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GUILHERME HURTADO - Belo Horizonte, MG

PLANTAS

Eu era pequeno e conversava com as plantas. Queria saber delas não sei exatamente o quê, mas insistia. Era criança e olhava para elas com respeito. Do silêncio, saíam as palavras que mais me tocavam. Os sons tinham cheiro de calma, de ternura. Durante o dia, elas pouco falavam. Gostavam da mansidão escura. Tinham mais o que dizer e seus perfumes eram melhores compreendidos, inclusive por aqueles que, vez ou outra, as olhavam por trás dos vidros. Eu, criança, sempre entendia tudo, só não sabia como fazer perguntas. Certa vez, uma delas murchou e mudou sua cor. Mas como o que é tão puro e belo pode, tão de repente, ficar seco... Indaguei ao vendedor de flores que passava. Pela primeira vez, fiquei sem entender uma resposta, no entanto percebi algo diferente: eu aprendi o que perguntar. Já não era mais criança e as plantas não me importavam mais.

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