Portfólio Coletivo ES3 (2014)

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PORTFÓLIO


COLETIVO Es3

(2009 - )

O Coletivo ES3 é formado por André Bezerra e Chrystine Silva, artistas residentes na cidade do Natal (Rio Grande do Norte - Brasil), com grande preocupação, tanto artística quanto política, com o campo da performance arte. Fundado em 2009 já percorreu com seus trabalhos em performance e exposições mais de dez estados brasileiros. É fundador, produtor e curador do Circuito Regional de Performance BodeArte, um festival independente voltado a performance arte realizado por três anos consecutivos, reunindo mais de duzentos artistas no total.


STATEMENT – COLETIVO ES3 Todos assobiamos, mas certamente ninguém cogita fazê-lo passar por arte; assobiamos sem prestar atenção nisso, até mesmo sem perceber, e muitos entre nós ignoram totalmente que o assobio faz parte de nossas peculiaridades. (...) Mesmo que fosse apenas o nosso assobio cotidiano, aqui já existe a singularidade de alguém que se põe, solenemente, a não fazer outra coisa senão o usual. Franz Kafka, Josefine, a Cantora ou O Povo dos Ratos

Arte. Algo a priori desnecessário, acessório na vida estimada pelos atuais sistemas neo-liberais. Ao mesmo tempo de extrema importância para a ultrapassagem das nossas limitações de pensamento. Simultaneamente lugar de comércio e poder e invendável ação filosófica de singularidade. Concomitantemente espaço onde múltiplas perspectivas não deveriam coalescer, parafraseando Barthes. Somos professores, e como tais somos questionados com frequência: “para quê serve a Arte?”, e em situações práticas do dia-a-dia ficamos inclinados a dizer “para nada”, mas nos recusamos. As inovações tecnológicas do nosso tempo e a incrível necessidade e facilidade de atualização das nossas “linhas do tempo” não nos permitem enxergar para além das coisas como elas projetam ser, sua superfície. É difícil perceber que, se pensarmos um pouco mais aprofundadamente, o fato de duas pessoas do qualquer gênero estarem se beijando em público, presentifica somente dois seres exercitando a liberdade de seu amor, é difícil se dar conta também que uma performance não se trata de um empreendimento da moral e sim de uma brincadeira ética. Basta olhar um pouco mais, de corpo inteiro, não é preciso muito. Buscamos os processos das coisas e esta é a ilha de resistência da arte que fazemos, a busca por processos nas coisas do dia-a-dia, naquilo que mais compreendemos como natural. O momento de contato com um trabalho artístico é o momento de ser afetado por algo usual ou não, mas que nos permite ver o mundo pelos olhos de um outro (corpo, tempo, lugar, mundo). Como disse Kafka na epígrafe acima, é tempo de nos colocarmos a não fazer/perceber nada senão o usual, que as coisas que são se movem, estão e são o processo que ativam. Nosso corpo em ação é político, é investigador de espaços entre estados, culturas, entre corpos. No calor entre os corpos, no encontro entre um e outro, e na negação de um fechamento da dialética em direção as questões que se processam, inventamos nossa vida em performance. Nossas dinâmicas de criação artística partem de questões micropolíticas, questões que estão nas bocas banguelas, na volta de ônibus para casa, nas mesas dos bares, nas marquises populadas, nos dedos calejados que costuram, nos olhos atentos que desfiam. Pensamos estas micropolíticas enquanto ações em trânsito nas relações cotidianas, mais distantes de uma política partidária e mais próximas de atitudes focadas em questões mais específicas como o gênero, a fome, a impunidade, o direito à educação e à habitação, à ecologia, o amor, enfim, tudo aquilo que nos diz respeito e se entrelaça à vida. Em nosso trabalho, ao entrarmos em contato com o outro estamos na emergência micropolítica inevitável de deixarmos de ser quem somos, para sermos e estarmos algo diferente, mas nunca definitivo.


STATEMENT – COLETIVO ES3 Ao mesmo tempo pensamos numa perspectiva nietzschiana de universalidade do absolutamente singular, nesse sentido as micropolíticas estão nas fomes compartilhadas com o outro. Se nossos pés tocam o mesmo chão, nossos corpos tocam multiversos de poéticas singulares. Pensando esta arte/processo/dinâmica de vida, é praticamente impossível que compreendermos que a maneira que criamos nossa arte não se preste a nada. Ou talvez não, se preste a nada, quando a nadificação é o ato de movimentar aquilo que aparentemente se conhece todo. Somos artistas-pesquisadores em Arte Contemporânea atuantes na cidade do Natal com interesses em questões micopolíticas, singulares e em processo. Em nosso fazer o trabalho de arte, nas proposições que aciona, pertence ao mundo e não mais ao artista, e nossas intenções, motivações, ou a falta delas, deixam de ser uma questão principal para ser plano de fundo dele, que ganha afetos ou desafetos ao tocar outras subjetividades, ou micropolíticas. A arte é uma dinâmica de vida que, como qualquer outra, depende da relação do sujeito com ela para criar espaços de afetação. O coletivo é nossa forma de existência-sobrevivência, é a forma de insistir na nossa emergente forma de vida, de nos ajudarmos e de vermos além do que um só veria, de transitarmos entre a irredutível singularidade e as potências comuns. Como ES3 somos isso e issos. Nos interessa a pesquisa da memória, do corpo sob situ-ações de duração, de pertencimento, de desterritorialização. Nos move a possibilidade de ouvir o outro, e de dizer outras coisas mais, com outras palavras imprevistas, com outros corpos em devir. Nos faz criar o desejo de encontrar vida em sua potência de desencontro com o estado de coisas definido. Performamos, instalamos, dançamos, fotografamos, videografamos, desenhamos, escrevemos, ocupamos o que nos toca, o que conosco vive, o que se compõe na paisagem complexa e irredutível de ser/estar aqui-lá-everywhere deste tempo, a excepcional instabilidade das poéticas de morte e vida, a inadequação as formas espetaculares, a inconformidade da gordura e dos músculos afetivos, as indóceis subjetividades, as indisciplinadas intimidades, o extrapolar das epistemologias, a ritualização do indomável dia-a-dia, os buracos negros ao lado das luzes do biopoder, o que diferentemente somos e deixaremos de ser.


