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Julho 1934

Ano 1 Preรงo 500rs 1


Les Porte-habits de L O U I S V U I T T O N 7 0 , C H A M P S - É LY S É E S , PA R IS existente dans toutes les dimensions de 10 à 75 c/m. Construits selon les principes de fabrication qui ont fait la réputation des fameuses milles : élégqnts, légers, résistants, ils permettent un un emballage soigné, et leur contenu rest intacte pendant le voyage, que ce soit en wagon, en auto, dans la cabine du transatlantique ou à bord de l’avion. Des modèles spéciaux extra légers on été créés pour dames. Le cata logue général de <<nous Port-Habits>> est envoyé franco sur simple demande.


Revista cinematographica de grande circulação ORGAM DE PROPAGADANDA

COMO PRINCIPIOU O CINEMA lho e estudo, gastou até o ultimo real, e estava ja desesperado, quando ideou usar como base de suas photographias, pelliculas de celluloide, depois de haver usado vidro, a gelatina, o papel e outras substancias. Edson começou a interessar-se pela cinematografia em 1877, procurando obter photografias negativas microscópicas, sobre uma espiral em um cylindro de celluloide. A especificação patenteada pelo seu Kinetoscopio, fez-se em 1891, nos Estados Unidos. Nesta machina usou-se o mesmo tamanho das vistas de hoje em dia, isto é, 25 por 18 milímetros. Uma das primeiras maneiras de illuminar as vistas, foi com a luz axhidrica, inventada por Drummond. Logo os dynamos permittiram commercialisar o fluido electrico, foi possivel também converter o cinematographoem espetáculo publico, em grandes locaes. Por estes ligeiros esboços compreende-se que o cinematographo soffreu um processo evolutivo muito laborioso, ao qual concorreram com exito, os progressos da chimica, da mecânica e da óptica. Depois veiu o som, o cinema fallado, a maravilha de agora. O que nos esperara mais ainda? A imaginavel quarta dimensão ja em estudos ?

Da lanterna magica ao cinema

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omo historia das vistas animadas não é muito conhecida, torna-se agradável uma noticia abreviada do seu processo evolutivo. A definição do cinematographo é a de um apparelho óptico, no qual fazendo passar rapidamente muitas imagens photograficas que representam outros tantos momentos de uma açanã determinada, produz a ilusãode um quadro, cujas figuras se movessem. Deanteda vista passa uma sucessão de imagens que permanecem um momento fixas e desapparecem logo, rapidamente, para dar lugar a outras. O facto physiologico da persistencia das imagens na retina é o que contribue para a sensação de realidade da cinematographia. A lanterna óptica de projeções, foi o prolongamento natural do que hoje constitue uma das maiores industrias do mundo. Se alguém merece o titulo de inventor ou pae da cinematographia, esse é W. Friese-Greene. Começou as suas primeiras experiências com photographias animadas, antes de 1885, produzindo nesse anno a primeira pellicula sobre papel, que tinha perfurações em ambos os lados. Comquento a invenção fosse engenhosa, Friese-Greene ão ficou contente. Durante vários anos de paciente traba-

VEJA A PROGRAMAÇÃO DESTE MÊS 3


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Julho 1934 PARA OS FANS QUE QUIZEREM SE CORRESPONDER COM AS SUAS ESTRELLAS PREDILETAS

dio City, Hollywood. California.

oGARBO Revista cinematographica de grande circulação Orgam de propaganda

( ENDEREÇO DOS STUDIOS )

Columbia Studios, 1438. Gower Street, Hollywood, California.

Propriedade e direção

ANDERSON NORBERTO Redatores

DIVERSOS

First National Studios, Burbank, California.

REDAÇÃO : RUA DA SAUDADE, 304

Fox Studios, 1401, Western Avenue, Hollywood, California.

RECIFE - PERNAMBUCO BRASIL

M. G. M. Studius, Curver City, California. Paramount Publix Studios, Hollywood, California.

VITAPHONE

Pathé Studios, Culver City, California. Radio Studios, 780 Gower Street, Hollyood, California. Mack Sennet Studio, Stu-

Warner Bros Studios, 435 Sunset Boulevard, Hollywood, California. Universal Studios. Universal City, Hollywood, California. Cinedia Studio, 26 Rua Abilio, São Cristovão. Rio de Janeiro. Cruzeiro do Sul, 7 Rua Fernão de Magalhães. São Paulo. Metropole Filme, Palacete Santa Helena, Praça da Sé. São Paulo. Produções Plinio Ferrar, Rua 11 de Agosto, 66. São Paulo.

