Revista "O Hospital" | Nº 25

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ANO V, Nº 25 // OUTUBRO A DEZEMBRO 2019

"Não podemos somar cada vez mais recursos sem ter resultados"

GRANDE ENTREVISTA RUI GUIMARÃES

Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho



Índice 04 EDITORIAL

3 REVISTA DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA PARA O DESENVOLVIMENTO HOSPITALAR

A relevância do “capital humano” na área da Saúde está na ordem do dia. Olhar para as pessoas que trabalham nos hospitais, centros de saúde e outros locais do setor e ter em atenção as suas necessidades é essencial, para hoje e para o futuro.

DIRETORA ANA ESCOVAL

06 ANÁLISE

REDAÇÃO MARINA CALDAS, ANTÓNIO SANTOS, ANA TITO LÍVIO

Maria Helena Lopes Martins dirige a fármacia hospitalar no Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV). À conversa com O Hospital explicou que naquela instituição o “vestir a camisola” ainda é uma realidade que tem peso, apesar dos contrangimentos que existem, como a falta de recursos humanos.

12 ENTREVISTA

Rui Guimarães não tem dúvidas que no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia (CHVNG), onde é presidente do Conselho de Administração, há muito trabalha para ser feito. E o rol de mudanças que pretende levar a cabo está bem equacionado e pensado. E força parece não lhe faltar.

20 CLÍNICA

O dermatologista e especialista em psoríase revela ao Hospital que os tratamentos inovadores para esta patologia estão a transformar positivamente, a vida das pessoas que sofrem deste problema. A expressão “pele limpa” passou a ser uma realidade neste domínio.

24 OPINIÃO

A ligação entre o profissional de saúde e o doente tem de ser uma parceria entendida por todos os que trabalham no hospital e a humanização de cuidados tem de ser a base da relação. É assim que Patrícia Cardoso, enfermeira diretora do CHVNG/E olha para o que se passa à sua volta.

34 INOVAÇÃO

A forma como o setor da saúde está atualmente organizado não é financeiramente sustentável. O uso do software certo, em combinação com a implementação do conceito da Saúde Baseada em Valor pode fazer a diferença. Quem o diz é o Professor Fred van Eenennaam, Lena van Selm MSc. Marlou Smits BSc

38 APDH

As nossas atividades em 2019.

COORDENADORA MARINA CALDAS

EDITORA DE ARTE E PAGINAÇÃO JOANA CÂMARA PESTANA (MYLOGO) FOTOGRAFIA DANIEL PEGO REVISÃO ANA ESCOVAL, ANA TITO LÍVIO, ANTÓNIO SANTOS, MARISA CRISTINO, SARA ROZMAN IMPRESSÃO UE TIRAGEM 4.000 EXEMPLARES DISTRIBUIÇÃO GRATUITA PERIODICIDADE TRIMESTRAL PROJETO Rua Gomes Freire no9 A r/c 1150-175 Lisboa Tel: 213 530 719 geral@fdc.com.pt PROPRIEDADE ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA PARA O DESENVOLVIMENTO HOSPITALAR (APDH) Gabinete HOPE&IHF Portugal Alameda das Linhas de Torres, 117 1769-001 lisboa Tel. 217548278/79 Telm. 963668745 Email: geral@apdh.pt HOPE: hopemail@hope.min-saude.pt IHF: ihf@ihf.min-saude.pt website: www.apdh.pt


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EDITORIAL

Capitalização humana na saúde Poema das coisas Amo o espaço e o lugar, e as coisas que não falam. O estar ali, o ser de certo modo, o saber-se como é, onde é que está, e como, o aguardar sem pressa, e atender-nos, da forma necessária. Serenas em si mesmas, sempre iguais a si próprias,esperam as coisas que o desespero a busque. Abre-se a porta e o próprio ar nos fala. (...) António Gedeão (1996). Poemas escolhidos. Antologia organizada pelo autor. Lisboa: Edições João Sá da Costa, p. 89

As expectativas mais recentes na área da saúde, sustentadas para os mediatos tempos, auguram que as mesmas envolvam de forma alargada a humanização e a comunicação nos serviços e nas redes de cuidados. Acabamos de entrar num ciclo que necessariamente aviva outros momentos e horizontes aos stakeholders da saúde em atividades designadamente como a legislação, a governação, a regulação económica, a sociedade científica, a regulação profissional, a contratação coletiva, o cluster e indústria, o consumidor e a cidadania. As organizações de saúde são por natureza aquelas em que a capitalização humana e comunicacional tem marca maior, desde logo, na linha da frente, pelo atendimento e relação sócio terapêutica estabelecida com cada cidadão, em ambiente sensivelmente compassivo e de confiança, que não pode deixar de refletir uma eficiente combinação de competências profissionais, necessariamente na ação clínica mas também na ação de gestão, seja esta a mais próxima ou a mais distante. A atividade comunicacional tem de ser apercebida no interior institucional, por entre todos os membros e equipas, e transmitir-se de dentro para fora como uma sensação compreensiva e com o claro envolvimento de todos, natural e efetivo. A Grande Entrevista desta edição O Hospital merece uma leitura atenta, deste ponto de vista, ao valorizar questões de comunicação existentes no seio organizacional e que são sensíveis às capacidades existentes e às necessidades que importa satisfazer à comunidade beneficiária do importante serviço público. No que diz respeito à capitalização humana na saúde, face a espectativas de maior investimento, é valiosa a noção de que o acréscimo de recursos não é panaceia para mais resultados em saúde, sobretudo se tivermos presente os constantes alertas dados em relatórios da OCDE, desde 2000, para que o foco da decisão pública em Portugal no campo da saúde seja dirigido para o desenvolvimento de um skill mix mais eficiente de recursos humanos. Sabemos há muito tempo que temos necessidade da geração de decisões sobre a ponderação das profissões nos serviços de saúde, ajustada à evolução social e demográfica da população portuguesa, que permitam alcançar rácios mais resolutivos de apoio técnico e social e incrementem a melhoria dos indicadores sócio-sanitários mais deprimidos, que são principalmente aqueles que carecem de mais suporte social e comportamental. Mas não podemos esquecer que a geração de decisões neste domínio importa desde logo ao sistema educativo e profissional, como a educação básica, a educação profissional e a formação pós-graduada, até chegarmos a um layout sociotécnico mais eficiente nos serviços de saúde. Talvez assim as coisas possam fazer mais sentido.

A DIREÇÃO


A INOVAÇÃO GUIA A NOSSA CIÊNCIA. A HUMANIDADE GUIA A NOSSA EXISTÊNCIA. Para enfrentar os desafios dos cuidados de saúde em todo o mundo, unimos o espírito da biotecnologia à força de uma empresa farmacêutica de sucesso. O resultado é uma empresa biofarmacêutica que combina ciência, paixão e experiência para melhorar de forma inovadora a saúde e os cuidados de saúde. Assegurar um impacto notável na vida das pessoas é mais que a nossa promessa. É a nossa existência.

abbvie.pt


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ANÁLISE

“O maior constrangimento é a falta de recursos humanos” HELENA LOPES MARTINS, Serviços Farmacêuticos, Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV)

É responsável pela farmácia hospitalar do Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) e percebemos que “veste a camisola” pelo setor que organiza e que dirige. Maria Helena Lopes Martins diz que não se pode queixar: os serviços farmacêuticos têm sido sempre valorizados pelos órgãos de gestão e pelos diferentes serviços daquele centro hospitalar. “Fazemos parte de todas as comissões e temos um farmacêutico como presidente da Comissão da Qualidade e um como Vice-Presidente da Comissão de Ética. Quando necessário sou convocada para acompanhar o CA a reuniões na ACSS ou na ARS Centro, sempre com liberdade de intervenção nas mesmas”, salienta. Por brincadeira costuma dizer que quando dá “um ai” na farmácia se ouve no Conselho de Administração e reconhece, por isso, que seria injusto dizer que não há empenho ou confiança mútua. “Até ao momento, tem existido sempre. No futuro logo se verá”, acrescenta.


7 Como se sente a dirigir a Farmácia do CHTV?

Quais os constrangimentos que sente?

Como diretora dos Serviços Farmacêuticos (SF) desde 2004, é um orgulho poder dirigir uma equipa tão variada e sempre empenhada em dar o seu melhor apesar das carências.

Como todas as farmácias hospitalares o maior constrangimento é sempre a insuficiência de recursos humanos, até porque funcionamos 24/24 horas.

Os hospitais, como qualquer outra organização também buscam, de forma estratégica, a inovação, a modernização e a qualidade. A farmácia hospitalar acompanha esta estratégia procurando obter certificações que atestem o cumprimento de todos os cuidados visando a melhor assistência ao doente e seus familiares. Nesta lógica, os SF do CHTV estão certificados desde 2010 pela norma ISO NP EN ISO 9001:2008, certificação que tem mantido até ao momento (agora pela norma ISO NP EN ISO 9001:2015).

“Quando toca a rebate estamos lá todos” O CHTV é um Centro Hospitalar classificado como Hospital Central tendo em conta as respetivas valências e área de influência, e que integra o Grupo D da classificação da ACSS. Integra duas Unidades Hospitalares, a Unidade de Tondela e a Unidade de Viseu dispondo de cerca de 640 camas de internamento. A atual legislação em vigor, que preconiza que o doente possa escolher qualquer hospital de destino levou ao aumento da área de influência do CHTV. Recordo uma 1ª reunião de uma CFT em que alguém começou por referir “somos um pequeno hospital” o que me levou a dizer, como sempre, que “o hospital não se mede aos palmos” mas sim pela qualidade, o empenho e esforço dos seus profissionais em prol dos doentes e que, apesar de todas as carências, muito se faz o que nos permite um nível de diferenciação que muito me orgulha. É o meu Hospital. É uma Instituição com características próprias, em que todos os profissionais se unem em torno das causas que consideram importantes para o hospital e que lutam arduamente para que todos os dias possamos ser melhores, mais seguros e eficientes. Quando “toca a rebate” estamos lá todos porque é o nosso hospital e são os nossos doentes. O resto são pormenores. Sempre assim foi, e assim continuará sempre que sintamos que o hospital está em risco de prestar cuidados de menor qualidade aos seus doentes. Somos gente das Beiras e de Terras de Viriato, está-nos no sangue…

A reaplicação dos horários de 35 horas veio agravar a situação dos serviços mas a qualidade da equipa e a resiliência que nos caracteriza são fatores que vão vencendo as dificuldades.

Futuro com Esperança Temos, no entanto, a consciência de que muito mais se poderia implementar se os recursos fossem suficientes e a noção de que os ganhos que seriam obtidos pagariam rapidamente o investimento nos SF. A novidade da Carreira Farmacêutica (negociada a custo zero e sem grande ruído na praça pública) e a aprovação da Residência Farmacêutica faz-me ter esperanças de que o futuro será melhor, com mais recursos e muito melhor preparados para os desafios que nos estão a entrar porta dentro todos os dias e que exigem capacidade de trabalho, dedicação à causa pública e conhecimentos bem cimentados. Cabe-nos a todos nós farmacêuticos o empenho em ensinar e orientar a formação dos vindouros que serão o futuro da farmácia hospitalar, da missão da mesma e da cada vez maior visibilidade e importância do farmacêutico no sistema de saúde. Outro constrangimento cada vez mais recorrente é a falta de alguns fármacos no mercado nacional. Geralmente são moléculas muito maduras e com os preços muito esmagados. Temos necessidade de importar esses fármacos que são mais onerosos e a demora de todo este procedimento leva a rupturas difíceis de explicar aos doentes. Será que o Laboratório Militar que durante tantos anos forneceu os hospitais não se poderia dedicar a produzir estes fármacos? Tem sido um assunto discutido entre os farmacêuticos. Esta solução resolveria o problema das rupturas e permitiria economizar recursos. Deixo a sugestão para possível discussão por todos e resolução por quem de direito. E de que forma o seu trabalho é facilitado? O meu trabalho é facilitado pela excelente equipa que comigo luta todos os dias por cumprir a nossa missão


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ANÁLISE

fundamental de garantir uma farmacoterapia atempada, com qualidade e segura aos nossos doentes. Também a confiança dos órgãos de gestão é facilitadora, uma vez que me permite assinar as notas de encomenda bem como gerir o serviço e os stocks de acordo com as necessidades. A propósito, ocorre-me dizer que seremos dos poucos hospitais em que os doentes com necessidade de uma qualquer terapêutica nova (e se não necessitar autorização do SIATS) a recebem no prazo de uma semana, no máximo. Tudo porque os “papéis” não andam perdidos e, se necessário, a autorização é imediata. Todos temos o entendimento que o doente está primeiro e todos os setores despacham rapidamente os processos para que a compra possa ser despoletada o mais rápido possível e o medicamento chegue ao doente em tempo útil. Sente que, no Centro Hospitalar onde trabalha, tem o apoio dos diferentes responsáveis do hospital? No CHTV os SF têm sido sempre reconhecidos e apoiados pelos órgãos de gestão e pelos diferentes serviços. A direção dos SF não é menos considerada do que a direção de qualquer serviço clínico. Fazemos parte de todas as comissões e temos um farmacêutico como presidente da Comissão da Qualidade e um como VicePresidente da Comissão de Ética. Quando necessário sou convocada para acompanhar o CA a reuniões na ACSS ou na ARS Centro, sempre com liberdade de intervenção nas mesmas. Por brincadeira costumo dizer que quando dou “um ai” na farmácia se ouve no CA. E seria injusto dizer que, dentro das suas possibilidades/limitações, não se esforçam sempre para resolver qualquer problema. A confiança mútua é essencial para um bom desempenho de ambas as partes e essa confiança, até ao momento, tem existido sempre. No futuro logo se verá.

