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a saúde na cidade

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BIBLIOGRAFIA

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O que movia, e ainda move as pessoas do campo para as cidades são, principalmente, as buscas por melhores oportunidades de emprego, de lazer, de cultura, e de qualidade de vida. Entretanto, esse movimento de adensamento populacional descontrolado, aliado à más condições de saneamento criaram ambientes propícios para surgimento de doenças históricas tais como a peste negra, malária, febre amarela, tifo e tuberculose, cuja ocorrência se deu com maior descontrole nas cidades. Soma-se a isso o surgimento mais recente de situações que atentam contra a saúde dos habitantes da cidade, como a violência no trânsito, a criminalidade e os acidentes urbanos, que embora não sejam contagiosos como são algumas doenças, ainda assim prejudicam a saúde tanto quanto. E como pano de fundo tem-se as constantes poluição atmosférica, imobilidade urbana e sedentarismo, formação das ilhas de calor etc. Deste contexto, depreende-se o aumento de obesidade, doenças mentais como estresse e ansiedade, problemas cardíacos e respiratórios, e aumento na contagiosidade. Nesse sentido, o pesquisador e médico Paulo Saldiva explica que as respostas mais comuns que temos aos problemas tipicamente urbanos são no sentido do tratamento e gestão da crise já estabelecida, quando na verdade é a prevenção que deveria ser discutida:

“Com o progressivo desenvolvimento de sistemas democráticos, as cidades passam a dispor de estruturas parlamentares que têm como função harmonizar as informações recebidas dos diferentes atores urbanos, integrá-las e tomar decisões que favoreçam o conjunto da cidade e seus cidadãos. [...] Ineficiência e incompetência forçam as cidades a transformarem a arquitetura de sua governança, modificando o sistema de longo prazo para um procedimento de gestão das crises que se apresentam para o momento. Em termos médicos, abandonamos as medidas de promoção da saúde e abrimos as portas de um pronto-socorro urbano. Gerir crises sem o devido planejamento de futuro tornou as megacidades ineficientes, virtualmente insustentáveis e, como consequência, pouco saudáveis.” (SALDIVA, 2018, p.29)

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Quando analisamos a imobilidade urbana, por exemplo, percebemos que os prejuízos são de diferentes ordens: perdemos horas de sono e ganhamos horas no trânsito, ganhamos peso, aumentamos o nível de estresse e reduzimos o tempo de convívio social. Além disso, a imobilidade urbana frequentemente faz com que as pessoas inalem maiores quantidades de poluentes atmosféricos. Em contraposição, outras formas de transporte especialmente os ativos, isto é, transportes em que se emprega algum tipo de exercício físico como caminhar ou pedalar, o mesmo não acontece:

“No caso da bicicleta, respiramos maior quantidade de ar para fazer frente ao exercício, mas a dose de poluentes que um ciclista recebe em geral é menor, pois, a despeito do maior volume inalado, o tempo de permanência no congestionamento é menor pela agilidade do modal. Portanto, procurar ruas mais tranquilas para pedalar ajuda não apenas na segurança, mas também na saúde.” (SALDIVA, 2018, p. 71)

A discussão pode se estender também para as ilhas de calor e as mudanças climáticas, pois inegavelmente as cidades estão se tornando cada vez mais quentes e impermeáveis no verão, e geladas e infecciosas no inverno. O médico relaciona alguns fatores fisiológicos do corpo humano diante das variações térmicas, e acrescenta que a alteração de temperatura de forma a constituir ambientes urbanos para além do conforto térmico da população pode levar a um aumento de até 50% da mortalidade.

“Considerando que somos afetados pelas variações de temperatura, temos que imaginar antídotos que aumentem a resiliência urbana às mudanças climáticas, notadamente quanto às ilhas de calor urbano. Talvez o recurso mais reconhecido para tal seja a ampliação das áreas verdes, recuperando em partes o espaço cedido ao concreto e cimento. A presença da vegetação faz com que a radiação solar seja absorvida pelas folhas das árvores e vegetação rasteira, reduzindo a temperatura.” SALVIDA, 2018, p.95)

Diante desse exposto, as minhas reflexões alcançam os questionamentos de que se é possível viver nas cidades sem que elas nos adoeçam; e se sim, como? Apesar de todo o discorrido, as cidades ainda são nossos locais de encontro, de convivência, de conquista e de constante luta, e todos nós temos o direito a ela. Assim, cabe a cada um de nós enquanto cidadãos, mas especialmente aos nossos líderes e governantes, a responsabilidade de liderar a construção de cidades mais sustentáveis e hábitos de vida urbana mais saudáveis.

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