CINETOM

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E. GUIMARÃES & ARAUJO Rio de Janeiro Synchronisação perfeita, sonoridade absoluta, funcionamento impecavel, assistencia rapida e aborrecimentos fora de conjecturas, so poderão ser obtidos com o movietone

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RUA DIARIO DE PERNAMBUCO, n. 90, 1. andar — RECIFE

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Pequenas Noticias dos Studios

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ola Negrini casou-se com um príncipe mesmo? Vejamos o que diz uma cronista norte-americana: “vale a pena recordar que Pola Negri, que não ha muito carregava luto e tinha que ser sustentada entre um medico e uma enfermeira durante o enterro de Rodolpho Valentino, saiu para a França onde se casou com o “príncipe” Serge Mdvani, irmão do outro “príncipe” David Mdvani, marido de Mae Murray. Um bom gosto tiveram com seu “principado” os irmãos Mdvani! Ninguém havia de crêr que elles tinham tal titulo, quando trabalhavam como simples extras nos studios de Hollywood. Ora, vêde, leitores! Tomae um titulo e vinde a Hollywood casar-vos também com estrelas…”

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próximo filme de Harold Lloyd para a Paramount vae ser filmado mesmo em Nova York.

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ARRY SEMON, depois de passar algum tempo dirigindo, voltou a trabalhar como actor e vae apparecer, novamente, em comedias de duas partes.

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Marquês de la Falaise de la Coudray, acompanhado de sua esposa,

Gloria Swanson, partiu de Nova York para a França, em viagem de recreio.

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harlie Murray, aquelle velhinho esplendido de boca funda, (não confundam com Jack Duffy!) esta fazendo agora “O Gorilla” para a First.

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dna Murphy, ao tempo do annuncio Norma Shearer-Thalberg, também deu-nos nova de que se vae casar com Mervyn Le Roy, jovem director da F. N.

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icardo Cortez esteve recentemente em Nova York, actuando em “Sorores of Santan”, sob a direcção de D. W. Griffith.

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etty Jewel, recentemente contractada, acaba de chegar a California, espera-se também um grande numero de novos artistas cujas actividades com a Paramount poderão ser apreciadas e varias obras que se acham ainda em plenos, nos studios.

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he Eagle of the Sea”, dirigida por Frank lloyd, tera Ricardo Cortez no primeiro papel masculino e Florence Vidor como “leading woman”.

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Mary Erian, a encantadora estrella do film que o Parque exhibira este mês.

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esde que apareceu, primeiro na litteratura americana, e depois, escrevendo também para o cinema, Zane Grey nunca explorou outro tema: o longinquoOeste nos seus aspectos multiplos, nas suas mais variadas faições de região exótica e estranha. Não faltara por ahi quem julgue que fallece ao escriptor yankee capacidade para tecer, por exemplo, um romance de amor. Não obstante, se querem ver como essa ideia é mentirosa, falsa, basta attentem em “Estrellas do Occidente”, o film que a Paramount, a grande marca que acaba de nos apresentar Chevalier em “Um Romance em Veneza”, promette apresenparecem lado a lado, Mary Brian e Richard Arlen, duas conhecidissimas figuras da marca das estrelas. A Paramount dara ainda como complemento: O “Paramount Sound News”, jornal sonoro e “Bolas de Sabão” desenho cantado e sonoro.


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homas Meigham teve mais T uma estreia em Nova York. O distincto actor apparece em “The

m Millionärin tornado em garçon! Tudo, apenas por amôr de uma mulher.

Canadians” novo film da Paramount em que vemos Mona Palma, uma estrella que vem a ser “descoberta”, e que se diz tera um grande futuro na tela.

Nita Naldi in Paramount Pictures Reaparecera em

Tal é intrigante thema da “Duquesa e o Garçon”, interpretado maravilhosamente pelo mais perfeito cynico do “screen” — Adolphe Menjou. A fita tem uma bella montagem, com cenas reas de Paris, a cidade onde todas as coisas sano possiveis e onde não ha regulamento de transito. Florance Vidor, a mulher que sabe dizer na expressão do olhar toda a esthese de suas attitudes de artista, é a linha “leading woman” que ajuda Menjou a levantar alto os meritos artísticos da pelicula. “ A Duquesa e o Garçon ” é um film que mistura, aos lances de comedia, valores de alta dramaticidade.

