Universidade Federal do Espírito Santo
o d o ã ç ru t s n o c a t e n d e l o e ess d a oc d i r c p um
André G irão Ta uffer V itória 2 017
r a lug
André Girão Tauffer
Cidade lenta: um processo de construção do lugar Volume único
Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Artes Departamento de Arquitetura e Urbanismo Vitória 2017
FOLHA DE APROVAÇÃO Aluno: André Girão Tauffer Projeto de Graduação: Cidade lenta: um processo de construção do lugar Projeto de Graduação aprovado em Ata de Avaliação da Banca:
Avaliação da banca examinadora: Nota
Data
Milton Esteves Junior
Nota
Data
Lutero Pröscholdt Almeida
Nota
Data
Renan Grisoni Nota final
Agradeço aqui aos participantes deste trabalho que não tiveram seus nomes escritos na capa mas que foram ativos no desenvolvimento do mesmo. De vocês captei inspiração, recebi críticas e acalentos. Minha sincera gratidão à família pelo apoio constante que não mede distâncias. À companheira, que mantém firme em seu rosto o sorriso e em seus braços os carinhos. Aos colegas sempre dispostos a discutir e construir conhecimento juntos. Aos mestres pela dedicação e pelo diversos aprendizados. Um agradecimento especial ao orientador Milton Esteves Junior, que a cada conversa me mostrava um mundo novo de caminhos para explorar.
resumo Palavras chave: experimentação-urbanoparticipatividade A forma como a rua se define, sua divisão de usos, espaços e significados tem sofrido mudanças ao longo das décadas. Do espaço público dividido entre os pedestres e carroças de forma não regulada, ao espaço do automóvel segmentado em faixas de serviço, circulação de pedestres, sinalização, vagas de estacionamento e leitos carroçáveis; se tornando, nas últimas décadas do século XX, com o auge do automóvel, um espaço majoritariamente automobilístico, impessoal e pura e simplesmente de circulação. No início do séc. XXI, se insere em nossa sociedade, em conjunto com essa transformação do espaço público, uma nova forma de interação interpessoal, a mídia social, que em primeiro momento afasta ainda mais as pessoas do convívio “ao ar livre”.
Em resposta a esse contexto, ocorre concomitante, em alguns países da cultura ocidental, um movimento reverso, de buscar renovação dos votos do pedestre com o espaço da rua. Sob esta diretriz surgem diversas estratégias, sejam urbanismo tático, método participativo de projeto ou movimentos de guerrilha urbana, que mostram a necessidade que as cidades têm de espaços públicos de convivência comunitária, da reintegração das gerações da década de 90 e novo milênio com a rua, e da reapropriação do espaço público pela população que o abandonou em busca do sentimento de segurança, e pela febre da nova forma de interação social, em rede. A presente proposta de trabalho vem como experimento de processo para projeto de espaços livres baseado em métodos participativos e experimentações com instalações urbanas. O urbanista, se coloca como cidadão interventor do espaço público, em método
de guerrilha pelo espaço propondo instalações em espaços públicos colocando uma sugestão para o espaço, e deixando os usuários e transeuntes decidirem se a inserção é positiva ou negativa. O registro de retroalimentação é então utilizado como método participativo, no qual a instalação se torna a pergunta, e a intervenção de terceiros a resposta. As intervenções servirão então como suportes a sistemas de transformação do espaço, e o fenômeno urbano como objeto do experimento que testará o desenho e guiará o surgimento de um novo. Para a realização das instalações busca-se apoio de órgãos públicos (secretarias da prefeitura, instituições de fomento, editais) e financiamento colaborativo para a produção das instalações. O objetivo final é a produção de um projeto para o espaço livre escolhido e a descrição do método buscando incentivar mais projetos que fortaleçam a participação dos cidadãos na construção do espaço comum.
sumário introdução 12 elucidário conceitual 14 Sociedade; cidade; urbanismo tal como é feito; espaços de intervenção; o urbanismo que se propõe; estudo de caso
território de estudo 42 Mapa cognitivo; mapa de hierarquia dos espaços livres públicos do centro; linha do tempo espacial; mapa de potencialidades
proposta 72 Conceito; proposta; continuidade e aperfeiçoamento; a cidade lenta
protótipos 78 Vaga-lume; plantio; iteração; rabisco; atelier; rascunho; pulgas; sebo
a cidade lenta 104 Rua Erotides Rosendo; rua Duque de Caxias; rua Nestor Gomes; rua Comandante Duarte Carneiro; rua Dom Fernando
considerações finais 172
introdução
introdução Este trabalho intenciona fomentar a discussão de método de projeto urbano e sugerir uma prática. Tem gênese em uma proposta de envolvimento do urbanista com processos participativos de construção do lugar. O plano inicial indicava a instalação de parte do que acabou sendo o projeto final, em uma das ruas, e o registro da retroalimentação dos usuários do espaço para uma reformulação de projeto. O primeiro passo na direção do discurso foi a leitura de autores nacionais e internacionais em busca de uma visão completa do objeto de estudo, a cidade. Mais especificamente, a região do bairro Centro da cidade de Vitória, no estado do Espírito Santo. A leitura se esforça em abranger o máximo necessário para explicar em conceitos já fundamentados uma visão que também é minha sobre a cidade. 14
O centro foi escolhido pela observação do abandono de seus espaços (opacitação), a sua consequente transformação em não lugares, pelo urbanismo utilitário, em um processo de busca, dos novos centros da metápole por espaços que suportem os fluxos da geração hipertexto. Em resumo, um espaço, já histórico e construtivamente consolidado, abandonado pelo “progresso”, deixado às margens mesmo que ocupe o centro. As ruas e edificações evidenciam diversas camadas de tempo unidas no espaço: uma organização espacial e uma escala que remontam ao colonialismo e trazem resquícios de arquitetura jesuítica e urbanismo colonial; ainda que estejam soterrados pelo barroco, eclético e moderno, e diluídos em um traçado utilitário que se estende sobre aterro. O segundo passo foi buscar, ainda em leituras, e referências de projeto, uma forma de se inserir, enquanto cientista do urbano, no processo de construção da cidade. Entendendo como realidade a sociedade
introdução urbana, predita por Lefebvre, busco formas de auxiliar um processo de transformação do espaço comum, sem que este seja a projeção apenas dos meus desejos, enquanto projetista deste espaço. Busquei um processo de equipar o espaço com estruturas que suportem sistemas de transformação, para que este se torne em lugar; a soma das projeções dos desejos individuais dos usuários, e construa o sentimento de topofilia. O último passo foi o desenho de um projeto de intervenção urbana tentando abarcar os conceitos discutidos.
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elucidรกrio conceitual
o discurso A fundamentação do trabalho segue a seguinte linha: após revisão bibliográfica, é feita uma colagem de conceitos, buscados em referências nacionais e internacionais, que em conjunto construam um discurso coerente. Os tópicos da fundamentação pretendem em ordem fornecer: . análise da sociedade na qual o projeto pretende se inserir, e de seus habitantes; . análise da cidade de Vitória, aqui classificada em metápole, e dos processos que a transformam atualmente; . crítica ao modelo de urbanismo vigente, e ao papel do urbanista neste processo; . visão conceitual sobre os lugares (ou não lugares) aos quais o projeto pretende se inserir (tanto o sítio específico, como seu contexto).
. as diretrizes para a participação do urbanista, dos processos de transformação do espaço livre público
elucidรกrio conceitual
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elucidário conceitual
sociedade do espetáculo Criado por Guy Debord, o conceito de sociedade do espetáculo retrata a sociedade contemporânea com olhar crítico, relacionando seu surgimento à duas revoluções, a francesa e a industrial. Explica as estruturas de dominação social que se valem de nova mentalidade e nova temporalidade, frutos desses movimentos, que resultam em: adoração pelo progresso de um mercado mundial e sua regulação local em leis trabalhistas, e global em normas de comércio; adoração ao dinheiro e à administração idealizada da economia, que seria regida por leis da mercadoria; a disseminação do racional e do utilitário como lógicas que regulam tudo, causando substituição do tempo vivido pelo tempo das coisas, do consumo; o tempo de frustração que, substituindo o tempo de produção e o do ócio, impede a fruição livre do tempo e da abundância gerada pela produção massiva; a quantificação e unificação mundial do tempo que, cronometrado pelo tempo de
produção, firma a dominação do tempo social. A mídia, após os processos revolucionários, se vale de seu fácil acesso às residências para ilustrar um novo mundo, que é uma nova mercadoria, no qual “tempo é dinheiro” e deve ser usado para consumir o produto. O tempo de ócio se torna o momento de absorção das imagens midiáticas que promovem o consumo à última importância. E o principal produto é a imagem. Se comercializa a imagem do consumo, um espetáculo propriamente dito, no qual se vende a imagem de como se deve ser, de uma cultura internacionalizante, gerando no indivíduo uma forma de mimese com heróis identificados no mundo do espetáculo. A mídia passa de um recurso de divulgação de informações para um recurso de comunicação, de sensacionalismo dos fatos, de construção de um mundo ficcional baseado no mundo real, que, por fim se torna o real que 19
elucidário conceitual surge do espetáculo. A sociedade do espetáculo controla, então, o tempo do indivíduo o transformando no tempo das coisas, um tempo dimensionado e irreversível, necessariamente produtivo, no qual o consumo é obrigatório e direcionado por uma cultura internacional, e os lazeres (e usufruto do tempo em geral) não são espontâneos mas programados.
sociedade do risco Criado por Guy Debord, o conceito de Os perigos, diferentemente dos riscos, foram por vezes atribuídos à vida camponesa, à natureza. O desenvolvimento da cidade política (conceito de Lefebvre que descreve a cidade das muralhas, a do sistema feudal) se deve, não só à capacidade de produção e estocagem de alimentos, mas muito também à necessidade de proteção contra os perigos, gerando aí um paradoxo, tendo sido a cidade sempre um centro também de perigos, atrelados estes ao social. 20
Ascher descreve uma sociedade do risco na contemporaneidade como resultante da lógica moderna que pretende prever os perigos e planejar contramedidas (gerar desenhos e leis urbanas funcionais e rígidas), que esbarram na imprevisibilidade do futuro. O crescente desenvolvimento da técnica é posto como agente duplo, emulando maior sentimento de segurança atribuído à maior eficiência dos recursos tecnológicos (das câmeras de segurança, condomínios fechados e carros blindados), ao mesmo tempo que representa maiores riscos aos recursos naturais (pela extração de matéria prima), e gera medo da cidade, devido a divulgação instantânea das informações “contribuindo para a imagem de um mundo urbano pleno de perigos” (Ascher 2010). Essa sociedade do risco tem resultado positivo se tratando de como o desenvolvimento da sociedade urbana lida com a natureza. Começamos a nos tornar mais precavidos do que propriamente agentes. Se vê necessário preservar a natureza, criam-se a ideia de “patrimônio natural” e leis de preservação.
elucidário conceitual Começa-se a transpor um dos paradoxos do urbanismo, a natureza toma nova importância, tanto a física como a do homem (justificada pela individualização), adentrando os espaços urbanos e as residências criando uma nova forma de interação com a sociedade urbana.
sociedade e hipertexulidades Ascher (2010) define a geração pós terceira revolução urbana (ou durante esta) como pessoas hipertexto. São pessoas que se conectam a diversos contextos, em tempo real e durante 24h por dia, de forma não excludente, e não correspondente ao contexto ou interesse de um grupo, mas aos interesses individuais. É uma geração muito mais individualizada, na qual se perde o interesse pelo conjunto quando este deixa de estar atrelado ao interesse individual. Nessa geração, a estrutura familiar, antes base social, é questionada, reavaliada e desmontada; nela, grupos
culturais ou trabalhistas, não são mais coesos, nem feitos de pessoas necessariamente semelhantes. Ao contrário, são grupos compostos por pessoas que, pela liberdade de informação e pela constante luta contra os preconceitos, percebem a possibilidade de se formarem de modo muito mais plural culturalmente. Indivíduos podem, agora, abarcar interesses que antes eram de grupos extremamente segregados, pois já não partilham seus gostos e opções com um grupo óbvio de pessoas constantes em seu cotidiano (como família, vizinhos e amigos do bairro). A troca de informações e cultura se tornou o ápice da vida social, e ocorre de forma constante e fluida.
