OLHAR

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S I N Ó P S

E


EDIÇÃO LIMITADA

Esta devia ser uma página em branco, simplesmente, para que não se tirem ilações redundantes, aponho-lhe um único considerando: - A infância é coisa que nunca se perde.



Soneto 16-2020 COmVIDa O PADEIRO O padeiro da minha Rua madrugador o quanto baste, coloca na minha e na tua, uma em Pinho, outra Cipreste. O pão tão necessário, alimento, civilização, da alma: corpo e sacrário; da história: uma razão. Cozido com a chama da vida em um lume brando, aromado, fogueira de Sol nas vagas por padeiro de mãos largas na maceira é amassado o forno dá-lhe a guarida. São Mamede D’Este, abril



Soneto 17-2020 COmViDa MAIO I Continua vazia a avenida primeiro dia de maio. Desliza a lágrima corrida, prisioneira, sem trabalho. E se esvai a liberdade, a pétala do cravo, murchou, deu lugar à ansiedade e a tua vida adiou. Foi o golpe mais profundo desferido a sangue frio desde o abril dos capitães. Maio das manifestações. Da água corrente nos rios. De mudanças em todo o mundo. São Mamede D’Este, maio,1



Soneto 1 COmVIDa MAIO II Hoje Primeiro de Maio, no silêncio de um só grito. Em canção ao desafio. Há um povo. Há um só registo. Vamos ultrapassar esta merda? Fizemos Abril! Porque não? Se o tempo traz. O tempo leva. Teremos de volta nosso pão! À rua, um dia voltaremos. Em força! Em todo este País! Livres! Um povo! Todos unidos! Nunca mais seremos vencidos, por doença ou algo mais, mesmo confinados, cantaremos! São Mamede D'Este, maio, dia 1



Soneto 18 - 2020 COmVIDa A JANELA Por de trás da janela com vida por onde revemos o trajeto. Porta de entrada e saída, das escolhas feitas projeto choramos as muitas mágoas, afagamos os muitos risos, serenamos todas as águas, esquecemos-lhe os motivos. Podemos tudo querer fazer. Inclusivamente reordenar todo o histórico temporal, por uma só janela virtual, a gosto, do registo cultural, formatado para esquecer.! São Mamede D'Este, maio, 1



Soneto 18 - 2020 COmVIDa MEU AMIGO Respira fundo meu amigo, inspira, expira liberdade. Na palma da mĂŁo faz abrigo franco, na solidariedade. Abre o peito ao mundo onde acolhes a melodia. Inspira e expira, bem fundo, os acordes da democracia. Solta a tua paz interior sobre as ondas do mar do Norte nos ventos gĂŠlidos e agrestes Por entre todas as tempestades sem um porto que as aporte e lhes sirva de altar maior. SĂŁo Mamede D'Este, maio



Soneto 19 - 20 COmVIDa NO CAMPO No campo se soltam as vides, despontam rebentos e os cachos, as águas correm, são livres, cucos invadem ninhos de chascos. No campo cresce o centeio, erva daninha de verde veste, codorniz faz ninho no meio, memória voa, sudoeste. No campo, Várzea, só floresce, a vida simples em harmonia, biodiversidade, exemplo. Homem, caminheiro do tempo, nota de música, sinfonia, sonata em semente silvestre. São Mamede D'Este, maio



Soneto 20 - 2020 COmVIDa A VIDA Há, na vida, rebeldia nova ao despontar um novo rebento, corpo onde tudo se renova inicio de ciclo no tempo. Primeiro choro da criança com uma vida por conquistar por tempestades e bonança feitas neblinas, ondas no mar. Rajadas violentas de Norte, suaves carícias, Suão, refazem cicatrizes várias. As que serão diárias na amálgama de cada chão feito amor, feito... morte. São Mamede D'Este, maio, 17



Soneto 21 - 2020 COmVIDa ABRAÇO O Hoje é assim. O Amanhã? - Virá no teu olhar cúmplice, aconchego do afeto será, em abraço sem pieguice! De tão quente, apertado. Forte. Verdadeiro. Sentido! Som de um olhar incendiado. Saudade do tempo perdido. Em um tempo de todo o tempo, interregno de circunstância, o dia de hoje com amanhã. A esperança não será vã em teu olhar, com confiança, um abraçono sopro do vento. São Mamede D'Este, maio



