REVISTA CONTRASTES

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junho.2020

Japão Tradição, cultura e esporte na terra do sol nascente 1




CAPA 38

SUMÁRIO

Um tour no outro lado do mundo Vírus no pódio: medalha adiada

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Impactos e desdobramentos do adiamento do maior evento esportivo do planeta

de praxe

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Fantasia ou Cosplay Tradição e essência Laços de amizade entre dois

na esportiva

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Strike didático Nadeshiko: beleza em campo

a bordo Uma barca de opções

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SE LIGA

o fim para mim

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Do monte Fugi aos castelos tradicionais. Saiba tudo sobre o turismo no Japão

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caminho do guerreiro

As artes marciais tem origem asiática, mas foram aderidas no mundo inteiro, inclusive no Brasil

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passado e presente japonês

Respeito e tradição: valores japoneses são vantajosos no combate ao coronavírus

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a estrela do ping-pong

tons de tomie

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Arquipélago japonês possui regiões repletas de diversidade cultural e geográfica

pensando bem Relevância do esporte Samurais modernos

Curiosidades

oito regiões, uma viagem

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O MESTRE AKIRA KURASAWA


COORDENAÇÃO DE PROJETO: Ma. Andréia Moura ORIENTAÇÃO: Dra. Karla Eheremberg Ma. Andréia Moura Dr. Ruben Dargã Holdorf Me. Felipe Carmo Esp. Ana Paula Pirani CONSULTORIA GRÁFICA: Ma. Andréia Moura Esp. Ana Paula Pirani LOGO: Felipe Rocha EDITORA-CHEFE: Karen Neri CHEFE DE REPORTAGEM: Gabriel Buss SECRETÁRIAS DE REDAÇÃO: Letícia Leme e Thaina Reis DIAGRAMADORES: Lucas Abrahão, Willian Silvestre e Victória Almeida REVISORES: Karen Neri, Gabriel Buss, Ana Carolina Delcasale, Letícia Leme e Thaina Reis REPÓRTERES: Amanda Januário, Ana Carolina Delcasale, Andreza Melo,Ariane Brasil, Êmili Viana, Eric Motta, Esther Fernandes, Felipe Carmo, Isabella Anunciação, Júlia Pio, Mahynara Souza, Matheus Figueiredo, Rachide Incote, Rebeca Queiroz, Rebeca Freitas, Victória Silva e Willian Silvestre INFOGRAFIA: Lucas Abrahão, Victória Almeida, Eric Motta, Matheus Figueiredo, Ana Paula Pirani e Andréia Moura COLUNISTAS: Gabriel Buss, Letícia Leme, Felipe Carmo e Lucas Abrahão FOTOS: Unsplash, Pixabay e acervos pessoais ILUSTRAÇÕES: Felipe Carmo e Andréia Moura


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Editorial O

embarque imediato Um convite para descobrir novos mundos entre Brasil e Japão. Bem vindo a bordo KAREN NERI 8 MIN

s editoriais sempre foram minha parte favorita das revistas. Talvez porque se assemelham com minhas amadas páginas de agradecimentos dos livros. Mas também porque justificam a existência daquele material. É a página que transforma essa revista em um propósito e faz com que você, meu querido leitor, goste dela de verdade, e não apenas desta edição. A Contrastes nasceu de um grupo diverso e divergente em opiniões, mas com uma única missão: te apresentar o globo. Foram necessárias 24 pessoas trabalhando incansavelmente para que você pudesse ver, “pela janela”, o outro lado do mundo. Afinal, por onde mais poderíamos começar? Noites em claro, ligações intermináveis, revisões insuficientes, suor e lágrimas. Sorrisos também. Suspiros aliviados. Finalmente está em suas mãos nosso esforço e dedicação. Vou te contar de uma vez o que queremos com tudo isso: que você amplie seus horizontes. Que a informação abra seus olhos. E que você se divirta. Mas essa tal janela que construímos te mostra muito mais do que pontos turísticos e comidas gostosas. Mostra costumes, torcidas e pessoas. Mostra vitórias, lágrimas e momentos transformadores. Como esse. Como o ago-

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ra. Assim como o mundo, que se reinventa para sobreviver em meio a uma pandemia mundial, nós também nos fizemos novos, quiçá pioneiros, ao escrever juntos mesmo espalhados pelo Brasil. Nessas páginas você encontra repórteres, alunos, fontes e professores desbravando o novo normal. Meu eterno agradecimento a todos vocês. No Japão você encontra adultos, crianças e idosos resilientes. Educados pela existência milenar. Esses, até então desconhecidos, nos ensinam sobre obediência, determinação e disciplina. Com leveza nos ensinam também sobre arte, beleza e família. O exemplo do povo japonês fez com que um grupo de jornalistas, sempre armados com as respostas na ponta da língua, refletisse sobre a necessidade de ouvir, começando por essa que vos escreve. Claro que também mostrou esportes inusitados, pratos inimagináveis e vistas estonteantes. Muito obrigada a essa nação. Talvez nenhum de nós esperava a transformação que a Terra do Sol Nascente faria dentro de si. Talvez você não ache que isso possa acontecer. Aguarde pelas próximas páginas. Só me resta pedir que se prepare: lindas coisas estão por vir. Faça sua mala, mas só leve o que couber em sua mente e o que não te deixar pesado. Acomode-se, mas não muito. Lembre-se das meias para evitar pé frio. Essa é a primeira de muitas viagens. Yoi ryoko.


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fUTEBOL JAPONÊS

NA PANDEMIA

A Liga Japonesa de Futebol confirmou a volta das atividades para 4 de julho. O campeonato japonês foi paralisado por conta da pandemia da covid-19. O plano é a retomada de jogos entre equipes de cidades vizinhas, a fim de se evitar contaminações. Nas competições, será obrigatório o distanciamento entre todos os presentes e haverá um número limite de pessoas dentro dos estádios. A Federação Japonesa de Futebol acompanhará de perto todos os protocolos. A medida pode ser descartada caso aumentem os números de infectados pela doença.

O ministro de Finanças do Japão, Taro Aso, comunicou em 4 de junho que o país tem registrado sete mortes pelo coronavírus a cada 1 milhão de cidadãos. Segundo o ministro, a taxa relativamente baixa de mortalidade tem relação com os costumes sociais da nação. Aso compara os dados com o de outras localidades e afirma estar “bem abaixo dos EUA, Reino Unido e França”. De acordo com ele, alguns países precisaram impor multas sobre pessoas que quebraram as regras de lockdown, enquanto no Japão, não foi preciso tomar tal medida.

PREVENÇÃO A BORDO As companhias aéreas japonesas divulgaram medidas de segurança para prevenir contaminações da covid-19 entre os passageiros. O vídeo educativo, produzido pela Scheduled Airlines Association of Japan, visa instruir os clientes acerca de como se prevenir da contaminação dentro do avião. Os passageiros são aconselhados a usar o check-in online, o check-in automatizado e as máquinas de despachar bagagens para evitar o contato interpessoal. Os voos domésticos, reduzidos devido à pandemia, estão sendo retomados gradualmente no Japão.

Antídodo para covid-19 nota O governo japonês pretende fazer um investimento bilionário para tornar mais rápido o processo de pesquisa, desenvolvimento e a produção de vacinas contra o novo coronavírus. O Ministério da Saúde reservou cerca de 455 milhões de dólares em subsídios para instituições envolvidas no desenvolvimento de vacinas. O governo planeja dar início as vacinações no primeiro semestre de 2021. A pasta também destinou cerca de 1,3 bilhão de dólares em verbas extras para incentivar instituições privadas na produção de vacinas.

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eFEITOS DA PANDEMIA

SE LIGA

De acordo com um cálculo realizado em 3 de junho pela companhia de informação de crédito Tokyo Shoko Research, foram registrados 210 casos de falência de companhias do Japão, decorrentes dos prejuízos gerados pela pandemia da covid-19. Contando apenas os que trabalham em tempo integral, cerca de 7,7 mil pessoas perderam seus empregos. Dentre as falências, há 34 redes de hoteis, 34 restaurantes, 24 empresas de vestuário e empresas de ônibus.

PRODUÇÃO REDUZIDA

DESCULPAS JAPONESAS O Japão foi um dos países que optou pelo isolamento social como forma de prevenir a propagação da covid-19. De acordo com estudos, a eficácia dessa ação no país se deve, principalmente, a conscientização dos japoneses. Muitos deles se sentem culpados por causarem preocupações ou por prejudicarem o próximo. Assim, as pessoas infectadas, principalmente àquelas que são figuras públicas, se sentem na obrigação de pedir desculpas em rede nacional ou por meio de suas redes sociais.

Devido à pandemia, a montadora japonesa Nissan sofreu grande queda na demanda de produção, o que causou um prejuízo anual bilionário. A Nissan já enfrentava outra crise interna, ocasionada pela detenção do ex-presidente da empresa. Contudo, os resultados são piores do que se esperava e, por este motivo, a montadora informou um plano de redução na sua produção mundial de até 20%. Além disso, até o ano de 2023, a companhia pretende fechar suas filiais na Indonésia e Barcelona, onde atualmente empregam 3 mil funcionários.

Quer conhecer o japão?

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A economia e o turismo no Japão foram as áreas mais afetadas pelo novo coronavírus, causando assim o adiantamento dos Jogos Olímpicos para 2021. No entanto, como medida para reaquecer a economia, o governo japonês decidiu bancar 50% dos gastos de turistas com hospedagem, alimentação e passeios. Essa medida será válida para turistas estrangeiros interessados em visitar o país no pós-pandemia. Com essa iniciativa, o governo pretende investir mais de 12,5 bilhões de dólares para estimular a retomada do turismo no país.


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Estão abertas as inscrições para o 14º Prêmio Internacional de Mangá. Elas acontecem de 06 de abril a 19 junho de 2020, na Embaixada ou Consulados Gerais do Japão. Os ganhadores serão divididos em três categorias: Gold Award, primeiro lugar, Silver Award para mais três obras e o Bronze Award que premiará onze obras com menção honrosa. O Gold Award e Silver Award receberão convites para viajar ao Japão, com estadia paga para 10 dias, a fim de que os vencedores possam conhecer artistas de mangá renomados, bem como editoras locais.

smartphone Uma cena bem comum em todo o mundo: pedestres que tropeçam e que até mesmo provocam acidentes por estarem distraídos enquanto olham para as telas de seus smartphones. Para evitar problemas como esses, a cidade de Yamato, que fica próxima à Yokohama, apresentou um projeto de lei que proibirá o uso de smartphones durante caminhadas. A decisão será tomada até o fim de junho. O projeto não estabelece algum tipo de punição, ele foi pensado com o intuito de conscientizar aqueles que não conseguem ficar sem o celular enquanto caminham.

sem gritos Após a crise do novo coronavírus, as regras de conduta em lugares públicos se tornaram indispensáveis. No Japão, por exemplo, os parques de diversões emitiram uma nova regra para quando reabrirem: as pessoas estarão proibidas de gritar em montanhas russas. A regra foi divulgada por uma associação da categoria, que reúne grandes parques como a Disney e Universal Studios. Além da proibição aos gritos, os japoneses implementaram ações de higienização e distanciamento entre as pessoas.

descarte das máscaras A empresa comercial japonesa Nasaranet criou um saco de papel para descarte de máscaras de forma segura. Esse material tem alta resistência à água, dentre outras características. O saco de papel é branco com formato de um envelope, e tem processamento especial aplicado na parte interior, tornando-o resistente à umidade. Esses sacos de descarte são comercializados em pacotes de cinco unidades por 165 ienes, equivalente a 7,50 reais. Depois do uso, o saco pode ser descartado como lixo combustível.

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SE LIGA

prêmio mangá


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idiomas

escrita japonesa

A Prefeitura de Hamamatsu realizou uma pesquisa entre os residentes estrangeiros (nikkeis) para saber o nível do conhecimento do idioma nacional. De acordo com os dados, a amostragem contou com 427 pessoas e o resultado da pesquisa indicou que o nível de conhecimento desses é inferior comparado aos dos estagiários técnicos – os que recebem nos seus países de origem aulas do idioma e costumes. Diante desse cenário, a prefeitura considera a necessidade de fornecer educação pública da língua japonesa.

Para quem se interessa em aprender sobre a escrita japonesa o site do portal NippBrasil oferece cursos gratuitos de língua japonesa. Lá você pode consultar 92 arquivos que ensinam passo a passo do Kanji (sistema de ideogramas chineses). Além disso, o site disponibiliza uma série de quatro módulos com 424 aulas sobre conversação, e um módulo exclusivo para ensinar Kanji no dia-a-dia japonês. O curso é preparado pelo Centro de Estudos da Língua Japonesa (CBLJ), e pode ser acessado pelo site www. nippo.com.br.

miss nikkey O concurso de beleza, Miss Nikkey Brasil, será adiado para o ano de 2021, com data ainda a ser confirmada. O evento aconteceria em 11 de julho, durante a 23º edição do Festival do Japão em São Paulo. Ele é um concurso de beleza nipônica com o objetivo de divulgar a beleza feminina nipo-brasileira e assim preservar a cultura ocidental no Brasil. Todas as moças com descendência japonesa, mestiça e nipônica podem participar. A representante do Amazonas, Marjorie Honda, de 25 anos, foi eleita a mais bela nipo-brasileira em 2019.

Strawberry moon Na madrugada de 6 de junho, os japoneses puderam apreciar a famosa Strawberry Moon – Lua de Morango. O fenômeno acontece quando o sol fica mais alto no hemisfério norte. Assim, a lua aparece “vermelha” porque segue a órbita mais próxima do horizonte. O evento astronômico é o segundo de quatro programados para acontecer esse ano. Além desse, os japoneses poderão contemplar eclipses solar e lunar e aproximação dos planetas ainda esse mês. O próximo eclipse, igualmente penumbral, será em 30 de novembro.

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ENTREVISTA

“Era um passo importante para meu objetivo principal: ser jogador da seleção brasileira.”

A estrela do ping-pong www.hugohoyama.com.br

Entrevista com o astro do tênis de mesa e segundo maior campeão brasileiro do Pan americano ERIC MOTTA

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Descendente de japonês, Hugo Hoyama com sete anos de idade praticava um esporte bem comum nos intervalos de aula na escola onde estudava: o tênis de mesa. Com o passar do tempo, começou a se aperfeiçoar naquela brincadeira e sonhar em conduzir aquilo como profissão, tornando-se um profissional do esporte. Mesmo com desafios, cumpriu o seu objetivo e finalizou a carreira como ídolo do tênis de mesa brasileiro.

Eric Mota: Hugo, como brincadeiras nos intervalos da escola te conduziram a se tornar um dos astro do tênis de mesa brasileira? Hugo Hoyama: Eu realmente comecei muito cedo brincando de ping-pong no intervalo de aula, na escola japonesa que estudava em São Bernardo do Campo. No meio dessa brincadeira, tinha um menino que jogava bem tênis de mesa e eu fui com ele no salão (Clube Palestra de São Bernardo) para ver como era o esporte. Era uma coisa muito legal e diferente do que eu praticava. Comecei a treinar todos os dias. O técnico começou a gostar de mim e viu certa habilidade. Então, com oito ou nove anos, praticava diariamente tênis de mesa.

E.M: Você participou de um programa de intercâmbio esportivo no Japão, em 1895. Como conseguiu ser aceito? H.H: Estava na minha programação com 15 anos, de que, se chegasse no nível exigido e vencendo alguns torneios, teria a oportunidade de passar um ano no Japão. E deu tudo certo. Era um passo importante para o meu objetivo principal: ser jogador da seleção brasileira. Não apenas aprendi sobre o tênis de

mesa, como sobre vivência. Naquela época não era fácil você estar longe da família, não tinha como você entrar em contato com eles. Não tinha essa facilidade como hoje. Eu tinha que aprender a cozinhar, fazer compras, arrumar a cama. Esse tipo de coisa me ajudou muito. Me fez crescer como ser humano também.

E.M: Com relação ao tênis de mesa no Japão, quais foram as diferenças que você percebeu? H.H: O número de atletas de alto nível é maior. Isso fez com que eu aprendesse a jogar com vários estilos de jogo. O local de treino era muito bom. Não que aqui em São Bernardo não era. Principalmente na parte da disciplina. Foi puxado mas valeu muito a pena, porque assim que voltei fui convocado para seleção brasileira pela primeira vez.

E.M: Com objetivo alcançado de jogar na seleção, qual era sua próxima meta e os desafios para cumpri-la? H.H: O próximo seria alcançar o nível para jogar de igual a igual contra os melhores do mundo. Para isso, deveria disputar mais torneios e realizar mais treinamentos fora, principalmente na Europa, China e Japão. A Confederação nos deu apoio total no que podiam, mas a gente precisava viajar mais para participar de outros campeonatos e treinos. Felizmente, meu pai pode me ajudar durante uma época, aquele famoso “paitrocinador”. Depois fui conseguindo bons resultados e alguns patrocinadores. Foi difícil essa caminhada, mas a gente nunca pode deixar de fazer a nossa parte, que é treinar e estar preparado para quando tivéssemos a oportunidade, disputar um campeonato fora com esse pensamento que eu tive muito sucesso.

