Gustave Flaubert - Dicionário das Ideias Feitas

Page 1

Dicionรกrio das Ideias Feitas



Dicionรกrio das Ideias Feitas





6 Venn e lent no muit para o: um c o vioindi dar ca opo ba nali vĂ­duo. bo de sta quan stas be Os jor um seus to escr bem-no mais artigo evem o enos b soldad s. Mat s o eduĂ­ o nos. s do quu e


7 ABELARDO Não é necessário fazer a mais pequena ideia do que seja a sua filosofia, ou sequer, saber o título das suas obras. Fazer uma alusão discreta à mutilação que lhe infligiu Fulbert. Túmulo de Heloísa e de Abelardo: se lhe provarem que é falso, protestar: “O senhor deita por terra as minhas ilusões.” ABSALO Se usasse cabeleira postiça, Joab não teria conseguido matá-lo. ABSINTO Veneno muito violento: um copo basta para dar cabo de um indivíduo. Os jornalistas bebem-no enquanto escrevem os seus artigos. Matou mais soldados do que os beduínos. ACADEMIA FRANCESA Denegri-la, mas, se possível, tudo fazer para ser nela admitido. ACIDENTE Sempre lamentável ou importuno (como se alguma vez uma desgraça pudesse ser motivo de satisfação...) ACTRIZES A perdição dos filhosfamília. São de uma assustadora sensualidade, entregam-se a orgias, devoram milhões e acabam no hospital. Perdão!, algumas são boas mães de família. ADEUS Pôr lágrimas na voz ao falar do adeus de fintainebleau. ADOLESCENTE Não iniciar um discurso de entrega de prémios escolares sem recorrer à expressão “Jovens adolescentes” (o que é um pleonasmo). AGENTE Termo lúbrico. AGRICULTURA Uma das tetas do estado ( o Estado é do género masculino, mas não importa). Deve ser encorajada. Falta de braços.

ÁGUA A água de Paris faz cólicas. A água do mar ajuda a nadar. A água de “Colónia” cheira bem. ALABARDA Na Suíça, todos os homens usam alabardas. ALABASTRO Serve para descrever as mais belas partes do corpo feminino. ALBION Sempre precedida de branca, pérfida, positiva. Por pouco que Napoleão a não conquistou. Elogiá-la: a livre Inglaterra. ÁLBUM Não deve faltar na mesa da sala. ALCIBÍADES Célebre devido à causa do seu cão. Exemplo de debochado. Era muito assíduo junto de Aspásia. ALCOOLISMO Causa de todos os males modernos (v. absinto e tabaco). ALCORÁO Livro de Maomé, onde só se fala de mulheres. ALEGRIA A mãe dos divertimentos e dos risos; não se deve falar das suas filhas. Sempre acompanhada da louca. ALEMÃES Povo de sonhadores (antigo). Não admira que nos tenham batido pois não estavamos preparados. ALEMANHA Sempre precedida de loura, sonhadora. Mas que organização militar. ALFÂNDEGA Deve sempre passar-se aos direitos. Uma pessoa deve sempre insurgir-se contra ela e defraudá-la (v. passar aos direitos). ALGODÃO É sobretudo útil para os ouvidos. ALHO Mata os vermes intestinais, e dispõe para os combates do amor. Esfregaram com eles os lábios de Henrique IV, quando este veio ao mundo.


8

ALIMENTAÇÃO A dos colégios é sempre sã e abundante. ALMIRANTE Sempre bravo. Pragueja por “mil escotilhas”. ALMOÇO (DE RAPAZES) Exige ostras, vinho branco e anedotas picantes. ALPERCES Ainda não é desta que é ano deles. ALTIVEZ Sempre precedida de extrema ou arrogante. AMBICIOSO Na provìncia, todo o indivíduo que dá que falar de si. “Eu, por mim, não sou nada ambicioso”, quer dizer egoísta ou incapaz. AMÉRICA Belo exemplo de injustiça: foi Colombo quem a descobriu e o nome vem-lhe de Américo Vespúcio. Sem a descoberta da América não teríamos a sífilis nem filoxera. Exaltá-la, ainda assim, sobretudo quando se lá não esteve. Fazer uma exposição sobre o “selfgovernment”. ANÃO Contar a história do general Tom Pouce e, no caso de lhe ter apertado a mão, dizê-lo com orgulho. ANDORINHA Não lhes chamar senão mensageiras da Primavera. Como se não sabe de onde vêm, dizer que chegam “de distantes paragens” (poético). ANDRÓCLES Citar o leão de Andrócles a propósito dos domadores. ANEL É muito elegante trazê-lo no dedo indicador. Pô-lo no polegar é muito oriental. Os anéis deformam os dedos. ANIMAIS Ah!, se os animais falassem! Há-os mais inteligentes do que certas pessoas. ANTICRISTO Voltaire, Renan...

ANTIGUIDADE (e tudo quando com ela se relaciona) Sem originalidade, estupidificante ANTIGUIDADES (as) São sempre imitações modernas. APARTAMENTO (DE RAPAZ) Sempre em desordem, com peças de roupa espalhadas por tolo o lado, cheiro a tabaco. Deve encontrar-se nele coisas extraordinárias. AQUILES Acrescentar “dos pés ligeiros”. o que dá a entender que se leu Homero. AR Desconfiar das correntes de ar. Invariavelmente, a base do ar está em contradição com a temperatura: se faz calor, é fria e vice-versa. ARENQUES A riqueza da Holanda. AREÓPAGO Fica bem nos discursos oficiais: “Meus senhores, neste areópago”. ARQUIMEDES Dizer, a propósito, “Eureka! Dêem-me um ponto de apoio e erquerei o mundo”. Existe ainda o parafuso de Arquimedes, mas uma pessoa não é obrigada a saber em que consiste. ARQUITECTOS Todos uns imbecis. Esquecem-se sempre das escadas dos prédios. ARQUITECTURA Não há mais do que quatro ordens arquitectónicas. Claro que se não contam os egípcios, o ciclópico, o assírio, o indiano, o chinês, o gótico, o romano, etc. ARSÉNICO Encontra-se por toda a parte (lembrar madame Lafarge). Há, no entanto, povos que o comem.

ARTE Leva ao hospital. Para que serve, se pode ser substituída pela mecânica, que faz melhor e mais depressa? ARTISTAS Todos uns estouvados. Exaltar o seu desprendimento (antigo). Espantar-se por eles se vestirem como toda a gente (antigo). Ganham rios de dinheiro, mas atiram-nos pela janela fora. São, muitas vezes, convidados a jantar fora. Uma mulher artista só pode ser uma devassa. O que les fazem não pode dizer-se que seja trabalhar. ÁSPIDE Animal conhecido por causa do cesto de figos de Cleópatra. ASSASSINO Sempre covarde, mesmo intrépido e audacioso. Menos culpável do que um incendiário. ASSOBIO É feio assobiar. ASTRONOMIA Rica ciência. Só e útil à marinha. A propósito, rirse da astrologia. ATEU Um povo de ateus não seria capaz de sobreviver. AUTOR Devemos “conhecer os autores”; inútil saber-lhes os nomes. AVE Desejar sê-lo e dizer, num suspiro: “Asas! Asas!” É sinal de se ter uma alma poética.




11


Um dep doce uma ôe-s fru um jo e n to. mula mãevem, a t O be de her , na na esta ijo bio uma bela mão face de s d cri , n e u anç o pede umde ma a, a s ama nos coço nte lá .


13

BACALHAU O fiel amigo. Indispensável na noite de consoada. (1) BACHARELATO Bradar contra. BAGNOLET Terra célebre pelos seus cegos. BAILADEIRA Palavra que aviva a imaginação. Todas as mulheres do Oriente são bailadeiras (v. odaliscas). BALÕES com os balões acabar-seá por ir à Lua. Ainda se não está preparado para os dirigir. BANDEIRAS w(nacional) Vê-la faz bater o coração. BANDOLIM Indispensável para seduzir as espanholas. BANQUEIROS Todos ricos. Árabes, lobos cervais. BANQUETE Reina sempre neles a mais franca cordialidade. Trazse deles as melhores recordações e as pessoas nunca se separam sem ter combinado novo encontro para o ano seguinte. Um brincalhão deve sair-se com: “No banquete da vida infortuna convive...” etc. BARBEIRO Ir ao baeta, ao fígaro. O barbeiro de Luís XI, dantes, era sangrador. BARCA Todos os botes com uma mulher a bordo. “Vem para a minha barca.” BASBAQUES Os parisienses são todos uns basbaques, embora em dez habitantes de Paris, nove sejam da provìncia. Em Paris não se trabalha. BASCOS O povo que mehor corre. BASÍLICA sinónimo pomposo de igreja. É sempre imponente. BASTÃO Maia terrível do que a espada. BATALHA Sempre sangrenta. Há sempre dois vencedores, o que bateu e o batido. BEBEDEIRA Sempre precedida de louca. BEETHOVEN Não pronunciar Bitovan. Desfalecer, mesmo assim, quando exectam uma das suas obras.


14

BEXIGA (de boi ou de porco?) Só serve para fazer balões. BEXGOSO As mulheres marcadas pelas bexiagas são todas sensuais. BÍBLIA O mais antigo livro do mundo. BIBLIOTECA Não deixar de ter uma em casa, em especial se se vive no campo. BILHAR Um jogo nobre. Indispensável no campo. BOCEJ Deve dizer-se: “Desculpe, não é por me sentir enfadado. É do estômago.” BOLSA (a) Termómetro de opinião pública. BOMBARDA A deslocação de ar resultante do disparo de uma bombarda provoca a cegueira. BORBULHAS Na cara ou em qualquer outra parte, sinal de saúde e de força do sangue. Nada de as tirar. BOSQUES Os bosques fazem sonhar. Indicados para se fazer versos. No Outono, ao passear por eles, deve dizerse: “Do cair da folha nos nossos bosques...” BOTAS Durante os grandes calores, não deixar de aludir às botas dos guardas rurais ou aos sapatos dos moços de fretes (o que só tem cabimento no campo, ao ar livre). Uma pessoa só está bem calçada se trouxer botas. BRINQUEDOS Devem ser sempre científicos. BROAS DE NATAL Insurgir-se contra as broas de Natal ao carteiro, ao guarda nocturno, ao limpa. chaminés, etc.

