de tudo o que fiz até agora. Ou estar a fazer edifícios com portas e janelas como o Convento das Bernardas, coisas que nunca fiz até agora, era tudo feito de uma maneira diferente, mais abstracta. Isso faz com que passe por dificuldades, precisamente como a do Convento das Bernardas, que para abrir uma janela tive de fazer 20 maquetes porque nunca sei se está bem ou não, porque não tenho experiência. Isso é uma questão de perfeccionismo? Não, se fosse de perfeccionismo era a continuação da própria linguagem de forma a ir aperfeiçoando. Também não digo que seja uma ruptura, porque não nego nada do que fiz até hoje, mas o de achar que aquilo que fazia até hoje não responde a determinadas circunstâncias. Inclusivamente pelo próprio trabalho que tenho em 쏡쏡쏡쏡쏡

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que ao longo destes 30 anos foi quase sempre numa escala diferente, comecei a fazer casas para a família, coisas pequenas, e neste momento tenho projectos de maior escala... Como foi essa mudança de escala? Estava um bocado farto de fazer só casas, e apareceram um ou outro projecto, mas a grande alteração foi com o Estádio do Braga, e com o Metro do Porto. Esta escala levanta problemas urbanos, de planeamento urbanístico, que não tem nada a ver com a habitação que está dentro do lote...

é muito pessoal, e como eu o conhecia muito bem tinha uma espécie de pudor em usar a personificação, porque a sua maneira de ver o mundo é a arquitectura. Como estava muito próximo, parecia-me um pouco um saque, portanto fiz um esforço. Mas tenho a ideia de que fazemos parte de gerações diferentes, temos vinte anos de diferença, logo maneiras diferentes de ver o mundo. Por coincidência, ou o arquitecto Siza mudou, ou foi renovando sempre, porque neste momento sou capaz de me identificar mais, ou eu próprio também reconheci que já não preciso tanto dessa distanciação e posso dizer abertamente que sou influen-

Perde-se o detalhe? Perde-se, mas deve-se perder. Não se pode abandonar o detalhe, mas o detalhe para uma grande extensão, como no caso do Metro, é completamente diferente do detalhe doméstico. Primeiro há o detalhe público que obriga a solicitações completamente diferentes em que o uso e a segurança têm de ser equacionados, um corrimão numa casa é para ser usado dez vezes por dia, um corrimão no metro é para ser usado duzentas mil vezes por dia. Segundo, pela própria escala das intervenções, se o detalhe é doméstico, a obra pode ficar preciosa e ridícula, isto é, um gigante tem detalhe mas não pode ser igual ao de um bebé, porque é um objecto pequeno, carinhoso, é preciso encontrar um equilíbrio em cada detalhe. Os detalhes não existem por si, servem para resolver situações. Como num texto, se não houver pontos e vírgulas, se calhar não se percebe. Os detalhes são como essa pontuação, fazem com que as formas sejam mais claras e melhor entendidas. E têm variantes conforme a escala, nas escalas maiores existe outro tipo de detalhe, mais desinibido, mas natural porque tem de ser mais extensivo, e na escala pequena pode ser mais específico, ou deve ser mais específico. Que herança arquitectónica lhe deixou a colaboração com o arquitecto Álvaro Siza Vieira? É um indivíduo marcante, tanto como arquitecto como quanto pessoa. Talvez no início quando trabalhei com ele e depois quando comecei a fazer as minhas próprias coisas, tinha uma maior distância porque o trabalho do Siza

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“Das coisas que mais gostei de fazer, actualmente, foi a Casa das Histórias da Paula Rego, acho que ficou bem, não acho normal até agora ninguém me ter criticado...”

