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HELENA AKA HELENBAR A designer que fez sucesso com trabalhos de fotomontagem digital.
NO PAÍS DE ALICE Helenbar e sua recriação digital do País das Maravilhas.
Editorial
EXPEDIENTE
O maravilhoso mundo de
Editor Heliana Soneghet Pacheco
Helena de Barros
Designer André Veronez
“ERA UMA VEZ uma terra mágica, não muito longe da-
Colaboradores Heliana Soneghet Pacheco Priscilla Cardoso Garone Imagem de capa Helena de Barros Impressão e acabamento Copy Express André Veronez Todo o conteúdo de textos e imagens aqui publicados foi retirado do site helenbar.com.
André Veronez Designer
qui. Um lugar onde as fronteiras de espaço e tempo eram rompidas, e onde a imaginação podia voar livremente. Essa terra era chamada Webland.” Apesar da história não ser exatamente assim, para uma pessoa como Helena de Barros, o mundo virtual chega a parecer até um conto de fadas. Designer, viajante e sonhadora, Helena é criadora de Helenbar, criatura nativa da tal terra mágica. Helenbar é uma personagem mulifacetada, criada numa mistura de fotografia, computação gráfica e ficção. Helena de Barros é uma mulher de várias épocas. Adora o vestuário do século XVIII, a literatura do século XIX, a moda dos anos 20, as cores dos anos 60 e a estética dark-punk dos anos 80. E foi do início do século XX que veio a inspiração para o nome desta revista dedicada ao seu trabalho. Pulp é uma homenagem ao gênero de revistas que surgiu na década de 1900. Essas revistas eram dedicadas às histórias de fantasia e ficção, muitas de caráter surreal e nonsense. Permeada de tantas referências, na arte, na literatura, na mitologia e em diferentes épocas históricas, esta primeira edição vem apresentar ao leitor: Helena e Helenbar, e seu universo singular, onde criadora se torna criatura, onde a artista se torna sua própria obra de arte.
Sumário
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Perfil_ A real identidade de Helenbar
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Matéria_ Vargas Girls
Design gráfico_ Os Wajãpi Arte digital_ Helenbar em Uma viagem ao País das Maravilhas
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Perfil
A real identidade de Helenbar
helenbar.com
Helena de Barros é mestre em design pela ESDI/UERJ [Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro] com a dissertação Em busca da aura: dinâmicas de construção da imagem impressa para a simulação do original (2008) e designer formada pela mesma ins-tituição em 1994 com o tema Design Gráfico e Novas Tecnologias de Imagem e o projeto gráfico A Alma Subitamente Entorpecida – ensaio gráfico sobre a sensibilidade, através de Antonin Artaud, Vaslav Nijinski e Vincent Van Gogh (vencedor do prêmio Carmem Portinho de Arte e Cultura).
Nos últimos 15 anos desenvolve projetos autônomos de design gráfico, principalmente impressos e projetos de exposição na área cultural. Helenbar é seu alter-ego virtual, incorporado no trabalho autoral de fotomontagem digital com auto-retratos. A série Wonderland, inspirada em Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll, exposta desde 2003 na comunidade virtual Fotolog.com, alcançou reconhecimento do público com mais de 1.200.000 pageviews e foi contemplado com artigos em jornais, revistas e livros nacionais e estrangeiros. Pulp 2012/2 3
Arte digital
Encarnação virtual da Alice de Lewis Carroll, Helenbar produz sozinha todas as imagens que compõem a recriação digital do País das Maravilhas.
A A
artista Helena de Barros se tornou enamorada da obra de Lewis Carroll quando ela ainda era uma adolescente, ao ler a excelente tradução em português de Sebastião Uchoa Leite. Seus primeiros experimentos ilustrando o País das Maravilhas foram feitos em 1992, e continuam até hoje, com resultados verdadeiramente deslumbrantes. “Eu tinha feito o meu vestido alguns meses antes para a festa a fantasia de um amigo, e comecei a fazer algumas fotos no meu tempo livre. De repente, se transformou em quase todo o livro. Tento ser o mais próxima do texto original que eu puder, lendo-o muitas vezes antes de começar a trabalhar. O texto de Carroll é recheado de imagens encantadoras que estão sempre na minha mente, e tentar colocá-lo na forma gráfica é uma grande satisfação.”