CURRICULUM Perfomance 2009|Fando e Lis | Departamento das Artes | Natal –RN. 2009|Não Acredito que Conseguimos | Departamento de Artes | Natal – RN. 2009|O Que Egon Schiele Estaria Dizendo | Universidade Federal da Bahia | Salvador – BA. 2009|Marionetes e Ventrículos | Universidade Federal da Bahia | Salvador – BA. 2009| Matadouros | Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo | Natal – RN. 2010| ES3 | Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo | Natal – RN. 2010| Cleansed | Departamento de Artes - UFRN| Natal – RN. 2010| Performance Futurista | TECESol | Natal – RN. 2010| Coração | TECESol | Natal – RN. 2011| Geräuschkulisse (o ruído de fundo) | Departamento de Artes | Natal – RN. 2011|ES3 | Casa da Ribeira | Natal – RN. 2011|Outro Manifesto: Um Artista da Fome | Casa da Ribeira | Natal – RN. 2011| Santos em Vão | Bairro da Ribeira | Natal – RN. 2011| Medula Abissal | Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo | Natal – RN. 2011| Paisagem Espinhal | Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo | Natal – RN. 2011|O Que Está Aqui Está em Todo Lugar | Espaço À Deriva | Natal – RN. 2011| Primeiro Manifesto | Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo | Natal – RN. 2012|Corpo Manifesta | Teatro Hermilo-Apollo | Recife – PE. 2012 | Compre Seu Espaço Na Praia | Praia de Ponta Negra | Natal – RN. 2012|El BorderFucker | Espaço Selvática | Curitiba – PR. 2012|Coisas Inomináveis | Espaço Tardanza | Curitiba – PR. 2012|Instalactite | Espaço Tardanza | Curitiba – PR. 2012|Corpo Manifesta | Espaço Tardanza | Curitiba – PR. 2012|Composições para Esquecer | Espaço Tardanza | Curitiba – PR. 2012| Não Conheço Nenhuma Razão para Amar Senão Amar | Sala de Arte Contemporânea Petrobrás | Natal – RN. 2012| Passeio Potiguar | Bairro da Ribeira | Natal – RN. 2012|Marionetes e Ventrículos | Espaço Gira Dança | Natal – RN. 2012|Corpo Manifesta | Departamento de Artes | Natal – RN. 2012| Instalactite | Eu-Corpo | Natal – RN. 2012|Dói-me um Corpo Por Todo o Corpo | Eu-Corpo | Natal – RN. 2013| Fragmento ao Ar Livre | Ruas de PoA | Porto Alegre – RS. 2013| Contos do Império das Nuvens | Gasômetro | Porto Alegre – RS. 2013|T - 0 = Performance | Ruas de PoA | Porto Alegre – RS. 2013|Mapeandando | Ruas de PoA | Porto Alegre – RS. 2013|T - 0 = Até Aqui | Gasômetro | Porto Alegre – RS. 2013|Fragmentário | Praça da Alfândega | Porto Alegre – RS. 2013| Entrecorpar | Esquina Democrática | Porto Alegre – RS. 2013|Permanência | Praça Otávio Filho | Porto Alegre – RS. 2013|Você Está Aqui | Esquina Democrática | Porto Alegre – RS. 2013|Espaço de Contato | Rua da Praia | Porto Alegre – RS. 2013|Espaço Fiado | Rio Guaíba | Porto Alegre – RS. 2013|Circuito Fechado | Praça da Alfândega | Porto Alegre – RS. 2013|O Perdão é Azul | Rodoviária do Plano Piloto | Brasília - DF. 2013|FOMEnto ao Artista | Rodoviária do Plano Piloto | Brasília - DF. 2013|Auto-Limpante /Self Cleaning| Rodoviária do Plano Piloto | Brasília - DF.


