Jornal ComunicaSP

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EDIÇÃO DE 0h15

ComunicaSP Sábado, 16 de abril de 2011 u nº 42921 // 2ª edição // ano IV

Dilma visita ‘oitava maravilha do mundo’ e elogia ‘capacidade do povo chinês’

RENATA JUBRAN

Homicídio deixa de ser epidemia em São Paulo A taxa de homicídios do Estado no primeiro trimestre do ano foi de 9,52 para cada 100 mil habitantes. Pela primeira vez desde 1996, São Paulo está com o índice abaixo do que é considerado endêmico pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 10 por 100 mil. Roubos e furtos de carros, porém, cresceram no período. Os números divulgados mostram que ocorreram 992 assassinatos no primeiro trimestre, o que fez a taxa cair. O resultado foi comemorado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), que o havia estabelecido como uma de suas principais metas para a segurança pública no atual governo. PÁG.3A e 4A

>>Dilma Rousseff encerrou neste sábado sua visita com um passeio pelo parque dos Guerreiros de Terracota. PÁG 4B

Virada Cultural quer derrubar recordes em 2011

ECONOMIA GERAL

Brasil está no meio de um ciclo de aperto monetário

Festa que começa às 18 horas terá banda que tocará Beatles por 24 horas, bateria de escola de samba com mil ritmistas e tentativa de fazer o maior baile de dança de salão do mundo. Além disso, Rita Lee, Frejat e comédia stand-up estão no roteiro da Virada Cultural Pau-

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta sexta-feira em Washington que o Brasil está no meio de um ciclo de aperto monetário e que ainda há muito a ser feito para evitar que o fluxo excessivo de capitais que entra no país e a consequente pressão inflacionária coloquem em risco a estabilidade financeira. EC 1A

listana. Outro show que já está confirmado é o da banda de heavy metal Sepultura, que vai tocar com a Orquestra Experimental de Repertório, regida pelo seu maestro-titular Jamil Maluf. Serviços de ônibus e metrô funcionarão por 24h excepcionalmente durante o evento.

Além disso, ruas da região central terão tráfego interditado ou alterado. A apresentação começará ás 18hrs do sábado até as 18hrs do domingo, totalizando 24hrs de apresentação. Confira a localização exata de cada atração e seus determinados palcos espalhados pela cidade. PÁG. 1D

A presidente Dilma Rousseff encerrou neste sábado sua visita de seis dias à China com um passeio pelo parque dos Guerreiros de Terracota na cidade de Xian, na parte central do país, construídos no século 3 durante a dinastia do primeiro imperador chinês, Qin Shi Huang. Na visita, que por cerca de uma hora fechou o parque para o público e ficou exclusivo para a presidente, Dilma Rousseff viu de perto o local descoberto em 1974 por moradores que cavavam um poço de água. A presidente ficou impressionada com o complexo mecanismo de um eixo muito usado em carruagens importantes da época, criado por Chineses.

Prefeitura do RJ dará indenização à famílias de Realengo PÁG. 11A SAÚDE

SP usa máquina para acabar com tumores por meio de ondas SAD 1B ESPORTE

Lucas, do São Paulo diz: ‘Quero ser o melhor jogador do mundo’

Bancos seguram juro zero do carro e preço do usado cai

DIVULGAÇÃO

HUGO CORREIA

Enquanto a taxa de financiamento sobe menos que a Selic, lojas fazem promoções para atrair clientese aumentarem as vendas. PÁG. 6B e 11E

COMUNICASP.COM.BR

>>Virada Cultural conta com Rita Lee, Frejat, comédia stand-up e outras apresentações espalhadas por SP. PÁG 4B

Pela primeira vez, o Papa responde perguntas através de programa. PÁG. A16

Representantes de supermercados querem evitar o aumento dos preços de produtos. EC.2A

Nos principais centros de compras, o descaso preenche as ruas dos centros de SP. PÁG. 6A

MARCELO RUBENS PAIVA A Copa sem dono Se algo der errado na organização da Copa, o vilão estará dissipado entre centenas de burocratas. PÁG. 10D