ciado por ele, não só sob o ponto de vista formal de trabalhar, mas pela própria pessoa. Concluindo, para mim o Siza é mais importante como amigo do que como arquitecto. Chapéus há muitos, arquitectos há muitos, mas pessoas como o Siza, não. Há quem considere inquestionável a influência de Mies van der Rohe na sua obra... Influenciou muito no princípio e continua a influenciar agora, mas não sob o ponto de vista figurativo, a imagem do Mies interessa-me menos, porque é muito depurada, muito existencial e muito abstracta. À medida que o vou estudando, porque é um arquitecto que gosto imenso, vou-o conhecendo melhor e vou falando com ele, e percebo cada vez mais que era um homem cheio de contradições e que gosto daquilo que ele fazia e que não fazia. Muitas vezes ensaiava projectos, coisas completamente diferentes, era um homem inquieto, um desassossego como o Fernando Pessoa, não com vários heterónimos mas tinha uma contradição entre o ser moderno e neoplástico aberto, e no fundo era um homem clássico que adorava a arquitectura grega. Mas por exemplo, na Bauhaus nunca introduziu a cadeira de história porque não achava necessário, mas por outro lado, passava férias na Grécia e gostava, então porque não adoptava isso na escola dele? Porque propunha as casas em vidro? Porque desenhava mobiliário, como a cadeira de Barcelona, e a sua própria casa tinha as janelas sempre fechadas e estava sempre às escuras? Esse aspecto contraditório eu gosto imenso. Esse aspecto é de um novo Mies que eu vou conhecendo melhor e que me interessa como gestor das suas contradições. Isso não é tanto figurativo, no sentido da sua caligrafia, mas no sentido da atitude e de conhecer os problemas, um outro Mies que não é tão publicado e que não é identificado logo à primeira, mais iconoclasta. Que outros a “contaminam”? Depois descobri o Luis Barragán, um arquitecto mexicano que tem aspectos que me interessam porque não se desligou da arquitectura universal, nem da história da arquitectura e das inovações modernas, sendo influenciado pelo Corbusier e pelo próprio Mies, mas depois consegue introduzir nas suas obras uma cultura e identidade local, do seu país, da cultura mexicana, não só sob o ponto de vista pictórico, como as cores e o mobiliário, mas também muito ao nível da escala e das proporções. Ele conseguiu ligar essas duas coisas, tal como o Herzog que nas primeiras obras, hoje nem tanto, embora seja um arquitecto muito radical e muito moderno, nunca deixa de ser suiço. O Siza, por exemplo tem uma capacidade única de fazer as coisas, uma capacidade notável de ser holandês na Holanda, Português no Porto, Pombalino na Rua do Alecrim, é uma capacidade e inteligência de perceber as situações. O Siza, o Herzog, o Barragán e o Mies são arquitectos que eu gosto. Neste momento há um arquitecto que tem tido um percurso notável e que eu também cada vez gosto mais, que é o Chipperfield, as últimas obras que tenho visto dele acho sempre melhores que as anteriores. Para muitos, concebeu o estádio mais arrojado do Euro 2004. O estádio do Bari, do Renzo Piano, foi uma influência? Não, mas foi o estádio que mais visitei antes de fazer o do Braga, porque não percebia nada de futebol. Fiz um percurso de viagens para ver estádios, nessa altura o futebol tinha mudado muito, de uma espécie de desporto passou a ser um negócio e o que manda no futebol são as transmissões

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pela televisão que é o que dá dinheiro, e portanto, a pessoa quando pensa no futebol, pensa no relvado, três árbitros, onze jogadores de cada lado, e isso é o pressuposto, são os actores de uma cena que se vai passar, mas o importante é o que vai sair dali, a filmagem, que depois vai para todo o mundo. Depois há a segurança, que é outro ponto importantíssimo e que não é só a dos espectadores. Tem de ter circuitos complicadissimos, porque os políticos ou dirigentes não podem estar em contacto com o público, não podem estar em contacto com os jornalistas, não podem estar em contacto com os jogadores, mas há uma altura em que eles têm de estar todos em contacto, quando a equipa ganha e tem de receber a taça, e o jornalista tem de ir ao balneário e no mesmo momento ainda tem de estar o Rei de Espanha. Portanto, tudo isso tem normas de segurança e de funcionamento, logo fui visitando estádios, e o estádio que mais visitei foi efectivamente o do Bari, do Renzo Piano. Que tipo de dificuldades existem quando se concebe um espaço para receber o trabalho de Paula Rego? A personalidade peculiar da pinto-