CURRICULUM Perfomance 2013|Luz | Praça da Alfândega | Porto Alegre – RS. 2013|M/editar-se | Avenida Ipiranga | Porto Alegre – RS. 2013|REAL | Esquina Democrática | Porto Alegre – RS. 2013|Espaço e Repercurso | Atelier Subterrânea | Porto Alegre – RS. 2013|Não Conheço Nenhuma Razão para Amar Senão Amar | Casa da Ribeira | Natal – RN. 2013|Corpo Paisagem | Bairro da Ribeira | Natal – RN. 2013|Paisagem Espinhal | Casa da Ribeira | Natal – RN. 2013|Paisagem Espinhal | Sobrado José Lourenço | Fortaleza – CE. 2013|Preto no Branco | Mostra Incorpora | Salvador– BA. 2013|Occupy Nordeste| Mostra Incorpora | Salvador– BA. 2013|Preto no Branco | Espaço Atores à Deriva | Natal– RN. 2013|Você Está Aqui | SESC Cariri | Cariri– CE. 2013|O que é performance?| Casa da Ribeira | Natal – RN. 2014|Compre o seu espaço na praia | Casa da Ribeira - Redinha| Natal– RN. 2014|Você está aqui | Pinacoteca do RN | Natal – RN. 2014|Compre o seu espaço na praia | Casa da Ribeira - Praia do Meio| Natal– RN. 2014|Por quanto se vende aquilo que não se pode comprar?| Praia do Meio| Natal– RN. 2014|O que é performance? | Pinacoteca do RN| Natal– RN.

Vídeo-Performance 2013|Landscape com Círculos Móveis | Universidade do Rio Grande | Rio Grande – RS 2013| Occupy the Fat | Universidade do Rio Grande | Rio Grande – RS. 2013| Occupy My Ass| UFRN | Natal – RN. 2013| Tratados do Corpo Escavado | Galeria Cañizares | Salvador - BA. 2013|Preto no Branco | Acervo Mostra Incorpora | Salvador– BA. 2013|Occupy Nordeste| Acervo Mostra Incorpora | Salvador– BA. 2013|Occupy My Ass| Mostra Nacional IP | Cariri – CE. 2013|Landscape com Círculos Móveis | Mostra Nacional IP | Cariri – CE.

Exposições

2011|Movimento-Momento: Fragmentos no Tempo | TECESol | Natal – RN. (Ind.) 2011|Fando e Lis (Performance Design) | Quadrienal de Praga | Praga – RC. (Col.) 2011| Cleansed (Performance Design) | Quadrienal de Praga | Praga – RC. (Col.) 2012|Resquícios ArtePraia | Casa da Ribeira| Natal – RN. (Col.) 2013| Fragmentário de F(r)icções da Rua | Atelier Subterrânea | Porto Alegre – RS. (Ind.) 2013| Artista da Fome | Galeria Cañizares | Salvador - BA. (Col.) 2013|Movimento-Momento: Fragmentos no Tempo | Pinacoteca do RN| Natal – RN. (Ind.) 2013|Corpos Ausentes | Pinacoteca do RN| Natal – RN. (Col.) 2014|Fragmentário de F(r)icções da Rua | Pinacoteca do RN| Natal – RN. (Ind.) 2014|Fronteiras e Estados de Sítio | Pinacoteca do RN| Natal – RN. (Col.)


CURRICULUM Palestras/Apresentações 2011|Introdução à História da Performance| Sala de Arte Contemporânea Petrobras | Natal – RN.

2011|Mapeamento BodeArte: Corpos em Performance no Nordeste | Universidade de Brasília | Brasilia – DF. 2012|Mapeamento de Corpos em Performance no Nordeste | Casa da Ribeira | Natal – RN. 2012|Circuito BodeArte | PUC –SP | São Paulo – SP. 2012|Circuito BodeArte – Estratégias de Autogestão | C.A.S.A. | Nova Lima – MG. 2013|BodeArte – Rede de Corpos On-line no Brasil | ECA – USP | São Paulo – SP. 2013|Fragmento ao Ar Livre | Atelier Subterrânea | Porto Alegre – RS. 2013|Performance Arte: Das Vanguardas ao Contemporâneo Brasileiro | Espaço Avoante | Currais Novos – RN. 2013| BodeArte - Histórico e Performance no Nordeste | Casa de Cultura da América Latina| Brasília - DF. 2013| Questões de Curadoria e Arte Contemporânea | IFRN | Natal - RN. 2014| Circuito BodeArte - Resistências e Políticas| Central Galeria de Arte | São Paulo - SP. 2014| Performances na Rua| Casa da Ribeira | Natal - RN. 2014| Popular e Contemporâneo| Espaço A.Bo.Ca| Natal - RN.

Gestão Cultural 2011| I Circuito Regional de Performance BodeArte | TECESol | Natal – RN. 2012| II Circuito Regional de Performance BodeArte | IFRN - Cidade Alta | Natal – RN. 2013| III Circuito Regional de Performance BodeArte | Pinacoteca do RN | Natal – RN. 2014| Curso de Performance: Corpo, Processo e Prática | Pinacoteca do RN | Natal - RN. 2014| Mostra de Performance Corpo, Processo e Prática | Pinacoteca do RN | Natal - RN.

Residências Artísticas 2014| Resisdência ES3 na Pinacoteca | Pinacoteca do RN | Natal - RN. 2014| Residência ES3 - Dos Deuses | Instituto Hilda Hilst | Campinas - SP.


ESTE PORTFOLIO CONCENTRA-SE NUM RECORTE DA PRODUÇÃO DO COLETIVO ES3 NO CAMPO DA PERFORMANCE ARTE, DESTACANDO SEUS PROCEDIMENTOS E APRESENTAÇÕES JÁ REALIZADAS EM DIVERSOS CONTEXTOS POLÍTICOS, SOCIAIS E GEOGRÁFICOS DO BRASIL.


o quE EGon sCHIElE EstArIA DIZEnDo Trabalho realizado pela primeira vez em 2009 na Universidade Federal da Bahia, em Salvador (RN), e novamente em 2011, por meio do edital Circuito Ribeira, sob curadoria de Gustavo Wanderley.

