No ano em que a JOSAPAR comemora 90 anos de história, contribuir com a viabilização do Almanaque do Bicentenário é motivo de orgulho para nós. São histórias que se entrelaçam e se eternizam. A elegância presente em cenários históricos, a beleza e importância deste passado de riquezas, lutas e glórias, o sabor dos tradicionais doces de Pelotas, o tempo impregnado nos ladrilhos hidráulicos, casarões e seus azulejos, a história viva sendo contada agora e a JOSAPAR fazendo parte, no passado, presente e futuro de nossa Princesa do Sul. A trajetória histórica que agora chega a suas mãos na forma deste Almanaque retrata com riqueza de detalhes a colonização eclética e multicultural que fez de Pelotas uma cidade singular. Acompanhamos diferentes fases da cidade que nos recebeu de coração aberto e contribuímos para conquistar e manter a excelência, levando nosso município ao imenso território nacional, onde nossos produtos conquistaram a preferência na mesa dos brasileiros. Para nós, é uma honra contribuir com esta publicação em um momento tão especial, tanto para nossa empresa que se avizinha do seu centenário, quanto para Pelotas, que acaba de completar 200 anos. Somos fomentadores de investimentos. Contribuímos para que nossa cidade evolua cada vez mais e tenha um futuro promissor. Mas é na fonte do passado que vamos matar a sede de história, buscar suporte e exemplo para este progresso sólido. Pela experiência nos tornamos mais seguros em busca de novos caminhos. Pensando em valorizar ainda mais a terra que nos acolhe desde 1922, abraçamos este importante projeto, o qual apresenta imagens que eternizam a memória da nossa cidade e que devem ser guardadas como relíquia, como parte indelével da história de todos os pelotenses, que assim como nós, se orgulham desse lugar.
Planejamento Cultural: Gaia Cultura & Arte
Capa e Projeto Gráfico: Nativu Design
Produção Executiva: Lua Nova Produção Cultural
Direção de Arte: Valder Valeirão (Nativu Design)
Coordenação Geral: Duda Keiber
Assistente de Designer: Saarah Gottinari
Coordenação Editorial e Organização: Luís Rubira
Ilustração da Capa: Postal da cidade de Pelotas (detalhe). Vista dos Casarões nos 8, 6 e 2. Data aproximada: Década de 1890. Fotógrafo: desconhecido.
Co-produção: Beatriz Araújo Apoio: Instituto João Simões Lopes Neto Textos: A.F. Monquelat, Guilherme Pinto, Luís Borges e Luís Rubira Fac-símile: Revista do 1o Centenário de Pelotas, de João Simões Lopes Neto (Exemplares gentilmente cedidos por A. F. Monquelat) Pesquisa e Seleção das Imagens: Guilherme Pinto de Almeida e Luís Rubira Acervos e Fontes das Imagens: Eduardo Arriada ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv Guilherme P. de Almeida Nelson Nobre / Pelotas Memória Ceres Chevallier (Vida e obra de Jose Isella) Esther Gutierrez (Barro e sangue. Mão-de-obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas) Fernando Osório (A cidade de Pelotas) Francisca Michelon e Anaizi C. E. Santo (Catálogo Fotográfico – Século XIX/1930) Ferreira & C.; Florentino Paradeda (Almanach de Pelotas [1913-1917; 1917-1935]) Jacob e José Parmagnani, Otto Ruedell (Memorial do Colégio Gonzaga) Reginald Lloyd (Impressões do Brasil no século XX) Seleção de trechos literários: Luís Rubira (Trechos de Quadros Horripilantes, obra rara, gentilmente cedido por Eduardo Arriada)
Revisão: Duda Keiber Impressão e Acabamentos: Gráfica Editora Pallotti
Impresso no Brasil
Todos os direitos reservados 1a Edição, 2012 Tiragem: 1000 exemplares
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP __________________________________________________ A445 Rubira, Luís (Org.) Almanaque do Bicentenário de Pelotas. / Luís Rubira (Projeto LIC: Gaia Cultura & Arte). v. 1: fac-símile da “Revista do 1o Centenário de Pelotas / João Simões Lopes Neto”, textos diversos e fotografias da cidade. – Santa Maria/RS: PRÓ-CULTURA RS / Gráfica e Editora Pallotti, 2012. p. 336 ISBN: 978-85-66303-00-1
1. Pelotas. 2. História de Pelotas – Rio Grande do Sul. I. Título. CDD 981.657 __________________________________________________ Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Carla Michelle de Macedo Rodrigues - CRB-10/1657
www.almanaquedepelotas.com.br
Agradecemos à sincronicidade, permissora deste nosso encontro com cada um dos elementos que, de alguma forma, tênue ou profunda, colaboraram para a existência deste almanaque... e o dedicamos à memória e obra de João Simões Lopes Neto e à doce cidade de Pelotas. Duda Keiber, Fernando Keiber e Alexandre Mattos. Gaia Cultura & Arte | Novembro de 2012.
33 APRESENTAÇÃO Almanaque do Bicentenário de Pelotas (Vol. 1) Luís Rubira 69 REVISTA DO 1o CENTENÁRIO DE PELOTAS: Uma visão retrospectiva e prospectiva Luís Borges 113 REVISTA DO 1o CENTENÁRIO DE PELOTAS 241 JOÃO CARDOSO: dos Contos gauchescos para a História A. F. Monquelat e Valdinei Marcolla 301 NOTAS INTRODUTÓRIAS À ICONOGRAFIA DO Almanaque do Bicentenário de Pelotas (Vol. 1) Guilherme Pinto de Almeida
Planta da Freguesia de São Francisco de Paula, executada por Maurício Ignácio da Silveira, a mando do Capitão-mor Antônio Francisco dos Anjos, no ano de 1815. “O desenho mostrou uma trama traçada ao agrado de tempos de milícia. Acompanhando as direções norte-sul e leste-oeste [nesta disposição o norte do mapa aponta para baixo, a retícula heterogênea que estruturou as quadras, praça e vias, desconsiderou os limites da área aforada pelo proprietário. O desenho do piloto definiu ruas, mais largas, e travessas, mais estreitas, mesma solução proposta desde os tempos de Vitrúvio. Diferentemente do que acontecia segundo as espanholas, a pequena praça não estruturou o desenho urbano, recebendo em seu centro o minúsculo templo. Como nos projetos realizados pelos que passaram pelas aulas de arquitetura militar, a praça estava
formada pela ausência de prédios nos quarteirões. Na freguesia de São Francisco da Paula, a praça da matriz situava-se deslocada do meio da área levantada. Para valorizar a igreja, uma travessa foi desviada, permitindo que a perspectiva terminasse na porta principal da capela. Ao norte, a área urbana estava limitada pelo Passeio Público [antiga Rua Conde D’Eu; atual Av. Bento Gonçalves]; ao sul, as linhas sugeriam a continuação no sentido do Porto, no Canal São Gonçalo”. (GUTIERREZ, E. J. B. Barro e sangue. Mão-de-obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas [1777-1888]. Tese de Doutorado. Porto Alegre: PUC-RS, 1999, p. 509-510). Fonte da imagem: ARRIADA, E. Pelotas. Gênese e desenvolvimento urbano [1780-1835]. Pelotas: Armazém Literário, 1994.
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1. Rua Miguel Barcelos. Ao fundo a Catedral S達o Francisco de Paula [e o antigo chafariz] 2. Catedral S達o Francisco de Paula [e o antigo chafariz]. Aquarela. Pineau, 1883 1
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3. Rua Gonçalves Chaves 4. Rua Gonçalves Chaves esquina Princesa Isabel 5. Praça Cel. Pedro Osorio. Vista dos Casarões nos 2 e 6 16
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6. Praça Cel. Pedro Osorio. Ao centro o Teatro Sete de Abril. Litografia. Ludwig, década de 1840 7. Praça Cel. Pedro Osorio. Teatro Sete de Abril 8. Praça Cel. Pedro Osório. Chafariz (Fonte das Nereidas). Ao fundo, o Teatro Sete de Abril 9. Praça Cel. Pedro Osório, esquina Mal. Floriano [antiga Estação dos Bondes] 10. Rua XV de Novembro, vista da Rua Mal. Floriano em direção à Av. Bento Gonçalves 11. Praça Cel. Pedro Osório, vista da Prefeitura em direção à Av. Bento Gonçalves
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“Estamos no teatro. Foi-se a época, em que o teatro era o ponto de reunião de tudo e de todos; ou pelo gosto despertado da arte, ou então pela agradável sensação que aí nos causava a presença de olhares amigos.” Lobo da Costa. Espinhos d’Alma, 1872
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12. Praça 7 de Julho, vista desde a Prefeitura. Mercado Público Municipal. Postal 13. Praça 7 de Julho, vista desde a Rua Andrade Neves. Mercado Público Municipal. Postal 14. Mercado Público Municipal, visto desde a Praça Cel. Pedro Osorio 15. Mercado Público Municipal, do ângulo da Praça Cel. Pedro Osorio. Postal 16. Mercado Público Municipal, do ângulo do antigo Liceu. Postal 17. Mercado Público Municipal, do ângulo da Praça Cel. Pedro Osorio. Postal 18. Mercado Público Municipal, em ângulo próximo à Praça Cel. Pedro Osorio 19. Mercado Público Municipal. Pátio interno, em dia de comércio 20. Mercado Público Municipal. Pátio interno 23
“A cena representa o interior do Mercado com a torre ao centro; bancas de verdura, idem de leite, kioskes, bancos, etc.” João Simões Lopes Neto. O boato, 1894
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21. Rua Andrade Neves esquina Gomes Carneiro. Beneficência Portuguesa 22. Beneficência Portuguesa. Postal 23. Beneficência Portuguesa, vista do ângulo da Rua Uruguai. Postado em 1904 24. Praça Piratinino de Almeida. Santa Casa de Misericórdia. Aquarela. Pineau, 1883 25. Praça Piratinino de Almeida. Caixa d’Água Escocesa 26. Rua Santos Dumont. Santa Casa de Misericórdia. Postal
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27. Santa Casa de Misericórdia. Postado em 1903 28. Rua Santos Dumont. Praça Piratinino de Almeida e Santa Casa de Misericórdia. Postal 29. Rua Santos Dumont, próximo à Gal. Neto. Santa Casa de Misericórdia 30. Rua Santos Dumont, esquina Gal. Neto. Santa Casa de Misericórdia. Postal 31. Praça Piratinino de Almeida. Caixa d’Água Escocesa. Postal 30
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APRESENTAÇÃO Almanaque do Bicentenário de Pelotas (Vol. 1) Luís Rubira*
O HISTÓRICO E A IMPORTÂNCIA DA REVISTA DO 1o CENTENÁRIO João Simões Lopes Neto, como bem observou Carlos Reverbel, “foi quem mais contribuiu para o brilhantismo das celebrações do primeiro centenário de Pelotas. Na sua empolgação pelo acontecimento, chegou a fundar uma revista mensal, da qual saíram oito números, o primeiro em outubro de 1911, os dois últimos (aglutinados num único volume), em maio de 1912” (REVERBEL, C. Um capitão da guarda nacional: vida e obra de J. Simões Lopes Neto. Caxias do Sul: UCS, p. 75). É ainda Reverbel quem lamenta, nos anos oitenta, o fato de somente poucas pessoas terem acesso à “coleção dessa revista (infelizmente hoje raríssima)”, pois, nela, João Simões Lopes Neto disponibilizou uma importante documentação sobre Pelotas, reunida ao longo de muitos anos, na qual constava, por exemplo, um “repertório de anúncios” capaz de fornecer uma “idéia das atividades econômicas da cidade no ano do seu centenário” (Idem, p. 78). O descaso e o esquecimento que pairavam sobre a reedição da Revista do 1º Centenário de Pelotas, preconizados por Carlos Reverbel, levou o historiador Mario Osorio Magalhães, em 1994, a fazer uma seleção de textos da mesma, de modo a disponibilizar parte de seu conteúdo para um público mais amplo. A edição, sabemos, não pode apresentar aquele “repertório de anúncios”, e tampouco a reprodução das fotos e desenhos que ilustravam o trabalho de Simões. O historiador, então, justificou que, “em concordância com os editores”, iria deixar, “para uma talvez futura edição os trechos em que [Simões] transcreve documentos, primários
* Professor do Departamento de Filosofia da UFPEL
ou secundários”, bem como adiaria “a reprodução das variadas fotos e desenhos que ilustravam a Revista, com o objetivo, também no caso, de reduzir os custos, capazes de inviabilizar, não fosse assim, a confecção do livro” (Magalhães, M. O. Apontamentos referentes à história de Pelotas e de outros dois municípios da zona sul: São Lourenço do Sul e Canguçu. Pelotas: Armazém Literário, 1994, p. 7). Embora fragmentada, a Revista do 1º Centenário de Pelotas ganhava, “uma primeira edição, pois nunca se corporificou, antes, em livro” (Idem). A originalidade das reflexões de Carlos Reverbel, jornalista e pesquisador pioneiro no estudo de Simões (Augusto Meyer já o elogia, em 1945, pelo “excelente trabalho biográfico” publicado na Revista Província de São Pedro), tornaria a encontrar eco, recentemente, no posicionamento de Mario Osorio Magalhães: A ideia de festejar o aniversário da cidade tomando por base a fundação da freguesia quem concebeu, projetou, promoveu, levou adiante até a plena aceitação, até a realização final, foi ninguém menos que João Simões Lopes Neto, o consagrado autor dos Contos gauchescos e das Lendas do Sul. (Magalhães, M. O. “Aniversário de Pelotas”, Diário Popular, 07/07/2011).
Mario Osorio, assim, na esteira de Carlos Reverbel, volta a atribuir a Simões, a primazia no estabelecimento de uma data para comemorar o primeiro centenário da cidade (é importante notar que João Simões Lopes Neto também indicou, no primeiro volume da Revista, o ano de 1780 como o momento da “Fundação da hoje bela e adiantada cidade de Pelotas”, sendo que 1880 ele tinha apenas quinze anos). É o próprio historiador quem reconhece, ainda no mesmo artigo, o débito de seu avô para com o autor da Revista: “ao ampliar, com riqueza de informações, o seu primitivo texto de 1905 [uma monografia sobre a História de Pelotas, publicada nos Anais da Biblioteca Pública Pelotense], Simões Lopes facilitou o trabalho a que Fernando Osório se dedicaria, dez anos depois”, ou seja, na tarefa de elaboração do livro “A cidade de Pelotas” (Idem). *** João Simões Lopes Neto elegeu, portanto, a data de 7 de Julho de 1812 (momento de criação da Freguesia), para comemorar o centenário da cidade. Foi, então, aos 47 anos que ele empreendeu, sozinho, a partir do segundo semestre de 1911, o esforço monumental para realizar os oito números da Revista (dentre os dez inicialmente previstos), sendo que os números 7 e 8 somente surgiram após a comemoração do centenário. O próprio autor justificava “o atraso das publicações por ter sido acometido de ‘moléstia grave e de demorada convalescença’” (Sica Diniz, C. F. João Simões Lopes Neto: uma biografia. Porto Alegre: Editora AGE, p. 184). O Bicentenário da cidade, festejado em 7 de Julho de 2012, é, portanto, indissociável do nome e do gesto de João Simões Lopes Neto. Transcorridos cem anos desde a publicação dos oito números da Revista, nenhuma homenagem poderia ser mais justa, ao intelectual que procurou valorizar e pensar a singularidade de sua cidade, do que editá-la integralmente (e, pela primeira vez, de forma impressa). Por essa razão, a edição em fac-símile da Revista 34
do 1º Centenário ocupa o núcleo deste primeiro volume do Almanaque do Bicentenário de Pelotas. Se com ela Simões foi capaz de estabelecer o marco para a data de comemoração do centenário da cidade, bem como de percorrer uma senda que facilitaria o percurso do historiador Fernando Osório, é certo, então, que, ao alcançar um vasto público de leitores, a Revista do 1º Centenário de Pelotas não somente recebe o seu justo apreço (cem anos depois), mas abre o caminho para novas possibilidades de reflexão e pesquisa em muitas áreas do conhecimento. NOTAS SOBRE A REVISTA: A DISPOSIÇÃO DOS TEXTOS E O PERFIL INTELECTUAL DE SIMÕES
Cosmopolitismo e regionalismo Logo na página de abertura, Simões Lopes Neto define a programação da Revista do 1º Centenário de Pelotas: “O nosso programa abrange o registro tão completo quanto possível da gênese da fundação da cidade, os fundadores, os beneméritos, filhos ilustres, comércio e indústria, jornalismo, colégios – professorado –, repartições, os notáveis da cidade, sociedades locais, notas diversas, estatísticas, curiosidades, etc” (no 1, p. 01). De fato, ao nos determos nos oito exemplares, é possível verificar que o autor dedicou diversas passagens aos temas do programa, excetuando-se um significativo caso. A seção “Curiosidades” surge somente no sexto número, à página 95, trazendo apenas um registro, retirado do “Almanak Pelotense, para 1862, de Joaquim Ferreira Nunes”. Não parece ser ao acaso que, em meio a tantas possibilidades de resgatar uma informação para a seção “Curiosidades” (em diversos documentos disponíveis, entre eles o Almanak de 1862), Simões tenha escolhido justamente a propaganda de produtos de um refinado armazém da cidade de Pelotas, a propósito da qual ele observa: “vão completar-se cinquenta anos, que foi publicado o seguinte anúncio (...) e parece um anúncio da atualidade; por ele também se aprecia a antiguidade de alguns artigos e marcas”. A seguir, então, o autor da Revista faz a reprodução do mesmo (a atualização da grafia de algumas palavras é nossa): ARMAZÉM DE COMESTÍVEIS TORRES & TASSIS No armazém acima encontra-se um completo sortimento de secos e molhados por preços cômodos, pois recebem grande parte dos seus artigos diretamente. VINHOS Champagne, Porto, Jerez, Valdepeñas, Marsala, Sauternes, Bordeaux, Madeira, Muscatel, Lisboa e Priorato. MANTEIGA inglesa superior. QUEIJOS flamengos em pelicas. PRESUNTOS de Westphalia e do Porto. SALAME de Bolonha. DOCES secos e em calda. AMÊNDOAS com casca e cobertas francesas, em vidros. CONSERVAS inglesas e americanas. AMEIXAS secas de la qualidade. PASSAS em caixas, meias, quartos e em caixinhas como para mimo. CERVEJA branca e preta, inglesa e francesa. LICORES de todas as qualidades, entre eles o afamado D’anthieh. GENEBRA em frascos e garrafões. CHOCOLATE espanhol. SUPERIOR CHÁ Hysson preto e pérola. ARARUTA americana em 35
pacotes de 1/2 libra. VELAS de espermacete e composição. CHARUTOS de todas as qualidades. FUMO para cachimbo. CAPORAL CWERVICK. CAFÉ em grão e moído de 1a sorte, garantido. AÇUCAR cristalizado, refinado, Pernambuco de 1a sorte. BISCOITOS ingleses e bolachinhas da terra. TERRA romana em barricas de superior qualidade.”
João Simões Lopes Neto, então, resgata um anúncio de produtos refinados, de alta qualidade, oriundos de diversas partes do mundo, próprios de uma sociedade que, ainda em 1911 (“parece um anúncio da atualidade”), mantém não só o poder aquisitivo, mas o refinamento do gosto. Na estratégia de seleção do texto está implícita, necessariamente, tanto a face cosmopolita da cidade quanto a de seu filho pródigo. Todavia, para bem podermos ter uma compreensão da personalidade do autor da Revista, é preciso pensar que o anúncio retirado do Almanak de 1862, está colocado no volume que data de 30 de março de 1912. Ora, é justamente no dia imediatamente após, ou seja, em 31 de março, que o homem de gosto cosmopolita começa a publicar os Contos Gauchescos, no jornal Diário Popular: Domingo, 31.03.1912 Quinta-feira, 04.04.1912 Domingo, 07.04.1912 Quinta-feira: 11.04.1912 Domingo: 14.04.1912 Quinta-feira: 18.04.1912 Domingo: 21.04.1912 Quinta-feira: 25.04.1912 Domingo: 28.04.1912 Quarta-feira: 1º. 05.1912 Domingo: 05.05.1912
No Manantial Trezentas Onças O Boi Velho Correr Eguada Melancia-Coco Verde O Anjo da Vitória Os cabelos da China O mate de João Cardoso O Chasque do Imperador O jogo do Osso Penar de Velhos
(Sica Diniz, C. F. João Simões Lopes Neto, p. 191)
A face cosmopolita e regional de João Simões Lopes Neto reluzem, assim, num mesmo período. É preciso, aqui, fazer uma pausa, de modo a perceber que estes elementos já estavam presentes, há bastante tempo, em nosso intelectual. Atentemos, então, para uma página conhecida da crítica literária brasileira. Quando Augusto Bosi trata da “Literatura regionalista” de João Simões Lopes Neto, ele escreve que em Simões a matéria rural é tomada a sério, isto é, assumida nos seus precisos contornos físicos e sociais dentro de uma concepção mimética da prosa (...). Na medida em que esse trabalho foi consciente acrescentou algo à praxis literária herdada do Naturalismo. Este algo pode interpretar-se como o lado brasileiro da oscilação pendular nacional-cosmopolita, que marca as culturas de extração colonial.
E prossegue, dizendo que “o fato” de João Simões Lopes Neto e Valdomiro Silveira terem pensado a terra e o homem do interior já era um sintoma de que nem tudo tinha virado belle époque no Brasil de 1900. O projeto explícito dos regionalistas era a fidelidade ao meio a descrever: no 36
que aprofundavam a linha realista estendendo-a para a compreensão de ambientes rurais ainda virgens para a ficção. Voltando as costas para as modas que as elites urbanas importavam, tantas vezes por mero esnobismo, puseram-se a pesquisar o folclore e a linguagem do interior, alcançando, em alguns momentos, efeitos notáveis (...): alguns dos nossos regionalistas precederam, em contexto diferente, o vivo interesse dos modernos pela realidade brasileira total, não apenas urbana. Hoje, quando já se incorporaram à nossa consciência literária o alto regionalismo crítico de Graciliano Ramos e a experiência estética universal do regionalista Guimarães Rosa, é mais fácil reconhecer o trabalho paciente e amoroso de um Valdomiro e de um Simões Lopes, voltados para a verdade humana da província” (Bosi, A. História concisa da literatura brasileira. 43 ed. São Paulo: Cultrix, 2006, p. 207. Grifo nosso).
O intelectual que valoriza os abolicionistas e republicanos à frente de seu tempo Após definir o “Programa” da Revista, é significativo que Simões indique o método como irá trabalhar na abordagem dos temas: “Daremos os retratos e traço biográfico das individualidades de destaque como fator pensante, dirigente, responsável, da nossa vida urbana” (no 1, p. 1. Grifo nosso). É, portanto, a capacidade intelectual que ele considera como um valor de primeira ordem. O acento é importante, pois, embora Simões diga, na sequência, que não irá fazer uma abordagem cronológica das “individualidades de destaque”, ao tratar dos “Filhos ilustres”, ele opta por começar por um abolicionista: Antonio Ferreira Viana (que nasce numa charqueada em Pelotas, no ano de 1833). Assim, no exíguo espaço que possui para fornecer um “traço biográfico” de Ferreira Viana, Simões destaca justamente o seguinte: “É sua a glória de ter formulado o projeto de abolição absoluta e incondicional da escravatura. A lei de 13 de maio, como foi concebida e formulada é de sua inspiração” (no 1, p. 6). Não se trata, todavia, de um caso isolado. No segundo número da Revista, por exemplo, em “Notícia sobre a fundação das xarqueadas”, Simões observa que “João Baptista Roux, francês, que pelo fim da revolução farroupilha estava em Jaguarão”, veio trabalhar em Pelotas com “seu compatriota Eugène Salgues”, sendo que, na qualidade de charqueador, “J. B. Roux [foi] o primeiro a empregar o braço livre num meio e numa época por inteiro oposto à inovação” (no 2, p. 11). E, do mesmo modo, onde volta a apresentar a relação dos “Filhos ilustres”, elege Felisberto Ignácio da Cunha, o “Barão de Corrientes”, pois, como enfatiza Simões, “antes da lei do ventre livre (28 de setembro [de 1871]) já os filhos das suas escravas eram por ele reconhecidos livres; antes da libertação do município, já ele havia concedido a liberdade plena a uns e a curto prazo de serviço a outros dos seus servos” (no 2, p. 12-13). Vê-se, portanto, que além de privilegiar vultos abolicionistas, a ordem dos “Filhos ilustres”, de fato, coloca o acento no “fator pensante, dirigente, responsável de nossa vida urbana”. Isto explica o fato de inicialmente surgir um advogado e político (Ferreira Viana), em seguida um charqueador (Felisberto Ignácio da 37
Cunha), outro advogado, jornalista e político (Henrique Bernardino Marques Canarim), e, em seguida, um poeta: Francisco Lobo da Costa “um dos poetas mais populares de todo o Rio Grande” (no 2, p. 13) – único homem de letras a quem ele se refere na Revista do 1º Centenário de Pelotas. Do destaque intelectual, passando pelo dirigente e responsável da vida local, Simões faz questão de colocar o foco não só nos engajados do movimento abolicionista, mas também nos partidários do regime político republicano. É por esta razão que, na “Galeria dos Fundadores”, o segundo nome que surge é o do português Antonio José Gonçalves Chaves, que “aportou no Rio Grande do Sul em 1805”, vindo domiciliar-se “no incipiente – povinho – de S. Francisco de Paula [Pelotas]”, onde se tornou charqueador, tendo sido, entre 1810 e 1812, um dos que mais “se interessavam pela fundação da freguesia; e no seguimento um dos melhores propugnadores do seu engrandecimento” (no 1, p. 8). Simões, então, faz questão de enfatizar que Gonçalves Chaves era um homem culto, admirado por Saint-Hilaire por falar “bem o francês” e ser possuidor “de uma excelente biblioteca”, tendo publicado, em 1822, as Memórias econômico-políticas sobre a administração pública do Brasil, “um trabalho notável para a época”, visto que ali “pregava ele sobre a abolição da escravatura” (Idem). Gonçalves Chaves, sabemos, tomou partido pelo lado republicano durante a revolução farroupilha. Simões Lopes Neto, simpático aos conterrâneos que tomaram partido pelo movimento republicano, dá, então, especial atenção a um dos descendentes de Gonçalves Chaves: Dr. Álvaro José Gonçalves Chaves. Nasceu em 13 de setembro de 1861 (...), fundador do “Clube Republicano 20 de Setembro” e redator-chefe de “A República”, de São Paulo; organizador do Partido Republicano Pelotense, e abolicionista (...). Ao lado de Saldanha Marinho foi o verdadeiro organizador do Partido Republicano no Rio de Janeiro. Aí, em 20 de agosto de 1885, fundou o Clube Republicano Sul Riograndense, que, ao depois, foi um dos melhores esteios abolicionistas (...). Achando-se doente seguiu para a Europa, e em Paris, teve a notícia da proclamação da República no Brasil, e regressou, vindo pela Espanha (no 1, p. 10).
Em síntese, João Simões Lopes Neto percebe que sua terra natal abrigou ou gerou homens bem à frente de seu tempo. Talvez pelo fato de que, em muitos aspectos, e, em particular, nos movimentos abolicionistas e republicanos, a cidade e seus “filhos ilustres” tenham tido destaque no cenário nacional, ele faça questão de pontuar no quinto número da Revista: “existe em Pelotas, (na Costa) o único monumento no Brasil publicamente erguido ao ideal republicano, durante o regime monárquico” (no 5, p. 68).
O repertório de anúncios: o potencial econômico e cultural de Pelotas na visão do empresário e homem de letras Buscando dar ao leitor uma idéia da intensidade das atividades econômicas que movimentavam a vida urbana da cidade que estava prestes a comemorar o seu centenário, 38
Simões apresenta um dado recente sobre Pelotas no primeiro número da Revista: “Da estatística municipal de 1910 verifica-se que nesse ano existiam 188 fábricas, 278 oficinas e 822 casas diversas de negócio, ou seja, 1288 firmas em atividade” (no 1, p. 13). Ciente, portanto, das mais de mil firmas existentes no município, ele apresenta aproximadamente 70 delas (as demais são de Piratini e Canguçu), justificando, na página inicial da Revista, que não se trata tão somente de propaganda das empresas: Os anúncios aqui publicados devem ser tomados mais como atestados, documentos, da capacidade industrial-comercial desta época da cidade, do que propriamente como reclamos. O conjunto deles, no futuro, dirá o que éramos e o que valíamos. (no 1, p. 1).
O intelectual e empresário para quem o valor maior não era o monetário (ele mesmo escreve na página de abertura do segundo número: “Não nos move o cálculo dos ganhos”), seleciona, então, criteriosamente, os “documentos” que representam o diagnóstico de uma época e de uma sociedade. A grande maioria dos anúncios (cerca de 40) está concentrada no primeiro número da Revista. Vários também são os “atestados” que irão surgir em outros números (é o caso dos anúncios dos agentes que representam o “Comércio e navegação” e os “Automóveis Ford”, da refinada “Relojoaria-Ótica de Henrique Krentel”, da “Livraria Americana”, do “Salão Le Chic”, da Fábrica de Fumo “S. Raphael”, das lojas “Bromberg & Comp.”, da “Sociedade Rio-grandense Protetora dos Animais”, dentre outros). A escolha do primeiro anúncio apresentado (do “Agente da Companhia de Vapores – Comércio e Navegação”), não parece ser fortuita. A hidrovia teve, desde o momento da fundação da cidade, um papel determinante para o seu desenvolvimento. Neste sentido observemos que, das qualidades visionárias e empresariais que Simões destacou em Antonio José Gonçalves Chaves (o segundo nome que surge na lista da “Galeria dos Fundadores”), encontra-se justamente esta: Dentre os empreendimentos de maior alcance em que se envolveu, destaca-se o trabalho que com Domingos José de Almeida iniciou para preparar a abertura da barra do S. Gonçalo (...); trabalho de previsão, esse, de tão fecundo resultado, e que só quarenta e quatro anos mais tarde devia ser executado (no 1, p. 9).
Ele ressalta, é importante notar, que foi o filho de Gonçalves Chaves, Antonio (cujos traços biográficos surgem imediatamente após o nome do pai), que, nascido em Pelotas em 1813, “organizou a Companhia da Desobstrução da Foz do S. Gonçalo (...) realizada em fevereiro de 1876, data (dia 11) em que transpuseram a barra do S. Gonçalo – pela vez primeira – navios de alto bordo” (idem, p. 9 e 10). Mas se a ordem dos anúncios pode ser objeto de reflexão, a diversidade dos mesmos é ainda mais interessante. O biógrafo Carlos Reverbel, quando tomou contato com o repertório de anúncios, destacou: “Chama a atenção, por exemplo, o número de firmas dedicadas à industrialização de fumo. Era considerável, também, o contingente de empresas locais empenhadas na produção de medicamentos. A indústria cervejeira igualmente figurava 39
com destaque no parque industrial da cidade” (Reverbel, C. Op. cit., p. 78). Impressionam também, a nosso ver, os anúncios de armazéns, confeitarias, livrarias, lojas de roupas e de fazendas, de louças, vidros e cutelaria; as propagandas de hotel, bazar musical, floricultura e perfumaria; as fábricas (de preparo de massas e moagem de café, de carros de época, de sabão e velas, de móveis, de fumos e cigarros, de malas, de cerveja, de calçados e tecidos); as casas de importação de produtos (mercadorias da França, Alemanha, Inglaterra, China, Japão), ou daquelas cujos estabelecimentos encontram-se em cidades do exterior (Paris, Hamburgo, Buenos Aires) ou espalhadas pelo país (São Paulo, Rio de Janeiro, Pará) e também no próprio estado (Porto Alegre, Bagé, Rio Grande, Santa Maria, Dom Pedrito, Alegrete). Destacam-se, ainda, os bancos, companhias de seguro e profissionais liberais dos ramos imobiliário, odontológico, advocatício. Mas caberá ao leitor, por certo, esmiuçar a riqueza de cada um destes anúncios. Por fim, se destacamos o primeiro anúncio apresentado por Simões na Revista, é também importante prestarmos atenção ao último. Trata-se de uma propaganda que começa a ter destaque já no segundo número da Revista: a “Sociedade Rio-grandense protetora dos animais”. Criada em 25 de maio de 1911, seu primeiro presidente é João Simões Lopes Neto (cf. Reverbel, C. Op. cit., p. 196), o escritor que concebe uma frase impregnada de reflexão filosófica para compor o anúncio da Sociedade: Srs. Auxiliai a propaganda contra a crueldade: sem justiça para os animais o civilizado nivela-se ao selvagem
Quando pensamos no teor deste anúncio e na atualidade da proposta de uma Sociedade Protetora dos Animais em Pelotas, percebemos o quão lamentável é o fato da Revista não ter sido reeditada nos últimos cem anos.
Sobre a primeira charqueada e o primeiro charqueador Talvez nenhuma outra informação constante na Revista do 1º Centenário tenha causado tanta polêmica, nos últimos anos, quanto a informação que Simões Lopes Neto transmitiu para a posteridade de que caberia a José Pinto Martins, natural do Ceará (...) a primazia na fundação (...) da cidade de Pelotas. Em 1780 estabeleceu uma xarqueada sobre a margem direita e a cerca de uma légua da foz do rio das Pelotas (...). Do estabelecimento de José Pinto Martins, irradiou pois, sem constestação, a fundação (no 1, p. 7).
Em primeiro lugar, é preciso atentar para o seguinte fato: João Simões Lopes Neto, desde a página inicial da Revista, ao abrir a seção “A fundação de Pelotas”, justificou em epígrafe: As linhas que se vão ler não [se] impõem como afirmativa intangível: representam, antes, concurso para trabalho escoimado (Idem, p. 03). 40
Do mesmo modo, ao iniciar a “Galeria dos Fundadores”, ele escreve em nota de rodapé: “A ausência do arquivo da Igreja Matriz no bispado, em Porto Alegre, muito dificulta certa ordem de verificações” (Idem). Mas, se no primeiro momento em que tratou de Pinto Martins ele era enfático em sua informação, que parecia, então, ter sido retirada de uma fonte direta, já no segundo número da Revista existe uma oscilação no modo como ele trata o assunto: “Sabe-se que em 1780 (...), numa parte dos terrenos de M. Carvalho de Souza (arroio Pelotas) fundou José Pinto Martins, vindo do Ceará, uma charqueada” (n 2, p. 4). Ora, o “Sabe-se”, aqui, indica que Simões não estava diante de um documento sólido para afirmar que Pinto Martins fundou a primeira charqueada em Pelotas no ano de 1780. Na verdade, logo a seguir, no mesmo número da Revista, ele nos fornece a (única) pista de onde teria retirado tal informação: Quando, em 1835, na Assembleia Provincial, tratou-se da elevação da Vila de S. Francisco de Paula à categoria de cidade, foram-lhe propostos diversos nomes. Domingos José de Almeida defendendo o de – Pelotas – argumentava por esta forma: “que o nome proposto memorava o fato histórico que aglomerara com a rapidez do raio a gente e a riqueza da localidade, pois fora no arroio Pelotas que, em fins do século passado José Pinto Martins, vindo do Ceará, estabelecera uma charqueada e... atraindo a população... que aí começou a fixar-se, espalhando-se depois até o sítio onde mais tarde foi criada a freguesia” (no 2, p. 7).
Domingos José de Almeida, como sabemos, era contemporâneo de Pinto Martins. Todavia, ele precisa a data exata de fundação da charqueada (“fins do século passado”), e oscilação de Simões indica que a informação sobre a fundação em 1780 carece de documentos. Que Simões estava certo de que Pinto Martins teria sido aquele que mais contribuiu para o desenvolvimento da indústria saladeiril no Rio Grande do Sul, sobre isto não há dúvida. Pelotas, é certo, teve um papel extremamente importante no desenvolvimento desta indústria, pois, tal como observa o próprio autor, foi de “quarenta e cinco milhões o número de rezes abatidas nas xarqueadas de Pelotas” (no 3, p. 46). João Simões Lopes Neto, como buscamos mostrar, tinha ciência de não ser historiador. Ademais, ele insiste nisto quando, novamente, na abertura do terceiro número da Revista, ao tratar da abordagem histórica de outros municípios, escreve, indicando seu método de trabalho: Inseriremos, não o histórico, mas apenas – notas – referentes aos ditos municípios (...). Tais notas dispersas, são apenas linhas de subsídio, que não dissertação histórica (no 3, p. 33).
É, por fim, nosso intelectual quem lamenta, nos últimos dois números, o fato de não ter tido acesso a muitos documentos que poderiam ter contribuido para um trabalho histórico mais exaustivo: “Parte valiosa de informações não nos foi respondida, apesar de reiterada solicitação, de forma que nosso inquérito sobre a vida local – antiga – ressentir-se-á de lacunas: para suprí-las as empregamos os nossos melhores esforços” (nos 7 e 8, p. 97). *** 41
A nosso ver, as contribuições documentais mais significativas que surgiram nos últimos anos sobre esse tema (ou seja, aqueles que fizeram jus ao pedido de Simões de realizar um “trabalho escoimado”) são duas: a investigação de Paulo Xavier, em artigo publicado no Jornal Correio do Povo (datado de 11 de dezembro de 1971), que mostrou que José Pinto Martins não era cearense, mas sim português; bem como as teses do livro Desfazendo mitos: notas à história do continente de São Pedro, de A. F. Monquelat e V. Marcolla, publicado no presente ano de 2012, onde são defendidas as seguintes teses: a) João Cardoso da Silva é o primeiro a instituir estabelecimento de indústria saladeiril no Continente; b) O rio Piratini (e, portanto, Arroio Grande, e não Pelotas) é o berço da indústria saladeiril; c) O “processo inicial de ocupação dos campos denominados ‘das Pelotas’ não foi obra fortuita ou tão pouco de um único empreendimento: a charqueada de Pinto Martins’”. Pelo contrário: Pelotas, nos seus primórdios “é consequência do agro-pastoreio”; d) Devido aos documentos até agora encontrados, José Pinto Martins somente partiu do Ceará para estabelecer-se por aqui “nos anos 90 do século XVIII”. Além dos pesquisadores acima citados, é também o historiador Mário Osório Magalhães quem afirma, em texto publicado recentemente numa prestigiosa revista do estado do Rio Grande do Sul, cuja edição presta “homenagem aos 200 anos da cidade de Pelotas”: (...) a verdade é que se desconhece inteiramente o exato instante em que José Pinto Martins aportou por estas plagas; tampouco se sabe o momento preciso em que adquiriu o imóvel, o estabelecimento em que iria implantar sua indústria. (Magalhães, M. “Sobre o bicentenário de Pelotas”. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, no 146, 2012, p. 120).
