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DEIZIANE PIUCCO BORGES - Criciúma, SC

MEU OLHAR

Estou em uma profissão incerta. Já nem sei se falo do que faço como uma profissão ou um “robby”. Mas alguém me disse que quando uma pessoa tem dom, se dedica.

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Vou lembrando das vezes que consegui mudar de alguma forma a realidade de alguém: minhas palavras de conforto, de carinho, livros indicados por mim, primeiros livros lidos por eles, evolução na leitura, minha sensibilidade de perceber que algo aconteceu na vida do outro, meu dinheiro cedido para ser comprado o material necessário, a oportunidade de inserção cultural artística, o ouvido para ouvir a voz de quem não tem voz e o conteúdo que foi internalizado pelo aluno. Espero que exposto e compartilhado pelo mesmo.

Pois é, sou professora. Muitas vezes, eu me sinto perdida nas incertezas do ócio, nas dificuldades enfrentadas por não ter uma estabilidade na profissão. São nessas horas de crise que acontece algo para me tirar o conforto de vítima infeliz que errou e erra feio nas escolhas de seus estudos. “Estudo” no plural porque nunca paro de estudar. Às vezes é conveniente pensar em parar e mudar o rumo profissional, pois no fundo eu sei que há uma grande carga social, afinal, lidamos com seres humanos.

Por que, alunos, por que fazem isso comigo? Mesmo sem saber, vocês me impedem de parar e, ao contrário, estou mais leoa, estou bem mais feroz, lutando por vocês a cada insanidade de alguém que os julga! Também estou bem mais manhosa, chorona e derretida. Chega de me fazerem chorar de emoção a cada conquista de vocês, a cada progresso como aluno e como ser social!

Assim não dá! As lágrimas já querem rolar e as vistas nubladas neste momento em que escrevo. É uma água que evito deixar cair porque fiquei sabendo e vou compartilhar: quando choramos, perdemos proteínas. Mas também são colírios naturais para os olhos. E eu amo enxergar, é algo que sempre agradeço por ter em minha vida - a Visão. É lindo poder ver as cores do dia, da noite, dessa natureza espetacular que o Brasil abriga em seu extenso território e do rostinho dos meus alunos do ontem, do hoje e do amanhã. Então, pelo segundo fato, deixo rolar uma ou outra lágrima só de lembrar dos alunos que me agradecem, que me encontram na rua e me abraçam, que lembram meu nome, que sentem saudade das aulas, que contam como estão...

Se isso não for o lado poético da vida, então rasgo meu diploma e “deleto” as horas que passei e que passo em frente ao computador. Mais do que poético, mais do que uma bela música, mais do que um doce sabor - é o sorriso sincero de quem confia em mim para contar algo ou mostrar um texto que outros não têm acesso. Os alunos possuem lindas aptidões e devem ser mais valorizados. Por isso, lanço meu olhar sobre eles com orgulho, orgulho de ser professora desse país de grandes escritores e de artistas resistentes.

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