Esta performance trabalha tendo como base a obra do pintor austríaco Egon Schiele e suas noções de morte e nascimento aliadas às percepções de corpo morto da Dança Butoh. Propõe assim uma sequência de imagens encarnadas que partem dos traços de Schiele e da sua maneira particular de enfocar e «descontinuar» o corpo para tecer um espaço de tensões onde se procuram os movimentos impossíveis e a exaustão do próprio esforço.


ClEAnsED Trabalho realizado em 2010 na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal (RN), dentro do Circuito Baixo do Natal.

A proposta de Cleansed foi a de discutir as similaridades e fusões entre as políticas de tratamento do corpo dentro do espaço institucional da universidade e dos campos de concentração nazistas. Para tanto foi criada uma instalação de três ambientes com aproximadamente 225m² onde ações, leituras, projeções, sons, enfim uma sequência de proposições performáticas tomava lugar. O público participante foi convidado a despir-se das roupas com as quais chegou e vestir-se uniformemente em batas hospitalares. Este trabalho teve duração total de três horas.


ClEAnsED


CorAçÃo Trabalho apresentado no ponto de cultura TECESol a convite do seu presidente Ênio Cavalcante.

Para a ação o performer criou uma vela de cera branca num molde escultórico e imergiu nela um coração de boi. Instalou-se esse objeto com oito pavis ao redor do coração/vela ainda apagado. Com o tempo a vela passa a encher-se de sangue do coração de boi e o performer a abre, com a ajuda de borboletas de soro, pequenos orifícios na superfície de cera que fazem com que o sangue passe a suar de dentro para fora da vela. No fim André Bezerra acendeu os pavis deixando a parte superior da vela queimar e revelando o coração dentro dela. Performou então a leitura de um manifesto sobre a situação da cultura na cidade do Natal, uma investigação sobre o coração da arte da performance em meio a ausência de políticas públicas de investimento, de espaços de apresentação, e sequer de reconhecimento para além dos chavões. Retira o coração da vela e o oferece ao público questionando: "você poderia tocar meu coração?"


mEDulA ABIssAl Trabalho apresentado no XV ENEART em 2011, na cidade do Natal (RN).

Medula Abissal busca referência na corda de caranguejos, vendida usualmente em feiras livres no nordeste, onde dez caranguejos vivos são amarrados e colocados a venda. Com uma corda de caranguejo amarrada a face do performer, ele imobiliza os dedos na forma da patola do caranguejo, e coloca em cada par de dedos um cabo p2 de som, ligado a uma pedaleira de guitarra e caixa amplificada. Passa assim a construir uma relação de movimento, interferência e batalha com os caranguejos, tocando-os com suas patas sonoras. Os sons gerados no ambiente e modificados pelo aparato técnico são resultado dessa interação. Esta performance remonta as experiências de infância do performer catando caranguejos na cidade onde nasceu, e aciona neste elemento icônico do litoral nordestino, acoplando-o a seu corpo como uma prótese, um espaço corpóreo de transição, entre o doce e o salgado, entre o mangue e o asfalto, entre andar e deslocar-se, entre tradição e contemporaneidade, entre um Nordeste romantizado e um Nordeste polifônico.



ComPrE o sEu EsPAço nA PrAIA Trabalho realizado pela primeira vez em 2012 em Natal (RN), novamente em janeiro e julho de 2014, por meio do edital Arte Praia (Casa da Ribeira), sob curadoria de Gustavo Wanderley.

A proposta tratava de duas questões bem ligadas ao contexto das praias urbanas: a ocupação do espaço público por interesses privados e a especulação imobiliária. Com um megafone Chrystine vendia um espaço na areia da praia por R$ 0,50. O espaço comprado não poderia ultrapassar os limites do próprio corpo do comprador. Ao aceitar a proposta o comprador deitava na areia, o que provocava as marcas dos contornos do seu corpo. A artista reforçava esses limites com tinta guache atóxica verde ou azul, o possibilitou que os corpos dos participantes ganhassem destaque. Ao finalizar o “serviço” uma placa foi colocada com o nome do proprietário. De certo, o contrato efêmero tinha o exato tempo do avanço do mar sobre o território comprado. O trabalho repercutiu também nos vendedores ambulantes que percebiam a venda e apontavam para seus colegas que agora estavam “vendendo espaço na praia”. Não havia informação que aquele era um trabalho de arte o que potencializou a ação.


ComPrE o sEu EsPAรงo nA PrAIA


CoIsAs InomInáVEIs quE nos HABItAm Por DEntro Trabalho apresentado na Mostra Itinerante Descontrole Remoto Natal-Curitiba em julho de 2012.

A performance Coisas Inomináveis que Nos Habitam por Dentro se volta para as relações de indigência no centro urbano de Natal - RN, buscando construir junto ao público uma reflexão ligada as práticas de invisibilidade social incorporadas no cotidiano da cidade. Nesse intuito propõe, através de uma narração autobiográfica do performer, um trânsito entre ficção e realidade através do relato da experiência de convívio entre o performer André Bezerra e um flanelinha do bairro do centro chamado Messias, falecido no natal de 2009 na cidade do Natal, enquanto 10Kg de cebola são cortados pelo performer, forçando a ele e ao público, ambos no espaço diminuto de uma sala, a chorar.


