TFG FAUUSP DESENHO DESLOCAR - PLANÍCIE PAISAGEM METRÓPOLE

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ANDREA TEIXEIRA BARCELOS

DESENHO DESLOCAR PAISAGEM PLANÍCIE METRÓPOLE TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO E DESIGN DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. BANCA COMPOSTA POR PROFA. DRA. NILCE ARAVECCHIA BOTAS (orient.) PROFA. DRA. KARINA LEITÃO DE OLIVEIRA ARTISTA VISUAL E EDUCADORA VÂNIA MEDEIROS

SÃO PAULO, JULHO DE 2018


Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação na Publicação Serviço Técnico de Biblioteca Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Barcelos, Andrea T DESENHO DESLOCAR PLANÍCIE PAISAGEM METRÓPOLE / Andrea T Barcelos; orientador Nilce Cristina Aravecchia Botas. - São Paulo, 2018. 96. Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. 1. Rio Tamanduateí. 2. Cartografia. 3. Meio Ambiente Urbano. 4. Narrativa Visual. I. Botas, Nilce Cristina Aravecchia, orient. II. Título.

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Elaborada eletronicamente através do formulário disponível em: <http://www.fau.usp.br/fichacatalografica/>


À Beatriz Rodrigues Teixeira e Maria Luiza Farias Teixeira, Minhas primas amadas: que a aventura, a imaginação e, principalmente, o desenho continuem sempre a fazer parte dos seus caminhos.

Dedico este trabalho à vocês.

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À minha família, Ana Paula, Ronaldo, Rafael e Lucas, por toda estrutura e bases que edificaram o meu caráter À Nilce Aravecchia, pela liberdade e confiança generosas que ampliaram meus horizontes e me incentivaram a sempre querer investigar mais. Pela disciplina que guiou o arranjo e forma final que todo esse trabalho se transformou À Karina Leitão pela cartografia durante os cursos de planurb, pela compreensão, carinho e incentivo que foram essenciais para o fôlego final desse trabalho À Vânia Medeiros pelas deliciosas tardes de quarta-feira no Centro Cultural Oswald de Andrade, e pelos audio tours no CCSP que foram inspiradores para o desenho e a percepção da paisagem urbana À incontestável e incomparável amizade de Larissa Candro, Gabriela Deleu, Renata Castillo, Afonso Costa, Juliana Stendard, Jaime Solares, Daniella Marrese, Lúcia Furlan, Léo Schürmann e Jordana Lopes que estiveram sempre presentes através de conselhos, conversas, nas sessões de deriva, desenhos e encadernação. À João Pedro Bim por estar próximo em todas as etapas, pelas conversas, pelas revisões e ideias de roteiro, pela produção dos materiais que fez esse caderno ser materializado e pela nossa Deriva ao Inferno na região da Luz Ao coletivo de artistas Estúdio Inflável por fazer voar a imaginação e inflar os sonhos, os desejos... Aos funcionários, Léo Chahad, Liliana, Nelson, Telma, Cristina, Rose, Mário Ao gfau e aos colegas dos cursos de arquitetura e urbanismo e design pela troca constante À vocês, “pelo carinho dedicado a nós / Derramamos pela nossa voz / Cantando a alegria de não estarmos sós [...] Obrigada do fundo do nosso quintal” Aragão, Jorge. “Do fundo do nosso quintal”. Som livre, 1987

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A respeito dos fragmentos necessários para se reaver a história, ROBERTO SCHWARZ escreveu o seguinte trecho “Ora, nada é mais comovente que reatar um fio rompido, completar um projeto truncado, reaver uma identidade perdida, resistir ao terror e lhe sobreviver. São anseios básicos da imaginação”. Schwarz, Roberto. O cabra marcado e o fio da meada. Ilustrada. Folha de S. Paulo, v. 26.

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RESUMO O trabalho é uma imersão pelos caminhos que margeam o rio tamanduateí em busca dos fragmentos que compõem as diversas camadas históricas de desenvolvimento urbano. O principal enfrentamento é a dimensão metropolitana através de cartografias e experiências gráficas. O objetivo desse trabalho é transmitir a noção de aprendizado espacial a partir da observação da paisagem urbana. Os componentes formais de uma paisagem são entendidos aqui como fontes visuais e elencados como personagens, elementos orgânicos, arquiteturas, estradas e suas relações. Já o aspecto cultural e histórico é realçado nesse espaço pelas toponímias dos lugares e também dos principais caminhos que esculpem por esse terreno. Uma hipótese para a execução desse trabalho é a prática de atravessamento desse território com a investigação material pelo uso do desenho amparada pelas captações subjetivas possíveis com o ato de caminhar. PALAVRAS-CHAVE: RIO TAMANDUATEÍ, CARTOGRAFIA, MEIO AMBIENTE URBANO, NARRATIVA VISUAL.

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ÍNDICE 09 RESUMO 13 14

INTRODUÇÃO AS DIFICULDADES DO DESLOCAMENTO

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CAPÍTULO 1 - IMERSÃO SEGUINDO O CAMINHO DO RIO À DERIVA NO IPIRANGA MAPA DOS ÔNIBUS NO SACOMÃ SÃO CAETANO DO SUL O RIO TAMANDUATEÍ EM SANTO ANDRÉ E EM MAUÁ

CAPÍTULO 2 - OS CAMINHOS TRILHADOS POR OUTROS 46 RADÔ - O OBSERVATÓRIO TAMANDUATEÍ 48 CAMADA GEOLÓGICA 50 SÃO PAULO EM UMA CONCHA CAMADA TUPI 52 GRAMA AMASSADA NO TERRITÓRIO TUPI 54 COLINA DE INHAPUAMBUÇU E AS CHEGADAS JESUÍTAS CAMADA COLONIAL 56 A APROPRIAÇÃO JESUÍTA DO TERRITÓRIO 60 ROTAS COMERCIAIS NAS FAZENDAS BENEDITINAS 62 LADEIRAS PORTUGUESAS NO TERRITÓRIO TUPI 64 68

CAMADA MÁQUINA METROPOLITANA MÁQUINAS GUIADAS EVOLUÇÃO URBANA DA TABATINGUERA

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CAPÍTULO 3 - CAMINHOS PERCORRIDOS O PROBLEMA DA HISTÓRIA COMO IMAGEM E TEXTO

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DERIVA NO INFERNO - A REGIÃO DA LUZ