tenho uma muito boa impressão da câmara de Cascais, já fiz um projecto de umas casas e o processo correu muito bem. Relativamente ao processo criativo, diz que o acto de desenhar tem para si como fim resolver um problema, e que a ideia da imaginação não existe. Não há mais nada para inventar? Haver há, até porque existem sempre novos problemas por resolver. Os problemas são sempre resolvidos, o que acontece é que há circunstâncias diferentes e novos materiais, e os novos materiais obrigam a reinventar sistemas construtivos, e os sistemas construtivos propõem novas linguagens. Mas isto é um processo, tudo isto tem regras, não é levantar-me de manhã e pensar: eu hoje estou virado para o neo-gótico! Disse em tempos que era pretensioso dizer que um edifício é sustentável... Não faz sentido porque o ser sustentável é um dos aspectos da arquitectura, não se pode definir o todo pela parte. Não há arquitectura susten-

Casa das Histórias de Paula Rego ra foi uma influência? Influenciou no sentido da insegurança pela personagem que é, mas só por isso. Se falhar a desenhar um galinheiro, não tem problema, se falhar a desenhar um hospital é muito mais grave, e a Paula Rego como é uma figura pública, e antes de mais foi ela própria que me escolheu como arquitecto, o que levou a que eu ficasse com uma responsabilidade enorme. São expectativas diferentes: uma coisa é entregar um concurso outra coisa é ter alguém que diz, eu quero este arquitecto a desenhar para mim! Isso quer dizer que confia muito em mim e o grau de fracasso ou de desilusão é grande. No final, tivemos duas ou três reuniões, entre o Porto e Londres, deu-me o exemplo de uma coisa que gostava, a Tate, e fiz o que fiz... E o que o levou a aceitar o convite? Várias coisas. Primeiro não tinha razões para lhe dizer que não. Segundo, fazer um museu é um tema aliciante, sabia que o conteúdo ia ser bom, e terceiro porque era para nascer em Cascais onde eu sabia que havia dinheiro, e existia um conjunto de condições favoráveis. Eu

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tável, a arquitectura tem que ser sustentável, caso contrário não é arquitectura, é insustentável. E houve sempre tendências para definir a arquitectura por adjectivos: arquitectura sustentável, inteligente, domótica... E que, “um edifício inteligente é a coisa mais estúpida do mundo”... Claro, é o mesmo que uma pessoa dizer: eu sou muito inteligente. Ficamos logo de pé atrás, e pensamos, este individuo é um idiota. Só um burro diz que é muito inteligente. Portanto os edifícios também não podem dizer. São slogans de marca, é como meter anúncios nos jornais para vender apartamentos a dizer, tem video-porteiro, é um edifício inteligente. Na minha opinião o que é difícil na arquitectura é conseguir conciliar, porque a arquitectura é uma arte social onde convergem muitas coisas, o lado artístico da arquitectura é muito redutor, não é como os pintores ou os escultores que não têm censura, nós temos. Primeiro porque para fazer tem que se pagar, senão não há obra, se não houver ninguém que construa o edifício não há o arquitecto que o vai fazer. A arquitectura é muito enformada. A imaginação serve para conciliar essas matérias todas que a arquitectura tem de ter, e depois se um