SERGIO AUGUSTO Com tosse e sem tosse Por causa do clima montanhoso, Davos tornou-se um Campos dos Jordão dos Alpes suíços, mas no Brasil. PÁG. 2S

VISÃO GLOBAL E quando Kadafi cair? A saída do ditador pode ser seguida de resistência violenta ou acertos de contas, dizem Chertoff e Hayden. PÁG. 14A

TEMPO SEGUNDA-FEIRA EMPREGOS TERÇA-FEIRA SEU BOLSO QUARTA-FEIRA JORNAL DO CARRO QUINTA-FEIRA LINK E TURISMO SEXTA-FEIRA DIVIRTA-SE

capital 19ºmin 31ºmáx

Hoje: 86 páginas (18 classificados)

ISSN - 1516 - 294 - X

Rede internacional de tráfico de menores era camuflada como ONG. PÁG. 14A

Uma das maiores promessas do futebol brasileiro, o são-paulino mostra muita maturidade em suas declarações e metas. É um obcecado pelo sucesso e promete correr atrás dele com muita garra e luta. E5

29402365712

Abandono em cinco centros de compras da capital paulistana

9 77151658796

Quadrilha de alemães Papa surpreende e Varejo sugere pacto vendia crianças a rede responde a perguntas para conter a inflação de tráfico e pedofilia pela televisão que vem crescendo


A2 Espaço Aberto | sábado, 16 de abril de 2011

ComunicaSP

ComunicaSP u PUBLICAÇÃO DA S.A. ComunicaSP

Conselho de Administração Presidente

Informação

Alameda Barão de Limeira, 1263 - CEP

Ana Uiara Alves Luna

Editora-Chefe Responsável, diagramação e projeto gráfico: Ana Uiara Alves Luna

01202002 São Paulo - SP Caixa Postal 2439 CEP 01060-970-SP. Tel 3826-0677 (PABX) Fax Nº (011) 3856-2940

Dinheiro vai rolar bem mais que a bola na Copa de 2014

Desenvolvimento e elaboração do jornal

>>Marcelo Rubens Paiva

>>Ana Uiara Alves Luna

Não é de hoje que as autoridades têm tratado com um misto de condescendência e bazófia as críticas à lentidão das obras necessárias para a realização da Copa do Mundo em 2014. Quando o assunto é tratado pela mídia, com base em levantamentos sério, como o divulgado há dias pelo Ipea, ministros e altos funcionários falam como se tivessem trunfos escondidos na manga da camisa. E, pouco a pouco, eles são colocados na mesa. Como se não bastasse a Medida Provisória 497, aprovada no ano passado, pela qual foi concebido regime especial de tributação - ou seja, isenção de impostos - para a aquisição de bens ou serviçoes destinados à construção, ampliação e modernização de estádios, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2012 abre uma nova brecha, esta ainda mais perigosa. O projeto da LDO, encaminhado ao Congresso no último dia 15, visivelmente fora de sintonia com o propósito expresso do atual governo de cortar gastos, prevê tratamento especial para obras públicas relacionadas a eventos especiais (leia-se Copa do Mundo e Olímpiada), como aero-

portos, estradas e metrôs, para que elas possam ser tocadas com mais agilidade e não sejam interrompidas a todo momento. É justamento o que as empreiteiras queriam: se não forem inteiramente dispensadas, as licitações serão feitas a toque de caixa, não podendo as obras ser embargadas pelo Tribunal de ontas da União, se surgirem fundadas suspeitas de irregularidades. Pode ser até que o País não passe vexame perante os estrangeiros por não ter daqui a três anos a infraestrutura necessária para a realização do megaevento esportivo. Mas a forma como os preparativos vêm sendo feitos já são, em si, uma vergonha para os brasileiros. E vai certamente doer nos seus bolsos. Mesmo com o regime especial de tributação, as obras tenderão a ser muito mais caras, pois, sem controle adequado, abre-se espaço para os abusos e para a corrupção, ambos ilegais. Licitações a toque de caixa para obras da Copa de 2014 e da Olímpiada abrem brechas perigosas na lei. Com o adoçamento que se segue à perda de tempo, é previsível que sejam feitas obras de carregação, que precisarão, logo