CoIsAs InomInรกVEIs quE nos HABItAm Por DEntro


ComPosIçÕEs PArA EsquECEr quE nÃo Estou AquI Trabalho apresentado pela primeira vez em 2012 em Natal (RN) com transmissão em tempo real para a cidade de Curitiba (PR), no evento PERFORMEIOS, sob curadoria de Angelo Luz e Eliana Borges.

A figura do performer e a associação de sua prática à presença de seu corpo aparece em diversos esforços de teorizar os aspectos da performance arte. A percepção de que essa presença é fundamental, ou desnecessária para o ato da performance, se confunde com ainda mais veemência diante das mediações através do vídeo em tempo real pela rede (streaming). A proposta lançada a partir dessa questão trata da presença prolongada do performer em transmissão ao vivo (durante duas horas) diante da câmera num esforço de ritualizar a própria presença no espaço de transmissão, compondo e re-compondo sua imagem no enquadramento da tela, num esforço para esquecer que a imagem transmitida pela web não é seu corpo, e que o corpo dele não está presente. Questionando em sua ação se estar no mesmo espaço físico, ao mesmo tempo, é um ato de presença. Partindo desse princípio diversas ativações são feitas através de objetos como prendedores de roupa, novelos de linha, cordas de caranguejos, ex-votos de cera, sabão, cactos, máquina de tosa, frutas, etc.


ImErsÃo Trabalho realizado nas dunas de Genipabu em 2012, integrante da *Plataforma Descontrole Remoto, sob curadoria de Angelo Luz.

Imersão fala sobre outras possibilidades de contato e interação entre sujeito e espaço, presentificando uma ação de movimento entre matizes e corpos. A relação abordada é de entrada no espaço folhado de uma duna, até que o corpo seja completamente absorvido por essa estrutura viva. O diálogo traçado é um embate entre corpo e estrutura, numa ambiência de mútua afetação e deslocamento.


ImErsテバ


ImErsÃo

*A plataforma DESCONTROLE REMOTO reuniu uma série de atividades artísticas e de troca de informações, entre artistas da performance de Curitiba (PR) e Natal (RN). O circuito itinerante de performance, intercâmbio e registro documental de atividades culturais foi contemplado no edital Rede Nacional Funarte Artes Visuais 8ª edição.


El CAmInEro DE PAsAjE Trabalho realizado nas dunas de Genipabu em 2012, integrante da Plataforma Descontrole Remoto, sob curadoria de Angelo Luz.

A proposta surgiu do primeiro encontro geográfico dos artistas Ângelo Luz, André Bezerra e Chrystine Silva, e de uma iniciativa de troca de referenciais éticos, estéticos e políticos através de um trabalho de arte constituído com base no encontro. Dessa forma, é pensado o espaço de encontro como espaço coadunar, partindo da imagem das dunas móveis da cidade do Natal, espaço geográfico localizável e móvel, permanente e itinerante, a duna como poeira que vaga e montanha que se ergue. Um espaço coadunar entre corpos, artistas e práticas que propõe, como o nome sugere, o encontro entre as dunas móveis desses três corpos, uma zona de coadunação e desterritorialização.


El CAmInEro DE PAsAjE


El CAmInEro DE PAsAjE


lAnDsCAPE Com CírCulos mÓVEIs Trabalho realizado nas dunas de Genipabu em 2012, participou da mostra Ruído.Corpo em Rio Grande (RS) em 2013.

Performance/Site Specific/Land Art criada em cooperação entre André Bezerra e Chrystine Silva, pensando o espaço da duna e da areia em sua mobilidade gasosa e contínuo deslocamento perante a realização de um movimento aparentemente repetido. Assim como se reconfigura a paisagem externa da duna está em contínua transformação a paisagem interna. O movimento composto na ação é o de criação de um círculo usando a ponta dos dedos dos pés direto e esquerdo, povoando a superfície da duna com esta forma inúmeras vezes.


lAnDsCAPE Com CテュrCulos mテ天EIs


lAnDsCAPE Com CテュrCulos mテ天EIs


CorPo mAnIFEstA Performance apresentada na Virada Multicultural do Recife (PE) em 2011 sob a curadoria de Rodrigo Dourado, no evento p.Arte em Curitiba (PR) no ano de 2012sob curadoria de Fernando Ribeiro e Tissa Valverde, e na IV Semana de Artes Visuais em 2012 na cidade do Natal (RN).

A performance apresenta uma pesquisa voltada a figura do artista contemporâneo em constante movimento de pregação contra o estático, faminto por esforços políticos prementes em sua arte, em constante erosão e transformação de sua imagem para dar voz ao seu corpo. Tal discussão é orientada pela leitura do “Manifesto da Fome”, construído a partir da leitura do conto “O Artista da Fome” de Franz Kafka (2009). A fome de que trata o Manifesto não diz respeito à debilitação física causada pela não ingestão de alimentos, mas está ligada ao próprio impulso fisiológico do movimento da arte. Neste manifesto foram depositadas as convicções éticas e estéticas da artista que são compartilhadas através de sua leitura, incitando o pensamento sobre o papel do artista na sociedade contemporânea. A artista como mulher, como negra, como performer, como vivente do nordeste brasileiro incorporou diversos elementos formando imagens que entrecortaram a leitura do Manifesto.