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Para os jogadoresda seleção, é importante ter experiência com outros clubes fora do país


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E.M: A sua carreira internacional começou a tomar outros rumos em 1992, quando recebeu o convite para jogar na Bélgica. Como foi essa experiência? H.H: Para nós da seleção, era muito importante jogarmos temporadas na Europa. Eu joguei duas temporadas na Bélgica em um clube bemsucedido onde o treino também era muito forte. Além disso, tive a oportunidade de treinar com a seleção belga. Desde que eu comecei a jogar lá, o técnico da seleção deles gostou de mim e, mesmo não sendo belga, sempre me convocava para os treinos. Como eu estava alí na Europa, era mais fácil me deslocar em todo o continente e participar de mais torneios internacionais.

E.M: A sua melhor atuação nas Olimpíadas aconteceu em 1996, quando derrotou o sueco, na época quatro vezes campeão mundial, Jörgen Persson. O que isso proporcionou na sua carreira?

Por não terem um centro de treinamento, atletas da seleção feminina treinam em seus clubes e reunem-se eventualmente

H.H: Essa é uma das principais vitórias da minha carreira. Persson estava sempre entre os melhores do mundo. Eu sabia que se meu jogo encaixasse contra ele, principalmente nas primeiras bolas de ataque poderia vencê-lo. E foi o que aconteceu. Ele começou a partida melhor, mas eu consegui deixar a cabeça no lugar e virar o jogo. Realmente uma partida memorável. Por ter vencido do Jörgen Persson, um dos candidatos à medalha nas Olímpiadas, fui contratado por umas das mais fortes equipe na Suécia.

E.M: A sua história com os Pan Americanos é forte. Quando você conquistou a competição pela primeira vez, em 1987, como foi a preparação? H.H: Eu já estava bem preparado psicologicamente para brigar por essa medalha de ouro. O técnico

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colocou na nossa cabeça que precisávamos ganhar o Pan Americano. Eu tinha apenas 18 anos, era a primeira grande competição. A gente chegava lá, não saia do quarto praticamente. Ficamos concentrados, pensando em cada jogo, e foi assim que ganhamos o torneio por equipes, disputando a final contra os Estados Unidos e, na dupla com o Cláudio Piano, conquistamos prata. Foi o primeiro grande passo para eu poder defender a seleção. Depois disso, pude participar de mais 6 edições do pan e olimpíadas. Esse foi o principal passo para eu poder realizar todos esses feitos.

E.M: O Pan de 2007, no Rio de Janeiro, não apenas rendeu a você a conquista da competição como o título de maior recordista de ouro brasileiro da competição. O que isso representou para o tênis de mesa brasileiro? H.H: Foi até uma surpresa um mesatenista ser recordistas em medalhas de ouro. No decorrer do tempo o esporte foi crescendo, principalmente pela conquista nos pans. Mas ganhando no Rio, ao lado da nossa torcida, e me tornando recordista em medalhas de ouro, havia sido importante para mostrar que o trabalho estava sendo bem feito. Jogar em casa, a pressão e responsabilidade eram maiores, ao mesmo tempo buscava aquela energia com a torcida. Eu tinha disputado outras competições internacionais em outros países e vi como era duro jogar contra atletas locais.

E.M: Atualmente, você é o técnico da seleção feminina e conquistou com as meninas diversas competições, entre elas, a inédita Segunda Divisão Mundial. Contudo, como foi essa transição de jogador para treinador?


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H.H: No primeiro momento a transição foi estranha, porque não houve aquela questão de terminar a carreira, dar um tempo e depois assumir a seleção feminina. Praticamente, parei como jogador e virei técnico. O bom é que eu já conhecia as meninas. A gente chegou a treinar muito tempo juntos. Eu sabia como elas jogavam. Não posso estar com elas todos os dias, porque não temos um centro de treinamento da seleção. Cada uma treina no seu clube e nos encontramos nas competições. Claro que, antes de Olimpíadas e Pan americanos, a gente se reúne por um tempo para praticar. É diferente em termos de relacionamento e respeito, mas o foco principal sempre são as conquistas. O legal é que elas conquistaram grandes resultados, e eu estou feliz em ter ajudado em alguma parte.

H.H: Isso é duro de acontecer, porque não temos uma liga nacional de tênis de mesa. É caro montar uma equipe e precisa de um patrocínio master, muitas vezes da Confederação para arcar com as despesas. Temos torneios importantes aqui no Brasil, principalmente em São Paulo, mas em termos de profissionalização é difícil. Felizmente os principais atletas do Brasil podem se dedicar 100% ao tênis de mesa. No masculino, todos os atletas atuam na Europa para elevar o seu nível e estar em contato com os principais jogadores. Mesmo assim, eles vêm para cá disputar algumas competições e incentivar os jovens ao vê-los jogando.

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E.M: Hoje o esporte no Brasil cresceu, mas quando vamos ver maior profissionalização do tênis de mesa por aqui?


PENSANDO BEM


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relevância do esporte Enquanto no Brasil não há valorização, no Japão o governo estabelece como pilar GABRIEL BUSS 5MIN

“O esporte é muito mais do que saúde, bem-estar e lazer. Esporte é educação”. A frase é de um autor desconhecido, mas exemplifica a visão dos japoneses. Diferentemente do Brasil, onde não há valorização do esporte e consequentemente dos atletas por parte do setor público, no Japão sua pasta está incluída no maior ministério do governo. Aqui, o esporte deixou o ‘status’ de ministério e passou a ser uma secretaria vinculada ao Ministério da Cidadania desde 2019, na gestão de Jair Bolsonaro. O MEXT (Ministério da Educação, dos Esportes, da Ciência e Tecnologia) une pastas que estão entre as mais relevantes na visão dos japoneses e tenta ligar todos os temas para que, a partir disso, se desenvolvam políticas públicas nascidas por meio da parceria entre esses setores. Aliás, o incentivo ao esporte começa cedo no Japão. Os alunos têm possibilidades de se inserir em clubes esportivos e, oposto ao Brasil - em que na maioria das escolas públicas há apenas aulas de educação física - tentam aprimorar o aluno e colocar em sua mente que terá apoio e poderá seguir a carreira de atleta se assim desejar. No Japão, educação e esporte andam juntos. No entanto, quando o assunto é esporte, a Embaixada do Japão no Brasil é bem emblemática. Para os órgãos governamentais, como a Embaixada, o fenômeno social desenvolve boa

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disciplina, constrói caráter, encoraja o jogo honesto e promove o espírito esportivo. Já na mentalidade dos governos brasileiros e de boa parte da sociedade, esporte é saúde, bem-estar e “passatempo” em finais de semana. Muitos podem pensar que isso é apenas discurso. Aliás, o brasileiro sempre despreza boas oratórias e palavras bonitas, cansado de ser lesado por anos e ver a diferença do que as autoridades e sites oficiais dizem e o que de fato se realiza. Entretanto, no Japão é possível perceber que existe harmonia entre o que setores governamentais pensam a respeito do esporte e a dedicação dos mesmos em promover o esporte para a população. Como mencionei, as atividades esportivas são incentivadas desde a educação básica até o ensino superior. Além de incentivo, na maioria dos casos há boa estrutura para os atletas treinarem. Ademais, há festivais e torneios nacionais para que os alunos possam mostrar seus resultados. E olhe que interessante: se o estudante consegue resultados e traz medalhas na sua modalidade, a escola recebe um investimento maior na área e com isso se torna uma referência para outras crianças que queiram seguir esse caminho. Há casos de precisar abrir uma seleção para aprovar novos alunos para algumas escolas. Um país que entende a relevância do esporte e o valoriza por meio de políticas públicas certamente é um país com educação, civilidade e desenvolvimento acima da média. Aprende, Brasil! .


DE PRAXE

Tradição e essência

Os jardins japoneses encantam pela sua beleza e simplicidade

MAHYNARA SOUZA 10 MIN

Mais que uma simples técnica de paisagismo, os jardins japoneses expressam equilíbrio e espiritualidade. São enigmáticos e encantam quem aprecia essas expressões artísticas sublimes da cultura oriental. Existem jardins orientais em várias partes do Brasil. O jardim botânico do Rio de Janeiro é um exemplo, sendo um dos mais importantes jardins de origem japonesa no país, com 5 mil metros quadrados. Há possibilidade de cultivá-los em apartamentos ou no ambiente de trabalho, pois podem ser montados como miniaturas, sem perder o seu propósito de beneficiar a alma e a mente. É importante compreender os significados dos

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elementos que compõem o jardim para poder ser conduzido melhor à meditação, calma e espiritualidade. Um jardim oriental vai além de suas cores e texturas, por isso, os elementos filosóficos e religiosos fazem toda diferença ao identificá -los. Mas antes, é importante conhecer a história. Arte milenar Os jardins orientais têm relação direta com o budismo e xintoísmo. Conforme a religião, todos os elementos que compõem a paisagem são sagrados, considerado morada das divindades naturais. As técnicas de jardinagem são uma tradição milenar, originária na China e aperfeiçoada pelos japoneses.


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Existem dois modelos de jardins: os que contemplam mais o verde dos arbustos e das flores e os que apresentam neutralidade com predominância do branco das areias e o cinza das pedras. Um termo que os define é “jardim zen” que apareceu pela primeira vez no livro 100 Gardens of Kyoto, da escritora Loraine Kuck, em 1935. Desde então, o termo é usado no Ocidente e recebeu uma denominação em japonês: Zen niwa. Simbolismo Todos os elementos que compõem os jardins têm seus significados. As pedras simbolizam os ancestrais; a água representa a vida; as árvores a arte da contemplação; os bambus a flexibilidade, expressando o ser humano diante dos problemas. Sakura, a famosa flor-de-cerejeira, simboliza a impermanência das coisas, o transitório, o significado da vida. Existem também significados nas lanternas de pedras, conhecida como ishi-torô. Elas iluminam o caminho, e são para induzir à concentração e clarear os pensamentos. O escultor Márcio Sodré, que trabalha com as ishi-Torô, há mais de quinze anos, apesar de não ter descendência japonesa, esculpe as lanternas respeitando o significado que elas representam. Sua paixão pela cultura e arte oriental vem de infância. “Sou fascinado por esta cultura. As artes marciais como karatê, judô, da prática do bonsai e da literatura Zen Budista”, ressalta. Pouco espaço Apreciar a arte de jardinagem pode ser uma boa terapia. Embo-

ra pareça difícil, há possibilidades para quem não dispõem de tempo e espaço. Os jardins zen podem ser construídos com aspectos minimalistas como jardim de inverno ou serem terrários. Os terrários, conhecidos popularmente como mini jardins, decoram casas, apartamentos e escritórios, trazendo verde para ambientes fechados. De acordo com pesquisas desenvolvidas pela Universidade de Surry, cultivar mini jardins no ambiente de trabalho proporciona relaxamento e atua diretamente na frequência cardíaca. A gerente financeira Mary Leon, se interessou pela técnica como relaxamento, mas logo se tornou “uma terapia”. A paixão foi tanta que procurou fazer um curso online para se aperfeiçoar e, com as postagens de seu trabalho em suas redes sociais, começou receber pedidos para venda. “Cada jardim, cada arranjo, faço com carinho como se fosse para mim”, destaca. Como cuidar As Suculentas e bonsais são plantas graciosas e encantam pelo tamanho. Apesar de requerer pouco cuidado, é necessário seguir algumas dicas. Mary Leon explica que as plantinhas podem apodrecer se regá-las jogando água por cima. Pode-se usar uma seringa para conseguir dosar melhor a quantidade de água e colocar somente na raiz. Uma dica é espetar um palito ao lado da planta, se sair sujo, não dê água, se sair seco, hora de regar. De acordo com a filosofia japonesa, deixar de cuidar do jardim reflete o mental e espiritual de uma pessoa.

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VOCÊ SABIA?

O Hanami também acontece no Brasil. A festa para comemorar a floração da flor-decerejeira acontece há 41 anos, no parque do Carmo, em São Paulo

Existem grandes plantações de pinheiros negros no Brasil. Estes arbustos são usados para fazer os bonsais

O termo suculenta designa toda a família botânica de plantas. Sendo assim, os cactos também são de suculentas

Existem no mercado plantas de plástico semelhantes às suculentas que, de longe, podem ser confundidas com as verdadeiras


DE PRAXE

oito regiões uma viagem Do norte ao sul, o Japão surpreende qualquer estrangeiro que aceita viajar pelas maravilhas de seu arquipélago

AMANDA JANUÁRIO ISABELLA ANUNCIAÇÃO

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osto largo, queixo quadrado e olhos puxados inclinados para cima não escondem a ascendência japonesa de Eliane Hosokawa Imayuki. Mãe de quatro filhos, cresceu em São Paulo e, apesar das características físicas mostrarem sua origem, é considerada estrangeira no Japão. Seus avós eram japoneses e seu pai levou para a educação dos filhos alguns dos costumes orientais. Além disso, “a educação dele foi religiosa em colégio protestante, então ele também herdou


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Kansai “tem um povo mais extrovertido e mais bem humorado. A região é conhecida como o berço da comédia japonesa”

essa tradição de educar os filhos”, relembra. Os ensinos aprendidos na infância se desenvolveram com certo regramento, motivados pelo pai e pelas escolas privadas confessionais que frequentou. Para ela, esse contexto de criação trouxe intimidade com a cultura japonesa. Em 2015, sua família decidiu morar no país a trabalho. Apesar de possuir noção da cultura japonesa, sua visão mudou. “Eu nunca imaginei que viver no Japão seria um desafio, há com certeza dificuldades a superar, vencer e a encarar”, conta. Eliane está há cinco anos no país, mas seus costumes não passam despercebidos pela população nipônica. Seu tom de pele denuncia a raiz tropical. “Eu sou brasileira mesmo, então eles vão estranhar meu jeito de ser, de cumprimentar, sotaque, alimentação, minha roupa, dentre outras coisas”, afirma. Essas características podem ser simples, entretanto a marca de uma nação encontra-se nas singularidades. Assim como no Brasil, em que cada região possui seus costumes, o Japão também possui peculiaridades – e que peculiaridades! Embarque nessa aventura Nessa viagem rumo ao país do sol nascente, vale ressaltar como o

arquipélago divide a sua extensão. A população japonesa ocupa um território no extremo da Ásia, que soma 377.815 km2. O conjunto de ilhas formam um arco localizado no noroeste do Oceano Pacífico. O Japão esbanja diversidade cultural, ecológica e social. Uma das razões, segundo o geógrafo Raphael Félix, é que “os grupos étnicos oriundos de diversas regiões da Ásia setentrional colaboram para miscigenação do país e que, até mesmo a chegada de comerciantes portugueses pode ser listada na história cultural”, enfatiza. E se você pudesse conhecer um pouquinho de cada região em alguns minutos, toparia? Então aperte o cinto que a viagem só está no começo! O trajeto começa pelo Norte até chegar ao Sul do país. Nosso ponto de partida é região de Hokkaido. Seu território montanhoso com planaltos vulcânicos – alguns deles ainda em ativa – é espaço para muitas fotografias. Caso tenha interesse em desbravar a natureza, prepare a mochila e um tênis confortável. Há trilhas, pontos para observar o gelo à deriva, flores alpinas, aldeias de pescadores e animais. Nem todos curtem o clima selvagem da natureza, então vamos

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dar uma passadinha na maior cidade da região. Sapporo fica no sudoeste do território e é considerado centro cultural, econômico e político. Entre as atrações, o festival anual de neve atrai mais de 2 milhões de turistas. Ano após ano, a festa exibe centenas de estátuas de gelo com temáticas variadas. Sem sair da cidade, você pode visitar o Museu da Cerveja de Sapporo, o único do gênero no Japão. A região de Hokkaido, conhecida pela sua diversidade, encerra muitas peculiaridades. A parada agora é na região de Chugoku, chamada também de Sanin. Ela abriga a cidade conhecida como “rosa radioativa”. Hiroshima tem diversos locais turísticos. O Museu Memorial da Paz de Hiroshima, Estádio Mazda Zoom-Zoom e as grandes áreas de compras Kamiyacho e Hatchobori. Caso bata a fome no meio do caminho, dá para comer a tradicional okonomiyaki, panqueca cozida na chapa. E que tal gastar as energias desbravando as dunas de areia da cidade de Tottori? Se preferir, o trajeto pode ser feito a camelo. No caminho, não esqueça de apreciar o Museu da Areia. Se for verão, mais a frente dá para apreciar o festival Shan-shan. Nele, as pessoas se vestem com roupas típicas e dançam


