Morganna Batista (@morgannab) Sem tĂtulo (2012) http://www.flickr.com/photos/estalarosdedos
23. A penĂşltima. Martins de Castro Monalisa Marques editores Capa: Pat Duarte (@patduarte) www.monotipia.com www.facebook.com/monotipia revista@monotipia.com @monotipia
Mário Cau Série "Elas" (2012) www.mariocau.com
Jussara Gonzo (@hqexperimental) Bardo do Abrismo (2012) punhadodecontos.wordpress.com/
Rafa Louzada Sem tĂtulo (2012) rafalouzada.blogspot.com
A FLiQ é POP por Milena Azevedo @MilenaAzevedo
É uma ousadia misturar filosofia, música, cosplay, boardgames, cordel, literatura, charges e histórias em quadrinhos em um único evento? Públicos distintos abraçaram com gosto a segunda edição da FLiQ – Feira de Livros e Quadrinhos de Natal, que aconteceu entre os dias 23 e 26 de outubro de 2012, mostrando que a ousadia de Rilder Medeiros e Osni Damásio não é utópica, e sim necessária para uma cidade tão carente de eventos culturais como a “Noiva do Sol” o é. Com mais de cinquenta horas de programação gratuita, a FLiQ proporcionou oficinas de cordel, criação de personagem, roteiro, desenho e arte-final, aulas-demonstrações, batepapos, palestras e mesas-redondas acaloradas, além de sessões de autógrafo e "sketches", promovendo uma quebra de barreiras entre o público e os artistas. Essa edição teve Moacy Cirne como homenageado, e convidados de peso, como Sidney Gusman, Gustavo Duarte, Flávio Luiz, Humberto Gessinger, Marcia Tiburi, Xico Sá e Maurício Ricardo. A novidade desse ano ficou por conta de um mural, no qual todos os participantes poderiam desenhar ou escrever o que quisessem. As folhas com texto e desenho ficaram expostas durante os quatro dias do evento. Em breve os trinta melhores trabalhos estarão expostos no site oficial da FLiQ. No primeiro dia, o auditório ficou praticamente lotado para ver o simpático Sidney Gusman falar sobre os diversos projetos da Mauricio de Sousa Produções (que vão desde livros para bebês até cartazes para a Orquestra Sinfônica do Estado de São
Paulo), enfocando os artistas locais Williandi e Márcio Coelho, convidados por ele para compor os álbuns MSP +50 e MSP Novos 50, respectivamente. Eles relataram como foi o processo de criação dos roteiros de ambas as HQs, e Márcio revelou que a primeira ideia dele era fazer uma história do Astronauta, mostrando os diversos esboços que havia preparado, até que o Sidney sugeriu que ele fizesse uma história com a Turma da Mata, explorando cultura indígena e ecologia, como ele havia feito em uma das edições da revista Maturi. Antes, foi proferida uma palestra sobre jogos de tabuleiro literários, com o boardgamer e colecionador Tendson Artur, que levou ao palco alguns dos jogos de sua coleção (que já passa dos duzentos títulos) e encantou o público com a beleza e inteligência de jogos baseados nas Mil e Uma Noites, O nome da rosa, Os Pilares da Terra, O Senhor dos Aneis e Game of Thrones. E eu também pude mostrar ao público o meu projeto Visualizando Citações, contando com as participações de Brum e Wanderline Freitas, integrantes da maravilhosa equipe do VC. No campo da literatura, o jornalista Vicente Serejo bateu um papo com o escritor Lira Neto sobre a escrita de biografias, destacando a vida de Getúlio Vargas, seu mais novo biografado. E o publicitário e escritor potiguar Patrício Junior conduziu uma conversa animada com o escritor Marcelino Freire. Ainda na segunda, Rilder Medeiros, organizador Geral da FLiQ, anunciou o 1° Prêmio Petrobras de Histórias em Quadrinhos, que receberá inscrições até o dia 18 de fevereiro de 2013, contemplando estudantes do ensino fundamental, médio e universitário, de
todas as instituições de ensino público e privado do Rio Grande do Norte. O segundo dia da FLiQ foi de tietagem geral. No início da tarde, fãs natalenses e vindos do interior do estado, como Russiano Paulino, de São Rafael, já começavam a chegar para esperar Humberto Gessinger, vocalista e letrista dos Engenheiros do Hawaii, também autor de quatro livros. Logo as senhas para autógrafos do Gessinger passaram a ser disputadas quase à tapa. Da mesma forma, a tietagem esteve presente no bate-papo que tive com o Sidney Gusman sobre o mercado de quadrinhos no Brasil, a criação do Universo HQ, sua experiência de escrever um roteiro profissionalmente para O Ouro da Casa, e os causos de colecionador, com ele contando como foi a acirrada disputa pela edição do Homem Borracha, de Jack Cole (publicado pela Ebal nos anos 1970), entre ele e Rodrigo Arco e Flecha. Aproveitei o momento e apresentei a Sidney alguns de meus tesouros da Turma da Mônica: o álbum de figurinhas A História da Turma da Mônica, lançado pela Rio Gráfica em 1986, e o especial As Melhores Piadas de Roque Sambeiro (aí ele me fala: “você não viu que o Mauricio fez chamada, pedindo a quem tivesse essa edição pra enviar à MSP, pois nossos estoques estão baixos?”). Logo em seguida ocorreu a mesa sobre a publicação independente, com Henrique Magalhães, Flávio Luiz e os membros da K-ótica: Marcos Guerra, Leander Moura e Renato de Medeiros. Para completar, a mesa-redonda em homenagem ao Professor Moacy Cirne,