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deles se valoriza, se o edifício se demarca, passa a ter esse carácter de arte, mas são os outros que lhe atribuem, não é o próprio. As censuras são um factor importante para a arquitectura? Eu acho que sim porque é preciso filtrar e é preciso crítica. Eu tenho de responder perante uma colectividade. Existem muitas pessoas que depois vão levar com aquilo que eu vou fazer, logo não posso fazer o que me apetece. E portanto, quantos mais filtros e críticas houver, mais eu tento me aproximar de uma forma correcta. A arquitectura tem de ser adequada às situações, e quase que nas outras artes acontece o contrário. Eu não posso criar uma instalação sanitária que não é adequada, por exemplo. Mas há arquitecturas de excepção, que rompem com essas situações... Há, os monumentos, os jazigos, porque aqui não há utente, o arquitecto está liberto dessas coisas. E depois há situações de excepção em que a encomenda tem uma forte carga de imagem para um determinado objectivo, como a Expo. Mas isso é um pedido específico, não é a actividade normal. Mantém a convicção de que “há a ideia em Portugal que o arquitecto é o inimigo”? Hoje já não. Em tempos houve essa ideia, eu próprio passei por isso. Aliás, quando disse que queria ir para arquitectura em casa foi um choque, nas sociedades conservadoras a profissão não era muito bemvinda. Mas depois tem vindo sempre a ser diluído, e hoje até acho que os arquitectos estão um bocado na moda. São muitos. E depois se a obra corre bem ou mal vêem as setas, para cima, para baixo. Se as vacas morrerem não aparecem setas a apontar para os veterinários... E sendo um universo tão vasto, com tantos profissionais, vê de bom grado as encomendas às ditas estrelas da arquitectura internacional, como a Casa da Música? Acho bem. Uma coisa não tem que ver com a outra, não se pode proibir os estrangeiros de vir para cá, existe uma coisa chamada livre circulação, o que também me permite a mim ir para o estrangeiro, que é uma coisa que eu gosto e me convêm. Aliás eu até integrei o júri da Casa da Música. Acho que tem que haver presença deles cá e de nós lá. Faz arquitectura low cost? Eu tento não fazer, e ainda tenho essa hipótese, mas a tendência é para que os preços sejam cada vez mais baratos. Uma coisa que eu noto é que no Sul, aqui em Lisboa, os projectos são mais baratos do que no Norte... Fez algumas incursões na área do Design. Como têm sido essas experiências? Sim, fiz, mas é uma coisa mais por continuidade. Por exemplo, se quando desenho uma casa me pedirem para desenhar também uma mesa, faço-o porque se torna num problema para resolver, é mais por esse prisma, deriva da encomenda e não faço disso profissão. Ser designer é muito complicado, é muito duro. As coisas tem de ser testadas, têm de se fazer modelos e protótipos para afinar a forma, o uso, a cor, o preço, é um mundo muito competitivo, e não pode ser visto como um hobbie. Há muito a ideia de que os arquitectos fazem design aos domingos, mas não é assim. O design nasceu para ser uma alternativa bonita e funcional aos móveis tradicionais, e funciona ao contrário, é mais caro que os móveis tradicionais, e não se percebe porque são tão caros quando foram feitos para serem industrializados. O que é que considera de muito bom na sua obra? Acho que das coisas que fiz melhor ou que mais gostei de fazer, actualmente foi a Casa das Histórias da Paula Rego, acho que ficou bem, não acho normal até agora ninguém me ter criticado...Há obras que acho que são melhores que outras, mais que não seja pelo número de vezes

Convento das Bernardas

que são publicadas ou pelos prémios que têm. Talvez tenham criticado tudo o que tinham para criticar no Estádio do Braga... Talvez. Mas os portugueses sempre que podem criticam. Não deixavam para amanhã o que podem criticar hoje. Existe algum programa que agora gostasse muito de fazer? Primeiro gostava de acabar os projectos que tenho emperrados. Mas gostava muito de levar avante a obra de recuperação do Príncipe Real. Primeiro porque é um sítio espantoso, vê-se o rio, o castelo, o jardim botânico, depois porque está tudo emperrado em burocracias e gostava de ultrapassar isso, e depois porque o cliente, a Eastbanc, é fantástico e temos de o tratar bem, que não está a ser o caso. E depois porque nunca construi em Lisboa, e gostava muito. Agora fiz um concurso para Abu Dhabi, um colégio com 80 mil metros quadrados no deserto, e gostei muito de o fazertambém. Fiz uma viagem à Síria e à Jordânia e depois tive de estudar o Islão para perceber, para as formas terem algum sentido, por causa dos materiais e da tradição religiosa, gostei muito de fazer o concurso. E no Porto, o que gostava de construir? Comecei agora a ler um livro que começa assim: “Deus criou o Porto em Vila Nova de Gaia”, e eu percebo perfeitamente, porque das coisas mais bonitas que há em Portugal é o Porto visto de Gaia, por isso é que as pousadas e os hotéis estão todos lá. Um projecto que eu adorava fazer, depois de ter visitado as termas em Vals, Suiça, do Zumthor, era um SPA em Gaia virado para o Porto, acho que era uma coisa muito bonita. Era um projecto que gostava mas não tenho vendido esta ideia. I

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