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com guarda-chuvas que possuem pequenos sinos e metais presos a ele. Daí, o nome Shan-shan. Parada em Chubu Talvez você esteja se perguntando quando vamos chegar aos famosos templos japoneses. Uma boa notícia é que a região de Chubu oferece um combo de cultura japonesa e, ao visitar o Monte Fuji, você estará cercado de templos e santuários. Quem mora por perto também esboça admiração pelo local. Diana Kawasaki disse que o ponto que mais lhe chama atenção é justamente o Monte Fuji. “É inexplicável! Não nos cansamos de admirá-lo. Para os japoneses, ele é sagrado porque parece que muda de posição. E é visto de vários lugares diferentes”, descreve. Tohoku ocupa uma vasta região montanhosa que engloba o norte do Japão. Seus esportes de inverno, festivais, a hospitalidade e a excelente comida o torna valorizado por muitos turistas. Sua população soma mais de 9 milhões de pessoas. Ao sudoeste da província de Aomori e ao noroeste da província de Akita, localiza-se a cordilheira Shirakami-sanchi. Ela apresenta a maior floresta de faia virgem restante do mundo, onde um ecossistema foi preservado. Além de cachoeiras, podem ser achados o urso-preto e 87 espécies de pássaros. As inúmeras trilhas também

impressionam quem a visita, garantindo selfies incríveis. Vale ressaltar o quanto a área de Tohoku valoriza a agricultura. Devido ao verão curto e inverno prolongado, a pesca e a silvicultura também são importantes. Muitas pessoas na região se intimidam ao usar o dialeto fora da cidade natal porque possuem o estigma de camponeses. E falando em agricultura, a brasileira Viviane Muroyama, relata as festas da colheita como uma das experiências mais marcantes no período que morou no Japão. Muitas descobertas até aqui, não? Estamos chegando ao fim. As próximas paradas serão agitadas pela região de Kanto. Ela situa-se sobre a parte ao sul de Honshu e é dominada pela Planície de Kanto – a mais extensa planície do Japão. Considerada uma região bem populosa, com cerca de 43 milhões de pessoas, a área caracteriza-se como um gigantesco bloco único de área urbana conhecida como Grande Tóquio. Metrópole Tóquio, Kanagawa, Chiba, Saitama, Ibaraki, Tochigi e Gunma formam as cidades do entorno de Kanto. Todas estão em expansão e em processo de urbanização, por isso, as atividades agrícolas entraram em declínio nesta região. Entretanto, elas seguem produtivas nas áreas do leste ao norte. Segundo o geógrafo Raphael Félix, o país desenvolveu “práticas agrícolas

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modernas como o terraceamento (prática agrícola utilizada em terrenos inclinados) destinado à produção de arroz, frutas, legumes e até mesmo flores”. A capital do Japão concentra a maioria das grandes corporações domésticas, empresas estrangeiras e a base para as mídias em massa. Além disso recebe prestígio como o centro da educação no país. A impressão que os youtubers Lohgann e Prit tiveram foi que “Tóquio aparentemente é uma cidade mais séria, parece que todos estão de terno e gravata e sempre correndo”, explicaram. Localizada no centro-oeste de Honshu, a região de Kansai é a segunda mais importante em termos de indústria no Japão. A viagem pode ficar ainda mais atrativa ao entender o mecanismo de funcionamento. Sua população é de 22 milhões, divididos entre as cidades de Osaka, Kyoto e Kobe. No caminho, você pode compreender como a produção de arroz, frutas, madeiras e pescado são importantes para a economia da região. A diferença de humor torna-se um fato curioso sobre a região. O professor de história Geraldo Lorena explica que, embora Kansai tenha sido mais avessa à modernidade e a ocidentalização, “tem um povo mais extrovertido e mais bem humorado. A região é conhecida como o berço da comédia japonesa”, esclarece.


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Shikoku, a menor e a menos populosa das quatro ilhas principais será nossa penúltima rota. O turismo se desenvolveu após a inauguração da ponte que a ligava à ilha de Honshu, em 1988. A principal economia gira em torno das atividades do setor primário. Na parte norte, planta-se arroz, trigo, cevada e frutas. Ao sul, as florestas fornecem matéria-prima para a indústria de papel e celulose. Check out Para fechar com chave de ouro e um pouco de medo, não podemos deixar de conhecer o Estreito de Naruto, que conecta a província de Tokushima e Awajishima, na província de Hyogo. Suas enormes turbinas chamam a atenção de qualquer um. Nossa viagem chegou ao último destino. Espero que sua bagagem esteja repleta de conhecimentos para compartilhar com seus amigos. Por fim, conheça Kyushu. Respire fundo mais um pouco e visite a vasta quantidade de montanhas e vulcões ainda ativos. E se sua pretensão é descanso, você chegou no lugar certo, pois ela é rica em águas termais e praias. Vai se sentir em casa, já que os moradores são conhecido por sua simpatia e hospitalidade. Além disso, é possível conhecer castelos, a tradicional fabricação de cerâmicas artesanais e atividades ligadas ao ecoturismo.

“Até mesmo a chegada de comerciantes portugueses pode ser listada na história cultural do Japão”

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LUCAS ABRAHÃO E VICTÓRIA ALMEIDA ARTE: ANDRÉIA MOURA

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DE PRAXE

Fantasia ou cosplay A arte que cresceu no Japão e tomou conta do Brasil

RACHIDE INCOTE 10MIN

Você já se deparou com alguém fantasiado de personagens de desenhos animados, filmes, livros ou caracterizados de mangás? Provavelmente você já encontrou um aspirante a Coringa por aí. Geralmente esses grupos se reúnem em shoppings, eventos de cultura pop vestidos das mais diversas personalidades. Em princípio, pode parecer só uma festa à lá halloween, mas existem pontos a serem explorados para entender o fenômeno chamado de cosplay. O termo entrega sua origem. A palavra provém da junção de duas outras do inglês: costume e roleplay (fantasiar e interpretar). Foi nos Estados Unidos que tudo começou.

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Em 1936, na primeira convenção de ficção científica, dois dos principais editores do gênero, Forrest J. Ackerman e Myrtle R. Douglas chocaram o público com as vestimentas. Ambos criaram roupas baseadas em sucessos cinematográficos da época. Ackerman utilizava um figurino que ele pôs o nome de future costume, e Myrtle usava um vestido inspirado no filme Things to come. Logo os fãs compareceriam aos eventos semelhantes aos personagens favoritos. Essa moda viajou para o outro lado do mundo 42 anos depois. O produtor japonês de filmes e animes, Nobuyuki Takashi, visitou um desses eventos que aconteciam em


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Los Angeles, nos Estados Unidos. Ele se impressionou com a criatividade das pessoas. Na volta para o Japão, escreveu à uma revista sobre esse fenômeno introduzido pelos norte-americanos. Takashi decidiu divulgar o movimento na maior feira de publicações independentes de quadrinhos do mundo, a Comic Markets. Pouco tempo depois, os japoneses saíam caracterizados de personagens de quadrinhos ou desenhos típicos do país, denominados de mangá e anime. Chegada ao Brasil Na década de 1980, poucos brasileiros se fantasiavam em festas e programações do gênero. A moda pegou em 1990. Na época, um anime transmitido pela TV ficou muito famoso entre os jovens, “Os cavaleiros do zodíaco”. Com a alta audiência, outros desenhos japoneses surgiram na TV brasileira, bem como eventos que os reuniam. E foi justo na Segunda Convenção Nacional de Mangá e Anime (MangáCon) que apareceram os cosplayers do Brasil. Com o passar dos anos, a tendência virou coisa séria e concursos passaram a existir. Em 2006, o país conquistou na World Cosplay Summit, o prêmio de melhor cosplay do mundo, tornandose referência no meio. Nem todos os cosplayers fazem disto profissão. Para alguns é um hobby. Lucas Lazzarotti é apaixonado por essa arte. “Faço cosplay como hobby desde a adolescência, mas eu tenho a minha vida normal, estudo e trabalho”, conta. Segundo ele, o mais divertido na prática é o reconhecimento das outras pessoas quando veem a fantasia dos seus

personagens favoritos. “Isso acontece principalmente com as crianças que são o público favorito”, finaliza. A maior dificuldade dos cosplayers brasileiros começa no bolso. Para a cosplayer Ana Catarina Barbosa, as maiores dificuldades no Brasil são financeiras e materiais. “Bons cosplays são caros e nem todos têm condições. Por mais que possamos comprar os materiais e costurar aqui no país, alguns itens precisamos importar. Já fiquei quase um ano juntando dinheiro para fazer um cosplay”, declara. Em meio às dificuldades, o universo da fantasia continua se popularizando no Brasil e ganhando adeptos que participam dos eventos realizados em diferentes cidades. Para alguns é válvula de escape para fugir de problemas do cotidiano. Caso do professor de luta e natação Gabriel Melo. “Esses eventos são um refúgio para esquecer o mundo”, observa. Ele relembra que geralmente quem faz o cosplay entra numa persona e isso ajuda quem tem problemas de ansiedade, depressão e timidez. Além disso, Melo reforça que, os que vão prestigiar, “acabam conhecendo pessoas novas, se divertem com seus amigos e compram itens do seu filme favorito, série ou anime”. No Japão, realiza-se um campeonato mundial de cosplay em de Nagoya, Aichi. O evento é denominado Cosplay Championship e aconteceu pela primeira vez em 2003 como resposta à popularidade internacional do cosplay feito por fanáticos de anime e mangá japonês.

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VOCÊ SABIA? No dia 21 de julho é celebrado o dia nacional do cosplay, os praticantes e os cosmakers (confeccionadores de vestimentas) comemoram o dia no Brasil O primeiro concurso de cosplay no mundo aconteceu em 1979, quando Karen Schnaubelt foi a uma convenção vestida como a personagem de anime Captain Harlock. O termo cosplay em japonês significa kosupure, a tradução literal para o português seria disfarçar-se de um personagem, uma abreviação de “costume roleplay” Há um estilo da variação pobre do cosplay chamado “cospobre”. Consiste em produzir a caracterização priorizando materiais baixo-custo ao invés da semelhança fiel ao personagem.


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HOJE EM DIA

Vírus no pódio: MEDALHA ADIADA

ESTHER FERNANDES MATHEUS FIGUEIREDO

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iscutir os aspectos e os desdobramentos da pandemia do coronavírus no mundo é entrar em um universo cheio de rotas. Um desses caminhos leva a abnegação. Se você segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as advertências do Ministério da Saúde, você com certeza, abriu mão de algumas coisas. Se privou de ir para o almoço na casa dos seus pais no sábado, o churrasco de domingo com os amigos,

Usatoday.com

Os desdobramentos dos Jogos Olímpicos em um cenário de Pandemia e as expectativas futuras

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Na origem da competição, assim como em toda história da Grécia Antiga, mito e realidade viram um emaranhado de contos e lendas

e pode ser que tenha se sentido em vantagem quando não precisou comparecer presencialmente no trabalho ou na universidade. Mesmo que algumas dessas recomendações não sejam seguidas à risca, algumas impossibilidades e rotas que a pandemia proporcionou valem o ressalte. Dentro do universo do esporte, Tóquio 2020 ficou só no nome. Os Jogos Olímpicos foram adiados para o ano seguinte e continuam previstos para os meses de julho e agosto. As esferas que o adiamento desse evento atingem, revelam o que pode em muitas ocasiões, se mostrar velado: o papel social, econômico e o impacto de nível internacional. Ary Rocco, livre-docente em gestão de esporte, reporta com o resultado de suas pesquisas que a maior parte da população só vai voltar a frequentar eventos esportivos, se os promotores garantirem que estão adotando as medidas de segurança estabelecidas pela OMS. Segundo Rocco, a questão do marketing de gestão de eventos e protocolos de saúde em jogos esportivos, no momento pós-pandemia, seguem lado a lado. “Al-

guns comparecerão só quando tiver vacina, outros não irão de jeito nenhum. Mas a maior parte das pessoas querem ver os promotores dos eventos esportivos adotando os protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde”, ressalta. No comparativo entre Tóquio 2020 e Rio 2016, Rocco pontua que os preparativos para os jogos no Japão primaram pela eficiência e pontualidade. Enquanto que no Rio de Janeiro houveram alguns atrasos nas instalações de infraestrutura, “no Japão a entrega de tudo será dentro do cronograma, inclusive, existem uma série de instalações que já estão prontas”. Outro aspecto paralelo entre as duas edições é que os de Tóquio vão prezar pela sustentabilidade. As estruturas para as competições foram pensadas para serem reutilizadas em outros eventos esportivos ao redor do mundo. “Todas as instalações dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 foram idealizadas dentro de um critério de reaproveitamento”. Cenário dos atletas Os grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas e a Copa do

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Mundo, são assistidas por quase todo o planeta simultaneamente. Segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), os jogos de 2016 no Rio de Janeiro, foram assistidos por aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas do mundo todo. É comum ver famílias reunidas para prestigiar disputas de medalhas ou as cerimônias de abertura e encerramento. Amigos se reúnem em bares e restaurantes para torcer e vibrar com grandes jogos. Esse espírito de união é o que as Olimpíadas trazem ao mundo, um sentimento que apenas o esporte consegue proporcionar. E tudo isso não seria possível sem grandes atletas. Não é apenas o patriotismo que reúne o público, também se espera ver as braçadas largas de Michael Phelps, a velocidade sobre-humana de Usain Bolt e as brilhantes jogadas do time de Bernardinho. Uma alta atuação nos jogos olímpicos transforma um atleta em um ídolo nacional, ou uma performance pífia pode pôr fim ao sonho. Ídolo, vilão ou apenas mais um, a vida do atleta olímpico consiste em anos de preparação, treinos e abdicação da família. Essa figura criada pelo imaginário do público em geral, que


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vê apenas o atleta, nos faz achar que eles existem apenas para o nosso entretenimento. Mas, a vida deles não se resumem apenas aos 100 metros rasos de uma corrida ou a 90 minutos de um jogo de futebol. Depois que as luzes se apagam, o personagem se torna humano, volta pra casa e encontra com sua família e amigos. Retoma os treinamentos e a preparação longe dos holofotes e câmeras, que fazem a transmissão de seus jogos para todos os países do mundo. Existe um ser humano por trás destes heróis. A atleta de lançamento de disco, Andressa Oliveira, classificada para participar de sua terceira olimpíada fala sobre o preparo para disputar competições em outro país. “Quando vamos para lugares onde o fuso horário é diferente, temos que viajar dias antes do evento para o corpo acostumar”, destaca. Andressa pratica um esporte atípico e comenta sobre o auxílio que o governo oferece, que segundo ela, não é suficiente. “Uma pessoa que trabalha normalmente, tem sua aposentadoria garantida. Nós atletas, temos metas para alcançar e, se em um ano você não vai tão bem, acaba perdendo esse patrocínio e, consequentemente, tudo.” O “bolsa-atleta” é um investimento do governo para profissionais que praticam esportes olímpicos. No Brasil,

ele dura oito anos e, quem recebe o auxílio deve participar de jogos militares, olímpiadas e outras competições. Os resultados são avaliados anualmente e, quando termina o prazo, o atleta deve se aposentar. Os Jogos Olímpicos são cheios de sonhos, superação e dedicação. Lá nascem heróis, vilões e ídolos. Tóquio 2020 teve que ter suas histórias adiadas por conta da pandemia do coronavírus, mas eles estão confirmados para julho de 2021. Andressa, assim como milhares de outros atletas, teve que postergar sua agenda. “A preparação para os jogos é feita durante quatro anos. É uma pena que perdemos quase um ano de treinos, por conta do vírus. Mas eles continuam, o foco ainda é o mesmo. O bom é que posso ficar perto da minha família”, lembra. Modalidades 2021 A tradição dos Jogos Olímpicos iniciou na cidade de Olímpia, Grécia. Na origem da competição, assim como em toda história da Grécia Antiga, mito e realidade viram um emaranhado de contos e lendas. Por isso, várias versões se apresentam para explicar o começo das Olimpíadas. Em uma delas, o semideus Hércules presenteia o seu pai Zeus com jogos em uma forma de demonstração de honra. Em suas primeiras edições, as modalidades eram desafios medievais. Em alguns deles, os atletas

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corriam por 190 metros vestidos com armaduras e carregando armas de hoplita, que eram as armas usadas pela infantaria de elite dos reinos gregos. As corridas eram disputadas e divididas entre bigas, carros tradicionais puxados por dois cavalos, e quadrigas, carros puxados por quatro cavalos. Em 1890, Pierry de Frédy, conhecido como barão de Coubertin, era um aristocrata suíço que reestruturou a tradição grega. Sua crença era de que o esporte se transformaria em um instrumento para a paz mundial, pois o contexto político da época era carregado de tensão entre as potências imperialistas. Alguns símbolos foram mantidos, como a cerimônia do acendimento da tocha. Mas os jogos só começaram seis anos depois, em 1896, entre os dias 25 de março e 3 de abril. A cidade sede foi Atenas, capital da Grécia. Diferente de suas primeiras edições no século VII, nós podemos ver a entrada de esportes que duram até hoje como o atletismo, natação, ginástica, entre outros. Dentre as modalidades milenares presentes nos Jogos Olímpicos, o atletismo tem um destaque especial. Falar sobre o começo do atletismo é também discorrer sobre a origem do ser humano. Saltar, correr e arremessar, são movimentos presentes desde o início do mundo. Na reestruturação das Olimpíadas, a importância do


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Entenda a linha do tempo de Tóquio 2020: atletismo foi destacada pelo Barão de Coubertin: “É possível realizar uma Olimpíada só com provas de atletismo, porém é impossível com todos os outros esportes, sem o atletismo”. Parte da relevância da modalidade nos jogos se dá pelo seu caráter acessível. A prática natural do atletismo proporciona a países ricos e pobres, a atuação e o destaque dentro do esporte. O “esporte rei” abarca pessoas de todas as nacionalidades, homens e mulheres. Nas primeiras edições das Olimpíadas Modernas, o protagonismo norte americano levou os estadunidenses ao pódio nos jogos de 1932. Eles venceram cinco das seis provas com destaque para dois atletas: Thomas Tolan e Ralph Meltcalf, ocupando o lugar de primeiros super atletas da modalidade. A participação, assim como a colocação de ambos ocasionou uma polêmica. Na prova dos 100 metros livres, os dois atletas estabeleceram um novo recorde ao atingir a marca de 10,3 segundos. Apesar dos juízes decidirem a vitória de Meltcalf, o prêmio ficou com Tolan. Os possíveis motivos apontados são por ele ter tido também vitória nos 200 metros livres e participar de um time de atletas apenas brancos. Nas edições mais recentes, o Quênia arrancou olhares de espectadores e juízes com suas perfor-

Tóquio é escolhida como sede dos jogos Comitê Organizador é formado

Programa olímpico oficial tem 339 eventos e 33 esportes. Japão realiza primeiro sorteio de venda dos ingressos OMS declara o surto de coronavírus, como emergência de saúde pública Comitê Organizador Tóquio 2020 cria força-tarefa para lidar com o vírus OMS eleva o surto de coronavírus para pandemia Cerimônia de acendimento da tocha olímpica é realizada em Olímpia, na Grécia, sem espectadores Revezamento da tocha olímpica foi cancelado para não espalhar o vírus Os jogos são oficialmente adiados por um ano

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07.09.2013 24 .01.2014

09.06.2017

09.05.2019

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04.02.2020 11.03.2020

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Apenas em 2012 as mulheres foram permitidas a participar de todas as modalidades, sem exceção.