“Cobra” O Grande film do mês

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lara Bow, teve ha pouco, sua consagração definitiva. O seu ultimo film lançado em New York “It”, foi o vehiculo do seu grande triumpho. A historia é de Elinor Glyn, a grande escriptora canadense, actualmente a serviço da Paramount. De clara Bow veremos breve “Loucuras de Mães” e “A Provocadora" Nos dias 9 e 10

RUDOLPH VALENTINO 6


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SOBRE A FILMAGEM PERNAMBUCANA Fala ESTEVAM RIBEIRO pelas colunas do “ “DIARIO DA MANHA” Do “Diario da Manhã” de 16-6-1927 extraimos alguns tópicos da entrevista que, sobre os restantes do cinema regional em Pernambuco, conseguiu o intellectual Estevam Ribeiro, do corpo redaccional daquele brilhante matutino. O entrevistado, sr. Ary Severo, é um dos elementos da “Liberdade-Film”, empresa pernambucana que tem a frente o operador Edson Chagas, cujo esforço e denorte. Caricaturei uma espe* Entre os dedos, o carvoção à arte photographicie de novella, creando Zula e tão que reflectia a ultima ca do cinema ja tem sido mauricio como as figuras cenpose da ser. Almery Steves, postos à provam varios traes em derredor das quaes admirada <estrella> perfilms pernambucanos. desenham-se as taes ironias nambucana, disse ao Ary: Agora, com Almery do destino. Transplantei-os — Você Edson e a sra. Alpara um rancho de ciganos, mery fazem a trinca admiravel Steves — estrella pernamonde pontificava Germano, de encorajados impulsionabucana — o sr. Ary Seveum chefe mal e perverso. dores da arte do silencio no ro fez DANSA AMOR E Arrastei-os por um desigRecife. Mme. Almery figura VENTURA, primeiro film no que teci ao meu talante como a melhor <estrella> da nova empresa. para melhor impressionar. que possuimos. Outra, como A Paramount, que é a Accendi o fogo da paixão tem acontecido, de ha muinaquellas almas, exornando to que teria abandonado unica companhia estranas dias daquella ciganagem esse sonho de fazer fitas… geira que se tem interessadesfavorecida, com um idylio — De facto, concordou do, no Brasil, pela cinemarustico, romantizei os seus Ary, minha senhora é uma tographia nacional — ja dias impregnei os seus amores incansável. Desde <Jurando tendo filmado, as suas exdesapontamentos, focalizei Vingar>, o primeiro filme preconceitos, fiz um pouco de pernambucano, onde fez a pensas, O GUARANY, que psycologia. Separei-os na ininterprete principal que dia será brevemente exhibido finita angustia do desespero. por dia alimentar esperanno Recife — não se furta Novos sítios, distancia, sauça de vencer futuramente. em dar aos leitores de O dades… Depois, elles de novo Vencer futuramente, não GARBO esta pagina de juntos, por circumstancia que repliquei: a sra. Almery Estevam Ribeiro. o enredo justifica, e, como no é uma victoriosa. Consecinema o casamento é obrigaguiu, dos melhores julgaO esforço destes pernamtorio, terminei casando Zula dores, a critica mais sensata bucanos é quasi heroismo. e Mauricio, para suavizar o e sincera, o que basta para E bem merece compensaseu romance e assim termia afirmação do seu mérito do pelo grande publico. nei Dança amor e ventura. como artista conscienciosa Fiquei durante toda essa Não fugi ao desejo de me rápida narrativa como que empolgado interpelar do enredo do film <Dansa, amor e pela facilidade com que Ary, ão sendo um ventura> e fui satisfeito na minha curiosidade. novellista, com agilidade em simples tra— Achava melhor não falar nisso, disços locomover os seus personagens, pinse-me Ary com um sorriso meio equitar scenarios, traçar destinos observar voco — pois temo não lhe agradar. com agudez os caracteres. E não ocultei Consegui dissuadi-lo desse temor. E o jovem o meu enthusiasmo, como não oculto, por astro conterraneo falou, com aquelles gestos esses corajosos que bem merecem o amfrancos e procurando ler no meu olhar a imparo dos que tudo podem e muito podepressão que me ia cansando a narrativa do riam fazer, se quisessem pela arte muda film: — E’ uma historia simples de dois cigapernambucana — vehiculando incontável no, entrecortada de aventuras e cheia desse da melhor propaganda de nosso Estado. sentimentalismo que caracteriza a gente do

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Agua potavel - Uma necessidade no Deserto

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urante a filmação de “Beau Geste”, feita em sua maior parte no deserto do Arizona, teve o pessoal da companhia de lutar com certa dificuldade em obter agua potavel para 2.000 homens e cerca de 1.800 cabeças de animaes de carga e rêses para mantimentos, de que se compunha o total da companhia. Si bem que previamente se houvesse perfurado dois poços artesianos, com uma capacidade de 50.000 litros diários, essa agua era salobra, não servindo nem se quer para os próprios animaes, Toda a agua potável usada no acampamento era trazida de Yuma, em automóveis ou no costado de burras de carga,a uma distancia de 30 milhas, sobre estradas improvisadas, de trafego sumamente difficil. Mas, não obstante, não se trabalha à “secca” no acampamento.