BROCHE Deve sempre conter uma mecha de cabelos ou uma fotografia. BRONZE Metal da antiguidade. BUDISMO “Falsa religião da Índia” (definição do Dicionário Bouillet, primeira edição). BUFFON Enfiava punhos de renda para escrever. BUFOS São todos da polícia. (1) Fleubert refere-se a “boudin”, um chouriço de sangue. Decidimo-nos por um lugar-comum português equivalente, e não podia deixar de ser o bacalhau...(N.T.).




17


18

Torna as pessoas cheias de espírito. Só é bom proveniente do Havre.


19 CAÇA Excelente exercício que uma pessoa deve fingir adorar. Faz parte da pompa dos soberanos. Motivo de delírio para a magistratura. CAÇA (trompa de) Nas matas produz bom efeito, e à noite sobre as águas. CAÇADORES FURTIVOS Todos forçados postos em liberdade. Autores de todos os crimes no campo. Devem provocar uma cólera frenética: «Nada de piedade, meu caro senhor, nada de piedade!» CACHIMBO Só fica bem à beira-mar. CADAFALSO Ao subir a ele, estar preparado para proferir umas palavras eloquentes antes de morrer. CALEIDOSCÓPIO Só se emprega a propósito dos salões de pintura. CALOR Sempre insuportável. Não beber quando faz calor. CALOS (dos pés) Assinalam as mudanças de tempo melhor do que os barómetros. Muito perigosos quando mal cortados; citar exemplos de acidentes terríveis. CALVÍCIE Sempre precoce, é causada pelos excessos da juventude ou pela concepção de altos pensamentos. CAMA DE REDE Típica dos crioulos. Indispensável num jardim. Convencer-se de que se está melhor do que numa cama das outras. CAMARATAS Sempre espaçosas e bem arejadas. Preferíveis aos quartos para a moralidade dos alunos internos. CAMARILHA Indignar-se ao pronunciar esta palavra. CAMELO Tem duas bossas e o dromedário só uma, ou, então, o camelo tem uma bossa e o dromedário duas (uma pessoa confunde-se).

CAMINHOS DE FERRO Se Napoleão tivesse disposto dele, teria sido invencível. Extasiar-se ante a sua invenção, e dizer: «Eu, meu caro senhor, que lhe estou aqui a falar, estava esta manhã em X…, parti no comboio de X…; cheguei, tratei dos meus negócios e a X horas, regressei!» CAMPO As pessoas do campo são melhores do que as da cidade; invejar-lhes a sorte. No campo tudo é permitido: roupas ordinárias, partidas, etc. CANDURA Sempre adorável. Tem-se muita ou não se tem nenhuma. CANHÃO (tiro de) Muda o tempo. CANHOTOS Terríveis na esgrima. Mais desembaraçados do que se servem do braço direito. CÂNTARO Ao ver uma nuvem ameaçadora, predizer: «Vai chover a cântaros.» CANTOR Engole todas as manhãs um ovo fresco para aclarar a voz. O tenor tem sempre uma voz encantadora e terna, o barítono um órgão vocal simpático e bem timbrado e o baixo uma emissão poderosa. CÃO Especialmente criado para salvar a vida do dono. O cão é o melhor amigo do homem. CAPA Sempre da cor das muralhas, por causa das sortidas galantes. CARA Uma cara agradável é o mais seguro dos passaportes. CARANGUEJO Anda para trás. Chamar caranguejo aos reaccionários. CARNE DE CAÇA Só é boa um tanto adiantada.


20

CARRASCO Sempre de pais para filhos. CARROS É mais cómodo alugar um do que possuí-lo: deste modo não há que aturar a barafunda dos criados, nem dos cavalos, que estão sempre doentes. CARTUXOS Passam o tempo a fazer licores, a cavar a sepultura e a dizer: «Irmão, é preciso morrer.» CASTELO Não há castelo que não tenha sofrido um cerco durante o reinado de Filipe Augusto. CATAPLASMA Deve sempre aplicar-se, enquanto se espera pelo médico. CATOLICISMO Teve uma influência muito favorável nas artes. CAVALARIA Mais nobre do que a infantaria. CAVALHEIRO DE INDÚSTRIA É sempre da alta (v. espião). CAVALHEIROS Já não há. CAVALO Se soubesse a força que tem, não se deixava montar. Carne de cavalo: bom tema para um homem, que queira passar por pessoa séria, escrever um livro. Cavalo de corrida: desprezá-lo. Para que serve? CAVERNAS Velhacouto de ladrões. Sempre cheias de cobras. CEDRO O Jardim das Plantas foi trazido num chapéu. CELEBRIDADE As celebridades: preocupar-se com o mais pequeno pormenor da sua vida particular, a fim de as poder denegrir. CELEIRO Uma pessoa sente-se lá tão bem aos vinte anos!

CENÁRIO DE TEATRO Não é pintura. Basta deitar, à sorte, para cima da tela, um balde de cores; depois, espalha-se com uma vassoura. A distância e as luzes bastam para criar a ilusão. CENSURA Útil, sem a menor dúvida. CERTIFICADO Garantia para as famílias e para os parentes. É sempre favorável. CERUME «Cera humana». Nada de o tirar porque impede os insectos entrem nos ouvidos. CERVEJA Não se deve beber, constipa. CHACAL Singular de ‘shakos’ (antigo, mas ainda faz rir). CHAMINÉ Sempre fumegante. Motivo de discussão a propósito do aquecimento. CHAMPANHE Caracteriza os jantares de cerimónia. Dar-se ares de o detestar, dizendo que «não é vinho». Provoca o entusiasmo entre a arraiamiúda. A Rússia consome mais do que a França. Foi por meio dele que as ideias francesas se espalharam pela Europa. Durante a Regência, não se fazia se não bebê-lo. Mas não se bebe, «traga-se». CHAPÉU Protestar contra a forma dos chapéus. CHARUTOS Os da «Régie» são «todos infectos». Bons, só os de contrabando. CHATEAUBRIAND Conhecido, sobretudo, pelo bife com o seu nome. CHEIAS São sempre do Loire. CHINÊS É chinês tudo o que se não compreende.

CIDRA Estraga os dentes. CIPRESTE Só cresce nos cemitérios. CÍRCULO Deve-se sempre fazer parte de um círculo. CIRURGIÕES Têm o coração duro: chamarlhes carniceiros. CISNE Canta antes de morrer. Com um golpe de asa é capaz de partir uma perna a homem. O cisne de Cambrai não era uma ave, mas um homem chamado Fénelon. O cisne de Mântua é Virgílio. O cisne de Pesaro é Rossini. CIÚME Seguido sempre de cego. Paixão terrível. Sobrancelhas unidas são sinal de ciúme. CLARINETE Tocá-lo, torna as pessoas cegas. Ex.: todos os cegos tocam clarinete. CLARO-ESCURO Não se sabe o que é. CLÁSSICOS (os) Uma pessoa deve ser tida como conhecedora deles. CLUB Motivo de desespero para os conservadores. Embaraço e discussão quanto à pronúncia da palavra. COELHO À CAÇADORA Sempre feito de carne de gato. COFRES FORTES As suas compilações são muito fáceis de descobrir. COGUMELOS Só devem ser comprados no mercado. COLCHÃO Quanto mais duro mais saudável. COLÉGIO Mais classe do que internato. CÓLERA Estimula o sangue, faz bem à saúde encolerizar-se uma pessoa, de vez em quando. CÓLERA O melão provoca a cólera. Uma pessoa cura-se bebendo muito chá com rum.


21 COLOCAÇÃO Andar sempre à procura de arranjar nova e melhor colocação. COLÓNIAS (as nossas) Irritar-se quando se fala delas. COMÉDIA Em verso, não convém à nossa época. Deve-se, no entanto, respeitar a alta comédia. ‘Castigat ridendo mores’. COMÉRCIO Discutir para se saber qual é mais nobre, se o comércio se a indústria. COMETAS Rir-se das pessoas que têm medo. COMUNHÃO A primeira comunhão: o mais belo dia da vida. CONCERTO Um passatempo decente. CONCESSÕES Nunca as fazer. Foram a perdição de Luís XVI. CONCILIAÇÃO Pregá-la sempre, mesmo quando os contrários são absolutos. CONCORRÊNCIA A alma do comércio. CONCUPISCÊNCIA Palavra de padre cura para designar os desejos carnais. CONDECORAÇÃO (da Legião de Honra) Fazer troça dela, mas cobiça-la. Ao consegui-la, afirmar, sempre, que se não pediu. CONFEITEIROS Todos os ruanenses são confeiteiros. CONFORTÁVEL Preciosa descoberta moderna. CONGREGADO Cavaleiro de Onan. CONHAQUE Faz muito mal. Excelente em várias doenças. Um bom copo de conhaque nunca faz mal. Tomado em jejum mata a bicha solitária. CONJURADO Os conjurados têm sempre a mania de se inscreverem numa lista.

CONSERVADOR Homem político, de grande barriga. «Conservador cheio de barreiras!» - «Sim, meu caro senhor, mas as barreiras impedem que se caia da estrada abaixo!» CONTORCIONISTA Deslocaram-lhe os ossos em criança. CONTORNO – Afirmar perante qualquer estátua: «Isto não tem falta de contorno.» CONVERSA A política e a religião devem ser excluídas. COPAÍBA Fingir que se não sabe para que serve. CORDA Não se calcula a força de uma corda. É mais sólida do que o ferro. CORPO Se soubéssemos como é que o nosso corpo é feito, não nos atrevíamos a fazer um movimento sequer. CORCUNDAS Têm muita graça e muita saída entre as mulheres sensuais. COSSACOS Comem ranho. COSTAS Uma palmada forte nas costas pode fazer com que uma pessoa fique doente do peito. COSTUREIRINHAS Já não há costureirinhas. Isto deve ser dito com o ar desolado do caçador que lamenta já não haver caça. COURO Todos os couros vêm da Rússia. COVINHAS NA CARA – Não deixar de dizer a uma rapariga bonita que ela tem amores nas covinhas da cara. COZIDO Saudável. Inseparável da palavra sopa: a sopa e o cozido. COZINHA De restaurante: sempre picante. Burguesa: sempre sã. Do Sul: muito condimentada ou toda à base de azeite.