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mances dentro do atletismo. Nos jogos de Pequim 2008 e Londres 2012, o país atingiu 86 medalhas (25 de ouro, 32 de prata e 29 de bronze), indo 25 vezes ao pódio. Na Era Moderna, a 32° edição dos Jogos Olímpicos marcou a história por ser a primeira a ser adiada. Ary Rocco comenta que em outras ocasiões, os jogos foram cancelados e destaca o impacto na manutenção do ciclo olímpico. “Em 1940 e em 1944 os Jogos Olímpicos foram cancelados em razão da Segunda Guerra Mundial. Houve a edição de 1936 e só retomou em 1948. Os jogos possuem um ritual: com data certa, tocha Olímpica e também apresentam os famosos aros Olímpicos. Tudo isso ajuda a vender os jogos”, explica. Apesar do contratempo, o protagonismo do maior evento esportivo do planeta segue explorando algumas novidades para essa edição. Tóquio 2021 terá 33 modalidades, divididas em categorias de competição. Escalada, beisebol, skate, surf e karatê são as novas modalidades a entrar no time dos esportes olímpicos. Além disso, o aumento da participação feminina levanta o aspecto moderno que as olimpíadas têm adotado. Para entender sobre a evolução da presença feminina, é preciso voltar um pouco no tempo. A primeira edição dos jogos


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olímpicos não tinha nenhuma participação feminina. Na época, as mulheres eram vistas como “sexo frágil” e os organizadores falavam que “esporte é coisa de homem”. Quatro anos mais tarde, devido a falta de organização do COI, foi permitida a participação de mulheres. Mas elas podiam apenas praticar o tênis e o golfe, que eram esportes sem contato físico e vistos como “graciosos”. Elas não recebiam medalhas e as vitórias não contavam no quadro geral. A participação era “extra-oficial” e era entregue um certificado após os jogos. Então, em 1917, surge a figura de Alice Millat, uma francesa que criou a Federação Esportiva Feminina Internacional (FEFI) para que mulheres pudessem competir no atletismo. Depois da criação dessa organização, em 1922, aconteceram os primeiros Jogos Olímpicos Femininos. Devido ao sucesso de público da primeira edição, elas decidiram organizar mais duas edições, em 1926 e 1930. Mas só em 1932 foi organizado os primeiros Jogos Femininos Mundiais. Com a popularidade dos jogos femininos, o COI passou a reconhecer as mulheres como atletas olímpicas de fato na edição de 1936 das olimpíadas. Mas apenas em 2012 as mulheres foram permitidas a participar de todas as modalidades, sem exceção.

Um caminho longo, mas que finalmente pode ter seus frutos colhidos. As mulheres finalmente conquistaram seu espaço dentro do mundo do esporte. Em 2016, a delegação brasileira era composta 44,9% por mulheres. Foram 209 mulheres e 256 homens. Países como EUA e China, as tinham como maioria em suas respectivas delegações. A previsão do Comitê Olímpico é que, em 2021 elas sejam 48% do total de atletas. São esperadas, aproximadamente mais de 5.300 mulheres. Como dito anteriormente, essa edição de Tóquio contará com a adição de novas modalidades, que não eram consideradas olímpicas. São elas: Beisebol, Skate, Surf, escalada e Karatê. O que marca um novo capítulo na história do esporte mundial. Conversamos com o técnico da seleção brasileira de Karatê, Ricardo Aguiar. Ele comenta que os critérios exigidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) vão muito além de metodologias. Para que um esporte ingresse como modalidade é necessário observar o número de países participantes em campeonatos mundiais, quantidade de praticantes no mundo e a realização de jogos continentais. Fora esses aspectos, segundo Aguiar, questões políticas estão mais que envolvidas na hora de trazer um esporte para as Olimpíadas. A questão financeira

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também é um contribuinte para a entrada de qualquer modalidade. “O karatê não é um esporte que tem um patrocinador master (onde existe um investimento de alto nível), ou um investimento representativo e isso dificulta a própria divulgação, e a própria venda”, enfatiza Aguiar. Para o Karatê, a entrada como modalidade olímpica representa um momento de grande visibilidade e crescimento para o esporte. A participação nas Olimpíadas proporciona o ápice profissional de trabalhadores que estão diretamente ligados ao karatê. Aguiar atribui esse momento também a um ganho socioeducacional. “O final da cadeia é a parte social, mais gente praticando karatê, mais gente sendo educada a partir do esporte e melhorando as relações sociais que envolvem o desenvolvimento humano”. A espera para os Jogos Olímpicos em 2021 é atrelada a expectativa de mudança no cenário esportivo e social. Esportivo, pois proporciona as novas modalidades uma visualização maior e, consequentemente, mais investimentos. No campo social, porque as Olimpíadas levantam questões a serem discutidas como: acessibilidade, valorização dos profissionais do esporte, igualdade dentro e fora de ginásio, e o desenvolvimento do esporte como viés educacional.


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Linha do tempo dos

JOGOS OLímpicos no período moderno MATHEUS FIGUEIREDO E ERIC MOTTA ARTE: ANA PAULA PIRANI 1896

01

Paris

1900

24 países | 20 modalidades Os jogos de atletismo aconteceram em meio a bosques e árvores e a natação no rio Sena.

Londres

Antuérpia (Bélgica)

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1908

1904

1920

1912

1928

1924

1932

09

Berlim

1936

49 países | 19 modalidades A competição foi aberta por Adolf Hitler, que esperava que os arianos ganhassem tudo, o que não aconteceu

Helsinki (Finlândia)

10

1952

1948

Londres 59 países | 15 modalidades Esses jogos foram os primeiros a serem transmitidos pela televisão, com cerca de 500 mil telespectadores.

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Los Angeles (EUA) 37 países | 16 modalidades Foi lá que se criou a verdadeira vila olímpica da história.

11

69 países| 19 modalidades Adhemar Ferreira da Silva conquistou uma medalha de ouro para O Brasil na modalidade do salto triplo, que quebrou com um jejum de 30 anos.

Paris 44 países | 17 modalidades Olimpíadas tiveram um complexo esportivo no estádio Olímpico de Colombes.

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44 países | 15 modalidades Pela primeira vez a chama Olímpica esteve acesa durante toda a competição.

Estocolmo 22 países | 15 modalidades A organização de jogos tirou boxe dessa edição, porque a legislação Sueca proibia esse esporte.

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Saint Louis (EUA) 12 países | 18 modalidades Foi a primeira vez que foram dadas as medalhas de ouro, prata e bronze como conhecemos hoje

04 05

26 países | 22 modalidades Foi primeira vez foi hasteada a bandeira Olímpica branca com os anéis coloridos.

Amsterdã

10 países | 9 modalidades Mulheres não podiam particiapar.

03

22 países | 24 modalidades Foi a primeira Olimpíada considerada bem organizada.

Atenas

1956

Melbourne (Austrália) 72 países | 17 modalidades O hipismo não ocorreu em Melbourne devido leis australianas relacionadas à quarentena de animais, que impediu dos atletas transportarem seus próprios cavalos.


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Roma

1960

83 países | 19 modalidades A África do Sul foi banida devido o apartheid.

México

1968

1976

1988

2000

1996

2004

25

Pequim

2008

2012

27

Rio de Janeiro

2016

Países 206 | 39 modalidades Um concurso com 76 agências brasileiras de design foi realizado para desenvolver a tocha olímpica.

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Londres 202 países | 26 modalidades Foi a primeira Olimpíada que em todas as delegações participantes haviam mulheres.

28 29

Atenas 201 países | 34 modalidades A tocha olímpica viajou sete dias pela península do Peloponeso e por diversas ilhas até chegar ao estádio Panathinaiko.

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206 países | 28 modalidades Foram os primeiros jogos a serem transmitidos em alta definição.

Atlanta 197 países | 30 modalidades Olimpíada recordista de audiência sendo transmitida para 214 países, ganhando mais de 800 milhões de dólares.

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199 países | 32 modalidades Foi a segunda vez que as Olimpíadas aconteceram no Hemisfério Sul.

Seul (Coreia do Sul) 159 países | 26 modalidades Cuba, Nicarágua e Coreia do Norte decidiram não comparecer às competições.

22 23

Moscou (União Soviética) 80 países | 22 modalidades O brasileiro recordista do salto triplo, João Carlos de Oliveira, ganhou bronze. Dizem que em um salto perfeito, os árbitros, todos russos, boicotaram o resultado para favorecer um atleta compatriota

20

1992

169 países | 32 modalidades O Brasil ganhou o primeiro ouro coletivo com o volêi masculino.

Sidney

1980

21

Munique 121 países | 20 modalidades Houve uma breve paralisação devido ao atentado terrorista de um grupo chamado Setembro Negro.

18

1984

140 países | 24 modalidades Por conta de um boicote, a romênia foi o único país comunista da cortina de ferra a participar dessas olimpíadas

Barcelona

1972

19

Tóquio 93 países | 19 modalidades O jovem Yoshinori Sakai, nascido em Hiroshima em 6 de agosto de 1945, dia em que a bomba atômica detonou a cidade, entrou no estádio carregando a tocha Olímpica.

16 17

99 países | 21 modalidades A ginasta romena Nadia Comaneci, de 14 anos, foi a primeira ginasta a conseguir uma nota perfeita.

Los Angeles (EUA)

1964

15

112 países | 20 modalidades Essa edição ficou marcada como os jogos dos afro-americanos, por conta da suas excelentes atuações e os protestos políticos que estavam acontecendo na época.

Montreal (Canadá)

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2021

Tóquio


PERFIL

ARIANE BRASIL ESTHER FERNANDES 10 MIN

C

Tons de Tomie A trajetória de uma zelosa mãe e dedicada esposa que deixou o Japão para se tornar a “dama das artes” do Brasil

asa e filhos. Filhos e casa. Filhos, tinta, pincel e quadro. A trajetória de Tomie Ohtake nasce de um questionamento. “Só cuidar da família a vida inteira não está certo. Eu preciso fazer alguma coisa.” A alma de artista adormecida, quietamente, no íntimo do ser. Quieta? Não por muito tempo. O incômodo partiu do lugar mais sensível da artista e a intimou à uma mudança drástica. A vida pacata não saciaria esta sede. A perturbação havia encontrado espaço grande em seu coração. Tomie nasceu em Kyoto, no Japão. Seu irmão, Masutaro Nakakubo, tinha fama de briguento e a mãe propôs que ele se mudasse para outra cidade. Para surpresa da família, Masutaro decidiu morar no Brasil. Tomie veio visitar o irmão dez anos depois da transição. A viagem foi planejada como um passeio e, em 1936, deixou seu país de origem e ingressou em um mundo ocidental diferente de tudo que já havia visto. Foram quarenta dias viajando de navio em direção ao desconhe-


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cido. Despertando-se com os mínimos detalhes das paisagens e cores, apaixonando-se pelas diferenças entre os países. O que Tomie não sabia era que a visita mudaria intensamente o roteiro de sua vida. Intuição Os anos seguintes foram de guerra e instabilidade no Japão. Por conta da situação, Tomie se enraizou aqui, casou e construiu família. Em 1961, aos 38 anos e com o fim do casamento, a pintura passou a ser seu foco principal. Ao longo da trajetória um elemento norteou sua arte e vida. Tomie confiava na sua intuição. Sua arte era intuitiva. Por isso migrou rapidamente da Escola Figurativa para a Abstrata. Sua intuição a levou à arte. Para Rodrigo Ohtake, seu neto, a intuição foi o principal aspecto motivador. “Exemplo disto é quando meu avô foi embora e ela passou a pintar”, comenta. Decisões do dia a dia, a escolha de um restaurante, e investida em uma amizade, tudo era através da intuição. Em conversa com Rodrigo, ele não esconde que a volta da Tomie à pintura se dá em um momento de abandono. Quando jovem, ela des-

perta o interesse pela pintura, mas de maneira tímida. “Foi um processo natural de ela se dedicar à família e abrir mão de qualquer vontade pessoal [...] É difícil dizer se ela foi uma mulher à frente do seu tempo, quando isso é algo que toda mulher deveria poder fazer desde sempre”, observa. O que o neto defende é que todas as mulheres deveriam ter direito a desenvolver seus dons fora do círculo familiar. Sabor amarelo Toda a experiência de contato direto com elementos antes desconhecidos serviu como prato cheio para o brilhantismo na pintura. No saboreio das comidas e bebidas brasileiras, ela descreve que “tudo tem sabor de amarelo”, cor viva e brasileira que ganhou lugar privilegiado em seus quadros. Tomie sabia pintar o Brasil. Mesmo aos 101 anos, ela dizia sentir o amarelo brilhante no Brasil e gostar disso. Suas distintas realizações artísticas nunca receberam nome. Ato que cria laços conectivos com aqueles que a contemplam. Tomie sempre recusou responder as mais simples expectativas sobre suas artes. Sua preocupação

não estava nos conceitos. Como ela mesma disse, “eu não penso muito em conceito. A experiência do sentimento é o mais importante do que eu explicando, tanto que não coloco nenhum nome em pintura. Cada um sentir já está ótimo”. Formas mágicas Avenidas, bairros, prédios e estações de metrô. São os mais diversificados lugares onde estão expostas as pinturas e esculturas de Tomie. Perpetuando beleza e significado mesmo vistas com rapidez. Era essencial para ela que as exposições estivessem além das galerias, transmitindo paz, conexão, sentimento e incentivo artístico para as novas gerações. Seu amor pelos detalhes é transcendente. Seu filho caçula, Ricardo Ohtake, explica que “ela nunca vê um quadro ou obra como algo pronto, sempre há espaço para retoque”, da mesma forma como os sentimentos sempre podem ser mais expressados. Tudo começa com uma forma em sua mente e, então, acontece a mágica das formas e pinturas que encantam diferentes olhares.

1936

1957

1974

2001

2008

Tomie vem ao Brasil visitar o irmão.

Realiza as primeiras exposições no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Primeiro prêmio de melhor pintor do ano pela Associação Paulista de Críticos de Artes.

Inauguração do Instituto Tomie Ohtake.

Cria esculturas em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.

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CAPA


ANA CAROLINA DELCASALE JULIA PIO WILLIAN SILVESTRE

15MIN

Um tour no outro lado do mundo Porque o Japão deve estar em seu roteiro de viagens

N

a imaginação de uma criança, você pode chegar do outro lado do mundo se cavar um buraco no chão. E quem aqui nunca ouviu falar que é lá onde o arquipélago japonês está? Pode até ser fantasia, mas quem já visitou o país do sol nascente tem a sensação de estar, não do outro lado, mas em outro mundo. O Japão é um país fascinante. Turistas de todo lugar se encantam com a capacidade que os 126,5 milhões de habitantes tem de viverem, harmoniosamente, em um lugar onde o passado e o futuro caminham juntos. Tudo acontece de maneira ordenada, tudo funciona.