Primeiros dias do cinema Do Jornal do Commercio de 14/6/1927

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az pouco tempo alguns meses, que foi solenizado o terceiro decennio do cinematographo. Custa crer que num tão curto período de tempo uma descoberta humana se desenvolvesse tanto, alcançasse uma grandeza tamanha, como essa que testemunhamos ter alcançado a curiosa invenção do sr. Lumière. Muito di-ante essa historia,daquella lenta e embaraçada batalha que a imprensa sustentou para vencer. No entanto, pelos seus effeitos e pela sua irradiação, o cinema e o jornal estão mais próximos um do outro que de qualquer coisa mais. O film fez em relação ao theatro o que fez a typographia quanto a litteratura: divulgou-o, popularizou-o, estendeu-lhe o campo de acção. Innegavelmente, o nivel intellectual do theatro, adptando se ao cinema, teve de rebaixar-se talvez muito. Em compensação, a arte dramática adquiriu horizontes mais amplos, alcançou realizações impossiveis a enscenação theatral commum. E la no seu <activo> muito beneficio, muita luz difundida, principalmente no seio das classes menos cultas. Foi para isso que o cinema nasceu, la num andar terreo do <Boulevard des Capucines> em Paris. Custava um franco a en-

trada. E a casa estava sempre cheia de gente, das 5 horas da tarde às 24, todos os dias, assistindo à passagem, na tela, das scenas que hoje seriam risiveis e naqueles tempos deixaram os circumstantes boquiabertos. Era, por exemplo, um trem que chegava, detia-se na

“DEIXA CHOVER”

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repara-se Douglas MacLean para filmar a sua nova “novissima” comedia. Talvez, porem, porque queira fazer da sua nova producção uma espécie de charadas daquele genero, o sympathico artista guarda grande mysterio acerca do argumento, dando-nos por ora apenas o titulo da peça, “Let it Rain”, ou “Deixa Chover”, que tanto pode ser tomado no sentido literal como no sentido abstracto da expressão. Esperamos a nova comedia de Douglas, e então Saberemos.

ì A MARCHA NUPCIALî

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arece ter sido reservada para princípios da primavera a exhibição de “A Marcha Nupcial”, film de direcção de Eric Von Stroheim, o festejado creador de “A Viuva Alegre”. A quadra da primavera será em extremo apropriada a apresentação desse film que é um mimo de concepção e de beleza artistica.

gare e, depois, partia, lento e veridico. A photografiado movimento pasmava ! Mas, de repente o trem começava a andar para tras parava de novo, mas de costas e, de costas, prosseguia viagem até recapitular toda a primeira viagem sair a pelicula da machina de projecção...

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LOU ISE B ROO KS

uem assistiu ao super-film A VENUS AMERICANA, não poude, de certo deixar de prender os movimentos do cora-

ção, para desprendel-o, depois, em tachycardia, ao ver o perfil provocante de Louise.

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Duas scenas do monumental film - “O GUARDA MARINHA” com Ramon Navarro e Harriet Hammond. Soberba exposição de plastica tentadora e fascinante !

CASTELOS DE ILLUSÃO — LON CHANEY O MELHOR FILME DO MÊS

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‘‘O Guarda Marinha’’ Um “film” METRO-GOLDWYN-MAYER, distribuido no Brasil pela PARAMOUNT PERSONAGENS