CorPo mAnIFEstA


CorPo mAnIFEstA


mArIonEtEs E VEntríCulos Performance apresentada na Universidade Federal da Bahia em Salvador no ano de 2009, e novamente por seleção no edital do Circuito Ribeira em 2012 na cidade do Natal (RN), sob curadoria de Gustavo Wanderley.

Esta performance partiu de um olhar para o passado por parte dos performers André Bezerra e Chrystine Silva, um olhar para a infância e as memórias e segredos que sustentamos, e uma pergunta intermitente se nos tornamos aquilo que de fato queríamos, se o coração e a carne dos monstros que temíamos nos tomaram. É usado nesse trabalho a leitura radiofônica de «Para dar um fim no juízo de Deus» realizada por Antonin Artaud, como espaço de digressão sobre a presença desse passado como agente de controle do corpo, em busca de um sentir-se aqui e agora. Ligados por tiras de elástico os performers compõem uma série de movimentos e sons que interferem um no outro devido a conexão do material. Roupas de infância são usadas pelos dois adultos na ação.


nÃo ConHEço nEnHumA rAZÃo PArA AmAr sEnÃo AmAr Trabalho apresentado em 2012 a convite da Cia. Suspensa (MG) na Casa da Ribeira, em 2012 como parte da curadoria de Gustavo Wanderley no Cena Performance em Natal - RN, e em 2014 sob curadoria de Paulo Aureliano da Mata e Tales Frey na Mostra Performatus #1, na Central galeria de Arte em São Paulo (SP).

A figura do amor transita entre muitos espaços, desde a arte aos atos e contos espalhados pela história, o amor está sempre presente sob diferentes olhares e compreensões. A ação proposta se encontra nesse meio, e pára por um momento sobre a ideia de uma promessa de amor, um ato performativo, uma sentença que implica numa ação: "eu prometo...". Dessa forma, procura pensar no amor para além da esfera romantizada, para além de um espectro romantizado, na busca de um espaço amoroso sob outras perspectivas contextuais e políticas: o amor entre os famintos, entre os casais em hospícios, nas zonas de guerra.





CorPo PAIsAGEm Trabalho apresentado pela primeira vez em 2013 em Natal (RN) no Cena Performance (Casa da Ribeira), sob curadoria de Gustavo Wanderley.

A performance Corpo Paisagem propõe em sua ação pensar o corpo no espaço urbano como zona de compartilhamento e contato, centrando-se numa poética do encontro com outro como potência de desvio, de ser desviado, e vendo ele como uma rua desconhecida, como uma multiplicidade de caminhos. Na ação o performer caminha com estetoscópios acoplados ao seu tórax e costas, e convida os passantes a colocarem os fones de um deles em seus ouvidos e guiá-lo pelas ruas da cidade do Natal. Dessa maneira a proposta se concentra nas alterações sonoras sofridas na paisagem interna do corpo ao atravessar uma rua, ao ser tocado neste ou naquele ponto, ao ouvir o barulho dos carros, ao passar em meio a um grupo de pessoas, ao conversar. Assim, Corpo Paisagem propõe uma ação de aproximação num espaço urbano contemporâneo marcado pelo distanciamento e isolamento dos sujeitos, e pensa o corpo do outro como “rua”, ambiente de interação, resposta, cognição, de possíveis cartografias sensíveis.


CorPo PAIsAGEm


CorPo PAIsAGEm


PAIsAGEm EsPInHAl Trabalho apresentado no XV ENEART em 2011, em 2012 pelo Cena Aberta Nordeste, com curadoria de Kil Abreu e Valmir Santos, e em 2013 no 64º Salão de Abril sob curadoria de Ricardo Resende.

A performance Paisagem Espinhal, que pertence a mesma série da performance Medula Abissal, trata de questões que dizem respeito prioritariamente a uma sedimentação da ideia de tradição como objeto preservado, para uma postura da tradição como território constantemente contaminado pela experiência presente. Seu título faz referência aos compêndios anatômicos, tratados do século XVIII e XIX, que tratavam do ato de abrir o corpo, conhecer seus órgãos, e na performance proposta trata de desconstruí-los para pensar de uma maneira distinta o passado. Transformar não apenas uma atualização do(s) eu(s) futuro(s), mas desmembrar tantas ficções do(s) eu(s) passado(s). Na ação o performer coberto por uma camada de enchimento feito de algodão traça carinhos em cactos espinhosos, desfazendo o tecido e posteriormente acarinhando com a própria pele, boca e língua a eles.


PAIsAGEm EsPInHAl


PAIsAGEm EsPInHAl


PAssEIo PotIGuAr Trabalho apresentado no Circuito Ribeira em 2013, sob curadoria de Gustavo Wanderley.

A performance Passeio Potiguar traz para o público um deslocamento/estranhamento do corpo e suas práticas em território potiguar, utilizando-se de uma inversão da ação cotidiana do passeio com o cachorro, como imagem americana suburbana clássica, e criando na cidade do Natal, espaço de extrema influência americana por fatores históricos, um ato subversivo e pós-colonial deste passeio, um passeio com caranguejos em suas coleiras, não belo, não produtivo, potiguar way of life. Na ação o performer realiza uma “caminhada” de três horas com duzentos caranguejos pelos trilhos do trem até a beira do Rio Potengi no bairro da Ribeira.