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País: Japão Capital: Tóquio a) h (horário de Brasíli Fuso horário: + 12 Localização: Ásia milhões Habitantes: 126,5

Idioma: Japonês Moeda: Iene

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Multifacetado, o Japão tem atrações turísticas tanto para os japoneses quanto para estrangeiros. Isaac Yanamura, gestor de produção na empresa japonesa Nissey Delica, é brasileiro e mora no Japão há sete anos. Até hoje se encanta com tanta pluralidade. “O Japão é um país que exala turismo. Existe tanta beleza que fica difícil de enumerar. Em cada canto existe um lugar maravilhoso para se visitar”, conta. A habilidade que os nipônicos têm de usar a tecnologia e preservar as coisas do passado é algo que chama atenção. “O legal e bem interessante disso tudo, é que o país consegue mostrar toda sua tecnologia sem perder suas origens. No mesmo local onde você é atendido por um robô verá ao lado estruturas do século passado”, conclui. A cada ano, o número de turistas estrangeiros cresce vertiginosamente no Japão. De acordo com informação publicada no portal Panrotas (panrotas.com.br), site tradicional no segmento de turismo, houve um crescimento de 7 para 32 milhões de turistas nos últimos 10 anos. O número de visitantes em 2019 foi de 31,8 milhões, levando o país a ver seu oitavo crescimento consecutivo, estabelecendo, então, um novo recorde nacional. Se não fosse o cancelamento dos Jogos Olímpicos, a expectativa para 2020 era de receber 40 milhões de turistas durante todo o ano. O Japão é um dos países mais seguros do mundo. Em março de 2019, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes contabilizou um índice de 0,28 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em agosto de 2018, um grupo de


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pesquisas da revista britânica The Economist determinou Tóquio, capital do país, como a cidade mais segura do mundo. E se você pensa que isso se dá pela tecnologia de ponta que ali existe, com sensores e câmeras de última geração espalhados pelas cidades, se engana. O país possui leis rigorosas, policiamento preventivo e uma população consciente que aprendeu desde o berço a respeitar o ser humano. DNA dos nipônicos Conhecidos como um povo inteligente, os japoneses carregam a fama porque aprenderam na infância a disciplina. Mas essa conduta se aplica para qualquer área da vida e não apenas à educação. Não é à toa que os turistas, quando chegam no Japão, ficam deslumbrados com a organização do país. O funcionamento do transporte público é sem igual. Os trens japoneses estão entre os mais pontuais do mundo: a média de atraso é de apenas 18 segundos! Inclusive, as empresas de trem costumam se desculpar se, por acaso, algum trem parte da estação segundos antes do horário oficial. A hospitalidade dos japoneses também é uma das característica que chamam a atenção de quem visita a terra do sol nascente. Omotenashi é um termo muito comum por lá e, embora seja conceito difícil de ser explicado, pode ser traduzido como hospitalidade. Mas vai muito além. Desde crianças são ensinados a manter essa conduta. Carregam em seus corações o ato de servir e agradar a todos sem querer nada em troca. A postura de um funcionário de curvar a cabeça levemente falando

irashaimase para cada pessoa que entra em um estabelecimento é omotenashi. Nara Watanabe Soga é brasileira e mora no Japão há 30 anos, quando chegou no país ficou impressionada com essa atitude e até hoje isso chama atenção. “Quando a gente chega nas lojas, em qualquer lugar, a educação e atenção com que eles nos tratam é incrível”, declara. Nos hotéis você encontrará, à disposição, potes grandes de shampoo e condicionador, por exemplo. Ou seja, fazem de tudo para que os turistas sintamse bem vindos, fiquem satisfeitos e voltem mais vezes. Toda gentileza que você encontrar é omotenashi. Patrimônio Mundial Mas o Japão não é só modernidade e tecnologia. Dos países asiáticos é o que possui mais belezas naturais. Não foi à toa que a UNESCO classificou vários deles como Patrimônio Mundial. Não deixe de colocar em seu roteiro locais como o Castelo Himeji e os monumentos históricos de Kyotto, Nikko e Nara. Quando quiser ter um momento de reflexão, pegue o primeiro trem com destino ao Memorial da Paz de Hiroshima. O lugar, paradoxalmente, símbolo de uma das maiores atrocidades cometidas pela humanidade é também sinal de esperança. E há ainda o famoso Monte Fuji, verdadeiro cartão postal do país. Uma imersão cultural Além dos destinos turísticos, a famosa culinária e cenários de filmes como os de “Silêncio” de Martin Scorsese, o Japão também oferece uma experiência de imersão cultural única. Os costumes ja-

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CONSEGUINDO O VISTO - Passaporte válido; - Formulário de Solicitação de Visto assinado conforme o passaporte ou assinatura do responsável, para menores de idade; - Uma foto 3X4cm nítida e recente; - Carteira de Identidade RG ou RNE; - Passagem de ida e volta ou print de reserva de todos os trechos; - Imposto de Renda Pessoa Física e extratos bancários dos 3 últimos meses; - Cronograma de viagem; - Comprovante de renda; - Comprovantes de renda do dependente ou cônjuge; - Comprovante de renda do financiador da viagem; - Documento que comprove a relação familiar;


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“No mesmo local onde você é atendido por um robô, verá ao lado estruturas do século passado”

poneses vem de tradições culturais e religiosas milenares que persistem até hoje, mesmo com a evolução tecnológica. Por isso, para viajar ao Japão, é preciso ter em mente algumas peculiaridades locais. A mais famosa de todas é a maneira como os japoneses se cumprimentam. Com o movimento de curvar as costas eles dizem oi, se despedem, demonstram gratidão ou arrependimento. Se curvar representa respeito e encostar a mão em outra pessoa é considerado um contato íntimo. Quando feito em público, pode ser bastante ofensivo para os mais conservadores. Esse respeito também é demonstrado quando se tira os calçados ao entrar em uma casa, templo, ou mesmo em alguns restaurantes. Além de demonstrar respeito, também é um ato higiênico. E por falar em higiene, as crianças aprendem na escola a limpar seu ambiente de estudo. Limpas também são as ruas e calçadas japonesas. Apesar de haver poucas lixeiras nas ruas, é comum carregar o próprio lixo até que encontre um local apropriado para o descarte. Ah, não se esqueça da sua máscara! Com ou sem pandemia, os japoneses as usam com frequência para evitar alergias ou passar doenças a outros. É muito comum encontrar bicicletas sem nenhum cadeado nas ruas e calçadas japonesas. Geralmente as pessoas deixam seus pertences em cadeiras de restaurantes para ir a outro lugar e está tudo bem. Ninguém vai tocar porque a noção de propriedade no Japão é muito forte. Diner Ramos já visitou mais de 10 países e relata que

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a cultura japonesa foi a que mais o impressionou. “A educação, organização e respeito do povo japonês é incrível. Meu filho deixou um celular novo na pia do banheiro e só voltamos lá no fim do dia. O celular estava exatamente no mesmo lugar. A experiência cultural é uma atração a parte no Japão”, ressalta. É muito comum ver pessoas paradas esperando o semáforo abrir para atravessar a rua, mesmo que ela esteja deserta. Se vir alguém atravessando a rua fora da faixa, provavelmente trata-se de um turista. E sim, na capital e em pontos turísticos alguns japoneses falam inglês, precisar ser fluente na língua deles para “turistar” por lá é um mito. Diferente? Temos! E por falar em mito, sushi e peixe cru não são as únicas coisas que se come na terra do sol nascente. É possível encontrar diversos restaurantes que servem as mais variadas comidas típicas e até pratos ocidentais. Afinal, sentir novos gostos e novas experiências é a essência da viagem. “A viagem é a terra das primeiras vezes. Nada melhor que experimentar algo novo em outra cultura”, declara Diner. Mercados, restaurantes e muitas atrações turísticas são automatizadas e é comum você comprar ingressos, passagens e até comida em máquinas. Ao visitar o Japão, é preciso estar atento a vários atos considerados desrespeitosos pelo povo. Como deixar os hashi (pauzinhos) no prato de comida. Mas como saber? Os japoneses respondem! A cidade de Kyoto criou um guia de etiqueta para turistas. O objetivo é orientar visitantes que aca-


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bam ofendendo monumentos e pessoas, por não saberem como se portar. A cartilha está disponível em chinês, japonês e inglês. O conteúdo vai desde orientações de onde sentar ou fumar, até coisas mais específicas sobre como pedir autorização para tirar fotos com as gueixas de Gion e proibições para nunca tocá-las sem permissão. De maneira geral, os japoneses não esperam que os turistas sigam todas as regras de etiqueta cultural estritamente. Porém, quem as sabe e domina acaba tendo um bônus na experiência de visitar o país. Konnichiwa “iiii”. Fazer esse som no Brasil pode significar que algo está errado ou que você não gostou de alguma coisa. Em japonês isso é bom porque a palavra “ii” é frequentemente usada para perguntar ou indicar se algo está bom ou bem, como: ii desuka – “Está bom?”; e ii desu – “Está ótimo”. Embora sempre haja pessoas que falam inglês nas principais cidades e pontos turísticos, saber algumas palavras e frases no idioma local pode economizar tempo, estresse e evitar aquela vergonha. Sumimasen, por exemplo, é uma palavra com múltiplas utilidades que pode ser usada para pedir desculpas, chamar o garçom ou o atendente em uma loja e pode também ser usado em uma abordagem para fazer uma pergunta a alguém, do tipo “me desculpe”. Outra importante palavra é Nani. Ela significa “o quê” e pode ser usada em perguntas: Nani – O quê?; Kanojo wa Nani-jin desuka – “Ela é de qual nacionalidade?”;

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IRASHAIMASE (Bem-vindo) Ohayou gozaimasu “Bom dia” Konnichiwa “Boa tarde” Konbanwa “Boa noite” Watakushi wa (nome) to moshimasu “Eu me chamo (nome)” Ogenki desu ka “Como você está?

Korewa nan desuka? “O que é isso?” Eki wa doko desu ka “Onde fica a estação de metrô/trem?”

Toire wa doko desu ka “Onde fica o toilette?” Ikura desu ka “Quanto custa(m)?” Kurejitto kaado dekiru? “Aceita cartão de crédito?”

Nan ji desuka – “Que horas são?”. Se terminou de comer e está satisfeito use Hai, que pode ser traduzido como “Estou satisfeito”. E se nada der certo e não conseguir se comunicar use Wakarimasen – “Não entendo”; Nihongo wa wakarimasen – “Eu não entendo japonês”. Papelada e dinheiro em mãos É comum solicitar um visto de turismo para entrar na maioria dos países, mas não no Japão. Devido a acordos políticos, alguns migrantes têm a isenção de visto, mas não os brasileiros. Para visitar o país você precisará de um visto de turismo, que lhe dará a permissão de permanecer ali por até noventa dias, com validade de três anos. O processo de solicitação do visto não conta com a fase de entrevista. É preciso ir ao consulado japonês mais próximo ou enviar a sua documentação pelos correios. A moeda oficial do Japão é o yen (ou iene) e é a única aceita no país. Um iene equivale a 0,047 reais, ou seja, um real equivale a 21,26 ienes. A forma mais comum de trocar dinheiro no Japão é pelos caixas eletrônicos. Eles podem ser encontrados dentro de diversas lojas, hotéis, conveniências e até dentro de karaokês. Porém, uma boa dica é trocar real por ienes ainda no Brasil, ou comprar dólares ou euros e trocá-los quando chegar no Japão. Outro elemento que deve ser levado em conta é a cultura do pagamento em dinheiro, que ainda é muito forte por todo o país. Voe alto – ande na linha Devido a longitude do Japão em relação ao Brasil, essa viagem

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é considerada voo de longa distância. Felizmente, as principais cidades japonesas possuem trens expressos, ônibus, táxis e locadoras de carro, facilitando a chegada no local de estadia. O país conta com oito aeroportos. Todos possuem mais de uma linha de trem disponível junto com um serviço de ônibus que atende aos bairros hoteleiros, cidades vizinhas e principais pontos turísticos. Há um destaque para o aeroporto de Narita, que possui seu próprio aplicativo chamado NariCo que serve como um guia aeroportuário de voz. O jeito mais cômodo de viajar pelo Japão são as redes ferroviárias. As linhas do trem-bala shinkansen e Japan Railways (JR) conectam todas as principais cidades. “Nas estações de trem sempre tem um painel indicando a hora que o próximo trem vai passar e o destino dele. Ele chega no momento exato, é muito difícil atrasar”, comenta Cristiane Bunno, cidadã brasileira que reside em Ibaraki há quatro anos. “Nos ônibus os motoristas ficam com fones de ouvido e falam a proxima parada, além de ter ar condicionado”, completa. A companhia JR East Japan Railway permite que você reserve as passagens com antecedência. Há diversos passes de transportes público, como passagens pré-pagas e passes ilimitados. Clima e festa Por ser um arquipélago disposto de norte a sul e quase que inteiramente cercado por mar, o clima do Japão muda constantemente. No


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templo

Castelo Kinkagu de himeji

fugi

memorial da paz de hiroshima

Tokyo

Castelo de shuri - naha, okinawa -

CERÂMICA

IWATSUKI

A maior referência em relação a artesanato é a Vila de Cerâmica de Ontayaki localizada na aldeia de Onta. As cerâmicas são caracterizadas por terem padrões geométricos. Lá você poderá ver ceramistas em ação fazendo peças únicas, além de você poder fazer sua própria cerâmica a partir de 500 ienes.

Também conhecida como “A Cidade das bonecas” o famoso bairro de Saitama produz bonecas de fofas menininhas a temíveis guerreiros desde o século XVII e são usadas em festivais por todo o Japão. Próximo a Estação Iwatsuki também está localizado o Museu das Bonecas de Togyoku.

MERCADO LOCAL Há vários espalhados por todo o Japão, mas o destaque vai para Mercado de Tsukiji, ao sul de Estação de Tóquio e vizinho da região de Ginza.O mercado possui oficinas de fabricação de sushi, visita guiada, lanches que variam de omeletes a bolinhos de arroz e uma grande variedade de produtos.letes a bolinhos de arroz e uma grande variedade de produtos.

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EBISU GARDEN PLACE É o antigo lugar de transporte da cerveja Yebisubeer, mas atualemte é um santuário elegante da cidade de Tóquio. O local possui um Museu da cerveja Yebisu com direito a degustações durante a visita, lojas e restaurantes, além do museu de arte e fotografia de Tóquio. Ele está próximo à estação Ebisu.

KYU-KARUIZAWA A rua comercial mais movimentada da cidade de Karuizawa. Um centro muito visitado conhecido pela variedade de boutiques, cafés e restaurantes e também pela mistura do rustico e o moderno. Possui fácil acesso de trem por Tóquio na estação Karuizawa até Estação Karuizawa, a viagem dura 75 minutos.


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norte, o clima é caracterizado por verões intensos, invernos rigorosos e nevascas frequentes. O Japão central possui invernos curtos e verões úmidos. Enquanto na parte sul, os verões longos e úmidos e invernos amenos. Agosto e outubro são conhecidos como os meses de tufões. Na hora de decidir a época da viagem, é bom levar em conta os festivais típicos que acontecem no país. Dependendo da estação do ano que for visitar o país, poderá aproveitar algum festival. O verão é marcado por diveesas opções. Um dos maiores celebrações do país ocorre nessa época, o Festival Gion Matsuri. Ele dura o mês de julho inteiro e as ruas de Kyoto viram uma grande festa com desfiles e muitas apresentações de música, dança com vestes tradicionais e teatro, além das barracas de comida e doces típicos. Segundo Cristiane Bunno, essa festividade é como o carnaval, só que japonês. Além das danças, a população se divide em grupos que adoram deuses ou princesas. “Aqui na minha região tem a ‘princesa do arroz’, então as pessoas prestam um tipo de homenagem. Cada um tem uma forma de se expressar”, explica. Outro festival de verão famoso é o Festival Nebuta de Aomori, que acontece entre os dias 2 e 7 de agosto. A festa conta com apresentações de dança típica e gigantes bonecos de papel machê. Também no mês de agosto acontece o festival Yosakoi na cidade de Kochi. Nesse festival vários times de dançarinos competem em seus carros alegóricos.

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“A competição combina danças tradicionais japonesas com músicas modernas e utilizam um instrumento de percussão chamado Naruko”, comenta a japonesa Mayuna Zush. No outono, a paisagem das ruas se transforma em um mar de folhas avermelhadas do bordo japonês. É nessa época que ocorrem os festivais em templos e santuários com desfiles que celebram história de região junto com apresentações de culinária. Essas festividades são o Festival de Outono de Fujiwara e o Festival Kawagoe. No inverno, os flocos de neve e o gelo se tornam a atração principal dos turistas. No Festival de Neve de Sapporo, figuras históricas, marcos mundiais importantes e personagens de anime ganham suas esculturas feitas de gelo. Nessa mesma época, em 15 de janeiro, ocorre o Festival de fogos de Nozawa, caracterizado por confrontos inflamados entre homens de 25 a 42 anos. A batalha se dá pelos homens de 42 anos tentarem queimar, com tochas, um santuário improvisado, enquanto os homens de 25 anos precisam defendê-lo. Com a chegada da primavera, as flores das Sakuras se tornam a principal atração do Japão. As ruas e parques se tornam um ponto turístico graças às belas flores de cerejeiras. É nessa época que ocorrem os festivais de observação das Sakuras em Hirosaki e Kakunodate. As pessoas reservam espaços para fazer piqueniques em parques enquanto admiram as belas flores que enquadram as exuberantes paisagens japonesas.