nado, e dar por fiado o tal exercicio… No mesmo dia, quando estavam todos no refeitorio, o official que presidia a mesa, para divertir-se à custa dos “primacias”, fez a Wilson, um dos recem-chegados, a seguinte pergunta: — Poderia dizer-nos por que razão se dá o nome de “brigue” a uma certa classe de navios de guerra? — Não sei, não senhor… - foi a resposta de Wilson. E o official, com a austeridade do seu posto: — Pois devia sabel-o! E’ assumpto que interessa a todo marinheiro ! E depois, dirigindo-se a Dick ; — Sr. Randall, pode dizer nos de onde provém o nome “brigue” para certos vavios de guerra ? — Oh ! Isso vem ainda do tempo das abordagens ! - disse o rapaz com serenidade. Era a bordo dos “brigues” que começava a briga ! — Muitissimo bem ! O sr. está mesmo bom para general de brigada ! Já que é tão esperto, sr. Randall, talvez nos pudesse dizer, porque se aplica o nome de “vaso” aos navios de guerra ? — Porque sendo feitos de ferro provem do dictado : “vaso” ruim não se quebra ! — O Sr. é impagavel ! Vazou-me a vaza ! - disse-lhe o oficial a rir. Ora, passando um anno, com a turma seguinte entrou para a Escola um rapazelho franzino, o Tedy, que, por ter muitas sardas, recebeu logo a alcunha de o <<Pintado>>. Condoendo-se da timidez do <<primacia>>, Dick começou a ajudal-o nos momentos de dificuldade e desanimo, repetindo-lhe sempre o seu estribilho optimista : Um fraco nunca vence e um vencedor nunca fraqueja ! Com a reabertura das aulas, em junho, havia sempre um grande baile na Escola, e o <<Pintado>>, sempre timido, pediu a Dick para

Dick Randall . . . . . . . . . . . Ramon Novarro Patricia . . . . . . . . . . . . . . . . Harriet Hammond Rita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Kathleen Key A viuva Randall . . . . . . . . Margaret Seddon Sr. Basil Courtney . . . . . . . Cliford Kent A tia Isabel . . . . . . . . . . . . . Pauline Nefi Spud Murt . . . . . . . . . . . . . William Boyd Tedy, o “ Pintado” . . . . . . . Wesley Barry <<Texas >> Valente . . . . . Harold Godwin “Balôfo” . . . . . . . . . . . . . . . Marice Ryan

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ARGUMENTO

ick Randall, Filho de uma alta patente da Marinha de Guerra dos Estados Unidos, destina-se à carreira das armas, como havia sido desejo de seu falecido pae. Assim vem elle seguir os seus estudos na Escola Naval de Annapolis. Marylad, onde dá entrada como simples e inexperiente recruta, de permeio com uma bandana de <<primicias>> vindos de todos os cantos do pais. Desde o primeiro momento em que Dick entra no limite da Escola, começa logo a sofrer os rigores da disciplina interna. Mas, dispondo de bom humor e certa paciencia, o jovem Randall longe estava de perder a calma ou dar-se por vencido. Para fortalecerl-o nos seus desanimos, se é que o assaltavam desanimos, la estava no centro do grande jardim da Escola um monumento de marmore consagrado à memoria do bravo marinheiro que fôra seu pae. E aquelle marmore era-lhe mais do que conforto ; era-lhe uma fonte de ispiração para aa carreira que abraçára. O primeiro exercício de remo, no quadro do porto, ia se tornando uma prova difficilima, quando Randall, sempre de bom expediente, lembrou-se de, sorrateiramente, destampar o suspiro do fundo do bote e elle, os seus companheiros e o patrão-instructor tiveram que ir para terra a

“NO PALACIO DO REI” — Super-producção da Metro Distribuida no Brasil pela PARAMOUNT Edmund Lowe, Blanche Sweet, Pauline Starke — ESTE MÊS

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oGARBO entrada prohibida no gabinete onde trabalhava Dick, Courtney chamou uma certa conviva em segredo e lhe disse para ir ao gabinete — a titulo de fazer uma graça — dar um beijo naquelle menino bonito, o Randall. Com isto, bem sabia Courtney, exporia Dick a ser desprezado por Patricia e ao mesmo tempo castigado por infracção da ordem que prohibia a entrada de extranhos no gabinete. Esta conversa, porém, foi ouvida por <<Texas>>, um guarda marinha da mesma turma de Dick, mas com quem se dava friamente. Estando o <<Pintado>> sob ordens de Dick, e não conhecendo a rapariga mandada por Courtney quem era o tal menino bonito, ao entrar no gabinete agarrou-se com <<Pintado>> para o beijar, quando entra um official superior que ante aquele escandalo deu ordens de prisão ao pobre Teddy, exigindo que Dick desse parte, por escripto, da infração do regulamento. A expulsão do <<Pintado>> era tia como certa, e Patricia, sabendo do perigo que ameaçava o irmão, vem pedir a Dick que o revelasse. Mas o jovem namorado recusou-se dizendo tratar-se de um dever de honra, e somente quando <<Texas>> sabendo do que se passava, veio explicar que a rapariga havia forçado a entrada a mando de Courtney, foi que se esclareceu o quipro quo. A esse tempo Patricia já se havia ausentado em companhia de Coutney, que, dizendo lhe achar-se a tia a bordo do yatch, para lá levou a moça. Dick louco de raiva, vae ao yacht tomar um desforço com o petulante, mas este ordena aos seus marujos atirarem o rapaz no mar, e largar ferro barra a fóra. Dick nada para a terra, e corre ao Arsenal, pedir providencias ao Almirante. Algumas horas depois, já fóra da barra, ouvem-se os zumbidos dos aeroplanos, que, na dianteira de uma quadrilha de destroyers, circundavam o yatch. Effectuada a prisão do navio, foi este trazido ao porto, em quanto o seu commandante, Courtney, seguiu com a cara de frangalhos para o hospital, tal foi a tunda que lhe applicou o jovem garda-marinha, que por direito e por justiça devia ser o esposo da linda irmã do <<Pintado>> …