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REFLEXÕES FINAIS

ANEXOS ESTRUTURA VIÁRIA E PRINCIPAIS CAMINHOS HISTÓRI COS NA RMSP (VERSÃO COM INFORMAÇÕES NO VERSO)

ESTRUTURA VIÁRIA E PRINCIPAIS CAMINHOS HISTÓRI COS NA RMSP (VERSÃO PAPEL VEGETAL)

MAPA TOPOGRÁFICO

MAPA GEOLÓGICO

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INTRODUÇÃO Uma noção de afeto diante de uma paisagem urbana moldada por incontáveis brejos, córregos e rios me levam a seguir os percursos fluviais na condução de uma pesquisa, de uma escrita e de alguns desenhos neste trabalho. Digo isso por identificar na minha formação, nas minhas noções espaciais enquanto cidadã, arquiteta e urbanista, um hibridismo entre minhas origens suburbanas e as vivências nessa escola elitista, mundo que participo e que se conflitam principalmente em relação aos referenciais para com o corpo do rio. Sobre isso, Walter Mignolo ressalta a percepção da dupla-consciência, uma visão de mundo onde, ao mesmo tempo que é concebido o mundo moderno, ainda está em exercício a colonialidade do poder (mignolo, 2005:36). Nesse panorama, as subjetividades e as experiências vão se moldando de maneira dupla e ambígua. E torna-se necessário identificar quais são as ações da coerção e quais as da submissão, o que pode vir a acontecer com o abuso do poder entre seus iguais e a subalternidade com referencias externas. Na intenção de experimentar esse poder e liberdade enquanto intelectual, e também enfrentando as difuldades do deslocamento enquanto mulher numa sociedade machista, elejo um território dentro do qual procuro refletir sobre ambos aspectos. Meu objeto é, portanto, um território recortado dentro da bacia hidrográfica do rio Tamanduateí, de onde busco compreender o desenvolvimento urbano e as formas de ocupação humana ao longo da planície do rio. É principalmente sobre seus aspectos topográficos que se debruça a importância da região na formação da cidade de São Paulo, e é a partir dessa narrativa recorrente em diversos autores que procuro atualizar os registros das condições espaciais das diversas ocupações ao longo desse solo. Para o trabalho de atualização e representação dessa paisagem, apresento uma experiência calcada no desenho e na elaboração de um universo gráfico. São imagens de diversas fontes, sintetizadas através do desenho, que se propõem amparar a construção das camadas narrativas históricas e ficcionais.

MIGNOLO, Walter D. A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso, p. 71-103, 2005.

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AS DIFICULDADES DO DESLOCAMENTO De maneira geral, é o tema da mobilidade que surge em primeiro plano. Penso que a ação de se deslocar relaciona os seres humanos com o meio físico, por isso procuro trabalhar com a ideia de que o próprio deslocamento e a fatura das trilhas e estradas que organiza a paisagem urbana, acabando por ditar as especificidades da apropriação humana e do desenvolvimento urbano. Aqui, o deslocamento se aproxima do desenho pelo percurso no espaço como traçado à disposição da arquitetura da cidade. É importante localizar minha perspectiva enquanto mulher, moradora do subúrbio, para a discussão do deslocamento. Há dados que comprovam que as mulheres são a maioria no transporte público (LIMA, 2016), também são as que mais andam a pé, mas são a menor parcela em número de motoristas. São apenas 13,4% as mulheres que dirigem os veículos em viagens de carro e, no Brasil apenas 22% das mulheres são habilitadas para dirigir motos (ABRACICLO, 2018). Como o veículo próprio está fora do meu contexto, reduzo meus comentários apenas ao transporte público e caminhadas, que são as modalidades de mobilidade em que as mulheres são as mais vulneráveis: nesse ano, os casos de abuso com ocorrência registrada subiram quase 10%. A superlotação dos ônibus e metrôs é considerada fator agravante dos casos, principalmente nos horários de pico das 6h às 9h e das 17h às 20h (ARAUJO, 2018). Nesse sentido, discutir o deslocamento e o ponto de vista de quem caminha é tanto um assunto urgente para ampliação dos direitos básicos à cidadania, quanto surgem aqui também como desejo de liberdade.

LIMA, Juliana D. Como as mulheres se deslocam em São Paulo. NEXO JORNAL, 2016. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/12/12/Como-as-mulheres-se-deslocam-em-S%C3%A3o-Paulo Número de mulheres habilitadas para pilotar motos cresce 50% em seis anos. ABRACICLO, 2018. Disponível em: http://www.abraciclo. com.br/2018/1150-numero-de-mulheres-habilitadas-para-guiar-motoscresce-50-em-seis-anos

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ARAÚJO, Paula. ARCOVERDE. Leo. Casos de abuso sexual no transporte público de SP crescem 9% no 1º trimestre. G1, 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/casos-de-abuso-sexual-no-transporte-publico-de-sp-crescem-9-no-1-trimestre.ghtml


CAPÍTULO 1 - IMERSÃO SEGUINDO O CAMINHO DO RIO Por vezes tento me lembrar da primeira vez em que ouvi dizer que uma travessa à rua em que eu cresci, na verdade era um rio. A rua do brejo, do brejão - como era conhecida - fora asfaltada, teve seu curso de rio canalizado há tão pouco tempo quanto as obras da construção do Complexo Viário Maria MAluf, inaugurado no início da década de 90. Antes disso, existem relatos da relação da água que ali corria e dava fundos às chácaras de frutos que estavam implantadas na região. O brejo é um terreno alagadiço e fértil de matéria orgânica e nutrientes, que traz uma imagem de lagoa pantanosa formada pelo curso de um rio, popularmente é uma imagem transmitida como insalubre, como justificativa para as obras de drenagens e consecutivos tamponamentos dos cursos de rios. A partir das conexões entre os acontecimentos e a estrutura do terreno, percebo o rio como um fio no novelo a se desenrolar na passagem pelo espaço evidenciando camadas e episódios da história. Aqui, a imaginação indica o rio como uma chave de busca para o entendimento do território, somada a uma imaginação de que seja possível contar a história do lugar a partir de seu curso e também, da ideia de que a partir deles podem ser estabelecidas relações e afetividades que constroem a percepção da paisagem e do desenvolvimento urbano. Do rio do brejão e do córrego do Moinho Velho, hoje tamponados, as águas navegam pelo subterrâneo das avenidas Tancredo Neves e Juntas Provisórias, chegando no rio Tamanduateí na altura do bairro do Sacomã e Ipiranga. De onde começa essa história.

