Edição 132

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OPINIÃO

Disrupção do sistema logístico: até quando? Quando é que as disrupções que hoje se verificam nas cadeias logísticas e de abastecimento em todo o Mundo irão abrandar? Esta é a pergunta de “um milhão de dólares”, para a qual existem várias respostas, mas nenhumas certezas. Os motivos desta disrupção estão mais do que identificados e abrangem todos os elos a montante e a jusante da cadeia logística e de transporte, no entanto, importa agora começar a olhar para aquilo que o futuro reserva.

Segundo o Bank of America, os próximos meses serão críticos para se saber se a economia mundial irá entrar num período tóxico de estagflação – uma situação de estagnação económica (ou até mesmo recessão) e altas taxas de inflação – ou se entraremos no caminho da recuperação económica. No entanto, e apesar de vários sinais e indicadores que apontam para um cenário mais positivo, a maioria das opiniões dos especialistas mundiais aponta para um 2022 com muitas dificuldades. Mas há boas notícias. Por exemplo, os últimos relatórios do Baltic Exchange Dry index revelam que os custos do transpor-

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Pedro Pereira Jornalista

te marítimo baixaram um terço no último mês, depois de terem atingido o seu máximo no início de outubro. Em declarações à Reuters, Rebeca Galanopoulos, diretora da corretora Alibra Shipping, disse que “esta situação pode significar que os mercados preveem que o congestionamento dos portos não seja um problema tão grande no próximo ano”. Por outro lado, analistas económicos do Jefferies Group anunciaram que os estrangulamentos na cadeia de abastecimento irão começar a desaparecer no primeiro trimestre de 2022, à medida que a procura sazonal provocada pelo Natal caia e os stocks sejam renovados.

Já Tim Huxley, CEO do armador Mandarin Shipping, disse à cadeia de televisão CNBC que “as disrupções nas cadeias de abastecimento vão levar muito tempo até serem resolvidas” e que algumas das soluções propostas, como o aumento da produção de contentores, a reposição da oferta de navios, o investimento em infraestruturas portuárias, rodoviárias, ferroviárias e logísticas, deverão demorar alguns anos até serem concretizadas. Huxley revelou que a muito curto prazo

“estas disrupções vão traduzir-se em custos mais altos para os consumidores e na escassez de alguns bens”. Recentemente, o banco americano HSBC publicou um relatório onde aponta três cenários para o fim desta crise. No primeiro cenário, os economistas americanos referem que as disrupções nas cadeias de transporte podem começar a diminuir após o fim das celebrações do ano novo lunar chinês, a 1 de fevereiro. Em declarações à Bloomberg, realçam que “o tradicional encerramento das fábricas durante os feriados do Ano Novo e o período de acalmia comercial que normalmente acontece nessa altura podem aliviar a


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