o ajudar a encher a lista das dansas no carnet de Patricia, a irmã que devia vir à festa. Dick o hou mais uma vez para a cara do <<Pintado>>, e recusou se, julgando a irmã pela cara do irmão, dizendo que não sabia dansar, mas como o camarada iria conseguir os cavalheiros necessários entre os seus amigos. Mas quando chegou a hora da festa e Dick viu o primor de menina que era a irmã do <<Pintado>>, começou a <<vazar>> as dansas dos amigos, e ao cabo de uns três quartos de hora estava o nosso herde apaixonado. Acontece, porém, que um certo Sr. Courtney, abastado homem de negocios, possuidor de casas no campo, autos nas estradas e yachts no mar, pretendia a mão da pequena, pretensão esta que era favorecida pela Sra Tia de Patricia. Mas o Sr. Courntney não estava se incomodando com as attenções do rapaz pela linda Patricia, pois tendo dinheiro, pudia leval-a para bem longe delle ; e foi o que fez, convidando a tia para um cruzeiro em seu yacht pelos principaes portos da Europa. Uns dois annos depois, quando mais atrapalhado estava o amigo <<Pintado>> com os problemas de latitudes e longitudes, que lhe pareciam um bicho sem pés nem cabeça, foi ainda a camaradagem quasi paternal do bom Dick que o livrou de uma reprovação nos exames. Sempre lembrando da linda Patricia, Dick insinuou a pergunta : se tinha sabido da… tia. e como estava ella… O <<Pintado>>, compreendendo respondeu logo: — Oh, a maninha está bôa obrigado! A proposito, ellas estiveram na Europa todo este tempo, a viajar no yatch do Sr. Courtney, mas devem chegar por estes dias, e estarão aqui para o baile de Junho. Parece que a maninha está quasi noiva.., você sabe, a tia ia… E como Dick se mostrasse acabrunhado com a tal noticia, foi o <<Pintado>> quem desta vez apressou a repetir-lhe o estribilho predilecto : — Vamos, meu velho, um fraco nunca vence e um vencedor nunca fraqueja ! Na noite do baile Patricia estava mais linda do que nunca. Dick a vira, declarara-lhe a sua satisfação por saber que a historia do noivado não passava de planos da família, mas não pudia dansar com ella por se achar de serviço no gabinete do commando. Vando que o rapaz continuava com attenções para com a moça, e sabendo ser a

FILDADO SOB OS AUSPICIOS DA MARINHA NORTE-AMERICANA

“INFERNO CONJULGAL” — OUTRO SUCCESSO DESTE MÊS ! ROMANCE DO LUXO E DA VAIDADE TOM MOORE, FLORENCE VIDOR, ESTHER RALSTOM

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Estabelecimento cinematographico de primeira ordem e o unico que possue a cabine isolada da sala de exibições. Programma e sumptuoso.

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Julho 1934

UM FILM DE

Rodolpho Valentino

A

o lado de Nita Naldi, Rodolpho Valentino da-nos um dos seus bellos trabalhos. Nem seria preciso falar na sua elegancia. Nem apontar a aristocracia de suas atitudes de artista emancipado. Valentino se desafia nos seus films com a sua arte personalissima que o fez um idulo do publico. Soube impor-se à vulgaridade pela singularidade de seu talento.Introduzia o orientalismo nos filmes, com aquelle mesma influencia com que Renê Bazin, na literatura, trouxe-o das letras famosase tornou-o, assim, mais di que um simples interprete fez-se um verdadeiro creador. NO PROXIMO MES

Dos seus dons interpretativos dizem melhor os films que qui ficam. “Pecador divino” continuara a viver na memória de todos os seus “fans”. Vale, alli e em “Monsieur Beaudaire”, o seu trabalho, como atestado de talento. Em “Cobra”, com a sedutora Nita Nilde, Valentino ha de nos dar , em poucos gestos mas em muitas expressões, a visão larga para que o admiremos como um dos grandes artistas da téla, quiça o maior artista da scena muda, nos seus últimos annows. Ali estão as lagrimas de suas mais romanticas admiradoras , a clamar incessantemente...