SOBRE A PRESENTE EDIÇÃO Visto que a Revista do 1º Centenário de Pelotas é capaz de nos colocar na atmosfera econômica e cultural em que vivia a cidade há cem anos, fizemos questão de trazer para o leitor, no primeiro volume do Almanaque do Bicentenário de Pelotas, um conjunto de fotografias e imagens da cidade anteriores ao término do ano de 1912. Por certo não é uma reconstituição exaustiva (e talvez até mesmo eivada de algum erro cronológico), mas uma tentativa de reunir e disponibilizar para um público mais amplo imagens que somente constam, até o presente momento, em publicações especializadas, de modo a fornecermos uma impressão do que a cidade foi e do ambiente sobre o qual João Simões Lopes Neto procurou se debruçar. 42
No entorno do fac-símile da Revista encontram-se, criteriosamente posicionados, os textos dos pesquisadores Luís Borges e Adão Monquelat. A escolha justifica-se pelo seguinte: o primeiro é um dos investigadores pelotenses mais entusiastas no trato da obra de Simões, dedicando-se ao autor há mais de dez anos (em 2001 publicou, em parceria com Agemir Bavaresco, História, resistência e projeto em João Simões Lopes Neto, que recebeu, no ano seguinte, na categoria de ensaio, o Prêmio Açorianos de Literatura; bem como autor de Trocando orelhas. Ensaios de crítica, pesquisa e hermenêutica lopesnetina, de 2003; dentre outras). Ademais, ele aporta um texto que visa penetrar em determinados aspectos da Revista que ocupa o núcleo da presente edição. O segundo pesquisador, Adão Monquelat, foi convidado a comparecer aqui por duas razões: em primeiro lugar por ser, certamente, um daqueles que mais insuflou a retomada das investigações sobre Simões na cidade, bem como por ter colaborado decisivamente para o tombamento do imóvel e a fundação da, hoje, Casa de Cultura João Simões Lopes Neto. Neste sentido, basta lembrar de seu artigo publicado nos anos noventa, precisamente intitulado “Tributo a Simões Lopes Neto”, no qual, após dizer que o “levantamento, feito por nós, da produção literária de Simões Lopes no período de 1897 a 1907”, desfere: “Podemos afirmar com absoluta convicção que, Simões Lopes escreveu os trabalhos acima em sua residência da Dom Pedro II” (Diário Popular, 10/06/1995). Em segundo lugar pelo fato de Monquelat vir apresentar uma nova tese: a de que o “João Cardoso”, do conto de João Simões Lopes Neto, é o mesmo indivíduo que teria instituido o primeiro estabelecimento saladeiril nas margens do Rio Piratini, no ano de 1780. Como, então, João Cardoso foi parar há quilômetros do antigo forte de São Gonçalo (onde estava sua primitiva charqueada), e estabelecer-se, ainda nas margens do rio quilômetros acima, é algo que fica reservado para o leitor do texto. Trata-se, por certo, de uma justa homenagem aos cem anos do conto O mate do João Cardoso, publicado, como vimos, no jornal Diário Popular de abril de 1912. A idealização do Almanaque do Bicentenário de Pelotas (que surgiu no final de 2010) e o projeto que (elaborado em 2011) foi aprovado e financiado pelo Procultura/RS (no ano de 2012), é de autoria de Duda e Fernando Keiber, irmãos que integram a Gaia Cultura & Arte. Já a seleção das imagens foi realizada em parceria com Guilherme Pinto de Almeida, este promissor talento que, para nossa surpresa e contentamento, trouxe a público, em maio de 2012, uma edição eletrônica da Revista do 1º Centenário de Pelotas – gesto inédito até então. O projeto gráfico e a edição das imagens são assinados pela Nativu Design, com toda a dedicação e empenho de Valder Valeirão. Agradecemos especialmente à Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul e à empresa Josapar, bem como a todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram com a presente edição. Ao centenário da Revista. Ao bicentenário de Pelotas.
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32. Rua Gal. Neto, quase esquina Félix da Cunha. Clube Comercial 33. Rua Pe. Anchieta, quase esquina Gal. Neto. Clube Comercial 34. Rua Gal. Neto, quase esquina Félix da Cunha. Clube Comercial 35. Rua Gal. Neto, esquina Félix da Cunha. Clube Comercial. Postal 36. Rua Sete de Setembro, esquina Pe. Anchieta. [Antigo depósito de Oliveira Coelho & Cia] 36
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37. Praça Cel. Pedro Osorio. Bibliotheca Pública Pelotense [Edifício original] 38. Bibliotheca Pública Pelotense. [Edifício original. Sala de Leitura]. Postal 39. Praça Cel. Pedro Osorio. Bibliotheca Pública Pelotense. [Edifício original]. Postal 40. Praça Cel. Pedro Osorio. À esquerda, os casarões nos 8, 6 e 2 41. Praça Cel. Pedro Osório, próximo à Rua Barão de Butuí 41
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42. Praça Cel. Pedro Osorio, esquina Rua Barão de Butuí [Antigo casarão. Destruído] 43. Praça Cel. Pedro Osório, próximo à Rua Barão de Butuí [à esquerda, o casarão destruído]. Postal 44. Praça Cel. Pedro Osório [à esquerda, antigo sobrado. Destruído, restando somente parte da fachada]. Postal 53
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45. Praça Cel. Pedro Osório, esquina Rua Princesa Isabel [Antigo casarão. Destruído]. Postado em 1906 46. Praça Cel Pedro Osório. Alameda. Ao fundo, casarões nos 8, 6 e 2 47. Praça Cel. Pedro Osório, desde ângulo próximo à Rua Lobo da Costa 48. Praça Cel. Pedro Osório, vista da confluência das Ruas Félix da Cunha e Princesa Isabel 49. Praça Cel. Pedro Osório. Alameda. [À esquerda, a Gruta; ao fundo, a torre do Mercado Público]. Postal 50. Praça Cel. Pedro Osorio. Lago. Postal 51. Praça Cel. Pedro Osorio. Fonte das Nereidas. Postal 52. Praça Cel. Pedro Osorio. [Antigo quiosque, visto do ângulo da Prefeitura Municipal]. Postal
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“Rareava o movimento que minutos antes transbordava pela Praça da República. Já se viam poucos fregueses nos Cafés. (....) Da torre do mercado, a qual imita, como um grande compasso aberto, a torre Eiffel, vinham as badaladas compassadas, solenes, graves das últimas horas da madrugada.” Jorge Salis Goulart. A vertigem, 1925
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53. Praça Cel. Pedro Osorio. Quarteirão entre as Ruas Pe. Anchieta e Félix da Cunha. Aquarela. Pineau, 1883 54. Praça Cel. Pedro Osório, esquina Rua Pe. Anchieta. Clube Caixeiral [em construção]. Postal 55. Clube Caixeiral. Postal 56. Praça Cel. Pedro Osorio. Quarteirão entre as Ruas Pe. Anchieta e Félix da Cunha. Postal 57. Praça Cel. Pedro Osorio, desde a Rua Princesa Isabel. [Ao fundo, antigo sobrado. Destruído]. Postal 59
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58. Praça Cel. Pedro Osorio. Prefeitura Municipal e Bibliotheca Pública Pelotense. Aquarela. Pineau, 1883 59. Prefeitura Municipal e Bibliotheca Pública Pelotense (em obras) 60. Prefeitura Municipal 61. Prefeitura Municipal 62. Prefeitura Municipal. Ao fundo, o antigo Liceu. Postal 63. Prefeitura Municipal e Bibliotheca Pública Pelotense. Postal 64. Praça 7 de Julho. Antigo Liceu 65. Antigo Liceu. [À esquerda, prédio anexo com telhado original] 61
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66. Largo de Portugal. Estação Ferroviária. [Ângulo do antigo leito do Arroio Santa Bárbara] 67. Estação Ferroviária 68. Estação Ferroviária. Postal 69. Estação Ferroviária. Postal 70. Estação Ferroviária. Vista dos fundos 63
“Em madrugada serena e límpida partiram em uma das diligências que da campanha conduzem passageiros a Pelotas (...). Chegados os nubentes a Pelotas tomaram passagem no dia seguinte para o Rio Grande e d’ali para a capital.” Francisco de Paula Pires. Quadros Horripilantes, 1883, p. 54
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REVISTA DO 1o CENTENÁRIO DE PELOTAS: Uma visão retrospectiva e prospectiva Luís Borges*
A obra de Simões Lopes foi escrita em uma outra época, com uma outra metodologia e outros recursos. De qualquer forma, deixou-nos [...] a primeira história impressa da cidade de Pelotas. (A.F. Monquelat)
Salve! Povo Pelotense, De heróis filho, Povo ardente Fita os olhos no futuro, Que se mostra sorridente!...
(Estrofe do Hino do Centenário)
Esta edição Depois que a Revista do 1º Centenário de Pelotas apareceu entre outubro de 1911 e maio de 1912 ela não mais foi reeditada. Podem-se elencar para isso vários motivos. Um deles, com certeza, é o grande número de páginas e de ilustrações que tornam a impressão custosa. Outro, foi a limitada circulação, provavelmente pela pequena tiragem, que fez com que a publicação se tornasse rara e, por isso, quase desconhecida. Se podemos considerar estes alguns dos principais fatores que colocaram a Revista no ostracismo, há, por outro lado, uma razão positiva que também colaborou para que ela ficasse por tanto tempo olvidada: o crescente reconhecimento de Simões Lopes Neto como ficcionista. O historiador Mario Osorio Magalhães sintetiza a opinião geral: J. Simões Lopes Neto (1865-1916), natural de Pelotas, neto de um charqueador-visconde e filho de estancieiro, é considerado um dos
* Professor de Filosofia, Teologia e Literatura. Pesquisador do CEIHE/UFPEL e NEL/IFSUL.
mais talentosos escritores brasileiros de todas as épocas. Sua obra principal, já traduzida para o italiano e o espanhol, com diversas edições brasileiras, resume-se a três livros: Contos Gauchescos (1912), Lendas do Sul (1913) e Casos do Romualdo, este último publicado postumamente. São todos de ficção, do gênero contos ou histórias curtas1.
Tal concepção, certamente, contribuiu para que suas outras facetas, como a de historiador, ficassem obscurecidas. Magalhães, adiante, acrescenta: Entre as muitas facetas do intelectual Simões Lopes Neto, houve a de historiador, e no que se refere a este aspecto já se editou, postumamente, um volume de sua autoria: Terra Gaúcha, sobre a história do Rio Grande do Sul, que ele havia escrito em dois tomos – o segundo, porém, parece irremediavelmente perdido. Há outros textos seus sobre história, publicados em anais, almanaques e revistas, quase todos inéditos em livro. Referem-se ou à história do Rio Grande como um todo, ou à história de Pelotas e de municípios da Zona Sul de modo particular2.
1 MAGALHÃES, Mario Osorio. “Apresentação”. In: LOPES NETO, João Simões. História de Pelotas. Pelotas: Armazém Literário, 1994, p. 5. 2
Idem, p. 7.
Para mais detalhes vide BORGES, Luís. Breviário da prosa romanesca em Pelotas. Vol. 1. Subsídios para uma história literária. Século XIX. Síntese histórica e crítica para uso escolar. Pelotas: JC Alfarrábios, 2007, p. 127-145.
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OSORIO, Fernando. A cidade de Pelotas. 3ª edição. Pelotas: Armazém Literário, 1997-1998. 2 vol.
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MAGALHÃES, Mario Osorio. Opulência e cultura na província de São Pedro do Rio Grande do Sul: um estudo sobre Pelotas (1860-1890). Pelotas: UFPEL, 1993.
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MOREIRA, Ângelo Pires. Pelotas na tarca do tempo. 2 vol. Pelotas; s/e, 1988-1989.
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7 NASCIMENTO, Heloísa Assumpção. Nossa cidade era assim. Pelotas: Livraria Mundial, 1989-1999. 3 vol. 8 ARRIADA, Eduardo. Pelotas, gênese e desenvolvimento urbano (1780-1835). Pelotas: Armazém Literário, 1994. 9 MONQUELAT, A. F.; MARCOLLA, V. O processo de urbanização de Pelotas e a fazenda do arroio Moreira. Pelotas: UFPEL, 2010; e Desfazendo mitos. Pelotas: Livraria Mundial, 2012. 10 São bastante complexas as relações entre história, teoria da história e historiografia. Para mais detalhes sobre esse assunto vide MALERBA, Jurandir (Org.). A história escrita: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006.
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Idem, p. 7.
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Evidentemente, o fato de novas pesquisas sobre a história do município terem surgido por intermédio de historiadores como Alberto Coelho da Cunha3 e Fernando Osório4, sem falar dos hodiernos trabalhos historiográficos, tais como os de Mario Osorio Magalhães5, Ângelo Pires Moreira6, Heloísa Assumpção Nascimento7, Eduardo Arriada8 e Adão Monquelat9, entre outros, fez com que – embora pioneiro e importante – o trabalho de nosso Escritor tivesse, naturalmente, no decorrer do tempo, mais interesse histórico que historiográfico10. Deste modo, a presente edição assumiu dois critérios, a saber: privilegiar um público de não-especialistas, sem descurar do rigor, e fazer acessível um raro e precioso documento historiográfico da cidade de Pelotas, produzido por seu escritor maior, João Simões Lopes Neto. Portanto, buscou-se um difícil equilíbrio, entre não ceder a simplificações, quer nas explicações e explicitações referentes ao próprio texto e contexto (intra e extratextual), e não sobrecarregar o leitor de informações, truncando a leitura ao invés de facilitá-la. Não há sentido, pois, numa edição fac-similar, rechear o texto de notas eruditas a ponto de produzir um metatexto. Ora, o objetivo do fac-símile é fazer o leitor ter contato com um texto de época, cuja legibilidade ao não-especialista implica numa compreensão mais geral, sem necessidade de descer a minudências, cuja utilidade para tal leitor é quase nula. O esforço hercúleo de uma atualização ou corrigenda seria, nesse caso, interferência indevida e, quiçá, inócua. Deve-se levar em consideração também que houve uma reedição parcial, organizada por Mario Osorio Magalhães, em 1994. O citado organizador realizou uma seleção de textos da Revista do 1º Centenário, deixando de fora a transcrição de documentos, relações de nomes, propagandas e fotos em função do custo11. O critério de seleção, conforme opinião expressa pelo organizador, foi o de reunir “os mais significativos [textos] de toda produção historiográfica simoniana”12. O livro consta de 11 capítulos, em que se respeitou os títulos adotados pelo Autor, embora não na mesma ordem. O historiador Mario Osorio Magalhães, nesse meritório trabalho, adicionou às notas do Autor as suas, muito esclarecedoras. Esse paratexto, conforme se disse,
exigiria um aparato crítico destoante dos fins precípuos desta edição, isto é, possibilitar ao leitor o contato direto com o texto, tal como saiu da lavra do grande ficcionista pelotense – daí uma edição fac-similada –, reduzidas as notas ao essencial. Para o leitor que está interessado na Revista do 1º Centenário de Pelotas como fonte da história da cidade e não exatamente na produção simoniana, recomenda-se a História de Pelotas, título que Mario Osorio Magalhães concedeu a sua seleção de textos, com minuciosas notas, embora algumas já vencidas por novas investigações. Isto em nada desabona a publicação, apenas reforça a diferença que existe entre esta edição fac-similar e outra de orientação crítica. Assim, optou-se por um texto introdutório mais longo, em que se procura detalhar elementos que possibilitem relacionar e analisar de maneira retrospectiva, isto é, histórica, e prospectiva, a fim de ressaltar a importância cidadã da Revista do 1º Centenário e seu significado para a atualidade. Sob esta ótica, os objetivos principais desta publicação são devolver à circulação um importante documento para a história de Pelotas e região, trazer à tona uma faceta praticamente desconhecida do criador de Blau Nunes e revitalizar o sonho do Capitão de dar perenidade às comemorações de aniversário da cidade. LOPES NETO, João Simões. Glória Farroupilha (manuscrito); Arquivo documental ilustrado da Revolução Federalista no Rio Grande do Sul (manuscrito) e o volume 2 de Terra Gaúcha, que se perdeu. 14 Spalding em sua “Introdução” à Terra Gaúcha afirmou estar o autor “numa verdadeira nebulosa”, [...] “e por isso, os erros que cometeu, as interpretações infiéis e as conclusões pouco exatas”. Os debates sobre esses “equívocos” vão aparecer mais claramente no ano seguinte, 1956, na guerra que se tornou a discussão sobre a questão do monumento a Sepé Tiaraju. Para uma discussão sobre a polêmica do monumento vide TORRES, Luiz Henrique. Historiografia sul-rio-grandenese: o lugar das Missões Jesuítico-Guaranis na formação histórica do Rio Grande do Sul (1819-1975). Porto Alegre: PUCRS, 1997. Tese de doutorado em História. 15 Esse trabalho foi publicado nos Anais da Bibliotheca Pública Pelotense, ano I, 1904, vol. I. Pelotas: Livraria Comercial, 1905, p. 47-59. 16 Entre os vários exemplos possíveis vide MOLLER, Cláudia Daiane Garcia. Trabalho e correção de mulheres negras na cadeia da cidade de Rio Grande (1864-1875). X Encontro Estadual de História. O Brasil ao Sul: cruzando fronteiras entre o regional e o nacional. Santa Maria, 26 a 30 de julho de 2010. Disponível em <html//:www.eeh2010-rs.org.br/ resouces/anais/9/1279413800_ARQUIVO_textocompleto.pdf> Acesso: 13/03/2012. 17 REVERBEL, Carlos. Um Capitão da Guarda Nacional. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1981, p.77. 18 Para mais detalhes vide REVERBEL, Carlos. Um Capitão da Guarda Nacional. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1981, p. 231-237; p. 268-271. 19 Para mais detalhes vide DINIZ, Carlos Francisco Sica. João Simões Lopes Neto, uma biografia. Porto Alegre: AGE, 2003, p. 125-137. Foi anunciada a publicação dos cadernos do “verdadeiro Terra Gaúcha” para setembro de 2012. 13
Começando pelo começo A Revista do 1º Centenário de Pelotas, certamente, foi o mais importante empreendimento historiográfico de João Simões Lopes Neto. Não o único, contudo, pois ele concebeu vários outros textos e projetos de cunho histórico. Foi talvez o mais bem-sucedido. Entende-se assim porque seus demais trabalhos históricos ficaram inéditos13 ou obtiveram pouca ou desfavorável recepção14. Dois outros aspectos corroboram a importância da Revista: à exceção de A cidade de Pelotas – apontamentos para alguma monografia para o seu centenário15, os textos que nela aparecem se constituem na primeira história impressa da cidade. O outro motivo é que, a despeito da raridade da publicação, aparece citada nas referências bibliográficas até os dias de hoje em trabalhos acadêmicos sobre a história local ou a ela relacionada16. Entre seus outros textos e projetos de cunho historiográfico, o mais conhecido é Terra Gaúcha (quiçá, a obra que o escritor mais estimava)17, editada postumamente, em 1955, pela editora Sulina, de Porto Alegre. Se compararmos o destino de Terra Gaúcha com o da Revista do 1º Centenário, esta última ainda leva a vantagem de estar completa, uma vez que o primeiro trabalho chegou até nós mutilado, pois o 2º volume se extraviou18. Cabe aqui um pequeno esclarecimento. Há dois trabalhos assim denominados. O biógrafo Carlos Diniz, a fim de diferenciar ambas as obras, chama ao livro de leituras escolares (com mais de duzentas páginas), composto para o ensino primário, de “verdadeiro Terra Gaúcha”19. O outro é uma história elementar do Rio Grande do Sul, a que nos referimos acima. Como se pode observar na primeira versão da conferência Educação Cívica, proferida em 17 de julho de 1904, na Bibliotheca Pública Pelotense, em que anuncia a apresentação de seu livro Terra Gaúcha (que Diniz denomina “o verdadeiro”), o Velho Capitão explicita seus objetivos. Quer um livro
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em que se concretizasse a tradição, a história, o ensinamento cívico e as aspirações pátrias, que eu dedicaria, mais vibrante hausto da minha pobre vida, à terra rio-grandense, mão de raça forte, túmulo de ossadas venerandas, berço de incomedido patriotismo. Um livro que vivesse nos ranchos das margens do Uruguai e no palácio das plagas do oceano; e que das suas páginas simples e sinceras refulgisse nítida e vivaz, amorosa, exemplificadora e saudosa, a plaga dos pampas, o berço dos farrapos, a Terra Gaúcha...!20
Sobre esse trabalho didático dedicado às crianças, assim manifestou-se Manoelito de Ornellas: [...] no trabalho de feição elementar, que foi o do pequeno manual de iniciação na História, nos hábitos, nos costumes e tradições gauchescas, João Simões Lopes deixou muito daquela simplicidade humana que ele soube comunicar às páginas vivas dos “Contos Gauchescos”. [...] é possível que o autor de “Lendas do Sul” houvesse pensado no imenso benefício que representaria à formação moral e espiritual das novas gerações do Rio Grande, esse pequeno livro de leitura que lhes falaria dos fatos históricos nacionais na linguagem acessível e própria da terra.21
Acredito não ser necessário multiplicar citações. Fica evidente a importância da “historicidade” dentro da visão de mundo simoniana, entendendo-se por isso algo mais amplo que a produção historiográfica em si mesma. A questão histórica também contamina o plano estilístico. Conforme afirma Walter Spalding, Simões Lopes Neto não modifica sua arte de escrever, no que tange ao registro linguístico e à simplicidade, mesmo redigindo textos não ficcionais: Neste TERRA GAÚCHA, como nos “Contos Gauchescos”, nos “Casos do Romualdo”, está João Simões Lopes Neto de corpo inteiro, com todas as qualidades e vícios estilísticos, com todas as suas virtudes de escritor regionalista, ardentemente apaixonado por sua terra e sua gente.22
Seguindo essa trilha, é necessário percorrer duas picadas que se apresentam. A primeira delas se refere ao lugar do Periódico dentro do programa das celebrações do aniversário da Cidade, em 1912. A outra estrada, ainda vicinal, é o lugar que os textos históricos ocupam no conjunto da obra simoniana e como podem servir de instrumento hermenêutico capaz de iluminar sua alta literatura. Um terceiro aspecto, a respeito do qual nos deteremos muito ligeiramente, é qual o papel que a Revista exerceu ou exerce na historiografia referente à história municipal.
LOPES NETO, J. S. Educação Cívica. Terra Gaúcha (apresentação de um livro). Anais da Biblioteca Pública Pelotense. Vol. 1. Pelotas: Livraria Comercial, 1905, p. 58-59. Os grifos são meus.
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ORNELLAS, Manoelito de. “Prefácio”. In: LOPES NETO, João Simões. Terra gaúcha. Porto Alegre: Sulina, 1955, p. 7. Grifos nossos.
21
SPALDING, Walter. “Introdução”. In: LOPES NETO, João Simões. Terra gaúcha. Porto Alegre: Sulina, 1955, p. 9.
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As celebrações do aniversário da Cidade, em 1912 Quase uma década antes o Capitão já estava preocupado com as comemorações do aniversário de 100 anos de Pelotas, tanto que, em 1905, fez publicar um texto a que subintitulou “Apontamentos para alguma monografia para o seu centenário”. Depois de uma reunião, em 09/04/1910, na Bibliotheca Pública, que aprovou a “Semana Centenária”, o Conselho Municipal (equivalente ao que seria hoje a Câmara de Vereadores) autorizou o intendente José Gonçalves
Barbosa a destinar a quantia de cinco contos de réis para viabilizar o evento, que ocorreu entre os dias 7 e 15 de julho de 1912. Numa outra reunião na Bibliotheca Pública, em 09/08/1911, Simões Lopes Neto apresentou um longo e detalhado programa para os festejos do 1º centenário. Para essas celebrações foi que o Capitão criou a Revista. As comemorações se deram sob o auspício da Bibliotheca Pública Pelotense, de cuja diretoria Simões Lopes Neto era 1º secretário. A programação, para julho de 1912, foi bastante extensa e variada. Divulgada no primeiro número da Revista (outubro de 1911), constava, entre outras atividades, do seguinte: instalação de um Congresso Comercial; toque de apitos das charqueadas, navios e das fábricas no final do expediente; salvas de tiro; desfile de bandas pelas ruas da cidade; visitas aos cemitérios rurais; missas e procissões, atos e sessões solenes na Bibliotheca Pública; corais de estudantes executando hinos (Hino da Independência, Hino da Proclamação da República, Hino Nacional, Hino do Centenário de Pelotas); partidas de futebol, retretas, concurso de “reclames” luminosos e balões, concursos de beleza para bebês, concurso de tiro; evoluções de ginástica; exercícios do Corpo de Bombeiros; formatura do Tiro Brasileiro e dos Ginásios uniformizados, “horas cívicas”; corridas de cavalo, espetáculo de ópera; uma “merenda dos pretos velhos”, em homenagem aos trabalhadores negros da fundação da cidade, desfiles dos colégios com estandartes, aos quais foi entregue uma medalha comemorativa; espetáculo pirotécnico sobre a margem direita do S. Gonçalo; cavalhadas da União Gaúcha, matinée em todos os cinemas e outras diversões. Além disso, houve bailes e discursos, muitos discursos... Não bastasse tudo isso, numa nota adicional, se afirma que a comissão da Bibliotheca responsável pelas comemorações poderia ainda acrescentar, se assim entendesse adequado, inaugurar a herma do dr. Miguel Barcellos e de Domingos José de Almeida. Como se vê, o programa era enorme e lotadíssimo. Não sabemos com precisão determinar se chegou a realizar tudo o que foi anunciado, embora possamos afirmar, pelo que já apuramos, que o foi em grande parte. Talvez reconhecendo as dificuldades na execução de tão vasto programa, se advertia, cautelosamente, que, embora tivesse o projeto sido aprovado pela diretoria da Bibliotheca, estaria ainda sujeito a possíveis modificações, as quais seriam divulgadas oportunamente.
A Revista do 1º Centenário de Pelotas No número inaugural da Revista Simões Lopes Neto expõe os objetivos da publicação. Afirma que, embora existam no estado municípios mais antigos, nenhum deles comemora “seu simbólico estirão histórico”, e que será Pelotas o primeiro a fazê-lo, “solenizando [...] o auspicioso fasto”. Além disso, intentava fazer da Revista o “repositório de tudo quanto importa que, por o merecer, fique consignado como expressão da vitalidade presente, para estima e estímulo dos vindouros, tanto como a geração hodierna bendiz o exemplo que lhe legaram os antepassados”. Pretendia ainda que, em meio aos festejos, recheados de eventos, por assim dizer, “voláteis”, 73
Para a discussão a respeito de Pinto Martins vide, em especial, MONQUELAT, A. F.; MARCOLA, V. “Pinto Martins, o mito de um século”, Diário da Manhã, Pelotas, 04/09/2011. 24 Cf. MONQUELAT, A. F.; FONSECA, G. R. Coletânea e notas biográficas de poetas pelotenses. Pelotas, 1985, p. 21-25. Inédito. 25 REVERBEL, Carlos. Um Capitão da Guarda Nacional. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1981, p. 79. 26 Cacimbinhas é hoje o município de Pinheiro Machado. Simões Lopes Neto reagiu contra a mudança de nome, embora politicamente ligado ao Castilhismo e seus herdeiros políticos, no caso, Borges de Medeiros. Cassiano do Nascimento, por exemplo, a quem Simões muito admirava, foi representante da primeira geração republicana. Em 1903, após a morte do “Patriarca” como era chamado Júlio de Castilhos, assumiu a liderança do Partido Republicano Rio-grandense (PRR). A repercussão da morte do “Chefe Republicano”, em Pelotas e em todo país, foi enorme, como se pode observar pelos editoriais do Diário Popular, do Correio Mercantil e da Opinião Pública, além do discurso de Frederico Bastos e do vigário Marcolino Maya (vide Homenagem da Brigada Militar ao emérito estadista Rio-Grandense Dr. Júlio Prates de Castilhos, no 30º dia de seu falecimento. Porto Alegre: Globo, 1903, p.174-180). É interessante observar que as relações de amizade e familiares de Simões Lopes Neto estavam, em grande parte, envolvidas com a política castilhista, conforme se pode constatar ao conferir a lista de telegramas de pêsames pela morte de Júlio de Castilhos. Entre os mais chegados estavam: Joaquim Luis Osório (Idem, p. 229), Salles Lopes (Idem, p. 228), dr. Francisco Simões (Idem, p. 230) e até o futuro editor dos Contos Gauchescos, Guilherme Echenique (Idem, p. 230). O próprio Simões Lopes Neto enviou um telegrama com o seguinte teor: “Apresento v. exa. meu profundo pesar extraordinária perda egrégio rio grandense” (Idem, p. 229). Cassiano do Nascimento, a quem, em 1912, Simões escreverá um Elogio Fúnebre, manifestou-se na Câmara dos Deputados solicitando a inserção na ata de um voto de pesar pelo falecimento do político gaúcho (Idem, p. 149) e depois proferiu um discurso (Idem, p. 149-150). Alexandre Cassiano do Nascimento foi presidente do Estado do Rio Grande do Sul, (indicado por Júlio de Castilhos), e procurou dar continuidade ao projeto político do castilhismo, sendo fiel executor do programa positivista. Apesar de Simões Lopes Neto estar ligado aos políticos herdeiros do castilhismo e, consequentemente, ao senador assassinado, não pode concordar com o autoritarismo do decreto baixado por Nei Costa Lima, intendente provisório. A indignação do escritor pode ser vista no texto que publicou, sem assinatura, no Correio Mercantil, de Pelotas, em 05/11/1915. 23
27 Anais da Biblioteca Pública Pelotense, ano II, vol. 2, 1905, p. 47-59.
REVERBEL, Carlos. Um capitão da Guarda Nacional. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1981, p. 231.
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algo de mais permanente e útil se fizesse. Ainda sobre o intuito da publicação, um elemento de clarividência nos soa notável, pois o Capitão já via nos “reclames” uma fonte para a história. O diretor e redator único da Revista alerta o leitor para os anúncios, que devem ser tomados mais como “atestados [...] da capacidade industrial-comercial desta época da cidade [...]. O conjunto deles, no futuro dirá o que erramos e o que valíamos; e, mesmo atualmente, provará a potencial econômica municipal, em cotejo frizante com outras da mesma ou maior idade.” Ao lançar a Revista o escritor assinala duas lacunas: uma referente ao indiferentismo quanto à data de fundação da cidade, e outra, quanto ao registro de sua história. Simões Lopes Neto tinha condições de escrever uma história de Pelotas, mas não o fez. O autor explicita que, desde o texto divulgado em 1905, ele não pretendia dar a público um trabalho sistemático e acabado, preferia dar a lume documentos e dados que possibilitassem a outrem realizar “trabalho escoimado”. A Revista traz os mais diversos aspectos relativos à história de Pelotas: as origens da urbe; uma galeria dos fundadores, na qual figuram José Pinto Martins23 e Mateus Gomes Vianna – o primeiro poeta pelotense24; a desobstrução do São Gonçalo, sendo o Visconde da Graça – avô de nosso escritor – um dos realizadores da obra. A respeito dessa empreitada, afirma Reverbel25 que foi a “obra administrativa mais importante para o desenvolvimento de Pelotas no século XIX”. Traz um levantamento sobre a data de fundação das charqueadas; um sumário histórico da imprensa com a data de fundação e o nome do fundador dos jornais, desde 1851 até a Proclamação da República; aparece também a nomenclatura antiga das ruas; a lista dos integrantes da câmara, da intendência, das juntas e conselhos municipais, desde 1832, com a instalação da vila, até 1912. Além da “galeria dos fundadores”, organiza outras duas, a dos “filhos ilustres (em que está incluído Lobo da Costa) e dos “decanos da praça”, na qual figura, entre outras, as famosas Casa Scholberg (surgida em 1884), e a fábrica Lang (1864). Além disso, aparecem resenhas históricas dos municípios de São Lourenço, Canguçu, Piratini e Cacimbinhas.26
João Simões Lopes Neto historiador Para uma compreensão mais profunda da condição de historiador do criador de Blau Nunes é necessário que captemos os índices de seu modus politicus. A faceta de historiador de João Simões Lopes Neto manifestou-se antes mesmo de sua obra ficcional. Conforme já se disse, em 1905, nos Anais da Bibliotheca Pública Pelotense fez registrar sua “A cidade de Pelotas, apontamentos para uma monografia sobre seu centenário”27. Considerando a abalizada opinião de seu biógrafo pioneiro, Carlos Reverbel28, o escritor levava muito a sério, talvez até mais que a sua atividade ficcional, a escrita da história. Sua ligação com a investigação histórica fez com que fosse escolhido para integrar a Comissão de História na Academia de Letras do Rio Grande do Sul, entidade em que ingressou em 1910. Quem efetivamente atribuiu a condição de historiador ao escritor pelotense foi o historiador Walter Spalding:
Obra de fôlego deveria ser essa “Terra gaúcha” (sic) se não se tivesse perdido o segundo volume do original onde o autor trataria do Rio Grande do Sul desde o advento de Silva Pais à época em que escreveu a obra, ou seja, até mais ou menos 1910. Entretanto, o que ficou, esta primeira parte e a nota preliminar, demonstram a capacidade imensa de J. Simões Lopes Neto e lhe dão direito de figurar entre nossos historiadores do período “pré-histórico”, isto é, do Rio Grande terra de ninguém, às Missões Jesuíticas e primeiras incursões portuguesas e ao advento do brigadeiro José da Silva Pais criando o primeiro grande núcleo português na entrada da barra diabólica (sic) – o povoado, hoje cidade do Rio Grande, em volta do Forte Jesus-Maria-José.29
João Simões Lopes Neto foi ou não historiador? A especulação a esse respeito, em abstrato, pouco nos logra em conhecimento. O fato é que ele escreveu e publicou obras de cunho histórico. O que são A cidade de Pelotas (1905), A forca em Pelotas (1917) ou o já citado Terra gaúcha (1955), a Revista do 1° Centenário de Pelotas (1911-1912)? Talvez o mais difícil, para compreendermos a posição de Simões Lopes Neto como historiador, seja o entre lugar30 que sua obra tem gozado perante à crítica, de maneira semelhante aos Sertões (1902), de Euclides da Cunha. Tomemos um exemplo aleatório: Sílvio Júlio, um dos primeiros críticos a fazer a recepção do escritor.31 O crítico, que morou no Rio Grande do Sul enquanto Simões ainda vivia, sem notícia de tê-lo encontrado pessoalmente, considerou sua obra mais de dialetologista ou folclorista32, ao retratar as lendas – embora, reportando-se aos contos, destaque sua imaginação e vivacidade –, do que de verdadeiro ficcionista, ao estilizar literariamente a tradição oral. Sobre esse aspecto, afirma Arendt: A ficção simoniana é entendida pela crítica como um arquivo em que se encontra depositada a história sul-riograndense, desde os seus primórdios até o começo do século XX, sendo esse o motivo pelo qual o escritor não obteve o reconhecimento literário dos seus livros na época da publicação. O próprio trabalho de recolhimento do material folclórico assume, assim, um ar de pesquisa historiográfica.33
Na verdade, a recepção simoniana padeceu desse mal desde os primeiros textos críticos, tais como os de Coelho da Costa (1912)34 e Antônio de Mariz (1913)35, até os atuais, como o de Everton Pereira da Silva (1998)36, uma vez que estes entendem o realismo dos contos e a recolha da tradição popular como um trabalho quase documentalista, tratando de considerar a escritura simoniana como um repositório fiel da história rio-grandense37. Não resta dúvida quanto às preocupações históricas de João Simões Lopes Neto. Elas atravessam toda sua obra, tanto ficcional quanto não-ficcional. Entre os diversos exemplos possíveis, temos o conto “Duelo de Farrapos”, em que se enfrentam Bento Gonçalves e Onofre Pires, expoentes da Revolução Farroupilha. Textos que integram a parte não literária de sua escritura, tais como “Farroupilhas” (1913) ou ainda o “Glória Farroupilha”38, confirmam essa preocupação.
29 SPALDING, Walter. “Introdução”. In: LOPES NETO, João Simões. Terra Gaúcha. Porto Alegre: Sulina, p. 10.
Utilizamos essa expressão no sentido em que a usou Leopoldo Bernucci em “Interdiscursividade, rasuras e leituras de Euclides da Cunha”. In: Espaço Aberto, INES, Rio de Janeiro, n. 12, p. 41-55, jul./dez. 2009.
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31 Mais detalhes sobre Sílvio Júlio podem ser encontrados em PETERSEN, Júlio. “Sílvio Júlio e o Rio Grande do Sul”. In: FLORES, Moacyr (Org.). Cultura sul-rio-rio-grandense. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, 1981, p. 121-144. Para uma discussão profunda sobre o autor vide MEDEIROS, Carlos Túlio. A literatura sul-rio-grandense sob os olhos de Sílvio Júlio de Albuquerque Lima. Porto Alegre: UFRGS, 2007. Dissertação de mestrado em Literatura Comparada.
JÚLIO, Sílvio. Estudos gauchescos de literatura e folclore. Natal: Clube Internacional de Folclore, 1953, p. 148: “Se sabia Simões Lopes Neto em demasia quaisquer minúcias da prosódia, da semântica, do léxico, do folclore dos gaúchos, por que nos não apresentou tanto material num estudo especializado? Meter tais farripas, fagulhas, e cacos – nem sempre atraentes – numa página de imaginação, que precisa de fluência, é prejudicial e pedante”.
32
ARENDT, João Cláudio. Histórias de um Bruxo Velho. Caxias do Sul: UCS, 2004, p. 93.
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COSTA, Januário Coelho da. “Contos Gauchescos”, Diário Popular, Pelotas, 02/11/1912. Edição mais acessível: ANTUNES, Cláudia. A poética do conto de Simões Lopes Neto. O exemplo de “O negro Bonifácio”. Porto Alegre: Edipucs, 2003, p. 243-248.
34
35 MARIZ, Antônio de [pseudônimo do historiador e crítico José Paulo Ribeiro]. “Contos Gauchescos”. In: LOPES NETO, João Simões. Contos gauchescos, Lendas do Sul, Casos do Romualdo. Edição crítica de Lígia Chiappini. Rio de Janeiro/Brasília: Presença/ INL, 1988, p. 353-355. 36 SILVA, Everton Pereira da. Do regional ao universal. Contos gauchescos. Porto Alegre: L&PM, 1998, p. 8-12. 37 BORGES, Luís. “O folclore e a ficção como artifício didático-pedagógico em Simões Lopes Neto”. In: BAVARESCO, Agemir; BORGES, Luís (Orgs.). Identidades ameríndias. Porto Alegre: EST/Edigal, 2006, p. 14.
Glória Farroupilha. Coleção de elementos para subsídio histórico, reproduzido de originais autênticos Pró-Memória de Bento Gonçalves da Silva – Presidente da República Rio-Grandense e servente de seu Exército. Publicação comemorativa da inauguração do monumento farroupilha na cidade do Rio Grande. (Manuscrito inédito, Pelotas, 20/09/1909).