Definição de hipertexto no dicionário: apresentação de informações escritas, organizada de tal maneira que o leitor tem liberdade de escolher vários caminhos, a partir de sequências associativas possíveis entre blocos vinculados por remissões, sem estar preso a um encadeamento linear único.
Cada indivíduo se torna um hipertexto que interliga diversos contextos de forma interativa e ininterrupta, e nesses contextos não estão mais presentes os grupos coesos, de representatividade una. É nesse cenário que se encontra o limite da 21
elucidário conceitual representatividade das democracias representativas: uma sociedade de evolução imprevisível, com problemas inesperados e a demanda por mudanças constantes que se adaptem as transformações da cidade e dos cidadãos. No escopo urbano, as políticas públicas de prefeituras e estados não têm a velocidade para mudar de acordo com os interesses de uma sociedade crescentemente individualizada e informatizada, pelo que surgem as iniciativas de cooperação de secretarias municipais com líderes locais e as realizações de comícios e referendos. A participatividade popular tem tomado frente em diversas políticas, de econômicas à leis urbanísticas. A individualização observada gera uma nova demanda para os espaços livres públicos: não se quer mais generalizações que representem um grupo social ou econômico. São necessários mecanismos de representatividade que componham 22
o espaço de forma que represente as diversas individualidades, e que seja reflexivo, para que abarque a mudança constante da sociedade e do cidadão.
elucidário conceitual
metápole No contexto da sociedade hipertexto, a cidade e as relações entre as metrópoles também se alteram. Buscase a acumulação de riquezas humanas e materiais nos grandes centros urbanos1, como causa e consequência da maior concentração populacional somada à maior oferta de serviços especializados e de oportunidades de lazer, cultura, trabalho etc. É nessa configuração espacial que se desenvolve o conceito de metápole, definido por Ascher como “vastas conurbações, extensas e descontínuas, heterogêneas e multipolarizadas”. Os sistemas viários e de transportes são, mais do que nunca, eixos fundamentais para o bom funcionamento e fruição da vida urbana, se tornando determinantes na mobilidade, nos sistemas de intercomunicações e, também, nas ligações entre municípios dentro de uma mesma rede para tornar mais fácil a circulação de pessoas, serviços e mercadorias. Ao mesmo tempo, essa mobilidade promove
o crescimento indiscriminado dos assentamentos urbanos, bem como uma visão da produtividade do transporte rege os espaços livres das cidades de maneira predominante, colocando o fluxo em primeiro plano, e a fruição em último, tornando o momento da vida pública em um momento de produção e de movimentação. As metápoles detêm os principais centros de serviços especializados e a oferta de empregos, de serviços em geral e de instituições voltadas à movimentação de economia. As metápoles globais detêm, também, os serviços ligados às redes mundializadas. Os transportes possibilitam o crescimento da metrópole extrapolando as conurbações, quando as pequenas cidades vão se esforçando em se ligarem aos maiores centros através de transportes acessíveis. A metapolização é o processo descrito por Ascher que nos levará ao futuro predito por Lefebvre: o
1. Definido como processo de metropolização, por Ascher.
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elucidário conceitual fenômeno urbano evoluirá em uma linha temporal espacial, que vai do 0, representando a ausência de urbanização, ao 100%, para uma sociedade urbana. Que esteja claro que isso não pressupõe qualidade urbana, mas uma imersão total da sociedade que aboliu o rural, na qual todos os aspectos da vida, inclusive o agronegócio, assumem a lógica urbana. Nessa sociedade urbana, o fluxo e o armazenamento de bens e pessoas será (como o é) um alicerce do urbano, onde os espaços livres se fariam muito mais importantes, multifuncionais e significativos.
2. Lefebvre coloca o conceito como “substituto medíocre da natureza”.
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Esse modelo provocou uma devastação dos recursos naturais (por consequência da urbanização), e reprimiu a natureza humana (por consequência do racionalismo). O que se lamenta, é que o uso do racionalismo deveria se colocar a serviço do urbano, dos espaços livres e da recuperação dos recursos naturais. Mas foram convertidos em meros espaços verdes – termo visto com escárnio por
Lefebvre2, como espécie de respiro da ocupação urbana, (artificialização da natureza). A rua como espaço livre e base para o sistema de transportes se encontra na corda bamba entre esses dois alicerces do urbano: como lugar de passagem e não de sociabilidade ou de permanência.
espaço luminoso x espaço opaco Milton Santos, geógrafo brasileiro, conceitua uma contraposição entre duas diferentes modalidades de espaços no que tange a estrutura destes, e sua capacidade de se tornarem espaços propícios a servirem à lógica imposta pelos espaços que mandam3. São os espaços luminosos e os espaços opacos, postos como dois extremos de uma variedade de situações urbanas. Os espaços luminosos são os espaços condicionados pelo acumulo técnico e informacional a servirem à lógica produtivista dos espaços que mandam. São espaços de atividade, porém, direcionada,
elucidário conceitual não plena, que se pretendem fluidos para dar suporte ao sistema de produção moderno. São espaços que acumularam recursos que possibilitam as atividades, mas que não possuem (ou possibilitam) autonomia para decisão, e portanto, servem de instrumento à forças externas à eles, e que ao mesmo tempo, mantêm atualização de seus recursos técnicos e informacionais para que se mantenham em sua luminosidade. Os espaços opacos são, em contraposição aos luminosos, espaços que carecem destes recursos, e, portanto, são classificados como subespaços por Santos. A não atualização e acumulação da técnica e da informação os tornam menos propícios a participar de lógicas de obediência às grandes empresas, por não possibilitarem fluidez nas relações de circulação de produtos e informações. São, portanto, orgânicos, flexíveis e plásticos. Santos ainda explana sobre a urbanização das regiões brasileiras em
relação às possibilidades de acumulação da técnica e da informação no espaço. A exemplo, cita a urbanização da região Centro-Oeste ao final do século XX como altamente expressiva (chegando à 84,42% da população urbana em 1996), devido à ausência anterior de grandes centros urbanos na região e de uma densa rede de cidades. Essa ausência possibilita a instalação de centralidades urbanas propícias aos mandos da economia moderna, equipadas instantaneamente com a infraestrutura requerida para se tornarem espaços luminosos, “indispensável a uma economia exigente de movimento” (Santos, 2006, pg.274). Uma análise em menor escala, agora dentro do território de Vitória, enquanto metápole, observa-se o centro administrativo (bairro Centro) como espaço cada vez menos luminoso. A pulverização do poder público (prefeitura, assembleia legislativa e diversos tribunais), saindo do centro e se concentrando em outros espaços da cidade, sendo estes novos ou com
3. Centros públicos ou privados que possuem poder de decisão e regulação.
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elucidário conceitual
“Em grosso modo, poderíamos
maior acúmulo técnico e informacional, demonstra uma necessidade, citada também por Santos, dos espaços que mandam tem da fluidez dos espaços luminosos.
dizer que os espaços luminosos, passíveis de interpretação com base no paradigma da mecânica, correspondem aos vetores mais avançados da produção, abrigados em ideários produtivistas. Já os espaços orgânicos, correspondem às
A opacitação do centro, como movimento de tornar opacos gradualmente os espaços luminosos, ainda passa por uma escala de cinza antes de chegar ao opaco, mas já se percebe o seu crescente abandono pelo poder político e econômico (este último mais vagaroso).
formas inaugurais da vida que se inscreve e resiste nos espaços abandonados por sucessivas modernizações ou naquele espaço que ‘não importa’. Tratase do espaço da vida, do espaço de Eros, do espaço do alimento, da adoção e da sobrevivência dos muitos outros.” (Sevalho, 2011)
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Em contrapartida com o movimento de opacitação, está uma retomada habitacional do centro, com um aumento considerável de moradores demonstrado no mapa de densidade demográfica da cidade de Vitória nos primeiros 10 anos do novo milênio'. Os espaços do centro se revelaram insuficientes para protagonizarem as lógicas produtivas modernas, a medida que a mundialização intensificou a necessidade dos fluxos nos espaços da metápole. Nos cabe ajustar suas
estruturas para que protagonizem processos de produção do espaço que sejam mais condizentes com seus novos (ou que se querem) mandantes, os habitantes.
elucidário conceitual
campo cego Conceito trabalhado por Henri Lefebvre, o campo cego trata de campos escondidos da vista dos cientistas preocupados com as ciências específicas. Como cita o autor “o olho não se vê” (Lefebvre, pág. 38). As ciências, majoritariamente, tentam explicar o mundo, ou o que entendem como seu objeto, como um todo, através de suas ferramentas, esbarrando em pontos que são assumidos como crenças. Limitamse em seus campos de especificidades sem abarcar ou absorver os conceitos e ferramentas das outras ciências, de forma a melhor explorar os seus pontos cegos. No urbanismo, o campo cego, se traduz num problema concentrado na identidade do urbanista, e ao mesmo tempo num paradoxo quanto à forma de atuação desse profissional na produção do urbano. Pois a ciência que estuda a cidade, faz crer que a cidade é uma consequência do urbanista. É um objeto produzido por uma mistura de fatores sociais e o desenho produzido por um sujeito, em função da razão dominada por este. Estes elementos
combinados dentro de uma caixa preta (na qual não se sabe o que acontece) gerariam o resultado urbano, que em geral, é inesperado. Este pensamento advém daquilo que podemos chamar de Urbanismo Utilitário4, que racionaliza as relações da urbe e condiciona o fenômeno urbano ao sistema de produção industrial, setorizando a cidade e submetendo o habitat à mesma lógica. A casa se torna uma máquina de habitar, e o espaço público uma máquina de circular. A produção do urbano, pelas ferramentas do planejamento, se dá apenas como espaço, sem vê-lo como fenômeno e território, e sem reconhecer os agentes responsáveis pela sua existência. Não reconhece portanto que o urbano é função de muitos fatores que vão além do projetista, do teórico e do desenho, pois, principalmente, estão relacionados à significação dada ao território pelos atores locais. É importante neste momento ressaltar a existência dos não-lugares na cidade, que muitas das vezes resultam dos projetos dos
4. Conceito encontrado em Milton, 2003, retirado do movimento Internacional Situacionista.
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elucidário conceitual urbanistas, como espaços edificados mas não relacionais ou como espaços residuais do traçado urbano. Mesmo com a melhor das intenções por parte do projetista, lhe escapa a percepção de que o lugar não é consequência imediata do desenho, mas sim o espaço dos acontecimentos interpessoais, e onde os indivíduos constroem as citadas situações relacionais.
urbanismo espetacular/utilitário Estratégia para a construção do território ideal da sociedade do espetáculo, o Urbanismo utilitário (ou espetacular), conceito de Guy Debord, se insere como prática na sociedade após a revolução industrial, quando a cidade recebia um êxodo rural abrupto, e já se direcionava para a produção massiva industrial, além de necessitar de uma lógica que a estruturasse. Nesse momento a população urbana cresce monstruosamente, e a 28
relação entre essas duas esferas (urbana e rural), antes dialética, é subvertida em uma relação de dominação do rural pelo urbano. O tempo do homem entra em uma nova organização cíclica do tempo social que se divide em tempo para atividades produtivas e tempo ocioso. O Urbanismo utilitário é a ferramenta que, ao impor uma organização à cidade, usando do “planejamento urbano” como ciência dominante e de dominação, a transforma do que deveria ser o lugar ideal da sociabilidade e da participação política, no espaço da dominação do tempo(quantificado, irreversível e prioritariamente das coisas), e da mitificação do Poder. Centra seus esforços na manutenção e adoração de marcos patrimoniais de uma história que não é do indivíduo, e larga ao relento, e aos interesses do mercado, a parcela da população urbana que habita em situação paupérrima, que necessita de intervenções estruturais que lhes garantam o usufruto do direito à cidade. Dentro de sua lógica, se processam também
elucidário conceitual o espaço privado e o espaço público, que antes significavam abrigo e socialização, são, nessa lógica, banalizados em fetiches de comodidade e velocidade. A residência se torna a máquina de morar, e a rua o espaço de circular de carro, sempre em alta velocidade, lógicas que imperam até a atualidade.