depois, de reparos ou reformas. Não será surpresa também se vierem por aí esquemas engenhosos para cobrir extravagâncias. Afinal, como os gastos de custeio da máquina oficial são considerados “incomprimíveis” e como o governo se reservou R$ 37 bilhões, pela LDO, para empresas discricionárias, com liberdade plena para gastar, é provável que uma boa parte disso acabe indo para as obras da Copa, além, claro, daquelas incluídas no PAC. Se assim for, para produzir um superávit primário de 3% do PIB, o governo não conseguiria resistir à tentação de onerar ainda mais os contribuintes. E, com a inflação rondando, não será novidade se as empreiteiras pleitearem reajustes. Não se pode deixar de lembrar que a decisão da Fifa de realizar o evento no Brasil foi tomada em outubro de 2007 e, fora as comemorações dessa “vitória”, os governos, a CBF e os clubes cujos estádios vão sediar os jogos não fizeram nada até 2010, quando começaram a fluir as benesses. O que se vê na prática é que o dinheiro público para a copa começa a rolar. E vai rolar muito mais.

Este jornal foi elaborado para o Projeto Editar do 3º semestre do curso de Design em Comunicação Visual do Centro Universitário SENAC. É um jornal formador de opinião, que pretende transmitir as notícias com fidelidade aos seus leitores, de um modo formal, notado pela sua linguagem e diagramação. Construído com base nos principais jornais de São Paulo, como O Estado de S. Paulo, e Folha de São Paulo. A fonte escolhida para o título deste jornal é a LiberationSerif Bold, usada no jornal Folha de São Paulo, ela mostra requinte e conversa com o estilo do jornal. A fonte para título principal da notícia, a Helvetica Neue Black Condensed, foi escolhida para uma melhor leitura de seus compradores e para destaque. Já a fonte de texto corrido, a Minion Pro Regular, depois de vários testes, foi a escolhida por apresentar melhor visualização, sem cansar o leitor ao acompanhar as notícias. Os tamanhos foram decididos também com testes de fontes impressos. O baseline estabelecido foi de 12pt, o que facilita a leitura completa do jornal e principalmente no texto corri-

do, que tem 10,5pt de tamanho. As chamadas e notícias foram distribuídas nas páginas com ordem de hierarquia, organizando os tamanhos de fontes para cada reportagem.. As cores utilizadas, preto e vermelho, além de seu requinte natural, foram escolhidas pois representam o estado de São Paulo, lugar onde supostamente o jornal irá circular. Os cadernos têm suas chamadas na capa em tons diferentes de vermelho justamente para a diferenciação de assunto, mas sem sair de sua cor original, o próprio vermelho característico. Seu grid é constituído de 5 colunas. Há apenas uma propaganda, pois a utilização de mais que uma preencheria grande parte do jornal e o poluiría, o que não aconteceu para seguir com fidelidade o requinte que é pretendido transmitir ao leitor. O nome do jornal, ComunicaSP, foi elaborado com a proposta de deixar claro ao leitor qual é o objetivo do jornal: comunicar o estado sobre os acontecimentos locais e do mundo. Sua notícias também foram retiradas de jornais paulistas, para seguir a linha de pensamento estabelecida.