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Considerações Terminais Acredito que João Simões Lopes Neto estava imbuído de uma verdadeira “obsessão historiográfica”. Profundamente influenciado pelo positivismo de Augusto Comte, o pensamento de Spencer e Taine, nas versões de Sílvio Romero, José Veríssimo e Manoel Bomfim, o escritor defendia ardorosamente as idéias de evolução , progresso, ciência, educação e nacionalismo. Deste modo, embora se tenha consagrado pelo alto valor estético de sua literatura, estou convencido de que mesmo esta só poderá ser analisada e compreendida em sua inteireza mediante o estudo de sua obra não ficcional, sobretudo cívico-pedagógica e historiográfica. A questão da História, de um ou outro jeito, velada ou explícita, perpassa todos os gêneros que o Autor cultivou: no Cancioneiro Guasca (1910)40 há uma secção reservada às “poesias históricas”; nas Lendas do Sul (1913) é evidente o motivo histórico na Salamanca do Jarau; nos Contos Gauchescos (1912) existem várias estórias que trazem um fundo histórico, do que é exemplo o conto “Duelo de Farrapos”. O próprio Romualdo, com seus casos inverossímeis, foi inspirado num personagem histórico, conforme declarou Ivete Massot: Eram casos que João Simões cansou de ouvir do próprio Romualdo de Abreu e Silva, cidadão respeitável, amigo íntimo da família, em cujas casas entrava sob olhares respeitosos de todos, pela elegância de porte, sempre de luvas e cartola. Após a morte deste senhor, João Simões pensou em publicar suas fantásticas narrativas, mas não o fez sem consultar seus descendentes, que lhe deram autorização. Papai – disseram suas filhas – seria incapaz de contar suas façanhas em prejuízo de alguém; contava-as inocentemente e talvez seja esta a versão mais certa: convencido de que os amigos estivessem acreditando...41 LOPES NETO, J. S. “Uma trindade científica: Lamarck, Haeckel, Darwin”. Série de artigos no A Opinião Pública, de Pelotas, publicada em janeiro de 1913. 40 Para mais detalhes vide BORGES, Luís. “Uma teoria sobre o Cancioneiro Guasca”. In: Mundo das Letras, Periódico da Academia Pelotense de Letras, ano 10, p. 4, dez. 2010. 41 MASSOT, Ivete. Simões Lopes Neto na intimidade. Porto Alegre: Bels/Sec, 1974, p. 144. Para mais detalhes vide BORGES, Luís. Trocando orelhas. Ensaios de crítica, pesquisa e hermenêutica lopesnetina. Porto Alegre: Edigal, p. 136-146, 2003. 42 Um de seus textos menos conhecidos é A lei de expulsão dos estrangeiros, aparecido no A Opinião Pública, Pelotas, em 31/12/1912, no qual o aspecto político fica evidente. 43 Os últimos dois números da Revista saíram acoplados, correspondendo aos meses de abril e maio de 1912. Nesse fascículo derradeiro, que circulou depois dos eventos da Semana Centenária, Simões Lopes Neto justifica o atraso em função de ter sido acometido de “grave moléstia e de demorada convalescença”. 44 Carlos Reverbel, há 31 anos, já considerava raríssima a coleção da Revista do 1º Centenário de Pelotas (Cf. Um Capitão da Guarda Nacional. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1981, p. 78). 39
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Por isso, ao retomarmos duas questões principais e profundamente relacionadas – dir-se-ia praticamente inextrincáveis –, quais sejam, de que modo a Revista se insere no sentido que o Autor atribuiu aos festejos dos cem anos de Pelotas, isto é, uma afirmação da cidadania; e de que maneira os textos de cunho histórico se articulam com o conjunto da obra de Simões Lopes Neto, percebe-se que eles só vêm a corroborar a “compulsão historiográfica” do ficcionista de Contos Gauchescos. Talvez ainda não se tenha dito com todas as letras: não a despeito ou à margem, mas inclusive na condição de literato, Simões Lopes Neto era um escritor com aguçado senso político.42 Evidentemente, toda preocupação ideológica necessita localizar-se historicamente, uma vez que é nesse palco em que se disputa a hegemonia. Daí, pois, advém sua fixação na história, de um lado, como elemento mediativo, e, de outro, como realização concreta, seja na consecução de atividades cívicas ou participando de diversas instituições, seja na produção de conhecimento. A Revista constitui-se numa fonte básica da história local, uma vez que Simões Lopes Neto, na condição de historiador, privilegiou alguns documentos e fontes primárias de difícil acesso, do que é exemplo o manuscrito de José
Vieira Pimenta, de 1856. O periódico mensal, certamente, circulou em pequena tiragem e, para o fim, saiu com muita dificuldade43, tornando-se uma raridade bibliográfica44, o que ainda mais justifica a presente edição. Nessa medida, ao nos debruçarmos sobre a Revista, superando a mera curiosidade pelo pitoresco de sua obra “menor” ou “secundária” ou o interesse por uma fonte clássica da história de Pelotas, escrita por um literato da estatura de Simões Lopes Neto, podemos vê-la não mais como um elemento isolado dentro de sua obra, porém, como valioso auxílio para o desvelamento das raízes político-filosóficas que instigaram o gorado historiador/educador. De qualquer forma, na Revista se abeberaram os historiadores fundamentais da historiografia municipal, quais sejam Fernando Osorio e Alberto Coelho da Cunha e, mesmo atualmente, repetimos, ela continua a aparecer nas referências de trabalhos acadêmicos. Finalmente, vê-se que, após cem anos, a Revista continua em pauta, pois o pesquisador A. F. Monquelat, ao proceder seu trabalho de revisão da história de Pelotas45, divulgada pela imprensa em longa coleção de artigos, mais tarde coligidos em livro, tratou de investigar, entre outras, uma informação basilar (constante inclusive em material destinado a escolares46) relativamente ao surgimento da urbe: afinal, foi a empresa de José Pinto Martins o “estirão histórico”, para utilizar uma expressão de João Simões Lopes Neto, que deu origem à fundação de Pelotas? Alguns historiadores, por outro lado, continuam a dar ênfase às afirmações do redator da Revista, como se pode observar, por exemplo, no texto de Magalhães: Acredita-se que quatro anos depois, um português, vindo do Ceará, fundou a primeira charqueada industrial do Rio Grande do Sul. Onde? Às margens do rio Pelotas, no interior da Vila de Rio Grande. Essa data, 1780, poderia ser considerada, se caso nós, aqui, quiséssemos, como a data de fundação de Pelotas, em substituição ao 7 de julho de 1812, que nos habituamos a comemorar.47
A polêmica e ainda pouco assimilada posição revisionista de Monquelat48 só foi possível graças ao próprio Simões, que no conto O mate do João Cardoso forneceu as pistas para que pudesse identificar o primeiro sítio charqueador do Continente de S. Pedro. E pasmem! – Seu inaugurador, segundo Monquelat, foi João Cardoso da Silva.49 Mas deixemos a palavra ao velho Capitão, que em sua Revista, redimensionava as celebrações do Centenário: [...] a cidade é uma parte, um órgão da comunhão nacional, o seu progresso uma afirmação do avançamento geral, do qual participa e para o qual coopera. Aos habitantes, aos filhos de Pelotas cabe – exclusivamente – a relevância do cometimento. Quando a comemoração se não possa fazer de maior realce, que fique este traço de amor ao berço e ao torrão hospitaleiro lavrado nas páginas desta publicação [a Revista do 1º Centenário de Pelotas] que a boa vontade inspira e que a proteção invocada conduzirá50.
João Simões Lopes Neto, na via de mão-dupla da história e da ficção, como homem de sete instrumentos e de sete faces que era, deixou indelével marca na arte universal e na historiografia da cidade que com desmedido zelo amou.
45 Vide MONQUELAT, A. F.; MARCOLA, V. Desfazendo mitos. Pelotas: Livraria Mundial, 2012. 46 PELOTAS: uma história cultural/ensino fundamental – séries finais. Pelotas: Prefeitura Municipal; secretaria de Cultura, 2009, p. 60. 47 MAGALHÃES, Mario Osorio. “Pelotas e Rio Grande: irmãs”, Diário Popular, Pelotas, 22/03/2012. 48 Para a discussão sobre a importância do trabalho revisional de Monquelat & Marcolla, bem como sobre a resistência a essas posições, vide Luís Borges “Uma história para fazer história”, Diário da Manhã, Pelotas, 12-13/04/2009; “A saga de um desgraçado”, Diário da Manhã, Pelotas, 12/12/2011. 49 Para mais detalhes vide: MONQUELAT, A. F.; MARCOLA, V. “Pinto Martins ou João Cardoso?”, Diário da Manhã, Pelotas, 20/10/2011. Sobre o assunto vide: SANTOS, Klécio. “O charque do João Cardoso”, Zero Hora, Porto Alegre, 15/10/2011. 50 LOPES NETO, João Simões. Revista do 1º Centenário de Pelotas, p. 01.
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Acervos particulares consultados: A. F. Monquelat (Pelotas) Carlos Túlio Medeiros (Pelotas) Cristina Rosa (Pelotas) Eduardo Arriada (Pelotas) Fausto Leitão Domingues (Porto Alegre) Gilnei Corrêa (Pelotas) Mogar Pagana Xavier (Pelotas) Ramão Costa (Pelotas) Acervos institucionais consultados: Biblioteca Central PUCRS (Porto Alegre) Biblioteca IFSul (Campus Pelotas) Biblioteca Pública Pelotense (Pelotas) Biblioteca Rio-Grandense (Rio Grande) Espaço Blau Nunes (Pelotas) Instituto João Simões Lopes Neto (Pelotas) Museu Júlio de Castilhos (Porto Alegre)
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71. Bairro Fragata, ângulo em direção ao centro. Ao fundo, as torres da Santa Casa de Misericórdia. Postal 72. Bairro Fragata, ângulo em direção ao centro [À esquerda, chaminé da antiga Fábrica de Chapéus Pelotense] 73. Antiga Fábrica de Chapéus Pelotense 74. Praça 20 de Setembro [Antiga Fábrica de Fumos São Rafael] 75. Praça 20 de Setembro, ângulo em direção ao Centro. [Em primeiro plano, a antiga Praça das Carretas]. Postal 87
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76. Praça Cipriano Barcelos [Em primeiro plano, a antiga Praça das Carretas e, ao centro, o complexo da Cervejaria Ritter]. Postal 77. Praça Cipriano Barcelos [Ponte de pedra sobre o antigo leito do Canal de Santa Bárbara; ao fundo a Cervejaria Ritter] 78. Praça Cipriano Barcelos [À esquerda, ponte de pedra sobre o antigo leito do Canal de Santa Bárbara]. Aquarela. Pinneau, 1883 79. [Antigo leito do Canal de Santa Bárbara. Ao fundo, o complexo da Cevejaria Ritter]. Postal 80. [Antigo leito do Canal de Santa Bárbara] 89
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81. [Antigo leito do Canal de Santa Bárbara, visto do ângulo da ponte de pedra] 82. Pelotas. [Carreteiros em descanso]. Postado em 1903 83. [Antiga Praça das Carretas]. Ao fundo, a Santa Casa de Misericórdia 84. [Antiga Fábrica de Chapéus Pelotense e Cervejaria Ritter]. Postal 85. [Antigo leito do Canal de Santa Bárbara] 86. Rua Mal. Floriano, esquina Santos Dumont [Antiga Cervejaria Ritter] 87. Rua Mal. Floriano, em direção à Praça Cel. Pedro Osorio. [À esquerda, antigo casario entre as Ruas Gal. Osorio e Andrade Neves] 88. Rua Mal. Floriano, em direção à Praça Cel. Pedro Osorio. Trecho entre as Ruas Gal. Osorio e Andrade Neves 91
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89. Rua Mal. Floriano, em direção à Praça Cel. Pedro Osorio. [À direita, prédios entre as Ruas Gal. Osorio e Andrade Neves 90. Rua Mal. Floriano, quase esquina Andrade Neves. Postal 91. Rua Mal. Floriano, quase esquina Andrade Neves. Postal 92. Rua Mal. Floriano, vista do ângulo da XV de Novembro, em direção à Andrade Neves. Postal 93. Rua Mal. Floriano, entre XV de Novembro e Andrade Neves 94. Praça Cel. Pedro Osorio, vista desde a Rua Mal. Floriano. Postal 95
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95. Rua Mal. Floriano, esquina XV de Novembro. Postal 96. Rua XV de Novembro, esquina Mal. Floriano. Postal 97. Rua XV de Novembro, esquina Sete de Setembro. Ângulo em direção à Praça Cel. Pedro Osorio. Postal 98. Rua XV de Novembro, vista da Rua Sete de Setembro [Antigo prédio da Livraria Universal] 99. Rua XV de Novembro, próximo à Sete de Setembro [Café ao lado da Livraria Universal] 97
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100. Rua XV de Novembro, quase esquina Sete de Setembro. Ângulo em direção à Praça Cel. Pedro Osorio. Postal 101. Rua XV de Novembro, entre Sete de Setembro e Gal. Neto. Postal 102. Rua XV de Novembro, entre Gal. Neto e Sete de Setembro. Postal 103. Rua XV de Novembro, quase esquina Gal. Neto. Ângulo em direção à Praça Cel. Pedro Osorio 99
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104. Rua XV de Novembro. [Livraria Americana e Bazar Musical]. Postal 105. Rua XV de Novembro, esquina Gal. Neto. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves 106. Rua XV de Novembro, entre Gal. Neto e Voluntários da Pátria. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves 107. Rua XV de Novembro, entre Gal. Neto e Voluntários da Pátria. [Interior do antigo Hotel Aliança]. Postal 108. [Interior do antigo Hotel Aliança]. Postal 109. Rua XV de Novembro, quase esquina Voluntários da Pátria. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves. Postal 101
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110. Rua XV de Novembro, quase esquina Voluntários da Pátria. Ângulo em direção à Praça Cel. Pedro Osorio 111. Rua XV de Novembro, entre Gal. Neto e Voluntários da Pátria. [Antiga Ferragem Behrensdorf] 112. Rua XV de Novembro, vista desde a Voluntários da Pátria. Ângulo em direção à Praça Cel. Pedro Osorio. Postal 113. Rua XV de Novembro, quase esquina Voluntários da Pátria. Ângulo em direção à Praça Cel. Pedro Osorio 114. Rua XV de Novembro, esquina Praça José Bonifácio [Edifício original do Colégio Gonzaga] 223
“Aqui de cima, podeis ver como são retas e planas as ruas da pequena cidade. Aquela ruazinha estreita, no centro, é a rua 15 de Novembro, onde se faz o futing e onde estão localizados os Cafés sempre cheios e barulhentos (...). No cais, os barcos estão parados e se vê algumas velas brancas lembrando outros tempos.” Fernando Melo. Os fios telefônicos, 1948
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115. Praça José Bonifácio. Catedral São Francisco de Paula [ainda com o chafariz] 116. Catedral São Francisco de Paula. Postal 117. Catedral São Francisco de Paula. [À direita, o antigo chafariz. Desaparecido]. Postal 118. Planta da Cidade de Pelotas. [1835] 119. “Preto chicoteando outro, crucificado em pelourinho”. Aquarela. Wendroth, 1851 120. “Prisão de soldados em Pelotas”. Aquarela. Wendroth, 1851 227
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121. “Escravos conduzindo uma barrica”; “Preto acorrentado pela perna”; “Preto acorrentado, chicoteando outro”. Aquarela. Wendroth, 1851 122. Musicistas. Final do século XIX 123. Postal francês expedido em Pelotas 124. Primeiro uniforme do Colégio Pelotense 125. Lembrança da Exposição Artística do Clube Caixeiral de Pelotas. Postado em 1905
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126. Pelotas. Uma charqueada. Varais. Postado em 1904 127. Pelotas. Uma charqueada. Enfardação. Postado em 1904 128. Pelotas. Desembarque de gado. Postado em 1906 129. Rua Dom Pedro II. [Ponte de madeira]. Antigo leito do Arroio Santa Bárbara. Soldados do 29º Batalhão] 130. Dominguinhos. Tipo popular. Pelotas, início do século XX. Postal 231
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131. Arroio Santa Bárbara. Lavadeiras 132. Arroio Santa Bárbara. [Ao fundo a Cervejaria Ritter] 133. Rua Dom Pedro II. [Ponte de ferro. Antigo leito do Arroio Santa Bárbara]. Postal 134. Rua Dom Pedro II [Antiga ponte de madeira] e Praça Piratinino de Almeida. Caixa d’Água. Postado em 1907 135. [Arroio Santa Bárbara. Construção da Ponte do Ramal Ferroviário] 136. [Arroio Santa Bárbara. Ponte do Ramal Ferroviário]. Postal 137. [Arroio Santa Bárbara. Moinho Pelotense] 138. [Arroio Santa Bárbara. Moinho Pelotense]. Postal 233
“Deixando o bulício da cidade, dirigi-me às margens do poético Santa Bárbara, que nesse instante parecia dormir.” Lobo da Costa. Espinhos d’Alma, 1972
“Na madrugada do dia seguinte, Victor, em companhia de uma respeitável família passara a ponte do Santa Bárbara, com destino a uma cidade do interior.” Francisco de Paula Pires. Quadros Horripilantes, 1883, p. 9
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139. Canal de São Gonçalo. Construção da ponte de ferro 140. Canal de São Gonçalo. Ponte de ferro. Postal 141. Uma parte da povoação de Pelotas. Litografia. Ludwig, década de 1840 142. Porto de Pelotas. Postado em 1904 143. Porto de Pelotas. Postal 144. Porto de Pelotas 145. Porto de Pelotas. Cais e Praça Domingos Rodrigues. Postal 146. Porto de Pelotas 237
“Quem, pela primeira vez, desce o sangradouro, ou antes, o canal, que une as duas lagoas, – Mirim e Patos –, justamente no ponto em que este, – S. Gonçalo –, encontra a última, ao olhar a costa, solta uma exclamação admirativa ante a lhaneza da paisagem.” Heloisa Assumpção. Harmonia Excelsa, 1932
JOÃO CARDOSO: dos Contos gauchescos para a História A. F. Monquelat* Valdinei Marcolla**
“Vancê nunca ouviu falar do João Cardoso?... Não?... É pena. O João Cardoso era um sujeito que vivia por aqueles meios do Passo da Maria Gomes; bom velho, muito estimado, mas chalrador como trinta e que dava um dente por dois dedos de prosa, e mui amigo de novidades.” Vancê agora lembrou? Pois bem, é sobre este João Cardoso, que Simões Lopes Neto eternizou através de um de seus contos, “O Mate do João Cardoso”, que pedimos licença para falar. O nome por inteiro deste “bom velho” era João Cardoso da Silva. Foi um sujeito importante, dono de muitos escravos e senhor de muitas terras, que viveu lá para os lados da Forqueta Grande do Piratini. Dizem que ainda hoje há vestígios, naquelas bandas, do “Rancherio do João Cardoso”. Houve também por lá, em algum lugar de suas terras, o “Paço Geral do João Cardoso”; mas desse, não sobrou rastro. “Também... naquele tempo não havia jornais, e o que se ouvia e se contava ia de boca em boca, de ouvido para ouvido”; menos mal, podia não ter sobrado história alguma sobre o mate que não vinha: “Oh crioulo, olha o mate!”. Enquanto o mate não vem, vamos aproveitar para falarmos um pouco sobre o João Cardoso na história do Continente.
* Pesquisador. Dentre os livros publicados pelo autor destacam-se: MONQUELAT, A. F.; MARCOLA, V. O processo de urbanização de Pelotas e a fazenda do arroio Moreira. Pelotas: UFPEL, 2010; e Desfazendo mitos. Notas à história do Continente de São Pedro. Pelotas: Livraria Mundial, 2012. ** Doutor em Educação pela UFPel.
A primeira vez que topamos com o nome de João Cardoso foi quando de nosso trabalho sobre o Povoamento de Pelotas, onde, ao escrevermos sobre a história da Sesmaria do Forte de São Gonçalo, dissemos a certa altura: “Por informação do Sargento-mor Francisco Pires Cazado, consta-nos estar o Suplicante estabelecido por compra que fez dos ditos campos, ou por lhe tocar como ajuste de uma Sociedade que teve com João Cardoso”. A informação prestada pelo sargento-mor Francisco Pires Cazado (marido de Mariana Eufrásia da Silveira), atendia ao pedido da Câmara de Porto Alegre, cujo propósito era o de satisfazer a ordem do Vice-rei, que, por sua vez, pretendia atender ao pedido de Sesmaria requerido pelo charqueador Teodósio Pereira Jacome, o qual informara ao Vice-rei, quando da solicitação, “que a ele, suplicante, concederam uns campos de que se acha de posse, e neles fazendo suas charqueadas”. Embora nossas atenções estivessem voltadas para o sesmeiro charqueador Teodósio Jacome, não pudemos, em vista do nome de João Cardoso, deixar de fazer um comentário: “Bem que este João Cardoso poderia ser o João Cardoso do Simões Lopes Neto”. “Oh! Crioulo!... olha esse mate, diabo!” Logo a seguir, e ainda no mesmo trabalho, transcrevemos um texto que a certa altura diz que: “Outro despacho semelhante aos estabelecidos, e do mesmo Marechal Governador, mas também dos dois campos circunvizinhos, pertencentes ao Suplicante, apegando-se a uma posse que teve, por licença do mesmo Marechal Governador, para xarquiar duas mil reses com seu Sócio João Cardoso da Silva”; se, por um lado, acrescentamos ao nome de João Cardoso, o “da Silva”, por outro, perdemos o rastro do João Cardoso. Daí, resolvemos reler o conto de João Simões Lopes Neto, e lá estava uma pista: “O João Cardoso era um sujeito que vivia por aqueles meios do Passo da Maria Gomes”. Ora, no Rio Grande do Sul se dava o nome de Passo ao lugar onde se atravessa um rio; passagem, e o nosso João Cardoso da Silva andou charqueando com seu sócio, Teodósio Pereira Jacome, nos campos da região do Forte de São Gonçalo, “que partem pelo Norte com o rio Piratini”; e como ainda hoje é sabido que o Passo da Maria Gomes é lá para as bandas de Piratini, descobríssemos nós quem era a Maria Gomes, e estaríamos novamente nas pegadas do João Cardoso. Bem, mas quem era Maria Gomes? A mulher do Gomes? A filha do Gomes? A viúva do Gomes? Uma dateira? Uma sesmeira? Pergunta daqui... indaga dali... chegamos a uma história de que a tal Maria Gomes, mulher do Manoel Gomes, indo banhar-se no tal Passo, morreu afogada. A partir desta história, saímos atrás do Manoel Gomes; e descobrimos que lá por aqueles meios, havia ele comprado uns campos do capitão José de Azevedo Marques, que dos tais campos tinha apenas a concessão e posse. Esses campos, concedidos pelo Governador do Continente, José Marcelino de Figueiredo, eram sitos junto ao Serro Pelado, dividindo-se pelo Norte com os campos do capitão 242
Simão Soares da Silva; e pelo Sul, com os do tenente-coronel Manoel Marques de Souza; pelo Leste, com os de Luiz Marques; e pelo Oeste, com o rio Piratini; os quais, “teriam pouco mais de uma légua de frente e duas de fundo”. Querendo legalizar tal compra, solicitou Manoel José Gomes, depois de cumprir as formalidades, sua Carta de Sesmaria a Dom José de Castro, Conde de Rezende e Vice-rei do Estado do Brasil, que a concedeu aos sete dias do mês de fevereiro do ano de 1794. Até aí, o rastro esquentou. Faltava saber se a mulher do Gomes se chamava Maria. Prosseguimos na busca, e ficamos sabendo que a mulher do Manoel José Gomes era Rosa Maria da Silva. Fosse ela Maria Rosa da Silva, ficaria mais provável ser ela a própria. Uma porque era Maria; e outra, por ser a mulher do Gomes e por isso a chamarem de Maria Gomes; mas não era. Quem sabe, então, fosse a filha do Manoel Gomes, a tal de Maria Gomes? Verificamos os nomes dos filhos do Manoel José Gomes, e chegamos a estes que aí vão: Joaquim José Gomes (casado com Maria Delfina); João José Gomes (casado com Joana Maria); Luzia Cipriana Gomes e Maria do Rosário. E então, qual delas teria dado nome ao Passo? Na dúvida, procuramos saber se por lá vivera uma outra Maria Gomes. Fizemos uma varredura geral pela circunvizinhança e encontramos um outro sesmeiro, de nome José Rodrigues de Carvalho, que por volta de 1792 havia solicitado, por Carta de Sesmaria, “uns campos, que se achavam devolutos, da parte Meridional do rio Piratini, que tinham légua e meia de testada, sendo está testada no mesmo rio Piratini; e três léguas de fundo; dividindose pelo Norte com o mesmo rio; pelo Sul, com o arroio da Palma; pelo Leste, com os campos do capitão Francisco Corrêa Pinto; e pelo Oeste com os campos de Manoel Fernandes de Melo”, ao Vice-rei, que lhe fez passar a Carta aos seis dias do mês de agosto de 1800. “Oh! crioulo, olha esse mate!” Ao final dos Autos de Medição e demarcação dos campos concedidos ao sesmeiro José Rodrigues de Carvalho, havia um mapa, no qual o Piloto apontou, dentre outros pontos, dois Passos entre “a Forqueta dos Piratinis”, que eram o “Paço Geral do Manoel José [Gomes]”, e o “Paço Geral de João Cardoso”. Ué! perdemos o passo do Passo da Maria Gomes, para encontrar o Passo do João Cardoso; mas, antes de segui-lo, é preciso dizer que o nome da mulher do sesmeiro José Rodrigues de Carvalho era Germana Maria Gomes. Agora nos indagamos: qual deles deu origem ao Passo da Maria Gomes? O “Paço Geral de Manoel José”? Ou o “Paço Geral de João Cardoso”? Agora leitor, dê licença que precisamos ter dois dedos de prosa e tentar tomarmos um amargo com o “bom velho [e] muito estimado João Cardoso”. 243
Já que não tínhamos ressábio algum e queríamos que o homem falasse como trinta ou mais, nosso interesse é que a prosa se estendesse e corresse no tempo, “como água de sanga cheia”. – Bueno seu João Cardoso, e quais são as novidades? Primeiro ficamos sabendo que os campos, de sua propriedade, não eram apenas os campos compreendidos em uma única Sesmaria, e sim formados por quatro sesmarias. – Oigalê! Quer dizer então que o senhor, seu João Cardoso, recebeu quatro graças; e isso era possível, seu João Cardoso? Dentre os papéis, havia um em que ele dizia nunca ter alcançado a graça de uma única braça durante toda a sua vida e que todos os seus campos, os adquirira por compra. “Oh! crioulo! Traz mate!” O primeiro deles, o comprara de um sujeito chamado Joaquim José da Rocha e de sua mulher, Ana Tereza das Chagas, através de Afonso Pereira Chaves. O preço pago pela Sesmaria foi o de “cincoenta mil réis em fazenda seca, pelos seus preços ordinários” e o documento, um recibo particular de venda, foi assinado pelo casal de vendedores, aos “vinte e seis de julho de mil setecentos e oitenta e três”, na Vila de Nossa Senhora dos Anjos. E, a rogo de Ana Tereza das Chagas, assinou José Ignacio da Costa. Logo abaixo do papel de venda, havia um “Pertence esta data de terras a João Cardoso da Silva, por compra que da mesma fiz para o dito, por ordem antecipada para o fazer; e, por verdade, passo o presente por mim feito e assinado. Arroio Grande, 17 de dezembro de 1783. Afonso Pereira Chaves”.
A Sesmaria de Joaquim José da Rocha Em requerimento encaminhado ao governador Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, disse Joaquim José da Rocha, que ele, Suplicante, serviu a “Sua Majestade dezoito anos no Regimento de Dragões e Infantaria Ligeira, onde teve baixa; e, presentemente, se acha com obrigação de mulher, três filhos, dois escravos, algumas reses e animais cavalares, vivendo à mercê, por não ter porção de terras aonde se estabeleça; e, como na Forqueta grande dos Piratinis, logo adiante do Serro Pelado, onde se acham terras devolutas, pede a Vossa Senhoria seja servido conceder-lhe três léguas de terreno, no mesmo sítio, dividindo-se com o torrão, que requer José Luiz da Cunha [...]”. Aos vinte dias do mês de dezembro de 1780, o Governador pediu que o Coronel Comandante da Fronteira desse Informe sobre o requerido. O Informe dado por Rafael Pinto Bandeira, Coronel Comandante da Fronteira, no mesmo dia 20, foi o de que as terras pretendidas, “se acham devolutas”. 244
Em vista do informado, despachou o Governador dizendo que; “Concedo ao Suplicante, sem prejuízo de terceiro, légua e meia de comprido e uma légua de largo no terreno que aponta, com declaração de que, este despacho, só terá vigor não se apresentando outro meu mais antigo, que confira o mesmo terreno. Vila do Rio Grande de São Pedro, 29 de dezembro de mil setecentos e oitenta. Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara”.
A Sesmaria de Antônio Inácio Rodrigues Cordova A segunda das sesmarias adquiridas por João Cardoso foi comprada do tenente Ignácio Cordova e sua mulher Josefa Joaquina da Cunha, também por instrumento particular de compra passado de próprio punho do vendedor, onde este diz que, “é verdade que tenho vendido ao Sr. João Cardoso da Silva umas terras, que tenho na Forqueta grande dos rios Piratinis, que compreendem o equivalente de três léguas de comprido e uma de largo; e se dividem por um e outro Piratini até onde se juntam; e pelo lado oposto, se dividem com terras que o mesmo Sr. João Cardoso comprou de José Luiz da Cunha, como melhor se declara na Certidão da Medição; [...], cuja venda temos feito pelo preço de vinte e seis dobles e meio [dobles ou dobrões, era uma antiga moeda de ouro, que valia vinte e quatro mil e quinhentos réis], cuja quantia recebi ao fazer deste [...]. Vila do Rio Grande de São Pedro, 26 de março de 1786. Ignacio Roiz Cordova; Josefa Joaquina da Cunha e, como testemunha, José Batista de Carvalho”. Meses depois da compra, João Cardoso da Silva requereu ao Provedor da Fazenda Real, dizendo que era preciso que o Escrivão lhe passasse por Certidão “o teor do despacho que o tenente Antônio Inácio Rodrigues Cordova obteve, pelo qual se lhe conferiu uma Sesmaria ou Data de terras na Orqueta Grande, entre os dois Piratinis [...]”. Atendendo ao pedido de João Cardoso e despacho do Provedor da Fazenda Real, Domingos de Lima Veiga, Escrivão da Fazenda Real e Matrícula de Guerra da Capitania de São Pedro do Rio Grande, através da Certidão lavrada em Porto Alegre aos 26 dias do mês de novembro de mil setecentos e oitenta e seis, verificou ter certificado que, “revendo os títulos de terras, que se acham nesta Provedoria, pertencentes ao Distrito do Serro Pelado, entre eles se acha o que o Suplicante pede por Certidão, o qual é de teor seguinte: [...]”. Dizia o alferes de Infantaria, Antônio Inácio Rodrigues Cordova, que ele, Suplicante, servia Sua Majestade há dezoito anos e que, presentemente, se achava com obrigação de mulher, alguns escravos e com possibilidades para comprar alguns animais; e, para efeito de melhor poder se estabelecer, pedia que “Vossa Senhoria” fosse servido em conceder-lhe três léguas de terreno da Forqueta grande dos rios Piratinis, no princípio dela, que se achava légua e meia adiante do Serro Pelado. Para melhor atender ao pedido do Alferes, o Governador solicitou, aos vinte dias do mês de dezembro de 1780, que o Comandante da Fronteira, “viesse com o seu informe”. 245
Informou o Coronel Comandante, Rafael Pinto Bandeira, no mesmo dia 20, desde a Vila do Rio Grande, que os campos de que tratava o pedido do alferes Cordova, “se acham devolutos”. Diante do Informe recebido, o governador Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara decidiu conceder ao Suplicante, “sem prejuízo de terceiro, três léguas de comprido e uma de largo no terreno que aponta”, ressalvando que aquela concessão só teria validade não se apresentando outro despacho dele “mais antigo” que tratasse do mesmo terreno, ficando o Suplicante obrigado a requerer Sesmaria na forma das Reais Ordens. O despacho do governador foi datado em vinte e nove de dezembro de 1780, na Vila do Rio Grande. Nessa altura o leitor deve estar achando que este assunto – “está como o mate do João Cardoso!”; mas é preciso um pouco mais de paciência porque as novidades são muitas e a nós pouco está importando que a galinha tenha já lambido e relambido a orelha. “Oh! crioulo, olha esse mate!” Pegamos o documento de compra da terceira Sesmaria do “seu João Cardoso”; e, dada a clareza e uniformidade da letra, resolvemos transcrevê-lo na íntegra: “Por este, por mim feito e assinado, digo eu, Joze Luiz da Cunha e minha mulher Thereza Ignacia de Jesus, que é verdade que tenho vendido ao Sr. João Cardoso da Silva, umas terras que tenho na Forqueta dos rios Piratinis, que compreendem o equivalente de duas léguas de comprido e uma de largo, e dividem-se pelo lado da mesma Forqueta, com terras que o dito Sr. João Cardoso comprou ao tenente Antônio Inácio; e, pelos mais lados, dividem com terras de João Pereira Chaves, cujas terras houve por Data concedida pela Sr. Brigadeiro Governador deste Continente, Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, como consta dos títulos que, com esta, junto entregamos; cuja venda tenho feito ao dito Sr. João Cardoso, por preço de noventa e seis mil réis, que nós aceitamos; a qual quantia recebi ao fazer desta, e dela me dou por inteiramente pago e satisfeito. E, da mesma sorte, lhe faço entrega das ditas terras para que as possua e logre como suas próprias que são e ficam sendo de hoje para todo o sempre, em virtude da presente venda, que quero tenha o seu devido efeito, sem embargo de não ser feita por escritura pública, por não haver aqui Tabelião, a qual me obrigo a fazer-lhe, todas as vezes que houver comodidade para isso; e, para firmeza do que lhe passei esta, por mim feita e assinada, por minha mulher e pelas testemunhas que abaixo vão assinados. Cadeia do Rio de Janeiro, 20 de junho de 1786”.