“É nesse novo ‘tempo irreversível’: medido quantitativamente, unificado cronologicamente em escala mundial, consagrado ao culto do dinheiro, regulamentado pelas leis da mercadoria, regido pelo mercado mundial e, sobretudo, superior à qualidade do tempo vivido. Um tempo absoluto que é cíclico somente quando se refere à produção e ‘pseudocíclico’ quando se trata das rotinas da vida cotidiana. Por sua vez, estas são teoricamente reguladas e subdivididas equitativamente por três jornadas cíclicas – de trabalho, lazer e descanso –, mas, na prática, perfazem uma só, posto que estão todas dedicadas à produção. A matéria-prima da produção industrial é a apropriação do tempo pelo tempo, e a conversão do tempo em mercadoria consumível é seu produto mais refinado.”
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elucidรกrio conceitual
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elucidário conceitual
não lugar/espaço de fluxos O antropólogo francês Marc Augé, ao estudar o homem e sua relação com o espaço, determina dois conceitos, o de lugar e o de não lugar, sendo o segundo, justamente a antítese do primeiro. Os lugares são construídos a partir de uma necessidade ou um interesse, com significação, identidade e, conforme dito, são relacionais para os habitantes; são resultantes de construções afetuosas das populações que ligam os lugares a memórias ou contextos envolvidos com seu cotidiano. O não lugar é, nas palavras do autor, “um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico” (pág. 73, Augé,2012). Em suma, o não lugar é um espaço anônimo, independente, destituído de significações, um território de todos e de nenhum ao mesmo tempo. O principal exemplo do autor são os centros comerciais (também conhecidos como shopping centers) que sucederam
os bazares do século XIX, derivando da união dos comércios antes espalhados pela rua em um único edifício, perdendo a relação com o exterior. Nesta comparação, que parte de comércios de rua e vão determinar bazares e centros comerciais, o antropólogo ressalta a perda da significação social do lugar, se tornando em não lugares. São espaços sem identidade, de história fabricada, não relacionados ao local, onde não se para nem se conversa, não mais se negocia (devido à fixação dos preços), não se criam vínculos entre os atores do espaço (consumidores e logistas), onde a relação é apenas de consumo. Manuel Castells, sociólogo espanhol, assim como Augé, entende a organização do espaço como base para o entendimento da sociedade contemporânea. Conceitua espaços de fluxo, contrapondo-os aos espaços dos lugares5, suportado por três instâncias: 1] a circulação de dados por impulsos eletrônicos; 2] os nós e
5. Ideia de lugar cuja configuração, forma e função tem origem na cultura e história, em Castells.
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elucidário conceitual centros de comunicação dessa rede de dados, que funcionam como pontos de tomada de decisões a nível global; 3] e a organização espacial determinada pelas elites administrativas. Os espaços de fluxos servem à circulação de capitais, dados, tecnologias, símbolos, imagens e sons, e estão interligados a nível internacional. “Pedir aos urbanistas e aos arquitetos que se mantenham fiéis à história de todos e tornem possível a de cada um é pedirlhes que reconstruam espaços onde se possam conjugar o sentido do lugar e a liberdade do não lugar.” (AUGE, XXXX)
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Este espaço, determinado para os fluxos, segue a lógica homogeneizante: submissa a uma cultura internacional do carro, da rodovia, da dieta, do jogging, dos condomínios fechados, dos shopping centers e afins; gerada por uma elite administrativa global; aplicada como uma nova camada sobre as culturas regionais; vinculada a uma cultura importada, sob influência de marketing, baseado no american way of life ainda em exercício. Isso gera espacialidades urbanas de difícil apropriação pelos residentes. Mesmo centros ou cidades inteiras, muitas vezes, são sentidos como espaços transitórios, nos quais os habitantes não possuem vínculo histórico e, portanto, afetivo, nem sentimento de
pertencimento. Neste ponto, os espaços de fluxos de Castells convergem com os não lugares, por se tornarem espaços não identitários e não relacionais, ou, como coloca Augé “o espaço dos outros sem a presença dos outros” (Augé, 1994b., p.167). Evitando-se mesclar os dois conceitos, observo, no entanto, as ruas da cidade de Vitória, como espaço de confluência das duas análises, por levar em sua configuração atual características dos conceitos desenvolvidos pelos autores. Devido ao uso fortemente voltado para os fluxos as ruas analisadas se demonstram como espaços não relacionais, de identidades genéricas, hoje relegadas ao rodapé da história das comunidades urbanas, e não mais como protagonistas.
elucidário conceitual
neourbanismo
não apenas antecede o projeto, mas está presente em todo o processo até seu fim; se torna menos preditor e mais Proposto de forma a adaptar o precavido e convergente, dando espaço planejamento apresentado pelo urbanismo para se manifestarem as diferenças, racionalista às novas dinâmicas da controvérsias e afinidades da sociedade sociedade, está o neourbanismo (ou novo hipertexto. É também menos fixo, regrado urbanismo), com premissas de reflexibilidade e modular, dando espaço ao flexível, do planejamento, participatividade de à reação do espaço às pessoas, à frentes ou representantes civis, proposto negociação do espaço, aos dinamismos em Ascher (2010) à seguir os preceitos da era da informação. E, por fim, mais de um processo de: avaliações sucessivas aberto estilisticamente, ao se apoiar na e hipóteses provisórias; de constante interação com o usuário para o resultado aproximação com o desejo do homem final, mais plural e capaz de comportar urbano; de adição constante de mudanças as múltiplas identidades de comunidades e atualizações; e de repetição do compostas de indivíduos com interesses processo. diversos. Dessa forma modifica a linha temporal na qual se desenvolve um projeto urbano em direção à experimentação e participatividade em contraponto com a visão top down. A preocupação do planejamento urbano se torna menos de criação de planos e mais de dispositivos para a criação e implantação dos planos de forma participativa e gradual; a análise já
urbanismo unitário
“O neourbanismo derruba assim a antiga cronologia que encadeava o diagnóstico, a identificação das necessidades e a elaboração eventual dos cenários, a definição de programa, o projeto, a realização e a gestão. Ele substitui essa linearidade por uma gestão heurística, iterativa, incremental e recorrente, isto é, através de ações que servem simultaneamente para elaborar e provar hipóteses, com realizações parciais que reinformam o projeto e permitem procedimentos mais cautelosos e duráveis, pelas avaliações
O urbanismo unitário, proposto pela Internacional Situacionista, seria o corretivo do urbanismo utilitário, em forma de modelo teórico para orientar uma nova forma de se produzir o urbano, mas que também dependeria de uma nova sociedade que não a do espetáculo.
que integram o feedback e que se traduzem na redefinição dos elementos estratégicos.” (ASCHER, 2010)
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elucidário conceitual Essa estratégia sugere unir todas as ciências em prol do habitat coletivo, evitando a setorização dos “saberes”6 e fomentando a participação popular na construção de uma cidade obra em detrimento de uma cidade objeto de mercado7.
“Reciprocamente, o projeto tornase, plenamente, um instrumento de conhecimento e de negociação” (ASCHER, 2010)
6. Milton e Uriarte, 2003. p. 31 7. Elias e Filho, 2010. p. 6 8. Milton e Uriarte, 2003. p. 31
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O modelo conceitual dedica-se à construção da história orgânica8, a que tem sentido para o presente do indivíduo, e a construção de sentimentos ligados à topofilia, dedicando-se muito mais aos aspectos simbólicos e influentes da cidade do que aos preceitos de conforto ambiental. Subverte os espaços devotos à adoração dos monumentos do poder e a idealização de arquiteturas da estética do espetáculo, em prol de espaços de acontecimentos que valorizem o momento presente, o relacionem com passado e futuro, e que levem a arquiteturas de estéticas não comuns. Esse método se sugere em uma série de contraposições com o urbanismo utilitário: um urbanismo menos
impositivo e mais positivo; contra construções “psicofuncionais” e a favor desenvolvimento de atividades essenciais à liberdade; contra a liturgia do planejamento urbano e da geometria cartesiana e a favor do direito de decisão e a espacialização dos desejos dos cidadãos; contra o urbanismo restritivo e a favor do espaço de experimentação e constante mutação; contra a apatia e a reificação, resultados da conformidade ao cotidiano produtivo, e a favor do comportamento lúdico-construtivo na constante reconstrução do homem, da cidade e das vivências na história orgânica; contra a redução do habitat ao seu modelo estático (ao habitar), e a favor da constante transformação e do progresso.
elucidรกrio conceitual
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elucidário conceitual
urbanismo tático O urbanismo tático é uma denominação criada por um grupo de arquitetos americanos denominado Street Plans Collaborative para explicar uma nova forma de se implementar mudanças nos espaços livres públicos. O conceito engloba ações que geram mudanças de forma participativa, iterativa e instantânea, buscando maior democracia no processo de construção do espaço. O termo “tático” relacionado ao urbanismo neste conceito se refere à ações de pequena escala à serviço de um propósito maior. Significa intervenções nas interações cotidianas com o espaço livre, seja a rua, a praça ou o parque. Sugere mudanças instantâneas, alteráveis e até removíveis, com o objetivo de melhorar com caráter imediato situações urbanas nas quais são identificadas carências, seja de equipamentos, segurança, identidade ou topofilia. Essas iniciativas, em alguns casos, não 36
tem origem, ou mesmo participação, de profissionais ligados ao urbanismo. As carências são identificadas pelos cidadãos, que através de ações transformadoras no espaço, reapropriamse, daquilo que já lhes é de direito, o espaço livre público. O presente projeto pretende tomar iniciativa que se identifica com o conceito de urbanismo tático: a intervenção em um espaço de uma rua; instalação flexível e não fixa, servindo como sugestão para o espaço, permitindo a interação transformadora dos usuários; ação instantânea para um resultado momentâneo, que pode ser duradouro, ou alterado; possibilidade de fixação da instalação, e proposta para outros espaços, gerando uma rede de intervenções que ao alterar o espaço público com a participatividade dos residentes locais, empodera os habitantes sobre o espaço que habitam, e que de fato lhes pertence.
elucidário conceitual
guerrilha Uma forma de produção do espaço livre público surge nas últimas décadas em diversas cidades do mundo, a guerrilha. Pressupõe uma transformação do território na visão de um grupo interessado, muitas vezes sem a participação da administração pública. É de muita importância no tipo de mudança que se quer: mudanças rápidas, pouco burocráticas, que aconteçam instantaneamente e que possam ser alteradas, posteriormente, com a mesma velocidade. Guerrilha é um método de confronto urbano, uma luta pelo território, uma reapropriação do que já nos é próprio, transformando o espaço em um lugar relacional.
de volta no que era, ou ganhar ainda mais adições de camadas de transformações com diversos agentes interventores. Este trabalho é por um urbanismo intervencionista e por um urbanista guerrilheiro, que esteja disposto a mudar seu papel na participação do fenômeno urbano se pondo a sugerir à cidade alterações, e recebendo de volta as alterações provenientes dos desejos dos citadinos, e incentivando estes a se tornarem agentes, usando essa forma de “conflito” para tornar aquele espaço de todos. Um espaço relacional e histórico, que torne possível, como queria Auge, “conjugar o sentido do lugar e a liberdade do não lugar”, criando camadas sobrepostas de desejos dos agentes urbanos.
Torna-se também um local histórico, mas da história presente (orgânica), pois é um espaço transformado no agora pelos agentes, mas que pode ser transformado 37
estudo de casos
retroalimentação (feedback) A retroalimentação se faz extremamente necessária para os métodos de guerrilha e urbanismo tático se tornarem participativos. São expressões dos usuários sobre o espaço como resposta a este. Pode ser obtida em forma de entrevistas, registros fotográficos e infográficos, e até mesmo se trazendo a comunidade local ao desenho do espaço em eventos e reuniões. Retroalimentações são as contribuições dos usuários do espaço na produção deste, e se tornam extremamente importantes a medida que se quer democratizar o processo de produção dos espaços livres da cidade.
