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JEAN JENTZ TEIXEIRA - São Sepé, RS
NA DOR TAMBÉM HÁ POESIA.
Certo dia estava no hospital, e lá a gente vê muitas coisas, gente chorando, pessoas cansadas, médicos tentando salvar vidas, emergências, óbitos. É um lugar que o "sorriso" está restrito a poucos momentos. Confesso que neste dia, vivia um momento delicado. Estava visitando meu padrasto Diomar, que tinha se operado a pouco tempo. Embora ele estivesse a salvo, nunca é bom ver pessoas que amamos, doentes.
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Nesta visita, tentei reanimar os brios dele. Dar uma palavra de esperança, afinal ele estava na UTI se recuperando. Ficou muito feliz pela visita, mas disse-me que estava cansado de estar lá. Se notava pelo olhar dele o cansaço e uma certa tristeza. Eu o entendia perfeitamente. Os horários de visitas na UTI são de apenas 30 minutos, o tempo passa voando. Quando terminou o horário de visita da manhã, me despedi e desci.
No caminho, uma imagem mexeu comigo. Vi uma criança respirando com a ajuda de aparelhos, ao mesmo tempo, sorrindo para sua mãe que a acompanhava. Foi a cena mais bonita que presenciei no hospital. O riso daquela menina contagiava todos a sua volta, e aquilo foi como uma luz intensa e brilhante no meu dia. Fiquei a refletir sobre aquele ser e sobre a força que esta criança tinha. Não sabia o que se passava com ela, mas ver aquela simpatia toda me trouxe uma esperança.
À tarde, tinha mais alguns minutos para ficar com meu padrasto. Desta vez estava disposto a voltar lá e arrancar um sorriso dele. De alguma forma, o que aconteceu de manhã me motivou a também fazer o dia de alguém melhor. E consegui. Quando voltei lá, em algumas poucas palavras e alguns olhares, arranquei um riso dele. Fiquei muito feliz por fazer o dia dele melhor, mesmo em seu momento mais delicado na vida.
É aí que está o lado poético da vida. Da gente conseguir enxergar a poesia, seja no sorriso da menina dentro de um hospital. Nas horas difíceis também há poesia e aprendizado. Mesmo nos momentos mais tristes da nossa vida, há coisas boas. Naquele dia recebi uma grande lição. Devemos ser gratos sempre, mesmo passando por turbulências. Pois, elas sempre nos ensinam algo, basta que estejamos dispostos a aprender.