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CAPÍTULO 2 - OS CAMINHOS TRILHADOS POR OUTROS

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CAMADA GEOLÓGICA O relevo é essa primeira camada do espaço. O solo é esculpido pelas forças geológicas. A água, o vento, os movimentos tectônicos da crosta terrestre são os principais agentes nesse processo. Próximo ao oceano atlântico a cadeia de montanhas da serra do mar faz o papel de muralha na entrada ao interior do continente sul americano. É a Serra De Paranapiacaba [1], na região sudeste do brasil, que inverte o sentido dos rios, fazendo-os correr não direto ao mar mas sim em direção ao sertão. São diversas as bacias sedimentares e microbacias que desenvolvem uma complexa rede fluvial a partir dessas montanhas.

[1] que no idioma tupi-guarani nomeia o lugar como aquele de onde se vê o mar. SULAIMAN, Samia Nascimento; RAMOS-RIBEIRO, Rodrigo Rudge. Aspectos da educação ambiental e percepção de riscos em um estudo de caso em Paranapiacaba.

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Imagens ao lado: 01 - América do Sul: físico; 02 - detalhe para a extensão da Serra do Mar; 03 - detalhe para Serra de Paranapiacaba; 04 - Brasil: físico. Atlas Geográfico Escolar. - São paulo: IBEP, 2008.


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SÃO PAULO EM UMA CONCHA A Região Metropolitana De São Paulo se estabelece nesse relevo entre as serras e sobre as bacias sedimentares, num espaço geológico semelhante a uma concha, o chamado Planalto Paulista. As bacias se organizam nesse terreno de acordo com o relevo, e é através da observação das cotas de nível que é possível verificar os caminhos das águas. A bacia do rio tamanduateí pode ser observada como uma fatia dessa concha geológica que encosta na serra do mar e faz todas as suas águas desaguarem no rio tietê. As feições geológicas nessa bacia são a forma no terreno na paisagem. Dizem respeito também ao conjunto de aspectos do solo como características das rochas e dos sedimentos.

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Imagens ao lado: 01 - Recorte do mapa topográfico (ver anexo); 02 - Detalhe da legenda do mapa geológico (ver anexo); 03 - Recorte do mapa geológico (ver anexo).


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GRAMA AMASSADA NO TERRITÓRIO TUPI Dos espaços construídos pelo ser humano vamos considerar que a trilha do Peabiru[2] é um dos registros mais antigos na bacia do Tamanduateí. O percurso que, saindo da região do Peru e chegando a diversos pontos do litoral no Atlântico, pretendia conectar os dois oceanos que rodeiam a América do Sul. São diversos os ramais de estradas que estabelecem uma rede de comunicação para muitos povos, principalmente os tupis. A bacia do Tamanduateí abriga uma importante conexão desse percurso na chamada “Trilha dos Tupiniquim” que tem sido tema de estudos para muitos pesquisadores, principalmente os arquitetos Julio Abe e Daniel Issa. O estudo dessa trilha é justificado pela sua importância histórica como registro fragmentado do modo de ver o mundo dos povos nativos na américa. Atravessar a paisagem é uma forma de comunicação. Amassar a grama com o caminhar é um ato de construção no terreno, a criação de um infraestrutura que organiza o vazio através dos movimentos. E também, muito sábia em se conduzir no relevo de uma topografia complexa. A Trilha dos Tupiniquim, como mostra Julio Abe, é uma maneira muito inteligente de conectar o sertão ao mar, passando pela bacia do rio Tamanduateí até Paranapiacaba e descendo suavemente até a bahia de São Vicente.

[2]que no idioma tupi-guarani significa grama amassada SILVEIRA, Roseli da. Da terra ao mar: um estudo de microtoponímia caiçara em Iguape/SP. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. Imagens ao lado: 01 - Peabiru - tilha dos tupiniquim elaborado por Julio Abe. Página De Turismo Histórico E EcológicoDisponível em: https://goo.Gl/kn2lpl; 02- Indicação do traçado do desenho “Estrutura Viária e Principais Caminhos na RMSP”- Ver Anexo.

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03- Intervenção gráfica na publicação “Cronologia Da História Do Brasil Colonial, Dpto. De História - USP, 1994.


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COLINA DE INHAPUAMBUÇU E CHEGADA JESUÍTA Um trecho intermediário da trilha dos Tupiniquim passa pela colina do Inhapuambuçu, “onde os jesuítas se instalaram em 1554” (CAMPOS, 2005:13). Anteriormente ali residia a aldeia tupiniquim sob liderança de Tibiriçá (KOK, 2009:2). A relação entre os dois povos encontrou nessa colina seu local de fundação, quando da reza do padre José de Anchieta na primeira missa do colégio jesuíta, numa cabana improvisada em 25 de janeiro de 1554. Antes dessa, há havia sido fundada a vila de Santo André da Borda do Campo por João Ramalho em 1553, também ao longo da trilha dos Tupiniquim, em algum ponto entre a colina e a Serra de Paranapiacaba, se não na própria serra. A localização dessa vila é um mistério para diversos autores, pois logo da fundação de São Paulo, ela fora abandonada e todos os jesuítas vieram se instalar na colina de Inhapuambuçu. São diversas toponímias tupi-guarani que se referem à paisagem, indicando uma forte relação entre a observação, a experiência e a oralidade no povoado Tupi. É justamente na região da Inhapuambuçu, a colina onde se vê ao alto ou morro arrendondado (DO AMARAL, 2004:42), onde a trilha dos Tupiniquim cruza o rio Tamanduateí vindo das serra à leste e indo à oeste, rumo ao Sertão paulista. Vindo do córrego da Moóca, o caminho chega na Vila de São Paulo subindo a rua da Tabatinguera que faz referência ao tipo de solo na várzea, um barreiro de barro branco, argiloso (CIRRINCIONE, 2010: 201). Nesse cruzamento, havia o porto da Tabatinguera (idem), e a dificuldade no terreno lamacento era vencida por uma ponte existente até o começo do séc XX, a Ponte do Fonseca.

CAMPOS, Eudes. Nos caminhos da Luz, antigos palacetes da elite paulistana. Anais do Museu Paulista: história e cultura material, v. 13, n. 1, p. 11-57, 2005. CIRRINCIONE, Alessandra. Mapa e memória: Parque Anhangabaú e rua Anhanguera. Estudos Linguísticos, v. 39, n. 1, p. 200-213, 2010. DO AMARAL, Maria Vicentina de Paula et al. A língua de São Paulo. Revista USP, n. 63, p. 36-63, 2004.