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CHAIR BOMBING (bombardeio de assentos) Movimento criado por ativistas e donos de comércios, promove a transformação de paletes em cadeiras que se segue à alocação destas ao longo de ruas, fornece assento ao longo dos trajetos e cria espacialidades novas e possibilidades interativas.
Figura 2. Chair Bombing Fonte: The Street Plans Collaborative, 2017.
estudo de casos PAVEMENT DO PLAZAS (do pavimento à praça) Iniciativa do poder municipal de Nova Yorque (Estados Unidos) o projeto insere equipamentos de materiais baratos e pouco duráveis em sítios de uso expressivo de automóveis, para que o espaço seja atribuído de nova função. Seu método de instalação flexível e evolução com materiais mais duradouros e equipamentos fixos mostra um entendimento do espaço urbano e do processo de construção do lugar.
Figura 3. Pavement to plazas Fonte: The Street Plans Collaborative, 2017. 39
estudo de casos
espaços colaterais Conceito que abarca diversas iniciativas de experimentação e registro de processos de transformação do espaço e das fronteiras entre propriedade pública e privada. Descreve espaços residuais, sobras do desenho utilitário da cidade, e as reações de transeuntes, urbanistas e artistas, que veem oportunidades de experiências com novas formas de compartilhamento do território, dos recursos e dos conhecimentos.
LOTES VAGOS : Ação Coletiva de Ocupação Urbana Experimental Projeto realizado entre 2004/2005 pelo grupo Ambulante na cidade de Urucuia no estado de Minas Gerais, inspirado na “imagem das relações cotidianas de troca e autonomia”. Consistiu em estudo da região, mapeamento de lotes vagos do tecido urbano e propõe seu uso, embarcando na discussão dos limites entre a propriedade privada e o espaço público, argumentando pelo imenso potencial de transformação que os lotes vagos tem sobre a cidade.
Figura 4. Lotes vagos. Fonte: GANZ, 2017. 40
estudo de casos Interface física para simular espacialidade Estrutura desenvolvida pelo grupo de pesquisa MOM (Morar de Outras Maneiras) tem por interesse dar subsídio técnico para as pessoas construírem suas moradias por conta própria, fornecendo informações sobre materiais e processos construtivos.
Figura 5. Pavement to plazas Fonte: CAMPOS, 2017. 41
estudo de casos
experiências locais Palete Parque Grupo de arquitetos capixabas comprometidos com a melhoria do espaço urbano da Grande Vitória. Dentre suas atuações estão estruturas para captação pluvial e para o espaço público, de parklets(1) a mirantes, praças e outros equipamentos direcionados para a melhor ambientação dos espaços livres públicos da cidade e como suporte a usos comunitários. Seguem as diretrizes: . diagnóstico local, envolvendo os habitantes e um estudo de observação do espaço; .
processo participativo;
. projetos de baixo custo com espectativas realistas; .
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planejamento à escala local.
Figura 6. Parklet em Vitória. Fonte: Palete Parque, 2017.
estudo de casos
Figura 7. Centro comunitรกrio em Vitรณria. Fonte: Palete Parque, 2017.
Figura 8. Mirante em Vitรณria. Fonte: Palete Parque, 2017.
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territรณrio de estudo
mapa cognitivo Obs.: Todas as figuras e ilustrações sem referência de fonte são de acervo pessoal.
relato de uma deriva
Figura 11. Mapa da deriva. Fonte: Google Earth, editada.
Deriva 11/04/2017 – Início 11:04/Término 13:25 Começo e término na praça Ubaldo Ramalhete Com o objetivo de conhecer o entorno e as ruas caminháveis, observando se estas são realmente confortáveis e configuram links entre os espaços livres hierarquizados do centro, fui à deriva partindo do ponto de projeto, com poucas e simples regras que deveriam me guiar pelo tecido urbano me levando ao espaço que espero ser reservado para mim, um pedestre interessado em andar. Regras: Em cruzamentos seguir segundo a ordem de preferência: escadaria, rua mais estreita, nome de rua por ordem alfabética(caso as condições anteriores não sejam atendidas). Ritmo: Não há pressa ou horário, aproveitar as praças quando estas forem suficientemente confortáveis para tal, andar devagar quando a rua for também caminhável, adentrar, ou tentar, todos os edifícios que sejam de interesse, por quais forem os motivos. Interação:
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Não obrigatória, mas é importante estar com os ouvidos abertos para receber interações.
mapa cognitivo
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mapa cognitivo
Figura 13
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Cheguei à praça Ubaldo Ramalhete (figura 12) às 11:00, o dia estava meio nublado, e o clima era confortável para uma longa caminhada. Prendi a bicicleta num poste, e comecei naquele instante a deriva, ao definir as regras, enquanto descia a parte pedonal da rua 7 de setembro. No primeiro cruzamento me dei com uma barreira, uma estreita travessa (figura 13) com um movimento constante de carros e pedestres, que descontinuava a rua pedonal, agora segmentada em duas. Segui a travessa como mandava a
Figura 12
mapa cognitivo regra. Me dei com uma “praça” de manobra de carros (figura 14), claramente um espaço residual do desenho urbano, com uma árvore plantada, um pouco de calçada, um pouco de lixo no pé da árvore, nenhuma faixa de pedestres, nenhum acontecimento fora a torrente de carros em seu entorno. Uma bagunça que me deixou meio sem saber onde eu estava e como proceder. Vi outros pedestres atravessando as torrentes onde era mais propício, com estresse e esforço no olhar, as faces do cotidiano. Fitei uma ruela de
Figura 14
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mapa cognitivo Figura 15
pedras, que parecia a rua mais estreita, e adentrei-a. Uma ruela que era uma ladeira. Uma ladeira que era uma escalada (figura 15). Subimos eu e uma senhorinha que devia ter seus 90 anos, acompanhada de talvez sua filha. Não pude reclamar da inclinação. Apenas do aperto que passamos. Pois eu e a senhora mantínhamos ritmos diferentes de caminhada, mas a calçada não comportava essa diferença, pois o espaço reservado a nós não passava de uma faixa de lá seus 80cm ao máximo. Enquanto duas faixas de carros estacionados ocupavam a rua de pedras, e uma faixa de tráfego quase morta permanecia ao
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mapa cognitivo centro. Era quase meio dia, e só eu e elas caminhávamos. Cheguei ao topo, estava ao lado da Catedral.
Figura 17
Após alguns segundos observando o entorno da Catedral capixaba, um mar de estacionamento (figura 16), andei até sua entrada principal, quis aproveitar a oportunidade para revisitar sua beleza, que em verdade não me toca muito, por não ser religioso. Entrei, alguns rezavam,
Figura 16
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mapa cognitivo Figura 18
me mantive em silêncio. Olhei em volta, deu 5min, saí pela primeira porta à direita (figura 17), pois meu interesse estava lá fora, e o dia estava bom para andar. Ao sair, me deparo com minha primeira escadaria, a Dionísio Rosendo (figura 18). Ali decidi me sentar por 10min.
Figura 19
Figura 20
O clima estava agradável, eu poderia observar o fluxo da vida na cidade. Pessoas que passavam para o trabalho, pessoas que se riam ao me ver sentado anotando coisas e olhando para casas velhas. Em pleno horário de almoço. As paredes tinham escritas que me chamaram a atenção, mensagens, diretas ou indiretas, locais impessoais se tornando subjetivos e plurissignificativos (figuras19 e 20). Um canteiro ao pé da escadaria romantizava a calçada de um lado, enquanto os carros de outro afunilavam o espaço que entendemos como nosso
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Figura 22
Figura 21
mapa cognitivo (figura 21).
sticker e o estêncil (figura 23). Ao final
Figura 23
uma escadaria, a escolha foi fácil. Carros passando em diferentes direções nas ruas apertadas em frente à escadaria. Mas uma rua era a mais esguia, e foi por ela que segui (figura 22). Nada acontecia nas fachadas que davam para esta rua, pela primeira vez no trajeto, uma rua sem comércio algum. Uma rua cheia de espaço e oportunidade, e só uma função, passagem. As fachadas monótonas acabaram por se prestar a substrato para a arte urbana, o pixo, o
Uma escadaria que daria em uma rua sombreada, assim como a anterior, preenchida pelo comércio informal, os camelôs do centro, e o formal, lanchonete (figura 24). Parei para um lanche, pois a hora do almoço é para todos, e daí parti a perguntar os preços das bolsas. Com uma simples pergunta de “quanto está essa aqui?” já soube que ela custa 50, com uma careta custava 45, mas “só hoje”
Figura 24
53
mapa cognitivo ele me faria por 40, e tinha uma de 35 no fundo da loja. Uma pena eu estar sem dinheiro. Agradeci e disse que voltaria outra hora. Sem cuidado eu poderia gastar uma tarde inteira e minha conta no banco ali conversando com o dono da barraca. Ao final desta, uma avenida de três faixas carroçáveis, uma verdadeira fronteira para o meu trajeto, mas de certo eu não gostaria de acompanhá-la por uma ou duas quadras, então atravessei-a para a próxima rua mais estreita. Aqui o movimento da cidade, dos carros, pessoas, ônibus, bicicletas, gritos e semáforos me incutiu pressa, pela qual nem fotos foram tiradas e nem anotações feitas, a rua foi para mim não só uma máquina de locomoção urbana, mas uma máquina que não me permitia muito além de locomoção. Eu provavelmente andei as próximas duas quadras com a mesma cara de cotidiano das pessoas que citei no começo da deriva. Figura 25
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A pressa me levou à praça do Relógio, talvez mais por necessidade do respiro,
um respiro que se vê isolado na ilha entre um mar de prédios e carros, sem um acesso fácil nem mesmo ao outro lado da avenida, onde estão os comércios formais e informais. Me sentei para terminar o lanche, descansar, ver o “tempo passar”. Por mais “árvores e assentos” que essa praça fosse, uma certa inquietude pairava. Pessoas sentadas todas sozinhas em bancos separados, todos em um campo aberto sobre a vigilância de dois carros
mapa cognitivo da polícia militar num canto. Todos obrigatoriamente envoltos em sons e olhares da cidade, sem um mínimo de intimidade, como que nus e sozinhos. Terminei o lanche e fui-me embora, pois aquele respiro, de um ar um tanto sufocante, já fora o suficiente para meus pés. Devido a grande oferta de ruas estreitas na vista, escolhi uma ao acaso(não total) (figura 25) e fui atrás de conseguir atravessar a avenida para alcançá-la. Acaso não total pois eu queria passar pelas lojinhas, e ver o que elas serviam, e se havia uma ordem certa para aquilo. Não olhei com muita atenção para elas, pois não tinha intenção de comprar nada.
Figura 26
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mapa cognitivo Segui ao final da rua em passo lento, absorvendo imagens que iam de estandes de óculos a aparelhos de jardinagem. E ao chegar no cruzamento, um pedaço do pavimento foi comido por duas vagas de carro que entram na rua e descontinuam a calçada de quem segue a rua que cruza, que agora eu seguiria. A rua da Alfândega (figura 26).