Japão Pós-Pandêmico Ao final da Pandemia o governo Japonês pretende adotar uma série de medidas para incentivar o turismo de estrangeiros no país. A agência de turismo nacional irá criar um programa de subsídios com o orçamento de 12,5 bilhões de dólares com a finalidade de custear metade do valor gasto de viagem de cada visitante, desde que não ultrapasse 186 dólares. O projeto recebeu o nome de “Go To Travel Campaign” (campanha da volta a viajar). A campanha visa os japoneses que querem viajar dentro do próprio país inicialmente, mas logo abrirá seu leque para aos visitantes estrangeiros que desejam conhecer o país. De acordo com Mayuna, mesmo após o crescimento de procura do turismo no Japão, o povo ainda está se acostumando a receber tantos estrangeiros. “Algumas regras foram mudadas para atender aos turistas. Em lugares de águas termais (Hot Spring – Onsen), por exemplo, os japoneses tatuados não podem frequentar, mas para os turistas isso não é válido. Nos locais estão colocando mais informações em inglês para facilitar a vida dos turistas”, conclui. Seja no inverno, verão, outono ou primavera, o Japão está sempre de braços abertos para o mundo. Cultura, gastronomia, tradição, surpresa e espanto esperam os que gostam de menos rotinas e mais roteiros. Na terra do sol nascente você, de fato, entende o que Mário Quintana sentia ao dizer “viajar é trocar a roupa da alma”.

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“Viajar é trocar a roupa da alma” Mário Quintana


NA ESPORTIVA

strike didático No Japão, o trabalho do Ministério da Educação e Esporte criam uma metodologia de ensino incomum

ARIANE BRASIL 10MIN

Gambatte! Na cultura japonesa, o esporte se insere no universo das virtudes que desenvolvem disciplina, constroem caráter e esforço. Trata-se de uma expressão de encorajamento, ensinada desde a educação básica nas escolas, com estrutura e orientação de professores japoneses. Gambatte é o grito entusiasmado de educadores que, vencendo ou perdendo, incentivam os alunos a fazer tudo com o “esforço sincero”. Na grade escolar japonesa, a prática de esporte é uma disciplina extraclasse que, apesar de não valer nota, é obrigatória do oitavo até o primeiro ano do ensino

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médio. Costumam acontecer em três dias da semana e nas férias. A estudante japonesa Diafanny Okazaki relata que os professores são presentes e acompanham o desenvolvimento esportivo dos alunos, sempre disponíveis, ajudando-os a alcançar o sucesso. Além disso, os estudantes com desenvoltura e interesse podem concorrer à uma bolsa de estudo para desporte. Praticar esporte na escola “nos ensina respeito, a vencer e não é sempre que as coisas vão do jeito que a gente quer ou gostaria que fosse”, conta Diafanny sobre ensinamentos que ela levou após se graduar. Dentre os esportes dispo-


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níveis nas aulas extracurriculares, Diafanny relata que o ensino do beisebol é rigoroso por ser o mais popular e desejado pelos alunos. Bastão educativo Uma pesquisa de 2017 da Associação Japonesa de Cultura Física do Ensino Ginasial mostra que, entre as 10,4 mil escolas avaliadas, 8,6 mil delas ensinam o beisebol como principal esporte. Jogo popular nas Américas do Norte e Central, ele chegou ao Brasil no século 20 com os imigrantes e hoje é uma modalidade olímpica. Jogar beisebol demanda concentração, atenção aos detalhes e velocidade. É um esporte com lições a serem aplicadas na vida, como o companheirismo, comunicação e ajuda ao próximo. Sua prática exige um taco e uma bola específica, somando a pontuação com o número de bolas e strikes. A agilidade, condicionamento físico e precisão dominam os arremessos, rebatidas, corridas e saltos. A prática do beisebol ultrapassou os portões das escolas no Japão e é televisionada em torneios escolares, universitários e profissionais. A pedagoga Renata Mika narra sua experiência com o esporte desde a infância. “Por ser descendente de japonês, joguei softbol (beisebol feminino) dos 9 aos 16 anos. Mesmo não sendo na escola, às vezes era só um clube e eventos esportivos que envolvia toda família”. Ela comenta ainda que muitos imigrantes, ao virem para o Brasil, buscam formas de

complementar o ensino esportivo na educação de seus filhos. Festival desporto Nas escolas do Japão, toda 2ª segunda-feira do mês de outubro é o feriado nacional denominado o Dia do Esporte. O principal foco é incentivar a saúde física para os familiares dos alunos, por meio dos esportes. Até 2013, o Centro Universitário Adventista de São Paulo realizou 16 eventos a fim de celebrar o feriado para a comunidade japonesa que mora na capital. “Durante o evento tocava músicas japonesas e em algumas tendas vendiam o bento (marmita japonesas) e doces. Lembro que esperava todo o ano por esse evento, adorava participar e sempre ia com a minha irmã e com meus pais. Os brindes das gincanas esportivas sempre eram educativos, como materiais escolares, lápis, borracha, apontador, etc”, relembra a ex-aluna Karine de Freitas. A orientadora educacional e disciplinar japonesa Sanae Hirakawa comenta que hoje, trabalhando no Brasil, nota na prática a importância de uma educação com esportes. “Acredito que o esporte ajuda na disciplina, porque tem regras e elas precisam ser obedecidas, e isso é imprescindível para eles. Através do esporte, eles enxergam o futuro e trabalham para levar o respeito e a educação para os alunos”. O esporte faz parte da história da educação japonesa, fruto do trabalho unido do Ministério da Educação e Esporte.

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VOCÊ SABIA?

O Dia do Esporte é conhecido originalmente como Undokai. Junção de Undo com Kai que significam, respectivamente, movimento e reunião

Os alunos japoneses aprendem a fazer Haiku e Shodo, poesia formal que envolve escrever caracteres com um pincel de bambu em papel de arroz

O Japão é um dos três países que ocupam as primeiras posições do ranking na modalidade feminina do beisebol


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O LIMITE É UMA FRONTEIRA CRIADA SÓ PELA MENTE

MODALIDADES

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Sanda (boxe chinês) Wing chun Funcional Kung fu Boxe


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ESCOLA DOS CAMPEÕES

(11) 98111-5605 Rua Raimunda Franklin de Melo, 202 | Parque Santo Antonio, São Paulo-SP

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PENSANDO BEM


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o fim para mim Daisuke Nishijima retoma a temática apocalíptica da 9a arte japonesa com sua nova obra Corona-kun no Tsuioku por ocasião da pandemia do corona-vírus FELIPE CARMO 10MIN

Qualquer profecia prevê o fim do mundo. No início de maio, época de instabilidade política e econômica por conta do novo coronavírus, a companhia QJWeb apostou nos oráculos de Daisuke Nishijima e lançou a série em quadrinhos Corona-kun. Em “Recordações de Corona-kun”, há reflexões solitárias da versão antropomórfica da Covid-19, que vagueia por um planeta assolado pela pandemia. Na narrativa, a humanidade não sobreviveu à ameaça do vírus e sucumbiu indiferente às recomendações médicas e científicas. Como mangaká, escritor e cineasta, é a segunda vez que Nishijima expressa suas ansiedades apocalípticas por meio da arte sequencial. Em 2004, ele ganhou o prêmio The Seiun Awards como melhor artista pelo mangá “A Bruxa no Fim do Mundo”. Em épocas de transformações, o profeta- poeta costuma romantizar o caos e elaborar obras apocalípticas que comuniquem reflexão e esperança para o seu tempo – como é o caso do Apocalipse de João, escrito em período de intensa opressão romana; ou das profecias de Nostradamus, que em seu tempo estava rodeado pela peste bubônica. Os especialistas em literatura apocalíptica concordam que esse gênero surge em contextos de instabilidade e incerteza.

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Talvez o Japão seja o primeiro país a vivenciar uma distopia ocasionada pelo poder atômico, que forçou a população a viver a um contexto pós-apocalíptico nuclear, que não poderia estar mais apta para expressar seus traumas apocalípticos por meio da 9a arte. De fato, os mangás são terreno fértil para a imaginação de realidades distópicas desde a década de 1980 como, por exemplo, Akira, de Katsuhiro Otomo para citar os clássicos; ou mesmo o sucesso atual “Ataque dos Gigantes”, de Hajime Isayama. Em tais obras, a ameaça do exterior, o avanço tecnológico ou as forças da natureza promovem instabilidade à vida humana ao inaugurar épocas sombrias e suscitar heróis messiânicos. O traço simples e ligeiramente infantil de Corona-kun no Tsuioku, no estilo próprio de Nishijima, disfarça sua profundidade. Ele afirma que, “às vezes, o amor leva à morte”, e por isso, talvez por pouco tempo, seja melhor que as pessoas deixem de “amar umas as outras”, afastando-se para o seu próprio bem. Trata-se de uma provocação ao cenário apocalíptico atual: a cultura individualista – diversas vezes criticada por perspectivas mais coletivistas –, emerge como solução preventiva à disseminação da doença, de maneira que o apocalipse de Nishijima pode tomar proporções resolutivas se cada indivíduo se responsabilizar por sua própria existência. Resta ao leitor admitir ou não ser aconselhado pelo seu próprio assassino.


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HOJE EM DIA

Passado e presente japonês

en.japantravel.com

Antigas tradições japonesas se mostram vantajosas no combate à pandemia do coronavírus

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REBECA FREITAS VICTÓRIA OLIVEIRA

O

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s japoneses são classificados pelos costumes, crenças, tradições e culturas. Mas isso se deve a alguns fatores históricos importantes ocorridos entre os séculos 19 e 20. O Japão passou por um processo de modernização sob influência norte-americana. Porém, isso não fez com que o país perdesse as raízes tradicionais. Um período de desenvolvimento econômico e de expansionismo, no qual se seguiram as vitórias nas guerras sino-japonesa e russo-japonesa teve início em 1868. Dessa maneira ocorreram as conquistas da Co-


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Viajar em busca de opções gastronômicas oferece novas experiências culturais

reia, das ilhas de Taiwan e de Sacalina, mantendo o interesse do país sobre a Manchúria, vasta região no Leste da Ásia. Devido a esses fatos, o Japão seguiu com o projeto de império, tendo em vista que essa proposta ameaçaria os norte-americanos em expansão no Pacífico. Em 7 de dezembro de 1941, o Japão atacou a base naval norte-americana de Pearl Harbor, declarando guerra aos Estados Unidos. Em consequência do ataque, o país norte-americano adentrou na Segunda Grande Guerra. Depois que os norte-americanos obtiveram bons resultados nas principais batalhas do Pacífico, o Japão começou a se sentir ameaçado. Mesmo diante de um cenário caótico, o país seguiu lutando, provando que os japoneses prezam a cultura de persistência e honra. O doutor Lindener Pareto, professor de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), comenta que “os japoneses só se renderam depois que as bombas atômicas foram jogadas em Hiroshima e Nagasaki, ceifando a vida de milhares e deixando sequelas das variadas”. Em 6 de agosto de 1945, um bombardeiro autorizado pelo governo dos Estados Unidos despe-

jou sobre Hiroshima uma bomba de urânio, apelidada de“little boy”. Três dias depois, chegou a vez de Nagasaki. O objetivo desses atos era forçar o Japão a se render e evitar uma provável invasão do país, o que resultaria em milhares de soldados aliados mortos.

nuou a disseminar vidas e os resistentes tiveram que conviver com doenças causadas pela radiação ao longo da vida. A população atingida sofreu o preconceito do restante da sociedade japonesa e precisou lutar por anos para que o governo arcasse com os custos médicos.

Sem desculpas O ataque das bombas nucleares causou danos físicos, econômicos e culturais ao Japão. Ainda assim, o país conseguiu se reconstruir. O caso de Hiroshima e Nagasaki é considerado o maior ataque terrorista da história, já que o objetivo dos norte-americanos era aterrorizar a população japonesa. Pareto esclarece que não houve pedido de desculpas por parte dos norte-americanos quanto aos bombardeios. Além disso, os ataques não foram reconhecidos como atos terroristas pelos EUA, tampouco por parte dos japoneses, do ponto de vista político. “Aliás, quem reconstrói o Japão após a Grande Guerra são os próprios americanos”, enfatiza Pareto. A renovação se tornou ameaça para a União Soviética e os EUA usaram como uma vitrine de glória. Nos dias seguintes aos ataques, o contato com a radiação conti-

Cultura de honra A derrota e ocupação do Japão pelos Estados Unidos obrigou o país a ter mais contato com o mundo ocidental. Existe um conceito de honra muito presente no Japão, determinante para o comportamento social coletivo. Após a Segunda Guerra, o Japão precisou renovarse materialmente em novas bases, com influência da tecnologia ocidental aplicada à cultural oriental. O Japão é uma cultura com legados milenares, tradição de honra, respeito e equilíbrio em relação ao histórico de reconstrução. O país transmite a tradição como algo essencial. De acordo com o coordenador do curso de História do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), Elder Hosokawa, os japoneses carregam consigo a tradição de respeito aos mais velhos pela experiência e cabedal de informações, além de terem a educação como um fator predominante. Há

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muita relação com a hierarquia. Eles respeitam, têm orgulho e mantém o que se criou por seus antepassados. Hoje, com raízes na tecnologia e afastando-se parcialmente da cultura chinesa, o Japão criou os próprios moldes e caminhos. Apesar da enorme tradição, se apoia na inovação. Ainda que encaram a modernidade, existem questões de cidadania e ética, interiorizadas pelos japoneses. Costumes que segam à risca por causa de sua história. A ética foi cedida pelo enfrentamento de situações difíceis, caso de Hiroshima e Nagasaki. “A derrota na Segunda Grande Guerra trouxe uma humilhação ao Japão, considerado invencível até então, tendo conquistado terras da Rússia e China até o início do século 20”, explica Hosokawa. O Japão, antes da guerra, já seguia uma cultura de reconstrução e honra, o mesmo se repete após os bombardeios em Hiroshima e Nagasaki. Mesmo em meio ao caos e destruição, as cidades japonesas atingidas conseguiram se reerguer, convertendo-se atualmente em símbolos de superação. De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), mais adiante o Japão ocupou a posição de quarto maior exportador e importador do mundo, além de ser o único país asiático membro do G7. Hábitos japoneses Antes mesmo dos ataques a Hiroshima e Nagasaki em 1945, o

Japão possuía tradição de hábitos saudáveis e respeitosos, além de uma cultura de cuidados com o corpo e mente. Devido aos bombardeios atômicos, alguns costumes tornaram-se predominantes e necessários. As bombas depositaram radiação tanto no território como sobre os habitantes que sobreviveram. Muitos japoneses sentiram medo de contaminação e, por isso, o uso de máscara passou a ser necessário, porém não obrigatório. “Culturalmente os japoneses usam máscaras quando estão doentes”, frisa Hosokawa. Esse hábito se dá até pela pela alta densidade demográfica no país e as consequentes aglomerações. Diferente do Ocidente, países asiáticos apresentam um sistema de proteção e hábitos contra diversas doenças. Os japoneses culturalmente não se abraçam na rua nem se cumprimentarem com beijos e apertos de mãos. Pareto ressalta que “de fato os asiáticos têm o senso de coletividade, o senso de disciplina, de autocontrole muito maior que o nosso. Isso ajuda em qualquer coisa”. Além do mais, o país sofre com problemas de terremotos, vulcões. Inclusive, o fator climático e natural interfere na disciplina dessa sociedade, até mesmo por se localizar em uma ilha. Hosokawa exemplifica um dos hábitos nipônicos que corrobora o combate ao coronavírus. “Os japoneses naturalmente se cumprimentam, curvando-se, sem

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se tocarem. Beijos e abraços são tipicamente da parte do Oriente Médio, América Latina e Europa Oriental”, ressalta. Dias atuais Ao contrário do século passado, não há mais conflitos como à Segunda Grande Guerra ou ameaças como a Guerra Fria, mas o mundo se encontra assolado por um vírus que aterroriza. Não são todos os países que seguem a cultura de disciplina e respeito como o povo japonês. A terra do sol nascente permanece com tradições e comportamentos estabelecidos a partir de guerras. Hábitos que podem salvá-los. A cultura de disciplina, rigor e distanciamento é encarada como vantagem no combate a diversas doenças. No Japão, desde a forma que eles se cumprimentam, até a maneira de pagar as compras, têm feito com que a taxa de letalidade pela covid-19 seja mínima. O médico infectologista da Unicamp, André Giglio Bueno, comenta algumas das vantagens nipônicas no combate a infecções, já que no país o contato físico é considerado algo muito íntimo. “É normal que pessoas já tenham um certo distanciamento. Até a maneira deles se cumprimentarem é diferente. Estes aspectos culturais se tornam uma vantagem no combate às doenças, diferente do Brasil, onde estamos acostumados a abraçar, apertar as mãos e ficarmos próximos”, salienta.


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Coronavírus Presente entre os seres humanos desde a década de 1960, os coronavírus são uma família de vírus caracterizados por uma alta taxa de mutação, ou seja, podem facilmente se adaptar e provocar novas doenças. Em epidemias anteriores não havia confirmação de transmissão de pessoa para pessoa. Porém, na pandemia atual, já foi comprovada a transmissão via gotículas de saliva ou de espirro, o que torna tudo mais grave. O tipo de coronavírus responsável pela pandemia estabelecida no começo de 2020, deu-se pelo sars-cov-2. Geralmente, a maioria das pessoas costuma apresentar febre, dor no corpo, problemas respiratórios desde a via aérea superior, como coriza, espirro, perdas de olfato e paladar. Têm pessoas que são afetadas pelo vírus, mas não desenvolvem qualquer sintoma da doença. Essas são chamadas de assintomáticas. Existem também pessoas que desenvolvem formas graves da doença, correndo risco de óbito. Ainda de acordo com Bueno, uma fração significativa dos infectados pode adquirir a forma mais grave da doença. “Cerca de 20% dos infectados desenvolvem a forma grave da doença, a ponto de precisarem serem internados em hospitais. Cerca de 5% precisam de UTI. Quanto à letalidade, esta pode variar conforme cada país, mas estima-se que ela fique em tor-

O Japão é cultura milenar de tradição, honra, respeito e equilíbrio ao histórico de reconstrução

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Mesmo diante de um cenário caótico o país seguiu lutando. Prova de que os japoneses prezam a cultura de persistência e honra.

