Zine Vanguarda Chuva_03

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I D E N T I D A D E . V I S U A L


“Lorem ipsum dolor sit a Um zine ousado. Essa terceira edição saiu por vontade própria, por paixão, por loucura. O corre-corre do dia-a-dia cheio de te(n)são nos obriga a correr mais pra dar a você, leitor, mais um motivo pra se deliciar com o Vanguarda Chuva.’ O intercâmbio de cultura continua, a poesia quentíssima e as gostosas imagens (foto+ilustra) são o recheio da nossa publicação. E olhe que essa edição está picante! Deliciosa. Regozije-se, pois!


marginal,não. POR ISIANE DE PAULA

A poesia do performático Miró não é feita só com palavras - a interpretação é o ponto fundamental de seu personagem. “Mas precisa de tanto palavrão pra fazer poesia?”, perguntaria alguém. Miró gosta de provocar o leitor, subvertendo temas que abordam a vida urbana (“merece um tiro quem inventou a bala”) e a religião (“Jesus não vem, prepara-te”).

“Você é anarquista?”, indagaria outro.

“Não. Sou alegrista”. A alegria é o cerne de sua obra

I HI WYE ZMHE 3 TSIXE JE^ S T½FPMGS VMV Š2¦S GSRƙI IQ gente que não ri”, foi o que aprendeu com sua mãe. Miró diz que já foi mais romântico, mas transformou sua poesia após uma surra da polícia.

Tá indo pra onde, boy?” “Estou voltando, ILUSTRAÇÃO: MARÍLIA FELDHUES

senhor”. Foi preso por desacato.


(

[

Continua preto, pobre, perifĂŠrico e poeta. Marginal, nĂŁo. Poeta, ponto.

entre vista(s)

e passou por vĂĄrios lugares da cidade atĂŠ se tornar o poeta da Muribeca, em JaboatĂŁo dos Guararapes. Tem 8 livros lançados, sendo o Ăşltimo, Discrição, uma coletânea de poemas sobre a cidade de SĂŁo Paulo. Tem tambĂŠm dois documentĂĄrios e muito conteĂşdo circulando pela rede, entre vĂ­deos no Youtube, pĂĄgina no Facebook e matĂŠrias em blogs. Apesar de ser referĂŞncia artĂ­stica, muitas vezes GLEQEHS HI TSIXE QEVKMREP QEW TVIJIVI WI HIĆ™RMV como cronista urbano). MirĂł nĂŁo desfruta de regalias pela sua fama. Continua sua vida simples e boĂŞmia.

]

MirĂł ĂŠ recifense, nasceu na Encruzilhada

Quantos sacos de cimento hå em ti, Recife? Quantos sacos de cimento hå em ti, Recife? 4XL§¥ PHX FRUD§£R Q£R êTXH FRQFUHWR Quiçå meu coração não vire cimento Quantos sacos de cimento? Quantos sacos de concreto? Quantos sacos de concreto? Quantos sacos de cimento? Que saco, Recife! 4XH PHX FRUD§£R Q£R ),48(êTXH FRQFUHWR SRUUD

{MIRĂ“ DA MURIBECA}


liberdade

sexxxual POR LARISSA SANTIAGO

Num momento de grandes e importantes acontecimentos – leis, atos, marchas e ativismos – as mulheres tem se sentido livres, sexualmente falando. Ou não. É o que a gente vai tentar descobrir nessa entrevista descontraída, na mesa do bar e que ia ser com uma pessoa só e acabou sendo com mais duas: Késia, Juliana e Cândida. Três mulheres de diferentes TVSƙWW¸IW I SVMKIRW QEW UYI XIQ IQ comum o feminismo e a liberdade. Bora vê?

>MRI :EQSW JEPEV HI TYXEVME QMRLE ƙPLE 5YI ¬ S WIY EWWYRXS ŠI\TIVXš :EQS falar de história, né? Vamos ao passado... como foi sua primeira vez? K.: Foi uma merda! O boy era baixinho, o boy tinha um metro e meio (meu passado me condena) pau razoável: medi, eu lembro que eu medi. Era meu namoradinho da escola – medi, tinha 18cm – pequenininho. Foi uma merda! Três tentativas pra fuder. Tinha 15 anos (fui inaugurar a pepeka no aniversário, amiga). Eu me cobria porque eu não queria mostrar minha bunda, que eu tinha, tenho vergonha da minha bunda...

ILUSTRAÇÃO: IGOR MARTINS

Zine: Mas como tinha vergonha, tu nem sabia direito o que era sexo... K.: Não sabia não, mas eu sabia o que era fazer boquete. Fazia boquete já com 15 anos, graças a deus ahahaha. Respondida a pergunta? DOEU. Não sangrou e doeu. Ju: Sei que não tô sendo entrevistada, mas o meu foi o massacre da serra elétrica! #desculpaluciana

Zine: Cala a boca, Ju Ju e K.: ahahahahahah


Zine: E depois que você trepou, quais questionamentos vieram a sua cabeça? tanto em relação ao sexo quanto em relação a qualquer outra coisa na vida... / 1MRLE ƙPLE E ½RMGE GSMWE UYI IY TIRWIM IVE UYI QIY UYEHVMP ME ƙGEV PEVKS I XSHS mundo ia saber que eu tinha perdido a virgindade. Aí espalhei pra todo mundo, já pra não ouvir fofoca. Minha mãe só soube um ano depois! Olhou pra minha cara e fez “É, ZSG­ N¤ XVERWSY R¬ š )Y HMKS Š EWWMQ R¬ XEPZI^š %M TVSRXS ƙ^ FSUYIXI TIVHM E virgindade e depois ele queria casar comigo porque eu perdi a virgindade com ele. Foi o que me incomodou!