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KOK, Glória. Peregrinações, conflitos e identidades indígenas nas aldeias quinhentistas de São Paulo. XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA E ÉTICA. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2009.


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Imagens ao lado: Intervenções gráficas na publicação “Terra Santa De José De Anchieta, Digesto Econômico, n77, 2014”. Disponível em http://afif.com.br/wp-content/uploads/2015/01/carta-de-anchieta. pdf 01 - Ilustração da primeira missa e a presença indígena. 02 - Ilustração e croqui da ponte na Tabatinguera. 03 - Imagem da maquete da “Villa S. Paulo” que encontra-se no Pateo do Colégio, São Paulo. 04 - Esquema das soluções de baluarte nos muros da vila.

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A APROPRIAÇÃO JESUÍTA DO TERRITÓRIO Em 1560, com a proibição da trilha dos Tupiniquim (PETRONE, 1995:35, apud GONÇALVES, 1998:42), José de Anchieta propõe um traçado alternativo para vencer a serra do mar. Esse e outros caminhos são estabelecidos visando a passagem das tropas de muar numa configuração de sociedade totalmente reconfigurada com a presença intensa de portugueses e espanhóis no território. O atravessamento da cidade sobre o muar se dava no chão de terra batido, na lama, e fazia escoar as riquezas do solo para a coroa portuguesa. São diversas as estradas e caminhos que vão esculpindo o terreno, em especial a Estrada das Lágrimas e a de Vergueiro. Cada qual num tempo e numa topografia específicas, ambas permanecem no território e vem a cidade se elevar ao seu redor. Já pelo rio, são os beneditinos que estabelecem a principal comunicação entre as serras do atual ABC com a sede da cidade através da canoagem. Há relatos de portos em Tijucussu, na foz do ribeirão dos Meninos, que conectam com o Porto Geral de São Bento fazendo a função de suprir a cidade em materiais para construção e também alimentos (JOHNSON, 1766). Todos os caminhos levam à Coroa No início dos setecentos, uma nova carta régia do rei João V concede a São Paulo o título de cidade. Em “História da Cidade de São Paulo”, Afonso d’Escragnolle Taunay transcreve o documento enviado por El-Rei para Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, analisando e deferindo o pedido dos paulistas para a elevação administrativa:

GONÇALVES, Daniel Issa. O Peabirú: uma trilha indígena cruzando São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 1998. JOHNSON, Dom Martinho. Livro do Tombo do Mosteiro de São Bento da cidade de são Paulo. Prefácio de Sérgio Buarque de Holanda. Transcrição e anotada do manuscrito original de, 1766. 58

PETRONE, Pasquale. Aldeamentos paulistas. São Paulo: EDUSP, 1995


“Havendo visto a proposta dos oficiais da câmara da vila de São Paulo, e o que sobre ela me escrevestes, principalmente a em que me pedem se lhe dê o nome de cidade à vila e Igreja Catedral com bispo, fui servido por haver por bem que a vila de São Paulo tenha o nome e título de cidade. E assim vos ordeno o façais praticar e publicar, mandando registrar esta minha ordem nos livros da Secretaria desse Governo e Senado da Câmara e partes aonde convier[...]” (TAUNAY, 1953). Este feito culmina, como mostra o autor, de uma série de ações paulistas como a abertura de caminhos para as Minas Gerais em busca de minério, e também alternativas de caminhos para oeste nas regiões de Goiás e Mato Grosso. E que em correspondência direta com El-Rei, relatando os feitos, os paulistas são desligados do governo fluminense, após a derrota na Guerra do Emboabas, e é criada a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro (1711-1765), provida por Antônio de Albuquerque, cuja sede é a própria vila de São Paulo dos Campos de Piratininga. Essa fidelidade dos paulistas em abrirem muitos novos caminhos para o sertão em busca do ouro, garante também sua autonomia política com o título de cidade e elevação do Conselho da vila à Senado. Nessa comunicação com a monarquia, os paulistas exploram a comunicação do litoral ao sertão em tantas versões do Caminho do Mar, para enviar as riquezas à Coroa Portuguesa na Europa. Capacidade colonial O tráfego das mulas do planalto ao litoral em muito era dificultado pelos terrenos instáveis a se vencer na serra, que devido às fortes enxurradas era sempre cenário de lama e atoleiros. Já próximo dos oitocentos, em 1788 o governo de Bernardo José de Lorena presta-se ao empedramento do “aspérrimo trecho da Serra no Caminho do Mar, realizado sob a direção de Costa Ferreira” (TAUNAY, 1953), este que era membro do Real Corpo de Engenheiros. O autor Benedito Lima de Toledo descreve em “Do litoral ao Planalto. A conquista da Serra do Mar” o estudo e prospecção dos bens culturais relacionados a esse projeto, como os remanescentes muros de arrimos, a composição das pedras do calçamento, bem como monumentos localizados no trecho que foram realizados a posteriori do governo setecentista. O traçado dessa

DE TOLEDO, Benedito Lima. Do Litoral ao Planalto a Conquista da Serra do Mar. Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, n. 8, p. 150-167, 2000. TAUNAY, Afonso D.’Escragnolle. História da cidade de São Paulo. Google, Inc., 1953.

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via tem como plano a descida pelas “cristas de divisores de bacias hidrográficas. Para evitar o forte declive foram construídas numerosas curvas de pequena amplitude” (TUPINAMBÁ, 2016). Já em meados dos oitocentos outra obra de infraestrutura de tráfego seria notável e teria trechos remanescentes até os dias atuais. Foi inaugurada em julho de 1864 uma nova estrada entre São Paulo e Santos que, acompanhando as cumeeiras desde o centro paulistano, alcançaria as serras na chamada Estrada do Vergueiro, passando ao largo e imune dos lamaceiros da planície do Tamanduateí. Diz que: “Vergueiro elaborou um traçado inteiramente novo no trecho entre a cidade de São Paulo e o alto da serra. Iniciando-se no largo da Pólvora, seguia para Vila Mariana, Meninos, São Bernardo, Varginha, Zanzalá e Alto da Serra” (DE TOLEDO, 2000).