FrAGmEnto Ao Ar lIVrE Trabalhos apresentado na cidade de Porto Alegre (RS) em 2013, com apoio do edital Rede Funarte de Artes Visuais - 9º Edição.

Fragmento Ao Ar Livre é uma série de quinze performances que partem da convivência extrema com o espaço da rua, numa auto-proibição do performer de entrar em qualquer espaço fechado pelo período de oito dias. As performances procuram investigar poeticamente a presença e percursos do corpo quando retiramos do mapa a idéia de uma casa, um teto para o qual se retorna. Que derivas e convivências são possíveis com a cidade nesse recorte? Nesse recorte propõe-se ainda a pensar a vida nos estados de exceção criados para recortar e dar conta do espaço urbano contemporâneo. A série de performances culminou na realização de uma exposição durante um mês no Atelier Subterânea (Porto Alegre - RS), denominada «Fragmentário de Ações da Rua», com instalações, e registros escritos e fotográficos da jornada do performer.


FomEnto Ao ArtIstA Trabalho apresentado no evento Performance Corpo Política na cidade de Brasília (DF) sob curadoria de Maria Beatriz de Medeiros e do grupo Corpos Informáticos.

Na ação a fome aparece mais uma vez como espaço crítico e de reflexão sobre a condição do artista contemporâneo, seu processo criativo e sua produção. A performance cria zonas de interferência entre a efemeridade da ação, a interação do público, e a fome do artista, que mescreve sobre o chão três frases: (1) FOMEnto ao artista; (2) Artista da Fome; e (3) BODE (referente ao Circuito Regional de Performance BodeArte produzido pelo Coletivo ES3 de maneira independente e sem financiamentos de patrocínio público ou privado). A performer mastiga, marcha, pisa, o gelo e a fome se esparsam e espalham até parecerem um rastro invisível da própria situação produzida, situação em performance do próprio sistema de financiamento através do qual se incentiva arte no país.


FomEnto Ao ArtIstA


FomEnto Ao ArtIstA


VoCê Está AquI Trabalho apresentado na Mostra Sesc Cariri de Culturas, nas cidades do Cariri e Crato (CE), e na Residência Es3 na Pinacoteca, em Natal (RN).

A performance possui estrutura poética e visual simples, consiste no uso de rolos de fita adesiva branca que são desenrolados pelos pés do performer enquanto este se move. Simultaneamente o performer escreve sobre a fita branca que se desenrola a frase: você está aqui. Embora estruturalmente simples, sua poética é da ordem de uma complexidade abrangida pelo questionamento do corpo e sua pertença ao espaço, e as relações entre estes criadas. Nesse sentido, ao afirmar “você está aqui” o performer questiona o que significa estar presente no espaço, através dessa frase tão comumente encontrada nos aparelhos G.P.S., e nos mapas de espaços de compras e turísticos. Na projeção gráfica do desenho de uma caminhada que se marca aos olhos de todos sobre o chão, “Você Está Aqui” chama para o espaço da rua a presença do sujeito que habita a cidade em seus percursos cotidianos, e faz vibrar outras formas de conviver com o espaço urbano.


VoCê Está AquI


Auto-lImPAntE Trabalho apresentado na mostra Performance Corpo Política (Brasília) em 2013, sob curadoria do grupo Corpos Informáticos.

Auto-Limpante se propôs pensar questões que se referem as políticas do clean como espaço de limpeza social, sugerindo um movimento de limpeza nas mangueiras de bombeiro contra os manifestantes, na cal e no fogo dos campos de concentração, no auto controle do corpo e de seus desvios a partir de determinada norma. Auto-limpante como espaço de controle, situação de preservação, movimento de purificação. Self cleaning como um movimento que abandona o self como base consciente de uma identidade, para mover-se a uma subjetividade em trânsito, nos trânsitos. Na performance o corpo do performer está pixado com a palavra «occupy» e usando saliva e uma barra de sabão o performer, interagindo com o público, vai limpando o seu corpo.



BrAnCo no PrEto Trabalho criado em 2008 e realizado nesse ano no ponto de cultura TECESol, a convite do seu presidente Ênio Cavalcante, foi retomado e novamente apresentado em 2013 através do edital Circuito Ribeira na cidade do Natal (RN), com curadoria de Gustavo Wanderley.

A performer tem o corpo totalmente coberto por tinta branca e realiza movimentações de retirada desta tinta do corpo. Ao final da performance podemos perceber que cada movimento realizado pela performer implica em uma modificação no espaço em branco, seu próprio corpo, pelos vários caminhos e texturas que vão sendo desenhados por esta no decorrer da ação, revelando a cor da pele da performer negra. Um perfuramento de padrões que questiona a herança colonial entre as duas cores.


BrAnCo no PrEto


BrAnCo no PrEto


o quE é PErFormAnCE? Trabalho apresentado no Circuito Ribeira, sob curadoria de Gustavo Wanderley, em 2013, e apresentado na Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte na residência ES3.