Hospitais do interior e hospitais do litoral A gestão da saúde das pessoas que vivem no interior do país é diferente das que vivem no litoral? A nível da terapêutica não haverá diferenças, mas a nível tecnológico será seguramente diferente porque a maior parte dos hospitais do interior não dispõe dos

mesmos meios que os hospitais do litoral. Apesar de sermos um hospital central, sentimos muitos constrangimentos, talvez fruto das dificuldades económicas do País, mas custa muito ver os nossos doentes serem obrigados a percorrer tantos Km para as sessões de radioterapia e estarem verdadeiramente “amontoados” no Hospital de Dia para as sessões de quimioterapia. Acredito que a Sra. Ministra da Saúde, conhecedora da realidade deste hospital porque já o visitou, se empenhará para que consigamos finalmente construir a Radioterapia e um Centro Oncológico que permita tratar os nossos doentes com a dignidade que precisam e merecem. Já lhes basta o desespero de uma patologia oncológica. Acredito, ainda, na prometida ampliação do Serviço de Urgência que serve cada vez mais doentes num espaço limitado onde diariamente se fazem verdadeiros milagres devido ao empenho e orgulho profissional das diversas equipas que ali trabalham. Sou acérrima defensora do SNS, bem maior para todos os portugueses. Nada tenho contra os privados, também fazem falta e cada cidadão deve poder decidir que alternativa prefere. Mas não podemos “alimentar” a privada por o SNS não ser alternativa por falta de recursos. A verdade é que a tecnologia de ponta, os recursos humanos altamente qualificados e a formação de novos profissionais (médicos, farmacêuticos, TSDT, enfermeiros, ente outros) está toda concentrada no SNS, mas faltam-lhe recursos (humanos e materiais) para poder continuar a cumprir o seu papel e a ser uma referência para todos os portugueses tal como foi sonhada, pensada e posta em prática por aquele que foi considerado o seu Pai. Está na altura de termos um SNS do Sec.XXI que eu desejaria para mim, para os meus filhos e netos e para todos os doentes. Ainda não perdi a esperança. No caso do farmacêutico Hospitalar, há um contacto mais direto com a população nestas regiões? Provavelmente sim. Somos um distrito com uma população muito envelhecida, com dificuldades económicas, que percorrem grandes distâncias para virem mensalmente levantar as suas terapêuticas e que requerem um acompanhamento muito personalizado. Do ponto de vista demográfico, a Região Centro tem características próprias, que acarretam dificuldades acrescidas no tratamento dos doentes, que são ainda mais acentuadas na população-alvo do CHTV:


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Densidade populacional muito baixa;

Índice de envelhecimento superior à média da Região Centro e nacional;

Índice de dependência de idosos (nº de pessoas >65 anos/nº de pessoas 15-64 anos) muito superior à média nacional;

Temos um setor de ambulatório em que os doentes são atendidos com a devida privacidade e apenas por farmacêuticos. A iliteracia leva a que muitos doentes necessitem de acompanhamento farmacoterapêutico e de muitos esclarecimentos. Um doente pouco esclarecido é sempre um fator de fraca adesão à terapêutica. O seguimento destes doentes e a facilidade de contacto dos farmacêuticos com o corpo clínico ajudam a resolver rapidamente muitas das situações que nos chegam sempre que o doente vem levantar medicação ou nos procura. Situações como “não consigo injectarme mais, olhe como tenho o corpo” ou falta de adesão à terapêutica despoletam de imediato o contacto com o médico para consultar o doente. O número de doentes tem crescido de forma sustentada e, neste momento, temos cerca de 6400 doentes/ano a recorrer ao nosso ambulatório. Considerando as dificuldades (custos com deslocações, ausência laboral do próprio ou/e de outros), a distância que muitos destes doentes necessitam de percorrer e a necessidade de garantir/facilitar a adesão à terapêutica, estamos a implementar um programa de entrega de proximidade (PEMProxi) que permite aos doentes a recolha dos seus medicamentos na farmácia que escolherem como mais próxima da sua residência e que pode ser uma farmácia hospitalar ou uma comunitária. É um projeto de proximidade de cuidados que os doentes agradecem e que poderá vir a ser a base da criação de cuidados integrados já em estudo pelo INFARMED. Temos já também uma Unidade de Hospitalização Domiciliária apoiada por uma equipa multidisciplinar que cuida destes doentes. Também o farmacêutico faz parte dessa equipa e o doente não sai do seu ambiente familiar o que é muito importante. É mais um passo para a tão necessária humanização dos cuidados. As questões do financiamento (ou do subfinanciamento) chegam ao seu Centro Hospitalar? Chegam, como a todos. Mas a verdade é que o CHTV


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ANÁLISE

implementou uma política do medicamento, aceite pelo corpo clínico, que nos permite economizar recursos. Na realidade nunca faltou qualquer terapêutica necessária ao tratamento de qualquer doente. A política adotada tem como objetivo fundamental a promoção do uso racional dos medicamentos, assim como a racionalização da utilização dos recursos existentes, procurando implementar um conjunto de medidas que decorrem da missão de tratar doentes e de cumprir metas orçamentais impostas, e em cujo cumprimento o CHTV está claramente empenhado, desde que o mesmo não comprometa a qualidade a as necessidades terapêuticas dos doentes a tratar. No CHTV está implementado e é aceite o princípio da substituição/equivalência terapêutica, baseando-se a mesma no pressuposto de que os fármacos da mesma classe terapêutica são medicamente permutáveis porque os seus mecanismos de ação não diferem significativamente, mesmo que quimicamente não sejam iguais.

O subfinanciamento éuma realidade Os recursos em saúde não são infinitos e, por isso, procuramos acomodar o aumento da despesa com os fármacos ditos “inovadores” adoptando políticas de utilização racional dos medicamentos. Os fármacos biossimilares e os vários genéricos que foram sendo aprovados passaram, de imediato, a ser utilizados em 1ª linha o que tem permitido a contenção da despesa. Mas o subfinanciamento é uma realidade porque a aprovação pela autoridade regulamentar nacional dos designados fármacos “inovadores” veio colocar novos desafios aos hospitais. A enorme pressão dos doentes e respectivas associações representativas, para utilização destes fármacos, os custos elevados que representam, a falta de financiamento para os mesmos e de legislação que contemple a cedência é um exercício de dificuldade acrescida num tempo em que se pede aos hospitais contenção na despesa. Considerando que muitos destes fármacos são formulações orais agrava-se o subfinanciamento dos medicamentos porque o financiamento das consultas não contempla o custo das terapêuticas cedidas. A falta de orientações nacionais sobre o tratamento de diversas patologias leva a que cada Comissão de Farmácia e Terapêutica

de cada hospital avalie e tome decisões que criam assimetrias no acesso dos doentes aos novos fármacos o que desencadeia novas pressões nas instituições por comparação com outras. Quando olha para o papel que representa o farmacêutico, no hospital, pensa que tem havido reconhecimento a esse nível? Acho que cada vez mais se valoriza o trabalho do farmacêutico. Os seus conhecimentos, a integração e aceitação nas equipas multidisciplinares, o contacto com os doentes e o aparecimento de novas tecnologias que requerem a participação ativa dos farmacêuticos para serem utilizados permitem que o farmacêutico não seja visto apenas como o “guardião” do medicamento. O aparecimento de terapêuticas cada vez mais complexas, com margens terapêuticas estreitas, embora mais eficazes e mais seletivas, veio impor novas responsabilidades ao farmacêutico hospitalar em matérias como a farmacovigilância, a introdução de critérios de avaliação económica e formação específica na área da farmacoeconomia, bem como a organização de centros de informação para estudo e elaboração de pareceres técnicos destinados a sustentar a tomada de decisão sobre a utilização do medicamento hospitalar. O medicamento assume-se como uma tecnologia fundamental, com um peso crescente na sociedade atual, e veio implementar uma mudança de paradigma no tratamento do doente: a passagem do doente da área do internamento para a área do ambulatório ou do hospital de dia. O incremento da despesa pública no setor da saúde, com particular enfoque na área do medicamento, tem levado à adoção de estratégias de contenção de gastos, implicando a participação e um maior envolvimento de todos os intervenientes no circuito. A tarefa é árdua e consiste em conciliar o orçamento que existe para gerir e tratar os doentes de acordo com padrões de qualidade e equidade. Mas há ainda que salientar um novo conceito de risco, que se associa à introdução de novas moléculas no mercado. O estatuto do medicamento preconiza a avaliação farmacoeconómica, prévia à autorização de introdução de um novo fármaco, com a finalidade de analisar a vertente económica tendo em conta a eficácia e a qualidade de vida promovida pelo novo fármaco. O principal desafio é garantir que os doentes tenham acesso às melhores terapêuticas. Para isso, é necessário


que a indústria farmacêutica continue a desenvolver esforços ao nível da inovação de novas soluções terapêuticas e, simultaneamente, colabore no sentido de encontrar ferramentas de suporte à decisão, capazes de demonstrar qual o valor acrescentado de cada um dos medicamentos, numa perspetiva clínica e também económica. No atual contexto económico e social, particularmente difícil, em que os recursos para o financiamento do SNS são cada vez mais escassos, é crucial garantir a sustentabilidade futura do sistema.

A importância do farmacêutico É crítico garantir o acesso dos cidadãos à verdadeira inovação que contribua para os ganhos de saúde que se têm vindo a verificar nas últimas décadas, mas também tornar mais acessível o tratamento das grandes patologias com maior impacto epidemiológico e económico. Se considerarmos o crescimento de gastos com a saúde e que os medicamentos contribuem com uma parcela importante, é óbvio que as verbas movimentadas pelos serviços farmacêuticos atingem percentagens muito significativas no contexto financeiro das Instituições e do País. Mas não encaramos a saúde apenas com a visão de encargos e despesas, pois conhecemos os enormes benefícios alcançados pelos medicamentos na qualidade de vida dos doentes. Conhecemos bem os ganhos em saúde alcançados com o trabalho de uma equipa multidisciplinar e motivada. Urge fazer uma discussão séria sobre como enfrentar os desafios que já se colocam com o financiamento dos fármacos inovadores antes que “não haja cura” para o problema. O farmacêutico centra-se cada vez mais no doente e nas suas necessidades sem descurar o impacto orçamental dentro das alternativas existentes. É um profissional multifacetado, empenhado na adesão do doente às terapêuticas, com conhecimentos técnicos e científicos que são preciosos com a evolução das novas terapêuticas cada vez mais personalizadas e dispendiosas. Creio que o tempo se encarregará de valorizar cada vez mais o papel do farmacêutico nos hospitais e na saúde em geral. Os farmacêuticos merecem esse reconhecimento e o SNS necessita da sua ajuda para garantir um acesso sustentável e seguro às novas tecnologias que, sendo o futuro, já aí estão em força.

Maria Helena da Silva Rodrigues Lopes Martins nasceu a 16 de janeiro de 1958 em Viseu, tendo completado a Licenciatura em Ciências Farmacêuticas, pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, em 1984, altura em que iniciou a sua atividade como Farmacêutica Hospitalar no então Centro Hospitalar de Coimbra. Entre 1986 e 1988 fez estágio de carreira no Laboratório de Patologia Clínica nos Hospitais da Universidade de Coimbra. Em 1989 regressa à Farmácia Hospitalar, nos então Hospitais da Universidade de Coimbra, e obtém a equiparação ao estágio de carreira do ramo de farmácia. Em 1994 obteve o Título de Especialista em Farmácia Hospitalar concedido pela Ordem dos Farmacêuticos. Em 2004 foi nomeada Diretora dos Serviços Farmacêuticos do então Hospital de S. Teotónio S.A. e agora Centro Hospitalar Tondela-Viseu EPE, cargo que ocupa até ao presente momento. Ao longo dos anos tem dado o seu contributo enquanto membro de diversas comissões do Hospital, bem como membro de comissões nomeadas pelo Ministério da Saúde e Administração Regional de Saúde do Centro. Em 2009 liderou a informatização do circuito do medicamento no Hospital que veio a permitir a gestão integrada do medicamento nas suas diversas vertentes. Em 2010 liderou e obteve a certificação do serviço pela norma ISO NP EN ISO 9001:2008, certificação que tem mantido até ao momento (agora pela norma ISO NP EN ISO 9001:2015).


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GRANDE ENTREVISTA

"Somos campeões no uso da Urgência e isso tem custos avultados" RUI GUIMARÃES, Presidente do Conselho de Administração do CHVNG/E

Rui Guimarães é, atualmente, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) e, nesta função, debate-se com todos os problemas que são inerentes ao funcionamento e organização de uma estrutura que necessita, com urgência, de uma atitude interventiva e direcionada, contando para tal com profissionais excelentes que devem e merecem ser valorizados. O responsável pela gestão e administração do CHVNG/E é jovem, dinâmico e tem objetivos determinados sobre o que pretende fazer. Quer mais eficiência e mais qualidade; quer menos tempo de espera para as consultas; quer doentes bem tratados; quer integração de cuidados entre o CHVNG/E e os Cuidados de Saúde Primários (CSP); quer profissionais felizes e bem remunerados; quer mais enfermeiros no bloco operatório, entre muitas outras coisas. Para levar a cabo esta estratégia, diz Rui Guimarães, “são necessárias pessoas que liderem, que inspirem os outros a trabalhar e que dêem o exemplo”. TEXTO: Marina Caldas FOTOGRAFIA: Daniel Pego

Tomou posse em 2019, em agosto, e na altura comprometeu-se a fazer do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho um centro hospitalar como deve ser. Conseguiu? Ainda é muito cedo para fazer um balanço. De facto, aquilo que já fizemos foi um bom diagnóstico em relação à realidade do Centro Hospitalar que temos e isso foi a parte mais feliz porque apercebemo-nos que estamos numa casa que tem muitos profissionais com muito valor; que tem áreas onde, sem falsas modéstias, correspondem ao que de melhor se faz no país e que, como tal, merece ter o relevo, a importância e o destaque a nível nacional. Depois tem também coisas menos boas. O tema das instalações é aquele que talvez mais embaraços nos causou – há condições pouco dignas quer para os profissionais, quer para as pessoas que servimos.