composta por Sidney Gusman, Henrique Magalhães (que segurou durante todo o momento o livro A explosão criativa dos quadrinhos) e José Veríssimo, teve um relato bem-humorado desde quando Cirne começou a ler quadrinhos até sua chegada ao Rio e a produção dos primeiros textos analisando quadrinhos e cinema. A serenidade desse dia ficou por conta do protesto contra o descaso da Fundação José Augusto ao Prêmio Moacy Cirne de Quadrinhos, cujo resultado saiu há quatro anos, mas nenhum artista recebeu seus respectivos prêmios. Na quinta-feira houve a mistura de quadrinhos, cordel e literatura. A entrega do VI Prêmio Cosern Literatura de Cordel agitou o pavilhão da FLiQ, com os vencedores – a maioria da cidade de Mossoró – orgulhosos de suas conquistas. A literatura jocosa de Xico Sá foi posta em evidência num batepapo com o publicitário e escritor Carlos Fialho (que “entupiu” o auditório), e a literatura infantil foi tema da mesaredonda que reuniu José de Castro e Lara Piau. No tocante aos quadrinhos, a mesa "Não perca a piada: fazendo quadrinhos de humor", com Flávio Luiz e Gustavo Duarte, mediada pelo desenhista e chargista Brum, foi simplesmente magnífica (com direito a elogio público de Gustavo a Brum, em suas palavras “um dos melhores mediadores que tive em eventos”). Flávio Luiz fez várias revelações: explicou por que trocou Salvador por São Paulo, e que o álbum Aú, o capoeirista não foi publicado pela Lei de Cultura da Bahia, mas depois
foi adotado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. E Gustavo, ainda chateado – com razão – sobre a questão do “remanejamento” do jornal esportivo LANCE!, no qual ele fazia charges diárias há 12 anos, provocou: “os jornalistas estão acabando com o jornalismo”. À noite dividiram lançamentos (ambos da Cia. das Letras) Gustavo Duarte, com Monstros!, e Xico Sá, com Big Jato; e ainda Flávio Luiz autografava seus álbuns Aú, o capoeirista e O Cabra, além de posters diversos e HQs mais antigas, como Jayne Mastodonte e as tiras do Rota 66. O último dia do evento teve discussão sobre Luiz Gonzaga, palestra sobre literatura e filosofia, concurso de cosplay e a aguardada mesa sobre charges. Os momentos altos ficaram por conta da Marcia Tiburi, que provocou a plateia logo de cara, espantada com o excesso de veículos automotores em Natal (“isso é culpa do IPI reduzido”, comentou), depois relembrou seu amor pelo estudo da filosofia ainda no início da adolescência, a escrita de seus livros de filosofia e os romances, confessando que um dia quer fazer uma história em quadrinhos (mídia que adora), mas por enquanto só esboçou um texto ilustrado em Filosofia Brincante. Ela insistiu que a saída para a depressão e outros males modernos do espírito é a escrita, e que pretende criar uma espécie de seita do silêncio, pois hoje os únicos locais em que o silêncio é encontrado são as igrejas e as bibliotecas (e olhe lá). A mesa que fechou a segunda edição da FLiQ contou com a presença do popular Maurício Ricardo, e dos chargistas Ivan
Cabral e Brum, e foi polêmica. Começou com a discordância do Maurício Ricardo com a proposta mais didática trazida por Ivan Cabral. Superado o impasse inicial, a fala de todos foi bem descontraída, até abrir para as perguntas da plateia. Um rapaz, para quem charge não era arte, pois ele não a comparava com o Grito ou a Monalisa, insistia em dizer que Maurício Ricardo fazia charge para os analfabetos funcionais, pois ao colocar “legendas” em suas charges, matava o sentido das mesmas. Maurício respondeu à altura, dizendo que de forma alguma explica suas piadas, apenas deixa um link para que o leitor se situe no contexto das mesmas: “meu público é grande e diversificado, então quem não souber o que é CPI ou Mensalão, clica na legenda e terá a notícia a seu dispor”. A FLiQ não tem vergonha em ser pop. E esse ano os stands comprovaram isso. Estavam lá livrarias, editoras, sebos, cordel, cosplay, quadrinistas, boardgames, assinaturas da Panini, mas também a escola de animação Gracom e as camisetas Red Bug. O stand da Gracom, diga-se de passagem, foi o mais visitado e fotografado, pois eles deixaram em exposição uma estátua em tamanho real do Wolverine, bem como bustos de Rambo e Pelé, que todos queriam “levar pra casa” como recordação. A organização ficou deveras feliz com o retorno positivo do público, e até está pensando em fazer algumas alterações para a próxima edição, haja vista a intensa solicitação para que o evento se estenda até o sábado.
Jo達o H.R. Castro
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esses arquitetos!
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