“Romola” 17

L i l ian e Dorothy Gish


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Julho 1934 CHEVALIER e JEANETTE em

AM A- M E E STA N O I T E ( Love-me tonight )

E’ um film de LUBITSCH como foram:

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e

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JULHO No

PA R Q U E E’

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{

“ Alvorada de Amor “ “ Tenente Sedutor “ “ Uma Hora contigo“


— Víbora !… — Somente ?… — Cinica — E o que mais ? — Es uma rameira vulgar… — E tú ? — A tua desgraçada victma ! Apenas… — Tens certeza ? — Toda ! Inteira ! Completa ! — Alguma fotographia ?… — Não ! Coisa mais completa… — Então ?… — Uma carta anonyma… — Á !… Á !… Á !… Só ? — E o que mais queres ? — O que mais quero ? Charmar-te de idiota ! — Idiota ? Porque ?… Acaso ! — Incidiste num erro, desgraçado ! — Mas… Nem mais nem menos. Atiras pela porta a fora aquella que dizias ser teu unico amor, apenas porque te enviam algumas mentiras num papel… Mostra-mo ! Vamos ! Estás tão cego de raiva, acreditas tão pouco em mim, que nano deste pela minha letra… — Helena ! — Sim ! Enviei-te essa carta, porque queria por a prova o teu amor… — Mas… Porque saiste todos os esses últimos dias elegantemente vestida ? — Porque sáia ? Porque tinha a certeza de que havias de me seguir e… qual não seria a tua sorpreza quando me visse entrar na A GRACIOSA, a rua Duque de Caxias 323, a casa mais elegante da cidade, a que possue os preços mais comodos deste mundo, de parco as mais lindas variações de estamparias… Sêdas que fascinam, que abismam a propria alma… Por ventura não notaste ultimamente o brilho de minhas unhas ? Pois tambem não sabes que aquella casa está vendendo a ultima invenção do seculo para dar brilho as unhas, o chamado PO’ BRILHATE ?… Beija a tua mulherzinha e rasga essa carta que te queima o coração… PEDRO III


Phantasia

Escravizado pelas vãs grandezas architectei castellos collosaes ; sonhei tropheus e glorias immortaes conquistando mulheres e riquezas.

Uma cidade egregia levantei de uma extensão immensa e nunca vista… E nesse orgulho de grandeza egoista eu dominava tudo - eu era o rei !

Muitos anos passei acalentando essa illusão esplendida da vida e, dia a dia, renovando a lida não descansei, valente, trabalhando

Onde eu passasse acclamações surgiam daquellas gente a mim subordinada. E logo, a phrase minha decretada homens e cousas obedeceriam

Assim vivi do Engano e da illusão, sem me lembrar da vida um só momento, até que, um dia, desse encantamento abysmado acordou meu coração.

Foi então que assisti, cheio de horror, o fim da minha louca phantasia e, dominado, vi quando mentia meu grande Sonho de Dominador !

Anteogenes Cordeiro


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Julho 1934

John Barrymore

Greta Garbo

Wallace Beery

Joan Crawford 21


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Grand Hotel

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famoso film-todo-de-estrelas, em que a Metro fixou o mais fabuloso elenco até hoje reunido no celuloide, continua sendo a preocupação suprema dos fans. Toda a gente quer ver o romance entre Vicki Baum vivido atras das sensibilidades de Greta Garbo, que é a Grasinshaya : de John Barrymore, que é o aventureiro e irresistivel Barão Von Graigrn; de Joan Crawfoard, que é a perigosa, “glamorous” Flaemmchen, a stenografa mais tentadora do mundo ; de Lionel Barrymore, que é o burguês Krigelein, morador do maior Hotel de Berlin, so para se sentir igual ao patrãoque o escravisara durante anos e anos; de Wallace Beery, Prysing, o patrão de Kringelein; de Lewis Stone, alma pisada pelas maiores desilusões, o irremediavelmente pessimista, Doutor Otternschlag. A Metro-Goldwyn dar-nos-a a exibição deste maravilhoso film daqui a muitos breves dias. Vão, assim, os fans, dentro de mais algum tempo, ter o prazer de asGreta Garbo — A maior estrela da Metro sistir o filme considerado como a máxima expressão artística do cinema de 1933, filme em que Edmund Goulding reuniu um elenco cujos dias de trabalho consumiram uma imensa, incalculavel fortuna, pois que Garbo, Crawford, os dois Barrymore, Beery e Stone não podem deixar de constituir o elenco de mais alto cambio que Hollywood ja pagou até hoje… 22