22

CRIADAS Todas más. Já não há criadas como dantes! CRIADAS DE QUARTO Mais bonitas do que as patroas. Sabem todos os seus segredos e traem-nos. Desonradas, sempre, pelo menino da casa. CRIANÇAS Afectar por elas uma ternura lírica, havendo gente à volta. CRIMINOSO Sempre odioso. CRIOULO Vive numa cama de rede. CRISTIANISMO Libertou os escravos. CRÍTICO – Sempre eminente. Tem a reputação de tudo conhecer, tudo saber, tudo ter lido e visto. Quando desagrada, chamar-se-lhe Aristarco, ou eunuco. CORCODILO – Imita o choro das crianças para atrair o homem. CRUCIFIXO Fica bem num quarto de dormir ou junto da guilhotina. CRUZADAS Foram benéficas ao comércio de Veneza. CUJAS Inseparável de Bartole; não se sabe o que é que eles escreveram, mas não importa. Dizer a quem estuda Direito: «O senhor cingese a Cujas e Bartole.» CUNHO Sempre muito particular. CURAÇAO O melhor é da Holanda, pois se fabrica numa das Antilhas. CÚPULA Torre de forma arquitectónica. Espantar-se de que se possa aguentar sozinha. Citar duas: a dos Inválidos e a de S. Pedro, em Roma. CZAR Pronunciar tzar, e, de vez em quando, autocrata.




25

Joga-se melhor quando se estĂĄ com um grĂŁo na asa.


26


27

DAGUERREÓTIPO Substituirá a pintura DAMA Tudo pelas damas. Honra ás damas. DAMASCO Uma terra onde sabem fazer sabres. As boas lâminas são todas de Damasco. DANÇA Hoje em dia não se dança, marcha –se. DANTON << Audácia, ainda mais audácia, audácia, audácia sempre! >> DARDO Nada fica a dever a uma espingarda nas mãos de quem saiba servir-se dele. DARWIN O tal que diz que descendemos do macaco Deboche – Causa de todas as doenças dos homens solteiros . DECORUM Dá prestígio. Fala à imaginação das massas. << É necessário! É necessário>> DEDICAÇÃO Lamentar –se de que não exista nos outros. << A esse respeito, somos muito inferiores ao cão!>> DEDO O dedo de Deus está em todo o lado. DEICÍDIO Indignar – se muito embora o crime não seja frequente. DELFIM Traz o filho às costas. DEMÓSTENES Não fazia um discurso sem ter um seixo na boca. DENTES Estragam –se com a cidra o tabaco, os rebuçados, o gelo, obeber logo a seguir à sopa e o dormir de boca aberta. Dente canino do maxilar superior: é perigoso arrancá-lo porque corresponde ao olho. Arrancar um dente não dá prazer nenhum.

DENTISTAS Todos os mentirosos. Servem –se do bálsamo de aço. Pensase que também tratam dos calos. Consideram –se cirurgiões, tal como os oculistas se têm na conta de engenheiros. DEPURATIVO Toma –se às escondidas. DEPUTADO Sê-lo representa o cúmulo da glória. Bradar contra Parlamento. Há nele tagarelas a mais. Não fazem nada. DERBY Termo das corridas. Muito elegante. DERROTA Sofre-se, e é de tal modo completa que ninguém ficou para trazer a noticia. DESCARTES Cogito, ergo sum Desenho( arte do) – Composta por três coisas: a linha, o ponto e oponteado; a seguir vem o traço de força, que só o mestre sabe dar. ( Christophe.) DESERTO Dá tâmaras Desfiladeiro – Citar sempre as Termópilas. Os desfiladeiros dos Vosges são as Termópilas da França. ( Usou – se muito em 1870. ) DEUS O próprio Voltaire o afirmou : << Se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo.>> DEVERES Exigi-los da parte dos outros, eximindo-se, no entanto, a eles. Os outros têm-nos para connosco, mas nós não os temos para com eles. DIAMANTE Acabará por ser feito artificialmente! E dizer que não passa de carvão! Se encontrássemos um no estado natural, não nos baixaríamos para o apanhar! DIANA Deusa da caça-rola.


28 DIAS Há o dia do barbeiro, o do médico, etc. Há os da senhora, que ela chama críticos, em certos dias do mês. DICIONÁRIO Afirmar: «É feito apenas para os ignorantes» Dicionário de rimas: servirse alguém dele? Uma vergonha! DIDEROT Sempre seguido de d’Alembert. DILETANTE Homem rico com assinatura na Ópera. DILIGÊNCIAS Ter saudades do tempo de diligências. DINHEIRO Causa de todo o mal. ‘Auri sacra fama’. O deus do dia (não confundir com Apolo). Os ministros chamam-lhe vencimentos, os notários emolumentos, os médicos honorários, os empregados ordenado, os operários salário, os criados soldada. DIÓGENES «Ando à procura de um homem… Não me tires o sol.» DIPLOMA Sinal de ciência. Não prova nada. DIPLOMACIA Bela carreira, mas eriçada de dificuldades, cheia de mistérios. Só convém a gente nobre. Ofício de uma vaga significação, mas superior ao comércio. Um diplomata é sempre um indivíduo fino e arguto. DIRECTÓRIO Os escândalos do Directório. «Nesses tempos, a honra refugiara-se no Exército.» As mulheres, em Paris, passeavam completamente nuas. DIREITO (o) Não se sabe o que é. DISSECAÇÃO Ultraje à majestade da morte. DIVA Todas as cantoras devem ser tratadas por «Diva».

DIVÓRCIO Se Napoleão não se tivesse divorciado, ainda hoje seria imperador. DJINN Nome de uma dança oriental. DOCUMENTO Sempre da mais alta importância. DOENÇA DE NERVOS São sempre tiques. DOENTE Para fazer subir o moral de um doente rir do seu mal e negar os seus sofrimentos. DOGE Casava-se com o mar. Só se sabe o nome de um: Marino Faliero. DÓLMEN Relacionado com os franceses antigos. Pedra que servia para os sacrifícios dos druidas. Só se encontram na Bretanha. Não se sabe mais nada. DOMADORES DE ANIMAIS FEROZES Utilizam processos obscenos. DOMICÍLIO Sempre inviolável. No entanto, a Justiça, a Polícia entram nele quando muito bem querem. Regresso a penates. Regresso aos meus deuses lares. DOR Tem sempre um resultado favorável. A dor autêntica é sempre contida. DORMIR Dormir demais torna o sangue espesso. DOUTRINÁRIOS Desprezá-los. Porquê? Não se sabe. DUELO Bradar contra. Não é uma prova de coragem. Prestígio do homem que travou um duelo. DUPUYTREN Célebre graças a uma pomada e a um museu. DÚVIDA Pior do que a negação.




31

Distinguem-se p ela mem贸ria e adoram o sol.


32


33

ECLECTISMO Bradar contra, por ser uma filosofia imoral. ECO Citar os do Panteão e os da ponte de Neuilly. ECONOMIA Sempre precedida de «ordem». Citar a história de Laffitte a apanhar um alfinete no pátio do banqueiro Perrégaux. ECONOMIA POLÍTICA Ciência sem entranhas. ECONOMIAS Oportunidade de roubo para os criados. EGOÍSMO Queixar-se do egoísmo alheio e não reparar no próprio. EMIGRADOS Ganham a vida a dar lições de viola e a fazer saladas. EMIR Só se emprega ao falar de Abd-el-Kader. EMPRESÁRIO Palavra usada no meio artístico para designar o produtor. Sempre precedida de hábil. ENCICLOPÉDIA Rir de desdém, considerando-a uma obra «rococó», e, mesmo, bradar contra ela. ENFEUDADO Insulto muito grave e de grande estilo para atirar à cara de um adversário político. «O senhor está enfeudado à camarilha do Eliseu», só se emprega no Pariamento. ENGENHEIRO A carreira mais indicada para um jovem. Conhece todas as ciências. ENGRAÇADO Deve empregar-se a propósito de tudo e nada: «É engraçado.» ENGRAXADELA Os sapatos só ficam bem engraxados se for o próprio a fazê-lo. ENJOO Para não enjoar numa viagem de barco basta pensar noutra coisa.

ESCRAVELHOS Filhos da Primavera. Bom tema para um opúsculo. A sua destruição radical do sonho de qualquer governador civil; ao falarse, num comício rural, nos prejuízos que causam, devem ser designados por «funestos coleópteros». ESCRITO, BEM Expressão de porteiro para designar os romances em folhetim que o divertem. ESGOTAMENTO Sempre prematuro. ESGRIMA Os mestres de esgrima sabem estocadas secretas. ESMALTE Perdeu-se-lhe o segredo. ESPADA Só se conhece a de Damocles. Ter saudades dos tempos em que se usava. «Valente como uma espada.» Por vezes, nunca serviu. ESPARTILHO Impede que se tenha filhos. ESPIÃO Sempre da alta (v. cavalheiro de indústria). ESPINAFRES São a vassoura do estômago. Não esquecer a célebre frase de Proudhomme: «Não gosto, e sinto-me bem, porque se gostasse, comiaos, e não os posso suportar.» (Haverá quem ache isto perfeitamente lógico e se não ria.) ESPINGARDA No campo é sempre bom ter uma. ESPÍRITO Sempre seguido de brilhante. Corre as ruas. Os bons espíritos encontramse. ESPIRITUALISMO O melhor sistema filosófico. ESPIRRAR Considera-se uma saída cheia de espírito dizer-se: «O russo e o polaco não se falam, espirram-se.»