A Sesmaria de José Luís da Cunha Por volta de dezembro de 1780, José Luís da Cunha, mestre carpinteiro, morador da Vila de Porto Alegre, encaminhou requerimento ao Governador da Capitania, dizendo que ele, Suplicante, possuía animais vacuns e cavalares e não tinha 246
campos onde os pudesse criar; e, “porque se acha campos devolutos na Forqueta grande dos Piratinis, logo adiante do Serro Pelado”, pretendia ele, Suplicante, que “V. Senhoria lhe concedesse o terreno de uma Sesmaria, que compreende três léguas de comprido e uma de largo. O Suplicante é criador, tem treze filhos e filhas e tem escravos. Serve a Sua Majestade há trinta e dois anos, acompanhou ao Sr. Conde de Bobadela na Expedição das Missões e, até o presente, não tem obtido graça alguma de terras pelo que, se faz digno do que requer”. José Luís da Cunha encerrava o pedido dizendo que o terreno por ele requerido dividia-se “com o terreno que pede José Ignacio da Costa”. Ao pedido de José Luís da Cunha, o Governador, desde a Vila do Rio Grande, aos 20 dias do mês de dezembro de 1780, solicitou que o Coronel Comandante da Fronteira, apresentasse o seu Informe. No mesmo dia 20, Rafael Pinto Bandeira, Coronel Comandante, também desde a Vila do Rio Grande, respondeu informando que, “os campos de que trata este requerimento estão devolutos”; diante disso, disse o Governador em seu despacho que: “Concedo ao Suplicante, sem prejuízo de terceiro, duas léguas de comprido e uma de largo nos terrenos que aponta, com declaração que este despacho só terá vigor não se apresentando outro meu mais antigo, que confira o mesmo terreno; sendo o Suplicante obrigado a requerer Sesmaria, no termo das Reais Ordens. Vila de São Pedro, 20 de dezembro de 1780. Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara”. “Oh! crioulo! ... olha esse mate!” Antes de darmos continuidade a este trabalho, queremos trazer algumas questões que nos despertaram a atenção, quando da paleografia dos documentos de concessão e compras feitas pelo “seu João Cardoso”. Deve ter percebido o leitor que os pedidos feitos por Antônio Inácio Rodrigues Cordova, Joaquim José da Rocha e José Luís da Cunha, foram feitos e tiveram seus despachos no mesmo dia, ou seja, dia 20 de dezembro de 1780. A letra do requerimento de José Luís da Cunha é a mesma letra do despacho (Informe) dado por Rafael Pinto Bandeira; e a informação que o tenente Antônio Inácio Rodrigues de Cordova dá, quando da venda feita a João Cardoso, em 26 de março de 1786, quando se refere ao confrontante, diz que “pelo lado oposto, se dividem com terras, que o mesmo Sr. João Cardoso comprou de José Luís da Cunha [...]”; a compra das terras de José Luís da Cunha foi feita em 20 de junho de 1786; portanto, Cordova sabia antecipadamente o que, pelo menos documentalmente, não havia acontecido. Estranho, não? Um outro fato é a rapidez com que foram despachados os requerimentos, e todos no mesmo dia; quando, a praxe, era a de verificar, in loco, as afirmações feitas pelo Suplicante, o que não foi feito; pois, Rafael Pinto Bandeira estava em Rio Grande no dia, que é o dia em que deu os Informes. 247
Bem, mas vejamos alguns procedimentos tomados pela comprador João Cardoso da Silva, quanto às suas Sesmarias. Em dezembro de 1785, João Cardoso requereu ao Brigadeiro Governador, que este permitisse e concedesse licença do tenente de Infantaria, Antônio Inácio Rodrigues Cordova, para que fizesse a medição e demarcação das cinco léguas de terreno na Forqueta grande dos Piratinis, uma légua mais ou menos de distância do Serro Pelado, para que, com “mais clareza das suas extremas e rumos pudesse tirar Carta de Sesmaria, na capital do Rio de Janeiro”. Solicitou, também, que o ereo João Pereira Chaves fosse notificado para presenciar a medição, à vista dos documentos e títulos dos terrenos, que o Suplicante, no ato da medição, apresentaria. O Brigadeiro Governador, Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, desde o Rio Grande, aos 28 de dezembro de 1785, despachou dizendo que “Convenho no que o Suplicante pretende”. Vimos que o pedido para medir e demarcar os campos de João Cardoso indicavam o nome do tenente Antônio Inácio Rodrigues Cordova para tal ato; e este, era um dos que haviam vendido campos para ele, João Cardoso; outro detalhe que nos despertou a atenção foi o de estar anexado ao processo do pedido da Carta de Sesmaria a medição realizada pelo Tenente, com a data de 20 de novembro de 1785; portanto, um mês e oito dias antes do Governador ter concordado com o que pedira João Cardoso. Prosseguindo no intento de requerer sua Carta de Sesmaria, em petição encaminhada ao Vice-rei, “Diz João Cardoso da Silva, morador no Continente do Rio Grande, que ele é senhor de um terreno com cinco léguas de fundo e uma légua de comprido, em frente, pouco mais ou menos, do lugar chamado de Forqueta grande dos Piratinis; [cujas terras] se dividem por um lado com Manoel José Gomes; por outro, com Balthazar José; por outro, com Manoel Fernandes de Melo; [e que estas suas terras], já se acham medidas e as houve por compra que delas fez a Antonio Ignacio Rodrigues Cordova, a José Luís da Cunha e a Joaquim José da Rocha, como tudo consta dos documentos juntos; e, nessas terras, tem o Suplicante suas criações; e que, para melhor estabelecimento, pede a V. Exª., se digne mandar lhe passar Sesmaria das ditas terras. Espera Real Mercê”. O despacho do Vice-rei, ao pedido, foi o de que o Governador do Rio Grande desse o seu Informe, ouvindo por escrito a Câmara e o Provedor da Fazenda Real. Tal despacho tem a data de 11 de fevereiro de 1791. Atendendo a ordem do Vice-rei, pediu o Governador que o Senado da Câmara e o Provedor da Fazenda Real do Continente dessem os seus informes a respeito. A solicitação estava datada desde o “Povo de São João Batista, 1º de junho de 1791”, com a rubrica de Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara. O Senado da Câmara, em Porto Alegre, aos 11 de abril de 1792, informou ao Governador que, segundo o tenente José Joaquim de Oliveira, constava-lhes, que o Suplicante havia povoado os ditos campos, por compra que deles fizera. 248
Já o Provedor da Fazenda Real, Ignacio Ozorio Vieira, além do já informado pela Câmara, acrescentou, em 19 de setembro de 1792, “que o Suplicante está estabelecido nas terras de que faz menção a Petição retro, e as têm povoado com animais e demais benfeitorias”. De posse dos Informes da Câmara e do Provedor da Fazenda, responde o Governador Sebastião da Câmara ao Vice-rei, Conde de Rezende, nos seguintes termos: “Sendo V. Exª. servido ouvir-me sobre o requerimento junto, em que João Cardoso da Silva pretende obter, por Sesmaria, um ou mais terrenos que possui a título de compras, tenho a honra de informar a V. EXª., que assim, por esta razão, como pela de existir o dito terreno, ou terrenos, dentro dos limites desta Fronteira, posto que não compreenda mais de quatro léguas e meia de extensão, me persuado ser o próprio requerimento fundado em justiça; e, como tal, digno de que V. Exª. lhe defira, concedendo ao mencionado João Cardoso da Silva, com as seguintes confrontações: uns campos, onde se acha estabelecido, sitos na Forqueta grande dos Piratinis que, pelo Norte, se dividem dos campos de Manoel José Gomes, e Balthazar José, pelo rio Piratini menor e o Arroio da Fazenda; pelo Leste, com a dita Forqueta grande, e uma porção do rio Piratini maior, dividindo com Manoel Fernandes de Melo; pelo Sul, com o mesmo Piratini e o Arroio Tamanduá, confrontando com terras de Pedro Chaves; e, por fim, pelo Oeste, com João Pereira Chaves, por duas vertentes que baixam do alto de um rodeio antigo, meia milha a Noroeste de uns pedregais, ou asperezas, e deságuam nos ditos dois Arroios, cujos campos, compreendem três léguas de comprido e uma e meia de largo. [...]. Rio Grande, 22 de julho de 1793. Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara”. Em face da resposta e sugestão do Governador do Continente, o Vice-rei, o Conde de Rezende, ordenou o “Passe Carta na forma que aponta o Governador do Rio Grande. Rio, 7 de outubro de 1793. Conde de Rezende”. E assim sendo e com as mesmas confrontações e dimensões indicadas pelo Governador, foi passado Carta de Sesmaria a João Cardoso da Silva, com “três léguas de comprido e uma e meia de largo”, aos vinte e três dias de outubro de 1793; Carta esta, registrada no Livro 65, que serve de “Registro Geral desta Secretaria de Estado, a fls. 15 verso. Rio, 12 de outubro de 1793. José Pereira Leão, Oficial Maior da Secretaria”. A quarta, e última das áreas adquiridas por João Cardoso da Silva, foi a comprada de José Inácio da Costa e sua mulher, Antonia Joaquina de Jesus, os quais, por instrumento particular de venda, disseram ser senhores e possuidores de uma “Fazenda de campos”, sita na Forqueta do Piratini, com as divisas declaradas na Carta de Sesmaria, “que me concedeu o Vice-rei do Estado [...] e, com todas as benfeitorias, na forma que possuímos, fazendo esta venda, como, com efeito vendidos temos, de hoje para todo o sempre, por nós e nossos herdeiros, ao Sr. João Cardoso da Silva, por preço e quantia contratados e justo de duzentos mil réis, que recebemos presentemente, e que ficamos pagos e satisfeitos, pelo qual, damos plena e geral quitação [...]; e, para a inteira validade deste papel particular de venda, que valerá como Escritura Pública, a qual não passamos por 249
estarmos longe do Cartório, que fica a mais de nove léguas [...], estando desta forma o dito comprador empossado, tanto na posse real e atual como corporal, sem oposição alguma, ficando desta forma por feita, firme e valiosa a sobredita venda, à vista das testemunhas abaixo assinadas. Bom Retiro de Santo Antônio, 20 de janeiro de 1796. José Inácio da Costa; Antonia Joaquina de Jesus; José Balthazar; Luiz Antônio Dias e Domingos Machado de Morais”. A Sesmaria de José Inácio da Costa, que havia povoado uns campos na Forqueta do Piratini, “com licença do Brigadeiro Governador atual, os quais terão légua e meia de frente e duas de fundos; pelo Norte, partem com campos de José Luís [da Cunha]; pelo Sul, com o capitão Antônio Ferreira da Silva; e pelo Este, com Joaquim José Rocha, em os quais campos tem o Suplicante mais de seiscentos animais vacuns e cavalares, lavouras e escravos, [...]”; foi concedida, depois de cumpridas as formalidades legais, aos 13 dias do mês de abril de 1790, sendo a Carta de Sesmaria, assinada pelo Conde de Resende, datada de 15 de setembro de 1790; e “Registrada no Livro 40, que serve de Registro Geral nesta Secretaria do Estado, a fls. 38”. Nova medição e demarcação das terras de João Cardoso Reconhecendo ter havido algumas falhas na medição anterior de suas terras, peticiona João Cardoso, em meados de novembro de 1810, ao Juiz das Sesmarias, pedindolhe que proceda nova medição e demarcação da “fazenda denominada da Forqueta grande, entre os dois Piratinis, para bem da confirmação da sua Sesmaria”. Pediu, ainda, que o Juiz determinasse o dia e mandasse notificar aos ereos e mais partes interessadas, sob pena de revelia. “Distribuída e autuada, proceda-se na medição requerida com o Piloto e o Ajudante da corda do Juízo; e, para se dar início, designo o dia 26 do corrente mês (de novembro) citando-se os ereos e partes interessadas, para comparecerem com seus documentos, sob pena de revelia”, foi o conteúdo do despacho dado ao pedido de João Cardoso. A seguir, pelo meirinho José da Cunha Pereira, foram notificados: Afonso Pereira Chaves e sua mulher, Ana Gertrudes Alváres Pereira; o alferes Bernardo Dias de Castro e sua mulher, Isabel Alváres; Francisca Ignacia de Jesus; Francisco das Chagas e sua mulher, Perpétua Maria; José Rodrigues de Carvalho e sua mulher, Germana Maria; foram citados também, pelo Meirinho, os seguintes agregados de João Cardoso da Silva: Pedro Dias de Oliveira e sua mulher, Ana Maria; Martinho Pais de Oliveira e sua mulher, Catarina “de tal”; Antônio Soares e sua mulher, que se deram por informados de todo o conteúdo do despacho do Juiz, aos 24 de novembro de 1810. “Oh! crioulo, olha esse mate!”, que as visitas estão chegando, diabo. O TERMO DA AGULHA Aos vinte e seis dias do mês de novembro de 1810, nos campos de João Cardoso da Silva, denominados da Forqueta grande dos Piratinis; e, sendo aí, onde se 250
achava o Juiz das Sesmarias, Henrique da Silva Loureiro, com ele Escrivão do seu cargo, adiante nomeado e demais Oficiais do Juízo, mandou ao piloto José de Lemos Dourado Vizeo, que bem e verdadeiramente, debaixo do seu ofício, declarasse se a Agulha com a qual pretendia medir os campos do Autor estava boa, bem zerada e capaz de procurar as direções necessárias, ao que, satisfeito pelo Piloto, foi lavrado o Termo da Agulha. O TERMO DA CORDA “[...], mandou vir o Ajudante da corda, Manoel Antônio da Costa Rocha, e pediu que este, debaixo do seu cargo e perante aos demais Oficiais, medisse a corda com que pretendia proceder a medição, declarando suas braças e qualidade, ao que, trazendo a corda perante todos, a mediram e acharam ter cinquenta braças dez palmos craveiros, cada braça; e, ser a corda de algodão encascado [...]”. A MEDIÇÃO “[...]; e, sendo aí, no lugar da barra de uma sanga, que deságua no arroio do Meio, onde faz divisa com Afonso Pereira Chaves e seu sócio, Bernardo Dias de Castro [proprietários da fazenda do Espírito Santo], pelo autor, João Cardoso da Silva, foi dito ao Juiz, que visto terem sido citados todos os ereos confinantes, bem como todos os seus agregados, que desse início à Medição, apregoando a todos os presentes, se aquela medição judicial prejudicaria a algum dos presentes; tendo sido, pelo Porteiro, na forma do costume, chamados os ereos, estes não ofereceram dúvida alguma, ao que o Juiz mandou levantar no dito lugar da Sanga uma baliza de pedra tosca, que tem no seu comprimento quatro palmos, e de largo um e meio; e dali, mandou o Juiz que dessem início à medição pela costa do arroio do Meio; e sentando o Piloto a agulha, na barra da Sanga, soltou ao rumo de Susudoeste pela costa do arroio do Meio, e, por ali, se mediram cento e quinze braças [...]; e daí, compareceu a viúva Francisca Maria, agregada do Autor, e por ela foi dito ao Juiz que, em virtude de ter sido notificada, tinha a declarar que ali nada tinha de seu, e que plantava a favor do Autor, [...]; e aí, mandou o Juiz parar a medição, por não haver mais tempo [...]”. SEGUNDO DIA DA MEDIÇÃO Aos vinte e oito dias do mês de novembro de 1810, onde se achava o Juiz das Sesmarias, Henrique da Silva Loureiro, mandou que continuasse a medição; “e sentando o Piloto a agulha [...]; até o passo geral da Forqueta grande dos Piratinis; [...], a Norte, quarta de Noroeste, noventa e duas braças até um rancho, que disseram ser do agregado Martinho Pais de Oliveira, o qual, por ter sido notificado, compareceu diante do Juiz e disse que nada ali era seu, e que plantava a favor do autor, João Cardoso da Silva, à vista do que mandou o Juiz prosseguir na medição; [...]; Nordeste, quarta de Norte, seiscentas braças, e ali compareceu Pedro Dias, e perguntado [...]; respondeu que nada ali tinha, senão enquanto o Autor lhe fizesse favor; pois, estava plantando por obséquio dele, Autor, [...]; e o dito Juiz mandou parar a medição, dando-a por finda e me mandou lavrar este Termo, no qual assinou com o Piloto, Ajudante da corda, partes e testemunhas; e eu, Bento Rodrigues Seixas, Escrivão das Sesmarias, o escrevi”. TERMO DE DECLARAÇÃO DO PILOTO Aos vinte e nove dias do mês de novembro de 1810, [...], pelo piloto José de 251
Lemos Dourado Vizeo, foi dito ao Juiz que os campos do autor, João Cardoso da Silva, que ele havia medido, tinham de área superficial, conforme as bases e pontos tomados, constantes destes Autos, trinta e cinco centos, noventa e sete mil duzentas e noventa braças superficiais e que essa irregularidade do terreno e elevação das lombas correspondiam aproximadamente a quatro léguas e meia quadradas, conforme o mapa que apresentava e que as terras se dividem pelo Norte, com o arroio Tamanduá, ou Lageado, e parte do Piratini maior, que divide as terras de Francisco das Chagas e as de dona Francisca Ignacia de Jesus e seus herdeiros; e pelo Leste, com a Forqueta do Piratini maior, que divide as terras de João Rodrigues de Carvalho e de João de Jesus Maria; e pelo Oeste, com a coxilha geral, onde nascem duas sangas; uma, para o Norte, chamada de Rodeio velho, que deságua no arroio do Meio; e a outra, para o Sul, chamada de o Passo da Cruz, que nasce do alto da coxilha do mesmo Rodeio velho, e deságua no Tamanduá, que dividem as terras de Afonso Pereira Chaves e seu sócio, Bernardo Dias de Castro; e, mais não disse e nem declarou [...]”. A SENTENÇA DO JUIZ DAS SESMARIAS “Vistos estes Autos de Medição, a requerimento de João Cardoso da Silva, e etcétera: dos mesmos se mostra ter-se praticado a dita Medição com as solenidades de Direito, e sem prejuízo de terceiro nem oposição alguma e dentro das divisas materiais e confrontações expressadas na Sesmaria transcrita no documento a folhas quatro, achando-se a área que denota o Piloto na declaração a folhas treze, de trinta e cinco centos, noventa e sete mil duzentas e noventa braças superficiais que, atendendo a irregularidade do terreno e elevação das lombas, correspondem a quatro léguas e meia quadradas cada uma; vindo assim a exceder a légua de frente e três de fundos, que permite o Foral das Sesmarias; portanto, julgo firme e procedente a mesma Medição, na parte que corresponde à extensão de uma légua de frente contra três de fundos, conforme o Foral; e, as sobras, sem impedimento para o Autor poder requerer a Sua Alteza Real, a ampliação e confirmação, se o mesmo Real Senhor for servido, visto que na Sesmaria se acha concedido légua e meia de frente com três de fundos, que excede ainda ao terreno medido, estando todo aproveitado com gados e lavouras, pelo Autor. Pague o mesmo as Custas ex causa e ao Piloto, distinguindo no Mapa, com uma linha em direção do lugar do marco do peão ao Piratini maior pelo lado oposto à situação das casas do Autor, à excessão do terreno equivalente à légua de frente e três de fundos e as sobras; para perfeito conhecimento e indicação dos mencionados terrenos. Porto Alegre, 16 de janeiro de 1811. Henrique da Silva Loureiro”. Vimos que um dos notificados para assistir a medição requerida por João Cardoso era Pedro Dias de Oliveira; e que este, por sua vez respondeu, quando perguntado pelo Juiz que procedeu a medição, “que nada ali tinha, senão enquanto o Autor lhe fizesse favor; pois, estava plantando por obséquio dele, Autor”. Bem, depois do ato de medição e visto que as terras de João Cardoso eram maiores do que o “permitido” pelo Foral das Sesmarias, tratou o agregado Pedro Dias de Oliveira, dizendo-se casado, morador no Continente e alegando não ter terras onde pudesse empregar-se na lavoura e criação de gados, daí ter-se agregado à “Estância de João Cardoso da Silva, na Forqueta grande do Piratini, estabelecido em terras, “que o mesmo então chamava de suas; porém, passando o dito João Cardoso a fazer 252
medir a referida Estância, no ano próximo passado de 1810, para obter a confirmação de seu título”, foi visto que o campo tinha quatro léguas e meia quadradas, por cujo motivo, o Juiz das Sesmarias, que procedeu a medição, “mandou, em sua Sentença, que o Piloto distinguisse no Mapa, por uma linha de divisão, a légua e meia de sobras, seguindo o rumo competente do Marco que serviu de peão, em direção ao rio Piratini, apartando o terreno correspondente a uma légua de frente com três de fundos, o que tão somente julgou, por Sentença, pertencer ao Sesmeiro, ficando assim o estabelecimento do Suplicante fora desse indicado terreno; e porque o Suplicante nunca teve por graça terra alguma, e nem as possui, tendo possibilidades e escravos para as cultivar e aproveitar aquelas sobras; e em nada é prejudicado o Sesmeiro, por se achar inteirado e completo do terreno, segundo o seu Título e o Foral; sendo outrossim, solteiro e de idade decrépita”, recorria a V. Exª., para que se dignasse conceder aquelas sobras indicadas de légua e meia quadrada, cada uma, na estância denominada da Forqueta grande do Piratini, principiando no Marco do peão de João Cardoso, que era no arroio chamado do Meio, onde dividia com a estância do Espírito Santo, pertencente a Afonso Pereira Chaves e Bernardo Dias de Castro, à extrema destes e o arroio do Tamanduá, que divisava com a Estância dos herdeiros e a viúva de Manoel Gonçalves da Silveira, até encontrar o Piratini, descendo por este, “até a linha de divisão que deve ser lançada, para separação das ditas sobras [...]”. Aos 31 de outubro de 1811, o Vice-rei, quanto ao pedido de Pedro Dias de Oliveira, despachou dizendo que a solicitação deveria ser feita ao Governador da Capitania do Rio Grande. Nem bem terminado o pleito judicial travado com Pedro Dias de Oliveira, no qual João Cardoso teve seus direitos garantidos, eis que surge em suas terras, sem darlhe tempo para gritar, “Oh! crioulo, olha esse mate!”, a indesejável visita do alferes Jacinto Jorge de Campos, que vai logo atestando que, “em observância do Despacho retro do Ilmo. Exmo. Sr. Marquês de Alegrete, Governador e Capitão General desta Capitania, em nomeação que tive do Coronel Comandante Interino da Fronteira, Teles José de Matos Pereira e Castro, em Ofício com data de 10 de agosto do presente ano, passei no lugar denominado Forqueta dos Piratinis, onde se acha sita a estância do Juiz das Sesmarias, Francisco de Souza Maia, sendo presentes os ereos confinantes Afonso Pereira Chaves e João Cardoso da Silva, lhes fiz ver bem e claramente o Título de Concessão, que das mencionadas terras tem o dito Francisco de Souza Maia, conforme ato de 13 de agosto de 1814, assinado pelo Ilmo. Exmo. Sr. Dom Diogo de Souza, e dei posse a Francisco de Souza Maia, Juiz das Sesmarias desta Fronteira, das terras concedidas na Carta de Sesmaria, com as divisas que compreendem do Marco do peão do ereo João Cardoso, no arroio do Meio, onde se divide com o ereo Afonso Pereira Chaves e o arroio Tamanduá, que divide a estância do falecido Manoel Gonçalves e tem contrário o Piratini; e descendo por este a encontrar com a linha de divisão e separação das terras do mesmo ereo, João Cardoso. E, por ser verdade, passei a presente que assinei com as testemunhas abaixo. Forqueta do Piratini, 20 de agosto de 1815”. A seguir, estavam as assinaturas de Jacinto Jorge de Campos; Afonso Pereira Chaves; João Cardoso da Silva; o tabelião, Joaquim José de Castro Campelo; João de Castro do Canto e Melo; Maurício Inácio da Silveira e José Maria Jorge. 253
Dois dias após a visita do Alferes, João Cardoso vai até a Vila do Rio Grande; e lá, no escritório do tabelião Joaquim José de Oliveira Borges, faz a entrega de uma petição, pedindo ao Tabelião que a aceitasse e autuasse, para “efeito de se prosseguir na assinatura do Termo de Reclamação e Protesto”; ao que, estando a Petição com o devido despacho, e sido encaminhada pelo Distribuidor do Juízo, a “aceitei e autuei, cujo conteúdo, é o que adiante se segue: Diz João Cardoso da Silva que, sendo na tarde do dia de sábado último, dezenove do corrente mês de agosto, se apresentou ao Suplicante em sua Fazenda da Forqueta grande do Piratini, quatorze léguas distante desta Vila, um Alferes do Regimento da Ilha de Santa Catarina, cujo nome o Suplicante ignora, apresentando um papel, sem lhe dizer nem dar ocasião de ver o que continha, nem ao que se dirigia, e ordenou ao Suplicante que o assinasse, apontando que assim o determinava o Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Marquês, Governador e Capitão General; e, deste modo, extorquiu do Suplicante a assinatura no dito papel, que realmente não sabia o que continha, de maneira que, só depois de assinado é que se lhe indicou ser uma posse, que se dava, sem dizer qual parte da Fazenda [...]. E porque, não convindo, como desde já protesta o Suplicante, não convir com o dito papel, nem na posse ou qualquer outro ato, que por ele se haja dado ou celebrado; requer o Suplicante a Vossa Mercê, se sirva mandar que, distribuída e autuada, esta, se lhe tome Termo de Reclamação e Protesto, que faz contra o referido papel, assinatura e efeito a que se dirija, para que, em tempo algum ou por nenhum outro modo o prejudique; e que, tomado o dito Termo, com o competente número de testemunhas, se julgue por Sentença; e, julgado que seja, se dê ao Suplicante os instrumentos que por qualquer via lhe cumpra pedir. Pede Vossa Mercê, Senhor Juiz Ordinário, seja servido assim o deferir-lhe, e receberá mercê”. Serviram de testemunhas, Francisco Gonçalves Ferreira e João Francisco A. Chaves. A SENTENÇA “Aos vinte e seis dias do mês de agosto de 1815, nesta Vila de São Pedro do Rio Grande, em meu Escritório, por parte do Juiz Ordinário, capitão José Tomás da Silva, me foram dados estes Autos, com a sua sentença retro-Julgo, por Sentença, o Termo de Reclamação e Protesto, a folhas dois verso, dado o direito de qualquer parte; e mando se dê o Instrumento requerido pelo Suplicante, que pagará as custas. E eu, Joaquim José de Oliveira Borges, Tabelião, o escrevi.” “Oh! crioulo, olha esse mate!”
A concessão das “sobras” a Francisco de Souza Maia As chamadas “sobras” da Sesmaria de João Cardoso, que sobras não eram, pois as havia adquirido por compra feita ao sesmeiro anterior, foram concedidas ao juiz Francisco de Souza Maia, em 13 de agosto de 1814, por Dom Diogo de Souza que, “achando-se na Fronteira do Rio Grande uns campos pertencentes a João Cardoso da Silva, entre a Forqueta grande do Piratini e os arroios Tamanduá e o do Meio, há sobras nas quais possa estabelecer uma Fazenda de criar 254
gados, pedindo-me lhas concedesse por Sesmaria, para possuí-las com legítimo Título; e, atendendo ao seu requerimento, as diligências do Estilo, a que se procedeu, informação da Câmara respectiva mais a do Doutor Ouvidor Geral da Comarca e o Desembargador Procurador da Fazenda Real desta Capitania, aos quais não se ofereceu dúvida alguma, hei por bem, em conformidade [...]”. Aos 6 dias do mês de junho de 1815, o Juiz das Sesmarias da Vila do Rio Grande, Francisco de Souza Maia, peticiona ao Governador, dizendo que tendo obtido a graça, por Sesmaria, do Exmo. Governador antecessor, das sobras da estância de João Cardoso da Silva, conhecidas pela medição que dessa se fez, conforme Carta de Sesmaria que anexava, queria entrar na posse das ditas terras como proprietário, “o que já não tem feito, por não dever ser Juiz em causa própria e pelas ocupações do seu emprego”; por isso, requeria, em vista do título incluso, que lhe mandasse dar posse delas, não havendo outro embaraço, a não ser o de que, no futuro, não dissessem que o fez valendo-se de sua jurisdição; portanto, pedia que o Governador fosse servido mandar que o Comandante da Vila ou do Distrito desse posse ao Suplicante; daí ter ocorrido a visita do Alferes as terras de João Cardoso.
As ações e a grande revelação feita por João Cardoso quanto à Indústria Saladeiril O passo seguinte de João Cardoso, depois de ter lavrado o seu protesto, foi o de peticionar ao Vice-rei, dizendo que na conformidade das régias determinações de S. A. Real, pela Mesa do Desembargo do Passo, “tenho a expor a V. Exª., para ser presente ao mesmo Real Senhor, pelo dito Régio Tribunal, que os campos que fazem objeto da Petição de Francisco de Souza Maia, me pertencem diretamente pelo legítimo Título de domínio e posse em que deles me acho, desde antes de 1793, em cujo ano, fazendo ver ao Ilmo. e Exmo. Vice-rei, que então era, o havê-los comprado, a vista do que, se me passou Carta de Sesmaria deles, constante dos documentos de nos 1 e 2, em virtude da qual, foram medidos e demarcados judicialmente; e assim, se me deu posse no mesmo ano, como se vê dos ditos documentos; depois do que, para evitar dúvidas e pleitos com José Inácio da Costa, que tinha uma Sesmaria debaixo das mesmas confrontações, fiz-lhe compra dela em 1796, como se mostra dos mesmos documentos; sem, contudo, aumentar a extensão do meu prédio, já medido e demarcado. De então para cá, me conservei sempre pacificamente na referida posse e domínio, sem a mínima contradição, até o ano de 1810, em que apareceu o Juiz das Sesmarias, Henrique da Silva Louzada, o qual, ou por abusar da minha rusticidade e singeleza, ou pelo que quer que fosse, procedeu a uma nova medição nos mesmos campos; e apesar de reconhecer que não havia mais campos do que aqueles que rezavam no meu referido Título de Sesmaria, e que os tinha todos aproveitados com gados e lavouras; por mero arbítrio seu, mandou fazer-lhe uma divisão, separando o que excedia, com uma légua de frente e três de fundos, para o lado em que havia um agregado meu, Pedro Dias de Oliveira, para cuja parte ficou uma légua de largo com outra e meia de comprido, que é o mesmo que, indevidamente, veio a obter por Sesmaria, no ínterim em que eu solicitava a confirmação do total daquela mesma Sesmaria, e que promovia 255
um pleito contra o mesmo Pedro Dias, para o expulsar, como, com efeito o expulsei dali, por verdade de uma Sentença proferida com pleno conhecimento de causa; e que, à vista dos documentos que apresentei em juízo, e das provas testemunhais, constantes do documento de nº 3, se reconheceu e julgou judicialmente o meu direito de domínio e posse, o que não podia e nem poderá jamais ser nociva aquela medição, sinistramente feita e apoiada pela insubsistente sentença proferida por aquele Juízo das Sesmarias, a qual, aparece inserta nos documentos de nos 1 e 2 e que, com sólidos fundamentos ficou destruída, pela que se proferiu contra o dito Pedro Dias, confirmando e destituindo ao seu inteiro vigor e devido cumprimento, a que se pronunciou sobre a primeira medição feita em 1793, como se vê dos mesmos documentos, sendo de notar que, assim como à capa da arguida 2ª. medição, quis o tal Pedro Dias levantasse com a mesma propriedade; assim, também pode o Suplicante conseguir a sua Sesmaria, a cuja essa predicam, e aos seus efeitos me opus, pelos restritos meios que se me patentearam, como se mostra no referido 2º documento, logo no seu princípio, mostrando-se pelo de nº 4, que sendo eu constrangido militarmente a prestar a minha assinatura, a uma posse, que por esse meio se deu ao Suplicante [Francisco de Souza Maia], e que logo a reclamei pelo judicial, único meio e legítimo, protestando contra a mesma posse, e quaisquer efeitos que pudesse vir a ter. A dizer o Suplicante [Maia], em sua petição, que está fazendo medir a dita sua Sesmaria, é uma falsidade escandalosíssima, com a qual, denodadamente se propôs a enganar a S. A. Real, pois não consta, nem ele jamais mostrará com verdade, ter dado sobre isso um só passo pelos campos, que o mesmo Real Senhor tem ordenado suas previdencíssimas Leis, contra a expressa determinação das quais tem só cuidado em meter-se de posse dos terrenos em que está por um meio ilegítimo, e até clandestino, postergado a dúvida forma estabelecida nas mesmas Leis, que ele desconhece ou pretende conculcar. Nem é menos falsidade que dissesse que eu agora ando requerendo as mesmas terras já concedidas a ele; porquanto, o que diligencio é unicamente a régia confirmação da mesma Sesmaria antiga, já verificada nos próprios terrenos, que os tenho, por compras de um conjunto ainda maior, e que não se preencheu, por não haver no lugar a extensão correspondente às mesmas compras, por cujo meio é que tenho feito o meu estabelecimento; pois, que nunca tive concessão alguma por graça, sendo eu, um dos mais antigos colonos deste Continente; e o primeiro que nele, à minha custa, erigi Fábrica de Carnes de charque, que tanto tem cooperado para o seu aumento; [grifos nossos] tendo-me oferecido e ido pessoalmente em defesa da Fronteira, com gente minha, montada, armada e municiada, também à minha custa; tendo, de mais a mais, soldados militares, com grande dispêndio meu, e tendo dado, também, gratuitamente, um grande número de cavalos mansos, bestas e bois; assim como, uma avultada contribuição pecuniária, para suprir as precisões do Estado e defesa da Coroa, como se mostra do documento de nº 5, cujo original tenho remetido para a Corte, para ser apresentado a S. A. Real, em requerimento que faço sobre este mesmo objeto, de cuja verdade, também pode V. Exª. se informar aqui por quaisquer pessoas fidedignas, e que tenham juízo de o saber. 256
À vista pois do que venho de expor, confio que V. Exª. se persuadirá e confirmará perante o mesmo Augusto Senhor, que a Petição do Suplicante é tão capciosa, como falta de circunspecção; e que, por isso, deve ser desatendida. É o quanto, por hora, se me oferece a dizer. Rio Grande, 10 de janeiro de 1816 - João Cardoso da Silva”. Na petição encaminhada ao Vice-rei, disse João Cardoso ser “um dos colonos mais antigos deste Continente”; tal afirmação deve ser entendida como um dos colonos mais antigos, a partir da retomada da região (1776); mas, o mais importante, é a afirmação feita quanto a ter sido ele o “primeiro que nele (Continente), à minha custa, erigi Fábrica de Carnes de charque”. Vejamos o que mais tem João Cardoso para nos dizer sobre este seu pioneirismo na indústria saladeiril do Continente do Rio Grande. “Oh crioulo, olha o mate!” Em correspondência enviada ao Comandante da Fronteira do Rio Grande, Manoel Marques de Souza, com o propósito de o mesmo atestar suas atividades no Continente, disse João Cardoso que, sendo senhor e possuidor de uma estância no Piratini, com quatro léguas e meia de extensão, que houve por compras feitas de maior computo, o que não pôde se concretizar, por não haver terreno que preenchesse tal, como aconteceu também a outros vizinhos; acontece que, tendo Francisco da Silva Maia alcançado obter subrepticiamente Sesmaria de légua e meia de campos, que pediu por devolutos, dentro dos limites do Suplicante, e querendo verificar a referida concessão, sem proceder medição e demarcação judicial determinada pelas Leis do Reino, sem a qual, e sem aceitação e cabal convencimento do Suplicante, nunca podia e nem devia entrar na posse dos mesmos campos; pôde obter, que contra toda a Lei e Direito, se lhe fosse dar posse por um Oficial militar, pelo qual, sendo o Suplicante constrangido a assinar um papel, que devia respeitar a mesma posse, que apenas se inculcava ser por determinação superior, imediatamente veio a esta Vila, reclamar, como com efeito reclamou perante as justiças de S. A. Real, a assinatura que tinha prestado, protestando contra ela, contra a tal posse e contra toda e qualquer nota que se lhe fosse prejudicial, como se mostra do documento junto. “Depois do que, aconteceu também, que indo o Suplicado fazer ali um pequeno rancho, e aparecendo o dito logo derrubado, passou a fazer, ao Ilmo. e Exmo Sr. Marquês Governador e Capitão General, uma petição toda capciosa, queixandose ele, que não tendo o Suplicado feito oposição à dita posse, e, certo dela, passara a arrasar o tal rancho, que apelida de casa: e, pretendendo comprovar isto, com uma atestação de um Sargento-mor, Comandante do Distrito; e com uma inquirição de títulos, ordenada por V. Exª; tudo de desvanece, e não pode produzir efeito algum contra o Suplicante; pois, mostrando-se pelo referido documento, o ter-se logo oposto na expressada posse e assinatura, protestando contra uma e outra causa, pela melhor forma de direito; e, sendo bem notório, que o Comandante do respectivo Distrito não é o indicado Sargento-mor; mas, 257
sim o Capitão, ou Tenente Romão Garcia; é, igualmente, bem sabido por todos que o querem saber, que conforme as Leis e Direito do Reino, todas as testemunhas que são originadas contra alguma parte, sem esta ser ouvida, nenhuma prova fazem; e, ainda que fosse verdade ter sido o Suplicante quem arrasou ou quem mandou arrasar o dito rancho, não faria nisto, se não o que justamente lhe é permitido pelo Soberano que, pelas suas Leis, é expressamente outorgado aos seus vassalos, a faculdade [...]. E, como sendo cometida a V. Exª. a execução do referido despacho, não é o caso de tanta urgência, que se lhe dê o respectivo cumprimento, sem se atender a quaisquer legítimos obstáculos que ocorram: requer o Suplicante, que a bem da justiça e equidade, como é de presumir, queira sempre proceder o mesmo Ilmo. e Exmo. Senhor, digne-se V. Exª. fazer tornar à sua respeitável presença a petição do Suplicado, como esta do Suplicante e seu anexo; para que, à vista do exposto, haja o dito Senhor de deliberar, com mais cabal conhecimento da causa: ficando, no entanto, suspensa a referida execução, por não se dar perigo nem prejuízo algum na demora; e, dignando-se também V. Exª., informar ao mesmo Senhor, [“Oh! crioulo!... olha esse mate, diabo!”, que as novidades estão chegando], que o Suplicante é um vassalo benemérito, pelos bons serviços que tem prestado a S. A. Real; que não tem outras terras, senão aquelas quatro léguas e meia compradas; e que é um dos mais antigos colonos deste Continente, que em grande parte lhe deu o seu aumento e auge em que se encontra, por ter sido ele, [João Cardoso], o primeiro que instituiu, aqui, a fábrica de carnes de charque, dando aos demais as idéias e noções necessárias para o [desenvolvimento] de um ramo tão vantajoso ao Estado e bem comum, o que é bem conhecido por V. Exª.; e não deixará de fazer ao Suplicante digno de contemplação do Ilmo. e Exmo. Sr. Marquês Governador e Capitão General. E R. Mercê. João Cardoso da Silva” (grifos nossos).
A resposta do Comandante da Fronteira a João Cardoso da Silva “Não estou autorizado para tomar conhecimento de pleitos litigiosos, e nem para infringir ordens superiores; as quais, devo fazer executar. Não terei dúvida a atestar o que relata o Suplicante, por ser verdade; e, acrescentarei ainda mais, que no ano da guerra de mil oitocentos e um com os confinantes espanhóis; foi, sem ser chamado, armado, montado e municiado; levando seis dos seus dependentes da mesma sorte, a unirem-se à Coluna que defendia a entrada do Exército dos inimigos, pelo Jaguarão; conservando efetivamente, até levar-se o dito Exército; porém, presentemente, deve executar as determinações do Ilmo. Exmo. Senhor Marquês Governador e Capitão General. Rio Grande, 20 de janeiro de 1816. Manoel Marques de Souza.” João Cardoso, não satisfeito com a resposta dada ao seu pedido, peticiona novamente ao Marques de Souza, dizendo que, a bem de sua justiça, e para instruir requerimento que tem a fazer, necessita que se lhe faça a graça de atestar, se era ou não verdade, “que ele é um dos mais antigos colonos existentes 258
nesta Capitania; que foi o primeiro que estabeleceu aqui a fábrica de charques, trazendo, para isso, mestres à sua custa, no ano de 1780; que na guerra de 1801, sendo esta Fronteira atacada por um exército espanhol, voluntária e imediatamente se incorporou o Suplicante às nossas tropas, montado, armado e municiado, com seis pessoas, dos seus dependentes, igualmente prontos e à custa [do Suplicante] com os quais se conservou efetivamente no nosso Exército, até o fim da Campanha; que fardou, à sua custa, doze soldados da Tropa de Linha, no que, despendeu trezentos e oitenta e nove mil réis; que deu gratuitamente para o Real Serviço trinta cavalos; que, para uma contribuição voluntária, erigida por Sua Alteza Real, entrou o Suplicante com quinhentos e tantos mil réis, em uma Letra, que lhe devia a Real Fazenda; que, ultimamente, para a Campanha do Exército Pacificador, contribuiu também com uma avultada porção de animais vacuns e cavalares; e que nunca houve concessão alguma de terras, por graça; nem alguma outra mercê, de maneira que os campos que possui, na extensão de quatro léguas e meia, todos houve por compra que fez de um conjunto maior, que não veio a verificar-se na sua totalidade, por faltar terreno, em que se inteirasse, como tem acontecido a outros vizinhos; o que é tudo notório a V. Exª., de quem, por isso, se implora e espera a graça da Atestação, que se precisa para, autenticamente, mostrar a verdade de todo o expendido. E. R. Mercê. João Cardoso da Silva” (grifos nossos).
Nova resposta de Manoel Marques de Souza Manoel Marques de Souza, Comendador da Ordem de São Bento de Aviz; tenente-coronel dos Exércitos de Sua Alteza Real e Comandante da Fronteira do Rio Grande do Sul: “Atesto ser verdade muito exata o quanto relatou o Suplicante João Cardoso da Silva, umas coisas por ser eu o encarregado; e outras, presenciado. Passo o referido, na verdade, o que assino; e, para constar, mandei passar a presente, indo por mim, somente, assinado e selado com o Sinete das minhas armas. Rio Grande de São Pedro, 23 de janeiro de 1816. Manoel Marques de Souza”. Após a assinatura de Marques de Souza, havia uma nota com o seguinte teor: “A respeito dos trinta animais vacuns e cavalares, que o Suplicante indica ter dado para o Exército Pacificador, sei que os deu; mas, não a quantidade de cavalos e bois; o que deve declarar quem os recebeu. Souza”. Diante das ações tomadas por João Cardoso, a Provisão para medir e demarcar as “sobras” concedidas a Francisco de Souza Maia foi suspensa diante da dúvida surgida no Escrivão da Câmara, que peticionou ao Vice-rei informando que, dado o fato de não terem retornado os documentos da Capitania do Rio Grande, dentre eles o que deveria ouvir a João Cardoso; portanto, “parece-me haver alguma subrepção neste último requerimento [o de Maia], sobre o qual, V. Majestade decidirá o que lhe parecer. Rio, 1º de agosto de 1816. Bernardo José de Souza Lobato”. Dado vistas ao Procurador da Coroa, disse este que a dúvida do Escrivão era procedente, “e deve esperar-se pela Informação”. 259
Sabedor do ocorrido, Maia peticiona dizendo-se informado da suspensão da Provisão e argumenta, “que sem medir e demarcar, por tratar-se de questão sobre terras e sobre sobejos delas, cuja quantidade, só a medição determina”. Mas não obteve êxito e o processo se arrasta, pelo menos até o ano de 1819 quando, aos 15 dias de julho, o Procurador da Coroa, diante de nova petição de Maia, dá o seguinte despacho: “Deve o Suplicante esperar a decisão da controvérsia, que versa entre ele e João Cardoso da Silva, acerca da Sesmaria de que se trata, e que por despacho desta Mesa, se mandou remeter ao Juízo dos Feitos da Coroa e Fazenda, para nele se discutir e decidir legalmente. Deve-se, outrossim, remeter ao mesmo Juízo dos Feitos da Coroa, o requerimento e mais papéis juntos de Bernardo Dias de Castro, como herdeiro e testamenteiro do sobredito João Cardoso da Silva, os quais fazem parte daqueles outros já remetidos, para se unirem a eles e auxiliarem a justiça na decisão, que sobre este negócio se houver de proferir naquele Juízo”. Como se pode ver, João Cardoso morreu sem saber da sentença final; tampouco nós conseguimos apurar se foi ela favorável ou não a João Cardoso. Bernardo Dias de Castro, herdeiro, lindeiro e testamenteiro de João Cardoso era seu sobrinho. João Cardoso partiu, com certeza sabendo que a Justiça, já naquela época era coisa tardia, demorada, maçante, embrulhona, tal qual a fama de seu mate. “O mate do João Cardoso”. “Oh! crioulo!... olha esse mate, diabo!”