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no de 1%”, calcula o infectologista da Unicamp. Ao redor do mundo, países adotaram diferentes estratégias para conter a pandemia e tentar minimizar a perda do bem mais valioso dos seres humanos: a vida. Tornou-se praxe que nações assumam o isolamento social, visando evitar aglomerações, pois, à medida que se reduz o contato entre as pessoas, faz-se possível controlar a transmissão da doença. Alguns países, por questões culturais, conseguem somente com orientações e medidas educativas fazer com que a população evite aglomerações. No entanto, outras nações necessitam de medidas mais restritivas como, por exemplo, o lockdown e multas, tornando obrigatório o uso de máscaras em qualquer ambiente. O povo japonês em sua formação a ética da responsabilidade. O doutor em Ciências Sociais pela Unesp, Richard Leão, enfatiza a diversidade entre os japoneses e os brasileiros. “É diferente da situação brasileira que não foi acometida por catástrofes naturais. Quando houve a gripe espanhola há cem anos, o brasileiro não aprendeu nada. Agora luta contra um inimigo que também afeta a nossa própria forma cultural de ser.” Nova realidade O Japão foi o segundo país a ser afetado pelo sars-cov-2, causador da covid-19, que por sua vez


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provocou a pandemia vigente. Segundo o Banco Mundial, o número de idosos no Japão representa 28% da população, fazendo com que o país tenha a maior população de idosos do mundo. O arquipélago próximo da China intrigou o mundo com sua curva achatada referente ao número de infectados pelo novo coronavírus. Em meio à crise de saúde mundial, o Japão mais uma vez se mostra uma nação mais forte que as adversidades e apresenta um baixo número de contaminados. Os japoneses têm um programa de discussão de políticas públicas que passa por outros tipos de doenças que se alastraram por lá durante o século 20. Esse programa facilitou a defesa e controle dos japoneses em relação ao coronavírus. “Certamente eles têm muito mais condições de coletivamente se defenderem contra o vírus, do que o Ocidente liberalizado que acha que é imortal e que não tem vírus nenhum. Quer dizer, pelo menos boa parte do Ocidente pensa assim,” destaca Pareto. Alguns países, por questões culturais, conseguem somente com orientações e medidas educativas fazer com que a população evite aglomerações. Porém, em outros lugares, medidas mais restritivas acabam sendo necessárias, como por exemplo o lockdown e multas, o que não é o caso dos nipônicos. Tudo isso em conjunto contribui para um baixo número de óbitos.

No Japão torna-se possível observar, de maneira clara, o impacto das questões culturais na temática da pandemia e esses velhos hábitos proporcionaram ao Japão uma realidade não tão nova assim. Cultura sociológica Além da cultura de obediência e disciplina, o governo japonês ainda conserva os aprendizados obtidos com os ataques nucleares norte-americanos à Hiroshima e Nagasaki. Os bombardeios produziram uma nova mentalidade no povo japonês: a de investimento em tecnologias. De acordo com o sociólogo Richard Leão, o Japão possui uma cultura caracterizada como a “cultura da preservação”, na qual aprenderam com os erros e não se envolveram mais em guerras, criando assim práticas pautadas no desenvolvimento tecnológico. A sociedade japonesa introduziu uma nova dinâmica nas relações de trabalho com o toyotismo, modo de produção de acordo com a demanda, objetivando a não-acumulação de produtos e matéria prima. Os nipônicos impulsionaram o desenvolvimento tecnológico voltado para o atendimento do cidadão comum. Além disso, os japoneses passaram a desenvolver uma nova mentalidade voltada para a preservação do outro. Longevos japoneses Existe ainda outro fator determinante na cultura japonesa que

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fez com que a nação apresentasse baixos índices relacionados ao coronavírus: a alimentação. Hábitos alimentares saudáveis evitam a obesidade, fator de risco para a covid-19. Além disso, uma dieta adequada facilita o controle de doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes, confirma o infectologista André Bueno. Deter doenças crônicas de forma controlada significa um risco menor de adquirir a covid-19 com sintomas mais graves. Do ponto de vista histórico, a disciplina Ajaponesa que envolve honra, senso de coletividade e responsabilidade, ajuda a combater o coronavírus ou qualquer outro tipo de intempérie. Em comparação aos brasileiros, os japoneses apresentam um posicionamento responsável em relação ao vírus. Para Pareto, isso se dá por que “a própria população japonesa se conscientiza, fica em casa e se organiza para evitar a propagação do vírus”. Hábitos que boa parte da população mundial precisou adquirir de maneira forçada fazem parte da rotina diária dos japoneses. Não é à toa que a expectativa de vida japonesa seja em média de 86 anos, a maior do mundo. Essa perspectiva de vida longeva apresentada hoje, encontra-se diferente da que os japoneses conheciam em 1945, no decorrer da guerra que os deixou sob ameaça.


A BORDO

uma barca de opções Como os brasileiros adaptaram uma culinária que antes era considerada exótica

JÚLIA PIO 10MIN

Os primeiros restaurantes japoneses estabelecidos em nosso país tinham como objetivo atender aos imigrantes do Japão. Entretanto, foi em meados dos anos 80 que os brasileiros começaram a apreciar a culinária estrangeira. A introdução da população brasileira a pratos japoneses se deu através da apresentação da cozinha nipônica por meio dos nativos residentes no Brasil. Levavam colegas de trabalho e subordinados para comer em restaurantes e foi assim que, pouco a pouco, brasileiros passaram a se interessar por esta gastronomia. Enquanto a culinária brasileira tem arroz e feijão como prato

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principal, acompanhados de carne temperados com sal, alho e cebola, a culinária japonesa se baseia em uma alimentação com forte presença de frutos do mar, arroz, legumes e verduras. Os alimentos são temperados com shoyu (molho de soja) e missô (pasta de soja). “Os brasileiros e os japoneses são o povo que mais comem arroz. Mas, a espécie de arroz e a maneira de preparar são diferentes”, descreve Masaaki Fujino, nativo Japonês. Os brasileiros também possuem o costume de consumir peixe, mas enquanto os japoneses o comem cru, no Brasil é preparado cozido, frito ou, até mesmo, assa-


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do. O sushi (peixe fermentado e arroz) e o sashimi (peixes e frutos do mar frescos, fatiados e servidos com algum tipo de molho) são típicas iguarias japonesas atrativas ao público nativo, mas que podem ser considerados estranhos na gastronomia brasileira. Do garfo ao hashi Os restaurantes japoneses no Brasil são caracterizados pela mistura de ambas culturas. Ao entrar nos estabelecimentos, os detalhes das combinações são notáveis desde a arquitetura exterior ao design interior do local, os uniformes dos garçons, as opções de pratos disponíveis no cardápio e, até mesmo, na preferência dos hashis (palitos de madeira que substituem o garfo e faca) ao invés de talheres. Os responsáveis que ficam na “linha de frente” desse choque cultural são chamados sushiman. Os profissionais da gastronomia especializados em técnicas e preparo de pratos tradicionais japoneses também atraem brasileiros aos restaurantes asiáticos. O convite é para contemplar a beleza da apresentação dos pratos e degustar o sabor exótico da culinária japonesa. “Sempre tempero bastante o peixe na primeira experiência do cliente, essa é uma boa técnica para introdução. Não deixa gosto do peixe cru na boca, que causa certo desconforto”, comenta Victor Hugo Krysztal, sushiman há mais de 20 anos na cidade de são Paulo. Foi na hora de introduzir o brasileiro nesse novo estilo de cozinha, que os chefes tiveram que usar a

criatividade para ajustar o cardápio. “Aqui adaptamos vários pratos, não pela falta de produto, mas pela culinária que é extremamente diferente.”, relata o sushiman. Um exemplo das criações do chef Krysztal é o “Jô pistachi”, um o bolinho de arroz envolto de salmão com cobertura cream cheese e pistache moído, finalizado com maçarico e molho tarê. Sushi à brasileira O abrasileiramento da comida japonesa não é só na forma de montar os pratos, mas também na modificação dos ingredientes que o compõem. Inserir frutas, usar outras proteínas ao invés do peixe e diferentes tipos de combinações são elementos explorados na cozinha. “Existem vários tipos de misturas: carpaccio, ceviche, mescla italiana, peruana, etc. É um meio infinito no Brasil, a criatividade vai além da tradição”, explica Krysztal. Segundo Koichi Mori, pesquisador de estudos da imigração japonesa no Brasil, a moda nos restaurantes se popularizou e, hoje, cerca de 75% dos restaurantes japoneses no estado de São Paulo fazem modificações no cardápio. Em contrapartida, Fujino apresenta outra visão sobre as adaptações. “Tenho dúvidas se os brasileiros realmente podem saborear o verdadeiro sabor da comida japonesa. Eles comem comidas com tempero forte e a comida japonesa têm um sabor bem delicado. Só as pessoas que cresceram no Japão podem desfrutar do sabor autêntico”, conclui.

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VOCÊ SABIA?

“Só as pessoas que cresceram no Japão podem desfrutar do sabor autêntico”

O campeão de vendas no Brasil é o salmão, pois ele é um peixe de cativeiro, não tendo gosto de maresia

A arte do sushi está nos sabores do arroz japonês, nos peixes e na sutileza da apresentação dos pratos

O nori (folhas de algas) é fonte de cálcio, ferro, vitamina A entre outros nutrientes


NA ESPORTIVA

Caminho do Guerreiro As artes marciais se baseiam na filosofia de um caminho de paz e harmonia entre as pessoas para a nãvo-violência e para a paz interior

REBECA QUEIROZ THAINA REIS

A

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origem do termo artes marciais, ou “arte da guerra”, é vinculada ao deus da guerra greco-romano Marte, da mitologia grega. Eram artes ensinadas aos homens pelo deus Marte. O curioso, no entanto, é que não são os gregos fortalecem este conhecimento, mas sim os asiáticos. Não se sabe ao certo como as artes marciais começaram a ser praticadas no Oriente, mas estudiosos relatam que, após o desenvolvimento agrícola no leste, os po-


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O Bu-Dô, hoje, mantém as características técnicas de guerra tradicionais, mas tem como finalidade o cunho educacional vos utilizavam a “arte da guerra” para proteger os bens. Historiadores confirmam que elas existem na Ásia há mais de cinco mil anos. Uma tradição milenar da nação. Este tipo de prática começou a ser utilizada ao redor do globo por exércitos como parte do treinamento de habilidades para guerras. Atualmente, o termo é usado para todos os sistemas de combate de origem oriental e ocidental com ou sem uso de armas tradicionais. No oriente existem outros termos mais adequados para a definição, tais como Wu Shu na China que significa “caminho do guerreiro”. Luta como esporte As modalidades esportivas que têm origem nas artes marciais baseiam-se na defesa pessoal e têm como filosofia o enfoque principal na formação do caráter do ser humano. No Japão, estas artes são chamadas de Bu-Dô ou “um caminho educacional através das lutas”. O Bu-Dô, hoje, mantém as características técnicas de guerra tradicionais, mas tem como finalidade o cunho educacional. Com a prática de suas técnicas, se cultiva o corpo, a mente e o espírito, possibilitando a evolução do lutador. Leonardo Oliveira, atleta e professor de kung-fu, conta que sua

vida se baseia nas filosofias das artes marciais desde os 5 anos de idade. Para ele, a maior dificuldade foi, e ainda é, encarar a luta como profissão, pois a falta de patrocínio é comum, até mesmo com atletas de alto nível. “Apesar de ser algo belo de ver, atletas vivenciam uma rotina muito intensa de horas de treinamento e exaustão. Falhar com a disciplina pode colocar a carreira abaixo, já que ser atleta é trabalhar com seu corpo”, assegura. Karatê A pequena ilha de Okinawa, localizada ao sul do Japão, foi um centro de troca de cultura, conhecimento e tradição. Os habitantes de Okinawa foram proibidos de portar qualquer tipo de arma. Criou-se então uma categoria de combate que utilizava pés e mãos como forma de defesa. A palavra Karatê-Do se traduz em “mão chinesa”. Não se sabe ao certo quantos gêneros existem hoje, pois além dos estilos tradicionais, existem também adaptações de diferentes regiões do mundo. A história do mestre Gichin Funakoshi se confunde com a própria história do karatê, por isso a ele é creditado o título de “pai e mestre do karatê moderno”, de-

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vido aos esforços em divulgar esta arte ao mundo. Após a derrota japonesa na Segunda Grande Guerra, as forças norte-americanas dominaram o Japão e proibiram a prática do karatê. Porém, alguns alunos do mestre Funakoshi convenceram que o karatê era um esporte inofensivo. Além disso, alguns soldados norte-americanos se interessaram em aprender aquela nova arte marcial. Assim, com a imigração japonesa, o karatê se propagou pelo mundo ganhando adeptos de várias nações. Arte suave letal O jiu-jitsu tradicional é uma arte marcial que utiliza alavancas, pressões e projeções para dominar o oponente usando golpes traumáticos. Durante o período dos samurais no Japão, o combate tradicional de jiu-jitsu terminava, na maioria das vezes, com a morte de um dos competidores. Mas em 1850, as competições passaram a ter cunho mais esportivo, assemelhando-se às praticadas no judô, aikido e karatê. Segundo alguns historiadores, o jiu-jitsu ou “arte suave” nasceu na Índia e era praticado por monges budistas. Preocupados com a autodefesa, os monges desenvolveram uma técnica baseada nos princípios do equilíbrio, evitando o uso da


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força e de armas. Com a expansão do budismo, o jiu-jitsu percorreu o Sudeste asiático, a China e, finalmente, chegou ao Japão, onde se desenvolveu e se popularizou. A história do jiu-jitsu no Brasil se relaciona com a Escola de Judô Kodokan em 1882. Jigoro Kano desenvolveu um método reunindo as técnicas menos perigosas do jiujitsu, o domínio da luta tanto em pé como no solo. Em 1914, Mitsuyo Maeda chega ao Brasil e foi recebido por Gastão Gracie. Para agradecer a hospitalidade de Gastão, o mestre de judô lhe ensinou a nova arte marcial do jiu-jitsu. Em meados do século 20, Carlos Gracie transmitiu os seus conhecimentos marciais aos irmãos. Ao aprofundar os estudos, os irmãos Gracie desenvolveram o jiu-jitsu brasileiro. A maior diferença entre os estilos tradicionais é o fato de que os japoneses privilegiam as quedas, enquanto a técnica dos Gracie, as lutas no chão. Nessa arte, as graduações também são diferentes, com maior vínculo aos usos e tradições japonesas. Atualmente é uma das artes marciais que mais cresce em todo o mundo e a prática atrai milhares de adeptos da modalidade. Caminho suave Criado pelo jovem Jigoro Kano, o judô surgiu dos estudos de antigas formas de autodefesa baseadas em leis de dinâmica, ação e reação. O mestre selecionou e classificou as melhores téc-

nicas de jiu-jitsu em um novo estilo chamado de judô ou “caminho suave”. Kano fundou o Instituto Kodokan, que significa “um lugar para estudar o caminho”. Além de tornar o ensino da arte marcial um esporte, Jigoro Kano desenvolveu uma linha filosófica baseada no conceito ippon-shobu (luta pelo ponto perfeito) e um código moral. Assim, ele pretendeu que a prática do judô fortalecesse o físico, a mente e o espírito de forma integrada. Com o trabalho, Kano conseguiu criar uma modalidade que não se restringe a homens com vigor físico, estendendo-se à mulheres, crianças e idosos de qualquer altura e peso. Mestre Kano tornou-se o primeiro membro asiático do Comitê Olímpico Internacional em 1909 e trabalhou para a propagação do esporte no mundo todo. Mulheres no tatame Keiko Fukuda, figura que lutou contra estigmas e tabus para se tornar a primeira e única mulher do mundo a atingir a faixa preta, o 10º dan no judô, foi responsável por popularizar esta arte marcial que era praticada por pouquíssimas mulheres. Fukuda frequentoua escola de judô fundada por Kano quando tinha 21 anos. Muito talentosa e perspicaz, ela aprendeu rapidamente o judô e, em pouco tempo, passou a ensiná-lo. Antes do judô, ela cumpriu o destino das mulheres japonesas, aprendendo, até mesmo, a cerimô-

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nia do chá. Já estava prometida em casamento a um homem quando mudou o destino ingressando na escola de Jigoro Kano e se tornando pioneira no judô feminino. Ela faleceu em fevereiro de 2013, mas seu trabalho é considerado fundamental para que o judô atingisse o patamar de hoje. Jone Murua, faixa branca em jiu-jitsu, afirma que começou a lutar porque queria ser capaz de se defender em situações de risco. A atleta latina revela os principais obstáculos das artes marciais. “Lutar o tempo inteiro com homens é um desafio.” Ela explica que, na maioria das vezes, compete com mais homens que mulheres. Jone deixa uma mensagem para mulheres iniciantes na carreira: “Não desista. Começos nunca são fáceis, mas você vai melhorar. Mantenha-se fiel aos seus objetivos”, aconselha. No livro “Mulheres no Tatame”, as autoras Gabriela Souza e Ludmilla Mourão comentam que a diferença entre os gêneros, na luta, muitas vezes foi interpretada como incapacidade da equipe feminina, desestimulando as atletas. Catarina Costa, judoca da seleção portuguesa, pratica o esporte há treze anos. Para ela, o judô faz parte da identidade. Catarina admite que seu tamanho interferiu na luta. “A maior dificuldade no início foi o fato de ser pequena e isso ser uma desvantagem quando lutava com os meus colegas, mas com oa anos competi com adversários do mesmo peso e categoria”, declara.