Figura 27
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Mais uma das ruas que a gente se aperta para andar, mas nessa a gente até anda no asfalto um pouco, sem se preocupar tanto, porque mais uma vez, a fração do espaço destinado ao automóvel parece desproporcional à necessidade. Cheguei a um cruzamento com uma ladeira e uma escadaria, uma rua de pedestres, e um edifício de fachada de vidro, que parecia abandonado, e que estava todo pixado. De prédio mal cuidado para galeria de arte, a paginação dos vidros da fachada se transformou em substrato dividido em quadros para receberem a assinatura dos artistas da rua. A frase “você tem medo de altura” (figura 27) me fez refletir. Reflexão terminada, a escolha a seguir foi fácil, escadaria. Dessa vez a Escadaria Maria
mapa cognitivo Ortiz (figura 28), de importância histórica. Bastante movimentada de transeuntes e comércios, não me parei mais do que alguns minutos para observar os detalhes e acontecimentos; eram muitos. O que mais me chamou a atenção foi a sugestão de uma rua privada saindo do meio da escadaria (figura 29), tornando-a mais do que uma escadaria, um cruzamento, mesmo que não para todos. Terminei minha subida
Figura 28
Figura 29
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mapa cognitivo Figura 29
num pedaço de calçada, que olhava para a catedral, que eu dividia com barraquinhas de comércio e que levava a uma rua larga e bem arborizada, e outra estreita com uma ou outra árvore, com pouco espaço para mim e muito para os carros, e foi para lá que eu fui, apenas para satisfazer à regra. A subida e a quantidade de carros, o curto espaço, tornaram essa rua apenas uma passagem, pela qual nem atenção tomei, até chegar ao cruzamento, com uma escadaria, e uma delegacia, e o nome de Muniz Freire (figura 29) tanto na
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Figura 30
rua quanto no departamento de polícia. O conjunto da rampa e escadaria com um orelhão ao lado ficou agradável, tudo sombreado seja por edifícios ou árvores do entorno. Segui para a primeira rua estreita que me apareceu após subir as escadas, e dei de cara com a “praça” do Palácio Anchieta.
Figura 31
mapa cognitivo Praça na qual não me detive por mais de 1min, constatei imediatamente que não era lugar para se andar (figura 30), por mais que uma fonte inativa no meio possa em outro momento ter dito o contrário. Tratei imediatamente de buscar uma rua estreita para me enfurnar, e lá estava ela, logo à minha direita, a rua que me levaria à (figura 31) igreja do Rosário.
Figura 32
Figura 33
Subi a rua pelo leito carroçável de pedra, dividindo-o com um carro que passou. Chegando ao fim da rua, a igreja estava fechada, carros estavam estacionados, nada acontecia, ninguém passava, mas encontrei logo uma escadaria (figura 32) para descer, talvez a maior de toda a experiência, não só por seu comprimento, Figura 34
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mapa cognitivo mas por se me direcionar imediatamente à outra (figura 33), quando ao atravessar a rua para alcançá-la, uma moça que limpava sua casa jogou água pela sacada na calçada logo atrás de mim, e sorriu ao ver que me assustei; que deu ainda em outra escadaria (figura 34), onde me sentei por uns 5min até começar a sentir cheiros estranhos; que deu no caos das ruas novamente. Vendo de longe o Parque Moscoso decidi me aproximar para desfrutá-lo. Aproximação essa que foi um desafio, em Figura 35 Figura 36
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mapa cognitivo meio ao caos do espaço de circulação posto entre nós (figuras 35 e 36). Pessoas atravessavam na esquina óbvia sem uma faixa de pedestres que facilitasse esse deslocamento, e mais uma vez me aparecem as feições cotidianas. As faixas estavam por ali, e tive de procurá-las para fazer minha travessia. Mais um espaço livre público, e um de ótima qualidade, ilhado em meio ao planejamento urbano. Lá dentro a história foi outra. Clima ameno (figura 37), vegetação adulta, lago artificial, arquiteturas de volumes interessantes (figuras 38 e 39), estrutura de espaço livre bem desenhado (figura 40), o tipo do lugar que eu gostaria de ter ao lado de casa, ou a algumas quadras dela. Passei cerca de 20-30min desfrutando o parque, escrevendo, observando. Fervilhava vida, crianças no playground, idosos vendo a vida passar, jovens adultos tomando um fôlego do trabalho, gente nas cantinas, namorados na ilha do amor, transeuntes transitando, ciclistas pedalando em voltas. Hora de caçar o caminho de volta.
Figura 39
Figura 38
Figura 40 Figura 37 61
mapa cognitivo Figura 42
Agora a regra muda um pouco. Tenho que voltar para a bicicleta e não quero repetir locais, quero coisas novas, o máximo possível. Voltei por uma rua do outro lado da quadra pela qual cheguei. Sem surpresas: comércios térreos, 80% carros, 20% pedestres, postes, lixeiras e afins. Uma rampa e uma ponte me levaram à escadaria gigante de antes (foto 41), mas uma rua estreita (foto 42) Figura 41
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à esquerda me salvou da mesmice. Nessa não deu nem para fingir que havia espaço de pedestre ou carro, era tudo de todos, em uma sinceridade organizacional que deixava claro, o carro tem prioridade. Aqui nem mesmo se espera que o pedestre passe. Mas eu e mais alguns passamos, eu pela experiência, os outros pela necessidade de ir aos seus destinos.
mapa cognitivo A ruela me levou a um cruzamento que atravessei para chegar a capela de Santa Luzia (figura 43) que também estava fechada, e quando começou a chover, fui logo em busca de marquises que encontrei logo em frente, na mesma rua, de onde fiquei namorando a casa da figura 44. Sessando a chuva segui a rua até o final para reencontrar a Catedral, só que de frente desta vez. Não me detive nela, por falta de interesse, e medo de que a chuva voltasse, contornei pela esquerda (foto 45), e ouvi alguém perguntando ao guardador de carros “onde fica a gama rosa?” e se assombrar com a resposta. Veja bem, a mulher estava de carro, e a resposta do rapaz foi algo como “dá a volta na catedral, pega a direita, esquerda, desce ladeira, passa ponte, vira a direit...a não, ali é contramão, volta pela esquerda, e pede informação no caldo de cana...”. Claro que era algo complicado mas nem tanto, mas eu tinha certeza que não gastaria 5min a pé para chegar à Gama Rosa. Pois segui meu caminho por uma escadaria logo atrás da Catedral.
Figura 45
Figura 43 Figura 44
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mapa cognitivo Figura 46
64
Nessa escadaria encontrei uma jardineira com plantas de espinhos (figura 46), que achei um perigo pois quase me sentei na beirada. Mais abaixo uma porta minúscula de uma casa velha me chamou a atenção (figura 47) pelo simples fato estético, e uma construção antiga onde se instalou o IPHAN (figura 48),
que adentrei por curiosidade, pedi umas informações, conheci umas pessoas, tomei um copo d’água, sentei por uns 10 minutos e segui meu rumo. Ao lado da escada que desci, uma escadaria como que “a oficial” da catedral (figura 49), em relação à cinza e esquecida logo à direita.
Figura 48
Figura 47
mapa cognitivo Dali o jeito foi descer mais uma escadaria, que me levou à praça Costa Pereira. Estava cheia, e já saia do horário de almoço. Pessoas sentadas em todos os bancos, a banca aberta, o vendedor de picolé descansando do sol e do trabalho, Figura 49
pessoas que compravam revistas, jornais, bijuterias do hippie, roupas da barraquinha, pessoas que anunciavam com um comediante no meio da praça, vida acontecendo (figuras 50 e 51) e sem muito para onde ir, quando para todos os lados são só carros. Peguei o meu retorno para a 7 de setembro, que por sorte eu sabia onde estava, visto a maneira como ela não se anunciava para quem estivesse na Costa Pereira (figura 52), eu tinha que ir embora, a deriva chegava ao fim.
Figura 52
Figura 51
Figura 50
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mapa cognitivo
Figura 53
Figura 54
66
A rua sete estava cheia (figuras 53 e 54) e se via a diferença que faz se ter espaço para andar e se apropriar. Comércios abertos em todas as edificações, e até os que não tem uma loja montavam sua venda no improviso (figura 55). Uma rua cheia de possibilidades e ainda assim nenhuma estrutura, só iniciativas e programas furados, que chega a um fim inesperado (figura 56) falhando em ligar ao espaço as outras atrações rampa acima. Cheguei
à praça Ubaldo Ramalhete novamente (figura 57), ainda com os bancos cheios, mas sem crianças no playground, apenas duas amigas adultas conversando, onde ainda me aguardava minha bicicleta que era guardada pelo olhar vigilante dos transeuntes e do dono da banca (figura 58).
Figura 55
mapa cognitivo Figura 56
Figura 57
Figura 58
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análise
Dentro da mesma região observada, se encontra a rua 7 de Setembro, que servirá como argumento a favor deste estudo. No espaço no qual serve de interface, ao longo das duas quadras de distância, entre a Praça Costa Pereira e a Praça Ubaldo Ramalhete, é na atualidade uma rua sem carros. Observa-se que mesmo sem nenhum suporte material que auxilie lazeres programados, atividades ligadas ao consumo ou
hierarquia dos espaços livres públicos do centro (região) No mapa se situam todos os espaços livres públicos, classificados como praças, parques e reservas naturais pela Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), na região do bairro do Centro e proximidades.
mantendo um fluxo constante de pessoas, mercadorias e capital entre as duas praças, dando suporte às atividades a pé na
de fato das práticas dos usuários.
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2- Praça Jaime Guilherme de Almeida 3- Praça Misael Pena 4- Parque Moscoso 5- Praça Capitão Manoel Roberto Vasconcelos 6- Praça Cecília Monteiro 7- Praça Presidente Roosevelt 8- Praça João Clímaco 9- Praça Mário de Oliveira Silva 10- Praça Irmã Josepha Hosanah 11- Praça Dom Luiz Scortegagna 12- Praça Oito de Setembro 13- Praça Ubaldo Ramalhete 14- Praça Francisco Teixeira da Cruz
Os espaços estão interligados em um raio que chega ao máximo de 400m, formando uma rede complexa de espaços livres públicos hierarquizados e complementares.
18- Praça Pio XII
No entanto, este sistema não é fechado. Não pretendendo se observar, neste estudo, a existência ou não de estruturas dentro destes espaços e a articulação
24- Praça do Chafariz
região com muito maior fluidez, e se tornando este espaço produto
1- Parque estadual fonte grande
Em primeiro olhar se percebe uma boa distribuição de espaços livres, e uma hierarquia de tamanhos e localizações.
mesmo de suporte à permanência, esta rua torna ativa a hierarquia
Legenda:
15- Parque Estadual Fonte Grande 16- Praça Costa Pereira 17- Praça Rotary 19- Praça Odilon Souza Barbosa 20- Praça Pedro Caetano 21- Praça Hilderico Araújo 22- Praça Presidente Getúlio Vargas 23- Parque Gruta da Onça 25- Praça Manoel Silvino Monjardim 26- Praça Américo Poli Monjardim 27- Praça Alair Euchupério
anรกlise
1
9 15
5
2
23 24
3 13
10
19
4
16
11 8
6
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7
N 0
25 50
100
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400
69
análise A essa rua ainda se soma a importância das iniciativas de se fomentar o uso deste espaço, e até de mantê-lo para os usos existentes. Em caráter ambíguo, a Prefeitura Municipal de Vitória decidiu por um “toque de recolher” às 23hrs para os bares e sambas
destas em uma hierarquia de usos, levanta-se aqui outra questão, a relação física entre eles. A insuficiência constatada aqui é a da facilidade de circulação. Foi percebido no processo de deriva na região falha na estrutura de circulação, as ruas, que representam as ligações da hierarquia dos espaços livres públicos.
do centro, atividades locais históricas, e promoveu um programa de reativação da rua e até mesmo sua ampliação, denominado Rua Viva. O novo programa fecharia a Rua 7 e ruas adjacentes para um evento ao sábado com mostras artísticas espalhadas pelo espaço.
A frieza concretada das ruas, expressamente racionalizadas, impossibilitando movimentos ligados à subjetividade; ausência dos suportes materiais que possibilitam permanência, ociosidade ou produção dentro do espaço; e a agressividade do modal favorecido nestes espaços, o carro, tornaram as ruas, ao longo de décadas, em máquinas de circular, espaços de fluxos, e não-lugares.
O toque de recolher teve como resposta um movimento popular denominado “Cadeiraço na Ubaldo”, evento promovido por moradores e ativistas do centro contra a proibição de horário.