REFERÊNCIAS Documentos de Arquivos Os documentos citados nos diferentes artigos, cuja grafia atualizamos, extraímos em diversos arquivos sul-americanos e europeus: Arquivo Geral das Índias, Espanha Archivo General de la Nación, Argentina Biblioteca Nacional, Brasil Arquivo Público Mineiro, Brasil Arquivo Público do Rio Grande do Sul, Brasil Biblioteca Nacional, Portugal Arquivo da Torre do Tombo, Portugal Arquivo Histórico Ultramarino, Portugal Arquivo Nacional, Brasil 260
Textos Manuscritos DOCUMENTAÇÃO do Processo de Litígio entre João Cardoso da Silva e Francisco de Sousa Maia no rio Piratini no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1780/1816. REQUERIMENTO de José Rodrigues de Carvalho, solicitando confirmação de carta de sesmaria de terras no Rio Piratini no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1792/1820. REQUERIMENTO de Manuel José Gomes, solicitando demarcação de terras de carta de sesmaria de terras no Rio Piratini – Serro Pelado no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1816. REQUERIMENTO de Afonso Pereira Chaves e Bernardo Dias de Castro, solicitando confirmação de carta de sesmaria de terras que foram de João Pereira Chaves e Luís de Souza denominada Fazenda Espírito Santo na Forqueta Grande do Piratini no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1812/1816. REQUERIMENTO de Manuel José Gomes e Joaquim José Gomes, solicitando confirmação de carta de sesmaria de terras no Rio Piratini – Serro Pelado no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1791/1816. REQUERIMENTO de José Luis da Cunha, solicitando confirmação de carta de sesmaria de terras no Forqueta dos Piratinis – Distrito do Serro Pelado no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1809. REQUERIMENTO do capitão da Cavalaria Auxiliar da Fronteira do Rio Grande, Francisco Correia Pinto, ao príncipe regente [D. João], solicitando confirmação de carta de sesmaria de campos do outro lado do rio Piratini, na capitania do Rio Grande de São Pedro do Sul. 1807. REQUERIMENTO de Jerônimo Muniz à rainha [D. Maria I], solicitando confirmação carta de sesmaria de terras no Rio Piratini no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1790/93. REQUERIMENTO de João Cardoso da Silva, solicitando confirmação de carta de sesmaria de terras que foram de José Luis da Cunha, Joaquim José da Rocha e Antônio Inácio Rodrigues Córdova na Forqueta Grande do Piratini no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1785/93. REQUERIMENTO de Teodósio Pereira Jacome à rainha [D. Maria I], solicitando confirmação de carta de sesmaria de terras nos Campos do Forte de São Gonçalo no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1790/91. REQUERIMENTO do capitão da Cavalaria Auxiliar da Fronteira do Rio Grande, Antônio Ferreira da Silva à rainha [D. Maria I], solicitando confirmação de carta de sesmaria de terras no Rio Piratini no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1789/90. REQUERIMENTO de João Pereira Chaves, solicitando confirmação de carta de sesmaria de terras no Rio Piratini no Continente do Rio Grande de São Pedro. 1789/90. 261
Bibliografia: ANDRADE, Antônio Sampaio. Dicionário corográfico de Portugal contemporâneo. Porto: Livraria Figueirinhas, 1944. ARQUIVO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO SUL. Revista do Museo e Achivo Público do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria do Globo, n. 23, junho, 1930. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Vocabulário geográfico do estado do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do IBGE, 1950. LOPES NETO, João Simões. Contos gauchescos e lendas do sul. Porto Alegre: L&PM, 2010. MONQUELAT, A. F.; MARCOLLA, V. O povoamento de Pelotas. vol. I e II. (inédito). _________. Apontamentos para uma história do charque no Continente de São Pedro do Sul. (inédito). _________. Desfazendo mitos (notas à historia do Continente de São Pedro). Pelotas: Livraria Mundial, 2012. _________. O processo de urbanização de Pelotas e a Fazenda do Arroio Moreira. Pelotas: Editora Universitária/UFPEL, 2010(a). _________. O desbravamento do Sul e a ocupação castelhana. Pelotas: Editora Universitária/UFPEL, 2010(b). OSÓRIO, Helen. O império português no sul da América: estancieiros, lavradores e comerciantes. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2007. _________; BERWANGER, Ana Regina; SOUZA, Susana B. de. Catálogo de documentos manuscritos avulsos referentes à capitania do Rio Grande do Sul existentes no Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa. Porto Alegre: IFCH/UFRGS/ CORAG. 2001. SILVA, Antonio de Moraes. Diccionario da língua portugueza. 8ª ed. Revista e melhorada, vol. I e II, Rio de Janeiro: Empresa litteraria Fluminense, 1889/91.
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Mapa dos campos de JosĂŠ Rodrigues de Carvalho, sitos na margem meridional da forqueta dos Piratinis. No mapa, o asterisco [*] assinala o Passo Geral de JoĂŁo Cardoso. 263
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147. Porto de Pelotas. Postal 148. Porto de Pelotas. Postal 149. Rua Benjamin Constant. Porto. [Entrada da Cervejaria Haertel] 150. Porto de Pelotas. [Usina do Gas么metro] 151. Rua Benjamin Constant, quase esquina XV de Novembro 267
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152. Rua Gomes Carneiro, esquina Cel. Alberto Rosa. Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Em construção 153. Bairro Fragata [Parque Pelotense. Inaugurado em 1883]. Área no entorno das Avenidas Duque de Caxias e Pinheiro Machado. Desenho 154. [Parque Pelotense. Avenida]. Postal 155. [Parque Pelotense. Avenida]. Postal 156. [Parque Pelotense]. Postal 269
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157. [Parque Pelotense]. Postal 158. [Parque Pelotense]. Postal 159. [Parque Pelotense]. Postal 160. [Parque Pelotense] 161. [Parque Pelotense. Antigo Laborat贸rio Souza Soares] 162. [Parque Pelotense. Antigo Laborat贸rio Souza Soares]
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163. [Parque Pelotense. Entrada] 164. Pelotas. Passo do Salso. Postado em 1903 165. Pelotas. Arrabaldes. Postado em 1903 166. Pelotas. Retiro. Postado em 1904 167. Arroio Moreira. [Antiga Hidrรกulica Pelotense]. Postado em 1903 275
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168. Rua Pe. Anchieta. Igreja de Nossa Senhora da Luz. Postal 169. Igreja de Nossa Senhora da Luz 170. Rua da Luz, quase esquina Pe. Anchieta. Igreja de Nossa Senhora da Luz 171. Rua Andrade Neves, esquina Dr. Amarante. Asilo de mendigos 172. Av. Bento Gonçalves. Quartel Militar 173. Rua Santa Cruz, esquina Major Cícero [Antiga Fábrica a Vapor de Sabão e Velas]
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174. Rua Barão de Santa Tecla, esquina Voluntários da Pátria. [Antigo Telégrafo] 175. Rua Gal. Neto [Antiga Drogaria de H. C. Bojunga]. Postado em 1904 176. Rua Félix da Cunha, esquina Tiradentes. Postal 177. Praça 7 de Julho, próximo à Rua Tiradentes [Antiga Farmácia Popular] 178. Rua XV de Novembro, esquina Gal. Telles. Igreja Anglicana do Redentor. Postal 179. Rua Mal. Deodoro, esquina Gal. Telles 180. Rua Dom Pedro II [Antigo Armazém Diophanes Lemos]
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181. Planta da Cidade de Pelotas. Litografia. Bergamini, 1882 182. Praça Cel. Pedro Osorio e Rua XV de Novembro. Postado em 1904 183. Praça Cel. Pedro Osorio. Prefeitura Municipal e Bibliotheca Pública. Postal 184. Praça Cel. Pedro Osorio [Ao lado direito da Bibliotheca, antigo prédio comercial. Destruído]. Postal 185. Praça Cel. Pedro Osorio, vista da esquina das Ruas Mal. Floriano e XV de Novembro. Postal 186. Praça Cel. Pedro Osorio, vista da Rua XV de Novembro esquina Mal. Floriano. Postal 187. Rua XV de Novembro, esquina Lobo da Costa. Postal 188. Praça Cel. Pedro Osorio. Ao fundo, a Rua XV de Novembro. Ângulo da Prefeitura, em direção à Av. Bento Gonçalves. Postal 283
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189. Praça Cel. Pedro Osorio. Ângulo da Rua Mal. Floriano. Ao centro, o Teatro Sete de Abril 190. Praça Cel. Pedro Osorio. Ângulo da Rua Mal. Floriano. Postal 191. Praça Coronel Pedro Osorio. Teatro Sete de Abril [Fachada antiga] 192. Praça Cel. Pedro Osorio. Vista externa e interna. Postado em 1904 193. Praça Cel. Pedro Osorio. Fonte das Nereidas [com a antiga base] 194. Planta de Pelotas. Litografia. Chapon, 1893 285
“Próximo ao centenário Chafariz, lembrou-se de ter lido na imprensa local a matéria sobre um grupo de “amigos da Praça”, que pensavam em cercá-la e fechá-la (...). Como se já não bastasse terem trocado o nome de República para o desse Coronel (...). Se, pelo menos tivessem trocado para Praça Capitão João Simões Lopes Neto, ainda vá lá. Esse sim. Esse elevou o nome da Cidade através de sua prosa, esse merece a homenagem.” Adão Fernando Monquelat. Maiêutica, 1997
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195. Rua Andrade Neves, entre Mal. Floriano e Sete de Setembro. Postal 196. Rua Andrade Neves. Ângulo da Mal. Floriano, em direção à Sete de Setembro 197. Rua Mal. Floriano, esquina Andrade Neves [Antiga sede do Banco da Província] 198. Rua Andrade Neves, entre Lobo da Costa e Mal. Floriano 199. Rua Andrade Neves, entre Gal. Neto e Mal. Floriano. [À direita, na esquina da Sete de Setembro, o antigo Hotel Grindler]. Postal 200. Rua Andrade Neves [Antiga sede de Xavier & Irmão]. Postal 289
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201. Rua Andrade Neves, quase esquina Sete de Setembro [Antigo Hotel Grindler] 202. Rua Andrade Neves, esquina Gal. Neto. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves. Postal 203. Rua Andrade Neves, esquina Gal. Neto. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves [Antiga Casa Bancária de Plotino Duarte]. Postado em 1904 204. Rua Andrade Neves, esquina Voluntários da Pátria. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves. [À esquerda, Edifício do Congresso Português 1º de Dezembro] 205. Rua Andrade Neves, entre Voluntários da Pátria e Cassiano do Nascimento. [Edifício do Congresso Português 1º de Dezembro] 206. Rua Gal. Osorio, esquina Sete de Setembro [Antiga loja Ao Torrador] 291
“A rigor, é inconcebível um lugar como esse ter surgido nesta região abarbarada. É uma espécie de licença poética da história. Algo intrigante. Não creio que possa durar.” Vitor Ramil. Satolep, 2008
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207. Rua Gal. Osório, próximo à Sete de Setembro. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves. Postal 208. Rua Gal. Osorio. [Antiga loja Ao Barquinho] 209. Rua Gal. Osorio. [Antiga loja A Metralhadora] 210. Jogadores do Esporte Clube Pelotas. Campeão de 1912 211. Pelotas. Arrabaldes. Comemoração do Centenário. Partida de futebol entre os clubes União e Internacional. 1912. Postal 212. Praça Cel. Pedro Osorio. Prefeitura Municipal. Içamento da Bandeira. Comemoração do 1o Centenário de Pelotas. 1912.
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NOTAS INTRODUTÓRIAS À ICONOGRAFIA DO Almanaque do Bicentenário de Pelotas (Vol. 1) Guilherme Pinto de Almeida*
As notas a seguir intentam traduzir a extensa iconografia sobre a cidade Pelotas relacionada neste volume em informações complementares aos leitores. O conjunto de imagens selecionadas é restrito - salvo algum equívoco - ao período do primeiro centenário: 1812-1912. Este limite diz respeito ao momento capturado, retratado ou registrado nas plantas, cartões, fotografias, litografias, aquarelas e desenhos aqui reproduzidos. Informações, por vezes despercebidas, desconhecidas, mas consideradas, por relevantes à leitura da cidade. Não as considerem, porém, o leitor, intangíveis: representam antes - como diria o Capitão - “recurso para trabalho escoimado”. 1. Praça da Matriz (atual Praça José Bonifácio) vista desde a Rua Santo Antônio (atual Rua Dr. Miguel Barcelos). É possível avistar, ao centro, um dos quatro chafarizes da Companhia Hidráulica Pelotense, em frente à Catedral São Francisco de Paula. Este chafariz é o único desaparecido. O renomado médico Dr. Miguel Rodrigues Barcelos, agraciado em 1888 com o título de Barão do Itapitocaí, residia no casarão sobrado, à esquerda. Nesta rua ainda, a 17 de junho de 1888, o mavioso poeta Lobo da Costa, frequentou, pela última vez, uma taverna ali existente, horas antes de ter sido encontrado morto nas proximidades. (MAGALHÃES, M. O. Os passeios da cidade antiga. Guia histórico das ruas de Pelotas. Pelotas: Armazém Literário, 2000). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 2. “A aquarela da Catedral São Francisco de Paula é extremamente importante para o estudo da evolução da construção da Matriz, bem como o de seu entorno. Pineau mostra a imponente fachada do templo (já completamente edificada em 1883) em contraposição ao seu acanhado corpo — cuja fachada lateral denunciava a existência das tribunas. Excluindo a fachada, todo o restante da construção seria modificado ao longo dos anos, sendo que só em 1948 o templo assumiu seu aspecto externo atual, com a construção da cúpula. É possível ainda visualizar o extinto chafariz da Companhia Hidráulica Pelotense, bem como um bonde puxado por muares da Companhia Ferro Carril e Cais de Pelotas. Reprodução de uma das oito aquarelas pintadas pelo artista francês Pineau”. (SCHLEE, A. R. “Oito olhos sobre Pelotas, quatro visões de uma cidade”, in: Revista da ANPUR, v. 6, n. 3, 2000: Cinco Séculos de Cidade no Brasil). Data da Imagem: 1883. Fonte da Imagem: OSORIO, F. L. A cidade de Pelotas. 3. ed. Pelotas: Armazém Literário, 1997.
* Graduando
em Arquitetura e Urbanismo pela UFPEL. Pesquisador.
3. Antigo casarão à esquina da Rua Gonçalves Chaves com rua não identificada. Provavelmente nas proximidades das primeiras ruas traçadas, pela dimensão diminuta da calçada, uma característica do urbanismo português. A arquitetura tipicamente luso-brasileira pode ser percebida no telhado português com beiral aparente, nas aberturas com janelas de guilhotina com pinásios decorados, e de verga reta. Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Catálogo Fotográfico – Século XIX/1930 – Imagens da Cidade. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária/UFPel, 2000. 4. Edifício sede do Asilo de Órfãs Nossa Senhora da Conceição, fundado em 1855. À direita, no centro da face da Rua Gonçalves Chaves, a Capela (Cf. OSORIO, F. L. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1910. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 5. Casarões no 2 (com uma carruagem à frente) e no 6 (à esquerda), à Praça Cel. Pedro Osorio. O primeiro, construído em 1830 para o charqueador José Vieira Viana, recebeu reforma arquitetônica classicizante em 1880, após ter sido adquirido pelo também charqueador José Antônio Moreira (Barão de Butuí), como presente para seu filho Ângelo Gonçalves Moreira. O construtor italiano José Isella foi o responsável por esta reforma, e também pelo projeto do Casarão nº 6, propriedade de Leopoldo Antunes Maciel (Barão de São Luís). (Cf. GUTIERREZ, E. J. B. Barro e sangue. Mão-deobra, arquitetura e urbanismo em Pelotas (1777-1888). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PUC-RS, 1999). Nota-se ainda, na fotografia, a (então) Praça D. Pedro II em obras. Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 6. Segundo Schlee, a litografia de Peter Ludwig do “Theatro de S. Francisco de Paula, mostra a antiga fachada do Teatro Sete de Abril ladeada por duas edificações térreas (na da direita, funcionou uma escola para meninos e na da esquerda — e mais tarde, novamente, na da direita — a primeira Casa da Câmara de Vereadores da cidade)” (SCHLEE, A. R. Op. cit.). “Arquitetura externa elegante e regular, com seu pórtico de quatro colunas e salões superiores de desafogo, com janelas guarnecidas exteriormente com grades de ferro (...), o mais belo da Província. É de notar que a importância dos teatros como edifícios, está no sentido inverso de importância nas cidades. O de Porto Alegre é o mais pequeno, o de Pelotas o mais bem construído” (Jornal O Ostensor Brasileiro, 1845-1846)”. Litografia editada em 1846. Fonte da Imagem: GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit., p. 172. 7. “O Teatro foi construído em 1835, segundo projeto atribuído a Eduardo Kretschmer e manteve sua fachada tal como foi retratada até 1916, quando sofreu grande reforma elaborada pela firma Perez, Monteiro & Cia (fachada de José Torrieri)”. (SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1870. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 8. Antiga Praça Dom Pedro II (atual Cel. Pedro Osorio). Tem origem nas terras de Mariana Eufrásia da Silveira, cuja divisão é conhecida como segundo “loteamento”. Nesta divisão, este terreno foi condicionado obrigatoriamente, a ser destinado a uma praça. Era conhecido como “Campo” (ver nota 46), nome que persistiu até a primeira arborização. Ao centro, o chafariz conhecido como Fonte das Nereidas, o maior dos quatro importados da França na década de 1870. Ao fundo, o Teatro Sete de Abril. (Cf. GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1870. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 9. Antiga estação central da Companhia Ferro Carril e Cais de Pelotas, na esquina da Praça Pedro II (Praça Cel. Pedro Osorio) com a Rua São Jerônimo (atual Rua Mal. Floriano). Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: ARRIADA, E. Pelotas. Gênese e desenvolvimento urbano (1780-1835). Pelotas: Armazém Literário, 1994. 10. Vista da então Rua de São Miguel (XV de Novembro), conhecida ainda como Rua dos Canários (pela origem de alguns casais de imigrantes que a habitaram). Durante muito tempo foi a principal rua da cidade, tendo este trecho específico recebido um calçamento (década de 1980) exclusivo para os pedestres (Cf. ARRIADA, E. Pelotas. Gênese e desenvolvimento urbano [1780-1835]). Pelotas: Armazém Literário, 1994). Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: ARRIADA, E. Op. cit.). 11. Fotografia tomada do balcão da Prefeitura Municipal (antiga Intendência Municipal), vendo-se 302
a Rua XV de Novembro em direção à Avenida Bento Gonçalves. Nesta foto, além da praça gradeada e do Teatro Sete de Abril (ao fundo) com sua antiga fachada, chamam a atenção, à esquerda, em primeiro plano, alicerces aparentes. Trata-se, provavelmente, dos alicerces levantados para a projetada nova Igreja Matriz, cuja pedra fundamental fora lançada pelo Imperador D. Pedro II, quando de sua primeira visita a Pelotas, em 1846. A nova Matriz jamais passou dos alicerces, que segundo João Simões Lopes Neto, tinham “mais de metro de altura” e lá permaneceram por décadas, sendo inclusive parcialmente aproveitados em novas construções no local. (Cf. LOPES NETO, J. S. “Notas Diversas”, in: Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 3, p. 41). Data aproximada da foto: década de 1870. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 12. Antigo edifício do Mercado Público Pelotense, visto da lateral da Prefeitura Municipal. Conforme Gutierrez, “em 1849, os edis aprovaram as plantas do prédio e da cisterna do Mercado Público, elaboradas pelo arquiteto alemão Roberto Offer. Tentando não perder a elegância da concepção original, os vereadores modificaram o projeto”. (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (Postal: Lembranças de Pelotas. Mercado. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº 06. Reprodução parcial). Acervo: Eduardo Arriada. 13. Outra face do antigo Mercado Público, vista do encontro das Ruas Lobo da Costa e Andrade Neves. À direita, volume proeminente da ala destinada aos pescados. “Ignora-se até que ponto o projeto pensado por Roberto Offer foi executado. (...) o Mercado Público de Pelotas acabou compondo uma planta retangular, formada por quatro blocos com pátio central. Chanfros substituíam os quatro vértices do anel construído, marcavam os acessos em portadas com vão de arco pleno. Nos quatro cantos, as paredes chanfradas terminavam com um frontão triangular” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (Postal: Lembranças de Pelotas. Mercado. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº 03. Reprodução parcial). Acervo: Eduardo Arriada. 14. Vista do Mercado Público Municipal desde a Praça Cel. Pedro Osorio. Ao fundo, a torre de alvenaria, projetada pelo agrimensor e engenheiro da Câmara Municipal, Romualdo de Abreu e Silva. “Longitudinalmente e transversalmente, o prédio fora pensado em três partes. (...). Os elementos de composição faziam analogias estilísticas a elementos do classicismo. Não fosse o fato de as portas de arco de meia-circunferência repetirem-se sucessivamente ao longo das fachadas, o prédio do Mercado Público se confundiria com uma fortaleza” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Reprodução parcial de Postal. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 15. Mercado Público Municipal, do ângulo da Praça Cel. Pedro Osorio. “Formalmente, o prédio do Mercado conservou o despojamento dos tempos de milícia; funcionalmente, representou a possibilidade de um lugar adequado para o comércio, para as quitandeiras, para os carros e para o abastecimento de água, através da cisterna” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Reprodução parcial de Postal. Acervo: Nelson Nobre/ Pelotas Memória. 16. Mercado Público Municipal visto do ângulo do antigo Liceu da Agronomia Eliseu Maciel. Segundo Gutierrez, “dois lugares para os carros de aluguel foram demarcados pela Câmara, em 1874: um ficava exatamente em frente ao Teatro Sete de Abril, indo desde a rua São Miguel [XV de Novembro] até a do Imperador [Félix da Cunha]; o outro local eram as frentes leste e sul do edifício do Mercado Público” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 17. Mercado Público Municipal, do ângulo da Praça Cel. Pedro Osorio. O cotidiano da movimentada vida urbana de Pelotas, aqui retratado, na confluência de pessoas no antigo mercado. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 18. “Mais do que a dos outros prédios públicos ou privados da cidade, a arquitetura do Mercado fez referência aos tempos difíceis de guerra, da qual o Rio Grande acabara de sair em frangalhos. A sobriedade, as paredes grossas, poucos traços e muito corpo, os cheios prevalecendo sobre os vazios, a matéria sobre a luz, o todo sobre o detalhe, demonstraram uma afinidade entre a solução 303
encontrada para o Mercado e as arquiteturas que experimentaram o classicismo, como, por exemplo, a arquitetura chã, pombalina, ou a dos militares” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: FERREIRA & C. - Almanach de Pelotas III (1915). Oficinas Tipográficas do Diário Popular, 1914. 19. Pátio interno do antigo edifício do Mercado Público Pelotense. Fotografia emblemática do contraste social ainda vivenciado no período pós-abolição da escravatura. À esquerda meninos bem trajados brincam; ao centro, negros, prováveis descendentes de escravos, procuram restos de comida no chão, e não sobre as bancas. No canto inferior direito, a silhueta do fotógrafo e sua máquina, e de curiosos que lhe fazem companhia. Mulheres com seus vestidos longos e os homens todos com seus chapéus. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 20. Outra vista do pátio interno do antigo Mercado Público de Pelotas, vislumbrando-se as bancas. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 21. Hospital da Beneficência Portuguesa visto da esquina das Ruas Gomes Carneiro e Andrade Neves. Fundada em 1857, a Sociedade Portuguesa de Beneficência teve sua primeira sede à Rua da Igreja (atual Rua Pe. Anchieta). O edifício de seu hospital, em primeiro plano na foto, inaugurado em julho de 1861, foi totalmente demolido (cf. OSORIO, F. L. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Catálogo Fotográfico – Século XIX/1930 – Imagens da Cidade. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária/UFPel, 2000. 22. Hospital da Beneficência Portuguesa. A capela de São Pedro, edifício mais alto à esquerda teve suas obras concluídas em 1891. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 23. A Capela de São Pedro e o hospital da Beneficência Portuguesa de Pelotas, desde o ângulo da antiga Rua Independência (atual Rua Uruguai). Ao fundo, palacete com mirante, de propriedade da Baronesa do Arroio Grande (atualmente demolido). Postal: Lembranças de Pelotas. Mercado. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, s/nº. Postado em 1904. Acervo: Eduardo Arriada. 24. Reprodução de uma das oito aquarelas pintadas pelo artista francês Pineau. “A segunda aquarela importante retrata a Santa Casa de Misericórdia e a sua majestosa capela de São João Batista. O prédio principal do hospital já contava com dois pavimentos — o primeiro foi inaugurado em 1872 e o segundo em 1877 — e a capela deveria estar recebendo os seus reparos finais, já que seria consagrada em 12 de julho de 1884” (SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data da imagem: ano de 1883. Autor: Dominique Pineau. Fonte da Imagem: OSORIO, F. L. Op. cit. 25. Caixa d’água adquirida pela extinta Companhia Hidráulica Pelotense junto à empresa Hanna Donald & Wilson, Abbey Works, da cidade de Paisley, Escócia. Foi trazida em navio, desmontada em peças, juntamente com o engenheiro responsável por coordenar a montagem, iniciada em maio de 1875 e concluída em setembro do mesmo ano. Para conduzir o material, a Companhia Ferro Carril e Cais, estendeu trilhos até o antigo Largo da Caridade. Ao fundo, a Santa Casa de Misericórdia. (cf. GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 26. Santa Casa de Misericórdia, entre as Ruas da Palma (atual Gal. Neto) e Sete de Setembro, frente à Rua da Lagoa (posterior Rua Marquês de Caxias e atual Rua Santos Dumont; no trecho específico, atual Praça Piratinino de Almeida). Edifício cuja pedra fundamental foi colocada em dezembro de 1861, foi inaugurado em 1872 a segunda e definitiva sede da Santa Casa, tendo seus enfermos sido transferidos totalmente no mesmo ano (Cf. OSORIO, F. L. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 27. Ao edifício inicialmente projetado pelo português José Vieira Pimenta, foram acrescentadas a nova ala para os alienados e a capela de São João Batista (1884), projetadas e executadas sob a direção do arquiteto italiano José Isella (cf. GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: 304
década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Hospital da Misericórdia. Pelotas: Edições Meira, nº 11. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1903. Acervo: Eduardo Arriada. 28. Vista da atual Rua Santos Dumont, do ângulo da Rua Gal. Neto em direção à Rua Mal. Floriano. À esquerda, área verde que em 1854 chamava-se Praça da Cavalhada. Segundo Alberto Coelho da Cunha, “em seu início teve o nome de Praça da Caridade, em 18 de julho de 1881 passou a chamar-se Silveira Martins, nome que veio a trocar, em 16 de março de 1893, pelo que ainda conserva, de Piratinino de Almeida” (cf. GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). À direita, a Santa Casa de Misericórdia. Ao fundo, também à direita, parte do complexo da antiga Cervejaria Ritter. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal: Lembrança de Pelotas. Santa Casa de Misericórdia. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº 07. Acervo: Eduardo Arriada. 29. Santa Casa de Misericórdia de Pelotas. Ao centro da fotografia, a fachada lateral, à Rua Gal. Neto. Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 30. Santa Casa de Misericórdia. Rua Santos Dumont, esquina Rua Gal. Neto. “Nas fachadas principais, o ritmo estava marcado pelas aberturas e pilastras coríntias, de ordem ‘colossal’ ou ‘monumental’”. (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Santa Casa - Pelotas. Pelotas: Edição Meira, s/nº. Acervo: Eduardo Arriada. 31. Caixa d’água escocesa à Praça Piratinino de Almeida. No topo, ao lado do mirante, pequeno barracão de madeira que servia de abrigo ao guarda, para ali designado, por necessário à segurança do equipamento. Note-se a arborização que, por incipiente, conferia destaque ao reservatório. Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Hydraulica Pelotense. Reservatorio. Acervo: Eduardo Arriada. 32. Clube Comercial, visto da Rua Gal. Neto, quase esquina Rua do Imperador (atual Félix da Cunha). Prédio originalmente projetado em 1871, pelo arquiteto italiano José Isella, para residência do charqueador Felisberto José Gonçalves Braga. (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. 100 Imagens da Arquitetura Pelotense. 2ª edição. Pelotas: Pallotti, 2002). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Augusto Amoretty. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 33. Clube Comercial, visto do ângulo da Rua Gal. Victorino (atual Rua Pe. Anchieta), quase esquina Rua Gal. Neto. O edifício, somente a partir de 1888, tornou-se a segunda e definitiva sede do aristocrático Clube Comercial. (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Augusto Amoretty. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 34. Clube Comercial visto da Rua General Neto, quase esquina Rua Félix da Cunha. “A princípio, o Clube Comercial ocupava apenas o pavimento superior (área que correspondia efetivamente à residência do charqueador) e alugava parte do térreo”. (MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 35. Clube Comercial. Outra vista desde a Rua General Neto, quase esquina Rua Félix da Cunha. “Em 1908, o prédio foi vitimado por um incêndio que o destruiu parcialmente. Coube a Sebastião Obino reconstruí-lo e ampliá-lo, construindo uma nova ala, com frente para a [Rua] Félix da Cunha” (MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Hospital da Misericórdia. Pelotas: Edições Meira, nº 11. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1903. Acervo: Eduardo Arriada. 36. Depósitos da antiga firma “Oliveira, Coelho & Cia”, à Rua Sete de Setembro, esquina Rua Pe. Anchieta. Conhecido anteriormente como “O grande armazém”, foi construído em 1875 para residência de Theodosio Fernandes da Rocha, na parte superior. Abrigava comércio no pavimento inferior. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Referência da Imagem: LLOYD, R.. Impressões do Brazil no Século Vinte. Sua História, Seo Povo, Commercio, Industrias e Recursos [sic]. Lloyds Greater Britain Publishing Company Ltda, 1913, 1ª Edição, p. 847. 37. A Biblioteca Pública Pelotense surgiu da iniciativa do ilustrado português Antônio Joaquim Dias, 305
proprietário do jornal Correio Mercantil, no ano de 1875. Ainda sem sede própria, obteve abrigo gratuitamente nas dependências do Hotel do Universo, do Visconde da Graça, localizado na Rua da Palma (atual Gal. Neto), esquina da Rua Gal. Victorino (atual Pe. Anchieta), local em que recebeu as primeiras doações de livros. Em 1878, o mesmo Visconde foi convidado para efetuar o lançamento da pedra fundamental do prédio próprio da nobre instituição, que seguiu, com algumas modificações, projeto de José Isella, arquiteto italiano. (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 38. O edifício, de pavimento único, foi inaugurado parcialmente (primeiro salão) em março de 1881. Somente em agosto de 1888 foi concluído, com todas as devidas escaiolas e outros acabamentos arquitetônicos. “Todo o requinte e elegância eram destinados para a casa de cultura da cidade, que se intitulava a Atenas riograndense” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Bibliotheca Publica Pelotense – Sala de Leitura: Edições Meira, nº 46. Acervo: Eduardo Arriada. 39. Bibliotheca Pública Pelotense ainda com a escadaria de acesso. “De frente para a praça, em toda a extensão, localizava-se o salão principal. De uso mais restrito, a sala para as sessões, a secretaria e a sala de estudos ficavam nos fundos, abrindo-se para o poente. No meio, situava-se o salão para guardar os livros, com dois corredores de cada lado, que ligavam a duas salas de aulas, para os cursos noturnos, e a dois acessos de duas entradas laterais. A fachada principal era composta pelo porão alto, pelo pavimento térreo e pela platibanda. Esta possuía, no centro, um frontão em forma de arco de circunferência, também chamado de arco cimbrado, que valorizava a porta principal. O acesso da frente também foi marcado por duplas colunas, que se repetiam no intervalo das duas janelas laterais e nos cunhais, ou seja, nas extremidades, vértices do edifício. Essa marcação estrutural foi reforçada no porão e na platibanda, que em cima das janelas recebeu balaústres vazados. As janelas de duas folhas de abrir receberam postigos e bandeiras de arco pleno, com vidros coloridos, sendo encimadas por rosetas decorativas” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Bibliotheca Publica Pelotense: Edições Meira, s/nº). Acervo: Eduardo Arriada. 40. (Imagem da capa). À esquerda, os casarões nos 8, 6 e 2, respectivamente, à Praça Cel. Pedro Osorio. “Públicos ou privados, de grande ou pequeno porte, os edifícios da cidade, quanto à decoração, estavam repletos de analogias à arquitetura da Antiguidade, representando ‘civilização’, ‘cultura’ e ‘bom gosto’. Essas três moradas deram forma à fachada oeste da quadra do outro lado da atual Praça Cel. Pedro Osório, em frente ao Paço e à Bibliotheca (...). Por isso, pela ostentação e pela riqueza de ornamentação que apresentaram, têm merecido destaque. Construídos no final da década de setenta do século XIX, os ‘palacetes’, que se debruçavam sobre a área verde, alcançaram o ápice do refinamento, servindo de exemplo às obras executadas posteriormente” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Reprodução parcial de Postal. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 41. Ao centro, o casarão nº 8, construído em 1878 para o Conselheiro Francisco Antunes Maciel (Barão de Cacequi); à sua direita, o casarão nº 6, edificado em 1879 para Leopoldo Antunes Maciel (2º Barão de São Luís) e o casarão nº 2, originalmente erguido no início do século XIX para o charqueador José Vieira Viana. Este, inicialmente de arquitetura colonial, passou em 1880, por reforma que o adaptou à linguagem eclética, de orientação clássica (cf. MOURA, R. M. G. R. de.; SCHLEE, A. R. Op. cit.). “Os pesquisadores são unânimes em afirmar que as casas dos irmãos e barões de São Luís e Cacequi, e a reforma da vivenda que havia pertencido a José Vieira Viana, foram de responsabilidade de José Isella. Na época das modificações, o sobrado pertencia a Alfredo Gonçalves Moreira (...). À esquerda, ainda, antigo casarão pertencente à família Moreira”. (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 42. Antigo casarão pertencente à família Moreira, situado Praça Cel. Pedro Osorio, esquina da antiga Rua da Regeneração (atual Rua Barão de Butuí). Demolido. Rua da Regeneração, assim como Praça da Regeneração foram nomes alusivos à abdicação de D. Pedro I (7 de abril de 1831) e o consequente início do período regencial, quando o governo retornou à mão dos brasileiros. (cf. MOURA, R. M. G. R. de.; SCHLEE, A. R. Op. cit..; GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: 306
1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 43. Conjunto arquitetônico dos casarões à Praça Cel. Pedro Osorio, próximo à Rua Barão de Butuí. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 44. Outra vista do conjunto arquitetônico dos casarões à Praça Cel. Pedro Osorio; ângulo próximo da Rua Princesa Isabel. À esquerda, parte do primeiro prédio (de um pavimento) da empresa de Pompas Fúnebres Moreira Lopes; e a seu lado, antigo sobrado, do qual hoje resta apenas parte da fachada. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 45. Conjunto arquitetônico no entorno da Praça Cel. Pedro Osorio, hoje quase totalmente destruído. Vista da esquina com a atual Rua Princesa Isabel. Antiga Rua São Francisco [de Assis], posteriormente Rua Treze de Maio (em alusão à Abolição de 1888). Depois ainda, foi chamada de Alberto Rosa, em homenagem ao pelotense proprietário da casa de esquina do primeiro plano na imagem. Princesa Isabel é o nome dado na metade do século XX. (MAGALHÃES, M. O. Op. cit.). Atualmente, outra rua, a leste, recebeu a denominação de Alberto Rosa. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal: Lembrança de Pelotas. Rua Felix da Cunha. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº 3. Postado em 1906. Acervo: Eduardo Arriada. 46. Alameda no interior da Praça Dom Pedro II (atual Cel. Pedro Osorio). A porção de terreno onde se encontra a praça principal da cidade de Pelotas era parte da propriedade de Mariana Eufrásia da Silveira. “Quando do loteamento de suas terras, estava destinada exatamente para praça. Primeiro, o ‘Campo’ foi denominado de Praça de Regeneração; depois, foi chamado de D. Pedro II; mais tarde, outra vez, recebeu o nome Regeneração; passado um tempo, trocaram para República, e, por último, para Cel. Pedro Osório”. (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Ao fundo, da esquerda para direita, os casarões nos 8, 6 e 2. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 47. Praça Cel. Pedro Osório, desde ângulo próximo à Rua Lobo da Costa (da direita para a esquerda os casarões nos 2, 6 e 8). “Até a década de setenta do século XIX, a praça não teria sofrido melhoramentos. Em abril, e depois em julho de 1876 recebeu as primeiras árvores. No lugar do pelourinho, em 25 de junho de 1873, foi colocado o primeiro chafariz. Em novembro de 1876, com o objetivo de chamar concorrentes, os vereadores decidiram que deveriam mandar elaborar planta para a feitura de um gradil de ferro, sobre base de alvenaria, em toda a circunferência da praça” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 48. Praça Cel. Pedro Osório, vista da confluência das Ruas Félix da Cunha e Princesa Isabel. No centro, ao fundo, o chafariz Fonte das Nereidas. À esquerda, a gruta existente próxima ao lago artificial. À direita, uma construção de madeira, aparentemente provisória, no interior da praça. Trata-se, possivelmente, de um antigo teatro ou rinque para patinação. Sabe-se que “a partir do ano de 1878, pôde-se perceber o interesse da prática de atividades de patinação em Pelotas. Desde que o Sr. Angelino Soveral obteve da câmara municipal da cidade o aval para a criação do primeiro ‘skating rink’ de Pelotas, iniciou assim, o fomento pelas atividades com patins. Com um prazo de concessão do terreno de até cinco anos, onde hoje se localiza a Praça Coronel Pedro Osório, na época denominada como Praça Pedro II, a quadra de patinação seria construída para atender aos futuros patinadores da cidade” (DIÁRIO DE PELOTAS, 1878, in: KOSLOWSKY, M. “Manifestações esportivas na cidade de Pelotas: 1835 – 1935”. Site NetHistória. Brasília, set. 2004. Sessão Ensaios. Acesso em: 10 set. 2012). Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 49. Nesta imagem, já é visível (ao fundo) a nova torre metálica do Mercado Público, importada de Hamburgo, Alemanha, que substituiu a antiga, de alvenaria, fazendo uma referência singela à torre Eiffel de Paris. (cf. GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas. Praça República. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 50. O projeto do lago (em destaque na foto), juntamente com a gruta, foi realizado pelo engenheiro 307
