Adega Mayor, Siza Vieira

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Traรงo de Siza

desenha paisagem alentejana

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Rectangular, arrojado, sereno, e de betão caiado a branco pelo exterior. Esta é a forma como Álvaro Siza Vieira pontua a planície alentejana, de Campo Maior, através de um volume onde a simplicidade exterior contrasta com a complexidade interior

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Texto de Ana Rita Sevilha

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Fotos de João Reis

A proposta em pisos: A planície alentejana de Campo Maior é desde 2006 pontuada pela serenidade da obra de Álvaro Siza Vieira. O arquitecto natural do Norte do pais é o autor da Adega Mayor, o novo espaço do complexo do Grupo NabeiroDelta Cafés. Situada na Herdade das Armagassas, o espaço foi pensado e concebido para produzir e armazenar vinhos, e de acordo com o presidente do grupo, Rui Nabeiro, esta é uma obra de concepção arrojada e diferente do habitual , que vai ajudar a elevar o património alentejano . Sereno na forma como se ergue na planície, o volume de desenvolvimento horizontal e caiado a branco pousa na paisagem através de uma implantação harmoniosa, num morro de declive suave e seguindo um eixo perpendicular às curvas de nível, o que permite acessos a duas cotas sem com isso alterar o terreno envolvente. O rectângulo de 40x120 metros está assim assente numa cavidade existente, erguendo-se em muros de nove metros de altura, e contemplando dois pisos na sua maior extensão, sendo que o topo Sudoeste, que corresponde à entrada principal do volume, é coroado por um terceiro piso, o que lhe confere algum destaque, uma vez que se evidencia no conjunto.

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Piso 0 – Átrio, recepção, acessos verticais, armazém e zona de carga; Piso 1 – Escritórios, laboratório de controlo de qualidade, armazém e sanitários/vestiários de funcionários; Piso 2 – Sanitários públicos, sala para recepção e prova de vinhos, copa e pequeno arrumo e terraço relvado com espelho de água;


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“O volume de desenvolvimento horizontal e caiado a branco pousa na paisagem através de uma implantação harmoniosa, num morro de declive suave e seguindo um eixo perpendicular às curvas de nível”

uma rampa exterior a uma determinada cota, e o processo de produção decorre noutra cota distinta. Desta forma, espacialmente é possível distinguir de uma forma clara à área destinada a produção no piso 0, e uma área destinada aos funcionários da empresa no piso 1, onde estão instalados os escritórios da administração bem como o laboratório de controlo de qualidade. No canto Sudoeste, onde o edifício se eleva mais um piso, Siza Vieira criou a vertente mais social e pública do espaço vinícola. Neste piso, através de um terraço panorâmico, com relvado e um espelho de água central onde Siza colocou um painel da sua autoria que sobrepõe as silhuetas de uma chávena de café, um copo e uma garrafa, é possível avistar a vinha e o olival da herdade. É a esta cota que está instalada a sala de provas, os sanitários públicos e a copa da adega, sendo que no topo oposto fica o cais de entrega da produção, e no espaço compreendido entre estes dois pontos estende-se um corredor por onde se desenvolve o processo de produção e armazenamento do vinho.

Simplicidade versus complexidade A serenidade e simplicidade exterior da Adega Mayor contrastam com a sua complexidade interior, onde zonas públicas convivem com espaços destinados à produção e armazenamento de vinho, bem como áreas para prova e fruição do mesmo. Desta forma, o volume divide-se em duas áreas distintas, uma zona de produção e uma de administração, que compreende espaços destinados à promoção do vinho. Relativamente à zona dita de produção, o espaço interior desenvolve-se em cotas distintas, sendo que a recepção das uvas se faz através de DDDDD

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O betão armado rebocado e caiado a

Ponto de partida Como qualquer outro projecto, a Adega Mayor começou a tomar contornos após uma visita ao local, da qual resultou a apreensão de elementos que se tornaram fundamentais para o arquitecto, na medida em que foram os alicerces para o desenvolvimento da sua proposta. Como explica Álvaro Siza Vieira, na visita ao terreno encontrei dois elementos fundamentais orientadores do projecto e da implantação do edifício: uma estrada, unindo o complexo industrial, e uma afloração de argila compactada, utilizada até agora como depósito de entulho, em vazio escavado para o efeito. Existe assim uma leve afloração num vastíssimo território cultivado e de suave ondulação. A integridade da paisagem natural é reforçada e ordenada pela manutenção da actividade agrícola (plantação de sobreiro e de vinha pelo Grupo Nabeiro). Estes foram os elementos determinantes, associados ao conhecimento da arquitectura da região. O rectângulo de 40x120 metros da adega assenta na cavidade existente e ergue-se em muros quase cegos de nove metros de altura. No topo sudoeste da construção situase o acesso de carga e de visitantes. O volume correspondente eleva-se um piso mais, dando acesso ao terraço panorâmico. No topo oposto situa-se o cais de entrega da produção. No espaço entre os dois topos estende-se, em paralelo, o complexo percurso de produção e a penumbra do armazenamento. O betão armado rebocado e caiado a branco pelo exterior foi o material eleito por Siza Vieira, e a sua implantação surgiu da topografia existente, que segundo o arquitecto permitia uma boa distribuição do programa e acessos. O volume branco e de contornos regulares surge assim na paisagem alentejana e num local destacado da planície. Como refere Rui Nabeiro, São as paixões que nos movem. Quando criamos qualquer coisa, motiva-nos sempre algo que envolve um largo conjunto de emoções, desejos, pessoas, locais, objectivos Foi sempre assim e não é diferente no mundo dos vinhos. Com a grande vantagem de que aqui estamos a criar algo que tem também a ver com um local de eleição, onde estamos a tornar real o nosso projecto . n

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branco pelo exterior foi o material eleito por Siza Vieira, e a sua implantação surgiu da topografia existente, que segundo o arquitecto permitia uma boa distribuição do programa e acessos

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