2 minute read
Falta de medicamentos nos hospitais FARMACÊUTICOS PREOCUPADOS DIZEM QUE “ANTECIPAR AS RUTURAS É A SOLUÇÃO”
from Revista "O Hospital" | Nº 32
by APDH
Para o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Helder Mota Filipe, a questão da falta de medicamentos nos hospitais tem acontecido, realmente, e é uma preocupação para a instituição. Mesmo assim, acrescenta, até este momento a situação ter sido superada pelos próprios farmacêuticos, no local, que conseguem substituir os fármacos em falta por outros, ou mesmo optando pela entreajuda com outros hospitais.
Seja como for, há fornecedores que já reportaram ruturas em injetáveis de grande volume, em várias instituições hospitalares e, para Helder Mota Filipe, é importante pensar mais longe e antecipar. Só dessa forma podemos “acionar os mecanismos mais adequados à prevenção/resolução daquela rutura específica, desde a importação, autorizações de utilização excecionais ou partilha de medicamentos entre serviços farmacêuticos”.
Advertisement
A falta de medicamentos considerados essenciais está a faltar também nos hospitais. Fala-se até que começam a faltar soros. Qual a real situação nestes locais?
Verifica-se de facto um aumento de episódios de ruturas em diversos medicamentos utilizados nos hospitais, alguns facilmente substituíveis, outros com maior dificuldade, como por exemplo a linezolida, um antibiótico de uso exclusivo hospitalar. A maior parte das ruturas atinge medicamentos de baixo custo (à semelhança do que acontece nas farmácias comunitárias) e com diversos titulares de Autorização de Introdução no Mercado (AIM), o que pode facilitar a substituição.
Estão mesmo a faltar soros?
Alguns fornecedores têm de facto reportado ruturas em injetáveis de grande volume. Nestes casos, não se registou ainda nenhuma rutura que não pudesse ter sido substituída por outra apresentação. Como exemplo, há uma semana estava em falta polielectrolitico com glucose de 500 ml, mas estavam disponíveis outras capacidades, de 1000 ml, por exemplo.
A Ordem dos Farmacêuticos tem chamado a atenção para a situação da falta de medicamentos, na generalidade, mas não relativamente aos hospitais. Porquê?
O aumento das ruturas de medicamentos é um problema que justifica a nossa preocupação, tanto nas farmácias comunitárias como nas farmácias hospitalares. A realidade é que muitos hospitais suprimem falhas com uma entreajuda assinalável de outros hospitais. Por outro lado, os serviços farmacêuticos hospitalares têm maior agilidade no contacto com o médico prescritor, o que facilita também a substituição terapêutica.
De qualquer forma, a perceção da OF é transversal às farmácias hospitalares e comunitárias e está focada no risco de não se poder garantir o acesso a medicamentos aos doentes que deles necessitam.
O que fazer para, nestes casos e quando formos confrontados com falhas em internamentos e para doentes graves, ultrapassar a situação?
Primeiro devemos ter ou criar as condições para antecipar situações e atuar a montante da prescrição. Se anteciparmos os problemas, podemos acionar os mecanismos mais adequados à prevenção/resolução daquela rutura específica, desde a importação, autorizações de utilização excecionais ou partilha de medicamentos entre serviços farmacêuticos.
Como estão a reagir os farmacêuticos hospitalares?
Os farmacêuticos hospitalares tentam a adaptarse e a contribuir ativamente para a redução do risco destas situações antecipando problemas, partilhando informação, sinalizando o INFARMED e adotando estratégias de mitigação das consequências das faltas de medicamentos.
Tem havido contactos entre a OF, os Conselhos de Administração dos hospitais e a tutela?
Julgo que todos os agentes estão sensibilizados para o agravamento dos problemas associados às ruturas de medicamentos. O tema tem estado presente, de forma transversal, em todos os encontros e iniciativas com o Governo, com as autoridades de saúde, parceiros e administradores hospitalares. Vemos também todos os intervenientes a tomarem iniciativas para enfrentar e minimizar o problema.
As medidas tomadas recentemente, no que respeita aos preços dos medicamentos mais baratos, demostram que o Governo está atento ao problema.
Que medidas devem ser tomadas?
A OF tem vindo a defender um conjunto de medidas para mitigar o problema. Defendemos publicamente o aumento do preço de alguns medicamentos, para garantir a sua viabilidade económica. Defendemos também a definição de uma lista de medicamentos críticos e emergentes, algo que o INFARMED está também atento.
Além disto, como é do conhecimento geral, propusemos a criação de uma reserva estratégica de medicamentos dinâmica, com a participação dos operadores, nomeadamente da distribuição farmacêutica, assegurando a validade do stock dos medicamentos considerados essenciais. É necessária a criação de mecanismos que permitam identificar precocemente potenciais problemas, acionando as medidas adequadas parra minimizar o risco de rutura de medicamentos.