da Câmara Municipal Romualdo de Abreu e Silva, tendo sido alvo de duras críticas da imprensa da época. Foi chamado, por exemplo, de “galinheiro do Romualdo” devido à quantidade de animais, principalmente pela profusão de aves, em local julgado nobre demais para um recanto deste tipo. Por ironia, acabou se consolidando como um dos espaços mais atrativos, paisagisticamente, do interior da praça, permanecendo ali até hoje. (Jornal O Cabrion [Pelotas: 1879-1881]). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Observação: especificamente neste postal, a data da postagem não corresponde a data da imagem. Acervo: Eduardo Arriada. 51. Na imagem aparece o popular “redondo da praça”, ou seja, o passeio que circundava o chafariz. A fonte das nereidas, aqui, ainda encontrava-se cercada por gradil de ferro e sobre a antiga base, rodeado por oito luminárias de ferro. Ao fundo, o Paço Municipal. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas. Praça República. Acervo: Eduardo Arriada. 52. Antigo quiosque de ferro, à esquina da Praça Cel. Pedro Osorio com a Rua 15 de Novembro (No quarteirão, imediatamente atrás do quiosque, encontrava-se o casarão do General Osório, o qual, “como inúmeras outras construções da cidade, foi derrubado por seus proprietários na década de 1980, como reação à lei de tombamento do patrimônio histórico, promovida pelo poder público municipal” (MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. 100 Imagens da Arquitetura Pelotense, p. 99). O presente quiosque não foi o único instalado junto à praça. Pelo menos dois outros elementos metálicos similares a este compuseram o mobiliário urbano da cidade, e podem ser vistos nas imagens do século XIX. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal: Lembrança de Pelotas. Praça da República. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº 11. Acervo: Eduardo Arriada. 53. Quarteirão fronteiro à Praça Cel. Pedro Osorio, entre as Ruas Pe. Anchieta e Félix da Cunha, composto por três casarões. O primeiro, à esquerda, com uma bandeira afixada era um “prédio de esquina pertencente à Associação Comercial e que abrigava o Clube Comercial — construído em 1873 e demolido em 1904 para dar lugar à atual sede do Clube Caixeiral” (SCHLEE, A. R. Op. cit.). A seu lado, a residência do charqueador Pinto da Rocha. E, por fim, à direita, o sobrado de esquina que veio a ser conhecido como “Casa da Banha”. Observe-se que, em primeiro plano, surgem dois Cavalheiros conversando, e, à direita, o bonde da Companhia Ferro-Carril e Cais, no qual o condutor, com seu chicote em riste, comanda os muares. Data da imagem: 1883. Reprodução de uma das oito aquarelas pintadas pelo artista francês Pineau. Fonte da Imagem: OSORIO, F. L. Op. cit. 54. Sede social do Clube Caixeiral (União e Progresso), à Praça Cel. Pedro Osório, esquina Rua Pe. Anchieta. Fundado no natal de 1879, e após ter passado por diversas sedes alugadas, em 1904 teve realizado o desejo de uma sede própria (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Esta imagem, publicada em um postal, mostra o final da construção. Projeto elaborado pelo arquiteto Caetano Casaretto, em 1902. Data aproximada da foto: 1905. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Caixeiral (em construcção). Pelotas: Edições Meira, nº 52. Acervo: Eduardo Arriada. 55. Edifício do Clube Caixeiral. Representa “um marco da arquitetura eclética pelotense. De aspecto único, volumetria prismática e recortada, apresenta uma série de elementos decorativos que lhe garantem um caráter excepcional – o que era reforçado pelas duas pequenas torres que encimavam a construção (infelizmente demolidas)” (MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data aproximada da foto: Ano de 1904. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Club Caixeiral. Pelotas: Edições Meira, s/nº. Postado em 1912. Acervo: Eduardo Arriada. 56. Praça Cel. Pedro Osorio. Novamente o quarteirão entre as Ruas Pe. Anchieta e Félix da Cunha, agora com a sede do Clube Caixeiral. Observe-se, à direita, o prédio que existia (atualmente demolido) após a “Casa da Banha”. Data aproximada da foto: 1905. Fotógrafo desconhecido. Postal: Lembrança de Pelotas. Club Caixeiral. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº 4. Postado em 1906. Acervo: Eduardo Arriada. 57. Praça Cel. Pedro Osorio, desde a Rua Princesa Isabel. À direita, sobrado em estilo colonial. Construído entre 1830 e 1835, o prédio serviu de quartel-general a tropas imperiais durante a Guerra dos Farrapos em 1836 (Cf. Sítio do IPHAE – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado 308
do Rio Grande do Sul. Livro Tombo. Acessado em 10 de setembro de 2012). Ao fundo, antigo sobrado em que funcionava a loja Torre Eiffel, posteriormente destruído. Data aproximada da foto: 1905. Fotógrafo desconhecido. Postal: Lembrança de Pelotas. Praça da República. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº 1. Acervo: Eduardo Arriada. 58. Praça Cel. Pedro Osorio. Prefeitura Municipal e Bibliotheca Pública Pelotense. A fundo o antigo Mercado Público. Nesta aquarela, o acesso principal da Bibliotheca Pública tem sua escadaria em obras (Cf. SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data da imagem: 1883. Reprodução de uma das oito aquarelas pintadas pelo artista francês Pineau. Fonte da Imagem: OSORIO, F. L. Op. cit. 59. Fotografia capturada em um dos jardins do interior da Praça Pedro II (atual Cel. Pedro Osorio), mostrando o prédio da Câmara Municipal (atual Prefeitura Municipal) pouco depois de sua inauguração. Ao lado direito, a Bibliotheca Pública Pelotense, ainda em obras. No lado esquerdo, o antigo Mercado Público. Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 60. O edifício da Prefeitura Municipal foi projetado pelo engenheiro da Câmara, Romualdo de Abreu e Silva, e executado pelo empreiteiro Carlos Zanotta. Sua inauguração ocorreu no ano de 1881. “Igualmente como no caso do Mercado, foi possível verificar na arquitetura do Paço Municipal a influência do classicismo (...) um classicismo bastante decorado, ornamentado ou enfeitado, para poder evidenciar a riqueza que a cidade ainda detinha” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 61. A Intendência Municipal (atual Prefeitura Municipal) e, à esquerda, o antigo Liceu de Agronomia. Data aproximada da foto: Década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: 8. Intendencia Municipal e Lyceu de Agronomia. Acervo: Eduardo Arriada. 62. Prefeitura Municipal de Pelotas, “prédio significativo, construído em terreno de esquina e valorizado pela sua relação com o entorno. Recupera a tradicional tipologia dos prédios de ‘câmara e cadeia’, ou seja, sobrado de volume retangular caracterizado pelo pórtico, que protege a pequena escada e sustenta a grande sacada” (MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). À sua direita, a Bibliotheca Pública Pelotense. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 63. O palladiano edifício da antiga Escola Eliseu Maciel, projeto dos franceses Dominique Villard e Dominique Pineau (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 64. Antigo Liceu. Projetado a pedido da família Maciel, como presente ao povo de Pelotas, e em homenagem à memória do tenente-coronel da Guarda Nacional, Eliseu Antunes Maciel. O edifício foi concluído entregue em 1883, mobiliado e equipado para ser uma escola. Após diversos trâmites burocráticos, em março de 1888 foram iniciadas as aulas no Liceu de Agronomia, Artes e Ofícios (cf. GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 65. Antigo Liceu Eliseu Maciel. Seu pórtico tetrastilo (com quatro colunas coríntias), com respectivo entablamento e frontão triangular, conferiu à simétrica construção grande qualidade estética, tornando-os um dos mais significativos, originais e representativos prédios da arquitetura pelotense do século XIX (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas. Escola de Agronomia e Veterinária. Acervo: Eduardo Arriada. 66. A Estação Ferroviária, construída em 1884 (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.), no antigo Largo da Estação (atual Largo de Portugal). Vista do ângulo do leito do Arroio Santa Bárbara (atualmente aterrado). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit.. 67. Com a chegada da linha ferroviária Rio Grande-Pelotas-Bagé, o município passou a contar com 309
esta bela e ampla estação, que seguia o modelo de maior escala previamente estabelecido pela companhia administradora dos caminhos de ferro (cf. GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 68. O imponente edifício da Estação Ferroviária possuía mansardas nas alas laterais, além de uma marquise de ferro protegida por lambrequins de madeira no acesso principal, marcado pelo segundo piso, o qual reforçava a hierarquia do conjunto (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data aproximada da foto: Década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: 3. Estrada de Ferro. Estação de Pelotas. Acervo: Eduardo Arriada. 69. “A implantação, e conseqüente construção da estação, repercutiu fortemente no desenvolvimento e no crescimento urbano de Pelotas” (MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Como consequência, trouxe consigo uma nova rede viária, para dar suporte ao equipamento e fazer a ligação com o restante da cidade. Por outro lado, impôs certa barreira física, somente amenizada com a construção do Bairro Simões Lopes, em 1914 (conforme idem, ibidem). Data aproximada da foto: Década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas – Estação da Estrada de Ferro. Acervo: Eduardo Arriada. 70. A fachada posterior, voltada para os trilhos, comportava a plataforma de embarque e desembarque da Estação Ferroviária. Era protegida por longa cobertura, estruturada sobre mãos-francesas de ferro (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data aproximada da foto: Década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 71. Antiga Praça Constituição, também chamada de Praça das Carretas. Pequena porção que foi preservada sob o nome de Praça 20 de Setembro. Em julho de 1848, “os vereadores (...) propuseram que os carros não entrassem mais na cidade. Julgaram que o lugar mais próprio era rumo a oeste, do outro lado do [Arroio] Santa Bárbara, entre as ruas Martins Coelho, Hércules e São Jerônimo [atuais Ruas Tiradentes, Lobo da Costa e Marechal Floriano], local onde consolidou-se a praça das Carretas. Depois, em junho de 1852, a comissão encarregada da compra do terreno, composta pelos vereadores Domingos José de Almeida e José Inácio da Cunha, avaliou que a área oferecia acomodação suficiente para ‘paradouro’ de cavalares e das numerosas carretas que quotidianamente vinham da Campanha e da serra dos Tapes para a cidade” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Ao centro, as torres da Santa Casa de Misericórdia, quase irreconhecíveis, por retocadas. O artista-fotógrafo ainda adicionou uma fantasiosa paisagem ao fundo. Data aproximada da foto: Década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas (Vista pela Praça Constituição). Pelotas: Edições Meira, nº 35. Acervo: Eduardo Arriada. 72. A imagem mostra a ligação do Bairro Fragata com o Bairro Centro. Vista que, parcialmente (ou seja, no fundo à direita), corresponde à atual Praça 20 de Setembro. “Alberto Coelho da Cunha afirmava que, pela face oeste, a praça limitava-se com a chamada lomba do Fragata, e que, no seu centro, fora construído um prédio para a estação dos carros da Empresa de Ferro-Carril, um espaço tomado da Câmara por arrendamento, em 1873, e acrescido pela Intendência em 1893. Em anexo, esse mesmo prédio contava com um cercado, em que eram soltos, para descanso os muares vindos do serviço. Na beira da ‘tapagem’, tinham sido plantados exemplares de Gerivá. Demolidas as casas da estação, ainda por algum tempo subsistiram as cocheiras, as estrebarias, as dependências. Nesse ponto, a praça foi suprimida, para dar acomodação às instalações da Companhia Força e Luz, e para o cercado em que pretendia a Sociedade Agrícola e Pastoril promover suas exposições e feiras. Em última instância, veio a doação para a projetada escola de Artes e Ofícios [atual Instituto Federal Sul-Riograndense]. Por fim, concluiu: “E essa velha praça desapareceu do número de logradouros públicos da cidade” (cf. CUNHA, A. C. da. Logradouros públicos. Pelotas, s.d. s.p., citado a partir de GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). À esquerda, chaminé da antiga Fábrica de Chapéus Pelotense. Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 73. Antiga Fábrica de Chapéus Pelotense, à Praça da Constituição (proximidades da atual Praça 20 de Setembro). “Esta fábrica foi fundada na cidade de Pelotas em 1880, pelos srs. Cordeiro e Wiener, e em 1892 adquirida pelo comendador Carlos G. Rheingantz (...). A sua produção, que é atualmente de 1.000 chapéus por dia, pode ser elevada a muito mais (...). Os maquinismos da fábrica, que são todos modernos e dos mais aperfeiçoados tipos, compreendem 61 máquinas para fabricação exclu310
siva dos chapéus e outras para o preparo da matéria-prima (...). A matéria-prima empregada é, para os chapéus de feltro de pelo, o pelo de lebre, coelho e castor; e para os chapéus de feltro de lã, a lã fina rio-grandense. Trabalham atualmente na fábrica 152 operários de ambos os sexos. A fábrica possui também, para o serviço próprio, bem montadas oficinas de ferraria, serralheria, marcenaria e cartonagem. Há um dínamo de 35 ampères e 110 volts, para a iluminação elétrica do estabelecimento. Os produtos são vendidos no Rio Grande do Sul e exportados para vários outros estados da União. A fábrica tem, em várias exposições, obtido medalhas de ouro e prata” (LLOYD, R.. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 74. Fábrica de fumos São Raphael, de Romeu & Cia. fabricante dos “afamados fumos Chileno”. Fundada em 1894 pela firma Olivé & Cia. (em outro prédio à Praça da Constituição), passou em 1896 à firma Nova & Cia, finalmente girando à razão social Romeu & Cia, dos sócios Juan Romeu e Antônio Cyrillo de Souza. “Funciona em (...) prédio de construção térrea, com cinco aberturas para a Praça da Constituição (...). Recebe em geral o fumo do Cerrito, de Canguçu e de Porto Alegre, e em menor escala do Rio de Janeiro e de Minas (...). Produziu em 1910 cinquenta e oito mil quilos de fumo manipulado (...) cujos mercados de consumo encontram-se neste Estado e na Republica do Uruguai. Emprega 14 operários e mais 06 mulheres” (FERREIRA & C. - Almanach de Pelotas I 1913). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 75. Antiga Praça das Carretas. À esquerda, a ponte de pedra sobre o Arroio Santa Bárbara. Ao fundo, profusão de edificações, muitas assobradadas. “Em 1848, depois de muita negociação, os vereadores indicaram uma área, na margem direita do [Arroio] Santa Bárbara, para as carretas que transportavam lenha e alimentos do interior, a fim de fornecê-los à cidade” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: Década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Carreta de Bois. Pelotas: Edições Meira, nº 14. Acervo: Eduardo Arriada. 76. “A Praça das Carretas não era um lugar de contemplação e de divertimento. Esse espaço marginal reservava-se às atividades de transporte e de abastecimento à zona urbana situada do outro lado do arroio. Após alguns anos, ali também se localizaram as estrebarias da Companhia de Ferro Carris e Cais de Pelotas. Pouco a pouco, o espaço foi ocupado. O local era visto pela classe senhorial como ‘foco de imoralidades, fundição de crioulos e entretenimento de escravos’” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Ao centro, o complexo da Cervejaria Ritter e, ao fundo, as torres da capela de São João Batista, da Santa Casa de Misericórdia. Data aproximada da foto: Década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal: Un Faubourg de Pelotas. Edition de la Mission brésilienne de propagande. Acervo: Eduardo Arriada. 77. “Antiga Praça das Carretas, vendo-se a ponte de pedra sobre o Arroio Santa Bárbara (hoje desviado). Ao fundo, a Cervejaria Ritter” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 78. Ponte de Pedra sobre o Arroio Santa Bárbara. Ao fundo, edifícios da Cervejaria Ritter e da Santa Casa da Misericórdia. Em primeiro plano, à direita, a antiga Praça Henrique D’Ávila (atual Praça Cipriano Barcelos), na margem esquerda do Arroio. Segundo planta litografada em 1893 (ver figura nº 195), esta praça denominou-se, ainda, Praça de S. Martines [sic]. (cf. SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data da Imagem: 1883. Reprodução de uma das oito aquarelas pintadas pelo artista francês Pineau. Fonte da Imagem: OSORIO, F. L. Op. cit. 79. Antigo leito do canal Santa Bárbara. Ao fundo, o complexo pertencente à cervejaria Ritter. “Em 2 de setembro de 1880, em sessão da Câmara, o terreno provincial, situado entre as duas pontes do arroio Santa Bárbara, à margem esquerda do citado arroio, foi concedido à municipalidade para praça pública. Em reconhecimento, com o objetivo de perpetuar a memória do presidente da província, foi a praça chamada de Henrique D’Ávila”. (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: Década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 80. Novamente o antigo leito do Canal de Santa Bárbara. À direita, atual Praça Cipriano Barcelos. “Estava localizada na margem esquerda do arroio Santa Bárbara, com frente à atual Rua Barão de Santa Tecla, no terreno compreendido entre as pontes das ruas hoje conhecidas como Marechal 311
Floriano e Lobo da Costa; ficava vizinha à Praça das Carretas. ‘Parte deste terreno foi conquistado ao arroio, cujo curso, ao sair da ponte de alvenaria, inclina-se com forte inflexão para leste, vindo a beirar os prédios da Rua Paissandu [Barão de Santa Tecla] com frente a oeste, que se prolonga à embocadura da Rua Riachuelo [Lobo da Costa] que era banhada no seu término por essas águas’” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: Década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 81. Vista desde a ponte de pedra à Rua Marechal Floriano na direção sul. À esquerda, a atual Praça Cipriano Barcelos: “A Câmara mandou cavar um canal em linha reta, desde a atual Rua Marechal Floriano, em toda a largura da Praça Constituição. O arroio foi desviado; o canal, recolhido. O leito antigo, aterrado, passou a fazer parte da praça. O mesmo ocorreu com os terrenos particulares, situados entre as ruas presentemente chamadas de Lobo da Costa e Tiradentes; todos aproveitaram para avançar sobre o arroio, que fora afastado” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: LLOYD, R.. Op. cit. 82. Carreteiros em descanso (provavelmente na antiga Praça das Carretas). “Em 1880, na Praça das Carretas, a Câmara mandou colocar uma pena d’água e tanques competentes para o abastecimento dos condutores de carretas da campanha, que ali estacionavam, encontrando dificuldades para se suprirem d’água, não só para eles próprios, como para seus animais” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: Década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Carreteiros em descanso. Pelotas: Edições Meira, nº 13. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1903. Acervo: Eduardo Arriada. 83. Evento desconhecido nas proximidades da antiga Praça da Constituição, junto à ponte de pedra. Ao fundo, a Santa Casa de Misericórdia. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: ARRIADA, E. Op. cit.. 84. Antigo cartão postal com imagens de dois estabelecimentos fabris: Fábrica de Chapéus Pelotense de C. G. Rheingantz e Fábrica de Cerveja Ritter. Sobre a cervejaria, no Almanaque de Pelotas de 1913, relata-se que funcionava “em prédio (...), situado à Praça Floriano Peixoto, sob os nos 102 e 104, ocupando vasta área edificada com o aproveitamento do subsolo, em que foram cavados porões. O edifício compreende pavimento térreo e de sobrado, contendo 12 aberturas para o exterior. Gira sob a firma C. Ritter & Irmão, constituída por Carlos e Frederico Jacob Ritter, cujo contrato social na Junta Comercial, em 1901 registrado, estabelecia em 500 contos [de réis] seu capital. De exclusiva propriedade de Carlos Ritter, começou a Cervejaria Ritter, nesta cidade, em proporções modestíssimas em 1870. Foi então instalada à Rua 24 de Outubro, atual Tiradentes (antiga Rua Martins Coelho), sobre a margem esquerda do [Arroio] Santa Bárbara, em um casebre situado no interior de um terreno tomado por aluguel a Procópio Gomes de Oliveira. Poucos anos após, como o desenvolvimento (...) exigisse maior instalação, foi ela transferida para o local onde atualmente se encontra. O estabelecimento ali erguido ocupa a área superficial de 3.054m², tendo sido aproveitado todo o terreno (...), de forma a não haver hoje mais como estender a edificação (...). A caldeira para fabricação da cerveja é de dezoito mil garrafas. A instalação de luz elétrica em todo o estabelecimento data de 1905 (...). Também existe na fábrica uma seção para o preparo de bebidas refrigerantes, sem álcool, apenas gasosas, como limonada, espumantina, syphon e águas minerais (...). O maior consumo da produção (...) é feito dentro do Estado, encontrando o excedente, em avultada proporção, fácil colocação em todos os outros Estados da República, inclusive o de Mato Grosso. Regula ser de 4.500.000 garrafas por ano a produção de cerveja” (FERREIRA & C. - Almanach de Pelotas I 1913). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: à esquerda, Henrique Patacão; à direita, desconhecido. Postal. Pelotas: Coleção da Livraria Americana, nº 15. Postado em 1912. Acervo: Eduardo Arriada. 85. Antigo Canal de Santa Bárbara. “Em 1876, sobre a margem esquerda desse canal [leia-se arroio], a Câmara mandou construir uma estaca [leia-se uma estacada] de madeira. Em 1888, quando a praça foi nivelada e aterrada, substituíram a estaca por um cais de alvenaria com extensão de 125m. Para esse serviço, contrataram José Rafael Machado e Companhia. Não fazia um quadrado perfeito; media 122m de frente; de fundos, pelo norte, 150m e, pelo sul, 164m” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit.). Data aproximada da foto: Década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 86. “A Cervejaria Ritter é o estabelecimento no Brasil que se dedica ao preparo do malte nacional. 312
Para isso, dispõe de instalações apropriadas, e anualmente, para consumo próprio, prepara doze mil sacos de cevada de 50 quilos cada um, quantidade máxima que se pode obter (...). Dispõe ainda a fábrica de um excelente e perfeito laboratório químico, atendido por um diretor, que é engenheiro-cervejeiro, formado e diplomado por uma academia alemã (...). Possui medalhas de ouro, prata e um Grande Prêmio, distinções essas conferidas em Porto Alegre em 1881, em Berlim [Alemanha] em 1886, em Paris [França] em 1889, em Porto Alegre em 1901, em Saint Louis [EUA], em Rio de Janeiro (Grande Prêmio) em 1908 e Pelotas, em 1910. É a única que submeteu o seu produto a análise em todos os laboratórios do Brasil, para, por essa forma, destruir uma falsa análise emanada do Laboratório do Estado do Pará, em que um químico peitado por concorrentes que não podiam, em favor da sua mercadoria, vencer a procura esmagadora da cerveja Ritter, perpetrou um ato de venalidade, infamante da profissão, que veio a redundar no descrédito próprio. A pureza da cerveja Ritter foi também constatada no Laboratório de Manchester [EUA], que veio a confirmar o favorável laudo de todos os laboratórios brasileiros” (FERREIRA & C. Almanach de Pelotas I 1913). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Lembranças de Pelotas. Fábrica de Cerveja de Carlos Ritter & Irmão. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº 4. Postado em 1904. Acervo: Eduardo Arriada. 87. Rua Mal. Floriano (antiga São Jerônimo), em direção à Praça Cel. Pedro Osorio, entre Gal. Osorio e Andrade Neves. A Rua São Jerônimo foi projetada no segundo arruamento da cidade, em terras de Mariana Eufrásia. Partia da lateral do terreno destinado a uma praça (futura Praça Cel. Pedro Osorio), atingindo, na direção oeste, o Arroio Santa Bárbara. MAGALHÃES, M. O. Op. cit. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: ARRIADA, E. Op. cit. 88. Idem. Trecho entre as Ruas Gal. Osorio e Andrade Neves. Ao centro, um bonde puxado por muares aproxima-se, ladeado por casarões, alguns assobradados. À direita, na esquina, um “frade-de-pedra (marco, ou pequena coluna, geralmente de pedra, usada para proteger, contra o choque de veículos, as esquinas, os cunhais, os portões, etc)” (CORONA, E. & LEMOS, C. A. C. Dicionário da arquitetura brasileira. São Paulo: Edart, 1972). Ao fundo, árvores da antiga Praça da República. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas. Rua Marechal Floriano. Acervo: Eduardo Arriada. 89. Idem. “Nos idos de 1830 esta Rua foi dedicada a São Jerônimo, santo católico que, assim como Santa Bárbara, o povo costumava invocar contra os rigores do tempo” MAGALHÃES, M. O. Op. cit.). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 90. Ao fundo, a atual Praça Cel. Pedro Osorio. Na esquina, o estabelecimento Ao Pharol Pelotense, de Ambrósio Perret. Além deste, Perret foi proprietário de um avançado estabelecimento agrícola, a Quinta Bom Retiro, no Retiro, proximidades do Arroio Pelotas. Na Quinta, “foi pioneiro (...) ao realizar um trabalho experimental de adaptação de várias qualidades de frutas importadas da Europa, Estados Unidos, Japão e Austrália que resultou em grandes viveiros. Esse estabelecimento vendia sementes, plantas e inclusive exportava enxertos para os países vizinhos” (GRANDO, M. Z. Pequena agricultura em crise: o caso da “Colônia Francesa” no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, 1989, p. 48). Na década de 1910, viria ainda a ser um dos diretores da Companhia Fiação e Tecidos. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Uma parte da Rua Marechal Floriano. Acervo: Eduardo Arriada. 91. Rua Mal. Floriano, quase esquina Rua Andrade Neves. No sobrado à direita, na esquina, funcionou, na década de 1910, uma das sucursais da filial pelotense do Banco da Província. (cf. GRANDO, M. Z. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Lembrança de Pelotas. Rua Marechal Floriano. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº 5. Acervo: Eduardo Arriada. 92. Ao centro, numa das esquinas com a Rua Andrade Neves, casarão em estilo colonial, com beiral aparente, cujo endereço foi cedido à construção da majestosa sede do Banco Pelotense, erguida em 1916, por ocasião do primeiro decênio de fundação da pujante instituição financeira. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Rua Marechal Floriano. 313
Pelotas: Edições Meira, nº 5. Acervo: Eduardo Arriada. 93. Rua Mal. Floriano nº 06. Primeiro edifício onde funcionou a loja Torre Eiffel, fundada em 1890 e adquirida por Tarcílio Fabião em 1894. (cf. DOMECQ & Cia., M. O Estado do Rio Grande do Sul. Barcelona: Estabelecimento Graphico Thomas, 1916. p. 301-303). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 94. Junto à praça, o quiosque de ferro conhecido como “Garrafão”. Ao fundo, o Clube Caixeiral, com suas duas torres. À esquerda o Teatro Sete de Abril, com o prédio ainda térreo do “Hotel Brazil” ao seu lado. (cf. MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Lembrança de Pelotas. Praça da República. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº ilegível). Acervo: Eduardo Arriada. 95. À direita, sobrado construído para segunda e definitiva sede da loja Torre Eiffel, cuja propriedade, a partir de 1894, passou a Tarcílio Fabião. Residia com sua família no pavimento superior (cf. DOMECQ & Cia., M. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Lembrança de Pelotas. Rua Marechal Floriano. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº ilegível. Acervo: Eduardo Arriada. 96. Vista na direção norte. À esquerda, uma das belas luminárias de ferro que adornavam as esquinas da elegante cidade. À esquerda o alteroso edifício da loja Torre Eiffel, cuja fachada principal era encimada pelo busto de seu proprietário (cf. DOMECQ & Cia., M. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Rua 15 de Novembro. Pelotas: Edições Meira, nº 2. Acervo: Eduardo Arriada. 97. Ângulo em direção à Praça Cel. Pedro Osorio. À direita, o edifício da importante Livraria Universal, de Echenique & Irmão. Esta firma foi inicialmente fundada, por Guilherme Echenique, tendo como sócios seu irmão Carlos e o cel. Pedro Luiz da Rocha Osorio, este comanditário. Guilherme foi vice-intendente de Pelotas e conselheiro municipal, além de coronel da Guarda Nacional. A Livraria Universal, inaugurada em dezembro de 1887, lançou diversos autores gaúchos, dentre eles João Simões Lopes Neto (primo de Guilherme Echenique), Luís Araújo Filho, Lobo da Costa, Julieta de Melo Monteiro, Carlos von Koseritz, Alfredo Varella, José Romangueira Corrêa, etc. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Lembrança de Pelotas. Rua 15 de Novembro, esq. 7 de Setembro. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº ilegível. Acervo: Eduardo Arriada. 98. Antigo prédio da Livraria Universal, especialmente construído para sede do estabelecimento, e ocupado a partir de 1893. Ao lado direito, edifício em três pavimentos que abrigava o depósito e as oficinas. Esta importante casa editora e livraria, já em 1891 abrira uma filial em Porto Alegre, na Rua dos Andradas; e outra em Rio Grande, em 1898. Foi a responsável pelas primeiras edições de Cancioneiro Guasca, de Contos Gauchescos e de Lendas do Sul, de João Simões Lopes Neto (cf. LONER, B. A.; GILL, L.; MAGALHÃES, M.O.; Dicionário de História de Pelotas. Pelotas: Editora da UFPel, 2010. p. 164-165; João Simões Lopes Neto in: Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 1, p. 164-165). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 99. Café Java, um dos muitos cafés existentes na cidade, pontos de encontro e sociabilidades. Ficava ao lado da Livraria Universal. Era frequentado pelo advogado e político Alexandre Cassiano do Nascimento, pelotense que chegou aos cargos de ministro e senador, que costumava por lá palestrar (cf. texto “Há um século no Correio do Povo”, in: Correio do Povo, Porto Alegre, 12 de fevereiro de 1912. Acessado em fevereiro de 2012). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 100. Atualmente, uma das esquinas mais movimentadas do centro da cidade (à esquerda, as pessoas estão em frente ao prédio onde, hoje, é o Café Aquários). Os cafés, bem como as confeitarias, eram abundantes neste trecho (próximo ao atual Calçadão da Rua XV de Novembro) e adjacências. Estes tipos de estabelecimentos tinham por característica serem espaços muito frequentados, constituindo-se em verdadeiros palcos de sociabilidades na pulsante vida urbana de Pelotas. Con314
forme a iconografia, alguns estavam presentes desde o fim do século XIX. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Rua 15 de Novembro. Pelotas: Edições Meira, nº 7. Acervo: Eduardo Arriada. 101. Trecho de intenso comércio, entre as Ruas Sete de Setembro e Gal. Neto. Vista na direção da Av. Bento Gonçalves. A Rua XV de Novembro “foi uma das primeiras 19 ruas da freguesia [de São Francisco de Paula], projetada em 1815 [ver figura 1] nos terrenos de propriedade do capitão-mor Antônio Francisco dos Anjos. Recebeu, na ocasião, o nome de Rua de São Miguel, com o qual figura na planta de 1835” (MAGALHÃES, M. O. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas. Rua 15 de Novembro. Acervo: Eduardo Arriada. 102. Vista na direção da Praça Cel. Pedro Osorio. Por volta de 1835, aproximadamente, “foi sendo chamada, extraoficialmente de Rua dos Canários”. Isto em virtude da leva de imigrantes (cerca de 48 casais) proveniente das Ilhas Canárias, que chegaram em 1789 a terras recebidas na região serrana do município, onde cultivavam trigo. “Alguns desses pioneiros e seus descendentes teriam se transferido, a partir de 1835, com o advento da Revolução Farroupilha, para o centro da cidade, localizando-se em número significativo na Rua de São Miguel. Aí teriam começado a se dedicar ao comércio e a identificar a própria rua” (MAGALHÃES, M. O. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas. Rua 15 de Novembro. Acervo: Eduardo Arriada. 103. Rua XV de Novembro, quase esquina Gal. Neto. Ângulo em direção à Praça Cel. Pedro Osorio. Somente “em 15 de Novembro de 1895, seis anos depois da proclamação da República” conseguiram os vereadores mudar o nome da rua, motivados pelo prestígio da data (cf. MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 73-74). À direita, em primeiro plano, a Livraria Americana. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: LLOYD, R.. Op. cit., p. 841. 104. Postal mostrando alguns dos comércios existentes à Rua XV de Novembro (Livraria Americana e Bazar Musical), além de uma terceira imagem que retrata o movimentado cotidiano desta conhecida “artéria” da cidade. Fundada em Pelotas, em 1875, a Livraria Americana era propriedade de Carlos Pinto & Cia. Instalou filiais em Porto Alegre (1879) e em Rio Grande (1885). Editou vasta quantidade de livros, livretos, catálogos, estatutos de autores e instituições locais, nacionais e estrangeiras, trazendo a público inúmeras traduções da literatura universal. “Sua coleção Biblioteca Econômica, de baixo preço e formato de bolso, apresentava, sem pagar direitos autorais, traduções de Daudet, Dostoiévisky, irmãos Goncourt, Paul de Koch, Maupassant, Turgeniev, Zola, Sacher-Masoch e diversos outros autores”. O estabelecimento, sediado em edifício de grande valor arquitetônico, com “colunas encarnadas”, esteve, por várias razões sociais, sempre sob controle da família Pinto, sucumbindo, em 1917, à forte concorrência da Livraria Universal, que, por fim, adquiriu seu acervo e maquinário. Carlos Pinto esteve fortemente envolvido na criação da Biblioteca Pública Pelotense, tendo sido o seu primeiro tesoureiro. Em relação ao Bazar Musical: era propriedade de João Abadie & C., e localizava-se em frente à Livraria Americana, no outro lado da rua. É um dos mais antigos prédios de Pelotas que possuíra fachada em ferro fundido, cujos delgados pilares lhe propiciavam avantajada vitrine. Conforme anúncio do início do século XX, era uma “casa especial e de confiança para a venda de música, instrumentos e artigos musicais”. Fazia ainda importações de pianos, etc. (cf. LONER, B. A.; GILL, L.; MAGALHÃES, M.O. Op. cit., p. 164-165; SIMÕES LOPES, J. S. Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 1, p. 04). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Livraria Americana; Bazar Musical; Rua 15 de Novembro. Pelotas: Coleção da Livraria Americana, nº 11. Postado em 1903. Acervo: Eduardo Arriada. 105. “No passado era a Quinze [de Novembro], entre todas as outras, a nossa rua principal e a mais movimentada. Nela é que ficavam os melhores hotéis e livrarias, as confeitarias mais chiques, as grandes casas de moda e o melhor comércio em geral” (MAGALHÃES, M. O. Os passeios da cidade antiga, p. 74). Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: ARRIADA, E. Pelotas. Gênese e desenvolvimento urbano (1780-1835). Pelotas: Armazém Literário, 1994. 106. Ao centro, três antigos estabelecimentos pelotenses: Hotel Aliança, Ferragem Behrensdorf e Livraria Pelotense. Ao fundo, na esquina com a Rua Voluntários da Pátria, o palacete de três pavimentos, construído para residência do Barão de Conceição, Manoel Alves da Conceição. Foi proprie315
tário da “maior casa exportadora e importadora da região. Ao mesmo tempo em que comercializava artigos e couro, financiava a produção de charque (emprestando dinheiro a juros). (...) A partir de 1900, com a falência total do Barão, o imóvel passou a sediar inúmeras instituições, como o Banco Mauá, a Cia. Telefônica e o Centro Republicano, (...) etc” (MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/ Pelotas Memória. 107. Postal com vista do pátio interno do antigo Hotel Aliança. “Há informações de que o Hotel Aliança, inicialmente Café de la Alliança, começou a funcionar em 1843, quando a Revolução Farroupilha já estava declinando. Porém, não há muitos dados que comprovem esta data. O que se sabe, através do jornal O Rio-Grandense, de Rio Grande, é que em 1847 o hotel existia e oferecia hospedagem. Desse modo, esteve em funcionamento por mais de 120 anos, ininterruptamente. O primeiro proprietário que se tem notícia foi o alemão Adolph Hermann Schreiber, o qual o vendeu, em 1853, para [os italianos] Santiago Pratti e Thomaz Gotuzzo. Desta data até o final da década de 1920 o hotel permaneceu com a família Gotuzzo, período de maior destaque, pela qualidade dos serviços, conforto e higiene” (MÜLLER, D. “Progresso sacrificou o Velho Hotel Aliança”, in: Diário Popular, 23 de agosto de 2008. Acessado em 13 de janeiro de 2012). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 108. Interior do antigo Hotel Aliança. “Sabe-se que, pelo menos desde 1847, se localizava na Rua 15 de Novembro. Em 1857 seus proprietários constroem um sobrado na mesma rua, mas não no mesmo local, com ‘espaçosas salas para bilhares, numerosos e decentes aposentos para viajantes’. O hotel se estendia até a Rua Anchieta, onde foi construída, em 1892, uma nova entrada (...). Sempre esteve à frente dos demais nas comodidades que oferecia, passando por reformas, ampliações, embelezamentos, instalações de infraestrutura, visando ao melhor atendimento dos hóspedes (...). Chegou a possuir 50 quartos, várias salas para exposições, sala de visita com piano, salão para refeições, salão para bilhares e pátio ajardinado. Desde a década de 1850 o hotel, além de hospedagem, oferecia serviços de alimentação dentro e fora do hotel, preparando almoços e jantares nos seus salões e restaurante; vendia os mais variados produtos, entre eles, ‘especial sortimento de líquidos e conservas importados da Europa’; era o local preferido pela população da cidade para comemorações, criação de clubes, partidos políticos e sociedades, discussões políticas e literárias ou, simplesmente, para uma ‘palestra’ na área [pátio interno] ou no restaurante. As mais diversas comemorações, como homenagens à família real, ainda no período imperial; festas cívicas, homenagens a vultos das artes e da política, tinham como palco o hotel. Nestas comemorações eram servidos ‘lautos banquetes’, sempre acompanhados das bandas de música. O hotel abrigou figuras famosas do teatro, da música, das letras e da política. Foi considerado ‘um estabelecimento que acompanha o progresso de Pelotas’, símbolo de modernidade, honrando a cidade. Mesmo com o grande sucesso que obteve, principalmente no início do século 20, devido às constantes reformas e melhoramentos realizados por seu proprietário Caetano Gotuzzo [pai do talentoso pintor Leopoldo Gotuzzo], o Hotel Aliança foi sacrificado em nome deste mesmo progresso” (MÜLLER, D. Idem). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal: Lembranças de Pelotas. Hotel Alliança – Pateo Interior [sic]. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, s/ nº. Reprodução parcial. Endereçado em espanhol. Postado em 1904. Acervo: Eduardo Arriada. 109. À direita, em primeiro plano, parte da fachada da Ferragem Behrensdorf. Ao centro, a Livraria Pelotense. Esta livraria era propriedade de Albino Isaacsson, imigrante sueco nascido em 1858, que chegou ao Brasil por volta de 1890, residindo inicialmente no Distrito de Santa Eulália, zona rural de Pelotas. Além de livraria, o estabelecimento tinha uma oficina tipográfica, onde foram impressos muitos cartões postais da cidade. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal: Lembranças de Pelotas. Rua 15 de Novembro. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, s/ nº. Reprodução parcial. Postado em 1904. Acervo: ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv. 110. Quando o conde D’Eu esteve em Pelotas, no final do ano de 1865, observou: “Aqui é que o estancieiro, o gaúcho cansado de criar bois e matar cavalos [não seria ao contrário?] no interior da campanha, vem gozar as onças e os patacões que o ajudou em tal mister. É também em Pelotas que, ao pé dos ricaços que vão a descansar, florescem em todo seu esplendor as indústrias que alimentam o verdadeiro luxo rio-grandense, os dos arreios. Estas indústrias, como se sabe, são duas: a dos couros lavrados, cinzelados, coloridos, bordados de mil maneiras, e a das peças de prata, 316