34

ESPIRRO Depois de lhe dizerem «Salve-o Deus», começar uma discussão sobre a origem desse costume. ESPLANADA Só se vê nos Inválidos. ESPORAS Ficam bem num para de botas. ESPUMA DO MAR Apanha-se em terra. Serve para fazer cachimbos. ESTAÇÕES (de Caminho de Ferro) – Ex- taziar- se diante delas e apresentá-las como modelos de arquitectura. ESTOICISMO É impossível. ESTÔMAGO Todas as doenças provêm do estômago. ESTRANGEIRO Entusiasmar-se com tudo o que vem do estrangeiro é dar mostras de espírito liberal. Denegrir tudo o que não é francês é sinal de patriotismo. ESTRELA Cada um tem a sua, como o imperador. ESTUDANTE Usam boinas vermelhas, calça à hussardo, fumam cachimbo na rua e não estudam. ESTUDANTES DE MEDICINA Dormem junto dos cadáveres. Há-os que os comem. ETIMOLOGIA Nada mais fácil de encontrar, graças ao latim e a um bocado de reflexão. ETRUSCOS – Todos os vasos antigos são etruscos. wEUNUCO – Incapaz de fazer filhos… Insurgir-se contra os castrados da Capela Sixtina. EVACUAÇÕES As evacuações são, por vezes, abundantes e sempre de má natureza.

EVANGELHOS Livros divinos, sublimes, etc. EVIDÊNCIA Cega, quando não salta aos olhos. EXCEPÇÃO Dizer que confirmam a regra. Não correr o risco de explicar porquê. EXECUÇÕES CAPITAIS Sentir-se horrorizado com o facto de haver mulheres que a eles vão assistir. EXERCÍCIO Evita todas as doenças: aconselhá-lo sempre. EXÉRCITO Pilar da Sociedade.7EXPIRAR – Só se conjuga a propósito das assinaturas dos jornais. EXPOSIÇÃO Motivo de delírio do século XIX. EXTINÇÃO Só se emprega ligado a mendicidade. EXTIRPAR Verbo que só se emprega a propósito das heresias e dos calos.





38

Ave pro com ven ess ien e n o te da me po Fla r s ndr er es.


39

FÁBRICA Vizinhança perigosa. FACTURA Sempre demasiado onerosa. FAIANÇA Mais elegante do que porcelana. FAISÃO Muito fino num jantar. FALECIDO O meu falecido pai, e atira-se o chapéu. FANFARRA Sempre alegre. FATALIDADE Palavra exclusivamente romântica. Homem fatal: emprega-se a propósito do que tem mau olhado. FEBRE Prova da força do sangue. É causada pelas ameixas, o melão, o sol de Abril, etc. FECHADO – Sempre precedido de hermeticamente. FELICIDADE Sempre perfeita. A sua criada chama-se Felicidade, logo é perfeita. FELICIDADES Sempre sinceras, atentas, cordiais, etc. FELIZ Ao falar de um homem feliz: «Aquele nasceu com uma estrela na testa.» Não se sabe o que significa e o interlocutor também não. FÊMEA Só se emprega ao falar dos animais. Ao contrário do que acontece com a espécie humana, as fêmeas dos animais são menos belas do que os machos. Ex.: o faisão, o galo, o leão, etc. FÉNIX Excelente nome para uma companhia de seguros contra incêndios. FETO Toda a peça anatómica conservada em álcool. FEUDALISMO – Não ter uma ideia precisa, mas bradar contra. FIDALGOTES Sentir por eles o mais soberano desprezo.

FIEL Inseparável de amigo e de cão. Não deixar de citar os dois versos: «Sim, pois que encontro um amigo tão fiel / A minha sorte…», etc. FIGARO (o casamento) Mais uma das causas da Revolução. FILIPE D’ORLEANS, IGUALDADE Bradar contra. Uma das causas da Revolução. Cometeu todos os crimes daquela época nefasta. FILOSOFIA Achincalhá-la sempre. FIRME Sempre seguido de «como uma rocha». FLAGRANTE DELITO Só se emprega em caso de adultério. Pronunciar «flagrante delicto». FLEUMA Bom género, e, depois, dá um ar inglês. Sempre seguida de imperturbável. FOGO Purifica tudo. Ao ouvirse gritar «Fogo» deve começar-se por se perder a cabeça. FOLHETINS Causa de desmoralização. Discutir o desfecho possível. Escrever ao autor para lhe sugerir ideias. Furor ao descobrir neles um nome igual ao seu. FOLICULÁRIOS Os jornalistas. Acrescentar-se de baixo estofo é o cúmulo do desprezo. FORÇA Sempre Hércules. A força sobrepõe-se ao direito (Bismarck). FORÇADOS Têm sempre uma cara patibular. Têm todos a mão leve. Há homens de génio na cadeia. FORMIGAS Bom exemplo a citar diante de um perdulário. Deram a ideia dos mealheiros. FORNARINA Era uma bela mulher; inútil saber mais.


40

FORTE Como um turco, um touro, um cavalo, como Hércules. Este homem deve ter força, é todo nervos. FORTUNA ‘Audaces fortuna juvat’. Os ricos são felizes, dispõem de fortuna! Ao ouvir falar de uma grande fortuna, não deixar de querer saber: «Sim, mas será sólida?» FOTOGRAFIA Destronará a pintura (v.daguerreótipo). FRANCÊS O primeiro povo do Universo. «Há só um francês a mais», disse o conde de Artois, «Ah, como nos sentimentos orgulhosos por sermos franceses / Ao olharmos para a coluna!» FRANCO-ATIRADORES Mais terríveis do que o inimigo. FRANCO-MAÇONARIA Mais uma das causas da Revolução! As provas de iniciação são terríveis. Motivo de discussão doméstica. Mal vista pelos padres. Que segredo será o dela? FRAQUE Na província, a última palavra quanto a cerimónia e incomodidade. FRESCOS Já não se fazem. FRICASSÉ Só se faz bem na província. FRIEIRA Sinal da saúde: vem de uma pessoa se ter aquecido por estar frio. FRIO Mais saudável do que o calor. FRIZAR O CABELO Não fica bem a um homem. FRONTESPÍCIO Os grandes homens ficam bem no cimo de um frontespício.

FUGA Não se sabe no que consiste, mas deve-se afirmar que é muito difícil e aborrecida. FULMINAR Bonito verbo. FUNCIONÁRIO Inspira respeito, seja qual for a função que exerça. FUNDAMENTO Nenhuma notícia o tem. FUNDOS SECRETOS Somas incalculáveis com que os ministros compram consciências. Bradar contra. FUNERAL A propósito do morto: «E dizer que ainda há oito dias jantei com ele!» Chama-se exéquias quando se trata de um general, e enterro quando é o de um filósofo. FÚRIA FRANCESA Pronunciar «fúria francese». FURÚNCULO Ver borbulhas. FUSÃO (das famílias reais) Estar sempre à espera dela! FUZILAR Mais nobre do que guilhotinar. Alegria do indivíduo a quem se concede ser passado pelas armas.




43

Deve ser sempre de prata, é menos perigoso. Deve segurar-se com a mão esquerda, é mais cómodo e mais elegante.



45 GALO Um Homem magro nunca deve deixar de dizer que um galo nunca é gordo. GALÓFAGO Servir-se desta expressão ao falar dos jornalistas alemães. GANHA POUCO Bom nome para uma loja, inspirador de confiança. GARANHÃO Sempre vigoroso. Uma mulher deve ignorar a diferença que existe entre um garanhão e um cavalo. GARFO Deve ser sempre de prata, é menos perigoso. Deve segurar-se com a mão esquerda, é mais cómodo e mais elegante. GAROTO - É sempre de Paris. Não deixar a mulher dizer: « Quando me sinto satisfeita, gosto de fazer de garoto.» GATOS Os gatos são traiçoeiros. Chamar-lhes tigres de salão. Cortar-lhes o rabo por causa do vertigo. GELADOS É perigoso comê-los. GENERAL Sempre bravo. Faz, em geral, o que não compete ao seu posto, como ser embaixador, conselheiro municipal ou chefe de Governo. GÉNIO (o) Não há motivo para o admirar; trata-se de uma nevrose. GENRO Meu caro genro, acabou-se tudo! GEÓMETRA «Quem não for geómetra não tem aqui entrada.» GERAÇÃO ESPONTÂNEA Ideia de um socialista. GIAOUR Expressão feroz, de significado desconhecido, mas sabe-se que está relacionado com o Oriente.

GINÁSIO (o) Sucursal da Comédie-Française. GINÁSTICA Nunca é demais. Extenua as crianças. GIRAFA Maneira delicada de não chamar camelo a uma mulher. GIRONDINOS Mais dignos de lástima do que censura. GLÓRIA Não passa de uma nuvem de fumo. GLÓRIA Uma «glória» não anda nunca sem «consolação». GOBELINS (tapeçaria dos) É uma obra extraordinária e que leva cinquenta anos a acabar. Exclamar diante dela: «Isto é mais belo do que a pintura.» O trabalhador não sabe o que faz. GODDAM «É a base da língua inglesa», como afirmava Beaumarchais, e, dito isto, as pessoas riem-se de escárnio. GOD SAVE THE KING Beranger, ao cantar, pronuncia «God savé de King», rimando com salvé, avé... GOG Sempre seguido de Magog. GOMA ELÁSTICA É feita de escroto de cavalo. GORDO As pessoas gordas não têm necessidade de aprender a nadar. Causam o desespero dos carrascos porque apresentam dificuldades de execução. Ex.: a Du Barry. GORDURA Sinal de riqueza e ociosidade. GOSTO O que é simples é sempre de bom gosto. Deve dizerse a uma mulher que se desculpa pela modéstia do seu trajar. GÓTICO Estilo arquitectónico que, mais do que os outros, leva à religião.