TUPINAMBÁ, Miguel et al. AS PEDRAS DOS TRECHOS CALÇADOS DAS ESTRADAS COLONIAIS E IMPERIAIS DO SUDESTE DO BRASIL. Revista Geonomos, v. 24, n. 2, 2016. Imagens ao lado: 1 - Intervenções gráficas no Atlas de Mercator com a escrita “ROTA DO ESCOAMENTO”. E marcações das formas da América do Sul /CUSCO e da EUROPA, tal qual eram conhecidas na época. MERCATOR, G. ORBIS TERRAE COMPENDIOSA DESCRIPTIO. Duke Wilhelm of Cleve, Belgium. 1569. 60

2 - Detalhe dos pontos 2, 3 e 4 no mapa das “Estruturas Viáriais e Principais Caminhos na RMSP” (ver anexo)


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ROTAS COMERCIAIS NAS FAZENDAS BENEDITINAS Era a Estrada das Lágrimas que levavam às Fazenda São Bernardo e Fazenda São Caetano e seguia para as serras. Seu provável caminho era bairro da Glória, Lavapés, Cambuci, Sacomã, procurando atingir a Estrada para Meninos no Ribeirão dos Meninos por onde segue rumando a cabeceira deste rio e os topos de morros de encontro à serra. A Fazenda São Bernardo, era local onde se produziam gêneros alimentícios aos cuidados dos monges da Ordem de São Bento. As localizações são marcadas pelos edifícios religiosos, sendo em 1735 a inauguração da Capela de Nossa Senhora da Conceição da Boa Viagem e seu respectivo povoado em torno da qual é elevada a freguesia de São Bernardo em 1812 (PEREZ, 2010). E também a Fazenda de São Caetano do Tijucussu, pela construção da capela de mesmo nome por volta de 1720, nas proximidades da foz do ribeirão dos meninos, onde estavam instaladas uma casa grande, uma olaria para a produção de artefatos de cerâmica e também as moradas dos trabalhadores escravos (MIMESE, 2000). Essa produção da olaria seria transportada através de embarcações do tipo canoas remadas no rio Tamanduateí e desembarcavam no Porto Geral de São Bento na sede da Cidade de São Paulo. “No período das cheias, os beneditinos utilizavam uma canoa grande de 10 metros de comprimento, enquanto que no tempo da seca, duas canoas eram suficientes” (DE CARVALHO, 2007). O autor Sergio Buarque de Holanda relatou esse percurso e a chegada da mercadoria em um caminho “de onde os produtos eram levados em ombros de índios ou negros por uma rampa muito íngreme que terminava no Largo do Rosário [...], subsiste ainda com o nome de Ladeira do Porto Geral” (HOLANDA, 1977). HOLANDA, S. B. “Prefácio” in Livro do Tombo do Mosteiro de São Bento da Cidade de São Paulo. 1977. MIMESSE, Eliane. Imigrantes italianos no núcleo colonial de São Caetano do Sul. Estudos Ibero-Americanos, v. 26, n. 1, p. 163-182, 2000. PEREZ, Sandra. Santo André: a invenção da cidade. 2010. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

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Imagens ao lado: 1 - Mapa da região do ABC (limites municipais atuais em linha tracejada vermelha) e localização das fazendas dos Beneditinos. 2 - Detalhe da Capela de Nossa Senhora da Conceição da Boa Viagem próxima a Estrada do Vergueiro 3 - Detalhe da Igreja matriz em São Caetano do Sul em Tijucuçu


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LADEIRAS PORTUGUESAS NO TERRITÓRIO TUPI A chegada das mercadorias na acrópole paulistana, através das embarcações pelo rio Tamanduateí, faria com que essa paisagem estivesse sempre atualizada das produções, e fomentando todo tipo de movimentação no território. Sabe-se que desde então, já são muitas as direções possíveis para caminhos a partir da sede da cidade. Os produtos chegados dos portos nas embarcações e pelas tropas através do muar poderiam rumar para qualquer um destes caminhos depois de comercializados nessa pequena cidade que já se prestava a alguma centralidade regional. Na Planta da Cidade de São Paulo, desenhada por C.A. Bresser em 1841, pode-se observar as ladeiras da Tabatinguera, do Beco do Colégio e também a do Porto Geral de São Bento, todas conectadas ao rio, porém com diferentes escalas de acesso. Se antes, na formação da vila, a rua Tabatinguera era a principal via para as serras, agora ela ganha uma ponte, no fim da rua em frente da Chácara do Fonseca, que parece servir para outra direção rumando o leste e as chácaras na Mooca. Quanto ao Beco do Colégio, ou do Pinto, parece conservar na sua dimensão diminuta a escala intimista da primeira vila, agregando os costumes da sociedade de elite que ali se instalara. Já o Porto Geral de São Bento é testemunha de uma intensa vida pública que provavelmente pode ser equiparadas à própria rua São Bento, um eixo longilíneo que permite a conexão visual do Mosteiro de São Bento com o Largo São Francisco, intercalados pela igreja do patriarca Santo Antônio. É fato que as águas da bacia do rio Tamanduateí se conformam como um elemento cotidiano para os caminhos dessa cidade e estruturam toda uma série de relações em diversas escalas, desde a proximidade da coleta da água nos estreitos e curtos becos que acessavam o leito do Tamanduateí, como complementação na paisagem campestre, junto ao caminho dos pastoreios e tropas de animais de carga que ali chegavam.

Imagens ao lado:

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1 - Intervenção gráfica sobre Planta da Cidade de São Paulo, de 1850 com detalhe da Estrada para Santos em amarelo, passando nas bordas da várzea do rio. 2 - Intervenção gráfica sobre o mesmo mapa, com detalhe da Estrada para o Guaré, na Luz. LIMA, G. Planta da Cidade de Sâo Paulo. São Paulo. Arquivo Público do Estado de Sâo Paulo - Memória Pública, 1850.


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MÁQUINAS GUIADAS O tema da presença do rio na paisagem eclética de São Paulo, torna-se uma questão já em 1841, quando dos primeiros projetos de drenagem. São Paulo, já tem se consagrado como “boca do sertão”, frase célebre do autor Caio Prado, mas por outro lado é um “arquipélago econômico”, termo de Milton Santos. No final dessa década haviam-se eliminado as “sete voltas” que o rio percorria no trecho próximo a centro de São Paulo. A autora Vanderli Custódio esclarece como essa e outras ações no século XIX foram motivadas pela economia cafeeira, e acrescenta: “Foi um grande impacto para o processo de expansão da cidade ingressante no circuito da economia internacional. Assim, a partir de 1867 as estradas de ferro, com tecnologia internacional e recursos financeiros, margearam os rios Tietê e Tamanduateí. Em verdade, tal ocupação resultou no início do processo de valorização desses terrenos planos e barato” (CUSTÓDIO, 2012). A cidade enfrenta uma sequencia brusca de evolução econômica, tema indissociavel da reflexão sobre a implamentação das estradas de ferro. São profundas mudanças que ocorrem num espaço urbano que deixa de ser cidade, para sempre, e torna-se metrópole.