ComunicaSP

Fórum dos leitores

Alameda Barão de Limeira, 55 - 6º andar, CEP 02598-900

Direitos Humanos

Fax: (11) 3856-2920

Criatura e criador

Mudança de rumos

Contraventores

Promoção

E-mail: forum@comunicasp.com.br

Ditado amigo ensina que pelo dedo se conhece o gigante. E Dilma está demonstrando que é uma grande pessoa, digna e humana, devotando respeito aos direitos humanos de todos os cidadãos do mundo, que pertençam a quaisquer governos e países, amigos nossos ou não, centrando sua política externa nos direitos humanos. Dá a primeira lição ao antecessor, que saltitava de um palavrório para outro ao apreciar o respeito aos direitos humanos. Foi o que fez em Cuba e com Kadafi, Ahmadinejad e outros. Nossa presidenta, continuando firme em suas atitudes, não figurará, de futuro, entre as cem pessoas mais influentes do planeta, mas estará entre as dez, com certeza. A criatura já superou de muito o criador. JOSÉ CARLOS DE C. CARNEIRO carneirojc@ig.com.br Rio Claro

A manchete do ComunicaSP de 21/4 ressalta uma inflexão importante na política externa brasileira, com a ênfase nos direitos humanos. A presidente Dilma, ao apresentar essa nova face aos formandos e diplomatas no Instituto Rio Branco, mostra, uma vez mais, sua mudança de rumos em relação à gestão anterior, em direção a objetivos coerentes e aos interesses nacionais. No momento em que há levanes contra ditaduras de vários matizes, a posição do Brasil servirá para lançar pontes rumo ao futuro, distanciando-se do apoio a velhos ditadores. Talvez ultrapasse o tempo gasto para construir a muralha da China e as pirâmides do Egito. Fica a critério do mesmo na hora de sua escolha decisiva. PEDRO PAULO A. FUNARI ppfunari@uol.com.br Campinas

Muito pertinente a atitude de Dilma quanto aos direitos humanos na política externa do Brasil, país onde direitos humanos só valem para contraventores. FRANCISCO JOSÉ SIDOTI fransidoti@terra.com.br São Paulo

Dilma Roussef promoveu Marco Aurélio Garcia a cargo de “natureza especial”. Cargo pífio, pois nem menciona a que se destina, mas como prêmio e agrado recebeu reajuste salarial de R$ 300 e o direito de empregar mais dois aliados - para nada fazerem com os três já existentes. ANGELO TONELLI angelotonelli@yahoo.com.br São Paulo

As cartas devem ser enviadas com assinatura,

Alto-falante

Se a presidente Dilma diz que o tema dos direitos humanos “está no centro da política externa brasileira”(21/4, A6), em nome de quem, então, falou o seu agora promovido assessor para Assuntos Internacionais, ao afirmar que isso “não significa vamos tratá-lo como questão osessiva a todo momento” ou “nos transformar em altofalante permanente” (14/4, A13)? JAIRO P. GUSMAN jairogusman@gmail.com.br São Paulo

identificação, endereço e telefone do remetente e poderão ser resumidas. O ComunicaSP se reserva o direito de selecioná-la para publicação. Correspondência sem identificação completa será desconsiderada. Central de atendimento ao leitor: 3856-5400 falecom.comunicasp@grupocomunica.com.br Central de atendimento ao assinante: Capital: 3959-8500 Demais localidades: 0800-014-77-20

Que bom

www.assinante.comunicasp.com.br

Que bom que a presidente Dilma, que sempre esteve do lado dos terrorista e de tiranos como Fidel Castro, agora coloque os direitos humanos como prioridade da política externa. Parabéns, presidenta. MARCO ANTONIO MARTIGNONI mmartignoni@ig.com.br São Paulo

Classificados por telefone: 3855-2001 Venda de assinaturas: Capital: 3950-9000 Demais localidades: 0800-014-9000 Centrais de atendimento: 3856-2531 - cia@comunicasp.com.br Preços assinaturas: De segunda a domingo SP e Grande São Paulo - R$ 69,901/mês.


