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OSMAR DE SOUZA ALMEIDA JUNIOR - Foz Do Iguaçu, PR
PONTES SANGUÍNEAS
A palavra ponte é um substantivo feminino que significa “tudo que serve de ligação ou comunicação”. No seu sentido arquitetônico, uma ponte é uma estrutura que permite que pessoas e veículos atravessem um espaço entre duas elevações. As primeiras eram feitas com troncos de madeira, galhos ou pedras. O ferro e o aço só começaram a ser utilizados para a construção a partir do século XVIII.
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Com o surgimento da revolução industrial, foi possível a invenção de novos métodos tendo em mente que o desafio era intensificar o sistema produtivo.
A engenharia, atenta ao aprimoramento das técnicas, promove estudos avaliando a atual situação dessas pontes. Mesmo com a constante preocupação em se atualizar com os recursos oferecidos, nada disso é capaz quando uma ponte resolve ceder a sua fragilidade.
Um exemplo disso aconteceu em 2018 na cidade de Gênova, na Itália. Após uma forte chuva, a ponte Morandi desabou. No momento da queda, havia cerca de 30 carros e entre 5 a 10 caminhões transitando no trecho.
Quarenta e três pessoas morreram. A construção tinha importância geográfica ao ligar cidades no Norte da Itália ao Sul da França.
Vários avisos foram feitos ao Governo Italiano que não deu a devida atenção. Após a tragédia, análises provaram o que todos já sabiam. Nem as pontes são pacientes com a passividade política. Falando em política, um dos mais importantes presidentes Americanos já sabia detectar nas entrelinhas o que significava humanisticamente uma ponte.
Franklin Roosevelt disse uma vez que através da construção de uma ponte podese medir o progresso de um povo. A sua construção mostra o quanto o homem pode ir longe. Ele propõe a interação entre as pessoas, fazendo com que despertasse a tradição da amizade e do bom companheirismo. Até porque para entender da vida e dos próprios costumes é muito importante compreender o que existe do outro lado.
Entender que para consertar o próprio tempo é necessário sobreviver à teimosia das pessoas. Entender que por mais que nossa teimosia insista que estejamos certos, só aprendemos algo quando somos expostos ao outro. Uma vez ouvi dizer que uma pessoa só morre, quando a última pessoa que conhecia ela, também morre. E isso prova que a memória resiste à morte, sabendo que a morte só existe quando não pensamos nela. Por isso preferimos pensar em construir pontes. Mas não pontes de aço e concretos. Preferimos construir pontes através de nossas correntes sanguíneas. Sem dúvida, descobrir o segredo da vida supera a racionalidade. Um apaixonado prefere enfrentar o oceano a enviar uma mensagem dizendo que está com saudades.
Talvez alguns nasçam sabendo, talvez outros tenham que cavar para descobrir. Mas sempre que haja a possibilidade, a melhor forma de deixarmos nossa marca no tempo, é construindo pontes. E para que isso aconteça não é necessário contratar um engenheiro. A única coisa que você precisa fazer é estender a mão e cumprimentar quem está na sua frente.