46

GRAMÁTICA Convencer as crianças, desde muito cedo, de que se trata de uma disciplina clara e fácil. GRAMÁTICOS Todos uns pedantes. GROQUE Não é como devia ser. GRUPO Fica bem no bordo de uma chaminé e convém em política. GRUTA DE ESTALACTITES Houve lá dentro uma festa célebre, baile ou ceia, oferecida por uma grande personagem. Vêem-se nelas «como que tubos de órgão». Disse-se missa nelas durante a Revolução. GUARDA-COSTA Nunca empregar esta expressão no plural ao falar dos seios de uma mulher. GUARDA DE POLÍCIA Nunca tem razão. GUERRA Insurgir-se contra. GUERRILHA Causa mais danos ao inimigo do que o exército regular. GULFSTREAM Cidade célebre da Noruega, recentemente descorta.




Sempre precedido de gentil ou de ardente. Agrada às mulheres. Não esquecer a citação: «Tu que conheces os hussardos da Guarda...»

49



51 HÁBITO Não faz o monge. HÁBITO É uma segunda natureza. Os hábitos dos colégio são maus hábitos. Com o hábito uma pessoa pode vir a tocar violino como Paganini. HACANEIA Animal branco da Idade Média, cuja raça se extingiu. HÁLITO Tê-lo forte dá um ar distinto. Evitar as alusões ás moscas e afirmar que o mau hálito é causado pelo estômago. HARAS A questão dos «haras», belo assunto de debate parlamentar. HARÉM Não deixar de comparar um galo no meio das galinhas a um sultão no seu harém. Sonho de todos os colegiais. HARPA Produz harmonias celestes. Nas gravuras, só se toca no alto das ruínas ou à beira de uma torrente. Faz valer o braço e a mão. HAXIXE Não confundir com um fruto chamado maxixe, que não provoca qualquer espécie de êxtase voluptuoso. HÉLICE Futuro da mecânica. HEMICICLO Conhecer apenas o das Belas Artes. HEMORRÓIDAS São causadas por uma pessoa se sentar nos fogões de aquecimento ou em bancos de pedra. Doença de S. Fiacre. As hemorróidas são um sinal de saúde, não se deve, portanto, fazê-las passar. HENRIQUE III, HENRIQUE IV A propósito destes reis, não deixar de dizer: «Todos os Henriques foram infelizes.» HÉRCULES Os hércules são do Norte. HERMAFRODITA Excita curiosidades mórbidas. Procurar ver.

HÉRNIA Toda a gente as tem sem o saber. HERÓSTRATO Palavra a empregar em todas as conversas sobre a Comuna. HIATO Não tolerar. HIDRE (da anarquia, do socialismo, e assim por diante,para todos os sistemas que metem medo) procurar vencê-la. HIDROTERAPIA Cura todas as doenças ou é a causa delas. HIERÓGLIFOS Antiga língua dos egípcíos, inventada pelos sacerdotes para esconderem os seus criminosos segredos. E dizer que há gente que os entende! Bem vistas as coisas, não será uma patranha? HIPÓCRATES Deve ser sempre citado em latim, dado que escreveu em grego, a não ser nesta frase:«Hipócrates diz sim, mas Galeno diz não.» HIPÓLITO A morte de Hipólito, é a mais bela narração que se pode dar a ler a alguém. Toda a gente deveria conhecer esse trecho de cor. HIPÓTESE Frequentemente arriscada, sempre corajosa. HISTERIA Confundi-la com ninfomania. HISTRIÃO Sempre precedido de vil. HOMERO Nunca existiu. Célebre pela maneira como se ria. HOMO ´Ecce homo` ao ver entrar o indivíduo de quem se está á espera. HONRA Ao falar-se dela, citar: «A honra é como uma ilha escarpada e sem margens»; «Nunca mais se pode lá entrar desde que se esteja de fora.» Deve cada um mostrar-se sempre muito cioso da sua, mas muito pouco da alheia.


52

HORIZONTES Achar belos os da natureza e sombrios os da política. HORROR Horrores! Ao falar de expressões lúbricas. Há coisas que se fazem mas não se dizem. «Foi durante o horror de uma noite profunda». HÓSPEDES Exemplos a dar aos filhos. HOSPITALIDADE Deve ser sempre escocesa. Citar os versos: «Entre os montanheses da Escócia. A hospitalidade dá-se Mas jamais se se vende.» HOSPODAR Fica bem numa frase a propósito da «questão do Oriente» HOSTILIDADES As hostilidades são como as ostras, abrem-se: «Abertas as hostilidades». Parece que nada mais há a fazer do que sentarem-se as pessoas à mesa. HOTÉIS Bons, só na Suíça. HUGO (VICTOR) Cometeu, na verdade, um grande erro ao dedicar-se à política. HUMIDADE Causa de todas as doenças. HUMORES Ficar satisfeito ao expeli-los e admirar-se de que o corpo humano possa conter tão grandes quantidades.




55

Deve visitar-se em lua-demel.



57 IDEAL Completamente inútil. IDEIAS (Inatas) Zombar delas. IDEÓLOGOS TODOS OS JORNALISTAS O SÃO. IDÓLATRAS São canibais. ILEGÍVEL As receitas médicas devem sempre sê-lo. As assinaturas também. Sinal de que se tem muita correspondência. ILIADA Sempre seguida da “Odisseia”. ILOTAS Exemplo a dar aos filhos, mas não se sabe onde os encontrar. ILUSÕES Afectar ter muitas, lamentar-se de as ter perdido. IMAGENS Há sempre imagens a mais na poesia. IMAGINAÇÃO Sempre viva. Desconfiar dela. quando e não tem, desprezar a dos outros. Para escrever romances, basta ter imaginação. IMBECIS Os que não pensam como vós. IMBRÓGLIO A base de todas as peças de teatro. IMORALIDADE Palavra que bem pronunciada eleva quem a emprega. IMPERATRIZES Todas belas. IMPERIALISTAS Todos gente honesta, educada, agradável, distinta. IMPÉRIO “O império, é a paz” (Napoleão III). IMPERMEÁVEL Muito vantajoso como traje. Faz muito mal por impedir a transpiração. IMPINGEM Sinal de saúde (v. borbulha). ÍMPIO Bradar contra. IMPORTAÇÃO Verme que corrói o comércio.

IMPRENSA Descoberta maravilhosa. Fez mais mal do que bem. IMPRESSO Deve acreditar-se em tudo o que vem impresso. Ter o nome nos jornais! Há quem cometa crimes só por isso. INAUGURAÇÃO Motivo de alegria. INCAPACIDADE Sempre notória. Quanto mais incapaz, mais ambicioso. INCÊNDIO Espectáculo a não perder. INCÓGNITO Modo de os príncipes viajare. INCRUSTAÇÃO Só se emprega a falar do nácar. INDOLÊNCIA Resultado dos países quentes. INDÚSTRIA (v. comércio). INFANTICÍDIO Crime cometido só pela gente do povo. INFECTO Empregar a propósito de qualquer obra artística ou literária que não tenha merecido o beneplácito de “ Le figaro”. INFINITESIMAL Não se sabe o que é, mas está relacionado com a homeopatia. INJÚRIA Deve sempre ser lavada em sangue. INOCÊNCIA A impassibilidade é prova dela. INOVAÇÃO Sempre perigosa. INQUISIÇÃO Tem havido muito exagero ao falar-se dos seus crimes. INSCRIÇÃO Sempre cuneiforme. INSPIRAÇÃO POÉTICA Coisas que a provocam: a vista do mar, o amor, a mulher, etc.


58

INSTINTO Complemento da inteligência. INSTITUTO Os membros do Instituto são todos velhos e usam quebra-luzes em tafetá verde. INSTRUÇÃO Dar a entender que se tem muita. O povo não precisa dela para ganhar a vida. INSTRUMENTO Os instrumentos que seriram para cometer um crime são sempre contundentes, quando não são cortantes. INSURREIÇÃO O mais sento dos deveres (Blanqui). INTEGRIDADE Compete sobretudo à magistratura. INTRIGA Leva a tudo. INTRODUÇÃO Palavra obscena. INVASÃO Provoca as lágrimas. INVENTORES Acabam todos no hospital. É sempre outro a tirar proveito da descoberta, o que é injusto. INUMAÇÃO Muitas vezes, precipitada: contas casos de cadáveres que devoraram os braços para matar a fome. ITALIANOS Todos músicos. Todos traiçoeiros. INVERNO Sempre excepcional (v. Verão). É mais saudável do que as outras estações.





62

Não poder passar sem eles, mas bradar contra. A sua importância na sociedade moderna. Ex.: «Le Figaro». OS jornais sérios: «La Revue des Deux Mondes», «L’ Economiste», «Le Journal des Débats»; tê-los sobre a mesa da sala, mas tendo, antes, o cuidado de lhes fazer uns tantos recortes. Assinalar algumas passagens a lápis vermelho, o que também produz bom efeito. Ler, de manhã, um artigo daquelas folhas sérias e graves, e, à noite, levar a conversa para o assunto estudado, a fim de se poder brilhar.


63

JASENISMO Não se sabe o que é mas cai sempre bem falar dele. JANTAR Dantes, jantava-se ao meio-dia, hoje janta-se a horas impossíveis. O jantar dos nossos pais era o nosso almoço, e o nosso jantar era a ceia deles. Jantar tão tarde como agora se faz, não é jantar mas ceia. JAPÃO Lá é tudo feito de porcelana. JARDINS INGLESES São mais naturais do que os jardins franceses. JARNAC golpe de- indignar-se contra tal golpe, que, de resto, era muito leal. JASPE Todos os vasos dos museus são de jaspe. JESUÍTAS Estão por detrás de todas as revoluções. São muitos, sem a menor dúvida. Nunca falar da «batalha dos jesuítas». JOGO Indignar-se contra tão fatal paixão. JOHN BULL Quando se não sabe o nome de um inglês, chama-se-lhe John Bull. JOQUEI CLUBE Os seus membros são sempre jovens estouvados e muito ricos. Dizer apenas «OJóquei»; é muito elegante, dá a entender que se é sócio.