70
Estes espaços de ligação, constituídos em ruas, escadarias e pontes anteriores ao traçado utilitarista, que conservam ainda um pouco da cidade colonial portuguesa, pela escala das ruas e
edificações, pela adaptação destes elementos ao terreno, pelos monumentos e pela hierarquia espacial evidencia, simultaneamente, a história do centro (e de seu gradual abandono) em uma linha do tempo arquitetônica que sai do colonial, atravessa o barroco e o eclético, chega ao moderno e em seguida ao opaco. Parte do centro, traçado quando colônia e constituído nessa linha temporal, não poderia abrigar as estruturas de um espaço de fluxos (e luminoso). O projeto utilitarista transformou em opacos os espaços livres dessa área, principalmente as ruas.
anรกlise LINHA DO TEMPO ARQUITETร NICA
REFORMADO Pelos agentes interessados pelo espaรงo
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análise
PLANTA DE TRAJETO
mapa de potencialidades
escala 1/3000
LEGENDA Ruas de Interesse Rua Gama Rosa Ruas Pedonais
A última etapa antes do desenho deste projeto é a identificação de potenciais no espaço, ligados aos usos. Busquei por estabelecimentos que criem grande movimentação na rua, espaços de produção artística, os espaços novos de movimentação e os já estabelecidos.
Rua 7 de Setembro Rua Nestor Gomes Edifícios de Interesse Artístico Cultural Economia alternativa Mercado Cultural Venda de Papelão Visual Comercial Espaços do utilitário Arterial Metropolitana Principal local
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. na rua Nestor Gomes é crescente a ocupação de agentes culturais e artísticos. Pretende-se que o projeto se alie à esses agentes (e usuários cotidianos) do espaço, se afastando dos espaços do urbanismo utilitário, acreditando que os espaços opacos povoados por usuários ativos do local e dispostos a transformá-lo, serão o substrato no qual se deve plantar um novo método de se construir o lugar na sociedade urbana.
. a rua Gama Rosa possui diversos estabelecimentos do setor de bares e restaurantes recentes (menos de 10 anos). Estas novas atividades da rua se aglomeram por vezes em eventos no espaço livre público. . as ruas pedonais adjacentes à rua Duque de Caxias caracterizam constante atividade pela presença de comércios informais e formais nos térreos de edifícios. . a rua 7 de Setembro é historicamente (e atualmente) um eixo da boemia no centro.
Figura 61. Mapa de potencialidades. Fonte: Google Earth, editada.
anรกlise
73
proposta
proposta
conceito Tornar o cotidiano um exercício lúdico construtivo adicionando atualizações à paisagem que sugiram a cidade lenta.
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proposta
proposta
deve em sua discussão incluir um grupo
Tendo em vista o contexto da região do Centro de Vitória como espaço em processo de opacitação, e transformação de suas ruas em não-lugares, se propõe uma forma de fazer o lugar.
A proposta, no entanto, deve perder o caráter rígido do urbanismo utilitário, tanto em questão de desenho quanto de prioridades no espaço.
Inspirado em guerrilhas urbanas e acreditando no homo ludens, pensando o espaço que crie um hiperlink com uma geração apática ao espaço livre público, que está completamente conectada
É necessário que o novo projeto seja flexível, que seja pensado em forma de processo, que parta da análise em diversas escalas para uma proposta na escala participativa, na qual o usuário interaja, e transforme.
em diversos contextos simultâneos e ininterruptos. Produza novas formas de usufruto do espaço, traga sugestões de sistemas risomáticos, em forma de estruturas que permitam produção e troca à nível local, tornando a construção do lugar possível para o usuário.
multidisciplinar).
Enquanto processo, o projeto deve ser pensado como um espaço em transformação, de inserção de protótipos, de experimentação, reflexão, constante iteração e crescimento, e valorização da decisão e participação individual do agente do espaço, para que transforme o espaço em um lugar.
O urbanista se coloca nesta proposta ainda como observador do local, estudioso dos bancos de dados e mapas e proponente do espaço físico a ser alterado ou não devido análise (que 77
proposta
continuidade e aperfeiçoamento A continuidade e evolução do sistema de espaço público proposto será garantida por um grupo organizado para este fim (em forma de ONG). O Grupo Multidisciplinar de Continuidade e Aperfeiçoamento (GMCA), se compromete com: . a constante reavaliação do espaço, em aspectos científicos e por processos participativos; . o levantamento constante de dados referentes aos diversos aspectos do espaço e a disponibilização destes dados em um banco de dados colaborativo; . o registro dos usos e iterações espaciais dos usuários (bem como sua preservação); . 78
a criação de um banco de dados
colaborativo e local; . a arrecadação de verba por meio de financiamentos coletivos e editais, para realizar a iterações e reparos do espaço; . a abertura de canais de comunicação claros a todos os interessados pelo espaço, tanto como espaço físico de atendimento, como também em forma de aplicativo social que crie um hiperlink entre o espaço físico e o virtual; . o endosso constante da tomada de decisões espaciais pelo agente do espaço.
proposta
a cidade lenta As intervenções propostas neste trabalho elaboram protótipos que tornem as ruas em espaços de pedestres, espaços de produção e troca de ideias em forma de arte. E, enquanto processo, evolui com o tempo baseado nas iterações e interações recebidas e continuadas pelo GMCA.
pretende diluir a hierarquia vertical e impositiva por um processo de construção do lugar que envolve seus agentes e atores (usuários e transeuntes que se disponham a agir sobre o lugar).
A macro instalação concretiza-se como protótipo rizomórfico, a estruturação do espaço para a sustentação de rizomas. Isto não significa que se entenda aqui o trajeto em si seja um rizoma. Se trata de traçar um trajeto alternativo em substituição ao utilitário, de se propor espacialidades do homem lento, como sugestão ao desvio das rotas do cotidiano para uma nova forma de organização do espaço e do tempo. É, portanto, um sistema proposto em forma de guerrilha por um grupo ou indivíduo interessado em transformar o espaço (de fluxos / permanencias). A reforma espacial aqui proposta 79
protรณtipos
protótipos
vaga-lume Como o inseto no qual se inspira, o vagalume brilha nos lugares opacos chamando a atenção para si, espalhando luz e revelando detalhes locais que antes eram opacos. Linha guia de um novo trajeto, o sistema de iluminação perpassa todas as ruas que se quer transformar, fixado em paredes e estruturas urbanas e naturais, realizando a ligação visual ao longo do projeto.
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protรณtipos
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protótipos
interação Busca-se a diluição entre limites do espaço público (paredes, muros, grades, etc ), demarcando este espaço livre público como trajetos e como áreas de permanência, sempre dependentes do entorno para se estruturar, assim como para sua continuidade e aperfeiçoamento. Pretende-se conectar os diversos protótipos inseridos, fazendo-os interagir com suas funções de forma a complementá-las, enfatizando-se pontos de interesse e iluminando-se detalhes importantes.
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protótipos
protótipo Plantio Pensado com o propósito de sustentar um sistema de guerrilha para a inserção do natural no meio urbano, o protótipo plantio consiste em um conjunto de células ou blocos interligados por uma estrutura fixa ou removível que permita ligações e combinações infinitas. Ao longo do desenvolvimento desse sistema pretende-se fornecer contrapartidas aos lugares inóspitos por meio de sombreamento, cheiros, frutos e assentos. O sistema sugere uma nova forma de fazer o urbano, antecipando-se à sociedade urbana de Lefebvre, por meio de ciclos naturais para a reestruturação do espaço livre público. As espécies inseridas variam com o propósito da instalação em seus diversos sítios, sendo organizadas em geral segundo as funções pretendidas: . inserção de espécies nativas e dos ciclos naturais locais. São escolhidas espécies pioneiras da mata atlântica 88
para se desenvolverem e iniciarem um processo de recuperação do local para a chegada de espécies clímax. (recuperação simbólica das espécies nativas em interlocução com ambiências urbanas) . plantio de aromáticas, hortaliças e/ ou frutíferas. Convida o agente urbano a interagir com as espécies por meio dos sentidos e a buscar subsídio de sobrevivência na geração de alimentos no espaço livre público . . inserção de trepadeiras. Interação com as coberturas de cordas. O plantio de espécies bem como o crescimento ou redução das populações vegetais deverá ser agenciado pelo GMCA, que se responsabiliza também pelo constante estudo dos impactos e alterações gerados pela rede.
protรณtipos
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protótipos
bloco de plantio Célula do sistema de plantio, o bloco composto por fibra de coco, argila e solo vegetal é também a pedra fundamental de um projeto de transformação do ambiente urbano. O bloco pode ser inserido no espaço de duas maneiras: . a partir de iniciativas individuais e então alocado pelo próprio agente do espaço; . a partir de financiamento colaborativo ou por editais, será então decidida sua alocação pelos agentes do espaço via aplicativo social, e, então, instalado pelo GMCA no local determinado.
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protรณtipos
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protótipos
estrutura de plantio A estrutura que suporta este sistema de blocos se divide em quatro elementos: 1. apoios verticais. Podem ser de madeira prensada, por exemplo, e servem para estruturar as ripas que apoiam o substrato em uma altura condizente. 2. ripas. Elementos que balizam a alocação dos blocos sobre a terra. Se ligam ao sistema e entre si por meio de encaixes e pinos. 3.
pinos.
4.
blocos.
Os blocos após receber as espécies pioneiras, se transforma em substrato para espécies de maior porte e para o desenvolvimento de uma nova relação entre urbano e natural.
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protรณtipos
1
4 2
3
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protótipos
iteração O protótipo de plantio pressupõe reconfigurações do espaço em termos de materialidade e territorialidades. 1. o protótipo na condição inicial de célula, de ato individual, pressupõe baixo impacto e pouco esforço de instalação; 2. o segundo passo presume a soma dessas decisões individuais concretizadas no espaço livre público, acreditando na associação de agentes e atores interessados; 3. o papel do urbanista na presente proposta se restringe a inserção de uma sugestão; 4.
a interação dos agentes e atores;
5. a continuação do sistema. Com o passar do tempo, o protótipo se torna estrutura fixa no local; 6. o novo urbanismo. O sistema evolui transformando as relações (i)materiais. 94
protรณtipos
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protótipos
protótipo Rabisco Inserido na interface entre o leito carroçável e a calçada, o protótipo rabisco traz elementos de desenho simples que valorizem fatores estéticos e paisagísticos existentes nos locais onde se instala, diluindo a segregação espacial e alterando linhas de fluxos. Consiste em três equipamentos: . mesas baú de laterais acopláveis, possibilitando diferentes configurações. Dentro dos baús estão contidos materiais para desenhos a serem mantidos e reabastecidos pelo GMCA. . galerias expositivas para os desenhos produzidos na rua. Interligado ao sistema vaga-lume, possui iluminação própria dedicada à exposição livre do material produzido. . bancos de concreto de duas faces, uma voltada para as mesas baú, e outra para as galerias. Estes bancos serão complementares aos outros protótipos. 96
As mesas baú, além de redesenharem o leito carroçável, subsidiando materialmente e estimulando a criatividade dos participantes. A produção resultante dos participantes pode ser intercambiada entre eles. Estabelece-se, assim, uma rede de comunicação visual e de troca de produtos entre agentes do espaço.
protótipos
edificação
calçada
rua vista superior esc. 1:50
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protótipos
protótipo Atelier O protótipo sugere um espaço de suporte e de extensão de ateliers pré existentes na rua, e é, portanto, alocado sempre à frente aos mesmos. Traz consigo o propósito de um sistema de produção e da troca de informações e compartilhamento de ferramentas. Estrutura-se este sistema com uma cobertura leve, de estrutura de corda ou tela que dê suporte a trepadeiras e ao vaga-lume, servindo para a proteção solar e favorecendo a iluminação urbana. Sob estas coberturas, mesas grandes (1,5mx4m) com tomadas no centro e assentos dão apoio ao uso de ferramentas para marcenaria, artesanato, computação e projetores. De um lado o assento de concreto, de duas faces, uma para a mesa, outra para a rua, demarca o território, baliza o espaço dos carros, e dá apoio ao trabalho no protótipo. Do outro lado da mesa, assentos produzidos por sistema de 98
reciclagem de materiais (pneus, garrafas, paletes) somam-se à instalação inicial e poderão ser produzidos nos próprios ateliers.
protรณtipos
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protótipos
protótipo Rascunho Inserido nas beiras dos degraus, o protótipo oferece lugares de repouso, geralmente à sombra dos muros. Entre a espreguiçadeira e a parede um baú com a tampa plana, contem caneta e papéis dentro. O protótipo propõe uma pausa para reflexão e contemplação ao transeunte e o supre de recursos para que faça registros, sugerindo um desvio à rota do cotidiano e uma forma rápida (ou lenta) de interação com o espaço e com os outros agentes. Do outro lado dos degraus é posta uma galeria com o mesmo propósito que a descrita no protótipo rascunho. A produção de reflexões no lugar pode ser exposta nessas galerias e trocadas por outras que estejam expostas. O Rascunho sugere um sistema de produção e troca de ideias e textos de todas as formas (narrativas, manuais, 100
receitas...) produzidos no local. O GMCA se ocupa de arrecadar a verba para a manutenção do material através de doações e verba de editais e financiamentos colaborativos. E também de agenciar a continuidade do desenvolvimento do protótipo.
protรณtipos
MESA BAร
CORTE
VISTA SUPERIOR
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protótipos
protótipo Pulgas e Sebo Criação de espacialidades instantâneas.