Tivemos alguma sorte porque as equipas dos conselhos de administração anteriores prepararam aquilo que está neste momento a acontecer no hospital, que é a construção de instalações mais adequadas à prestação de cuidados. Estamos empenhados em concluir esse plano. Queremos fazer sentir a mesma felicidade que sentimos quando mudamos de casa e nos preparamos para organizar o futuro. Queremos aumentar a motivação das pessoas também pelas novas instalações.

O calcanhar de Aquiles de quase todos os centros hospitalares do país são sempre as urgências. No CHVNG/E parece que esse problema também está por resolver. O que falta fazer? Como é que se resolve o problema das urgências do CHVNG/E e há alguma fórmula para resolver o problema das urgências no país? Em concreto, as urgências do Centro Hospitalar de Vila


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"AS INSTALAÇÕES DISPONÍVEIS PARA A URGÊNCIA NÃO ESTÃO ADEQUADAS À PRESTAÇÃO DE CUIDADOS NEM AO NÚMERO DE ATENDIMENTOS QUE FAZEMOS"

Nova de Gaia/Espinho têm o desafio de ser uma urgência polivalente com centro de trauma – é a diferenciação máxima que a rede permite – e isso faz com exista a responsabilidade de ter uma grande capacidade de resposta organizada. De forma direta nós servimos 350 mil pessoas, mas, na prática, para muitas especialidades, servimos o dobro, ou seja, 700 mil pessoas. Por vezes acabamos por complementar a rede apoiando a própria região Centro. A nossa área de abrangência é muito grande e muitas das pessoas que servimos não possuem alternativas mais próximas. O CHVNG/E é, muitas vezes, o único sítio onde as pessoas podem recorrer para algumas das especialidades. E neste domínio há um problema específico que tem a ver com o tema das instalações: as instalações da urgência que estão disponíveis não estão adequadas, de facto, à prestação de cuidados diferenciado nem ao número de atendimentos que fazemos e é muito difícil pedir mais aos profissionais – eles são autênticos heróis. Este assunto, aliás, foi considerado como uma prioridade para ser resolvido pelos anteriores conselhos de administração e estão neste momento obras em curso que vão permitir alargar a área profissional de urgência para um novo espaço que é cerca de duas vezes e meia maior do que o que temos hoje disponível. Esta mudança vai igualmente ajudar a melhorar os fluxos de organização. Em relação à situação das urgências no país, em geral, é

preciso dizer olhos-nos-olhos que é absurda. Nós temos um consumo completamente desproporcionado de urgências no nosso país, quando nos comparamos com outros países da Europa. É uma coisa que não tem sequer comparação. Somos um país campeão do uso e abuso do Serviço de Urgência e isso tem custos muito avultados. E porquê? Porque sempre que há um profissional a fazer 24h de trabalho na urgência significa que, no dia seguinte, obviamente que não está no bloco operatório, não está a fazer consultas nem está no internamento porque não consegue. E quando olhamos para o país e vemos que temos concentrados tantos recursos em tão poucos quilómetros quadrados de distribuição, então percebemos como é difícil atacarmos o resto, nomeadamente a acessibilidade à atividade assistencial programada. É uma "pescadinha de rabo na boca", ou seja: as pessoas, tendo dificuldades em aceder a cuidados de saúde especializados em tempo útil acabam, muitas vezes, por ir à urgência tentar resolver o seu problema. E digo com alguma ousadia – porque as verdades devem ser ditas - que as pessoas também são muitas vezes enganadas quando vão à urgência. Quando uma pessoa procura um serviço de urgência está à espera que lhe sejam feitos todos os exames e mais alguns, até que se descubra qual a causa para aquela dor de cabeça que tanto a incomoda. Os profissionais que estão na urgência, por seu lado, estão muito pressionados pela quantidade de pessoas que têm que atender e, portanto, vão tentar resolver a dor


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GRANDE ENTREVISTA

de cabeça daquele doente, mas não podem estudar a fundo quais as causas. E, assim, essa pessoa pode ir dez vezes num mês à urgência e, duma forma muito realista, dessas dez vezes pode ser consultado ou pode ser vista por dez profissionais diferentes, ou seja, dez equipas de saúde que, de uma forma independente, fazem a respectiva análise ao caso. Ora essa mesma pessoa não precisaria de ir as dez vezes ao mesmo médico de família, que melhor conhece o respetivo contexto familiar e até sabe o que se está a passar com ela – por vezes é preciso conhecer coisas tão simples como o estado de saúde da mãe ou até como está a correr o novo emprego – naturalmente que valorizaria a situação de outra forma completamente diferente e daria certamente um seguimento muito mais seguro. É por isso que digo que as pessoas, muitas vezes, vão ao engano. Por outro lado, também é preciso passar a mensagem que é possivel que as pessoas vão à urgência e saiam de lá pior do que entraram. Não podemos sujeitar uma senhora idosa com pouca capacidade de defesa a um ambiente hostil onde vai conviver com doentes com pneumonias, com infeções várias em espaços pequenos e fechados durante muitas horas. Obviamente que essas situações vão contribuir para piorar o seu estado de saúde.

É preciso “Estar no Sítio Certo à Hora Certa” (nome da campanha do CHVNG/E para que as pessoas procurem antes os cuidados de saude primarios)? É isso que estão a tentar fazer este momento, criar uma alternativa para as pessoas que não são muito urgentes nestas circunstâncias. Está a resultar? Estamos a fazer esta campanha já com base noutros projetos. É preciso dizer que o projeto não é pioneiro em Gaia, foi pioneiro em Barcelos onde eu tinha estado nas minhas anteriores funções, como diretor clínico. A questão que se levantou na altura foi que sendo também Barcelos um hospital com um número de falsas urgências muitíssimo grande e tendo a urgência do mesmo fracas condições ao nível de instalações, era difícil prestar bons cuidados com tantos doentes. O que fizemos foi criar esta alternativa e hoje está mais do que testada pelas experiências quer do Hospital de Santa Maria Maior, quer do Centro Hospitalar de Póvoa de Varzim e Vila do Conde que avançou com outro projeto. Já

passaram mais de duas mil pessoas por lá e estas pessoas, todas elas, são os melhores embaixadores da medida. Quando me perguntam se este projeto está a resultar, eu digo para perguntarem às pessoas o que acham. Em Gaia estamos a fazer a mesma coisa, e do primeiro leque de doentes que foi encaminhado eu próprio liguei às pessoas que lá estiveram e perguntei, uma a uma, como correu a experiência e foi recompensador sentir a satisfação das pessoas. Logo desde o dia 1 de janeiro eu, a enfermeira diretora e a diretora clínica acompanhámos presencialmente os primeiros doentes que foram encaminhados da urgência para os cuidados de saúde primários e vimos como funcionavam os dois lados. E funcionaram muito bem! A articulação e a confiança entre todos são fundamentais.

O CHVNG/E consegue relacionar-se bem com os cuidados primários locais para levar a cabo este trabalho? Não há outra hipótese! Nós hoje temos de nos dar todos bem, porque trabalhamos para o mesmo objetivo que é servir as pessoas. E na verdade vamos compreendendo que, muitas vezes, não estamos a distribuir trabalhos, estamos antes a fazer a coisa de forma muito diferente. Repare que muitas vezes o doente quando vai à urgência depois também vai ao seu médico de família até para confirmar alguma coisa ou para pedir as declarações que precisa e, por isso, acaba muitas vezes por ter de fazer também esse percurso. Aqui, a mensagem importante a passar é que tem de existir uma clara aposta na articulação de cuidados, para que o doente perceba que quer o seu médico de família quer o hospital, todos estão interessados no percurso dele. Da mesma forma, há que explicar ao utente que, muito provavelmente e para algumas situações, nem sequer seria preciso deslocar-se ao seu médico de família. Muitas vezes uma simples chamada telefónica para o SNS 24 permite, através de indicação de medidas de auto-cuidados, resolver a situação. E, portanto, nem temos de estar a sobrecarregar o hospital nem os cuidados de saúde primários porque a linha telefónica, muitas vezes, funciona como uma forte ajuda. E é importante dizer também que, em todo o processo, temos que dar alguma coisa em troca. Ninguém entra num negócio se não tiver a ganhar


15 alguma coisa. Ora muito bem, o que prometemos aos Cuidados de Saúde Primários, foi que estamos disponíveis para lhes dar acessibilidade quando eles mais precisarem, ou seja, quando estes profissionais de saúde têm à frente um doente que precisa de uma consulta de ortopedia, oftalmologia, dermatologia, especialidades tradicionalmente difíceis - e que em Gaia, como em muitos outros hospitais, têm tempos de espera muito elevados – eles sabem que podem contar connosco para agilizar todo o processo e o doente pode vir até nós no tempo certo.

E conseguem? Porque vocês também tinham esse problema para resolver. Têm especialidades em que as consultas demoram muitos dias. Não? Houve um deputado na Assembleia da República que disse recentemente que havia 1.543 dias de espera para uma consulta de urologia. O nosso serviço de urologia é, provavelmente, um dos melhores serviços em termos de tempo de acesso, do país com cerca de cento e quarenta dias de espera - muito diferente dos tais mil e quinhentos. E até mesmo em oftalmologia ele falou de 308 dias - que são os dados que estão ainda no portal dos tempos de espera – mas a realidade é que, fruto do nosso programa de recuperação de listas de espera, no final de 2019 esse tempo se situa-se em pouco mais de 100 dias.

Qual é a vossa média? A média de espera, a mais longa? O nosso objetivo, a tal meta que quisemos atingir foi que a 31 de dezembro do ano passado não houvesse ninguém há mais de um ano à espera de uma consulta. E de facto havia! Posso até dizer que havia mais de 6.000 doentes que esperavam mais de um ano. E desses doentes, 1.500 esperavam há mais de 500 dias o que é, de facto, muito tempo. E o que nós propusemos aos serviços foi que até 31 de dezembro tínhamos de pôr fim a esta situação e não podiam existir pessoas à espera de uma consulta há mais de um ano. Cumprimos e devo dizer-lhe que eu próprio fiquei surpreendido pela capacidade de organização que os serviços tiveram. Não foi propriamente o conselho de administração que definiu a estratégia; cada serviço definiu a sua ação de forma a conseguir lá chegar. Assim,

quando apresentamos esta situação aos cuidados de saúde primários eles percebem que existe uma relação de confiança que se está a construir. É lógico que eu também percebo que quando um médico de família tem à sua frente um doente que já mandou para a consulta e nunca mais o chamam, às tantas esse doente perde a confiança e vai às urgências, que é o mais fácil; que é aquilo que, nós profissionais de saúde, também fazemos e, infelizmente, dizemos aos nossos doentes para fazerem. Qual de nós nunca disse a um doente para que fosse ter connosco à urgência para resolvermos o problema? E quando um profissional de saúde dá este (mau) exemplo, é difícil mudar o paradigma. E isto está também relacionado com a forma como investimos recursos na urgência numa coisa que, muitas vezes, não acrescenta mais-valia nenhuma para o doente, naquilo que é o seu percurso. Depois, o que acontece é que não dá para cobrir a outra parte - que é a parte assistencial de consultas de especialidade, de cirurgia, de hospital de dia, de tratamentos, etc.. Um dos fatores que foi agregador neste projeto, juntamente com os cuidados de saúde primários, foi dar-lhes a possibilidade de serem também eles a referenciar alguns doentes, como por exemplo retirar do circuito da urgência as situações de doentes crónicos com doença agudizada. A Medicina Interna do hospital tem organizado uma unidade, chamada UTAMI - Unidade de Tratamento em Ambulatório da Medicina Interna - que está vocacionada precisamente para aquele doente que, cronicamente, está na urgência e que classicamente faz mais de dez episódios por ano na urgência, de forma a que ele tenha um circuito paralelo em vez de ir à urgência. São mecanismos desta natureza os mais indicados para os doentes não entrarem na porta da urgência e tenham um ambiente mais seguro e de forma programada, porque se nós já sabemos que aquele doente descompensa da sua asma, três ou quatro vezes naquele inverno, temos é que andar um pouco mais em cima. Aquele doente não pode ter consultas de ano a ano, tem de ter consultas todos os meses, pelo menos naquela altura. E, portanto, o que aconteceu foi que os Cuidados de Saúde Primários ao perceberem que tinham esta porta de entrada no hospital e que podiam encaminhar

“Na saúde precisamos de pessoas que liderem, que inspirem os outros a trabalhar, e que dêem o exemplo”


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GRANDE ENTREVISTA

RUI GUIMARÃES, PRESIDENTE DO CHVNG/E

“Acredito que as pessoas da Saúde são extraordinárias porque só vai para este setor quem tem compaixão pelos outros”

os seus doentes por este meio, acabou por também contribuir para melhorar a necessária articulação. E vamos dizer a verdade: há ainda hoje pessoas (incluindo profissionais de saúde nos hospitais) que têm algum preconceito relativamente aos médicos de família porque lhes associam ainda menor capacidade de resolver algumas situações clínicas dos doentes. Isto não é verdade e, hoje em dia, o médico de família é um profissional de mão cheia, que trata, desde o nascimento até à geriatria, a grande maioria das situações com grande competência. Temos hoje, nas equipas de saúde familiar, pessoas que estão organizadas em modelos muito virados para a promoção da saúde, do utente, e que têm no seu espaço de agenda trabalho programado, mas, também, trabalho e competência para tratar da doença aguda. Digamos que aquela pessoa que naquele dia adoeceu, ou tem de novo uma febre, não precisa de ir ao hospital porque o seu médico de família ou alguém em regime de inter-substituição na unidade, consegue ter a resposta correta. Eu penso que é preciso convidar os portugueses a experimentar isto e verificar que funciona mesmo, porque hoje temos respostas que não têm nada a ver com as respostas que tínhamos há poucos anos atrás.