64

JUDEU Filho de Israel. Os Judeus são todos vendedores de binóculos de teatro. JUJUBA Não se sabe de que é feita, JUNCO Uma bengala deve ser sempre de junco. JÚRI Tudo fazer para não tomar parte num deles. JUSTIÇA Nunca se inquietar. JUVENTUDE Ah, como é bela a juventude! Nunca deixar de trazer à baila estes versos italianos, mesmo sem os compreender: ‘ O Primavera! Gioventú dell’ano! O Gioventú! Primavera della vita!’





e qu

a vr . a s l Pa sso u r

v

a ex

os




71


Disso cobra lve as out mulhe s. Branque ras. Atra todas res em Par ia a pele i as leite as manhĂŁs is quem t ; hĂĄ . o , um banho mam, de


73

LABORATÓRIO Deve ter-se um no campo. LACONISMO Lìngua que já não se fala. LACUSTRES povoações - Navegar-lhes a existência, pois que não se pode viver debaixo de água. LAFAYETTE General célebre pelo seu cavalo branco. LA FONTAINE Afirmar que nunca se leram os seus contos. Chamálo «O Bonsoso», o imortal fabulista. LAGO Ter uma mulher ao lado, quando nele se passeia de barco. LAGOSTA Fêmea do lavagante. LAGUNA Cidade do Adriático. LANCETA Trazer sempre uma no bolso, mas recear servier-se dela. LAR Referir-se-lhe sempre com respeito. LATIM Língua natural do homem. Prejudica a clareza de um texto. Só serve para ler as inscrições das fontes públicas. Desconfiar das citações em latim:escondem sempre algo inconveniente. LAVAÇÂO Só se usa a propósito da cerimónia da lavação dos pés. LEÃO É generoso. Está sempre a brincar com uma bola. Bem rugido, Leão! É dizer que tanto o leão como o tigre não passam de uns gatos! LEBRE Dorme de olhos abertos. LEGALIDADE A legalidade é a nossa morte. Com ela nenhum governo é possível. LÉGUA Faz-se mais depressa uma légua do que quatro quilómetros.

LENÇO DE PESCOÇO Fica bem assoar-se nele. LENÇOL Os lençois vêm todos de Elbeuf. LETARGIAS Já se têm visto algumas que duram anos e anos. LETRA Uma boa caligrafia pode levar longe. Indecifrável: Sinal de ciência. Ex.: as receitas dos médicos. LIBELO Já não se faz. LIBERDADE Ó Liberdade! Quantos crimes se cometem em teu nome! Dispomos de todas as necessárias. Liberdade não é licença (frase de conservador). LIBERTINAGEM Só se vê nas grandes cidades. LIGA Deve sempre usar-se acima do joelho quando se pertence à alta sociedade, abaixo quando se trata de mulheres do povo. Uma mulher nunca deve negligenciar este pormenor da sua ‘toilette’, pois há muitos impertinentes neste mundo. LILÁS Agrada porque anuncia o Verão. LINCE Animal célebre pelo seu olho. LINDO Emprega-se a propósito de tudo o que é belo. É lindissimo! Representa o cúmulo da admiração. LÍNGUA DE TRAPOS Maneira de falar dos estrangeiros. Rir-se sempre do estrangeiro que fala mal francês. LÍNFUAS VIVAS As desgraças de França vêm de não se saberem bastante.


74

LISONJEADOR Nunca faltar com a citação: «Detestáveis lisonjeadores, presente mais funesto» / Que possa fazer aos reis a cólera celestel, ou então: «Ficai sabendo que todo o lisonjeador / Vive à custa de quem ouve». LITERATURA Ocupação de ociosos. LITTRÉ Troçar ao ouvir esse nome: «Esse senhor que diz que descendemos do macaco.» LIVRE CÂMBIO Causa dos sofrimentos do comércio. LIVRO Seja ele qual for é sempre demasiado grande. LOIO Não se sabe o que é. LOIRAS Mais quentes que as morenas (v.morenas). LONTRA Serve para fazer gorros e coletes. LORDE Inglês rico. LORPA Mais vale ser tratante do que lorpa. LOUREIROS Impedem o sono. LUA Inspira melancolia. Será habituada? LUGAREJO Substantivo enternecedor. Fica bem em poesia. LUÍS XVI Dizer sempre: «Esse infortunado monarca...» LUVAS Dão um ar distinto. LUXO É a perdição dos Estados. LUZ Dizer sempre ‘Fiat lux’ ao acender-se uma vela.




77


eiro verdad m u r e com e s Para s nĂŁo se deve , tor o o f c i ue mĂş umento ja o q por se ja que instr ezar os car se deve-se depr for e sos. virtuo


79 MACADAM Suprimiu as revoluções: deixou de haver meio de fazer. É no entanto, muito incómodo. MACARONI Sendo à italiana, deve comer-se à mão. MACKINTOSH Filósofo escocês. Inventor da borracha. MADRUGADOR Sê-lo é prova de bons costumes. Se uma pessoa se deita às quatro da manhã e se levanta às oito, é preguiçosa, mas se se deita às nove da noite para sair da cama às cinco da manhã do dia seguinte, é uma pessoa activa. MAESTRO Palavra italiana que quer dizer pianista. MAGAREFES São terríveis em época de revoluções. MAGIA Fazer troça. MAGISTRATURA Belo carreira para fazer um bom casamento. Os magistrados são todos pederastas. MAGNETISMO Bom tema de conversa, que serve para «impressionar» as mulheres. MAILLOT Muito excitante. MALDIÇÃO É sempre proferida por um pai. MALTHUS «O infante Malthus». MAMELUCOS Antigo povo do Oriente (Egipto). MANTILHA Pético. MÃO Ter boa mão é escrever bem. MÃO DE FERRO A França precisa de mão de ferro que a governe. MAQUIAVEL Não o ter lido mas considerá-lo um celerado. MAQUIAVELISMO Palavra que só se deve pronunciar com um arrepio.

MAR Não tem fundo. Imagem do infinito. Dá altos pensamentos. À beira-mar, é sempre necessário ter-se uma ampla vista. Quando se olha para o mar, deve sempre dizer-se: «Que imensidão de água!». MARCENEIRO Operário que trabalha, sobretudo, com mogno. MARFIM Só se emprega ao falar dos dentes. MÁRMORE As estátuas são todas feitas de mármore de Paros. MARSELHÊS São todos gente de espírito. MÁRTIRES Todos os primeiros cristãos o foram. MÁSCARA Dá graça e espírito a quem a traz. MATAGAL Sempre smbrio e impenetrável. MATEMÁTICAS Ressecam o coração. MATERIALISMO Pronunciar esta palavra com horror, batendo bem as sílabas. MATUSALÉM Ser velho como Matusalém. MÁXIMA - Nunca nova mas sempre consoladora. MAZARINADAS Desprezá-las. Não é necessário conhecer uma que seja. MACÂNICA Prte inferior das matemáticas. MEDALHA Só na Antiguidade é que se faziam. MEDICINA SEMPRE precedido de bom, e, entre homens, nas conversas familiares, de «sacana». É um água quando dispõe da vossa confiança, não passa de uma besta desde que médico e doente se tenham desentendido. Todos materialistas. «É que não se descobre a fé na ponta de um bisturi.»


80

MEDO Dá asas. MEFISTOFÉLICO Deve empregar-se a propósito de todo o riso amargo. MEIA-NOITE Limite da felicidade e dos prazeres honestos; tudo o que se faz depois disso é imoral. MELÃO Interessante tema de conversa à mesa. Será um legume? Um fruto? os ingleses comem-no à sobremesa o que espanta. MELANCOLIA Sinal de distinção do coração e de elevação de espírito. MELODRAMAS Menos imorais do que os dramas. MEMÓRIA Queixar-se da sua, gabando-se mesmo de a não ter. Mas corar se lhe disserem que não tem capacidade de apreciação. MENDICIDADE Devia ser proibida e nao se vê que o seja. MENINA Articular a palavra com ar recatado. As meninas são sempre pálidas e frágeis, sempre puras. Evitar-lhes toda a espécie de livros, as visitas aos museus, os teatros, e, sobretudo, o Jardim das Plantas, na secção dos macacos. MENINAS Nunca por nunca dizer: «As meninas estão na sala.» MERCÚRIO Mata a doença e o doente. MERIDIONAIS (os) São todos poetas. METAFÍSICA A rir: é uma prova de espírito superior. METÁFORAS Há sempre metáforas a mais no estilo. METAMORFOSE Rir do tempo em que se acreditava nisso. Ovídio foi inventor.

MÉTODO Não serve para nada. MÉXICO «A guerra do México é a maior preocupação do reino.»(Rouher.) MEXILHÕES São sempre indigestos. MINISTRO Último grau da glória humana. MINUTO Ninguém dúvida de como um minuto é longo. MIRANTE Bom local para fazer versos. MISSIONÁRIOS São todos comidos ou cricificados. MISSIVA Mais nobre do que carta. MOBÍLIA Ter as maiores preocupações com ela. MOEDEIROS FALSOS Trabalham sempre em subterrâneos. MOINHO Fica bem numa paisagem. MIMICES É necessário fazer quando se está rodeado de senhoras, numa festa campestre. MONARQUIA A monarquia constitucional é a melhor das repúblicas. MONÓCULO Insolente e distinto. MONOPÓLIO Bradar contra. MONSTROS Já se não vêem. MORENA Mais quentes do que as loiras (v. loiras). MOSAICOS Perdeu-se o segredo. MOSCAS Puer abrige muscas. MOSQUITO Mais perigoso do que qualquer animal feroz. MOSTARDA Boa mostarda, só em Dijon. Dá cabo do estômago.