helenbar.com
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“Depois de conceber as imagens, eu me fotografo como Alice usando uma câmera digital com um tripé e timer, e faço toda a manipulação de imagens usando o Photoshop, gastando quase 30 horas de trabalho em cada uma delas. A imagem A Falsa Tartaruga e o Grifo me levou um mês e meio. Eu fiquei totalmente surpreendida pela resposta do público: o site atingiu mais de 300 mil espectadores, um número que eu nunca poderia ter esperado”. “O que era apenas um hobby, de repente se tornou uma grande motivação pessoal. Fiquei de queixo caído, desde a primeira matéria que foi a capa do caderno de informática do Globo, e depois, tantas outras em jornais e revistas nacionais até a “coroação” com a publicação no Knight Letter da Lewis Carroll Society Americana e a inclusão do link no site da Lewis Carroll Society “Estou muito orgulhosa de do Reino Unido. Pra mim levar a obra de Carroll para foi uma surpresa e uma tantas pessoas. Muitas grande honra, como reficam surpresas ao saber ceber um prêmio, ser reconhecida pelo público e detalhes da história.” até internacionalmente pelas maiores autoridades no assunto. Estou muito orgulhosa de levar a obra de Carroll para tantas pessoas. Muitas delas ficam surpresas ao saber detalhes da história a partir do texto original”. 6 2012/2 Pulp
Matéria
Vargas
Girls
Elas estão de volta. Desde o tempo das cavernas, o homo sapiens sente-se cada vez mais atraído pela beleza, sensualidade e magia das pin-ups. helenbar.com
D
a pintura rupestre às iluminuras medievais, da fotografia às técnicas modernas de ilustração, a arte de seduzir chegou ao topo tecnológico através da digitalização de imagens. Como as criadas por Helenbar, a pin-up da vez. A designer especializou-se no tratamento de imagens, utilizando o próprio corpo como matéria prima. Auto fotografa-se numa temática ampla e aleatória, causando frisson na comunidade on-line. Divulga suas
foto-ilustrações retrô associadas à sensualidade e estilos da época. “As pin-ups representam o que amamos, queremos amar, ou possuir”, resume Mark Gabor em Pin-up – A Modest History (Pan Books, Londres, 1973) O termo pin-up veio à tona quando, em 1915, o repórter fotográfico George Miller pediu a uma artista russa que posasse para sua objetiva levantando um pouco a saia. Quando o editor viu a foto, exclamou: “Ora, isso é de pendurar na parede (pin-up)!”. Verdade ou não, foi o começo de um modo de ilustração provocativa, embora não devem ser confundidas com a arte erótica em geral. Os colecionadores são ávidos por elas. Vargas é o grande ídolo. Peruano, Joaquim Alberto Vargas y Chaves (1896-1982) viu a fama atingir o auge entre 1960 e 1976, ao imprimir seus desenhos na revista Playboy norte-americana. Antes disso, retratou por 12 anos as coristas da Broadway, um dos primeiros a utilizar o aerógrafo. Seus originais tornaram-se verdadeiras obras-primas. Pulp 2012/2 7
Design gráfico
Os Wajãpi A
exposição Tempo e Espaço na Amazônia: os Wajãpi, exposta no Museu do Índio, RJ, reúne uma coleção de 400 objetos, além de um acervo de sons e de imagens da vida cultural de 40 aldeias Wajãpi, do Amapá, onde vivem 550 pessoas. Eles são o primeiro grupo indígena brasileiro a ter sua arte reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco. Inspirando-se nos padrões gráficos de couros de animais, como cobras, jabutis e peixes, eles desenvolveram um sofisticado traço, o kusiwa, que é usado na pintura corporal e na decoração. A designer Helena de Barros desenvolveu o design gráfico da exposição, painéis, legendas, cartaz, convite e folders. A visita oferece a chance de vivenciar a vida dos índios. Se não, vale pela experiência de conhecer um povo alegre, que adora música e festas, tem um profundo respeito pela natureza e valores humanos intactos, como a solidariedade e o amor ao trabalho e à arte.
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helenbar.com
Capa A imagem de capa desta edição foi retirada da Galeria Helenbar, onde a designer Helena de Barros expþe seu trabalho autoral de auto-retratos manipulados digitalmente. Confira mais imagens da galeria em helenbar.com:
helenbar.com