Aquilo que me está a dizer, no fundo, é que, desde que chegou ao Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, está a tentar organizar o centro hospitalar. De facto, o que muitas vezes se diz é que o grande problema do SNS é a organização dos hospitais. Concorda com esta posição? E é isso que está a fazer?


17 Concordo. O SNS é feito por pessoas, a Saúde é gerida e dimensionada por e para as pessoas; e as pessoas quando já passaram pelo lado de doentes ou de familiares de doentes percebem bem melhor a nobreza da sua atividade. Nós achamos que pessoas motivadas e pessoas felizes, realizadas profissionalmente têm, de facto, resultados extraordinários. E é nisso que temos apostado. Digamos que temos feito o foco neste domínio e, ao mesmo tempo, temos tentado dar às pessoas as condições que elas precisam - essas pessoas trabalham muitas vezes sem as condições adequadas, quer de instalações quer de equipamentos, etc – e a tranquilidade para trabalhar e não estar preocupado se a máquina está a funcionar, se o exame vai estar disponível, se há uma fila muito grande para inscrição e o doente não consegue chegar a tempo, ou seja; darlhes condições para que consigam fazer aquilo que mais ninguém sabe que é tratar bem o doente. O resto, ou seja, tudo o que é administrativo e burocrático, deve estar assegurado. Nós acreditamos que as pessoas são extraordinárias porque para a Saúde só vão as pessoas que têm alguma compaixão por aquilo que fazem e, portanto, essas pessoas certamente querem também, chegar ao final do dia e dizer: "Hoje aconteceu isto, fiz isto, hoje ajudei alguém!", porque sentem orgulho naquilo que fizeram. Não acredito que haja pessoas que vão trabalhar e que se sintam felizes quando as coisas não funcionam. Nós apostamos muito nas pessoas. Eu digo até que muitas vezes perdemos muito tempo a ir buscar as pessoas mais competentes para ocupar os lugares mais importantes: as lideranças, as direções de serviço. E se perdemos este tempo e investimos em pessoas que realmente têm muito valor não faz nenhum sentido, depois, não lhes dar condições de trabalho. E, portanto, continuo a dizer que o papel dessas lideranças é fundamental. Não vale a pena dizer que as pessoas não são insubstituíveis, porque há pessoas que, de facto, são muito difíceis de substituir. Há pessoas que fazem os serviços e nós, quando comparamos - e é notório quando chegamos a esse ponto, de analisar hospitais diferentes com os mesmos serviços e com quase a mesma população -, vemos que uns têm uma determinada performance e outros têm uma performance completamente diferente. E perguntamos porque é que uns desempenham dentro dos tempos máximos e porque é que outros desempenham fora dos tempos máximos? E muitas vezes, quando recorremos àquela figura fácil e dizer "que falta de dinheiro, que falta o investimento", muitas vezes não é por atirar dinheiro para cima das situações que elas vão melhorar. Isso ajuda, obviamente, mas muitas vezes percebemos

que não é esse o único factor. Nós na saúde, como em todos os setores, precisamos de pessoas que liderem, que inspirem os outros a trabalhar, e que dêem o exemplo. Se eu tenho um diretor de serviço que todos os dias dá o seu melhor, eu - que estou a trabalhar com ele acabo por seguir o seu exemplo. Se tenho um diretor de serviço, que é muito permissivo, que é descuidado com os doentes e que não está tão interessado no que está a fazer isso acaba por contaminar a sua equipa; colocamos muita tónica nas lideranças e temos também a perfeita noção de que há muita gente que tem um óptimo perfil para liderar e que muitas vezes está encostado a um canto. Ás vezes é difícil perceber isso. É preciso ir aos locais, conhecer as pessoas e dar uma oportunidade a essas pessoas, porque quando têm uma oportunidade elas dão o seu melhor.

Tem o número de profissionais que precisa no Centro Hospitalar? Ou se tivesse a tal varinha mágica, puxava mais alguns para si? A resposta que vai ter, de toda a gente a quem fizer essa pergunta, é que queremos sempre mais. Temos sempre a tendência de dizer que mais pessoas fazem mais e melhor. Mas para responder a isso, devo dizer-lhe que venho de um hospital muito mais pequeno com muito menos pessoas e que tinha e tem em algumas áreas desempenhos e resultados extraordinários. É claro que há outras áreas em que há necessidades reais.

Quais, por exemplo? No CHVNG/E a parte de enfermagem e assistentes operacionais - são áreas em que temos dificuldade em assegurar até as salas todas dos blocos operatórios, o que não faz sentido nenhum principalmente quando temos um equipamento tão dispendioso como é o bloco operatório, quando temos nesse bloco cirurgiões, anestesistas, etc. e depois nos falta um enfermeiro ou um assistente operacional, é mau e até irónico. E é claro que muita da responsabilidade é do Conselho de Administração, que tem de ser capaz de conseguir motivar as equipas e articular as mudanças necessárias dentro da organização. É também preciso dizer que hoje o Serviço Nacional de Saúde tem, no contexto laboral existente, uma grande responsabilidade, pois tem de prestar cuidados 24 sobre 24 horas, durante sete dias por semana e, ao mesmo tempo, tentar equilibrar aquilo que são as expectativas das pessoas em termos


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GRANDE ENTREVISTA

do balanço da sua vida pessoal com a vidaprofissional. E se é verdade que o SNS se preocupa com as pessoas também tem que o demonstrar. Mas também é verdade que existe gente que tira proveito das situações laborais, abusando dos direitos das pessoas, para prevaricar. E esses exemplos apodrecem e contaminam o sistema, porque as pessoas dizem "eu desempenho a minha função com afinco e rigor, dou o meu melhor, mas a pessoa que está aqui ao meu lado aproveitase da situação e não dá o seu melhor", e isto destrói a motivação de qualquer serviço e, portanto,, mais uma vez, o papel das lideranças em conseguir ser justo é muito importante.

Entre os diferentes projetos que tenta implementar, a Hospitalização Domiciliária é um dos projetos em que tem apostado. Como é que está a correr e, de facto, o que é que espera? Há uns anos atrás, quando se começou a operar doentes em regime de ambulatório e a mandar as pessoas para casa no mesmo dia da cirurgia houve muita gente que disse "estes indivíduos estão loucos e estão aqui a cometer uma atrocidade enorme perante os doentes". O que é certo é que hoje ninguém discute as vantagens da Cirurgia de Ambulatório. Aliás, as pessoas já chegam com esse pedido: "Não é possível ser operado naquele regime em que vou para casa no mesmo dia sem ficar internado?". Acredito que a Hospitalização Domiciliária é também um meio diferente de praticar Medicina. Não serve para toda a gente, obviamente, mas tem critérios clínicos para que seja utilizada e é, de facto, uma forma inovadora de se fazer Medicina. Por outro lado, é, igualmente, uma forma mais humana porque aproxima a pessoa do seu centro, da sua família, das suas coisas - do seu quarto, das suas relações. Diria que o Hospital de Gaia - não por mérito nosso, porque esse projeto é inteiramente das pessoas que o fizeram antes - tem também neste contexto uma forma diferente de fazer acontecer Saúde. Temos uma responsabilidade muito grande porque é preciso demonstrar que o modelo funciona. E quando digo demonstrar não é apenas dizer que as pessoas estão satisfeitas, porque de facto as pessoas que têm usufruído da hospitalização domiciliária estão muito satisfeitas. É preciso tornar este modelo sustentável, é preciso que as equipas percebam que não é possível dizermos que temos falta de camas no hospital e que temos a urgência novamente apinhada, com uma unidade de hospitalização domiciliária a funcionar. Estas equipas têm a árdua

tarefa de demonstrar que estão a conseguir tirar das camas do hospital pessoas que são tratadas no conforto do seu lar. Isso nem sempre é fácil de conseguir provar... Um pouco como o trabalho feito pelas Unidades de Saúde Familiar: como explicar porque é que hoje temos uma cobertura quase universal de médicos de família e o problema da urgência continua? Nós não podemos na verdade somar cada vez mais recursos sem ter resultados. Portanto, é preciso perceber se com isto é possível resolver problemas de saúde ou se estamos no fundo a alimentar necessidades de uma forma infinita. Eu diria que a Hospitalização Domiciliária tem dois grandes desafios. Um deles tem a ver com o reconhecimento do papel das famílias e do cuidador na participação do processo de cura dos doentes, de uma maior intervenção e deste reconhecimento que é de facto muitíssimo importante. O outro desafio é demonstrar a sua sustentabilidade; são equipas cujos rácios em termos de número de profissionais versus número de doentes têm que demonstrar fortes resultados. Eu penso que lançámos estes programas com algum receio, como no caso da cirurgia de ambulatório. Ou seja, vamos só operar os doentes mais fáceis nesta fase, vamos só fazer alguns doentes por dia para ver se corre tudo bem. E agora estamos na fase da cirurgia de ambulatório em que já não há limites de idade e o número de doentes operados não para de aumentar. Antigamente não se podiam operar doentes mais velhos e, portanto, existiam algumas questões que eram difíceis de ultrapassar, mas hoje não. Tal como na Cirurgia de Ambulatório, também a Hospitalização Domiciliária tem que dar o salto, quer na segurança com que recolhe os doentes, quer no número de doentes que consegue tratar com segurança. Concluindo, é preciso dar este próximo passo que é o da evidência da sustentabilidade do projeto no terreno.

O Governo anunciou que este mandato seria dedicado ao SNS, haveria uma avaliação e, talvez uma reforma. Foi já anunciado um investimento financeiro. Acha que é o ideal e chega ou é preciso irmos mais longe? Na Saúde temos sempre o desafio de querer ir mais longe e ainda bem que é esta a nossa ambição. Cada um faz o seu papel! Eu acho que o doente deve fazer o papel de defender cada vez mais aquilo de que sente que necessita; os profissionais devem pedir ter cada vez


19 mais condições e tratar cada vez mais doentes e mais patologias e, depois, quem organiza tem que ter em atenção a questão da sustentabilidade e perceber até que ponto é possível ir mais longe nesta trajetória. Uma trajetória que, sem dúvida, todos os anos é notícia pelos maus resultados e pelas questões financeiras associadas. Continuo a pensar e a acreditar que a Saúde é um investimento. A população ganha muito mais se tiver um bom sistema de saúde. Se a aposta for feita com base na poupança penso que depois esses custos vão ser obviamente maiores. Mas é também necessário ter uma lógica que é a que temos para a nossa economia doméstica, ou seja, eu quando estou a contratar alguém para trabalhar em casa - porque a família aumentou ou porque já não consigo ter tempo - eu procuro sempre alguém que consiga compensar aquilo que é a minha atividade. Se essa pessoa faltar 20 % do tempo quer dizer que numa semana de cinco dias vai haver um dia em que ela não vem. Nós não podemos ter na nossa própria economia de casa uma pessoa que à segunda ou à terça ou à quinta ou à sexta não aparece, porque isso nos destrutura completamente a nossa vida. Por isso, na nossa economia doméstica o que tentamos é encontrar uma forma entre aquilo que é o desempenho dessa pessoa e aquilo que nós pagamos. A Saúde terá de encontrar algo semelhante. Não é possível continuar a assumir em alguns serviços taxas de absentismo desta natureza, dos 20%, porque é preciso depois outros 20% a mais para conseguir fazer aquilo o necessário. Penso que por trás disto existem questões de motivação, questões também de realização, mas, mais uma vez com alguma ousadia, penso que hoje trabalhar na saúde é de facto um privilégio. As pessoas que trabalham na saúde têm o privilégio de fazer uma coisa nobre todos os dias, fazer a diferença na vida das pessoas, tocar de perto o trajeto de uma pessoa e dos seus familiares. Isso traz, no pacote, alguma responsabilidade e traz também uma forma de trabalhar que tem que obviamente trazer resultados. Portanto, quando dizemos que a saúde vai continuar a crescer significa que os desafios são de facto muito grandes. A população cada vez está mais idosa, cada vez mais sujeita a doenças crónicas, por outro lado e ainda bem, a medicina está cada vez mais desenvolvida e cada vez há mais alternativas e formas de tratar os doentes. Esta equação muitas vezes é difícil de gerir. Ainda assim, acredito que é mais difícil fazê-lo contra

as pessoas e, portanto, as pessoas são aqui o elemento essencial para conseguir resolver este problema. No fundo o que queremos é que o SNS funcione bem para todos e queremos que quando chegar a nossa vez possamos ter tudo aquilo a que temos direito. Mas para querermos tudo a que temos direito, temos também que ser responsáveis em tudo o que damos às outras pessoas. O projeto na urgência tem um pouco a ver com isso que é: no dia em que eu mais precisar não vou querer esperar, vou estar mesmo doente e por isso não quero lá as pessoas que estão a “atrapalhar”. Isso faz com que no dia em que eu não precise também não possa ter esse uso e abuso dos cuidados. Tem que haver uma componente solidária e a sociedade está cada vez mais egoísta, cada vez pensa mais no que é melhor para si e não para os outros. Esse é o papel que tem de ter quem está a organizar os cuidados, porque não há dúvida que quando nós damos tudo a uma pessoa podemos não estar a dar o básico a muitas outras pessoas. A saúde vai ter sempre esta gestão difícil, que é uma gestão de pessoas.