MULHER Indivíduo do sexo feminino. Umas das costelas de Adão. Nao dizer «a minha mulher», mas «a minha esposa», ou, melhor ainda, «a minha cara metade». MULTIDÃO Tem sempre bons instintos ‘Turba ruit’ ou ‘ruunt’. A vil multidão (Thiers). «O povo santo, em multidão, inundava os pórticos...», etc. MÚSCULOS Os músculos dos homens fortes são sempre de aço. MUSEU De Versalhes: narra os altos feitos da glória nacional; uma bela ideia de Luís Filipe. Do Louvre: a evitar pelas jovens. Dupuytren: muito útil mostrá-lo aos jovens. MÚSICA Faz pensar em imensas coisas. Contribui para a brandura dos costumes. Ex.:«A Marselhesa».




83

S贸 em Baiona 茅 que os sabem construir como deve ser.


84


85

NAPOLES Ao falar com eruditos dizer Parténope. Ver Nápoles e depois morrer! NARINAS Dilatadas, sinal de sensualidade. NATUREZA Como é bela, a Natureza! Frase a proferir sempre que uma pessoa passeia pelos campos. NAVALHA É catalã se tiver a lâmina comprida. Chama-se punhal quando serviu para cometer um crime. NAVEGADOR Sempre intrépido. NÉCTAR Confundi-lo com a ambrosia. NEGÓCIOS (os) Os negócios acima de tudo. São o que há de mais importante na vida. Daí não há que sair. NEGRAS Mais quentes do que as brancas (v. morenas e loiras). NEGRO Como ébano ou como azeviche. NEGROS Espantar-se com o facto de terem a saliva branca e de falarem francês. NEOLOGISMO A perdição da língua francesa. NERVOSO Diz-se de cada vez que nada se compreende de uma doença; esta explicação satisfaz quem a ouve.


86

NOBREZA Senti-la, desprezá-la e invejá-la. NÓ GÓRDIO Relacionado com a Antiguidade. (Maneira de os antigos fazerem o nó da gravata.) NORMANDOS Troçar deles por causa do gorro de algodão. NOTÁRIOS Os de agora não são de fiar. NUMISMÁTICA Relacionada com as altas ciências, inspira um enorme respeito.




Ponto de partida para uma dissertação filosófica sobre a génese dos seres vivos.


90


91

OÁSIS Albergue do deserto. OBSCENIDADE Todas as palavras científicas derivadas do grego ou do latim escondem obscenidades. OBUSES Servem para fazer pêndulos e tinteiros. OCTAGENÁRIO Emprega-se a propósito de qualquer homem de idade. ODALISCAS Todas as mulheres do Oriente são odaliscas (v. bailadeiras). ODÉON Fazer espírito pelo facto de ficar longe. OFFENBACH Ao ouvir o seu ome fazer figas para evitar mau olhado. Muito parisiense, muito elegante. OMEGA Segunda letra do alfabeto grego pois que se diz sempre “alpha” e o “omega”. ÓNIBUS Vão sempre cheios. Foram inventados por Luís XIV. “Eu, Senhor, já vi triciclos que só tinham três rodas.” ÓPERA (Bastidores da) O paraíso de Maomé na terra. OPTIMISTA Equivalente a imbecil. ORAÇÃO-Todo e qualquer discurso de Bossuet. ORÇAMENTO Nunca equilibrado. ORDEM, A ORDEM Quantos crimes se cometem em teu nome (v. liberdade).


92

ÓRGÃO Eleva a alma de Deus. ORIENTALISTA Indivíduo muito viajado. ORIGINAL Troçar de tudo o que é original, odiá-lo, achincalhá-lo, se se for capaz. ORQUESTRA Imagem da sociedade: cada um executa a sua parte e há um chefe. ORQUITE Doença de cavalheiro. ORTOGRAFIA Acreditar nela como nas matemáticas. Não é necessária quando se tem um estilo. OSTRAS Já ninguém lhes chega! Custam os olhos da cara! OURIVES Tratá-lo sempre por Senhor Josse.




95

Po “é r d ho tã ent ut mem o p ro, es ili ” q are o tu za ue ci co do do d do rp de no eve co o d an s h ria m o ele at os om pi ser do ia ta is . no


96


97

PADRES Deviam ser todos castrados. Deitam-se com as criadas e têm filhos a que chamam sobrinhos. Apesar de tudo, há-os bons. PADRINHO É sempre o pai do afilhado. PAGANINI Nunca afinava o violino. Célebre pelo comprimento dos dedos. PAISAGENS (dos pintores)São sempre pratos de espinhafres. PALLADIUM Fortaleza da Antiguidade. PALMEIRA Dá cor local. PALMIRA Uma rainha do Egipto? Umas ruínas? Não se sabe. PANTEÍSMO Bradar contra, absurdo. PÃO Ninguém imagina a casta de porcarias que há no pão. PARADOXO Afirmar-se sempre a propósito do “Boulevard des Italiens” entre duas baforadas de cigarro. PARALELO Só se deve escolher entre os seguintes: César e Pompeu, Horácio e Virgílio, Voltaire e Rousseau, Napoleão e Carlos Magno, Goethe e Schiller, Bayard e Mac-Mahon... PARENTES Sõ sempre desagradáveis. Esconder os que não são ricos. PARIS A grande prostituta. Paraíso das mulheres, inferno dos cavalos. PARRA Emblema da virilidade em escultura. PARTES São vergonhosas para uns, naturais para outros. PARTO Palavra a evitar; substituí-la por bom sucesso. “Para quando espera o seu bom sucesso?”

PASSAR AOS DIREITOS Não é crime, mas uma prova de espírito e de independência de espírito (v.alfândega). PASSEIO Dar um passeio depois do jantar facilita digestão. PASTA Trazer uma debaixo do braço dá um ar de ministro. PASTORES Todos feiticeiros. Têm a faculdade de falar com Nossa Senhora. PATOS Vêm todos de Ruão. PEDANTISMO Deve ser ridicularizado, a não ser que se refira a ninharias. PEDERASTIA Doença por que todos os homens são afectados numa certa idade. PELES Sinal de riqueza. PELICANO Dilacera os flancos para poder alimentar os filhos. Emblema do chefe de família. PENSAR Penoso; as coisas que a isso nos forçam são, em geral, postas de lado. PENSIONATO Chama-se “Lar”, quando se trata de um pensionato de jovens do sexo feminino. PENTE (de dentes finos)- Faz cair o cabelo. PENTEADOR Indispensável em casa de uma mulher bonita. PERMUTAR O único verbo conjugado pelos militares. PERNADA (direito de)- Não acreditar. PERU País onde tudo é de ouro. PESADELO Causado pelo estômago. PHAÉTON Inventor dos carros com esse nome.


98

PIANISTA Indispensável numa sala. PIEDADE Evitá-la sempre PILARES DA SOCIEDADE ”Id est” a propriedade, a família, a religião, o respeito pelas autoridades. Enfurecer-se se os atacam. PINTURA Estraga a pele. PINTURA EM VIDRO Perdeu-se-lhe o segredo. PIRÂMIDE Trabalho inútil. PLANETAS Foram todos desco bertos por Leverrier. PLANTAS Curam sempre as partes do corpo com que se assemelham. POBRES Ocupar-se deles vale as demais virtudes. POESIA (a) Completamente inútil: passou de moda. POETA Sinónimo nobre de pateta; sonhador POLÍCIA Pilar da sociedade. Designá-la por força da ordem. POMB Só se deve comer com ervilhas. POMO Palavra pudica para designar os seios de uma mulher. “Deixe-me beijar-lhe os adoráveis pomos”. PONCHE Imprescindível numa noitada de bom senso. PONSARD-O único poeta dotado de bom senso. POPILUS Inventor de uma espécie de círculo. PORT-ROYAL Tema de conversa de bom efeito. PRADON Não lhe perdoar o ter sido émulo de Racine. PRAGMÁTICA SANÇÃO Não se sabe o que é.

PRÁTICA Superior à teoria. PRAZER Palavra obscena. PERCEPTORAS São sempre de excelentes famílias, atingidas por alguma desgraça. Perigosas nos lares, corrompem os maridos. PRENDA-Não é o valor que faz o preço, ou, então, não é o preço que faz o valor. A prenda nada é, a intenção é que conta. PROCUPAÇÃO-É tanto mais viva quanto, estando profundamente absorvido, um indivíduo fica sem se mexer. PRESUNTO É sempre de Mayence. Desconfiar dele, por causa das triquinas. PRETO Uma pessoa deve falar em “língua de preto” para se fazer entender por um estrangeiro. Seja qual for a sua nacionalidade. Emprega-se, também, no estilo telegráfico. PRIAPISMO -Culto da Antiguidade. PRIMO Aconselhar os maridos a desconfiarem do “priminho”. PRINCÍPIOS São sempre indiscutíveis: não se lhes conhece a natureza nem o número; não importa, são sagrados. PRISÃO DE VENTRE Todos os literatos sofrem de prisão de ventre. Tem influência nas convicções políticas. PROFESSOR É sempre doutor.

PROGRESSO Sempre mal entendido e demasiado prematuro. PROPRIEDADE Um dos pilares da sociedade. Mais sagrada do que a religião. PROSA Mais fácil do que fazer versos. PROSTITUTA É um mal necessário. Salvaguarda as nossas filhas e irmãs, enquanto houver homens solteiros. Deviam ser implacavelmente perseguidas. Um cavalheiro não pode sair com a esposa por causa da presença delas nas ruas. São sempre filhas do povo pervertidas por burgueses ricos. PROVIDÊNCIA Que seria de nós sem ela? PUBLICIDADE Fonte de riqueza. PUCELA Só se emprega a respeito de Joana d’Arc e unida a “de Orleans”. PUDOR mais belo ornamento da mulher. PÚRPURA Palavra mais nobre do que encarnado.




101

Diz-se, a prop贸sito de todos os velhos castelos, que Henrique IV dormiu l谩 uma noite.


102


103


104

QUADRATURA DO CÍRCULO Não se sabe o que é, mas deve-se encolher os ombros ao falar no assunto. QUARESMA No fundo, não passa de uma medida higiénica. QUARTO DE DORMIR Diz-se, a propósito de todos os velhos castelos, que Henrique IV dormiu lá uma noite. QUINTA Ao visitar uma quinta, só se deve comer pão escuro e beber leite. Se se juntam ovos, acrescentar: «Meu Deus, como são frescos! Os da cidade não se lhe podem comparar!» QUIOSQUE Lugar de delícias num jardim.