Flexibilidade de alocação.
Ocupando o espaço dos carros nas ruas um vagão de laterais abertas cria espacialidades internas em meio aos espaços desertificados e opacos. Os vagões, que abrigam os protótipos Pulgas e Sebo seguem o preceito de flexibilidade de alocação dentro das vias de fluxos da cidade lenta. Sua movimentação é realizada, portanto, pelo GMCA. Sugere um sistema de empréstimos e trocas de roupas e livros. Busca o sentimento de uso coletivo dos bens privados, facilitados também pelo GMCA. Este coletivo realizaria cadastro dos itens particulares que se pretende disponibilizar para empréstimo, troca ou venda, e auxiliar estes procedimentos, mantendo também informações sobre o acervo total dos protótipos, funcionando como biblioteca e mercado de pulgas coletivos locais.
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protรณtipos
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protótipos
Lentarte Instalações artísticas e funcionais surgem na cidade lenta, desenhados em locais específicos carregados de crítica à conformação espacial do urbanismo utilitário. Objetivam dar voz à história do lugar, e auxiliar na construção de novos significados para o espaço comum.
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protรณtipos
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a cidade lenta
proposta
TRAJETO escala 1/5000
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a cidade lenta Nasce dos espaços opacos a cidade lenta, em forma de rede de ruas interligadas, que cresce de acordo com a interação e iteração dos agentes e atores do lugar.
.
protótipo Plantio
.
protótipo Pulgas
.
vaga-lume
.
protótipo Sebo
.
protótipo Atelier
.
Lentarte
.
protótipo Rascunho
.
protótipo Rabisco
proposta
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rua erotides rosendo
PLANTA DE ANÁLISE escala 1/500 *níveis relativos ao nível do mar
análise A rua Erotides Rosendo faz ligação direta entre a praça Costa Pereira e a Catedral de Vitória (fundos). Importante linha de fluxos para os pedestres que ao subirem duas escadarias e percorrerem uma rua de 50m trasladam de uma praça de grande atividade cultural e econômica (na cidade baixa) para a cidade alta, na região da Matriz, de usos preferencialmente residenciais, comércios térreos e edifícios da administração publica. Na ligação entre a rua e a praça, existe uma ilha de concreto, desenho urbano que delimita o espaço de travessia dos pedestres no ponto de cruzamento. Em meio a esta, um monumento aos desaparecidos durante a ditadura. A área é penetrada por duas escadarias e uma rua estreita, configurando um espaço de pouco fluxo de carros, não fossem os estacionamentos na rua, e dois estacionamentos privados (de duas prestadoras de serviços).
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Os limites entre público e privado são estabelecidos pelas fachadas geminadas de dois a quatro pavimentos. É recente a reforma de várias fachadas nesta rua, configurando um ambiente reavivado de cores, por um lado, a descaracterização de alguns edifícios, por outro, e a reforma “apenas de fachada” de alguns que mesmo renovados permanecem desocupados. É presente o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional, equipamento que, fora a importância de sua função, representa agentes interessados no espaço físico do centro. Foi constatada, ainda, uma edificação que não está nem renovada, nem ocupada. Sem janelas nem forro, ausências que pude notar sem adentrar o espaço; e principalmente, a ausência de habitantes, peça chave para sua função social, para sua preservação, e para a continuidade e aperfeiçoamento deste projeto.
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rua erotides rosendo
PLANTA DE CONCEITOS escala 1/500
conceitos O primeiro passo, que se seguirá ao longo das intervenções, é o processo de afunilamento do espaço dos carros (seta vermelha). A inserção dos protótipos se destina também a isto: propor espaços que conversem entre si, e por o centro da rua como espaço de circulação principal do pedestre (e equipamentos de transporte de baixa velocidade como cadeiras de rodas e bicicletas), espaço de conjugação dos equipamentos inseridos, e também espaço flexível para receber as iterações dos agentes do espaço. Estes espaços devem permitir apenas veículos de serviço e carga e descarga em horários específicos. As calçadas se tornam passeios pelas sombras dos prédios, espaços de interação do edifício com a rua e com o transeunte, até que sua linha de definição (meio fio) seja retirada ou diluída em meio a um novo substrato do fenômeno urbano.
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As vistas abertas e pitorescas das duas extremidades da rua, e a baixa velocidade de fluxos compõem o cenário ideal para a instalação do protótipo rabisco (em laranja), como sugestão de sistema de produção de arte e troca deste produto, e como forma lenta de consumo do tempo. Em verde estão as áreas de inserção do protótipo de plantio, que propõe instantaneamente um redesenho dos fluxos da rua, a inserção de assentos ao longo do trajeto, e a reintegração de vegetação nativa na região.
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rua erotides rosendo
PLANTA DE PROTÓTIPOS escala 1/500
protótipos 1. Enquadramentos ao topo de hastes de 1,3m e 1,7m demarcam um espaço e o defendem do carro, enquanto deixam em evidência cenas bilaterais do espaço cotidiano. Na direção norte-sul, enquadramse a fachada do Instuto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico, importante não apenas por sua função social de estudo e preservação, mas como fonte de informações, e como potencial parceiro no desenvolvimento e preservação do novo espaço urbano do centro; e a rua de entrada deste espaço, de largura máxima de 5m, uma fachada sem porta e um muro de pedra em suas laterais, quase totalmente sombreada ao meio dia. Na direção leste-oeste, enquadram-se a vista pitoresca dos fundos da Catedral de Vitória e da escadaria Dionísio Rosendo; e a vista do novo espaço protótipo. 2.
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Expositores e protetores dos
desenhos contra as intempéries; caixotes apoiados e fixados ao chão, e ligados ao sistema de iluminação, se unem às fachadas dos edifícios não ocupados, como denúncia do abandono, e como sugestão de uma nova dinâmica; quando soltos das fachadas, são fixados na rua balizando o espaço permitido ao carro, e via de circulação central do pedestre no novo trajeto; ou se fixam sob as balaustradas das escadarias. 3. Bancos de duas faces, uma voltada às mesas, outra aos expositores. 4. Protótipos de plantio com assentos inseridos. 5. Mesas baú que guardam materiais para desenho do protótipo Rabisco. 6. Uma cobertura fina de madeira escura, parte cobertura verde, parte placas para coleta de energia solar para suprir o vaga-lume; e um eletroduto de prateleira pendente sob a estrutura desenham juntos um pedestal invertido para o memorial, e criam um convite ao novo trajeto.
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1
2
3
4
5
6 115
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PLANTA DO VAGA-LUME escala 1/500
vaga-lume O vaga-lume costura o espaço de intervenção, interligando os protótipos e comunicando o novo trajeto, como um convite aos olhares. Estes preceitos seram seguidos em todo o projeto. Ao se conectar aos novos equipamentos busca, além da comunicação visual de um caminho, suprir sua necessidade de energia, e interagir com as funções de cada estrutura: . nos expositores os vaga-lumes aparecem em forma de focos que indicam espaços de exposição no painel; . no pedestal do monumento o vagalume se apoia em um eletroduto em calha atirantado ao entorno do vazio da cobertura, compondo o desenho de um pedestal invertido (a cobertura como base e a calha como cornija) e gerando um foco luminoso no monumento.
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rua erotides rosendo
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a instalação
a rua atual
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continuidade e aperfeiçoamento Parte dependente da existência do GMCA e das iterações dos agentes do espaço, tornando a imagem ao lado apenas especulação (desejo) do possível desenvolvimento do lugar ao longo do tempo. . a vegetação se desenvolve e espécies clímax da mata atlântica aparecem (ou são inseridas); . a evidenciação das edificações em abandono, ao lado de um lugar em construção, resulta em agentes do espaço buscando meios de ocupação destes edifícios, com o auxílio do GMCA como gerador de dados e mapas de edifícios nesta situação, e propriamente como agentes do espaço; (na imagem sugere-se uma galeria aberta como extensão do sistema de desenho inserido na rua. 9. CULLEN, 1984.
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A paisagem é retomada pela natureza
e pelas pessoas; o lugar é constituído em memórias de cores, produções colaborativas e trocas; o desenvolvimento do bioma urbano. O desenvolvimento dos sistemas resulta em uma perspectiva velada9, de uma catedral eclética neogótica e de uma escadaria barroca, que relembra um passado em outra relação de tempo, e de estruturas urbanas (ainda que signifiquem reformas que enterraram as estruturas prévias, coloniais). Vista que também ilustra a diretriz principal deste projeto enquanto reforma urbana: sugerir um novo significado ao espaço, se apoiar no passado como estrutura posta, questioná-la e transformála, não em uma obra, mas ao longo de um processo.
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rua erotides rosendo
pedestal invertido
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rua duque de caxias
PLANTA DE ANÁLISE escala 1/500 *níveis relativos ao nível do mar
análise A rua Duque de Caxias esta ligada ou próxima à catedral de Vitória, à praça Costa Pereira, à praça Oito de Setembro e à praça João Clímaco. É portanto um centro das ligações pedonais entre os espaços livres do centro. Em 2010 a rua recebeu uma parte da instalação Caminho das Águas (de Piatan Lube), linha azul pintada nas calçadas que demarcava a linha de mar antes do aterro, que está atualmente, quase apagada. É também, portanto, a interface entre a cidade alta (colonial) e a cidade baixa (sobre aterro), e local de memória, como evidenciado no memorial do Caminho das Águas. Mesmo com sua importância enquanto interface entre as configurações espaciais de diferentes escalas, foi fadada ao desenho utilitário, pelo qual até uma de suas ruas pedonais adjacentes é invadida por estacionamento.
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As edificações de fachadas voltadas à rua são em maioria residenciais, e alguns comércios térreos, com gabaritos que variam de 2 a 22 pavimentos, porém todos sem afastamento frontal. As fachadas (sem muros) compõem o fechamento vertical deste espaço. Como centro de ligações entre espaços livres se liga a dois tipos de ruas: as utilitárias, dos carros; e as proibidas aos automóveis, nas quais se instalam os vendedores informais que junto aos comércios térreos dão movimento a esses espaços, voltados ao consumo, e, no entanto, não estruturados para tal uso. O espaço físico da rua Duque de Caxias se dedica principalmente a estacionamento, leito carroçável e faixas estreitas de calçada, definindo-se, enquanto interface, como uma barreira ao pedestre, como porta aberta aos carros e bolsão de estacionamento, como não-lugar e espaço opaco. Não há vegetação na secção em estudo.
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rua duque de caxias
PLANTA DE CONCEITO escala 1/500
conceitos As regiões em laranja, vermelho e verde neste mapa seguem o descrito no mapa de conceitos da rua Erotides Rosendo. A instalação nesta região se dedicará a: . oferecer uma estrutura flexível que dê suporte aos comércios informais (também flexíveis); . valorizar o espaço como interface entre as escalas e tempos, enquanto memória do passado geográfico da cidade, enquanto espaço do pedestre e da comunidade.