Em todo o caso, está otimista? Sou uma pessoa otimista por natureza, estou sempre sorridente em relação ao futuro, mas não escondo alguma preocupação. Em primeiro lugar há cada vez menos pessoas que tenham disponibilidade na sua vida para assumir esse tipo de responsabilidades, sobretudo clínicos. Hoje os trabalhos de liderança são de uma exigência muitíssimo grande por terem uma forte pressão das metas a alcançar e também da equipa, que quer o melhor para si. Há muita gente que faz este trabalho no dia-a-dia e que tem muita dificuldade, porque tem o atrativo e o gosto de poder fazer isso, mas não tem muito mais. Nós não retribuímos de forma proporcional o esforço que essas pessoas fazem e devia ser possível compensá-las, não só sob o ponto de vista curricular, que de facto existe em termos de progressão das carreiras, mas também financeiramente, porque fazem um trabalho que faz toda a diferença. E tanto falo de um diretor de serviço de uma especialidade qualquer, como das pessoas que está encarregue de gerir os assistentes operacionais de uma urgência. Tudo isso faz muita diferença no trabalho de equipa.

“Sou uma pessoa otimista em relação ao futuro, mas não escondo alguma preocupação”


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CLÍNICA

PAULO FERREIRA E A PSORÍASE:

"Os novos tratamentos mudam radicalmente a vida das pessoas" A inovação no tratamento da psoríase é uma realidade e, segundo os peritos, estamos perante um paradigma revolucionário, que consegue dar a cada pessoa aquilo que ela realmente necessita. Paulo Ferreira, médico dermatologista, coordenador da unidade de psoríase do Hospital Cuf Descobertas e consultor científico da PsoPortugal desde 2009, não tem dúvidas: “os avanços que se têm registado ultimamente, no tratamento da psoríase, são assinaláveis ao ponto de se falar em pele limpa, praticamente sem lesões. De acordo com o médico, “dispomos de tratamentos adequados para cada caso e gravidade, desde as formas mais leves às mais graves e disseminadas, com terapêuticas tópicas, fototerapia, sistémicas convencionais e para casos de maior gravidade e não resposta às primeiras linhas terapêuticas, dos medicamentos biotecnológicos e biossimilares” A revista O Hospital foi falar com Paulo Ferreira sobre estas novas mudanças.


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A psoríase é muitas vezes uma patologia que não valorizamos muito. Pensa que os portugueses estão pouco informados sobre os problemas da psoríase? A psoríase é uma doença crónica, imuno-inflamatória, sistémica, que afeta 2 a 3% da população mundial, cerca de 200.000 a 250.000 pessoas em Portugal. Não se restringe à pele: afeta o organismo como um todo, com repercussões e impactos em vários órgãos, aparelhos e sistemas, nas formas mais graves, disseminadas e arrastadas da doença psoriática (comorbilidades). Felizmente, nos dias que correm, há cada vez mais gente informada sobre este conjunto de doenças, com variantes fenotípicas e diferentes graus de envolvimento da superfície cutânea: perante lesões

suspeitas, buscam informação nos vários meios ao seu alcance, e em caso de dúvida, ao médico assistente ou mesmo a dermatologista. O dia mundial da psoríase, criado em 2004, é celebrado anualmente a 29 de outubro, sendo assinalado com iniciativas várias envolvendo doentes, médicos, enfermeiros, cuidadores, decisores políticos, meios de comunicação social e público em geral e visando chamar a atenção para a doença e aumentar o conhecimento. Os avanços terapêuticos nas últimas duas décadas, no combate à doença nas suas variadas e complexas formas de apresentação e evolução - inicilamente promissores - são hoje uma realidade, sendo já possível controlar de forma eficiente e segura, além de ajudar sobremaneira a eliminar a tão penalizante estigmatização.


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CLÍNICA

Psoríase e felicidade Qual o impacto que a patologia tem no dia a dia dos doentes e de que forma afeta a sua qualidade de vida, bem como as das famílias? A qualidade de vida destes doentes fica seriamente comprometida e o espectro de constrangimentos psicossociais inclui inadequação e confinamento sociais, depressão, estigmatização e até casos de ideação suicida. O relatório mundial sobre psoríase e Felicidade, de 2018, revela que o carácter crónico, persistente e imprevisível da história natural da doença, as várias comorbilidades e o impacto negativo nos indicadores relativos ao bem estar social( stress e solidão, ansiedade e depressão, isolamento), que diminuem de forma dramática a qualidade de vida dos doentes, e suas famílias.

Em Portugal, qual a real situação da psoríase (dados sobre o número de doentes; comparação com a realidade no resto da europa; situação destes doentes; onde são tratados, etc.

complexa e multissistémica, com componente genética e hereditariedade vincadas. Dispomos de tratamentos muito eficientes, que permitem manter o doente livre de lesões, com pele limpa ou quase limpa. Tratar a doença no seu mecanismo de base, em termos genéticos, não é ainda possível.

E como estamos de tratamentos? Temos acesso aos mesmos tratamentos que os restantes doentes dos países da EU? Os avanços que se têm registado ultimamente, no tratamento da psoríase, são assinaláveis ao ponto de se falar em pele limpa, praticamente sem lesões. Dispomos de tratamentos adequados para cada caso e gravidade, desde as formas mais leves às mais graves e disseminadas, com terapêuticas tópicas, fototerapia, sistémicas convencionais e para casos de maior gravidade e não resposta às primeiras linhas terapêuticas, dos medicamentos biotecnológicos e biossimilares. São estratégias mais assertivas e seletivas, e consequentemente mais rápidas, seguras e eficientes. E custo-efetivas.

No nosso país estima-se que atinja entre 200.000 e 250.000 pessoas, iniciando-se antes dos 40 anos de idade em 3/4 casos. Destes, só metade estarão diagnosticados, acompanhados e tratados de forma correta. Se dos restantes, 30% tiverem, como provável, formas moderadas a graves de doença psoriática com comorbilidades, comportamentos inadequados (excesso de peso e obesidade, falta de exercício e de aconselhamento), estaremos a falar de vários milhares de indivíduos. Acrescem dificuldades económicas e financeiras para medicamentos e consultas, difícil e moroso acesso a consultas de especialidade, assimetrias loco-regionais na prestação de cuidados, entre outros obstáculos que urge esclarecer e ultrapassar.

Estas terapêuticas, permitem bloquear apenas o que interessa atingir em termos de alvos terapêuticos, preservando o mais possivel a integridade e as capacidades do sistema imunitário. Mais aliciante ainda, espera-se também conseguir controlar o doente, a inflamação sistémica, na sua globalidade, e o espectro das várias comorbilidades.

Dos avanços para a cura

A psoríase e a inflamação crónica e sistémica assumem papel preponderante no aparecimento das variadas comorbilidades, nomeadamente cardiometabólicas, diabetes e obesidade, fígado gordo e diminuição na esperança média de vida. A artrite psoriática observa-se em cerca de 30% dos casos e as comorbilidades psicopsiquiátricas ensombram o prognóstico e a qualidade de vida, a adesão às terapêuticas, a capacidade e assiduidade laborais e a vida relacional e familiar. Um verdadeiro círculo vicioso e penalizador para o doente, família, sociedade e SNS.

A psoríase tem cura?

A evidência científica sublinha sinais de esperança. Os avanços que se têm registado nos últimos anos, no tratamento da psoríase, são extraordinários, com terapêuticas mais seletivas, mais rápidas e eficientes e mais seguras, sobretudo nas formas e variantes muito graves, que nunca tinham tido uma resposta deste nível. Acresce que a abordagem deve ser global, visando controlar, se possível, as comorbilidades. Mas a cura não é ainda cenário real: trata-se de doença imunomediada,

Psoríase não ésó pele Tem havido mudanças na forma como a patologia é encarada e tratada por parte dos profisssionais de saúde? Porquê?

A abordagem terapêutica não deve ser direcionada


23 apenas à pele, mas ser global, incluindo recomendação de estilos de vida saudáveis, e aconselhamento sobre perda de peso e cessação tabágica, combate ao stress, estímulo da compliance e persistência, rastreio e prevenção das comorbilidades.

Muitas pessoas dizem que a evolução que tem havido relativamente ao tratamento da psoríase corresponde a uma mudança de paradigma enorme. Sente que isto é uma realidade? Porquê? Enquanto há cerca de 10 anos ficaríamos satisfeitos em conseguir tratar os doentes em 50 a 75% das lesões visíveis, dispomos actualmente de estratégias terapêuticas custo-efetivas, rápidas e muito mais seguras, com índices de eficácia PASI em 90 a 95% face à situação inicial. Conseguimos manter os doentes em remissão prolongada sem lesões visíveis, mesmo nas formas graves e disseminadas da doença psoriática.

Pensa que estamos perante um futuro em que a inovação pode vir a mudar radicalmente a vida das pessoas com a doença? De que forma ? As terapêuticas inovadoras, os avanços na compreensão dos mecanismos fisiopatológicos e imuno-genéticos da doença, o despiste, profilaxia e tratamento sincronizado da doença e suas comorbilidades (abordagem personalizada e multidisciplinar) vieram mudar radicalmente a vida destes doentes, e das suas famílias. Conseguimos manter os doentes sem lesões visíveis, com repercussões óbvias na qualidade de vida e auto-estima, diminuição do absentismo laboral e das falhas de assiduidade ao trabalho (custo-efetivas) Também a sociedade sabe muito mais sobre a doença e suas características, pelo que a estigmatização, ainda que continue, seja menor. A psoríase não tem ainda cura, mas é cada vez maior o conhecimento sobre a doença. As novas terapêuticas vieram revolucionar a abordagem e a qualidade de vida dos doentes, sobretudo aqueles que há 20 anos eram os mais difíceis de tratar.


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OPINIÃO

Cuidar dos utentes exige à gestão olhar detalhadamente para quem cuida. PATRICIA CARDOSO Enfermeira diretora CHVNG/E

Um Conselho de Administração (CA) ao ser nomeado recebe voluntariamente uma agregação de responsabilidades implicitamente associada, à gestão dos seus profissionais. Porque as pessoas são o diamante das instituições e, sem elas, os processos organizativos internos ficam muito fragilizados e comprometidos, devemo-nos focar nelas como se de arte inspiradora se tratasse. Os contextos laborais atuais são complexos, pautados de políticas remuneratórias questionáveis, de estruturas físicas por vezes não ideais, de vínculos profissionais heterogéneos e nestes ambientes, exige-se uma gestão pautada pela frontalidade, rigor, transparência e comunicação inspiradora. Os climas de produtividade mensuráveis devem ser proliferados e parabenizados, contudo, as instituições não sobrevivem exclusivamente numa ótica economicista de controlo de LIC (Lista de Inscritos para Cirurgia) e LEC (Lista de Espera da Consulta Externa). No cerne destes ambiente estão as pessoas, os profissionais e os CA atualmente devem promover gestos que demonstrem uma verdadeira e coerente ótica focada no cuidar dos seus profissionais. Regular os seus salários, respeitar os enquadramentos legais das suas carreiras profissionais, promover ambientes das práticas seguros, dar dignidade às suas condições laborais e sobretudo serem honestos com os seus profissionais, são pressupostos fundamentais na gestão atual. O SNS está recheado de excelentes profissionais que

são pessoas únicas e que verdadeiramente cuidam bem dos doentes. Se é certo que em lado algum existem condições ideais de trabalho, também é certo que os profissionais de saúde têm nas suas mãos o maior privilégio que poderá existir em qualquer profissão: marcar a diferença na vida da pessoa, na recuperação do seu estado de doença, na conquista da sua autonomia, no combate à sua fragilidade momentânea e na adaptação à sua nova condição de vida. A isto designo, humanização de cuidados. Palavra esta, que abre atualmente congressos de reconhecido mérito e que desde sempre está presente nos melhores profissionais de saúde que moram no SNS. Nos seus gestos que tocam os doentes/utentes, nas suas posturas corporais ajustadas às circunstâncias de limiar de vida, nas suas palavras reconfortantes, nos seus silêncios junto de outros que até ali, seriam apenas desconhecidos. Somos humanos e cuidamos de humanos. Calçar os sapatos dos outros é um pensamento tão singelo, difícil de praticar mas que deve, e está inerente no profissional de saúde. Se é fácil? Não, não é. Ninguém nasce preparado para ver morrer alguém, para se conter em contexto de reanimação, para na gestão, decidir sobre o futuro daquele ou outro profissional. Fazer o não expectável, arrojar nas suas atitudes, envolver os seus profissionais na tomada de decisão, promover condutas reguladoras, balizadoras mas não castradoras de ideias/sugestões geniais. Recrutam-se neste momento nos nossos contextos de saúde,