Custódio, Vanderli. Escassez de água e inundações na Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo: Humanitas/FAPESP 2012. Imagens ao lado: 1 - Planta do Projeto do Canal do rio Tamanduateí. Arquivo Histórico Municipal. São Paulo. 1885 2 - Detalhe para a relação entre o curso natural do rio e o seu projeto canalizado na proximidade da rua Tabatiguera. 3 - Detalhe ppara o relação entre o projeto de canal e a linha férrea já existente em 1885. 66

4 - Detalhe para o trecho do canal cruzando a Av. Tiradentes, o que não era possível antes do projeto.


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Da mesma forma, o contexto político da cidade industrial introduz a questão do Estado na modernização da sociedade: de espaços de produção e de habitação. Especificamente, o Estado Varguista (1930-1954) se compromete com a tarefa de “modernização de uma sociedade oligárquica, agroexportadora e regida por uma democracia eivada pelo clientelismo”, e que inaugura um modelo de cidade e de habitação a ser implantado institucionalmente (BOTAS, 2004) O embrião desenvolvimentista opera o nível de organização burocrático e econômico alterando substancialmente a vida nas cidades com a criação de orgãos e instituições públicas, transferindo recursos para o setor urbano-industrial, regulamentando a força de trabalho e implantando a política rodoviária (CUSTÓDIO, 2012). Nesse sentido, a modernização da sociedade opera como um ciclo de atuações na cidade, que guia os modos de ver e de se apropriar da paisagem. É o motor da expansão da mancha urbana e da transformação da paisagem, num contexto onde as ofertas de políticas públicas mencionadas buscam responder as demandas de uma “rede urbana pouco diversificada e bastante desigual” (BOTAS, 2004:145) características de uma sociedade caracterizada pelo subdesenvolvimento.

BOTAS, Nilce Cristina Aravecchia. Khoury, Ana Paula. A Cidade Industrial brasileira e a política habitacional na Era Vargas (1930-1954). URBANA V.6, n.8. jun2004 - Dossie: Cidade e Habitação na América Latina - CIEC/Unicamp. Imagens ao lado: 1 - Detalhe do mapa de Estrutura Viária e Principais Caminhos da RMSP mostra trecho mais alterado do curso do rio Tamanduateí, curso que fora acompanhado pelo projeto da Avenida dos Estados, a posteriori (ver legenda no mapa em anexo). 2 - Detalhe da relação entre a linha férrea e o canal do rio na planície e a mancha urbana em Mauá (ver anexo) 68

3 - Detalhe da relação entre a linha férrea, a av. do Estado, o canal do rio na planície, a mancha urbana em Mauá (ver anexo)


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EVOLUÇÃO URBANA DA TABATINGUERA

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Um exercício de sobreposição dos traçados de uma rua persistente e em constante transformação. Essa pequena rua teve sua função como porta da cidade submersa pelo desenvolvimento urbano que aconteceu ao seu redor. Assim como suas pontes, que já não mais vistas desde a execução da canalização do Tamanduateí, no final dos XIX. Imagens a cima: 1 - PAISAGEM DE SÃO PAULO. RUA TABATINGUERA ENTRE AS DÉCADAS DE 1930 E 1940. Óleo sobre tela de Dario Villares Barbosa. Exposto da Pinacoteca do Estado de São Paulo. São Paulo, Brasil. 2 - CHUVA, Arcangelo Ianelli, 1957. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Imagens ao lado, detalhes da rua Tabatinguera em nos seguintes mapas: 3 - MASSAII, A. V.S. PAULLO - [ca. 1608/1616]. Original pertecente ao Departamento de Cartografia y Bellas Artes de la Real Academia de la História. Madrid 4 - PLANTA DA IMPERIAL CIDADE DE SÃO PAULO. Original pertencente ao Arquivo Histórico do Exército, 1765/1774. Rio de Janeiro 5 - Intervenção Gráfica com marcação dos lotes da rua em 1841. BRESSER, C.A. Planta da Cidade de São Paulo (cópia em 1918). Arquivo Público do Estado de Sâo Paulo - Memória Pública, 1841. 6 - LIMA, G. PLANTA DA CIDADE DE SÂO PAULO. São Paulo. Arquivo Público do Estado de Sâo Paulo - Memória Pública, 1850. Disponível em: http://www.arquivoestado.sp.gov.br. Acessado em 17 04 2018

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7 - BELLWIG, A. PLANTA DA CIDADE DE SÃO PAULO. São Paulo. Arquivo Público do Estado de Sâo Paulo - Memória Pública, 1913. Disponível em: http://www.arquivoestado.sp.gov. br. Acessado em 17 04 2018


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CAPÍTULO 3 - CAMINHOS PERCORRIDOS A intenção é a de retomar as leituras que amparam as reflexões durante a pesquisa, assim como um viajante reflete sobre o seu caminho conversando com os autores do livros que leva na bagagem. A experiência do espaço percorrido pela caminhada, o encontro com o fato urbano e o atravessamento da cidade obra de arte são temas que acompanham esse trabalho. Os conceitos são trabalhados em diferentes autores e cada um pontua uma particularidade do pensamento e reflexão sobre o desenvolvimento urbano. Sobre a construção do espaço como produtos da ação humana, são as reflexões de Giulio Argan, Aldo Rossi e Ulpiano Meneses que orientam a análise desse espaço e suas fontes visuais. Inicio o percurso elegendo a região da sub Ipiranga como Porta. A entrada que gera o espaço e o tempo dessa narrativa é também a região de entrada da cidade de São Paulo, vindo pelo ABC. A reiteração desses caminhos ao longo dessa planície fluvial são a principal investigação, nas quais busco compreender suas causas, o que orientava a sociedade em cada momento em que foram sendo estabelecidos. A constituição da planície como passagem do sertão ao litoral é estrutural e persistente na organização desse espaço. Na leitura de Aldo Rossi e Fernand Braudel, encontram-se meios para estabelecer a importância desse caminho enquanto fato urbano e estrutura para o desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo e sua Região Metropolitana. Para Aldo Rossi, o fato urbano elege o tema da persistência da forma, diz que “a forma tem uma persistência [...] que não está reduzida ao momento lógico”, e que a forma de um fato urbano é “um passado que ainda experimentamos” (ROSSI, 2001:39). E nesse caso, a forma de experimentar o espaço da planície do rio é indissociável da noção de passagem, transposição e caminho. Isto é, uma noção espacial que o conceito de “história de longa duração” de Braudel elegeria como estrutural.