107


108

A fĂŞmea do sapo.


109

RACINE Devasso! RADICALISMO Tanto mais perigoso quanto for latente. A República leva-nos ao radicalismo. RAIO Só se emprega para praguejar, e mesmo assim! RAIOS DO VATICANO Rir-se. RAPAZ Sempre estouvado. Deve sêlo. Admirar-se quando o não é. RATA SÁBIA Designação depreciativa para a mulher que se interesse por coisas intelectuais. Em apoio, citar Molière: «Quando a capacidade do seu espírito se eleva...», etc. REBOCO (nas igrejas) Bradar contra. Esta cólera artística é de muito efeito. RECONHECIMENTO Não necessita de ser expresso. REGEDOR Sempre ridículo. Sente-se insultado ao ser confundido com os cabos de ordem. RELIGIÃO (a) Faz parte dos pilares da sociedade. É necessária a povo, embora com comedimento. «A religião dos nossos pais», deve proferir-se com unção. RELÓGI Só é bom se for de Genebra. No teatro de revista quando um actor puxa do seu, deve ser sempre uma cebola: esta rábula é infalível. « O seu relógio trabalha bem?» - «Claro, tão bem que o Sol se regula por ele.» REPUBLICANOS Nem todos os republicanos são ladrões, mas todos os ladrões sao republicanos.


110

RESTAURANTE Deve sempre pedir-se os pratos que se não comem, habitualmente, em casa. À pessoa que sente dificuldade em escolher , basta optar pelos pratos que servem aos vizinhos de mesa. RIJO Acrescentar, invariavelmente, como ferro. Também há rijo como uma pedra, mas é menos enérgico. RIMA Nunca se harmoniza com a razão. RIQUEZA -Dá direito a tudo, até a consideração. RISO Sempre Homérico. ROMANCES Pervertem as massas. São menos imorais em folhetins. Só se deve tolerar os romances históricos, pois nos ensinam a História. Há romances escritos com a ponta de um escalpelo, e outros assentam na ponta de uma agulha. ROMANZAS Os cantores de «romanzas» agradam às mulheres. RONSARD Ridículo com as suas palavras gregas e latinas. ROSTO Espelho da alma. Existe, portanto, gente com a alma muito feia. ROUSSEAU Pensar que J.-J. Rousseau e J. B. Rousseau são irmãos, tal como eram os dois Corneille. RUÍNAS Fazem sonhar e emprestam poesia a uma paisagem. RUIVAS Ver louras, morenas e negras.




111


112

Passeia Ă noite no alto dos telhados.


113 SÁBIO Troças deles. Para ser sábio basta memória e trabalho SABRE Os franceses querem ser governados por um sabre. SACERDÓCIO A Arte, a Medicina, etc. são sacerdócios. SACRILÉGIO É um sacrilégio abater uma árvore. SÁFICO E ANDRÓNICO (versos) Produz excelente efeito num artigo literário. SAINT-BARTHÉLEMY Uma graça antiga. SAINT-BEUVE Na Sexta-Feira Santa só comi enchidos. SALEIRO Entorná-lo dá azar. SALSICHEIRO História dos enchidos feitos com uma carne humana. Todas as salsicheiras são lindas. SANGRAR Fazer-se sangrar na Primavera. SANTA HELENA -Ilha conhecida pelo seu rochedo. SAPATEIRO ”Ne sutor ultra crepidem”. SÁTRAPA Homem rico e debuchado. SATURNAIS Festas do Directório. SAÚDE A demasiada saúde é causa de doenças. SCUDÉRY DEVE FAZER -se troça, sem se saber se era homem ou mulher. SEIXOS Ao ir à praia, não ficar sem trazer alguns para casa. SÉNECA Escrevia numa escrivaninha de oiro. SENHORIO As pessoas dividem-se em duas grandes classes: senhorios e inquilinos. SERÕES Os do campo são morais. SERPENTE Todas venenosas.


114 SERVIÇO É prestar um serviço às crianças o dar-lhes uns sopapos; aos animais, o bater-lhes; aos criados, o despedi-los; aos malfeitores, o castigá-los. SEVILHA Célebre pelo seu barbeiro. Ver Sevilha e depois morrer! (v. Nápoles.) SIBARITAS Bradar contra. SÍFILIS Toda a gente está mais ou menos afectada. SINO DE ALDEIA -Faz bater o coração. SOBREMESA Lamentar que já não se cante à sobremesa. As pessoas sérias desprezam-na: “Não! Não! Nada de doces! Nada de sobremesas!” SOCIEDADE Os seus inimigos. O que causa a sua perda. SOLTAR Soltam-se os cães e as ruins paixões. SOLTEIRÕES Todos egoístas e debochados. Deviam pagar um imposto. Preparam para si uma triste velhice. SOLUÇO Para fazer parar os soluços não há como uma chave nas costas ou um susto. SOMBREUIL (MILLE.)-Recordar o copo de sangue. SONO Torna o sangue espesso. SORVETEIROS Todos napolitanos. STUART (MARIA) Apiedar-se da infelicidade dela. SUBÚRBIOS Terríveis durante as revoluções. SUFRÁGIO UNIVERSAL A última palavra da ciência política. SUICÍDIO Prova de cobardia. SUL Sempre condimentada com alho. Bradar contra. SUSPIRO Deve exaltar-se perto de uma mulher.




117


118

Pai mai do s d vit o q elo ue . O tio bo i n . ão é


119

TABACO O da “Régie” não se compara ao de contrabando. Fumar é indicado para quem trabalha em escritórios. Causa de todas as doenças do cérebro e da medula espinal. TABELIÃO Mais lisongeiro do que notário. TAMANCOS Um ricaço que teve pincípios difíceis veio sempre de tamancos para Paris. TARTANA “Vem à minha tartana, bela grega de olhos negros” (romanza) TEMA No colégio, prova de aplicação, assim como a interpretação é prova de inteligência. Mas em grupo fica bem rir dos que têm boas notas nos temas. TEMPO Eterno assunto de concersa. Causa universal das doenças. Queixar-se constantemente dele. TERRA Dizer os quatro cantos da Terra, já que ela é redonda. TESTA Alta e calva, sinal de génio ou sobranceria. TESTEMUNHA Uma pessoa deve sempre recusar-se a servir de testemunha, pois nunca sabe onde isso pode levar. TINTEIRO Oferece-se de presente a um médico. TOILETTE (das senhoras) Perturba a imaginação. TOLERÂNCIA (casa de) Não sigenifica que seja aquela onde se tem opiniões tolerantes. TORNO No campo, é indispensável ter um no celeiro, para os dias de chuva.


120

TORRE DE MENAGEM Desperta ideias lúgubres. TOUPEIRA Cego como uma toupeira. Mas a verdade é que têm olhos. TRABALHADOR É sempre honesto, quando lhe não dá para se amotinar. TRASNPIRAÇÃO (dos pés) Sinal de saúde. TRAVESSEIRO Nunca usar, porque faz as pessoas marrecas. TREZE Evitar treze à mesa, que dá azar. O espíritos fortes não devem deixar de fazer espiríto: “O que é que isso tem? Eu por mim como por dois.” Ou, então, se houver senhoras, perguntar se alguma delas não estará grávida. TROVADOR Belo motivo para um pêndulo.




123

Chama –se, em geral, Martim. Citar o caso do inválido que, vendo um relógio caído no fosso do urso, desceu e acabou por ser devorado.



125


126

UKASE Chamar << ukase>> a todo o decreto autoritário, o que vexa o Governo. Universidade “Alma mater” URSO Chama –se, em geral, Martim. Citar o caso do inválido que, vendo um relógio caído no fosso do urso, desceu e acabou por ser devorado. USADO Tudo que é antigo é usado. Tudo o que é usado é antigo. USUM (ad) Locução latina que fica bem na frase: Ad usum Delphini. Deve empregar se ao falar-se de uma mulher chamada Delfina.




129

S贸 se dar com pessoas vacinadas



131


132

VAIDOSO Sempre precedido de extremamente. VALSA Indignar –se contra. Dança lasciva e impura que só deveria ser dançada por mulheres velhas. VELHO A propósito de uma cheia, de uma tempestade, etc. Os velhos da povoação nunca se lembram de ter visto coisa igual. VELUDOS Aplicados nos trajes, são sinal de distinção e riqueza. VENDA Vender e comprar são a finalidade da vida. VERSÃO Sempre excepcional (v. Inverno). VEREADORES Insurgir-se contra eles a propósito do calcetamento das ruas. << Afinal, com que é que se preocupam os nossos vereadores? >> VERRÉS Ainda se lhe não perdou. VIAGEM Deve ser feita rapidamente. VIAJANTE sempre intrépido. VINHOS Assunto de conversa entre homens.O melhor é o << bordeaux>>, dado que os médicos o receitam. Quando pior for, mais natural ele é. VIZINHOS Procurar que nos prestem serviços, sem que isso nada nos custe. VIZIR Treme à vista de um cordão. VOLTAIRE Célebre pelo seu <<rictus>> medonho. Ciência superficial.





136

me no o . r mas ro i u v u t ou er fu o z a i do r e ds a a c oรง , ha si Tr ele cin mu d ra re g ob s




139


140

(jogo do) imagem da táctica militar. Todos os grandes capitães eram bons a jogar xadrez. Demasiado sério para jogo, demasiado fútil para ciência.




143

Ver Yvetot e depois morrer ( v. Nรกpoles e Sevilha).


144


5-8

37-40

11-14

43-46

17-22

49-52

25-28

55-58

31-34

61-64


67-68

95-98

123-126

71-74

101-104

129-132

77-80

107-110

135-136

83-86

111-114

139-140

89-92

117-120

143-144



ANNA HEGEDÜS



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.