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BIANCA BLAUTH - São Luís, MA
BIANCA BLAUTH - São Luís, MA Estudante
BEIRA-MAR
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Seis da manhã, há pessoas fazendo caminhada, e outras seguindo apresadas até o ponto de ônibus, o medo reflete seu olhar, claro, quando se sai cedo da manhã há o medo crescente de não voltar mais, a vida moderna trás isso, o medo constante de perder um bem ou a si mesmo.
Perdi dois ônibus, estavam lotados. Quase em desespero consegui pegar um. O motorista grita para nos espremermos um pouco mais, ainda tem pessoas na porta.
Demora duas horas para chegar ao destino final, a universidade. Enquanto isso, observo meu rosto no reflexo de um ônibus de janelas escuras que se emparelha ao meu, faço uma careta, uma cara sexy, e sorrio sozinha.
Olho para a cobradora que deixa cair algumas moedas, e um menininho esconde uma com o pé.
Volto a atenção para a janela, meus pés doem. E o empurra-empurra cansa meus braços erguidos, não há espaço para segurar nas barras ao lado. Quando o percurso completa uma hora, uma cadeira fica vaga, aproveito para sentar. Um suspiro sai da boca quase como uma música. Os pés latejam em agradecimento.
Tento descansar um pouco, uma discussão acontece lá atrás, não viro, é perda de tempo.
Finalmente, chego à beira-mar, as palmeiras entortadas pelo vento balançam, os casarões me levam de volta a um passado que nunca vivi, e vejo o mar. Está cheio, as ondas batem com tanta força nas pedras que se esguicham bem alto. Mais um sorriso me escapa da boca, vejo os barcos cheios de gente indo viajar, vejo pescadores também, mais bem longe, apenas um pontinho. Sorrio, o caminho foi longo, cansativo, mas cheguei bem, e não tenho nada a reclamar. Pois refleti, admirei as mesmas paisagens de todos os dias. Porém nas mesmas paisagens, vejo coisas novas a cada olhada. E mesmo numa vida corrida como essa, percebi um lado poético da vida.