ROSSI, Aldo. A Arquitetura e a Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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Imagem ao lado: Mapa de Estrutura Viária e Principais Caminhos Históricos na RMSP. Detalhe do percurso I de caminhada no Ipiranga.


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Diz que: “Certas estruturas, por viverem muito tempo, tornam-se elementos estáveis de uma infinidade de gerações: embaraçam a história, incomodam-na, e assim comandam seu fluxo. Outras estão mais prontas a serem destruídas. Mas todas são, por sua vez, sustentáculos e obstáculos. Como obstáculos, elas marcam como limites (envoltórios, no sentido matemático), dos quais o homem e suas experiências não podem libertar-se” (BRAUDEL, 1965). Nesse sentido, a estrutura conduz também as apropriações, sejam periódicas e cíclicas ou eventos singulares. No caso do Tamanduateí, seus caminhos são inclusive reiterados enquanto estrada de ferro (São Paulo Railway, inaugurada em 1867) e de rodovia (Avenida dos Estados, inaugurada em 1930), ambos compondo infraestrutura para a consolidação do seu período como cidade industrial. A construção consecutiva na matéria, o estabelecimento do fato urbano como coisa humana por excelência encontra semelhança, na leitura de Rossi, e também de Giulio Argan, na definição de obra de arte. Aldo Rossi estabelece a relação entre o fato urbano e a obra de arte a partir de seu aspecto coletivo e social, dizendo que: “Todas as grandes manifestações da vida social tem em comum com a obra de arte o fato de nascerem da vida inconsciente; esse nível é coletivo no primeiro caso, individual no segundo, mas a diferença é secundária, porque umas são produzidas pelo público, as outras para o público; mas é precisamente o público que lhes fornece um denominador comum” (ROSSI, 2001:39). A cidade como artefato é observada por Argan principalmente no seu aspecto simbólico e representativo, isto é, as formas construídas são resultantes das diversas técnicas, inclusive aquelas que organizam a entidade social e política.

Braudel, Fernand. A longa duração. Revista de História - ANO XVI Vol. XXX. p. 268. 1965, 34p

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Imagem ao lado: Mapa de Estrutura Viária e Principais Caminhos Históricos na RMSP. Detalhe do percurso II de caminhada no São Caetano do Sul. (ver anexo)


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A cidade é o produto de toda uma história que se cristaliza e manifesta. O que interessa não é tanto sua fundação, em geral lendária, quanto seu desenvolvimento, ou seja, suas mudanças no tempo (ARGAN, 1998) Para o autor, a existência dos monumentos urbanos evoca uma experiência didática que comunica a história da cidade. Aqui uma questão: seria possível identificar na estruturação e ocupação da planície do rio Tamanduateí essa noção monumental que evoca a história, não como sucessão episódica, mas como condução essencial na formação da cidade de São Paulo? Em tese, seria necessário retirar tudo aquilo que insiste em simbolizar na planície o território primitivo e que falseia a tábula rasa, para de fato reiterar a construção artificial da paisagem enquanto produto da arte humana, e possibilitar a experiência didática que o monumento é capaz de exprimir: a planície como passagem, transmissão e escoamento da produção que enriquece a metrópole. Mas aqui a contradição dessa solução aparece principalmente pelo seu aspecto de passagem, incorrendo sobre ele a tendência de estar sempre em transformação de uma maneira caótica e anárquica. Para o assunto da organização das informações da cidade, da passagem do sistema da história ao sistema da informação, Argan localiza uma incompatibilidade no par núcleo histórico e cidade industrial, tanto pelo dinamismo das atividades quanto pelo rodoviarismo em larga escala que não cabem na cidade pré-industrial. Não que a intenção seja identificar e salvaguardar a porção urbana histórica edificada na bacia do Tamanduateí, também o é, mas em essência, queremos discutir como dar a ver a planície como fato urbano e constitutivo estrutural da passagem.

Argan, Giulio Carlo. História da Arte como História da Cidade. São Paulo: Martins Fontes. 1998

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Imagem ao lado: Mapa de Estrutura Viária e Principais Caminhos Históricos na RMSP. Detalhe do percurso III de caminhada em Santo André (ver anexo)


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O PROBLEMA DA HISTÓRIA COMO IMAGEM E TEXTO As toponímias e as fontes visuais são essencias para a elaboração de uma narrativa, e nesse caso principalmente, por procurar contar a história de um espaço urbano real. Se uma das exigências para essa atividade é o compromisso em procurar relatar as questões que movem uma sociedade, o que orienta suas relações sociais e produtivas, então aqui, os caminhos produzidos ao longo de centenas de anos podem ser lidos tanto como produto socioespacial e como infraestrutura para a difusão de uma cultura do visual e do oral. Para Aldo Rossi são os estudos da toponímia que frequentemente proporcionam uma importante contribuição para o estudo do devir urbano (ROSSI, 1998:77). Nessa passagem, há a exploração do conceito da transformação permanente que também é aplicado na discussão do “fato urbano”. Aqui a correlação entre as metodologias para o estudo da arquitetura e da cidade se evidencia. São as constantes transformações em edifícios arquitetônicos que levantam o tema do “fato urbano”, em que algumas funções e alguns valores permanecem na matéria e outras, apenas na memória. Nesses “fatos urbanos” são evocadas as noções de coletividade que conseguimos estabelecer por ali e também estamos suscetíveis a perceber a sua forma complicada e organizada através do espaço e do tempo. “Tome-se um fato urbano qualquer, um palácio, uma rua, um bairro, e descreva-o: surgirão todas aquelas dificuldades [...] da ambiguidade da nossa linguagem e parte delas poderão ser superadas, mas sempre restará um tipo de experiência possível apenas para quem tenha percorrido aquele palácio, aquela rua, aquele bairro” (ROSSI, 1998:19). O tema da linguagem e da oralidade estão intimamente conectados com as toponímias tupi. São diversos nomes que marcam a paisagem com o seu som e nomeando o território, contam apenas com seu uso frequente para que permaneçam para as próximas comunidades. Mesmo que longe de seus significados, a oralidade e a permanencia de uma toponímia são constitutivos da paisagem.