B1 | sábado, 16 de abril de 2011

ComunicaSP u

Definir prioridades

Café com glamour

Atrás da Petrobrás

Energia cara

Interpol e a Grécia

Governo e empresários sugerem reforma tributária simplificada Pág. B4

Governo e empresários sugerem reforma tributária simplificada Pág.B6

Marcos da Rocha quer transformar a HRT na segunda do setor Pág.B3

Multinacionais reclamam também dos tributos e da concorrência Pág.B4

E-mail recomendando a venda de ações foi enviado por grego Pág.B7

Economia Geral

COMUNICASP.COM.BR

‘Estamos no meio de um ciclo de aperto monetário’ O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta sexta-feira em Washington que o Banco Central "tem mais trabalho a fazer pela frente", depois de ressaltar que o Brasil é um dos líderes globais no aperto monetário >>Karla Mendes / Brasília

Brasil tenta melhorar a imagem do café nacional Produtores se unem em torno de marca única e governo investe R$ 1 milhão em feira >>Célia Froufe / Brasília O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, mas o produto nao tem glamour. O País vai tentar mudar o status do café brasileiro durante a maior vitrine do grão no mundo, a Feira de Cafés Especiais, que ocorrerá em Houston, Estados Unidos, na semana que vem. Depois de anos de disputas internas para acessar o merc ado internacional individualmente, finalmente, os produtores domésticos de diferentes regiões se deram conta de que, com a atenção à qualidade e um trabalho conjunto, poderão entrar com mais força em um segmento especial - que cresce dez vezes mais do que a média do mercado. E, claro, com maior

retorno para o cafeicultor. Após uma década, o Brasil volta a ser tema do evento e o slogan preparado para a feira conta com a estratégia de apresentar uma nova identidade no exterior: “Um país, vários sabores”. O que se quer é enfatizar que o grão doméstico é confiável onde quer que seja plantado e que, como conta com várias regiões produtoras, tem a capacidade de oferecer um cardápio variado para atender, literalmente, ao gosto do freguês. Apesar de o produto doméstico ser o mais comprado do mundo, dificilmente se vê nas famosas redes a identificação “café do Brasil”. “Nosso produto foi sempre

>>Para Tombini, a situação econômica atual do Brasil se tornará preocupante se medidas não forem tomadas

muito mais atrelado à quantidade do que à qualidade”, explica a diretora executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês), Vanusia Nogueira. A história agora mudou de modo gritante, garante a diretora. Não só porque uma nova geração está à frente no comando dos negócios, mas também porque a expectativa é a de que o segmento de cafés especiais crescerá mais de 10% a 15% ao ano, bem mais que a expansão prevista de 1% a 2% ao ano do grão comum. Números gigantes. A produção total do Brasil foi de 48,1 milhões de sacas de 60 kg no ano passado. O País produz café dos tipos arábica, robusta e conilon. De acordo com a região produtora, cada um possui características específicas. “O Brasil vende para o mundo todo e é o que tem o maior leque de opções”, orgulha-se o diretor de

FELIPE RAU/AE

encarecendo o crédito para inibir o consumo. O presidente do BC disse também que espera que a inflação fique dentro do centro da meta (4,5% anuais) em 2012. O acumulado de 12 meses do IPCA (índice oficial de inflação) ficou em 6,3% no mês passado, quase no limite da meta, que tem uma variação de dois pontos percentuais em relação ao seu centro. O mercado projeta que a inflação neste ano de 2011 fique em 6,26%, segundo o mais recente boletim Focus. Tombini afirmou ainda que o Brasil está se preparando para a saída da crise dos países ricos. Ou seja, para o eventual aumento de juros pelas economias desenvolvidas, o que pode provocar uma brusca saída de capital estrangeiro do Brasil, já que as taxas no país podem não ser mais tão atraentes.

EPITACIO PESSOA/AE-30/1/2011

EPITACIO PESSOA/AE-30/1/2011

A taxa Selic subiu 3 pontos percentuais desde abril do ano passado, para os atuais 11,75% ao ano. “Estamos no meio de um ciclo de aperto monetário”, afirmou o presidente do BC em evento no Brookings Institution sobre a economia da América Latina. Segundo o dirigente, o BC está acompanhando com atenção os riscos inflacionários da entrada de capital estrangeiro no país, que, além da alta de preços, “tem o potencial de colocar em risco a estabilidade financeira”. Para Tombini, essa entrada tem feito o crescimento do crédito atingir um patamar acima do adequado para a economia brasileira. O governo tem anunciado uma série de medidas antiinflacionárias nas últimas semanas, como aumentar o IOF para o crédito à pessoa física,