25 profissionais open mind com posturas outsiders, que promovam soluções win win e que se desafiem a elas próprias. E o utente, onde fica neste processo? Fica no centro da tomada de decisão, no centro da nossa global atuação. E é aqui que se encaixa uma das apostas no CHVNG/E. O “Estar no Sítio Certo à Hora Certa” é um parceria de múltiplos profissionais que têm como objetivo único, encaminhar o utente para o médico que o pode observar, cuidar e tratar melhor, com um conhecimento completo do seu historial clínico. Os serviços de urgência são locais adversos, exclusivos para doentes críticos e situações de doença aguda, intempestivas que ocorrem de forma súbita. Este projeto, tal como o meu PCA refere na sua entrevista, é um trabalho que requer um empenho bilateral pelos dois tipos de cuidados de saúde, primários e hospitalares. Desde o administrativo e enfermeiro da triagem do serviço de urgência até ao administrativo, enfermeiro e médico da unidade de saúde que disponibilizou vagas diárias de consulta, a articulação exige boa vontade, rigor, regras definidas e monitorização contínua. A estratégia focada no melhor encaminhamento do doente que precisa de cuidados menos urgentes, promove articulações saudáveis entre diferentes níveis de cuidados. O utente do nosso SNS precisa destas vontades que devem ser replicáveis. É necessário e urgente desconstruir os muros que delimitam as nossas estruturas organizativas para que a verdadeira integração de cuidados se revele como uma articulação fluída, objetiva e sustentável. Mas o utente não é um ser humano passivo, neste processo. Pelo contrário. Ele deverá melhorar os seus hábitos comportamentais em saúde e procurar o melhor e adequado local para ser tratado. O caminho faz-se caminhando e nesta matéria, sou otimista. Os indicadores revelam maior e mais consciente adesão do

cidadão, a alternativas em saúde, declinando os serviços de urgência. E nesta perspetiva, todos temos o dever moral de incrementar literacia em saúde, na nossa população. Os profissionais de saúde são atores ativos neste processo. Se é certo que o utente deve ter o juízo crítico para procurar os melhores cuidados ajustados às suas reais necessidades, também é certo que se não o fizer, por múltiplas razões, deverá ser convidado a ajustar a sua escolha inicial. E este trabalho exige dedicação na articulação entre instituições de saúde e igualmente bom senso na situação de exceção. O percurso bem regulamentado incute segurança nos cuidados prestados. E nesta linha de pensamento, não poderia terminar este artigo de opinião, sem analisar de forma sumária, a atualmente aclamada segurança dos contextos das práticas de cuidados. Não somos profissionais que possam ter um vidro a separar-nos do doente. Precisamos de lhe tocar, de o auscultar, de lhe colher sangue ou até de o higienizar. De que forma 100% segura, o podemos fazer? Resposta complexa que exige a análise multifatorial dos motivos que despoletam a agressividade. No top das motivações destas condutas inapropriadas (que devem ser judicialmente punidas a título exemplar e de forma célere de forma a descontinuar a ação) estão os tempos de espera e a não correspondência do profissional de saúde às expectativas do utente/acompanhante. Sinalizar precocemente utentes com risco de agressividade e promover sistemas de segurança nos ambientes de atendimento de utentes (ex.: portas de fuga, botão/click informático de acionamento de pedido ajuda, circuitos internos com controlo de abertura de portas, alocação de agentes de segurança nos mesmos), impulsionam contextos seguros. Nestes, os profissionais estarão mais seguros, mais empenhados, envolvidos e comprovadamente serão mais eficientes.


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OPINIÃO

SAÚDE E DIGITALIZAÇÃO. O FUTURO ESTÁ AQUI NUNO CARVALHO Customer Excellence Lead da Takeda

A revolução do digital na área da saúde está em marcha. No contexto da Indústria Farmacêutica, a transformação engrenada pela digitalização favorece um percurso de Investigação & Desenvolvimento que não se esgota no fabrico de medicamentos. Pelo contrário, caminha cada vez mais para a disponibilização de soluções terapêuticas integradas e inclusivas, que aliam o desenvolvimento de fármacos inovadores e seguros, a serviços úteis e personalizados dedicados aos doentes e aos profissionais de saúde. A promoção da saúde e do bem-estar através da eHealth não é uma novidade para a Takeda, mas uma aposta com cada vez mais e melhores resultados. A iniciativa Life Enablers é um exemplo disso. A Life Enablers é uma competição orientada para os estudantes universitários, que pretende dar espaço e apoiar o desenvolvimento de soluções inovadoras que melhorem a qualidade de vida dos doentes e dos seus familiares. Os projetos a concurso no Life Enablers incluem desde a criação de aplicações que apoiem a toma de medicação até ao desenvolvimento de uma campanha de comunicação para sensibilizar a sociedade sobre determinados problemas de saúde. Em 2018, a equipa vencedora do Life Enablers, composta por alunos de Engenharia Biomédica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, criou o monitor de tosse C-mo, capaz de quantificar e qualificar este sintoma, e transformar os dados num relatório médico que pode ser usado na prática clínica, para facilitar o diagnóstico de problemas de saúde.

Depois do sucesso do ano passado, estamos a viver com entusiasmo a edição de 2019, onde mais uma vez conseguimos reunir 16 equipas de grande talento, criatividade e excelência das instituições académicas nacionais em prol do desenvolvimento de ideias que possam ter um impacto positivo na sociedade e melhorar a vida das pessoas com doenças. É o segundo ano em que somos surpreendidos por ideias fabulosas, que podem contemplar a criação de uma app que apoie a toma da medicação ou promova a partilha de informação entre os familiares dos doentes; uma iniciativa que permita criar um espaço de partilha e entreajuda entre doentes; ou uma campanha de comunicação para sensibilizar a sociedade sobre alguma das patologias alvo. Este ano estamos também a procurar parcerias de valor para os estudantes, com a participação de diversas entidades que ligadas à tecnologia e digitalização pretenderam associar-se à mentoria destes estudantes. Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), a GLINTT ou a IBM foram algumas das entidades que lideram a inovação e a tecnologia em Portugal e no mundo que se juntaram a nós como mentores no Life Enablers Para a Takeda, a palavra digitalização engloba uma multiplicidade de competências e projetos que queremos continuar a implementar e que se mantêm no nosso horizonte. Biossensores, robótica, dispositivos "wearables", Internet das Coisas (IoT),


telemedicina são termos e conceitos que já não são estranhos ao cidadão comum. Digitalização significa também humanização, pensar a tecnologia e a digitalização como aliado do ser humano e da sociedade e tem sido esse o nosso

Participantes do Life Enablers, edição de 2019

Equipa de mentores do Life Enablers, edição de 2019

compromisso, com o Life Enablers, de olhar para todo este potencial e pensar como podemos fazer mais pelos nossos doentes, imprimindo nas nossas ações os valores da diversidade, transparência, trabalho de equipa, paixão e inovação. O foco é sempre o mesmo: Patient, Trust, Reputation, Business, por esta ordem.


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OPINIÃO

brasileiros, pretendendo-se que no futuro possa ser estendida também a clínicos da Europa de Leste. “É um programa que abre a frequência do nosso serviço a cinco especialistas estrangeiros, esses especialistas estagiam no serviço durante 15 dias e durante esse período têm à sua disposição um programa prático de atendimento e de seguimento de doentes, e um programa teórico com algumas aulas focadas em temas mais prevalentes e mais emergentes nas doenças infeciosas”, referiu o infeciologista, esclarecendo ainda que “nessa componente prática os clínicos vão distribuir a sua atividade ao longo desses período pela enfermaria e por consultas - de doenças infeciosas, do viajante, de risco infecioso, de profilaxia pré-exposição (PrEP) - bem como em hospital de dia e mantendo contacto com doentes transplantados, essencialmente transplantados hepáticos.

FERNANDO MALTEZ Diretor do serviço de doenças infeciosas do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

SOBRE DOENÇAS INFECIOSAS

2 edição do Curso internacional pioneiro no país a

A juntar a estas ações, os especialistas estrangeiros vão ter também contacto com os isolamentos respiratórios de pressão negativa e, portanto, com todos os procedimentos e planos de contingência para doenças emergentes”. O primeiro Programa teve lugar em 2018 e de acordo com o responsável pela organização do mesmo, “as coisas têm corrido bem e as pessoas gostam de cá estar. Nós pretendemos, efetivamente, que haja uma troca de experiências e não estamos aqui com o intuito de ensinar nada a ninguém. Há áreas em que nós, provavelmente, em Portugal, temos mais experiência, mais facilidade de acesso à terapêutica – como na tuberculose multiresistente e na infeção por VIH. Há outras áreas em que eles terão mais experiência, particularmente, em algumas doenças emergentes”.

O Programa, coordenado por Fernando Maltez, diretor do serviço de doenças infeciosas do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, foi organizado pela Associação de Estudos, Núcleo e Grupo de Doenças Infeciosas de Lisboa (Nugedil), com o apoio do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) e patrocinado pelo laboratório Gilead Sciences. Os alunos inscritos, de nacionalidade brasileira, esgotaram as vagas previstas.

Fernando Maltez não tem dúvidas que esta formação é “proveitosa para ambas as partes, pela troca de experiências que possibilita e por serem realidades completamente diferentes”, e acrescenta: “repare que estamos a falar de países com diferenças populacionais abismais. De facto, eles têm experiência com algumas entidades que nós raramente vemos, como a Doença de Chagas ou o Dengue, por exemplo. E provavelmente, também muita experiência quantitativa com tuberculose e infeção por VIH, simplesmente, sem acesso a algumas medicações que nós temos. Nesta área de planos de contingência eu penso que também podem beneficiar da estadia entre nós. O objetivo é de facto aprendermos uns com os outros”.

Segundo Fernando Maltez, trata-se de um programa pioneiro em Portugal, de formação pós-graduada, para especialistas de doenças infeciosas de outra nacionalidade que não a portuguesa - prioritariamente para médicos

Além de tudo, concluiu ainda, “este curso é pioneiro em Portugal, porque não temos nenhum Programa de Educação Médica Internacional em nenhum Serviço de Doenças Infeciosas”.

A segunda edição do Programa Internacional de Educação Médica em Doenças Infeciosas decorreu no Hospital Curry Cabral, entre 25 de novembro e 6 de dezembro de 2019.


29 Sobre o Coronavírus: “TEMOS CONDIÇÕES PARA CONTER UM NÚMERO IMPORTANTE DE CASOS” Aproveitámos a oportunidade para questionar o infeciologista sobre o tão falado Coronavírus (2019nCoV) e a sua evolução. “As doenças infeciosas emergentes podem surgir a qualquer momento e a prova é que surgiu agora este problema. A situação não está controlada, pois o número de casos continua a crescer” referiu Fernando Maltez, salientando que há, em todo este processo, alguns aspetos preocupantes, nomeadamente o facto de não se ter descoberto ainda qual é o reservatório, qual é a fonte. Porque é que em Portugal ainda estamos com zero infeções? Por mero acaso. Os casos que apareceram na Europa foram casos de indivíduos que tiveram ligação ao centro da epidemia, à cidade de Wuhan, e nós ainda não tivemos ninguém que tivesse estado por lá, que se tivesse infetado e que tivesse regressado. Mero acaso. Temos as condições necessárias para controlar a situação? Acreditamos que temos as condições suficientes para conter um número importante de casos. Se a doença, eventualmente, evoluir para uma pandemia pode ser mais complicado! Tudo depende do número de doentes e das formas de transmissão que se vierem a confirmar. Para um primeiro número de casos, estamos preparados. Temos um plano de contingência que já foi testado em várias circunstâncias e que funcionou sempre. O que é que se sabe já desta patologia que seja diferenciadora das outras? Do ponto de vista de quadro clínico há sempre algumas diferenças. Este quadro clínico comparativamente às outras duas epidemias por coronavírus, a SARS e a MERS, parece dar menos manifestações gastrintestinais. Também, caracteriza-se, felizmente, por menor mortalidade. A SARS tinha uma mortalidade

à volta dos 10%, a MERS-Cov à volta dos 35% e, esta andará para já entre 2 e 3% com tendência para baixar. No que diz respeito à transmissibilidade deste novo coronavírus, parece ser idêntica à da SARS e maior do que na MERS-Cov. Este é um vírus em que as células recetoras estão na árvore respiratória inferior e por isso há uma tendência grande para a pneumonia. Para além da mortalidade ser mais baixa do que nas outras epidemias por coronavírus, verifica-se que ocorre mais frequentemente, em indivíduos que já têm comorbilidades ou que são idosos. A doença grave ocorrerá em 30% dos doentes infetados. Havendo tantos chineses que vão para África, qual é a situação lá? Ninguém sabe, assim como ninguém sabe neste momento o que se está a passar na América Latina e na América do Sul. Poderá a infeção ainda não ter lá chegado, mas subsistirão dúvidas em relação à capacidade de diagnóstico clínico e laboratorial. E vacina? Estão a tentar chegar à vacina, mas acho que a nossa atenção no momento, não se pode focar aí. Acho que sem prejuízo dos esforços para o desenvolvimento de uma vacina e de um antivírico eficaz temos, para já, que nos concentrar em detetar precocemente os doentes infetados, isolá-los de imediato e prevenir ao máximo a transmissão secundária. O isolamento é fundamental, para prevenir o contágio a outras pessoas. Aliás, até à data, não se conseguiu desenvolver nenhuma vacina ou antivírico eficazes para os coronavírus envolvidos nas epidemias de SARS e de MERS. Como é que se tratam os doentes que possam aparecer? O tratamento é de suporte, não existindo tratamento específico.


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OPINIĂƒO

Digital Transformation for More Effective Healthcare: Inspiring VBHC Initiatives

PROF. DR. FRED VAN EENENNAAM Lena van Selm MSc. Marlou Smits BSc.

Summary: By combining digital transformation with the core VBHC initiatives, we can provide effective, patientcentred care for the future.

Introduction The way the healthcare sector is currently organised is not financially sustainable. To provide qualitative, patient-centred and effective care in the future, a different mindset on valuing health outcomes is required. Usage of the right software in combination with Value-Based Healthcare (VBHC) implementation offers great opportunities to provide more effective care. Many examples of VBHC initiatives with superior results through digital transformation are now available.


31 Digital transformation can have a huge positive impact on the quality of healthcare experienced by the patient, while at the same time save costs by minimising under- and overuse of care. Without a doubt, if we do not start using the opportunities of digital tools within healthcare, the problem of costs rising exponentially worldwide cannot be tackled. Also, we need to systematically change the way the healthcare system is organised by focusing on creating better health outcomes for patients to reduce costs, according to Michael Porter’s VBHC model (Porter 2010). Luckily, we now have wonderful software available to support VBHC implementations, all for a low price per patient. Using these technologies, which can all be linked to the VBHC principles, will be necessary to financially sustain a healthcare sector that is working in an effective, efficient and ethical way.