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rua duque de caxias
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rua duque de caxias
PLANTA DE PROTÓTIPOS escala 1/500
protótipos 1. Memorial das águas. Uma caixa de brita é colocada no chão na altura da calçada, com 20m de comprimento e ocupando as duas vagas de carros na rua de pedestres. A água das novas coberturas é direcionada para esta caixa que vai acumular água de chuva para formar um espelho d’água, marcando no espaço a história do lugar. A estrutura deve ter vários pontos de travessia para que não se torne uma barreira. 2. Expositores. 3. Protótipos de plantio com assentos inseridos. 4.
Bancos de duas faces.
5. Mesas baú que guardam materiais para desenho. 6. As coberturas de auxílio aos comércios informais segue a lógica das estruturas de corda ou tela do protótipo 128
atelier e do memorial das águas. Pretendese estender os espaços da atual rua Duque de Caxias para usufruto também dos comerciários informais com estruturas de conforto térmico e valorização do trajeto pedonal.
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3
1
4
2
6
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PLANTA DO VAGA-LUME escala 1/500
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vaga-lume Aqui além de se conectar às galerias, o vaga-lume também perpassa as coberturas de trepadeiras fornecendo iluminação sob elas.
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a instalação
a rua atual
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rua duque de caxias
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rua duque de caxias
continuidade e aperfeiçoamento Esta imagem também habita primeiramente no campo do meu desejo. O espaço é habitado pelo pedestre e pelo comércio informal. A existência de estruturas que fundamentem o caminho do transporte lento e do comércio flexível possibilitam diferentes itinerários para o vendedor dentro do trajeto da instalação, criando uma nova relação dos habitantes deste espaço com o tempo. A estrutura de plantio se expande e toma as fachadas inativas para complementar seu sistema de crescimento e coleta de água de chuva. O Memorial das Águas se torna um sistema de captação e tratamento de água para usos diversos no local, enquanto preserva a história do lugar.
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rua nestor gomes
PLANTA DE ANÁLISE escala 1/500 *níveis relativos ao nível do mar
análise A rua Nestor Gomes, conhecida recentemente por corredor criativo Nestor Gomes, se tornou um eixo de produção artística no centro da cidade após o recebimento de diversos empreendimentos voltados para a produção e exposição que se instalaram nos edifícios de 2 a 4 pavimentos geminados que formam os limites verticais deste espaço. Esses empreendimentos de cunho artístico por vezes tomam a rua para eventos e para execução de trabalhos no espaço livre. São portanto agentes do espaço de grande importância para este projeto. Habitantes do local que se interessam por transformar diariamente o espaço. Esta rua liga a rua Duque de Caxias à praça João Clímaco que tem metade de seu espaço tomado por estacionamentos. Este espaço de se parar automóvel gera um afastamento das pessoas e dos edifícios de importância histórica, cultural e administrativa (o palácio Anchieta, ao Palácio da cultura Sônia Cabral). Cria
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uma esplanada quente de asfalto e metal de difícil travessia e usufruto ao pedestre. A praça (em sua gleba configurada ainda como praça) possui vegetação bem desenvolvida que cria um microclima agradável de contemplação. A presença de monumentos e edifícios de diferentes estilos que remontam a história arquitetônica (e humana) do centro da cidade, a amplitude da gleba da praça tratada como estacionamento, concedem a este espaço o potencial para o desenvolvimento de um lugar mais ativo e habitável, que celebre o passado e o conecte à geração hipertexto.
rua nestor gomes
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rua nestor gomes
PLANTA DE CONCEITOS escala 1/500
conceitos As regiões em vermelho e verde neste mapa seguem o descrito no mapa de conceitos da rua Erotides Rosendo. A instalação nesta região se dedicará a: . (área laranja) ocupar o espaço hoje destinado aos carros, propondo um uso eventual e um espaço de contemplação e atividade; . (em roxo) através do protótipo atelier trazer os artistas para construírem o lugar na rua, expandindo os ateliers e galerias sobre o espaço livre público.
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rua nestor gomes
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PLANTA DE PROTÓTIPOS escala 1/500
protótipos 1. Localizado no centro da extensão da praça uma concha acústica voltada para a lateral do Palácio Anchieta se coloca à frente assentos percussionados (inspirados no cajon). Se torna um espaço de eventos ou mesmo interações individuais; e também equipamento que ajuda a dar voz às reinvidicações populares frente ao palácio do governo do estado. 2. Assentos flexíveis dos protótipos de produção. 3. Protótipos de plantio com assentos inseridos. 4.
Bancos de duas faces.
5. Mesas grandes com chegada de ponto de luz dos protótipos Atelier.
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1
2
3
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PLANTA DO VAGA-LUME escala 1/500
vaga-lume Perpassa as coberturas e mesas dos protótipos Atelier unificando a proposta e valorizando a iluminação à nível do pedestre. O centro da extensão da praça conta com iluminação indireta advinda dos assentos, e direta proveniente das bordas da concha.
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a instalação
a rua atual
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praça joão clímaco
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rua comandante duarte carneiro
PLANTA DE ANÁLISE escala 1/500 *níveis relativos ao nível do mar
análise A rua Comandante Duarte Carneiro é majoritariamente ocupada por residências, (fora um comércio sem entrada de carros e um estacionamento). É atravessada por um sistema de escadarias composto por 3 escadas que de estilos diferentes e que são também interfaces entre a cidade alta e a cidade baixa. No alto a Igreja São Gonçalo, marco histórico e visual, pouco aproveitado pela cidade, por ter suas vistas cortadas por edifícios novos, e seu espaço de entorno afunilado pelo espaço dos carros. No nível intermediário um canteiro no centro divide o espaço em duas alturas, e se mantem um espaço de manobra asfaltado grande para que se transponha este desnível. Os limites do espaço da rua são demarcados por edifícios geminados que
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variam de 2 a 10 pavimentos, e por um muro de pedra de cerca de 6m de altura. É o espaço de ligação direta dos trajetos pedonais que ocorrem entre a praça João Clímaco, o parque Moscoso e a parte alta do viaduto Caramuru.
rua comandante duarte carneiro
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rua comandante duarte carneiro
PLANTA DE CONCEITO escala 1/500
conceitos A região em vermelho neste mapa segue o descrito no mapa de conceitos da rua Erotides Rosendo. A instalação nesta região se dedicará a: . (área laranja) ocupar ruas e escadarias com o protótipo Rascunho; . (em roxo) constituir espaço de respiro em frente à Igreja São Gonçalo; . (em azul) construir espaço de quintal comunitário para as residências no entorno. . (em verde) Além do uso do protótipo plantio enquanto balizador espacial e para a reinserção da vegetação nativa, a área verde próxima ao quintal urbano configura espaços menores de cultivo de espécies frutíferas e de belas florações e folhas, compondo o desenho e complementando as funções de quintal.
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rua comandante duarte carneiro
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rua comandante duarte carneiro
PLANTA DE PROTÓTIPOS escala 1/500
protótipos 1.
Mesa baú do protótipo Rabisco.
2. Espaço coberto por uma fina estrutura com as funções de proteção e captação solar, e preenchido por espreguiçadeiras de madeira e redes de tecido configurando um espaço de quintal urbano 3. Espreguiçadeiras de madeira alocadas fora da cobertura. 4.
Bancos de duas faces.
5. Expositores de fundo transparente do protótipo Rascunho. 6. Expositores ligados às paredes da escada, também do protótipo Rascunho. 7. Protótipos de plantio com assentos inseridos. Próximos ao quintal urbano o os protótipos recebem espécies frutíferas e de florações e cheiros, que configurem o espaço como quintal das residências que o envolvem. 152
8. Espreguiçadeiras e baú do protótipo Rascunho.
rua comandante duarte carneiro
2
1 3
4 5 6
8
7
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PLANTA DO VAGA-LUME escala 1/500
vaga-lume Faz a ligação dos protótipos iluminando os enquadramentos e os textos, e o espaço de quintal urbano. Faz ainda um desenho próprio à cada escadaria e suas formas.
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a instalação
a rua atual
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a instalação
a escadaria atual
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rua dom fernando
PLANTA DE ANÁLISE escala 1/500 *níveis relativos ao nível do mar
análise A rua Dom Fernando tem seu entorno constituído por edifícios geminados de uso principalmente habitacional, que se torna comercial à medida que se aproxima da rua Gama Rosa. É importante a este projeto a presença do centro educacional, ao qual deve aliar-se. Possibilita, com esta ligação, uma reeducação da interação do transeunte (as novas gerações) com o espaço livre público, e com os protótipos e novos sistemas iterativos de construção do lugar. O viaduto Caramuru, ao sul, é uma estrutura urbana de grande importância, que hoje cumpre apenas papel de estacionamento. Ao norte o Convento São Francisco, uma construção de interesse visual e histórico, alocado no alto do terreno, com vista para um cruzamento e estacionamentos.
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rua dom fernando
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PLANTA DE CONCEITO escala 1/500
conceitos As regiões em vermelho e verde neste mapa seguem o descrito no mapa de conceitos da rua Erotides Rosendo. A instalação nesta região se dedicará a: . (área laranja) inserir os protótipos Sebo e Pulgas em interação com espaços de movimento educacional e comercial; . (em roxo) tratar o espaço sob o convento de forma que deixe de configurar apenas um cruzamento e se torne também espaço de permanência e suporte aos usos dos protótipos.
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PLANTA DE PROTÓTIPOS escala 1/500
protótipos 1. O desenho conjugando coberturas e estruturas verdes faz ligações e barreiras no espaço que favoreçam o trajeto a pé e a permanência no lugar para a participação com o protótipo Sebo. Um espaço para permanência, contemplação e leitura. 2. Vagões dos protótipos Sebo e Pulgas. 3.
Bancos de duas faces.
4. Protótipos de plantio com assentos inseridos.
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PLANTA DO VAGA-LUME escala 1/500
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vaga-lume O vaga-lume, nesta área, não se apoia nos protótipos, sendo estes, flexíveis. Faz caminho se amarrando aos postes do viaduto, às paredes dos edifícios e às novas coberturas dos espaços de permanência.
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a instalação
o viaduto caramuru
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a instalação
a rua atual
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continuidade e aperfeiçoamento Dos espaços opacos se sonha a revolução urbana, a geração do lúdico construtivo e da topofilia pelo lugar. O novo espaço da sociedade urbana é o espaço da continuidade e aperfeiçoamento, da construção lúdica e colaborativa do conhecimento, do nível local de relação física e mundial em forma de hipertexto digital, e do desenvolvimento da economia e autonomia a nível comunitário, em forma de processo participativo e de estruturas compartilhadas de produção e troca.
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considerações finais
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considerações finais
considerações finais A proposta inicial deste trabalho intencionava instalar o projeto em uma das ruas, utilizando a instalação artística como método de projeto urbano. O projeto foi inscrito em um edital de mobilidade urbana, para ser executado, mas não foi aceito. A instalação foi então abandonada (ou adiada) e passei a me dedicar exclusivamente ao amadurecimento das idéias de intervenção urbana, e do desenvolvimento de um método que fosse participativo na construção do espaço, que envolvesse o estudo e proposta do urbanista, e que fosse continuado e aprimorado, resultando no presente projeto. Este novo desenvolvimento acabou por ser um exercício muito importante de reflexão e construção da prática. Para mais do que uma experimentação urbana aplicada em micro espaços, este estudo tomou o foco da elaboração da prática urbanística.
que tenha como resultado um projeto desenhado. Configura, no entanto, um argumento, ou ideologia, sobre os espaços livres públicos das cidades. Como são, porque o são, porque transformá-los e uma proposta de como. Como argumento, este abre espaço para novas interpretações, caminhos e indagações, e deve, a partir deste ponto, continuar em construção, observando seu fim no horizonte. A sociedade que já foi industrial, e que agora é da imagem, vai continuar mudando. E as cidades (ou sociedade urbana) também vão mudar. E também as pessoas e espaços que configuram estas redes humanas. Os processos de produção dos espaços não devem, portanto, permanecer estáticos.
Por não ser experimentado, vejo este trabalho como inconclusivo, mesmo 175
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