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Julho 1934

O Cinema e a Moda

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Um modelo de crepe da china rosa-pecego, estampado de lillàz, com faixa de seda branca

cinema, vehículo de civilização e meio de maior propaganda de todas as actividades da vida, reune nos seus motivos tudo o que essa mesma vida possa apresentar de bello e útil. Ora, o luxo é uma das coisas bonitas da fina sociedade, que o écran reflecte através de medíocres ou de óptimos films. E a moda, sua consequência natural, é um dos encantos da téla, como encanto que tambem é da vida sem os bastidores e sem os poderosos “kliegs”. Esta secção que ora apresenta aos nossos leitores não pode, pois, ser coimada por anachronica ou fora dês princípios de ordem que nos traçamos no próprio titulo da revista. E’ uma secção que se relaciona com o cinema, porque da moda mesmo o próprio cinema se tem derivado muitas vezes. Pelo menos nas producções modernas e de luxo. Quem não se lembra de A VENUS AMERICANA e O CONDE DE MONTE CARLO, por exemplo, que tiveram as scenas da moda especialmente coloridas? E como estas, muitas outras fitas nos estamos a vêr, semanalmente, repletas do que o fino gosto dos costumeirs dos studios sabem fazer e promover para o luxo dos films. Noutros centros mais adeantados esses films que reproduzem, com insistencia, cenas de bailes e reuniões chics onde sobejam modelos e indumentarias, sano até motivos para uma propaganda de “tie-up”.

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Vestido de seda branca estampada de azul e preto, com a saia plissada em “panneaux".


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SEM PUBLICIDADE, A CRISE TORNASE AINDA MAIS GRAVE ! Dizem que os Estados Unidos são universalmente considerados como os “azes” da propaganda, não somente pelas proporções em que a empregam, como pela natureza dos processos usados.

O Sr. Julius Klein, Secretario do Comercio Auxiliar de Nova York, disse recentemente num discurso feito pelo radio : “ A propaganda combinada com os filmes bem feitos permitiu a muitas emprezas vencer as tormentosas dificuldades financeiras que atingiram ao mundo nestes últimos anos. O êxito ou fracasso de qualquer estabelecimento comercial depende do anuncio, como maio básico para conseguir que o publico conheça e ão se esqueça dos produtos que oferece.” A eficacia anuncio nano esta so na quantidade, se os que vem não têm poder aquisitivo. O ANUNCIO perde a sua eficiencia se o artigo que se divulga não esta ao alcance do publico.

ANUNCIAR E’ VENDER dizem os peritos em propaganda, mas ANUNCIAR não é apenas fazer anúncios. ANUNCIAR, é saber escolher o veiculo condutor da propaganda para leval-a a um ambiente onde o interesse que desperta o ANUNCIO possa traduzir-se em resultados positivos.

O ANUNCIO E’ UMA DESPEZA PRODUTIVA E NUNCA UM GASTO INUTIL V. S. anunciando em O GARBO tem o seu anuncio lido em todo o norte do Brasil. O GARBO, além de ser uma revista modernissima é de grande tiragem !

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CAIXA POSTAL ( O GARBO RESPONDE A TODOS OS SEUS LEITORES, PERGUNTAS QUE LHE FIZEREM SOBRE CINEMA E SOCIEDADE. A DIRECTORIA )

MARILU’ — (Recife) — Temos bastante prazer em atender a seu pedido, quanto a esta secção. No próximo numero será satisfeita sua vontade. MARIO — (Recife) — Apezar de ser um pouco dificultoso para nos, aguarde e veja se temos ou não bôa vontade. THEREZINHA — ( Soccorro ) — Você quer muito de uma vez, mas como sabe pedir, vale ser attendida. Aguarde.

NANCY — ( Recife ) — Ficamos muito gratos com a sua ideia, e por isso teremos prazer immenso em conhecel-a pessoalmente. LINDALVA — (Recife) — Quem espera sempre alcança. Eis o primeiro numero de O Garbo; para você deve ser uma surprêza, pois ja havia perdido a esperança, como nos escreveu. DOLORES — (Recife) — Sim, responderemos somente perguntas sobre cinema. Querendo alguma informação, pode nos escrever. LIVIO — (Recife) — Você não é nada discreto ! Quer saber de muita coisa. Aguarde e verá. SELMA — (Recife) — A informação que você recebeu a respeito de O GARBO, é exacta. Manteremos correspondência com a cidade do cinema, Hollywood.

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Retenha na memoria este titulo:



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