Usage of Smart Tools for Real-Time Measurement Measuring the number of consultations between a patient and doctor is easy, yet measuring the value each of these consultations for the patient is a lot harder. Porter’s equation – where patient value is defined as the health outcomes per money spent over the full cycle of care – provides a common definition of value for all stakeholders in healthcare. The number of digital tools to make outcome measurement and costs measurement easier is rapidly increasing, for both clinical outcome measures and PatientReported Outcome Measures (PROMs). NightWatch (nominee of the VBHC Prize 2019) is a great example of this in the field of epilepsy care. The unpredictability associated with having a seizure is one of the main factors impacting the quality of life for many epilepsy patients and their caretakers. To reduce the experience of constant fear, an interdisciplinary team created NightWatch: using video and audio algorithms, the bracelet can be worn by epilepsy patients and warns for potentially dangerous nocturnal seizures. This allows caretakers to take action at an earlier stage of the seizure leading to a reduction in the long-term negative impact on the patient’s body. Besides the physical benefits, one can imagine that improving this will also have a positive impact on the mental health of both the patients and their caretakers. Instead of paying for each episode of care, the principle of bundled payments creates a fee for a clearly defined ‘total package’ of care for certain

medical conditions. To implement this successfully, a tool is needed which can exchange the information on health outcomes and costs of the whole patient pathway. Edifecs is a real front-runner when it comes to adopting IT solutions to track and process health information. This American company wants to get rid of data silos and separate systems. By exchanging administrative and clinical data in a better way, it can connect and enhance interactions to increase data quality and compliance.

24/7 Support System Being connected 24/7 as a doctor and patient can bring a lot of benefits when it comes to improving health outcomes. Moreover, continuous monitoring of data can bring great opportunities to prevent both over- and underuse of care. HartWacht, winner of the Collaboration Award during the VBHC Prize 2019, is a great example of the use of technology in health outcomes measurement. HartWacht consists of home measurement devices connected with applications on the smartphone or tablet. Patients suffering from heart failure, hypertension or arrhythmia can measure their blood pressure, weight and/or heartbeat and put their data in the application. The data is integrated into the electronic patient file and interpreted by a team of nurses and cardiologists, supported by smart algorithms. Patients are then contacted when their measures are abnormal. This approach can minimise unnecessary appointments, detect deficiencies early on, and can adequately handle the early stages of the disease. The use of HartWacht has resulted in fewer outpatient visits and fewer visits to emergency departments.


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OPINIÃO

The Right Data for the Right Decisions In data we trust. This accounts for most sectors, but when it comes to the health sector it is especially essential. Useful data collection and data exchange between healthcare providers are now more important than ever. Since the digitalisation of health records, it has become easier to track a patient’s pathway within a certain health institution. However, when a patient goes to a different healthcare provider, the right data is often unavailable. Exchanging Electronic Health Records (EHRs) between different providers is crucial in improving a patient’s care path, especially in the long run. The technology to do so is out there, the question is: “How can we implement this in a way that all players can benefit from it?” Awell Health (nominee of the VBHC Prize 2019) uses technology in a way that it is made for: to connect.

They have created a platform that helps to collect data throughout care pathways, via the patients’ channel of choice. Awell Health integrates the data with the EHR and uses algorithms to predict the risks of relapses and readmissions. By making this platform useable for care teams and patients, better-informed decisions can be made from both sides. Moreover, doctors can be more productive and reduce emergency room admissions for patients in their pathway, which has shown positive results. A great example of the implementation of Awell Health’s software is the lung cancer project in collaboration with the AZ Delta hospital in Belgium. The lung cancer team at AZ Delta has provided integrated care and designed their ‘ideal care pathway.’ However, implementing, monitoring and continuous improvement of this pathway turned out to be very time-consuming. After implementing the Awell Health platform the pathways could be executed more quickly and linked to the EHRs. The digital care pathway helped the team to further engage patients and general practitioners in the care


pathway, to gain more insights into health outcomes and to become more productive. This has already led to a decrease in ER admissions.

Personalised Digital Care Pathways and Protocols Imagine a random sample of twenty children with a broken arm and twenty children who were just diagnosed with having diabetes. For those with a broken arm, similar protocols and decision trees can be used to provide similar care. On the contrary, for those with diabetes, there is more variance in the needs of the patient. For more complex, especially chronic, diseases a different approach of applying protocols is needed. Diabeter, winner of the VBHC Prize 2017 is doing this in a tremendous way. Patient pathways are very flexible, adapting to the patient’s personalised needs. By organising the care around the patient, all support needed can be found in one place. Moreover, they have their own digital system where all patient data is stored both by the health professional, patient, and family. This

allows its medical team to provide ‘real-time’ care from a distance, based on the personalised needs of the patient. Decreased haemoglobin (HbA1c) levels, fewer hospital admissions and increased patient satisfaction has shown successful implementation of the technology in different areas of the patient pathway. Next to providing care, the institute uses easily accessible data to ethically conduct research with the aim of improving diabetes care as a whole.

Moving Forward All of these initiatives show how thinking differently from the traditional, systematic way of providing healthcare can drastically improve patient value and efficiency of care. To have a long-lasting impact, the way we look at innovation in healthcare should receive more attention, so technology can be used to its fullest potential. Digitalisation on its own will not be sufficient to provide patient-centred, qualitative and financially sustainable healthcare. Therefore, it is essential to integrate it properly with an organisational model that focuses on creating patient value. Let’s use these – and other VBHC initiatives – as a source of inspiration to move forward and improve the delivery system in healthcare.

Also involved in an inspiring VBHC Initiative and do you want to participate in the VBHC Prize? Visit the VBHC Prize website: www.vbhcprize.com. Become a VBHC Green Belt and learn more about VBHC (www.thedecisioninstitute.nl) Find the answers to the rest of your questions about VBHC and become a member of VBHC Center Europe. Where you can gain unlimited access to breakthrough VBHC articles in the VBHC Knowledge Bank (www.vbhc.nl/membership)   Reference: Porter ME (2010) What Is Value in Health Care? The New England Journal of Medicine, 363(26): 2477-

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INOVAÇÃO

SOBRE O NOVO MEDICAMENTO PARA HIPERCALEMIA

"É uma mais-valia para os doentes" Um novo medicamento para tratar a hipercalemia, uma condição grave caracterizada por elevados níveis de potássio no sangue, vai estar disponível muito em breve para os doentes portugueses. Trata-se de um fármaco administrado por via oral, com o nome comercial de Veltassa (substância activa denominada patirómero), e que será comercializado no nosso país pela Viphorfarma. O excesso de potássio pode conduzir a problemas graves, nomeadamente arritmias potencialmente fatais, e

é importante que os clínicos tenham à sua disposição novas opções de tratamento para este problema. A hipercalemia pode afetar milhares de portugueses portadores de situações clínicas de alto risco e que exigem tratamento crónico com fármacos tendencialmente causadores desta anomalia. O pati- rómero é um medicamento em pó, que se administra misturado em água para tomar via oral e que é um captador de potássio, ao nível do trato intestinal, eliminado-o por esta via.


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A revista O Hospital foi conversar com Dulce Brito, cardiologista, coordenadora do Programa de Insuficiência Cardíaca (IC) e da Unidade de Doenças do Miocárdio do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN), sendo igualmente Professora de Cardiologia da Faculdade de Medicina e investigadora do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa, líder de equipa de investigação nas áreas de insuficiência cardíaca e miocardiopatias. Segundo Dulce Brito, “este fármaco, que deve entrar no mercado nacional em abril próximo, vai ser muito importante, quer para doentes quer para os clínicos, pois a hipercaliemia surge frequentemente associada à insuficiência cardíaca e à doença renal crónica, podendo

causar problemas graves”. Desta forma, acrescentou, os doentes que podem beneficiar deste novo medicamento em Portugal, são todos aqueles “que estão em risco acrescido de hipercaliemia, de uma forma genérica. Habitualmente, os doentes em maior risco são os que estão a fazer, por exemplo, fármacos antagonistas do sistema renina - angiotensina – aldosterona (SRAA), que são medicamentos que utilizamos no tratamento dos doentes com insuficiência cardíaca e fracção de injecção reduzida para melhoria prognóstica. Muitos destes doentes têm igualmente insuficiência renal e/ou diabetes, condições que, per se, também beneficiam deste tipo de fármacos, mas nos quais há também um risco acrescido do desenvolvimento de hipercaliemia”


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INOVAÇÃO

Desta forma, e segundo a cardiologista, “este tipo de terapêutica está indicada em muitas patologias" e, acrescenta “não estou apenas a falar da insuficiência cardíaca mas também de hipertensão arterial, e de insuficiência renal, como referi. Também o doente diabético que muitas vezes tem, também, insuficiência renal e outras patologias associadas, pode ter com este fármaco uma mais-valia importante”.

Como percebemos, as alterações do potássio têm que ser muito vigiadas em determinados doentes em risco e em todo este processo interessa igualmente saber que acompanhamento e monitorizaçao devem ser feitos nestes doentes. De acordo com Dulce Brito, depende do doente, da patologia e depende dos niveis de potássio, bem como das comorbilidades associadas, nomeadamente da presença de insuficiência renal.

Assim, e fazendo uma análise mais global, de acordo com Dulce Brito irão beneficiar de Veltassa todos os doentes em maior risco de hipercaliemia, mas atenção, acrescenta ainda a clínica: “esse risco, é tanto maior quanto existam outras situaçoes que também pesam em todo o processo, como por exemplo o fator idade e a presença de comorbilidades. Uma pessoa que viva com insuficiência cardíaca, disfunção renal e diabetes, que seja hipertenso ou que tenha indicação para terapêutica antagonista neuro hormonal, estará em risco de hipercaliemia e portanto, é um candidato potencial”.

“No início de terapêutica com antagonistas neurohormonais (SRAA), a avaliação da função renal e do ionograma sérico (incluindo obrigatoriamente o potássio) é fundamental, bem como previamente a qualquer aumento da dose destes fármacos. A constatação de aumento do valor de potássio para além de determinado limite levará a eventual indicação para terapêutica com patirómero, se pretendemos manter (ou até a aumentar a dose) de fármacos antagonistas do SRAA. Os níveis de potássio deverão ser monitorizados com periodicidade, quando se faz a escalada ascendente (dose) de antagonista neurohormonal, mesmo na ausência de administração de patirómero. A introdução deste levará necessariamente a uma ainda maior vigilância, nomeadamente nas fases iniciais, até se obter um ajuste das doses de qualquer das terapêuticas” explicou à O Hospital a investigadora Dulce Brito, concluindo que, neste contexto relativo à monitorizaçao, tudo depende do doente, mas sem dúvida que “quando começa a subir o potássio, a monitorização é uma exigência e quando se inicia o patirómero também” .

Por outro lado, acrescentou a investigadora, “este tipo de doentes muitas vezes toma outros fármacos que também potenciam o risco de hipercaliemia - por exemplo os bloqueadores beta-adrenérgicos - terapêutica recomendada na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida”. Aliás, acrescenta “o tratamento atual da IC com fração de ejeção reduzida é quase um “modelo experimental de hipercaliémia” pois os fármacos que utilizamos de forma a melhorar o prognóstico da síndrome (nomeadamente em doentes com insuficiência renal ou diabetes) tendem a elevar os níveis de potássio no sangue e uma das grandes vantagens do patirómero é o facto de poder permitir aumentar as doses terapêuticas de antagonistas neurohormonais até às doses consideradas optimizadas (naturalmente de acordo com o perfil e tolerabilidade do doente) e, portanto, permitir-lhe colher o benefício auferido por essas doses recomendadas. A outra opção – como fazemos atualmente – é dar doses mais baixas dos fármacos aconselhados ou mesmo por vezes interromper a terapêutica com alguns deles, visto que não há soluções fáceis para controlo da hipercaliemia”.

Quisemos ainda saber, tendo por base a prática clinica da cardiologista Dulce Brito, quantas pessoas podem vir a beneficiar das indicações terapêuticas deste medicamento no nosso país. A sua resposta foi objetiva e peremptória: “embora só lhe possa dar estimativas, não tenho dúvida que pelo menos um terço dos doentes que sigo, com insuficiência cardíaca crónica, pode vir a ter indicação para fazer esta nova terapêutica. Será seguramente uma mais-valia para um grande número de doentes”.


Better Health, Brighter Future Podemos sempre fazer mais para melhorar a vida das pessoas. Impulsionados pela paixão de realizar este objetivo, a Takeda proporciona medicamentos inovadores à sociedade desde a sua fundação em 1781. Hoje combatemos diversos problemas de saúde em todo o Mundo desde a sua prevenção à cura. Mas a nossa ambição mantém-se: encontrar novas soluções que façam a diferença e disponibilizar melhores fármacos que ajudem o maior número de pessoas possível, o mais rápido que conseguirmos.

PT/INI/0319/0010d

Com a ampla experiência, sabedoria e perseverança da nossa equipa, a Takeda terá sempre o compromisso de melhorar o amanhã.

Takeda – Farmacêuticos Portugal, Lda.