não menos artisticamente trabalhadas. As diferentes classes de população estão, porém, bem separadas: em certas ruas as residências ricas; noutras as lojas. Especialmente na Rua do Comércio [atual Rua Félix da Cunha] e na rua São Miguel [atual Rua XV de Novembro] vê-se uma fila contínua dessas lojas, onde estão expostos estribos, esporas enormes, peitorais e freios, tudo de prata, ostentando esplendor deslumbrante, que iguala, não digo à da Rua do Ouro, de Lisboa, mas até à ‘Strada degli Orefici’, de Gênova”. (Trecho de Viagem militar ao Rio Grande do Sul citado a partir de GUTIERREZ, E. J. B. Barro e sangue. Mão-de-obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas (1777-1888). UFPel, Pelotas; 1ª edição, 2004. p. 409). Data aproximada da foto: década de 1880. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: ARRIADA, E. Pelotas. Gênese e desenvolvimento urbano (1780-1835). Pelotas: Armazém Literário, 1994. 111. Conhecida como Ferragem Behrensdorf, sua história se confunde com a da transformação econômica do Estado do Rio Grande do Sul. Tem origem na firma Warncke & Doerken, de Adolf e Albert Doerken, com Augusto Warncke, que fundou a casa matriz em Porto Alegre em 1866, e uma filial em Rio Grande. Em 1874, esta filial é transferida para Pelotas, à Rua XV de Novembro. Em 1883, assume a gerência da sucursal de Pelotas o Sr. Franz Behrensdorf, girando sob a firma Warncke & Doerken, Sucessores, ficando independente da casa matriz. Em 1894, assume como único proprietário. Com seu falecimento, em 1901, sua viúva D. Carlota, constituiu a sociedade Vva. Franz Behrensdorf & Cia., com Alexander Tollens e Alexander Reguly, dando prosseguimento ao negócio. Em 1907, o Sr. Franz Behrensdorf Jr. assume como sócio, desligando-se em 1909 o Sr. Tollens. Negociando por atacado e varejo, possuía vastos depósitos e grandes armazéns, salas de exposição dos artigos, luxuosos escritórios. Fazia avultada importação e exportação, direto da Alemanha, França, Inglaterra e dos Estados Unidos da América do Norte, de máquinas, especialmente agrícolas; máquinas a vapor, bombas, caldeiras, debulhadeiras, moinhos a vento, arados, ceifadeiras, plantadeiras, cultivadoras, máquinas para marcenaria, carpintaria, serralheria, máquinas para padaria, automóveis. A Ferragem Vva. Behrensdorf foi responsável pela importação e construção do grande pavilhão de exposições agroindustriais de Porto Alegre. (Cf. DOMECQ & Cia., M. Op. cit., p. 217-220; COSTA, A. R. da. O Rio Grande do Sul (completo estudo sobre o estado). Porto Alegre: Livraria do Globo, 1922. II vol. p. 93. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: LLOYD, R.. Op. cit., p. 841. 112. Nesta fotografia da Rua XV de Novembro é possível ver diversos estabelecimentos comerciais e a profusão de construções assobradadas (que geralmente tinham o pavimento inferior destinado ao comércio e o superior a depósito de mercadorias ou residência do proprietário). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: R. 15 de Novembro. Pelotas: Edições Meira, nº 58. Reprodução parcial. Acervo: ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv. 113. A imagem certamente retrata um evento cívico, dado o séquito através de carruagens e a decoração da rua com a Bandeira Nacional brasileira. Trata-se, provavelmente, uma comemoração de aniversário da Proclamação da República ou Dia da Bandeira. Fotografia apanhada do alto de uma edificação, à altura da platibanda. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 114. Edifício original do Colégio Gonzaga, inicialmente nominado Colégio São Luiz Gonzaga, com o lendário “coqueiro da saudade” ao seu lado. Este educandário foi fundado pelo padre José Anselmo de Souza, da ordem dos Jesuítas, em março de 1895. No primeiro ano de funcionamento, começou com 15 alunos, tendo ao fim deste, 92. Em 1900 inaugurou sua capela e um novo prédio para aulas. Em 1902, já era comparado ao colégio D. Pedro II, na capital, Rio de Janeiro, dada a qualidade do ensino. É quando passa a chamar-se Ginásio São Luiz Gonzaga, com 220 alunos. Outro novo edifício, ao fundo da capela, para aulas foi iniciado em 1904. No ano de 1905, a “casa velha” de João Francisco Braga, à esquina da Rua XV de Novembro com (atual) Praça José Bonifácio foi destruída para dar lugar ao prédio do Ginásio Gonzaga, recebendo o novo edifício sua “pedra angular”, em maio de 1906. Um museu interno de história natural é inaugurado em 1909. Em 1910, Irmãos Maristas assumem a direção do Curso Elementar. Quatro anos mais tarde, passou a oferecer o Curso Comercial (possuiria futuramente um banco, o “Banco do Gonzaga”, para atividades práticas). Em 1916 recebe luz elétrica, em substituição à iluminação a gás acetileno. No prédio à esquina da Rua Pe. Anchieta com Gal. Argolo, teve inauguração de um grande Salão (teatro), e de dormitórios para internato, no sótão. Para uso dos alunos, especialmente internos, em 1920 o colégio adquire uma 317
chácara no arrabalde da Luz. Em 1926, os Irmãos Lassalistas assumiriam a instituição, dedicando-se os Jesuítas a outro estabelecimento em Santa Maria. Com instalações a princípio bem modestas, pouco a pouco foram construídos outros prédios (laboratórios de química, física e biologia, quadras de esportes, biblioteca, etc.), de forma a ocupar, hoje, quase a totalidade de seu quarteirão. (Cf. PARMAGNANI, J. J.; RUEDELL, O. Memorial do Colégio Gonzaga - 100 anos dedicados à educação. Porto Alegre: Pallotti, 1995, p. 19-56). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: Idem 115. Antiga Praça da Matriz. Na imagem, vê-se a Catedral São Francisco de Paula ainda com o largo ornado por um dos quatro chafarizes importados da França. Após perder sua função utilitária, e em despeito de seu caráter estético, foi removido, entre 1915 e 1916. Desde então, nunca foi recolocado em parte alguma da cidade, e é considerado desaparecido. Por escassa a iconografia que o retratasse, somando-se a isso as realocações de outros dois chafarizes (o único a ocupar seu local original é o chamado “Fonte das Nereidas”, à Praça Cel. Pedro Osorio), algumas gerações desacreditaram da sua existência. À direita, em primeiro plano, a linha dos bonds da Ferro-Carril e Cais; ao fundo o “coqueiro da saudade” e a “Casa Velha”, primeiro edifício do Colégio Gonzaga, ladeado por diversas construções particulares, posteriormente adquiridas e demolidas para dar vazão à expansão do complexo do educandário. Data aproximada da foto: virada do século XIX para o XX. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 116. Até o início do século XX, “embora de grandes dimensões (aproximadamente 220m² e com uma capacidade para 700 fiéis), era ainda [a Catedral] bastante primitiva [arquitetonicamente]: nave única com tribunas laterais [internas, com esmerado trabalho em madeira], altar-mor ao fundo e as duas bases das torres (...). As fachadas laterais, tipicamente coloniais, estavam em total desacordo com as proporções e ‘estilo’ da principal (...). Esse (...) aspecto (...), conforme tudo indica, se manteve até 1915” (MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit., p. 40). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 117. A Catedral São Francisco de Paula e o seu chafariz. Instalado em julho de 1873, assim como os outros três, foi, quando da inauguração, devidamente abençoado, e comemorado por sonoro repicar dos sinos da Matriz. A festividade era alusiva ao importante melhoramento, que colocava um fim à era do abastecimento de água por meio das cacimbas existentes na cidade. No entanto, era propriedade da Companhia Hidráulica Pelotense, que para proteger seus interesses, mantinha todos os chafarizes gradeados, cada um sob a vigilância de um guarda, a fim de garantir tanto sua integridade quanto o pagamento pelo serviço. Na imagem, o equipamento está recebendo manutenção. Quanto ao relógio da Igreja, instalado abaixo da torre sul (à esquerda), foi doado ao Colégio Gonzaga na segunda década do século XX. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal. Acervo: Eduardo Arriada. 118. Segundo Simões Lopes Neto, “A primeira planta de Pelotas (Vila de S. Francisco de Paula) foi levantada em meados de 1834 pelo engenheiro Eduardo Kreschmar” (LOPES NETO, J. S. “Notas Diversas”, in: Op. cit., volume III, p. 41). Pelotas tornou-se Vila em 1832, tendo sido elevada a Cidade em 1835. Segundo Gutierrez, Eduardo Kretschemer, em 1820, foi autor da retificação e ampliação da planta do Rio de Janeiro; em 1834, trabalhou na planta de Pelotas e, em 1833, fez projetos de estudo para a abertura da barra do canal São Gonçalo. A nacionalidade, a grafia do nome e a formação de Eduardo deixam dúvidas. Assim, referindo-se a esse profissional, escreveram: “‘engenheiro norte-americano Eduardo Krschmar’; ‘o primeiro arruador, Eduardo Kreschmar’; ‘engenheiro Ernesto Kristcknan’; ‘alemão Eduardo Von Kreschmer’, respectivamente, João Simões Lopes Neto, Fernando Osório, Heloísa Assumpção, Yunes e Amaral” (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit., p. 171-172). A ele é atribuído ainda, o projeto do Teatro Sete de Abril, projetado em 1834, justamente quando esteve em Pelotas. Data: Ano de 1834. Autor: Eduardo Kreschmar. Fonte da Imagem: Fundação Biblioteca Nacional (Biblioteca digital). 119. “Preto chicoteando outro, crucificado em pelourinho”. Hermann Rudolf Wendroth era um mercenário alemão (...) [que] veio para o Brasil em 1851, contratado para lutar contra Rosas. (...) Wendroth tinha o olhar de um guerreiro beberrão, e a ele devemos as mais pitorescas imagens de Pelotas. (Cf. SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data: Ano de 1851. Autor: Hermann Rudolf Wendroth. Fonte da Imagem: AL-ALAM, C. C. A negra forca da princesa: Polícia, Pena de morte e Correção em Pelotas 318
(1835-1857). Pelotas: Sebo Icária, 2008. 120. “Prisão de soldados em Pelotas”. A pintura, feita no interior de uma cadeia, foi proporcionada pela prisão do artista e soldado. “Devido a um desses excessos [cometidos pela tropa e atribuídos ao caráter dos mercenários], Wendroth foi preso e conduzido para a Cadeia Pública de Pelotas que, além de registrar, tratou de decorar com ‘caricaturas’ e farta ‘produção literária’. No final de agosto de 1851, o 15º Batalhão partiu de Pelotas com destino a Jaguarão”. (SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data: Ano de 1851. Autor: Hermann Rudolf Wendroth. Fonte da Imagem: AL-ALAM, C. C. Op. cit. 121. Aquarelas cujo tema é a escravidão. “Wendroth era um artista-mercenário, capaz de evitar o ‘costrumbismo’ [pinturas agradáveis de hábitos estrangeiros e de costumes desconhecidos] para denunciar o atípico. (...). Quando na prisão, não se resignava, desenhava. Suas aquarelas e desenhos são realistas, um realismo à serviço de um espírito satírico (no sentido da caricatura (...); no sentido da denúncia)” (SCHLEE, A. R. Op. cit.). Data: Ano de 1851. Autor: Hermann Rudolf Wendroth. Fonte da Imagem: AL-ALAM, C. C. Op. cit.. 122. “Além dos saraus domésticos para a prática musical em família, havia saraus em casas de professores de música, onde seus alunos tocavam o que haviam aprendido durante aquele ano. Havia, ainda, saraus realizados em casas de famílias importantes da cidade em honra a algum artista que estivera dando concertos” (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. (Orgs.). Op. cit., p. 231). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 123. Considerando que a presente pesquisa da iconografia de Pelotas, para compor este almanaque, verificou que atualmente temos acesso a pouco mais de duas centenas de imagens anteriores ao primeiro centenário de Pelotas, este postal francês, expedido em Pelotas, é um dos indicativos da influência da cultura francesa na cidade. Postado em 14/11/1903. Autor desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 124. Meninos do recém-inaugurado Ginásio Pelotense. Com a proclamação da república e a conseqüente separação entre o Estado e a Igreja, depois da chamada “questão religiosa”, foi permitido o ensino laico. “Esses fatos favoreceram”, em 1902, “a criação do Ginásio Pelotense, resultado da união de três sociedades maçônicas: Antunes Ribas, Lealdade e Rio Branco, contrapondo-se à instituição católica Ginásio Gonzaga. Sua primeira sede foi a residência do Dr. Miguel Barcelos, na rua que hoje leva seu nome (...). Em 1903, passou a funcionar no casarão adquirido pela Maçonaria, na Rua Félix da Cunha esquina Tiradentes (prédio histórico, que por duas ocasiões havia abrigado a Família Imperial) até ser transferido, em 1961, para o endereço atual” (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. (Orgs.). Op. cit. p. 76). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 125. As antigas exposições artísticas eram eventos com intuito de expor os talentos artísticos (em pintura, música e costura, entre outros trabalhos manuais) das jovens senhoritas da sociedade. Foram muito freqüentes em Pelotas desde meados do século XIX até meados do XX. Data aproximada da foto: década de 1900. Autor desconhecido. Postal. Remetido em 1905. Acervo: Nelson Nobre/ Pelotas Memória. 126. “As charqueadas eram estabelecimentos onde se preparava a carne salgada e seus subprodutos. Diferentemente dos demais núcleos charqueadores da América do Sul, o Núcleo Charqueador Pelotense, situado no encontro do arroio Pelotas com o canal de São Gonçalo, constituía uma zona fabril, com mais de trinta saladeiros localizados lado a lado, sem os campos destinados à criação e onde perto de 2000 escravos labutavam” (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. [Orgs.]. Op. cit., p. 59-61). Na cena acima, o aspecto dos extensos varais (ou secadores), barras longas de madeira disposta a metro e meio do solo, onde as mantas de charque ficavam ao sol. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Xarqueada (Varaes) [sic]. Pelotas: Edições Meira, nº 29. Postado em 1904. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 127. Processo de enfardação do charque. “Ao anoitecer, ou quando a chuva caía, [as mantas] eram amontoadas em vários pontos dos varais. Completamente seco, o charque era arrumado novamente em pilhas para esperar o embarque” (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. [Orgs.]. Op. cit., 319
p. 59-61). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Xarqueada (Enfardação) [sic]. Pelotas: Edições Meira, nº 30. Endereçado em francês. Postado em 1904. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 128. Desembarque de gado no Ramal. Cada charqueada abatia uma média de seiscentos bois por dia de trabalho (cf. LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. [Orgs.]. Op. cit., p. 59-61). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Desembarque de gado - Ramal. Pelotas: Edições Meira, nº 47. Endereçado em francês. Postado em 1906. Acervo: ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv. 129. Soldados do 29º Batalhão sobre a ponte de madeira da Rua Sete de Abril (atual Rua Dom Pedro II). Antigo leito do Arroio Santa Bárbara. “Uma (...) ponte foi construída em 1882, pela Companhia Ferro Carril e Cais de Pelotas, situada no prolongamento da Rua Sete de Abril, atual D. Pedro II. Em 1888 a Câmara Municipal mandou alargar esta ponte pelo alinhamento à rua” (PETER, G. D. Santa Bárbara. O braço morto que ainda vive na memória. Pelotas: UFPel/Curso de especialização em conservação de patrimônios em centros urbanos. 2004, p. 13). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit.. 130. “Natural do Congo, o Dominguinhos veio para a Bahia já casado. Sendo vendido como escravo para o Rio Grande, veio, depois, para Pelotas, onde casou pela segunda vez. (...) Trovador da cor inconfundível do carvão, dançarino incansável que atravessou a vida sempre carregando o peso da desventura, constantemente a rir, a cantar e a dançar” (OSORIO, F. L. Op. cit., p. 314-315). Nasceu em 1818 e viveu 107 anos. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: Idem. 131. Lavadeiras e pequenas embarcações no Arroio Santa Bárbara. “Em 1832, a Câmara de vereadores da vila de São Francisco de Paula proibiu a edificação e o levantamento de cercas, nas margens do arroio Santa Bárbara, que privassem o uso de lavagens de roupas, por ser o único lugar, na vila, destinado para essa atividade. No mesmo ano, foi apresentada proposta pelos vereadores para colocar os despejos no mesmo arroio, um ponto um pouco mais abaixo da lavagem da roupa, no passo do Santa Bárbara, no lugar onde as águas corriam em direção ao cemitério” (MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 23-24). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória 132. As lavadeiras utilizavam o antigo leito do Arroio Santa Bárbara, e motivaram o nome da Rua das Lavadeiras (chamada popularmente de Rua do Francisco Ourives; posterior Rua Manduca Rodrigues e atual Rua Prof. Araújo), conforme a Planta da Freguesia de São Francisco de Paula, elaborada por Maurício Ignácio da Silveira em 1815 (ver figura 1). (cf. MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 23-24). A imagem mostra a face norte da ponte de pedra. Ao fundo, a Cervejaria Ritter. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 133 Ponte de ferro sobre o Arroio Santa Bárbara, à Rua Dom Pedro II (antiga Rua Sete de Abril). “Em 1907, [a ponte de madeira da Rua Sete de Abril] foi demolida e substituída por outra, segundo Alberto [Coelho] da Cunha ‘mandada vir da Europa pela Empresa Industrial e Construtora do Rio Grande do Sul para servir a projetada estrada de Ferro de São Lourenço e por ela cedida à Intendência Municipal na administração do dr. Antero Leivas’”. (PETER, G. D. Op. cit., p. 13). Data aproximada da foto: década de 1900. Autor desconhecido. Postal intitulado: 11. Ponte da Rua 7 de Abril sobre o Rio S. Bárbara). Acervo: Eduardo Arriada. 134. Postal reproduzindo fotografias dos soldados do 29º Batalhão sobre a ponte de madeira da Rua Sete de Abril (atual Rua Dom Pedro II) e da Caixa d’Água de ferro. Vista esta tirada da lateral da Praça Piratinino de Almeida. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Ponte da rua 7 de Abril; Caixa d’Água. Pelotas: Coleção da Livraria Americana, nº 09. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1907. Acervo: Eduardo Arriada. 135. Atualmente este antigo trecho de ramal ferroviário, após o desvio do referido arroio, deu lugar à Rua Barão de Mauá. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: 320
Nelson Nobre/Pelotas Memória. 136. Antiga ponte do Ramal, à atual Rua Barão de Mauá, antigo Bairro do Estaleiro. “O bairro (...) deve seu nome a um pequeno estaleiro que já existia antes de 1830 sobre a margem esquerda do arroio Santa Bárbara, no lugar onde faz um acentuado cotovelo, no extremo sul da hoje rua Marechal Deodoro, e era situado no lugar onde se acha a fábrica de conservas alimentícias Aliança [do senhor Leivas Leite], próximo à antiga Caieira. Daí em meados de setembro de 1832 desceu para a água o casco da barca Liberal”. Ainda segundo Osorio, o primeiro barco a vapor que sulcou as águas do estado e o primeiro construído no Brasil. Completa Gutierrez: Antônio José Gonçalves Chaves, [Domingos] José de Almeida, mais José Vieira Viana e José Marques Canarim importaram da fábrica Stean Engine, de Nova York, um motor e caldeira e, em São Francisco de Paula, construíram o casco e montaram a barca Liberal”. (Cf. GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit., p. 219-220; PETER, G. D. Op. cit., p. 13; OSORIO, F. L. A cidade de Pelotas. 3. ed. Pelotas: Armazém Literário, 1997. p. 97). Data aproximada da foto: década de 1900. Autor desconhecido. Postal intitulado: 9. Ponte da Rua 7 de Abril sobre o Rio S. Bárbara). Acervo: Eduardo Arriada. 137. O Moinho Pelotense ficava, inicialmente, em uma das margens do Arroio Santa Bárbara. Sua origem é a “Grande Fábrica a Vapor de Farinhas Pelotense, de Delfino Borges. Dotado de um gênio ativo e empreendedor, teve o Sr. Delfino Borges a glória de dotar a nossa cidade de um estabelecimento de primeira ordem, como seja a sua importante Fábrica a vapor de farinhas pelotenses (...) primeira em seu gênero em todo o Brasil, possuindo as mais aperfeiçoadas máquinas que estão em uso na culta Europa e nos Estados Unidos” (Jornal A Ventarola, 11 de Setembro de 1887, p. 2. Pelotas: Chapon, 1887). Na chaminé, nesta imagem, está assinalada a data 1893. Datação aproximada: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit.. 138. O segundo proprietário do estabelecimento, já conhecido como Moinho Pelotense, foi Paulino T. da Costa Leite. “Em 1894, fundou-se o Moinho Rio-Grandense (em Porto Alegre), sendo o Sr. Albino Cunha um dos organizadores deste estabelecimento fabril que ficou mais tarde único proprietário [...]. Mais tarde [o comendador José Albino da Cunha] adquiriu por compra o Moinho Pelotense, tendo assim na mão os dois primeiros estabelecimentos industriais do ramo. Sendo muito diminuta a produção de trigo do Estado, a importação deste cereal foi feita da Argentina, sendo descarregado em trapiche próprio e transportado até á fabrica por uma pequena linha de trilhos que muito facilita a descarga, assim como a carga dos sacos de farinha. A produção do moinho Pelotense foi levada até mais de 30.000 quilos diários de farinha esmeradamente elaborada e cujas marcas Eclipse, Primor e Coqueiro gozam nos mercados grande popularidade, aliás, muito merecida, na Europa e principalmente na Inglaterra [...]. A ideia primitiva foi de instalar o moinho no Rio Grande [na cidade de Rio Grande]. Porém, as exigências descabidas Cia. exploradora no novo porto do Rio Grande, com respeito á aplicação das taxas de carga e descarga das mercadorias embarcadas ou desembarcadas no novo porto, fizeram com que o Sr. Cunha sutasse os trabalhos de edificação da fabrica projetada.” (DOMECQ & Cia., M. Op. Cit., p. 142-149). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Moinho Pelotense de Paulino T. da Costa Leite. Acervo: Eduardo Arriada. 139. Operários em frente à obra da ponte metálica da estrada de ferro sobre o Canal São Gonçalo, “com 600m de extensão e vão central móvel para passagens de embarcações, construída no final do século XIX, sob responsabilidade da empresa inglesa Southern Brazilian Rio Grande do Sul Railway Company Limited”. Data aproximada da foto: fim do século XIX. Fotógrafo desconhecido. (DAMETTO A. P. de A. Os metais no patrimônio Urbano de Pelotas, RS - 1870 a 1931. Dissertação Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural. Instituto de Ciências Sociais, UFPel, 2009. p. 59). Acervo: Eduardo Arriada. 140. Ponte ferroviária sobre o Canal São Gonçalo, que interliga Rio Grande, Pelotas e Bagé, cuja estrada de ferro (...) “consolidou o tripé econômico porto-charque-gado, estruturado na criação, produção e exportação do couro, da carne salgada e derivados”. (SANTOS, Carlos Alberto Ávila. Ecletismo na fronteira meridional do Brasil [1870-1931]. Tese. Doutorado em Arquitetura. Conservação e Restauro. Salvador, Universidade Federal da Bahia, 2007, p.76, in: DAMETTO A. P. de A. Os metais no patrimônio Urbano de Pelotas, RS - 1870 a 1931. Dissertação Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural. Instituto de Ciências Sociais, UFPel, 2009. p. 59). Data aproximada da foto: 321
década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 141. A segunda litografia [de Peter Ludwig], “‘Huma parte da povoação de Pellotas, subindo pelo caminho do Porto’ vem reforçar nossas especulações a respeito das intenções do seu autor, pois mostra os fundos de uma grande residência senhorial (ou conjunto de prédios), toda ela cercada por muros que delimitam várias áreas de vegetação ou banhados. O que é urbano, o que é rural? Fernando L. Osório conta que até 1907 existiu ‘fronteiro ao antigo cais de madeira e paralelo à margem do Rio S. Gonçalo, na continuação da rua Canarim, hoje Conde de Porto Alegre’ um antigo prédio; ‘o primeiro aqui erguido’, pois era a ‘sede da fazenda existente, como indicavam a sua amplitude, conforto, arquitetura e quantidade de menores edificações adjacentes’ (construído em 1784). Não estaria ele se referindo ao prédio litografado? Seria este, então, a sede da fazenda e, depois charqueada, do capitão Domingos Rodrigues?” (cf. SCHLEE, A. R. Op. cit.). Em Luccock encontramos o seguinte: “Uma parte da povoação de Pelotas”. Uma vez transposto o São Gonçalo encontra-se, rumo ao norte e entre o Passo dos Negros e a Lagoa dos Patos, uma vasta extensão de terrenos pantanosos, formados pela acumulação dos sedimentos de muitas eras. Em meio desses atoleiros existem várias casas e algumas estâncias, entre as quais a Fazenda de Pelotas, que se diz ocupar dez léguas quadradas. O proprietário passa por ser cavalheiro de grandes riquezas e poderio; sua casa é ampla, situada em terras elevadas (...). É toda caiada de branco e, tendo por fundo espessas matas, forma um objeto grandioso quando contemplada do rio. O rio Pelotas corre abaixo dela” (LUCOCK, John. Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975). Litografia editada em 1846. Fonte da Imagem: GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit., p. 139. Fonte da imagem: GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit., p. 139. 142. Postal reproduzindo três vistas do Porto de Pelotas. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Porto de Pelotas (Estaleiro); Porto de Pelotas (Praça São Domingos); Porto de Pelotas (Lado Sul). Pelotas: Coleção da Livraria Americana, nº 10. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1904. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 143. Postal do porto de embarque, em Pelotas. À esquerda, Praça Domingos Rodrigues. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas - Porto de Embarque. Pelotas: Endereçado e escrito em francês. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 144. Aspecto do Porto de Pelotas no fim do século XIX. A desobstrução da foz do Canal São Gonçalo, muito almejada pelos pelotenses, foi adiada por mais de quatro décadas desde as primeiras tratativas sob o comando do grupo responsável pela Barca Liberal. Realizada em 1876, abriu a perspectiva de grande crescimento econômico, por permitir o embarque e o desembarque de mercadorias em maior quantidade, em navios maiores e de praças mais distantes. Os primeiros deles foram o palhabote norte-americano Tampico, navio de barra-fora, e a canhoneira inglesa Beacon. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. (NETO, João Simões Lopes. Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 3, p. 45). Acervo: Eduardo Arriada. 145. Porto, Cais e Praça Domingos Rodrigues, no Porto de Pelotas, no Canal São Gonçalo. “Em 1845, a Câmara fixou em 33m a distância entre os edifícios e o canal São Gonçalo. Nesse mesmo ano, para João Ribas e Irmãos poderem construir um armazém junto à margem do São Gonçalo, com a distância de 19,20m entre o prédio e a água, tiveram de destinar área para praça, com 88m de frente ao dito canal, mais 154m de fundo. Até hoje, a praça mantém a denominação Domingos Rodrigues, em homenagem ao pai dos doadores, comprador das terras que foram doadas a Mariana Eufrásia. Em 1846, a Câmara de vereadores pagou a Manoel Eguia oito mil réis pela despesa feita com os serventes na demarcação da praça, que ficava sobre o porto da cidade”. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (GUTIERREZ, E. J. B. Barro e sangue. Mão-de-obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas (1777-1888). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PUC-RS, 1999, p. 217-218). Postal intitulado: 9. Porto, Caes e Praça Domingos Rodrigues. Acervo: Nelson Nobre/ Pelotas Memória. 146. Cais do Porto de Pelotas. “Em 1834, a Câmara Municipal dispõe um logradouro para o estabelecimento do porto. Ele ‘tinha início no terreno da antiga Alfândega (Rua Benjamin Constant) e estendia-se até o local’ onde funcionaria o Frigorífico Anglo (atual sede do Campus Porto, da Universidade Federal de Pelotas). Embora grande fosse o comércio feito por via fluvial, (...) havia um 322
grave problema que era representado pela sua obstrução (...), especialmente na sua barra no encontro com a Lagoa dos Patos”. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. [Orgs.]. Op. cit., p. 195-198). Fonte da imagem: LLOYD, R. Op. cit., p. 845. 147. Vista do porto de Pelotas. Antes da desobstrução da barra do São Gonçalo, “os produtos tinham que ser enviados em iates para São José do Norte, sendo transferidos então para barcos maiores que viajavam até o destino final das mercadorias, com prejuízos para os negócios da região”. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 195-198). Postal intitulado: Porto de Pelotas. Acervo: Eduardo Arriada. 148. Vista do porto de Pelotas. Em primeiro plano, um navio descarrega algumas barricas. O problema da obstrução do Canal São Gonçalo começou a ser “resolvido com a entrada em funcionamento, em 1868, de uma empresa com capitais da própria cidade, que se ocupou da dragagem do canal, tendo seu calado sido ampliado para 9 e ½ pés ingleses de água. Assim, a partir de 1876, o porto pelotense começou a receber embarcações maiores, até de 700 toneladas Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 195-198). Postal intitulado: Pelotas. Vista do Porto. Acervo: Eduardo Arriada. 149. Entrada da Cervejaria Sul-Riograndense, de Leopoldo Haertel. Portão à Rua Benjamin Constant. À direita, o prédio que serviu de residência à família do industrialista. Em 1916, Domecq publicou grande matéria sobre a fábrica: “Fundado em 1889, pelo Snr. Leopoldo Haertel, e instalado à Rua Conde de Porto Alegre nº 56 (e nº 44), este estabelecimento principiou a sua vida com elementos modestos e um capital bastante resumido (...). Aos poucos, porém, a fábrica foi progredindo, melhorando e ampliando sempre a sua produção e captando a confiança e a simpatia do público. O seu desenvolvimento foi tal, que as primitivas instalações se tornaram insuficientes e, seis anos passados, o Snr. Leopoldo Haertel mandou construir o prédio atual [em 1915] que ocupa três quartos de quadra, com frente para as Ruas Benjamin Constant, Conde de Porto Alegre e José Patrocínio e cuja planta e instalação respondem admiravelmente às necessidades da formidável produção diária de 15.000 garrafas, permitindo elevá-la facilmente a 25.000. Atualmente é uma das mais poderosas fábricas de cerveja do Estado do Rio Grande do Sul e as diferentes marcas da sua fabricação de tal forma se têm imposto ao público que, em Porto Alegre, onde existem importantes fábricas deste produto, essas marcas de cerveja são consumidas em larga escala, sendo altamente apreciadas (...). As máquinas, importadas da Alemanha, são das mais aperfeiçoadas e intensivas e representam um capital importante; a sua instalação foi feita pela conhecida casa Bromberg & Cia, cuja ação se acha ligada à instalação e desenvolvimento de numerosas indústrias deste Estado. As matérias primas empregadas e escolhidas entre as mais convenientes são importadas da Alemanha, da Norte-América e de Chile; a sua excelência explica o favor que os consumidores dispensam aos produtos da Cervejaria Sul Rio-Grandense e especialmente às cervejas das marcas Perú, Porco e São Luiz, cuja esmerada fabricação e altas qualidades higiênicas as tornam preferidas do publico. A fábrica entrega igualmente para o consumo gelo e aguas gasosas, presidindo á sua preparação a mais rigorosa higiene. Os diversos departamentos da fábrica são perfeitamente adequados ao fim especial a que são de destinados [sic], obedecendo a sua instalação aos rigorosos preceitos da higiene. Em Impressões do Brasil (publicado em 1913), consta que o Sr. Leopoldo Haertel nasceu em Porto Alegre, em 1862, e estudou em São Leopoldo. Iniciou a fabricação de cerveja, com o sr. Bopp, em Porto Alegre, há 35 anos; e mais tarde fundou modestamente o seu estabelecimento em Pelotas”. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (DOMECQ & Cia., M. Op. cit., p. 250-254; LLOYD, R. Op. cit., p. 842). Fonte da imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 150. Instalações da Usina do Gasômetro, no Porto de Pelotas. Ao fundo, um dos balões de gás. “O grande progresso social e científico [do final do século XIX] que ocasionou melhorias significativas na iluminação pôde ser notado em Pelotas, com a criação, em 1875, da Cia. Rio Grandense de Iluminação a Gás”, sendo a cidade a primeira a apresentar esse serviço no Estado. Substituídas foram, de vez, a iluminação a azeite de mocotó (1840) e a de gás hidrogênio (1853) nas vias públicas. Este antigo Gasômetro, segundo consta, funcionou até a década de 1940, quando as dificuldades na obtenção de matéria prima de qualidade foram intransponíveis. Localizava-se no prolongamento da Rua Alm. Barroso (antiga Rua de Baixo; Rua das Fontes), quase no encontro com o Canal São Gonçalo. A partir de 1915, a energia elétrica passou a fazer parte da vida dos pelotenses, após a 323
chegada da empresa Light & Power. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (cf. LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. Op. cit. p., 141-142). Acervo: Nelson Nobre/ Pelotas Memória. 151. Rua Benjamin Constant, quase esquina XV de Novembro. Janeiro de 1909. Recepção do senador Alexandre Cassiano do Nascimento, pela Associação Comercial, em reconhecimento aos serviços prestados à cidade, conseguindo-lhe a Alfândega. O político era conduzido por uma bela carruagem, decorada com a devida pompa. Ao fundo à direita, bonde puxado por muares, linha XV de Novembro, da Cia. Ferro-Carril e Cais, de Pelotas. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 152. Rua Gomes Carneiro, quase esquina Cel. Alberto Rosa. Vista da fachada lateral da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em construção, faltando ainda a torre. A paróquia do Sagrado Coração de Jesus foi criada em novembro de 1912 pelo primeiro bispo de Pelotas, D. Francisco de Campos Barreto. Uma primitiva igrejinha de madeira, edificada ao lado da atual, foi substituída por templo de maiores e mais cômodas proporções, construído em terreno doado pelo casal Evaristo Alves Ribas e Ambrosina Ribas. Sua torre é encimada por imagem do Sagrado Coração de Jesus, com Cristo de braços estendidos a abençoar o porto da cidade. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 153. Parque Pelotense, de José Álvares de Souza Soares. “Vista tomada de uma fotografia do Sr. Augusto Amoretty. Num distante domingo, 2 de fevereiro de 1883, a população pelotense, representada por mais de três mil pessoas, comparecia à inauguração do “Parque Pelotense”, local com uma área superior a 20.000 m2, localizada na vila do Prado (Fragata). Nossa cidade recebia do sr. José Alvares de Souza Soares, o mais aprazível local de entretenimento, até então criado em nosso meio. Para se deslocar até o Parque a população pelotense, vinda de todos os quadrantes da cidade, o fazia através da estrada do Fragata. A companhia Ferro Carril e Cais de Pelotas prolongou a linha de bonde até a entrada do Parque. Pelo que nos foi dado a ler, a inauguração do mesmo aconteceu de forma extraordinária. De longe se avistava um galhardete (bandeira em forma de trapézio), onde se lia: ‘Parque Pelotense’”. Gravura: Autor desconhecido. Data: Ano de 1883 (cf. O Mandolinista, in: Sons e Tons. Jornal O Pervígil, de 4 de fevereiro de 1883). Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 154. Cartão postal retratando a avenida principal do Parque Pelotense. “José Alvares de Souza Soares, o crente do sistema homeopático, o entusiasta pela opulência da flora brasileira - eis o criador do Parque Pelotense. Fez das cem mil braças quadradas que adquiriu na Vila do Prado um magnífico parque. Ali formou a Chácara do Cambará, montando o estabelecimento para o fabrico do seu afamado xarope Peitoral de Cambará, com o respectivo Laboratório Homeopático Rio-Grandense belamente construído e adornado, e do qual se passa por uma extensa varanda aérea que vai terminar em um elegante ‘chalet’. Em menos de dois anos, Souza Soares transformou um terreno árido em quinta admirável”. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (cf. O Mandolinista, in: Sons e Tons. Jornal O Pervígil, de 4 de fevereiro de 1883). Postal intitulado: Avenida do Parque. Pelotas: Edições Meira, nº 22. Endereçado e escrito em francês. Acervo: ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv. 155. Outro cartão postal retratando a avenida principal do Parque Pelotense. Era um local de lazer completo para a época. Possuía “água farta e superior, cristalina, em vertentes naturais, jorrando de uma fonte caprichosa e artisticamente construída, serpenteando por cima de colinas até lançar-se com abundância em um lago artificial, onde os patos se banham; plantação variada em arvoredos frutíferos, hortaliças e flores; jardins primorosos e esquadrejados à inglesa, chalets por toda parte, estufas, pontes toscas, ninhos de aves - um conjunto de utilidade e belezas – tudo ali se encontra, tudo ali causa espanto, porque custa a acreditar-se que haja quem tanto faça em tão pouco tempo. O busto de [Dr.] Hannemann [Christian Friedrich Samuel Hahnemann, criador do sistema homeopático de medicina alternativa], erguido sobre uma coluna que tem por base caprichosos montículos de delicadas flores, ali ostenta a superioridade que lhe dão seus fervorosos adeptos, entre os quais Souza Soares ocupa, entre nós, um lugar bem distinto”. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (cf. O Mandolinista, in: Sons e Tons. Jornal O Pervígil, de 4 de fevereiro de 1883). Postal intitulado: Avenida principal do Parque Pelotense. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 324