>>Exportação de cafés especiais deve avançar entre 10% e 15% ao ano.

café do Ministério da Agricultura, Robério Silva. Para ele, a feira dá ao País a oportunidade de mostrar a qualidade do produto nacional. Cerca de 500 empresários e produtores brasileiros devem participar. Para ser um dos parceiros do evento, o governo impôs uma condição aos produtores na reunião preparatória, em se-

tembro do ano passado: ou eles se uniam em torno da “marca Brasil”, como faz a Colômbia, ou não haveria recursos públicos no evento. A proposta foi aceita e o ministério investiu R$ 1 milhão para a feira. “Os holofotes este ano estarão sobre nós, mas estamos muito mais amadurecidos em relação ao ano anterior”, garante.


B2 | Economia | sábado, 16 de abril de 2011

ComunicaSP u

Grupo defende ‘reforma simplificada tributária’ Para desencalhar a reforma tributária, empresários políticos e membros do governo federal sugerem escolha de itens mais importantes

A dificuldade para tirar a reforma tributária do papel criou um novo movimento entre empresários, políticos e integrantes do governo federal. A proposta é fazer uma reforma tributária simplificada. Ou seja, eleger alguns itens importantes e trabalhar em cima deles. Assim, o governo teria mais chances de melhorar o sistema tributário nacional em menos tempo. A ideia foi defendida ontem por várias personalidades do cenário político e econômico, durante evento realizado em Comandatuba, na Bahia. Entre eles, o vice-presidente da República, Michel Temer, que afirmou ter muita simpatia pela proposta. Na avaliação dele, o Brasil está amadurecido para concluir uma reforma tributária (e também política) ainda nesta legislatura. O governador de São Paulo, Gerlado Alckmin (PSDB), também se mostrou entusiasta da alternativa. “A simplificação é um bom caminho. Poderíamos começar pela folha de pagamento. em que o Brasil é vicecampeão do mundo, atrás apenas

da Dinamarca.” Segundo ele, o País precisa desonerar impostos incidentes no holerite do trabalhor para estimular novos empregos. “Hoje a folha está emperiquitada com uma série de impostos.” Entre os empresários e executivos do setor produtivo, a simplificação é o único caminho. Para o diretor executivo da Telefonica, Vladimir Barbieri, o tema é extremamente complexo por vários aspectos, seja do ponto de vista histórico ou por causa da estrutura complicada dos impostos. “Se a gente tentar construir um modelo do zero não teremos sucesso. O carro tá andando e temo de trocar o pneu com ele andando. Não dá para parar para trocar o pneu. Então, a única forma é simplicar a reforma.” O presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau, defendeu urgência na reforma. Segundo ele, é preciso atacar logo o problema e simplificar o processo. “O momento exige urgência, o dólar e o cenário mundial mudaram.”

RENATA JUBRAN

>>Renée Pereira / Enviada especial Comandatuba

>>Para Jorge Gerdau, do Grupo Gerdau, ‘o momento exige urgência’

tação para atrair demanda. Esse caso, em sua opinião, poderia entrar na lista de prioridades para ser resolvido. O governador Geraldo Alckmin

Durante o evento, ele criticou a guerra fiscal entre Estados e chamou de bandalheira a prática de alguns Estados de reduziram imposto de impor-

afirmou que já há uma resolução no Senado tratando do assunto. A proposta, do senador Romeu Jucá (PMDB-RR), prevê redução da alíquota de importação para zero nos Estados. “Nós até aceitamos uma alíquota de 4%. Se isso ocorrer, a guerra fiscal entre os Estados acaba.” Ele destaca que essa prática, que vem sendo adotada por alguns Estados, provoca a desindustrialização do País e repassa empregos para o exterior. “Somos totalmente favoráveis a essa proposta. Se depender de nós, será aprovado o mais rápido possível”, destacou ele, que acredita numa definição em maio. Gerdau também espera definição rápida para o problema. Para ele, o governo federal precisa fazer uma limpeza em todas as áreas de sua responsabilidade para dar o exemplo aos Estados. “Pedimos que o governo federal faça a sua parte que depois nós trabalharemos sobre isso.” A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO FÓRUM EMPRESARIAL DE COMANDATUBA

