MARIA E A RAPARIGA NOVA Uma versão da história
Projeto Otherness Fazer campanha contra a violência
Era uma vez uma escola muito bonita num país muito distante. À volta dela vivia uma comunidade pequena, mas muito unida. O edifício da escola tinha sido pintado com cores arrojadas e o recreio era praticamente uma floresta minúscula. Os alunos eram poucos nesta pequena e pitoresca escola e eram todos bem-comportados, e estavam sempre todos juntos durante as horas das aulas, mesmo tendo idades diferentes. Os pais conheciam-se todos bem e eram quase todos amigos. Os professores eram muito bem-educados e comunicavam verdadeiramente com os alunos, por isso as famílias confiavam totalmente neles. Podia-se dizer que, naquele país distante, existia uma espécie de escola modelo. Até que chegou uma aluna nova e tudo mudou.
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Esta aluna não era diferente dos outros alunos. Era filha única numa família monoparental, como acontecia com muitos outros alunos. Tinha-se mudado para esta pequena comunidade com a mãe, que estava a trabalhar como assistente do juiz local. Era uma rapariga muito bonita, sossegada e de natureza fechada, apesar de ser uma aluna exemplar. Tímida, mas atraente, era impossível deixar de reparar como andava bem vestida quando saía do carro de luxo da mãe todas as manhãs. Inicialmente, os alunos receberam bem esta nova aluna (não se esqueçam de que eram mesmo muito bem comportados). À medida que os dias iam passando, a rapariga nova, que se chamava Helena, tornou-se cada vez mais popular. No entanto, a Maria não gostava muito do que estava a acontecer… Esquecemo-nos de falar da Maria? Ora bem, a Maria era a rapariga da escola mais bonita e mais popular. Não era uma das melhores alunas, mas isso não era um obstáculo na sua vida diária. Afinal, quem é que quer saber das notas quando se é bonito? Por isso, quando a Helena se mudou para esta pequena comunidade, os alunos e os professores ficaram muito bem impressionados com esta 2
rapariga especial. Todos, menos a Maria, que começou imediatamente a sentir inveja da Helena quando se apercebeu de que já não era a rapariga mais popular da escola. Por isso, para lidar com os sentimentos de inveja, lançou um boato, um boato verdadeiramente maldoso sobre a Helena e a família dela. Chegou mesmo a encontrar fotografias do suposto pai da colega e colocou-as nas redes sociais com legendas que chamavam a atenção, como, por exemplo, “que tipo de pai abandona a mulher e a filha e foge para o estrangeiro para gozar a vida?”, ou “a desgraçada da filha agora tem de viver sozinha com a mãe, porque o egocêntrico do pai não quer saber delas”.
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Naturalmente, a Helena tornou-se, contra a sua vontade, o centro das atenções de todas as máslínguas da escola. Os colegas de turma começaram a afastar-se dela. No entanto, a Helena não se queixou a ninguém (nem mesmo à mãe), porque tinha uma personalidade muito fechada. Começou a desinteressar-se da escola e a sentir-se muito sozinha e confusa. Um dia, descobriu o que a Maria andava a publicar online. Ficou muito perturbada e deixou de querer ir à escola. Sentiu-se exposta: por que é que os colegas se estavam a comportar daquela maneira? À medida que o tempo ia passando, a mãe, Catarina, começou a ficar verdadeiramente preocupada e tentou comunicar o problema aos outros pais da comunidade, mas estava a sentir-se posta de parte. Ora bem, como era uma recém-chegada àquela sociedade, era muito fácil ser “banida” do “clube dos pais”. Também tentou perceber o que estava a acontecer perguntando o que se passava aos professores da Helena, mas sem grande êxito, infelizmente. Por fim, decidiu que a filha passaria a ter aulas em casa e, passado um ano, decidiu mudar para outro local e matricular a Helena noutra escola.
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O que hรก de errado nesta histรณria? O que farias para a modificar? Tenta imaginar o que farias se fosses: A Maria, a Helena, a Catarina, os professores da Helena, os colegas de turma da Helena?
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