156. Um dos aprazíveis recantos do Parque Pelotense. “Com efeito, nenhum outro local pode, por enquanto, oferecer as vantagens recreativas do Parque, aonde a par de uma sombra deleitável, se aspira o perfume das flores e os poéticos encantos d’um panorama agradável. O Sr. Souza Soares deu à inauguração do seu estabelecimento campestre um caráter puramente popular. Franqueando-o ao público, sem distinção de classes, mostrou-se indistintamente afável e obsequioso com todos”. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (Jornal Onze de Julho, de 4 de fevereiro de 1883). Postal intitulado: Pelotas. Parque Pelotense. Pelotas: Edições Meira, nº 34. Postado em 1906. Acervo: ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv. 157. Escola régia no interior do Parque Pelotense. “Passando além daquela fachada, de modesta aparência, sem riqueza de ornato, [o jornal] O Mandolinista reconheceu que ali, onde a indústria exerce-se proveitosamente, onde a propriedade é legítima, vai ter lugar de honra - o mestre - porque no Parque Pelotense a escola é o ponto de partida para a prosperidade social. Honra a Souza Soares pela elevação dos seus princípios, pela sublimidade que revela na sustentação do ensino, pelo exemplo que oferece ao governo e aos miseráveis poderosos do dinheiro!” Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Parque Pelotense. Pelotas: Edições Meira, nº 34. Assinado por Leopoldo Souza Soares, filho de José Alvares de Souza Soares. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 158. Cartão postal mostrando uma aleia do Parque Pelotense. “A Sociedade Medicinal Souza Soares Limitada foi constituída no Porto, Portugal, entre os membros da família Souza Soares, em 12 de julho de 1910, (...) com o objetivo de desenvolver e colocar os produtos farmacêuticos da Casa Souza Soares (...). O primeiro estabelecimento Souza Soares foi fundado modestamente no Brasil, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, em 1874, pelo Sr. José Alvares de Souza Soares, depois visconde de Souza Soares; e tomou logo proporções tais, que em 1883 foi necessário transferi-lo para o grandioso Parque Souza Soares, criado especialmente para esse fim, num dos arrabaldes daquela cidade”. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (LLOYD, R. Op. cit., p. 844). Postal intitulado: Parque Pelotense. Pelotas: Edições Meira, nº 40. Endereçado e escrito em alemão. Acervo: ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv. 159. Cartão postal mostrando outra vista dos jardins do Parque Pelotense. “O Parque ocupa uma área de mais de 300.000 metros quadrados, com as edificações necessárias para todo o fabrico da empresa, casas para moradia dos empregados etc., e pomares e jardins de recreio, franqueados ao público, que muito os procura (...). A sucursal no Brasil funciona na (...) Avenida 20 de Setembro; está admiravelmente instalada e esplendidamente aparelhada, sendo no seu gênero um dos primeiros estabelecimentos da América do Sul” (LLOYD, R. Op. cit., p. 844). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Parque Pelotense. Pelotas: Edições Meira, nº 41. Postado em 1905. Acervo: ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv. 160. Familiares em momento de lazer no Parque Pelotense, ao som de uma vitrola, sob uma árvore. “O visconde de Souza Soares, falecido em junho de 1911, fundador desta grandiosa empresa, nasceu a 24 de fevereiro de 1846, em Vairão, Portugal; veio para o Brasil em 1862, indo primeiro residir em Pernambuco, onde se empregou em casa de um seu irmão. Mais tarde, estabeleceu-se por conta própria. Vindo para o Rio Grande do Sul em 1872, estabeleceu-se em 1873, com uma pequena farmácia homeopática, que no ano seguinte transferiu para a cidade de Pelotas. Começou desde então a prosperar o seu negócio, e por essa época foi lançado o seu famoso Peitoral de Cambará. (...) Inaugurou em 1883 o conhecido Parque, onde funciona hoje o estabelecimento; e voltando a Portugal em 1900, aí organizou a sua sociedade, montando também uma fábrica e laboratórios neste país. Os negócios deste grandioso estabelecimento são, desde a morte do visconde, dirigidos por seus filhos Leopoldo e Miguel, entre os quais está dividido o capital da empresa” (LLOYD, R. Op. cit., p. 844). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 161. Antigo laboratório Souza Soares. “O estabelecimento compreende várias seções: seção de preparo e acondicionamento de remédios homeopáticos e específicos, compreendendo seis vastos salões seguidos do escritório, depósitos de vidros, seção de lavagem e esterilização de frascos etc.; laboratórios farmacêutico e químico, compreendendo três salas, equipadas com macerado325
res, prensas, trituradores, máquinas de comprimir pastilhas, almofarizes etc., e todos os aparelhos modernos necessários às exigências do estabelecimento; tipografia, estereotipia, encadernação e douração, ocupando 3 vastos salões com prelos, tesouras, prensas, afiador automático, máquinas para encadernação e douração etc. etc” (LLOYD, R. Op. cit., p. 844).. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Fonte da imagem: idem; 162. Parque Pelotense. Antigo Laboratório Souza Soares. “Existe também no estabelecimento uma refinação para o açúcar empregado na composição dos preparados, montada com aparelhos dos tipos mais modernos e aperfeiçoados. A Casa Souza Soares leva ao mercado, não só grande número de remédios homeopáticos, tais a Febrilina, Nervosina, Estomachina etc. etc., como também grande número de preparados e específicos, entre eles o famoso e reputado Peitoral de Cambará. O Peitoral de Cambará, específico para as moléstias das vias respiratórias, que goza no Brasil de justa reputação, é extraído de uma árvore medicinal, muito abundante no estado do Rio Grande do Sul, conhecida pelo nome de cambará” (LLOYD, R. Op. cit., p. 844). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 163. Parque Pelotense. Entrada principal, vendo-se um bonde da linha do Prado, que cortava a avenida principal do parque. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 164. Cartão postal mostrando dois aspectos do Passo do Salso, cuja estrada encontrava a antiga estrada do Fragata, no prolongamento da Rua Mal. Floriano, por ali acessando Pelotas. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Um chalet na estrada do passo do Salso; Estrada do passo do Salso. Pelotas: Coleção da Livraria Americana, nº 1. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1903. 165. Cartão postal mostrando uma quinta (propriedade rural, com moradia) nos arrabaldes (parte de uma cidade ou povoação que fica fora ou nas adjacências de seus limites) de Pelotas. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Palmeiras; Uma quinta – Arrabaldes. Pelotas: Coleção da Livraria Americana, nº 19. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1903. 166. Carruagens dirigindo-se ao Retiro, um dos balneários preferidos para o lazer, durante o século XIX. O passo do Retiro ficava no Arroio Pelotas, próximo ao núcleo charqueador pelotense. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Retiro. Pelotas: Edições Meira, nº 37. Postado em 1904. 167. Solenidade nas instalações da Companhia Hidráulica Pelotense junto ao Arroio Moreira. Alguns senhores navegam nas águas tranqüilas da represa inaugurada oficialmente em 1874. Ao fundo, torre do reservatório, com sistema estrutural metálico Eiffel. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Hydraulica Pelotense. Pelotas: Edições Meira, nº 12. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1903. 168. Antiga Capela de Nossa Senhora da Luz, no arrabalde da Luz. “A capela de Nossa Senhora da Luz foi erguida em cumprimento de um voto religioso. O capitão de barco José Fernandes da Victória, encontrando-se quase cego e desesperançado, fiou-se de um milagre para recuperar a visão perdida (...). Invocou em suas orações a intercessão da Senhora da Luz, a quem prometeu erguer uma ermida, caso se visse curado. O milagre realizou-se, e o devoto cumpriu sua promessa”. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. (LOPES NETO, J. S., Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 3, p. 93). Postal intitulado: Capella N. S. da Luz. Acervo: Nelson Nobre/ Pelotas Memória. 169. Antiga Igreja de Nossa Senhora da Luz, no terreno da Rua Pe. Anchieta esquina Rua da Luz. “Escolhido o local, a metro e meio distante da povoação, em sítio ameno e tranquilo, longe de bulícios e de rumores, em que as almas pias, naquele tempo de crença religiosa ardente, ainda numerosas, pudessem em pleno recolhimento expandir os sentimentos que à solidão conduzia-nas a necessidade de orar e de elevar a alma às alturas do infinito, de coração pio, humilhado na grandeza do desconhecido, ele conseguiu do capitão de ordenanças João José Teixeira de Araújo, em situação 326
de seu agrado, o terreno necessário para colocação da ermida”. A requerida licença veio na forma de uma provisão, em dezembro de 1821. O cemitério atrás da ermida foi autorizado em maio de 1823. Neste antigo templo, uniram laços de matrimônio, em maio de 1883, Júlio Prates de Castilhos e sua esposa Honorina, uma pelotense. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. (LOPES NETO, J. S. Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 6, p. 93; MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 23-24). Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 170. Igreja de Nossa Senhora da Luz. “A imagem da Senhora da Luz trazida [da cidade] do Porto, Portugal, foi colocada no altar em agosto de 1824, sendo então abençoada a ermida, com a circunstância devida. A capela contava com 70 palmos do altar à porta e 24 de largura, com sacristia ao lado, muito posteriormente destruída. Tendo se reconhecido de exíguas proporções (...) foi modernamente resolvida sua demolição (...). A pedra fundamental da nova edificação foi lançada em 1899 e as obras têm prosseguido”. Esta fotografia é apanhada justamente do único lado em que foi preservado o nome de Rua da Luz (antigamente, neste trecho da atual Rua Rafael Pinto Bandeira, do outro lado, recebia a mesma denominação). (LOPES NETO, J. S. Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 6, p. 93). Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Capella N. S. da Luz. Fonte da Imagem: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 171. Rua Andrade Neves, esquina Dr. Amarante. Primeiro prédio construído para sede Asilo de Mendigos de Pelotas, cuja entrada principal dava-se pela Rua Andrade Neves. Seu projeto “foi elaborado pelo engenheiro ‘da Câmara Municipal da capital do Império’, José de Magalhães (...) considerado um dos mais importantes arquitetos brasileiros do século XIX (...). A pedra fundamental da obra foi lançada em 1887 e sua inauguração ocorreu em fevereiro de 1892”. Somente em 1928, o arquiteto Caetano Casaretto daria ao asilo sua configuração arquitetônica atual, reformulada e ampliada (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit., p. 40). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 172. Antigo quartel do 9º Batalhão de Caçadores, atual 4º Batalhão da Polícia Militar de Pelotas (a partir de 1924), na Av. Bento Gonçalves, entre as Ruas Santa Cruz e Alm. Barroso (conhecida popularmente como Rua de Baixo; nominada oficialmente Rua das Fontes até 1869). Na esquina desta rua, entre 1812 e 1820, foram sepultados, em antigo cemitério, os primeiros mortos da freguesia. Já a Rua Santa Cruz, seu nome tem origem na cruz da Santa Missão, erguida em 1846 em comemoração à pregação que dois padres andaram fazendo na Igreja Matriz. “Embora um pouco distante do terminal da Rua (na Barroso com Bento Gonçalves), dela se avistava o sagrado símbolo da crucificação. Em 1858, a Rua Santa Cruz teve o nome mudado para Rua do Cerro Largo. O povo, no entanto (...) continuou chamando-a de Santa Cruz” (LOPES NETO, J. S. Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 3, p. 93). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Penitenciária. Pelotas: Edições Meira, nº 10. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1902. Acervo: Eduardo Arriada. 173. Rua Santa Cruz, esquina Major Cícero. Antiga Fábrica a Vapor de Sabão e Velas, de Luiz Beltrão, fundada em 1871. A Rua Major Cícero “era conhecida inicialmente como Rua do Torres, em homenagem ao ilustre cidadão Antônio José Torres, em cuja casa (...) fizeram-se algumas reuniões para decidir em que lugar deveria centralizar-se a freguesia (...). Essa casa ainda existe e é considerada uma das mais antigas remanescentes dos primórdios da cidade”. Na segunda metade do século XIX, teve o nome alterado para Três de Fevereiro, em alusão à batalha de Monte Caseros (1852). A denominação referente ao major Cícero de Góes Monteiro, getulista morto em combate, é da década de 1930 (cf. MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 37-38). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 174. Rua Barão de Santa Tecla, esquina Voluntários da Pátria. O fotógrafo Pacatão, na virada do século XIX para o XX, indica esta foto como sendo o “Antigo Telégrafo”. Segundo Simões Lopes Neto, o telégrafo teve sua primeira estação instalada em maio de 1878. O primeiro telegrafista foi, ainda, Antônio Manoel da Costa (LOPES NETO, J. S. Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 4, p. 60). Data aproximada da foto: 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 175. Antiga Drogaria de H. C. Bojunga, à Rua Gal. Neto. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Drogaria H. C. Bojunga. Endereçado e escrito em alemão. 327
Postado em 1904. Acervo: ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv. 176. Ginásio Pelotense, atual Colégio Municipal Pelotense. Edifício que abrigou o educandário de 1903 a 1961. “Palacete original do Comendador Domingos Rodrigues Ribas, construído entre 1832 e 1835 pelo arquiteto português João de Deus Dias, especialmente contratado em Lisboa”. Possuidor de grande fortuna e sempre amparado por seu cunhado, João Francisco Vieira Braga (o Conde de Piratini), permitindo-se ao luxo de viver em uma residência de dois pavimentos com camarinha, que seguia o modelo do Paço Imperial. O sobrado abrigou a Família Imperial em 1865 e em 1885 (cf. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit., p. 56). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas - Gymnasio Pelotense. Acervo: Nelson Nobre/ Pelotas Memória. 177. Farmácia Popular, de Viúva Silveira & Filho, à Praça 7 de Julho (antiga Praça do Mercado, nome alterado por ocasião do centenário da cidade). Vista pela face sul (lado da Rua Tiradentes). “A Farmácia Popular, fundada em Pelotas em 1876 pelo farmacêutico e químico Sr. João da Silva Silveira, diplomado pela Faculdade de Medicina da Bahia, é uma das mais conhecidas no Brasil, não só pela importância do estabelecimento, como também pela fama que alcançaram os seus produtos. Por morte do fundador, passou em 1900 o estabelecimento à sua viúva e filho, e atualmente é dirigido pelo filho do Sr. Silveira, o Sr. Nelson R. Silveira, também diplomado em Farmácia. O edifício em que está instalada a farmácia foi expressamente construído para esse fim, e nele se acham instalados laboratórios e consultórios clínicos, onde conhecidos facultativos dão consultas, entre eles o Dr. João da S. Silveira, também filho do fundador. O sortimento de drogas é recebido diretamente dos Estados Unidos e da Europa. A firma tem no Rio de Janeiro importante casa filial para a fabricação de preparados do químico e farmacêutico, o falecido sr. Silveira. Esta filial está sob a gerência de outro filho do Sr. Silveira, o Sr. Gervásio R. Silveira. Entre os preparados da casa, salienta-se o famoso Elixir de Nogueira, depurativo do sangue, conhecido e procurado no Brasil e no Prata. Contíguo ao estabelecimento, em Pelotas, à Praça do mercado, 3 e 5, existe um grande depósito de drogas e fábrica de vários preparados [no detalhe, o edifício à térreo, direita]”. (cf. LLOYD, R. Op. cit., p. 849850). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: idem. 178. Rua XV de Novembro, esquina Gal. Telles. Catedral Anglicana do Redentor. Em 1892, chegavam a Pelotas os reverendos protestantes James Watson Morris e John Gaw Meen, com a missão de fundar um templo da religião na cidade. Após 17 anos alugando diversos prédios, em 1908, o terreno para a Igreja estava adquirido. Elaborado o projeto por Gaw Meen, teólogo e engenheiro civil, o templo foi inaugurado em 1909. Um monumento interessante, não só pela correção das suas proporções, bem como pelo aspecto pitoresco da vegetação que lhe reveste. Essa hera, ao longo do ano proporciona aspecto e coloração aprazíveis. Popularmente, por isso, conhecida “Igreja Cabeluda”, seu estilo retoma elementos de tradição gótica. É marcada pela pureza interior e pelo apurado trabalho em madeira que a decora (MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. Op. cit., p. 56). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: 12. Capella do Redemptor. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 179. Rua Mal. Deodoro, esquina Gal. Telles. Assinalada por Henrique Patacão como residência de Paulino Leite (segundo proprietário do Moinho Pelotense), esta residência, pouco depois pertenceria a Francisco Santos, um dos pioneiros da cinematografia brasileira. Português natural da cidade de Porto, nascido em 1872, fundou em Pelotas a Guarany-Filmes. Nesta residência, que foi sede da empresa, foram gravadas, por exemplo, cenas do filme Os óculos do vovô (1913), do qual restam pouco mais de 5 minutos, recuperados pela Cinemateca Brasileira. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo: Henrique Patacão. Fonte da Imagem: MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Op. cit. 180. Antigo Armazém Diophanes Lemos, à Rua Sete de Abril (atual Rua Dom Pedro II). Fundado em 1870 por Rocha & Cia., passando a girar sob firma definitiva em 1902. Era “uma das mais antigas casas e das que tem a sua ação comercial mais radicada à evolução da localidade”. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido (LOPES NETO, J. S. Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 4, p. 60). Acervo: Nelson Nobre/ Pelotas Memória. 181. Planta da Cidade de Pelotas, 1882. Ilustrada e litografada por Hugo Bergamini. Ofertada como presente à municipalidade, na ocasião. Esta planta, além de demarcar todos os lotes nos quarteirões 328
representados, traz ainda sete ilustrações. São elas, em sentido anti-horário: Câmara Municipal, Escola Maciel, Matriz, Jardim da Praça Pedro II, Caridade, Biblioteca e Correio – Casa de F. Braga. Data da imagem: 1882. Autor: Hugo Bergamini. Acervo: Eduardo Arriada. 182. Cartão postal mostrando dois aspectos da Rua XV de Novembro: Intendência Municipal (atual Prefeitura Municipal) e um trecho próximo à esquina da Rua Voluntários, ângulo em direção à Praça Cel. Pedro Osório. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Lembranças de Pelotas. Intendencia Municipal; Rua 15 de Novembro. Pelotas: Livraria Pelotense, de R. Strauch & Co., nº 1. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1904. Acervo: ETH-Bibliothek Zürich, Bildarchiv. 183. Praça Cel. Pedro Osorio. Prefeitura Municipal e Bibliotheca Pública. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Fonte da imagem: Postal intitulado: Bibliotheca e Intendencia Municipal; Rua 15 de Novembro. Pelotas: Edições Meira, nº ilegível. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1907. Acervo: Eduardo Arriada. 184. Praça Cel. Pedro Osorio [Ao lado direito da Bibliotheca, antigo prédio comercial. Destruído]. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Intendencia e Bibliotheca. Pelotas: Edições Meira, nº 15. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1907. Acervo: Eduardo Arriada. 185. Praça Cel. Pedro Osorio, vista da esquina das Ruas Mal. Floriano e XV de Novembro. “A Companhia Ferro Carril e Cais de Pelotas assinou contrato com a Presidência da Província no ano de 1870: através dele, adquiriu o privilégio de construir linhas férreas urbanas e suburbanas e explorá-las pelo espaço de 35 anos, ao fim dos quais passariam a pertencer ao município”. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Praça da Republica. Pelotas: Edições Meira, nº 57. Acervo: Eduardo Arriada. 186. Praça Cel. Pedro Osorio, vista da Rua XV de Novembro esquina Mal. Floriano. Ao centro, um dos quiosques de ferro ali existentes. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Praça da Republica. Pelotas: Edições Meira, nº 06. Postado em 1903. Acervo: Eduardo Arriada. 187. Rua XV de Novembro, esquina Lobo da Costa. Cena da recepção ao ministro alemão Baron von Treutler, que trafega a Rua XV de Novembro em galante carruagem. Fotografia apanhada da escadaria do prédio da Intendência Municipal. Na esquina, acha-se instalada uma loja chamada Copacabana. Posteriormente, deu lugar a outra chamada “Ao Louvre”. Sucedeu ainda, no local, uma sede do Tiro de Guerra 31, instituição ligada à defesa nacional. No fim da década de 1920, recebeu a imponente sede do Banco do Brasil, em uma edificação que, a despeito da transferência da sede, persiste de pé até os dias de hoje, sem devida utilização ou manutenção. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Recepção do Ministro Allemão Baron von Treutler (1ª). Pelotas: Edições Meira, nº 18. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1903. Acervo: Eduardo Arriada. 188. Praça Cel. Pedro Osorio. Ao fundo, a Rua XV de Novembro. Ângulo da entrada da Prefeitura, em direção à Av. Bento Gonçalves. Visível abundância de carros. À esquerda e ao fundo, atrás da escadaria da Biblioteca Pública Pelotense, prédios comerciais instalados sobre os antigos alicerces da projetada nova Igreja Matriz, jamais erguida. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas - Praça da Republica. Pelotas: Postado em 1906. Acervo: Eduardo Arriada. 189. Praça Cel. Pedro Osorio. Ângulo da Rua Mal. Floriano. Ao centro, o Teatro Sete de Abril, ainda com a fachada antiga. Ao fundo, o Clube Caixeiral, com suas duas torres. Junto ao teatro, o Hotel Brasil, de Antônio Scotto (1885), que em 1899 vende a Del Grande Irmãos (ANJOS, M. H. dos. Estrangeiros e Modernização: a cidade de Pelotas no último quartel do século XIX. Pelotas, UFPel, 2000, p. 118). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Fonte da imagem: LLOYD, R. Op. cit., p. 841. 190. Praça Cel. Pedro Osorio. Ângulo da Rua Mal. Floriano. “Em 09 de novembro de 1873 foi inau329
gurado o tráfego de bondes movido por muares (...). A estação central situava-se na Praça Pedro II (atual Cel. Pedro Osório) esquina da São Jerônimo (hoje Mal. Floriano)”. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 34). Fonte da imagem: Postal intitulado: Pelotas - Praça da Republica. Pelotas. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 191. Praça Coronel Pedro Osorio. Antiga fachada do Teatro Sete de Abril. Data aproximada da foto: década de 1890. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 192. Cartão postal mostrando dois aspectos da então Praça da República: exterior e interior. No primeiro, o gradeamento da praça; no segundo, o “redondo da praça” ainda com o chafariz sobre antiga base. Na década de 1910, quando este chafariz recebeu uma base de alvenaria mais elevada, teve ainda suas quatro figuras femininas montadas em cavalos (no espelho d’água) levemente afastadas: tudo isso para dar mais monumentalidade, e realçar, assim, seu valor estético. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. Op. cit. p. 56-58). Postal intitulado: Praça da República (Exterior); Praça da República (Interior). Pelotas: Coleção da Livraria Americana, nº 7. Endereçado e escrito em francês. Postado em 1904. Acervo: Eduardo Arriada. 193. Grupo de meninos á frente da Fonte das Nereidas, à Praça Cel. Pedro Osorio. “O primeiro chafariz a ser instalado, (...) recebeu autorização para ser instalado no centro da Praça em 25 de junho de 1873. (...) Essa fonte [seu modelo] fez muito sucesso na Exposição Universal de Paris, em 1867. Foi esculpida pelos artistas Jean Baptiste Jules Klagmann e Ambroise Choiselat” (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. Op. cit. p. 56-58). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 194. Planta de Pelotas litografada por Eduardo Chapon, na ocasião do primeiro decênio da sastrería (alfaiataria) La Jóven España, do Sr. Rafael Bassols (1883 - 1893). Apesar de não possuir caráter oficial (como a planta de 1882, não foi desenhada a pedido da municipalidade, por um profissional especialmente designado), a litografia tem esmerado acabamento, e traz informações relevantes sobre a zona urbana da cidade. Iniciativa provavelmente bem sucedida para impactar o público. À esquerda uma representação da dita “jovem Espanha”, portando na mão direita um escudo com as insígnias de Castela e Leão, e, na esquerda, uma lança. A ‘sastrería’ ficava à calle San Miguel, entre a Rua Sete de Setembro e a ‘do Gal. Netto’. Litografia. Autor: Eduardo Chapon. Data da imagem: ano de 1893. Acervo: Eduardo Arriada. 195. Cartão postal mostrando a Rua Andrade Neves, entre Mal. Floriano e Sete de Setembro. Trecho de intenso comércio, transformado em calçadão na década de 1980. A Rua Andrade Neves “já figurava na primeira planta do povoado (1815)” inicialmente chamada de Rua das Flores. Na imagem, algumas carroças e carruagens dividem o espaço com a linha de bonde, que dobra da Rua Mal. Floriano. Ao fundo, em edifício sobrado, o Hotel Grindler, que abrigava no seu pavimento inferior a loja de armas e “artigos de metal branco garantido Scholberg & Cia”, filial da empresa belga especializada no comércio e exportação de artigos de cutelaria, armas e munições, artigos de bazar e ferragens. O coqueiro à esquina era uma marca registrada; havia uma linha de armas brancas com este nome, com o símbolo estampado como logomarca. Foi fundada em 1854 sob a firma Viúva Laport & C. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. (MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 20-21; LOPES NETO, J. S. Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 1, p. 13). Postal intitulado: Pelotas – Rua Andrade Neves. Acervo: Eduardo Arriada. 196. Rua Andrade Neves. Ângulo da Mal. Floriano, em direção à Sete de Setembro. Grande movimento de carros (carroças) que faziam o transporte de passageiros e carga mediante pagamento. A cidade contava com serviço de diligências para passageiros, e essas também transportavam encomendas, correspondências e dinheiro. Nesta rua (além de flores) “também existiu, antes de 1850, defronte a um antigo cemitério entre a Avenida [Bento Gonçalves] e a [Rua] Doutor Amarante, a primeira forca que funcionou em Pelotas (...), nesse ano transferida para a Praça das Carretas. O nome da rua foi mudado em fevereiro de 1869 para homenagear o Gal. José Joaquim de Andrade Neves, Barão do Triunfo, morto em combate na Guerra do Paraguai dois meses antes”. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. (GUTIERREZ, E. J. B. Op. cit., p. 269; 330
MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 20-21). Acervo: Eduardo Arriada. 197. Rua Mal. Floriano, esquina Andrade Neves, onde funcionou sede do “Banco da Província do Rio Grande do Sul - A sucursal desta importante instituição bancária está estabelecida em Pelotas desde 1890 e faz um número avultado de transações, que tem sempre aumentado de ano para ano” (LLOYD, R. Op. cit., p. 840-841). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Fonte da imagem: idem. 198. Rua Andrade Neves, entre Lobo da Costa e Mal. Floriano. Ao centro a Drogaria e Pharmacia Sequeira. “O Sr. Eduardo C. Sequeira (...) iniciou o seu negócio em 1870, fundando a casa que gira sob a sua firma individual. Os negócios da casa são feitos a varejo e por atacado. O Sr. Sequeira importa, da América do Norte, Europa e Norte do Brasil, drogas e produtos químicos de toda a sorte, perfumarias, chá (marca Blended, Inglaterra), mercadorias essas que vende por todo o estado. O Sr. Sequeira exporta também o Peitoral de Angico Pelotense, de fabricação sua, cuja extração atinge a 30.000 vidros anualmente e que é enviado para quase todos os pontos do Brasil. O estabelecimento funciona em prédio próprio, construído especialmente para esse fim (...). Trabalham no estabelecimento 20 empregados. (...). O sr. Eduardo C. de Sequeira nasceu em 1847, na cidade do Rio Grande, e iniciou a sua carreira na drogaria do sr. Halwell, onde esteve durante 6 anos”. À direita, é visível o sobrado em estilo colonial no local onde, após sua demolição, em 1916, seria inaugurado o belo exemplar arquitetônico construído para sede definitiva do Banco Pelotense, em comemoração aos seu primeiro decênio de existência. Eduardo Sequeira foi membro da diretoria do Banco Pelotense (cf. LLOYD, R. Op. cit., p. 840-841). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Fonte da imagem: idem. 199. Rua Andrade Neves, entre Gal. Neto e Mal. Floriano. Vista na direção oposta à imagem anterior. Sobre esta imagem, veiculada em cartão postal, escreveu Moraes: “a rua Andrade Neves, onde aparece a firma Scholberg & Cia. [firma com que a filial girou de 1907 a 1936] com clássico coqueiro, espingarda (arma fixada no cunhal da esquina da loja, apontada para cima], e o escudo do Vice-cônsul da França Leopoldo Jouclá [sócio de 1882 e 1907]; o sobrado ao lado [em primeiro plano, à direita] é o Hotel Grindler; em frente à ferragem Scholberg, uma carroça de meia-praia e, ao meio da rua, os trilhos da Companhia de Ferro Carril. Da esquina surge um rapaz de recados; na porta do Hotel Grindler, um indivíduo com uma sacola; virando à esquerda para entrar à Rua Sete de Setembro, um cidadão a cavalo; ao alto destaca-se um enorme chapéu da firma Quintas & Cia., fábrica de forma de chapéus para senhores; ao lado a placa do Salão Pará, na esquina o candelabro de iluminação a gás, e o poste da Companhia Telefônica União. À quadra seguinte, em frente ao ‘Bule Monstro’, uma carroça de frete (ponto de parada). Em seguimento (...), já na esquina da rua Marechal Floriano, destaca-se o sobrado da casa comercial Perret” (MORAES, H. C. de, in: Jornal Diário da Manhã, 17 de fevereiro de 1984). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas – Rua Andrade Neves. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 200. Cartão postal com imagem da sede da firma de Xavier & Irmão. Fundada em 1875, em 1903 passou a girar sob esta firma, de sociedade de José Ignácio da Silva Xavier e de Feliciano Ignácio Xavier. Uma das casas mais importantes do Estado no ramo de importação de secos e molhados por atacado (DOMECQ & Cia., M. Op. cit., p. 231-233). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Xavier & Irmão (Edifício próprio). Pelotas: Edições Meira. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 201. Rua Andrade Neves, quase esquina Sete de Setembro. Antigo Hotel Grindler, fundado em 1897 por Carlos Grindler. Em 1909, por motivos de saúde que forçaram seu afastamento dos cuidados do hotel, o Sr. Grindler arrendou-o a André Luiz Konrady e a André D. Raupp, seus sobrinhos. Estes souberam manter a boa fama do estabelecimento, mantendo a excelente adega, com os melhores vinhos de todas as proveniências, “pacientemente reunidos”, além das “mais finas conservas importadas do estrangeiro” (DOMECQ & Cia., M. Op. cit., p. 309).. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/ Pelotas Memória. 202. Rua Andrade Neves, esquina Gal. Neto. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves. À esquerda, na esquina, antiga casa bancária de Plotino Duarte. Imediatamente ao lado desta, a antiga residên331
cia de D. Cândida Dias (1875; obra de José Isella), conhecida hoje como “Casa Amarela” (LLOYD, R. Op. cit., p. 840-841; CHEVALIER, C. José Isella. Arquitetura em Pelotas na segunda metade do século XX. Pelotas: Mundial, 2002. p. 127). Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Lembrança de Pelotas. Rua Andrade Neves. Pelotas: Livraria Pelotense, de Albino Isaacsson, nº ilegível. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 203. Cartão postal com imagem da Rua Andrade Neves, esquina Gal. Neto. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves, destacando a Casa Bancária de Plotino A. Duarte, edifício em primeiro plano, à esquina. “A ideia de se criar um banco em Pelotas [o futuro Banco Pelotense], partiu de Plotino Amaro Duarte, proprietário de uma casa de câmbio em que atuava como representante do Banco de Londres [Bank of London]” (LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. Op. cit. p. 26). Ao lado, entre os dois sobrados, a antiga residência de D. Cândida Dias. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Prédio da Casa Bancária de Plotino Amaro Duarte - Rua Andrade Neves, 169, esq. General Netto. Postado em 1904. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 204. Rua Andrade Neves esquina Voluntários da Pátria. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves. À esquerda, edifício sede do Congresso Português 1º de Dezembro, em estilo arquitetônico neomanuelino (variante portuguesa do estilo neogótico). “Em 1895, surgiu o Congresso Português 1º de Dezembro e, em 1901, o Grêmio Republicano Português. Suplantadas as divergências de caráter político (sabe-se que a República foi proclamada em Portugal no ano de 1910), em 1926 fundiram-se os dois grupos no Centro Português 1º de Dezembro, cuja sede própria [também em estilo neomanuelino], foi inaugurada” em janeiro de 1930, do outro lado da Rua Andrade Neves, neste mesmo trecho (cf. LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. Op. cit. p. 26). Data aproximada da foto: virada do século XIX para XX. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Eduardo Arriada. 205. Rua Andrade Neves, entre Voluntários da Pátria e Cassiano do Nascimento. Antigo edifício do Congresso Português 1º de Dezembro (ver nota anterior). Posteriormente demolido. Data aproximada da foto: virada do século XIX para XX. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 206. Rua Gal. Osorio, esquina Sete de Setembro. Casa comercial Ao Torrador, de Narciso Silva, ironicamente vítima de incêndio algum tempo depois. Na fotografia, proprietário e funcionários estão à frente da loja. Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 207. Rua Gal. Osório, próximo à Sete de Setembro. Ângulo em direção à Av. Bento Gonçalves. Ao centro, um bonde da Companhia Ferro Carril. Atrás deste, sobrado de esquina, antiga residência do Sr. Leo Zilberknop, que atualmente sedia o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo. A Rua Gal. Osorio “chamava-se inicialmente Rua do Rogério”, em um antigo morador proprietário de um dos três primeiros prédios ali existentes em 1818. “Por ser mais ampla – mais larga do que as outras ruas que mandou traçar para a Freguesia de São Francisco de Paula –, Antônio dos Anjos considerou-a digna do qualificativo de [Rua] Augusta”, nome que figura já na planta da freguesia de 1815. (...). “Com este nome, permaneceu até fevereiro de 1869”, quando, em meio ao ufanismo gerado ao fim da Guerra do Paraguai (1865-1870), passou a homenagear o popular Gal. Manuel Luís Osorio. Este, “no intervalo das campanhas militares, recolhia-se à sua residência, na Praça (ao lado do Grande Hotel)”. De sua antiga residência, resta apenas a ruína da fachada (MAGALHÃES, M. O. Op. cit., p. 6768). Data aproximada da foto: década de 1910. Fotógrafo desconhecido. Postal intitulado: Pelotas – Rua General Osorio. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 208. Rua Gal. Osorio. Antiga loja de fazendas Ao Barquinho. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 209. Rua Gal. Osorio. Antiga loja de fazendas A Metralhadora de Ramiro Fonseca. Data aproximada da foto: década de 1900. Fotógrafo desconhecido. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 210. “Sport Club Pelotas – Campeão de 1912. Como se vê, naquela época a pujante associação sulista se compunha de elementos animadores, pertencentes às mais distintas famílias pelotenses”. Grupo de jogadores da equipe Campeã do Citadino de 1912. O Esporte Clube Pelotas, ainda hoje, é 332
o mais antigo clube pelotense a praticar ininterruptamente o futebol, desde sua fundação em 11 de outubro de 1908. E. C. Pelotas e seu coirmão Grêmio Esportivo Brasil (fundado a 7 de Setembro de 1911), são os últimos remanescente do período abordado na presente obra; dentre inúmeros existentes na cidade dedicados à prática do esporte bretão (ALVES, Eliseu de Mello. A História do Futebol em Pelotas [1901-1941]). Pelotas: Mundial, 1984. p. 38). Data da Imagem: ano de 1912. Fotógrafo desconhecido. Fonte da Imagem: idem. 211. Cartão postal de série especial comemorativa, com fotografias dos eventos e festejos relativos à comemoração do Centenário de Pelotas. Retrata um dos jogos de futebol realizados aqui em alusão à data. O Sport Club União, que aceitara o desafio do Sport Club Internacional (da capital, em sua primeira excursão), foi goleado naquele dia 9 de julho: S. C. União 0x6 S. C. Internacional. Data: ano de 1912. Fotógrafo desconhecido. (ALVES, Eliseu de Mello. A História do Futebol em Pelotas (1901-1941). Pelotas: Mundial, 1984. p. 32-33). Postal intitulado: Centenário de Pelotas 1812-1912 match União Versus Internacional 9-7-1912. Acervo: Nelson Nobre/Pelotas Memória. 212. Cartão postal comemorativo do Centenário de Pelotas, retratando a cerimônia de Içamento da Bandeira, na Intendência Municipal. Prevista para acontecer no dia 7 de Julho de 1912, às 7 horas da manhã. A data da fundação da Freguesia de São Francisco de Paula foi escolhida por iniciativa de João Simões Lopes Neto, único responsável ainda pela cuidadosa organização de extensa programação de aniversário, publicada no número inicial da Revista do 1º Centenário de Pelotas. Veja-se o fac-símile desta revista, reproduzida no presente trabalho. Fotógrafo desconhecido. Data: ano de 1912. Fotógrafo desconhecido. (João Simões Lopes Neto, in: Revista do 1º Centenário de Pelotas, nº 1, p. 1-2). Postal intitulado: Centenário de Pelotas 1812-1912. Intendência. Içamento da bandeira. 7-11-1912 [sic]. Acervo: Eduardo Arriada. REFERÊNCIAS Bibliografia: AL-ALAM, C. C. A negra forca da princesa: Polícia, Pena de morte e Correção em Pelotas (18351857). Pelotas: Sebo Icária, 2008. ALVES, E. de M. A História do Futebol em Pelotas (1901-1941). Pelotas: Mundial, 1984. ANJOS, M. H. dos. Estrangeiros e Modernização: a cidade de Pelotas no último quartel do século XIX. Pelotas, UFPel, 2000. ARRIADA, E. Pelotas. Gênese e desenvolvimento urbano (1780-1835). Pelotas: Armazém Literário, 1994. CHEVALIER, C. José Isella. Arquitetura em pelotas na segunda metade do século XX. Pelotas: Mundial, 2002. CORONA, E. & LEMOS, C. A. C. Dicionário da arquitetura brasileira. São Paulo: Edart, 1972. DAMETTO, A. P. de A. Os metais no patrimônio Urbano de Pelotas, RS - 1870 a 1931. Dissertação Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural. Instituto de Ciências Sociais, UFPel, 2009. DOMECQ & Cia., M. O Estado do Rio Grande do Sul. Barcelona: Estabelecimento Graphico Thomas, 1916. GRANDO, M. Z. Pequena agricultura em crise: o caso da “Colônia Francesa” no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, 1989. GUTIERREZ, E. J. B. Barro e sangue. Mão-de-obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas (1777-1888). Tese de Doutorado. Porto Alegre: PUC-RS, 1999. LLOYD, R. Impressões do Brazil no Século Vinte. Sua História, Seo Povo, Commercio, Industrias e 333
Recursos [sic]. Lloyds Greater Britain Publishing Company Ltd. 1913. 1ª Edição. LONER, B. A.; GILL, L. A.; MAGALHÃES, M. O. (Orgs.). Dicionário de História de Pelotas. Pelotas: UFPel, 2010. LOPES NETO, J. S. Revista do 1º Centenário de Pelotas. LUCOCK, J. Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975. MAGALHÃES, M. O. Os passeios da cidade antiga. Guia histórico das ruas de Pelotas. Pelotas: Armazém Literário, 2000. MICHELON, F.; ESPÍRITO SANTO, A. C. Catálogo Fotográfico – Século XIX/1930 – Imagens da Cidade. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária/UFPel, 2000. MOURA, R. M. G. R. de; SCHLEE, A. R. 100 Imagens da Arquitetura Pelotense. 2ª edição. Pelotas: Pallotti, 2002. OSORIO, F. L. A cidade de Pelotas. 3. ed. Pelotas: Armazém Literário, 1997. PARMAGNANI, J. J.; RUEDELL, O. Memorial do Colégio Gonzaga - 100 anos dedicados à educação. Porto Alegre: Pallotti, 1995. PETER, G. D. Santa Bárbara. O braço morto que ainda vive na memória. Pelotas: UFPel/Curso de especialização em conservação de patrimônios em centros urbanos. 2004. SCHLEE, A. R. “Oito olhos sobre Pelotas, quatro visões de uma cidade”, in: Revista da ANPUR v. 6, n. 3, 2000: Cinco Séculos de Cidade no Brasil. Fontes diversas: Jornais: Diário da Manhã Onze de Julho. O Pervígil. Publicações digitais: IPHAE – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul. Livro Tombo. KOSLOWSKY, M. Manifestações esportivas na cidade de Pelotas: 1835 - 1935. Sítio NetHistória. Brasília, set. 2004. Sessão Ensaios. MÜLLER, D. Progresso sacrificou o Velho Hotel Aliança, in: Diário Popular, 23 de agosto de 2008.
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Composto com os tipos Libra SansSerif e Libra SansSerif Light, em papel couche 170g e impresso no Parque Grรกfico da Pallotti, Santa Maria, RS.