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Imagem ao lado: Mapa de Estrutura Viária e Principais Caminhos Históricos na RMSP. Detalhe do percurso IV de caminhada em Santo André (ver anexo)


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Se por um lado, Boaçava, Tabatinga, Tijucuçu, Guaré e Caagassu foram extintos do nosso cotidiano, permanecem Ipiranga, Tamanduateí, Anhangabaú, Sacacura e Sapopemba como memória da presença hídrica absolutamente marginalizada. A transcrição do tupi para o portugues através do processo de escrita no alfabeto latino foi o processo que desconectou a oralidade de uma paisagem em uma toponímia grafada. Processo este, onde a escrita é capaz de levar um som e parte do seu significado para interlocutores distantes do seu ponto de origem. Mas, para Ulpiano Meneses, “são os problemas visuais que terão que justificar o adjetivo aposto a história” quando suplica para que os historiadores reflitam sobre as fontes visuais além da mera ilustração. A “ação” da imagem nos estudos de cultura material busca refletir sobre a “relações entre objetos, entre pessoas e objetos, entre pessoas mediatizadas por objetos”, tanto diacrônica quanto sincronicamente”. Um exercício. Relações possíveis entre objetos: A moldura e a pintura. As placas de aviso e a estrada. O caderno e a caneta. O chão batido e os trilhos. Os pilares e a laje. O papel e a impressora. Relações possíveis entre pessoas e objetos A estrada e os sapatos vestidos. As redes apoiadas por índios. As carroças puxadas por animais. Os vagões com passageiros. As mãos e os telefones. Relações entre pessoas mediatizadas por objetos, ou objetos que mediam: As cartas, as pinturas, os mapas, as encomendas, o dinheiro, o telegrama, o telefone, o celular, a fotografia, o computador, o objeto perdido/encontrado... Por exemplo: objeto encontrado numa via pode atravessar essas três dimensões de relações: por instigar narrativas precedentes em que estabelecia relações com o seu antigo dono e com a via que o abrigou, entendendo a via como um objeto, e também pode mediar a relação entre quem perdeu e quem encontrou. MENESES, Ulpiano T. Fontes visuais, cultura visual, história visual: balanço provisório, propostas cautelares. Revista brasileira de História, v. 23, n. 45, p. 11-36, 2003.

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Imagem ao lado: Mapa de Estrutura Viária e Principais Caminhos Históricos na RMSP. Detalhe do percurso VI de caminhada em Luz (ver anexo)


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A EXPERIÊNCIA COM A CARTOGRAFIA Algumas atividades que acompanham a produção de mapas são mais facilmente executadas quando devidamente relacionadas com a experiência e experimentação, em sentido de percepção. Aqui a percepção a paisagem é amparada pelo deslocamento, um ponto de vista único não é o suficiente e precisa estar em movimento, seguindo uma trajetória. Esse caminho está absolutamente a serviço da arquitetura da cidade, por não reduzir uma experiência espacial a um ponto, mas procurar devolve-la ao longo de uma LINHA. O movimento e o pensamento são processados em colaboração e o resultado é a junção das diversas linhas percorridas em percepção espacial. Mas há quem perceba que nem sempre o caminhar resulta num ponto final planejado é o caso de quem se perde, seja por errância convicta, seja por desaviso. A ideia de “arquipélago amniótico” é a ação de explorar justamente esses espaços onde é possível perde-se e por-se à prova. É a ação da errância explicada por Francesco Careri, onde experiencia-se a cidade em que “os espaços de estar são ilhas do grande mar formado pelos espaços do ir”. (CARERI, 2013:28) Perder-se e revelar novos horizontes, caminhar sem destino objetivo, um jogo para o deslocamento como procura por objetos urbanos ou seguir pessoas são algumas das possibilidades para a fatura cartográfica nesse processo. Pois procura-se experimentar e perceber o espaço urbano como fonte visual, e também, produzir outras fontes visuais na intenção de alimentar o imaginário e diferentes perspectivas do meio ambiente urbano. Entre outras, essa última é uma das justificativas para a direção não convencional da notação do NORTE nesses mapas: a provocação e o apelo quase suplicante para vermos a cidade com outros olhos.

CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhar como prática estética. São paulo: gustavo gili, 2013.

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Imagem ao lado: Mapa de Estrutura Viária e Principais Caminhos Históricos na RMSP. Detalhe do percurso VII de caminhada em Canindé (ver anexo)


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REFLEXÕES FINAIS

A produção desse trabalho ao longo de um ano foi a oportunidade de rever temas caros à minha trajetória durante graduação, principalmente pela liberdade em experimentar diferentes abordagens. O aprendizado espacial a partir do meio ambiente urbano e a leitura das camadas históricas de desenvolvimento urbano, através da cartografia dos caminhos históricos tráz uma contribuição à apropriação humana junto à planície do rio Tamanduateí. Tenho votos sinceros que a produção aqui desenvolvida possa ser de alguma forma apreciada por aqueles que convivem com a paisagem retratada, e que fomente de alguma forma a construção da narrativa do lugar, e das narrativas possíveis. A ação da pesquisa histórica e da experiência artística procurando andar lado a lado resultam num produto gráfico que pretende ser informativo, a partir do interesse geográfico, mas que também instigue a imaginação e a exploração de novos pontos de vista. Procurou-se esses valores tanto na cartografia elaborada com o direcionamento não-convencional do norte, quanto na elaboração de desenhos e escritas. Os problemas gráficos circundam a composição, a técnica, a própria narrativa visual e a reprodução e indicam um processo de tentativa e sobretudo aceitação do erro. Os indicativos para continuidade desse processo são três. Um que siga o movimento da água, a gravidade e as cotas de nível, o caminho que demore mais pra chegar na cota zero certamente é aquele que vai para o rio da Prata na fronteira entre Uruguai e Argentina. Uma segunda hipótese seria a de enfim encontrar os artistas gráfcos do Tamanduateí, como vivem e como produzem os quadrinistas, os cenógrafos, os arquitetos do espaço efêmero, os grafiteiros e pixadores e os errantes? Por último, mas não menos empolgante, às vezes imagino que qualquer dia chega pelo correio um comunicado da ficticía Sociedade Amigos das Margens do Tamanduateí, e me acusando de escánio pelas péssimas garatujas que aqui apresentei, acabam por me obrigar a manter a distância de 500m das margens do rio pelo período de mínimo 5 anos. Quem pode saber o que vai acontecer?

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