Soneto 22 - 2020 COmVIDa O RIO Leva contigo a saudade água que corres no rio. Pedra a pedra, ansiedade, nas levadas fica o estio. Beija margem inquieta. Sê regaço da inconstância. Carícia irrequieta... do acervo com pertinência. Em teu regaço estendido trás certezas, vagas de alento. As amoras estão maduras nos silvados estão seguras. As memórias são do tempo. Os salgueiros, o sentido. São Mamede D'Este, maio,



Soneto 23 -2020 COmVIDa A ESQUINA Na esquina da avenida com a Rua das necessidades há uma chave introduzida em uma ranhura de vontades. De vozes roucas, preciosas, e vaidade, laureadas, percorrendo ruas sinuosas com toscos fados, em desgarradas. Roubando a identidade do Minhoto e do seu vira. Bastou dobrar a esquina. Com uma cultura pequenina onde a estupidez é sina feita rede. Nossa cidade!

São Mamede D'Este, maio



Soneto 24 - 2020 COmVIDa TRAJETOS Há um vazio sempre cheio num horizonte tão distante ao partir nunca a meio de um percurso resiliente. Mesmo tarde sem o entardecer de jovial vontade perdida onde tarde é o desvanecer em insipiente tom de vida. No início é esperança A meio muito querer No final fica a saudade Inserta em uma só vontade Gonzos de uma porta a ranger Por onde entra a confiança. São Mamede D'Este, junho



Soneto 25 - 2020 COmVIDa JUSTIÇA Sou preto, branco, amarelo, verde, vermelho, aguarelas. Arco íris em um só castelo, sem ameias nem sentinelas. Sou a tua brisa matinal que toca pedras seculares feitas tempo. O bem e o mal. Onde o bem é conseguires! Ser preto, branco, amarelo. ou qualquer outra cor. De nascimento. Um Ser Humano. Torre mais alta do castelo por onde passa todo o amor Todas as raças. Desce o pano! São Mamede D'Este, Junho



Soneto 26 - 2020 COmVIDa (...) E, pronto. Não foi embora. Anda por aí. Na esquina da vida que passa, ficou. Na fragilidade faz a cama. Enquanto vacina não houver com as necessárias defesas , não vamos conseguir fazer o caminho, por entre as eras. Por entre a tristeza sofrida na distância sem o toque do carinho de um só afeto. Mágoa sentida num aperto das emoções onde a sorte são a condição vertida. São Mamede D'Este, junho



SONETO 27 - 2020 COnVIDa VÔO Vou voar contigo no campo gozar liberdade oportuna no sulco deixado no tempo de uma face, tão serena. As carícias de um arado prado afora com a ternura de um só gesto, um só afago, resplandece, alvo, a candura. De um voo com a harmonia de um planar ao sabor do vento de um céu de nuvens liberto onde o Sol fica mais perto da terra por entre o momento de tristeza ou de alegria. São Mamede D'Este, junho



Soneto 28 - 2020 COmVIDa RACISMO Há um arco-íris nas pessoas. Exterior. Interior. Mental. Onde existem coisas boas mas, sobra uma restea do mal. Sem ser contrário ao tido bom no comportamento do Humano consoante os ecos de um som sobre o mar em vela sem pano. Do berço feito a escola cadeia da mente, exterior, no tempo onde a curvatura da gente lavrada na cultura entre o amor, o embrião. Feto. Criança. Uma pessoa! São Mamede D'Este, junho



Soneto 29-2020 COmVIDa MOMENTO Deslizou entre areia, tão fina, tão dourada, ora vazia, ora cheia, maré viva, de estouvada. Foram marcas que apagou sinais incrustados no tempo. O mar trouxe. O mar levou. Não apagou o momento. Feito sonho. Feito vida. Da história, a narrativa. Do momento a auréola. De uma coroa, a pérola. Uma memória descritiva. Entre areia, na saliva. São Mamede D'Este, junho,2020



Soneto 30-2020 COmVIDa DESILUSÃO Um arrepio avassalador dá origem a uma revolta literal, âmago, interior. Uma raiva imensa, solta. Surge, assim, a desilusão, marginal no marginalizado, quebra do senso na razão, efeito não desejado. Em um mundo onde os letrados sem o relevo reconhecido só navegam com costa à vista. De forma a que lhes assista algum respeito distraído dos, para si, sempre ignorados… São Mamede D'Este,junho,2020



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