Avenida da Torre de Belém, nº 19 R/C Esq. 1400-342 Lisboa Sociedade por quotas. NIF: 502 801 204 Conservatória do Registo Comercial de Cascais n.º 502 801 204 Tel: +351 21 120 1457 | Fax: +351 21 120 1456

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APDH

Atividades APDH 39º PROGRAMA DE INTERCÂMBIO HOPE 2020 EM PORTUGAL Vai decorrer o 39º Programa de Intercâmbio HOPE, organizado pela Federação Europeia dos Hospitais (HOPE) e promovido em Portugal pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (APDH), através do seu Gabinete HOPE Portugal, em parceria com a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). Este ano o Programa, cujo coordenador nacional é o Dr. Francisco Matoso, é subordinado ao tema “Boas práticas em gestão da saúde baseada na evidência”, e irá decorrer entre os dias 11 de maio e 7 de junho de 2020, incluindo uma Reunião Europeia de Avaliação e Conferência Final em Bruxelas, Bélgica.

Portugal irá enviar 10 participantes portugueses, colocados em 8 países europeus e receberá 7 profissionais de saúde europeus, que serão acolhidos em 7 hospitais anfitriões: Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, Centro Hospitalar Universitário de São João, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, José de Mello Saúde, Unidade Local de Saúde de Matosinhos e o Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil. Neste âmbito a APDH organizará 3 reuniões nacionais e um conjunto de reuniões regionais e visitas técnicas.

ENCONTRO DA 13ª EDIÇÃO DO PRÉMIO DE BOAS PRÁTICAS EM SAÚDE®

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O Prémio de Boas Práticas em Saúde® (PBPS) é uma iniciativa de âmbito institucional da Saúde, organizada e realizada conjuntamente pela APDH, Direção-Geral da Saúde (DGS), Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e as cinco Administrações Regionais de Saúde (ARS) e em colaboração com a Direção Regional da Saúde dos Açores e a Secretaria Regional da Saúde da Madeira, que tem como principal objetivo dar a conhecer as boas práticas, com vista a replicar as maisvalias para o bom desempenho do Sistema de Saúde.


39 A edição do ano de 2019 do PBPS, que se realizou no dia 21 de novembro de 2019, no Auditório do Edifício-sede da Polícia Judiciária em Lisboa, pretendeu distinguir as boas práticas em saúde, acompanhar os desafios que se colocam à gestão e disponibilização de cuidados de saúde, centrando-se na temática da “Universalidade e Sustentabilidade” com foco nos seguintes subtemas: O acesso face a grupos vulneráveis e de risco; O acesso face à multiculturalidade; Serviços de Saúde resilientes e; Práticas de governação para a sustentabilidade. A edição de 2019 do PBPS rececionou 101 candidaturas. Destas passaram à fase de pré-seleção, 59 candidaturas. Contámos com a presença de cerca de 250 inscritos, entre académicos e investigadores da saúde, profissionais do setor da saúde e social, destacando-se gestores, administradores hospitalares e dirigentes da saúde de uma larga diversidade de instituições hospitalares e de cuidados de saúde do país e com um número considerável de intervenientes, 18 palestrantes e 12 elementos do júri de avaliação. Ao longo do dia decorreu a apresentação dos 11 projetos candidatos ao Prémio na categoria de Melhor Projeto 2019, distribuídos por 3 mesas e, em simultâneo, foi apresentada, numa sala adjacente ao auditório, a exposição dos 15 posters científicos candidatos à categoria de Melhor Poster Científico 2019. As sessões culminaram na Conferência "Universalidade e Sustentabilidade”, que contou com a moderação do vogal da Direção António Santos e com a participação do palestrante Guilherme Martins Victorino, Professor auxiliar convidado na NOVA IMS. No final do Encontro decorreu a cerimónia de entrega aos premiados do PBPS. As distinções recaíram nas seguintes categorias “Melhor Projeto 2019” e “Menção Honrosa” e “Melhor Poster Científico 2019” e “Menção Honrosa”, cujos vencedores em baixo se designam: Melhor Projeto 2019 Projeto " PBM em Cirurgia Cardíaca", Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho

Melhor Poster Científico 2019 Projeto “Gestão do Percurso do Utente com Doença Aguda / Agudização da Doença Crónica”, ACeS Cávado III Barcelos/Esposende

Menção Honrosa para Melhor Projeto 2019 Projeto C.A.S.O. – Centro de Apoio à Saúde Oral. Mundo a Sorrir – Associação de Médicos Dentistas Solidários Portugueses

Menção Honrosa para Melhor Poster Científico Projeto “Cuidados Paliativos: Integração e Complementaridade de Cuidados na Ilha de São Miguel” da Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel/Hospital Divino de Espírito Santo de Ponta Delgada

Relativamente à Comissão Científica desta 13ª Edição Prémio de Boas Práticas em Saúde®, foi composta por 54 membros destacados da vasta comunidade de profissionais e académicos da área da saúde. Organização

Colaboração Especial


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APDH

Atividades APDH CONFERÊNCIA “SNS NO FEMININO”

A APDH organizou a Conferência inédita “SNS no Feminino” e o Encontro da 13.ª edição do Prémio de Boas Práticas em Saúde®, os quais decorreram nos dias 21 e 22 de novembro de 2019, no Auditório do Edifício sede da Polícia Judiciária de Lisboa.

Valente Nabais, Ana Marques da Silva, Teresa Craveiro e Ema Paulino. O WS "Cuidar da mulher sobrevivente de cancro da mama - Interligação de cuidados; otimização de recursos", promovido pelo IPO de Coimbra foi ministrado por Gabriela Sousa, Diretora do Serviço de Oncologia Médica do IPO Coimbra. O WS "Mulheres agentes de mudança, em ambiente multidisciplinar”, promovido pela Lean Health Portugal, ministrado pelas Enfermeiras do CHULC, Patrícia Sardinha e Cristina Garcias, e moderada pela Administradora Hospitalar do CHS, Filipa Serra. Realizou-se ainda uma Startups Saúde Fest promovida pela Sinase, que deu a conhecer algumas das startups nacionais.

Este evento foi realizado com organização da APDH, com o apoio institucional da PWN Lisbon e a parceria da Polícia Judiciária de Lisboa e dos Comboios de Portugal. A associação contou ainda com o patrocínio da Sonae, MSD, AMGEN, Janssen, Gilead, Takeda, Astellas, Octapharma, IQVIA, Delta Cafés, Adega Cooperativa da Vidigueira, Quinta do Avelar, Mingorra e Santa Vitória Vinhos. Como Media partner contámos com a colaboração do Canal Saúde +. Estiveram presentes, entre os dois dias de evento, cerca de 400 participantes, entre académicos e investigadores da saúde, profissionais do setor da saúde e social, destacando-se gestores, administradores hospitalares e dirigentes da saúde de uma larga diversidade de instituições hospitalares e de cuidados de saúde do país. O programa científico, incluindo o dia do pré-congresso onde decorrem um conjunto de workshops temáticos, contou com interessantíssimas participações, de peritos em diversas áreas, designadamente, o Workshop (WS) "Mulher - Guardiã da Saúde", promovido pelo Fórum Saúde Século XXI, que contou com Abertura de Andrea Lima, com a Keynote Speaker Júlia Pinheiro (Apresentadora da SIC) e com um painel de comentadores: Teresa Sustelo, Isabel Trindade, João

No dia 22, contámos com a participação de 28 palestrantes, dos quais destacamos a Conferência de Abertura "Deverá o papel do médico mudar?" que teve como Keynote Speaker a Assistente Hospitalar Graduada de Medicina Interna, CHULC, Sofia Pinheiro. O 1.º painel “SNS. Um Percurso”, foi moderado pelo Presidente do Conselho de Administração (PCA) do CH Universitário de São João, Fernando Araújo e que contou com as intervenções de Maria de Belém Roseira, Ministra da Saúde do XIII Governo Constitucional (1995-1999); Maria Augusta Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros entre 2004 e 2011 e Margarida França, PCA do CH Baixo Vouga. Os comentários estiveram a cargo de Helena Canhão, Profa. da NOVA Medical School da FCM-UNL e de Teresa Paiva, Diretora Clínica e CEO do CENC.


41 Decorreu ainda uma importante homenagem a 40 Mulheres do SNS ligadas à prestação de cuidados de saúde, à implementação de políticas, à gestão de serviços e equipamento de Saúde e à promoção dos direitos dos cidadãos. Este momento contou com a presença do representante da Comissão de Comemoração do 40º Aniversário do SNS, Francisco George, da ENSP-NOVA, na pessoa de Ana Escoval e do Diretor-Geral da Gilead Sciences Portugal, Vítor Papão (entidade que apoiou esta iniciativa), tendo sido anunciada a Publicação "SNS: 40 Anos Ímpares - 40 Mulheres Notáveis” (poderá consultar esta publicação em http://www.apdh.pt/ evento/12)

A Sessão Solene de Abertura contou com as intervenções do Presidente da APDH, Carlos Pereira Alves, da Presidente do Conselho Diretivo (CD) da ACSS, Márcia Roque e do Diretor Nacional Polícia Judiciária, Luís Neves. O 2.º painel, moderado por João Gomes Esteves, Presidente Assembleia Geral da APIFARMA, debateu a temática “SNS. Inovação Científica e Tecnológica” e contou com as intervenções de Maria do Céu Machado, Profa. da FM-UL e Filipa Mota e Costa, Diretora-Geral da Janssen. Os comentários estiveram a cargo de Céu Mateus, Profa. Da Division of Health Research, Lancaster University e Clara Carneiro, Responsável de Relações Institucionais, Ordem dos Farmacêuticos. O 3.º painel, moderado por Artur Santos Silva, Presidente Honorário, Grupo BPI, centrou-se no tema “SNS. Gestão e Liderança”. As intervenções estiveram a cargo de Teresa Sustelo, PCA do CHPL e Conceição Margalha, PCA, ULSBA. Os comentários foram proferidos por Carla Benedito, Diretora-Geral Takeda e Anne Geubelle, Administradora da Prologica. O último painel dedicado ao tema do “SNS. Uma visão de futuro” foi moderado por José António Aranda da Silva, Membro do CA da Fundação para a Saúde – SNS, teve a intervenção de Marta Temido, Sua Excelência A Ministra da Saúde, Ana Torres, Presidente da PWN Lisbon; e Sara Carrasqueiro, Vogal do CD da AMA. Os comentários estiveram a cargo de Leonor Furtado, Inspetora-Geral, IGAS e Ana Escoval, Administradora Hospitalar, CHULN. Todos tiveram e produziram nestes 2 dias pontos altos de trabalho e de contribuição, tendo sido dado particular ênfase à necessidade de compreender e debater as questões relacionadas com o papel das mulheres, gestoras e líderes na área saúde, procurando saber, numa era de profundas mudanças e perante os atuais desafios impostos pelas sociedades, o que as distingue e como alcançaram o sucesso.


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APDH

Atividades APDH JANTAR DEBATE UM OUTRO OLHAR SOBRE O HOSPITAL “VALUE BASED HEALTHCARE. THE FUTURE OF INTERVENTIONAL MEDICINE AND PATIENT OUTCOMES” A APDH organizou o Jantar Debate Um Outro Olhar Sobre o Hospital subordinado ao tema “Value based healthcare. The future of interventional medicine and patient outcomes”, que decorreu no dia 18 de outubro de 2019, no Grémio Literário, Lisboa. Este evento pretendeu promover, à volta da mesa e de um modo informal, o debate sobre a importância da metodologia do valor em saúde e o seu impacto na prestação de cuidados de saúde e nos resultados dos doentes, bem como as potenciais oportunidades para as organizações e sistema de saúde português. Este evento contou com a participação na sessão de abertura do Presidente da Direção da APDH, Carlos Pereira Alves e do Vice-Reitor da Universidade NOVA de Lisboa. Como Keynote Speaker o Chairman of Value-

Based Health Care Center Europe, Fred van Eenennaam, trouxe-nos perspetiva europeia da metodologia do valor em saúde e o Diretor científico da Nova Institute for Value Improvement in Health and Care, João Marques Gomes. Como comentadores, este evento contou com as intervenções de Rui Santos Ivo, President of Portugal National Authority on Medicines and Health Products (INFARMED), a Presidente da European Hospital and Healthcare Federation (HOPE), Eva M. WeinreichJensen, o membro do Conselho Nacional da Ordem dos Médicos, João de Deus, o Diretor Executivo Health Cluster Portugal, Joaquim Cunha, a Vice-Presidente APIFARMA, Cristina Campos e a Coordenadora EUPATI Portugal Association), Elsa Mateus.


43 CONVERSAS DE FIM DE TARDE “A GESTÃO DO SANGUE DO DOENTE” PATIENT BLOOD MANAGEMENT (PBM) A APDH, com o apoio da VIFOR PHARMA, realizou duas sessões de Conversas Fim de Tarde, subordinadas ao tema "Debater a Gestão do Sangue do Doente": A 1.ª Sessão contou com a parceria institucional do Centro Hospitalar Universitário do Porto e decorreu no dia 24 de maio de 2019, no auditório deste hospital.

A 2.ª Sessão contou com a parceria institucional do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central e decorreu no 20 de setembro de 2019, no salão Nobre deste hospital.

Consultar informação detalhada em https://www.apdh.pt/evento/1 e https://www.apdh.pt/evento/4


L I L L Y

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I N O V A R

P E L A

CIÊNCIA Vivemos numa era fantástica para a medicina. Na Lilly, utilizamos a inovação na ciência para satisfazer as necessidades médicas nas áreas da diabetes, oncologia, imunologia, doenças neurodegenerativas e da dor. Estamos empenhados em utilizar os avanços mais recentes da ciência para melhorar a vida das pessoas em todo o mundo.

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Lilly Portugal - Produtos Farmacêuticos, Lda. Torre Ocidente, Rua Galileu Galilei, n.º 2, Piso 7, Fração A/D, 1500-392 Lisboa. Matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Cascais, sob o número único de matrícula e de pessoa coletiva 500165602. Sociedade por quotas com o capital social de €1.650.000,00.


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