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Ideologia das lutas A filosofia nas artes marciais aponta para um caminho de paz e harmonia entre as pessoas, para a não-violência e paz interior. O pensamento de disciplina, respeito, a busca pela perfeição e o desenvolvimento do caráter são as principais bases. O judoca da seleção brasileira, Daniel Cargnin, tem o sonho de participar das olimpíadas. Há quinze anos a luta faz parte de sua rotina. “Meu sonho é ganhar uma medalha olímpica. Com isso, me tornei mais responsável. A cada queda eu me levantava e ficava mais forte. É isso que me motiva hoje.” Segundo o ex-lutador e professor de jiu-jitsu e judô, Krauss Mansor, as artes marciais o ajudaram a diminuir os ímpetos. Para ele, qualquer um que comece a lutar aprenderá valores fundamentais. Disciplina, autoconfiança, autocontrole, humildade e hierarquia para com os outros. “Toda essa agressividade que eu tinha, aprendi a controlar”, explica. As artes marciais japonesas que utilizam o Bu-dô como forma de filosofia são o judô, karatê, kung-fu, jiu-jitsu e outras. Dentre essas artes do Bu-dô as modalidades olímpicas são o jiu-jitsu e o judô. Apesar de serem consideradas artes marciais modernas, as técnicas são antigas. Os conceitos e finalidades da prática se adaptaram na busca pela evolução do ser humano como um todo.

“Não desista. Começos nunca são fáceis, mas você vai melhorar. Mantenha-se fiel aos seus objetivos”

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NA ESPORTIVA

nadeshiko: beleza em campo A ascensão e os desafios das japonesas nos gramados mundiais

ÊMILI VIANA 10MIN

O futebol feminino no Japão teve início em 1980, com o primeiro campeonato nacional. Algum tempo depois, já no final da década (em 1989), houve a criação do primeiro torneio do país: a L. League, atualmente composta por três divisões com 32 times cada. Alguns desses times, os que lideram a liga, possuem muitos torcedores. Uma curiosidade a respeito das equipes é em relação aos nomes escolhidos. O maior campeão da Liga, o clube NTV Beleza, utilizou o Brasil como referência. Há também outros times “aportuguesados”, como o Nagano Parceiro, Orca Kamogawa e Okayama Charme.

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No Japão, o futebol feminino se popularizou por meio das medalhas conquistadas nos Jogos Asiáticos e na Copa Feminina Asiática. A seleção passou a ser reconhecida no país. Por isso, a Associação Japonesa de Futebol (JFA) disponibilizou uma consulta pública, a fim de escolher um apelido carinhoso para o time nacional. Em 7 de julho de 2004, as jogadoras receberam o apelido de Nadeshiko (espécie de flor). O nome é derivado da expressão Yamato Nadeshiko, que significa “mulher japonesa perfeita”. Mais medalhas Até 2009, as japonesas só tinham alcançado as medalhas de


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prata e bronze. Contudo, a ascensão do esporte veio a partir de 2010, quando a seleção conquistou a medalha de ouro nos Jogos Asiáticos pela primeira vez. Durante suas cinco participações em copas, o máximo que o Japão conseguiu foram três vitórias. O mais próximo de uma final, foi às quartas de final em 1995, quando foram derrotadas pela seleção americana. O ano de 2011 foi muito difícil para os japoneses. No dia 11 de março, o país enfrentou o acidente nuclear de Fukushima Daiichi, ocorrido na Central Nuclear de Fukushima I, causado pelo derretimento de três dos seis reatores nucleares da usina. Além disso, também houve um sismo e um tsunami no país, causando milhares de mortes. No mesmo ano, a partir do dia 26 de junho, começaria a Copa do Mundo Feminina. Reviravolta em meio ao caos Mesmo muito abalada, dadas as circunstâncias, a seleção japonesa participou da Copa. O time obteve um bom desempenho nos jogos e chegou à final. Em um jogo acirrado contra as americanas, a vitória foi decidida nos pênaltis com placar final de 3 a 1. Pela primeira vez na história, a seleção japonesa foi campeã mundial. Essa vitória trouxe felicidade aos japoneses, afinal um orgulho nacional, uma história mundial, incentiva uma sociedade a se reestruturar. “Os japoneses são muito evoluídos em todos os sentidos, então para eles é uma conquista ver as mulheres praticando esportes em alto nível como o futebol. (...) O objetivo

deles é que as mulheres japonesas ocupem um espaço de destaque no futebol mundial,” afirma Anderson Passos, ex-jogador e ex-empresário de jogadores. Em 2012, durante a cerimônia de melhores do mundo da FIFA, Homare Sawa, meia do time, foi eleita a melhor jogadora da Copa e também, recebeu a chuteira de ouro, como a maior goleadora da competição. O técnico das Nadeshiko na época, Norio Sasaki, foi premiado como melhor treinador. Jogada de igualdade No ano de 2018, foram campeãs da Copa do Mundo Feminina sub-20. Essas conquistas tornaram o Japão o primeiro e único país a ser campeão mundial em todas as categorias da Fifa no futebol feminino: profissional, sub-20 e sub-17. Alan Tamia, empresário e agente de futebol, explica o contraste entre o Japão e o Brasil. No Japão, “a maioria dos clubes são empresas. Diferentemente de outros países, o investimento é feito anualmente, mediante uma verba a ser gasta.” Além do mais, Tamia acredita que as condições são diferentes, pois “elas (japonesas) são muito aplicadas e determinadas”. Mesmo que seja em passos lentos, o cenário tem se transformado. Atualmente, as japonesas são lideradas por Asako Takakura, ex-jogadora e responsável pela conquista da Copa do Mundo da categoria sub-17 em 2014. E Norio Sasaki, ex-técnico da seleção, têm trabalhado na direção de um projeto de profissionalização do futebol feminino no país.

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VOCÊ SABIA?

“A globalização do futebol ela foi uma só em todos os lugares. A diferença está na adaptação”

Em uma recente análise feita pelo Fórum Econômico Mundial, o Japão ocupa o 121º lugar no Índice Global de Desigualdade de Gênero

A história que as Nardeshiko estão escrevendo ao longo dos anos, está sendo uma grande marca na história do Futebol Feminino

“As mulheres que querem conseguem. Pois elas não procuram o futebol como uma fonte de renda, e sim porque querem praticá-lo com excelência”


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DE PRAXE

Laços de amizade entre dois Em 1908 os primeiros imigrantes japoneses chegavam a bordo do navio Kasato Maru

ANDREZA MELO 10MIN

A história da imigração japonesa teve seu marco inicial em 18 de junho de 1908 com a chegada do navio Kasato Maru. A embarcação trouxe 165 famílias em uma viagem que durou 52 dias. Nesse momento os primeiros imigrantes, vinculados ao acordo imigratório, se estabeleceram nas fazendas de café no estado de São Paulo para trabalhar em atividades agrícolas. Marcos Bigotto, professor de história da escola José Marcilliano da Costa Júnior, explica que a vinda dos imigrantes japoneses aconteceu por interesse dos dois países. Ou seja, o Brasil precisava de mão de obra para trabalhar nas fazen-

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das de café e o Japão, por possuir um alto índice demográfico, necessitava aliviar a tensão social. Dentre os destinos dos japoneses, o Brasil se destaca, abrigando a maior população de imigrantes e descendentes fora do Japão. Segundo Bigotto, o termo imigrante é bem conhecido no território brasileiro, já que o país recebe migrantes de todas as partes do planeta. Este ano, as relações diplomáticas entre as duas nações completam 125 anos. Em 5 de novembro de 1895, os dois países, junto ao governo francês, firmaram o tratado. Essa aliança criou uma relação de amizade entre o Japão e o Brasil.


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Dificuldades enfrentadas No entanto, a história da imigração japonesa para terras brasileiras foi marcada por inúmeras dificuldades, a começar pelo trajeto entre os países, já que existe uma grande distância entre ambos. Os imigrantes ficavam meses dentro de um navio, situação muito desgastante. As dificuldades aumentavam ainda mais quando eles desembarcavam em solo brasileiro. Atualmente os japoneses possuem uma forte ligação com o Brasil e com a cultura. Naquela época, eles se depararam com problemas de adaptação diante de uma realidade totalmente desconhecida. A língua portuguesa se tornou um fator primordial entre todas as dificuldades relatadas, porém, a cultura, os hábitos alimentares e o clima também eram obstáculos para muitos dos novos chegados. Yoshizo Machida Considerado um dos mais respeitados professores de Karatê do Brasil, Yoshito Machida foi um dos milhares de imigrantes japoneses que deixaram a terra natal para viver em um país desconhecido. Machida resolveu se aventurar nas terras brasileiras em 1968, com apenas 21 anos de idade. Quando estava prestes a terminar a faculdade de Engenharia, surgiu a oportunidade de trabalhar no Brasil. O mestre do karatê escolheu o território brasileiro como uma forma de testar a si mesmo. De acordo com ele, este era um país de oportunidades, onde ele poderia

realizar seus sonhos. “Eu não sabia a língua, não tinha amizades com ninguém, então eu queria esse desafio para mim. Por isso eu escolhi o Brasil para me testar”, relata. Ele trabalhou em uma agência japonesa chamada Jica, uma empresa de capital misto com o governo, mas que faz trabalhos dentro do território brasileiro. Machida passou por várias dificuldades. Dentre elas, o fato de não falar português e por isso ele carregava um dicionário no braço esquerdo para conseguir se comunicar. Fenômeno dekassegui Termo formado pelos japoneses, dekassegui tem como significado literário “trabalhando distante de casa”, ou seja, são pessoas que deixam sua terra natal para trabalhar em outra região ou país. No Brasil essa pronuncia se originou no inicio dos anos 90, para denominar os descendentes japoneses que passaram a imigrar para o Japão. Rubens Arakawa, filho de japonês, trabalhou por alguns anos como dekassegui. Segundo ele, os trabalhos feitos pelos descendentes normalmente são serviços que os japoneses não querem fazer. Os dekasseguis brasileiros ocupam o terceiro lugar no ranking de etnias que compõem a população japonesa, perdendo somente para os chineses e coreanos. Muitas das vezes, esse caminho realizado pelos descendentes se dá em decorrência de crises econômicas, ou seja, eles procuram em outra nação uma melhoria de vida.

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VOCÊ SABIA?

Em 5 de novembro de 1895, os ministros plenipotenciários dos dois países, junto ao governo francês, firmaram o tratado.

O Brasil precisava de mão de obra para trabalhar nas fazendas de café e o Japão, por possuir um alto índice demográfico.

Yoshito Machida foi um dos milhares de imigrantes japoneses que deixaram a terra natal para viver em um país desconhecido.

Os primeiros imigrantes, vinculados ao acordo imigratório, se estabeleceram nas fazendas de café no estado de São Paulo.


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Samurais modernos Como a mentalidade japonesa feudal se fundiu à ideias modernas da indústria para criar atletas

LUCAS ABRAHÃO 8 MIN

Quando o nome Japão é citado, uma explosão de imagens acontece em nossa mente. É difícil ter uma conversa sobre a organização do Brasil e não levantar o país como exemplo. Nos esportes não são diferente. Através de conquistas nos jogos olímpicos, a excelência em artes marciais e a importação de esportes estrangeiros, o Japão mostrou que sua filosofia e estrutura social é capaz de superar qualquer desafio. A tradição do Japão nos esportes remonta ao início da Era Feudal, em que foram criadas as bases para algumas das artes marciais que hoje são esportes. Sendo assim, a mentalidade japonesa, tanto no esporte quanto em qualquer outra atividade, teve a sua influência inicial no Bushido, o código de honra dos samurais da época. Entre as artes marciais transformadas em esporte, está o kendo, o jiujitsu, o judô e o karatê, que apesar de não ser uma arte marcial criada por samurais, também seguia seus princípios filosóficos. Com a derrota na Segunda Guerra Mundial, o Japão precisou rever os conceitos que o guiavam. Sua mentalidade de honra fez com que a rendição aos Estados Unidos se transformasse numa parceria. Começou assim o salto de desenvolvimento econômico, tecnológico e a importação de as-

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pectos culturais, como o esporte. Além de seus esportes tradicionais, o Japão começou a se destacar em segmentos estrangeiros, como o beisebol e o futebol. Esse vasto crescimento nos esportes foi possível através da união dos ideais tradicionais, tais como: construção do caráter, busca da excelência e conceitos modernos da indústria japonesa, principalmente os criados por Toyoda Ohno, fundador de uma das maiores montadoras responsáveis pelo crescimento do Japão pós-guerra, a Toyota Motor Company. O conjunto de ideias que regem este sistema é conhecido como Kaizen. Essa filosofia não é aplicada apenas na indústria, mas em qualquer atividade profissional. Cito três conceitos interessantes: 1) Terminar as tarefas na hora certa (nem antes, nem depois) quando um atleta japonês tem de cumprir uma meta, organiza sua vida para cumprir no momento certo. Comportamento conhecido por estrangeiros, que enxergam como “pontualidade”. 2) Reconhecer o erro: quando um atleta japonês erra, ele expõe isso a colegas e treinadores. 3) Sempre melhorar: a filosofia Kaizen diz que você deve buscar o aprimoramento, aproveitando as falhas como uma oportunidade. Através destes preceitos, o Japão foi capaz de superar grandes crises sociais e econômicas e também conseguiu dar exemplo ao mundo de espírito esportivo, humildade e resignação.


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O mestre akira kurosawa As técnicas de Kurosawa influenciaram o cinema ocidental e incitaram à era de ouro do cinema japonês LETÍCIA LEME 8 MIN

Em 1998 eu nascia. Neste mesmo ano o mundo perdia um dos maiores diretores da história do cinema: o japonês Akira Kurosawa (1910-1998). Ele e sua primeira obra aclamada mundialmente, “Às Portas do Inferno” (Rashômon, 1950), incitaram à era de ouro do cinema japonês. Como diria o cineasta americano, Francis Ford Coppola, Akira Kurosawa se tornou inesquecível pelo fato de que não deu vida a apenas uma ou duas obras-primas, mas sim a oito. Coppola não chegou a listar quais seriam elas, mas me atrevo a sugerir: Rashômon (1950); Viver (1952); Os Sete Samurais (1954); Trono Manchado de Sangue (1957); Yojimbo – O Guarda Costas (1961); Dersu Uzala (1975); Kagemusha - A Sombra do Samurai (1980) e Ran (1985). O ator Toshiro Mifune protagonizou grande parte das obras que mencionei. Deu vida, de forma extraordinária, aos tantos personagens criados por Akira, que lutaram contra as desigualdades sociais e a favor de causas, além daqueles que tinham dificuldades de se inserir em culturas diferentes e que constantemente refletiam sobre o sentido da vida. Tais temas eram frequentes nos roteiros de Kurosawa e, combinados à sua originalidade e brilhante direção, lhe renderam muitos prêmios. No entanto, o que mais me impressiona em toda a bagagem

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e ensinos deixados pelo diretor japonês é o fato de que ele sempre se demonstrou conectado à sua cultura, povo e história. Ele mantinha o ocidente e o oriente lado a lado, sem o menor sentimento de conflito, mesmo após os atentados liderados pelo Estados Unidos. Outro fato interessante sobre ele é que nunca hesitou em trabalhar com temas historicamente fortes, tal como o bombardeio de Nagasaki. No filme Rapsódia em Agosto (1991), o cineasta retrata uma senhora japonesa, marcada pelas lembranças da bomba. Em entrevista ao escritor Gabriel Garcia Marquez, ele revelou que neste filme pretendia transmitir os tipos de feridas que a bomba atômica deixou no coração do povo japonês, e como elas, gradativamente, começaram a se fechar. Devo ainda dizer que enquanto escrevo, mal consigo conter o entusiasmo em falar de Kurosawa e suas importantes contribuições ao cinema ocidental. Antes de concluir me sinto na obrigação de deixar ao menos uma delas: o japonês foi o pioneiro nos deslocamentos de câmeras usados hoje em Hollywood e no cinema ocidental. Vale ressaltar que a descoberta do cinema japonês pelo ocidente, impulsionada principalmente por Kurosawa, se configura o maior acontecimento cinematográfico mundial desde a eclosão do neorrealismo italiano, mas isso é assunto para outra edição. Por ora, fica o convite para dar uma chance às obras do mestre.


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SAIBA MAIS:

Horário de funcionamento: Dom. à quin.: 18h às 23h Sáb.: 18h às 0h.

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