O que é performance? Essa pergunta tão comumente ouvida por quem cria nessa linguagem incorpora uma série de atitudes e ações possíveis para ser respondida, mesmo que sempre parcialmente. Inspirado no trabalho de Esther Ferrer (Performance: Teoria e Prática), o performer cria uma instalação com objetos diversos e pede ao público que sorteie e levante aleatoriamente placas com diversas nomenclaturas de performance encontradas usualmente na bibliografia sobre a linguagem artística em questão. Alguns dos escritos nas placas são: performance sadomasoquista, performance fuleragem, performance glossolálica, performance oral, performance autobiográfica, etc. A partir de cada placa levantada o performer propõe um arranjo e uma ação se valendo dos objetos instalados, criando no momento uma resposta possível ao recorte da performance convocado na placa. Nessa ação estão imiscuídos o esforço político por um espaço mais amplo de discussão da performance como área específica de conhecimento, investimento e criação nas artes, ao mesmo tempo em que se apresenta um jogo conceitual de respostas performadas ao que é performance, tão momentâneas e efêmeras como o próprio ato de definí-la.


Por quAnto sE ComPrA AquIlo quE nÃo sE PoDE VEnDEr? Trabalho realizado na Praia do Meio na cidade do Natal (RN) em 2014 dentor do projeto de abrangência nacional «Criança Não» com curadoria de Cristiane Bouger.

Os performers André Bezerra e Chrystine Silva, do Coletivo ES3, criam, da beira mar até o calçadão uma linha formada por placas de PVC (40cm x 25cm) as quais estão presas peças íntimas de vestuário infantil com as seguintes frases inscritas: "Quem escolhe por aqueles que não podem escolher?" ("Who chooses for those who can not choose?") e "Por quanto se compra o que não se pode vender?" ("For how much can you buy what can't be sold?"). A história da prostituição infantil no litoral de Natal (RN) está ligada diretamente as famílias de pescadores que habitavam as áreas hoje tomadas pela especulação imobiliária para fins turísticos. Muitas dessas famílias, privadas de seu meio de subsistência culturalmente vinculado a atividade da pesca, recorreram a prestação de serviços aos turistas que passavam a procurar a região das praias urbanas natalenses. Dessa feita, é assim que muitos dos vendedores na praia, ex-pescadores eles mesmos, narram o aumento da prostituição de adultos, jovens e crianças nessa região, um serviço prestado para aqueles que queriam comprar. Demanda e oferta. Nossa ação/instalação parte dessas narrativas para propor em seu formato algumas inquietações aos moradores da cidade e aos turistas que a visitam durante a copa do mundo: dentro de um sistema capitalista e liberal de reprodução de vidas quanto custa o invendável? Quanto custa para tocar, penetrar, e abusar as crianças que são filhas de uma pobreza inventada para atender as demandas turísticas? O quão desnaturais podemos ser com as crianças, os corpos que devemos proteger segundo o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), para que possamos vender mais as paisagens naturais?


Por quAnto sE ComPrA AquIlo quE nテバ sE PoDE VEnDEr?


Por quAnto sE ComPrA AquIlo quE nテバ sE PoDE VEnDEr?


moVImEnto-momEnto: FrAGmEntos no tEmPo Exposição realizada em 2011 no ponto de cultura TECESol, e em 2013 na Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte na residência ES3 a convite do diretor da instituição Mathieu Divignaud.

Extensões do corpo trabalhadas sobre a imagem dos performers, ações relacionais pensadas sobre o movimento do corpo, articulando as esferas fixas da ideia de registro da performance e pensando-as numa edição realizada pelo próprio corpo em relação com o dispositivo fotográfico. Expansões da imagem, encolhimentos, intervalos, pausas, imagens do corpo editadas pela ação em performance que incorpora o meio fotográfico para pensar nos “irrepetíveis” esforços, os “irruptíveis” momentos, de interação entre movimento do corpo e da íris da máquina para pensar distintas pontes de relação entre corpo, performance e fotografia.


moVImEnto-momEnto: FrAGmEntos no tEmPo


moVImEnto-momEnto: FrAGmEntos no tEmPo


(DEs)BrotAmEntos Trabalho criado durante a residência do Coletivo Es3 no Instituto Hilda Hilst no ano de 2014 na cidade de Campinas (SP), sob curadoria de Paulo Aureliano da Mata e Tales Frey.

(Des)Brotamentos parte de um conceito que retoma imagens referentes ao conceito de grotesco, no sentido original do termo, que remete aos corpos híbridos que reúnem em si elementos animais, vegetais e humanos, segundo o latim italiano. As imagens captadas (des)brotam, pois ao mesmo tempo que falam daquilo que se desabrocha no corpo e nos vegetais, falam também de acúmulo, de sobreposição e imersão das formas dessas duas esferas de vida. Para retomar um sentido metafórico, e, por que não, filosófico, as imagens que compõem a exposição desenham uma ecologia das relações visuais entre esses modos de existência de distintos reinos.


(DEs)BrotAmEntos


Dos DEusEs: PétAlAs DE CArnE Trabalho criado durante residência artística no Instituto Hilda Hilst em 2014, Campinas (SP).

Dos Deuses: Pétalas de Carne é uma série de 25 composições criadas entre a performance e a fotografia a partir dos nomes criados para os deuses na obra de Hilda Hilst, a seguir os nomes daqueles que se encontram nessas páginas do portfólio: Grande Corpo Rajado, Grande Corruptível, O Isso, Lúteo Rajado, Cara Obscura e Cara Cavada.


Dos DEusEs: PétAlAs DE CArnE


Dos DEusEs: PétAlAs DE CArnE


Dos DEusEs: PétAlAs DE CArnE


Dos DEusEs: PétAlAs DE CArnE


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