Zine: Você chegou exatamente onde eu queria chegar: O que é que você acha da buceta troféu? K.: Isso é cultural, não é? Isso daí é o que a gente aprende desde sempre, que a gente vai guardar o hímen, a buceta. Cú pode dar! Viu galera? Cú – quem não deu o cú – Cú dá! Paga boquete, bate punheta, super legal é bacana e todo mundo faz, agora buceta, o hímen não pode liberar por conta da questão cultural. Você tem que guardar pro casamento, pra mostrar a toalha de sangue na janela. Zine: No seu caso não teve sangue... K.: Não teve sangue, sempre fui puta ahahah. Eu acho que é a questão cultural que é implantada na cabeça das meninas que tem que guardar o hímen, que não serve de porra nenhuma, tá ali só... Ju: Mas, tá ligada no conceito moderno de buceta troféu? Hoje já não se preocupam muito com o hímen, porque não tem mais hímen hoje, quase não tem hímen mais. Mas a buceta troféu hoje ...

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Zine: Tem hímen, tem hímen... Ju: Sim, calma, mas a virgindade não é mais... Assim, o que hoje se transformou em buceta troféu é aquela coisa de “não dou”, “dou não dou”... K.: De fazer cú doce, o velho cú doce, né? Pra quem já fudeu, mas pra quem não fudeu ainda, ainda usa a buceta troféu. Do cara te valorizar e do cara ter que te amar mais por isso, porque você tem um hímen ali pra ele arrombar. Mas é cultural!

Zine: É cultura, beleza. Mas você não acha que a gente é imposta a ter buceta troféu e sofre. As que optam por não ser buceta troféu sofrem. Cê não acha que qualquer escolha que a mulher faça ela sofre? / 'PEVS QMRLE ƙPLE TSVUYI QYPLIV R¦S XIQ UYI IWGSPLIV 1YPLIV XIQ UYI WIKYMV S que lhe é imposto e pronto. Seguir aquilo que é crescer, namorar, noivar, guardar seu hímen, dar seu hímen pro homem da vida dela – com pétalas de rosa na cama, certo? – depois o casamento e depois fazer comida e aí depois engravidar! Aí então ela sofre, se vai fuder por vontade ou se vai fuder por imposição, ela vai sofrer do mesmo jeito: pela questão do machismo patriarcal.

Zine:? Você acha que vai chegar um dia em que as mulheres vão ter essa liberdade sexual tanto pra falar quanto pra fazer? K.: 500 anos depois, talvez... Há esperança! É um devaneio de uma feminista WSRLEHSVE QMRLE ƙPLE ,ELELEELE ERSW QEMW XEVHI R¦S ZEM VSPEV TSVUYI E KIRXI Z­ TIWWSEW HE RSWWE MHEHI UYI Z¦S XIV ƙPLSW EKSVE I HEUYM E ERSW Z¦S estar espalhando a mesma ideia, de que você não pode ser liberta. Então eu acho que daqui 500 anos a mulher consiga se libertar totalmente. Embora eu veja que muita gente tá conseguindo isso hoje, que é uma vitória pra todas nós. E pros caras também, embora eles não queiram que isso aconteça. Eu acho engraçado que o cara fala assim: “Fudi com mil mulheres!” “Tudo puta”. Mas véi, se ela não fosse puta você não ia comê-la. Se ela não fosse liberada sexualmente pra trepar com você, você não ia comê-la. Então essa sua estatística de comi mil mulheres não ia ter! Por isso louve a deus, porque se não você não ia fuder.

XXX Essa conversa continua no blog [vanguardachuva.blogspot.com.br]


odnum [ mundo ]

vini,

o moço do lab POR LARISSA SANTIAGO

Conferir emails, imprimir material e terminar trabalhos. Era pra isso que eu entrava nos laboratórios de informática da Unifacs. E Vini vinha consertar a impressora, trocar o toner, HIWXVEZEV S TETIP (I ZI^ IQ UYERHS IPI ƙGEZE HI GEFIªE baixa fazendo alguma coisa, que eu só descobri 4 anos depois.

Vini, Vinícius Vidal, rabiscava nos papéis naquele meio tempo. Desenhava, inventava e artisticava nos papeís. E além dos papéis, os muros dos bairros de Salvador e depois do Rio. Designer formado pela mesma Universidade, Vini divide seu XIQTS IRXVI S 7IREM 7EPZEHSV I SW HIWIRLSW I KVEƙXIW O trabalho dele tá aqui no Vanguarda Chuva, passeando pelo Recife! Hoje o papel atolou na impressão, mas dessa vez Vini tá dentro dele.

pra falar com o vini: vidalsmc@gmail.com



retina

TORPOR

É segunda pela sétima sétima não, setenta vezes sete vez meu olho sonambulo viaja num Morro da Conceição com preguiça procura alcançar o infinito e segunda ninguém descansa depois do sete de setembro transeuntes são crianças e correm nos meus olhos vagos desertos cegos de segunda

As calças erram suas passos largos que me guiam ao infinito, Bahia o meu desejo seu inferno te condeno às duas teu inferno somos nós até te dizer te amo morrerei até te beijar pra sempre somos duas até ser sua somos mais.

{Larissa Santiago}

-------cismado

{Larissa Santiago}

-------SALVAÇÃO

Sol do caralho, Conde da Boa Vista, cavalgo meu espírito fatalista desprovido de qualquer sonho ou luto como um navegante sem terra à vista perdendo os dentes graças ao escorbuto. É meio-dia na minha caixa craniana, e dentro meu cérebro ferve, frita, desolado com a estupidez humana. {Lucas Holanda}

{Lucas Holanda}


uma parceria com a

ILUSTRAÇÃO: MARÍLIA FELDHUES


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