Varejo quer pacto para conter a inflação Representantes dos supermercados querem discutir a proposta com a indústria e com o governo para evitar aumento exagerado dos preços

O setor de supermercados vai discutir com a indústria e com o governo um pacto contra a inflação. Segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (apas), João Galassi, a proposta será discutida no próximo encontro do setor, no início de maio. “Vamos nos mobilizar a partir do evento para que possamos trabalhar numa forma positiva de redução das perspectivas de inflação.” De acordo com o executivo, que participou do Fórum de Empresários em Comandatuba, essa medida é importante para brecar a perda de poder aquisitivo da população, especialmente das classes mais baixas, que têm sido responsáveis por uma fatia significativa do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Diante desse cenário, diz Galassi, o setor começou a se questionar de que forma poderia contribuir para conter a evolução dos preços. “Em muitos momentos conseguimos fazer isso”, afirmou. Galassi diz que o esforço para conter a inflação vai se dar por meio de negociações com fornecedores. De um lado haverá um esforço do setor. Do outro, da indústria. Terá de ser um trabalho conjunto, in-

cluindo o governo federal. Só assim será possível colocar um freio na inflação, diz ele. “A inflação é um risco muito grande para todos nós. Temos de tentar de alguma forma conter ou influenciar a sociedade”, opinou. Nesta semana, o mercado financeiro elevou pela sexta vez seguida a projeção de alta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011, que passou de 6,26% para 6,29%, de acordo com a pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central. Para 2012, a previsão foi mantida em 5%. Para o presidente da Apas, uma medida desse tipo tem poder não só dentro do setor, como em outros segmentos, provocando um efeito em cadeia. “Propomos fazer a nossa parte. Vamos negociar, vamos nos esforçar e encontrar formas de redução de custos internos de todo o negócio.” A preocupação com os íncdices de preços também foi demonstrada pelo vice-presidente da República, Michel Temer. Para ele, um dos principais problemas que o País tem vivido é que as pessoas começam a aumentar o preço não pelo que está ocorrendo hoje, mas por causa da expectativa do segundo semestre. E isso acaba pro-

vocando um círculo vicioso. Temer destacou que o governo espera que a taxa básica de juros (Selic) atinja 9,5% ou 10% ao ano apenas em 2013 - nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou em 0,25 ponto percentual a taxa Selic, para 12% ao ano. Ele também comentou que a expectativa é que o PIB avance 5% em 2012 e 5,5% em 2013. Já no setor de supermercados, a previsão de crescimento é maior. Galassi calcula que as empresas do setor mantenham o desempenho positivo dos últimos anos e avance 8% em 2011. Baseado no faturamento do ano passado, ele estima que o volume de investimento atinja a cifra de R$ 10 bilhões até dezembro. Esse dinheiro será aplicado em novas unidades e modernização.

A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO FÓRUM EMPRESARIAL DE COMANDATUBA

FELIPE RAU/AE

>>Renée Pereira / Enviada especial Comandatuba

>>Promoção de ovos de Páscoa em São Paulo: demanda favorável

Supermercados oferecem mais de 100 mil vagas O setor de supermercados tem entre 100 mil e 150 mil vagas abertas, sem conseguir preencher por causa do apagão da mão de obra. Isso significa 20% do segmento. Segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), João Galassi, esse tem sido um dos grandes gargalos do segmento.

Além dessas vagas, o volume de investimentos previsto para o ano deve intensificar o problema. “Mas não é só contratação. Há dificuldades para retenção e treinamento de pessoal.” Ele destaca que a carência de mão de obra está espalhada por todo o País. “O déficit do mercado é geral e em todas as atividades. Antes o problema era mais no Nordeste” afirma Galassi./ R.P.


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