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anos
REFORMA 1517 - 2017
Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 749 – Abril de 2017
Clausura ou Reforma? O impacto do cristianismo na civilização é debate muito presente nas discussões sobre Reforma Protestante. As 95 teses de Lutero foram um manifesto explosivo contra a cultura reinante. Leia no texto de Solano Portela, a importante missão do cristão, que precisa se posicionar para proclamar o que deve ser proclamado. PÁGINA B1
Tijolos para Guiné
Presbitério de Jundiaí/SP reuniu pessoas para engrandecer o nome do Senhor e levantar recursos para obra missionária. PÁGINA 4
Comissão Executiva – IPB
De 28 a 31 de março, a Comissão Executiva do Supremo Concílio reuniu-se ordinariamente em Brasília. PÁGINA 9
Congresso Regional de Educação Cristã
Com o tema Ensino e Aplicação: Educação e vida com base na Palavra, o congresso será realizado na Universidade Mackenzie Rio. PÁGINA 8
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EDITORIAL
Brasil Presbiteriano
Páscoa de cristão
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áscoa significa passagem. Depois de dar a Moisés instruções sobre o evento, o Senhor explicou: “(...) é a Páscoa do SENHOR, porque passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos” (Êx 12.11-12). Foi noite de tragédia. Mortes em todas as casas egípcias. Nenhum motivo para comemoração. Entre os israelitas, porém, a passagem foi noite de festa, porque o anjo da morte passou direto, não entrou nas casas deles. Tudo começou quando Moisés disse a Faraó: “Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto” (Êx 5.1). A resposta de Faraó foi arrogante e infeliz: “Quem é o SENHOR para que lhe ouça
eu a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o SENHOR, nem deixarei ir Israel” (v.2). Então foram enviadas nove pragas para lhe mostrar que o SENHOR é o único Deus e, como as nove pragas não bastaram, o anjo da morte passou pelo Egito e ceifou a vida dos primogênitos. Como escaparam os primogênitos do povo de Deus? Eles foram substituídos por um cordeiro ou cabrito morto para a refeição daquela noite (12.5). E como o agente da morte seria informado disso? As portas das casas dos primogênitos resgatados estavam marcadas com o sangue dos cordeiros ou cabritos mortos para a celebração. Isto é, a rigor, todos os primogênitos foram incluídos na passagem daquela noite, mas os israelitas foram trocados
pelo cordeiro vicário ou substituto. Essa troca continuou acontecendo ao longo dos séculos. Cada vez que um adorador se aproximava do altar para cultuar a Deus, não era ele que morria, embora fosse ele o pecador, o condenado. Morria o cordeiro substituto. Essa troca deixava no adorador a marca do sangue e sua adoração era recebida pelo Senhor. Pura graça de Deus. Mas, assim como na noite da morte dos primogênitos o sangue dos animais na porta das casas de Israel sinalizava que ali a morte não tocaria, a própria Páscoa e o posterior sistema de sacrifícios foram também um sinal. Para os adoradores do momento eram sinalizados o perdão e a aceitação divina, mas era também anunciada
uma substituição a ocorrer no futuro, uma a ser feita de uma vez por todas, que não precisasse ser repetida ano a ano. Jesus foi apresentado por João Batista como “o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (1.29). Ele é o “nosso cordeiro pascal” (1Co 5.7). Por que não sofremos a morte que atinge o mundo todo? Porque na hora da condenação Jesus substituiu todo aquele que nele crê. Ficamos com a marca do sangue. Sangue dele. Morte dele. Nossa vida. Jesus morreu de uma vez por todas. Chega de sacrifícios. Cristão não celebra páscoa nem missa, mas é abençoado quando come a Ceia em memória dele, enquanto aguarda o seu retorno.
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GOTAS DE ESPERANÇA
Reforma Protestante, uma volta às Escrituras Hernandes Dias Lopes
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Reforma religiosa do século 16 foi deflagrada quando o monge agostiniano, Martinho Lutero, afixou à porta da igreja do castelo de Wittenberg, na Alemanha, suas noventa e cinco teses contra as indulgências e os desmandos do papado. A Reforma não foi uma inovação na igreja, mas uma volta à doutrina dos apóstolos. Não foi um desvio de rota, mas um retorno às Escrituras. A Reforma colocou a igreja de volta nos trilhos da verdade. Quais foram as suas grandes ênfases? Em primeiro lugar, a singularidade das Escrituras. O conhecido lema Sola Scriptura acentua que as Escrituras são a nossa única regra de fé e prática e que devemos rejeitar, peremptoriamente, qualquer doutrina que não esteja fundamentada na Palavra de Deus. Nada podemos acrescentar às Escrituras nem retirar delas qualquer de seus ensinamentos. A Palavra de Deus é inspirada, inerrante, infalível e suficiente. Sua origem não é humana, mas divina. É inerrante quanto ao seu conteúdo, infalível quanto às suas profecias e suficiente quanto ao seu propósito. Não precisamos nem podemos acrescentar nossas experiências nem
as tradições da igreja à Palavra de Deus. Não são nossas experiências que legitimam as Escrituras, mas elas é que julgam as nossas experiências. Em segundo lugar, a singularidade da Fé. O conhecido Sola Fide, enfatiza que a salvação é recebida por meio da fé e não através das obras. Não somos aceitos por Deus
tutivo de Cristo, enquanto a fé se apropria dos benefícios desse sacrifício. A fé é a mão estendida de um mendigo para receber o presente do Rei. Vale destacar que a fé salvadora é, também, um dom de Deus. O apóstolo Paulo é meridianamente claro a esse respeito: “Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós,
que não merece, mas precisa. Deus nos amou quando éramos fracos, ímpios, pecadores e inimigos. Deus nos buscou quando estávamos perdidos. Deus nos deu vida quando estávamos mortos. Atraiu-nos para si, quando todas as inclinações da nossa carne eram inimizades contra ele. Seu amor foi incompreensível, pois sendo nós filhos
por causa das nossas obras. Somos aceitos em Cristo, por causa de seus méritos, e recebemos essa salvação gratuita por meio da fé. A fé não é a causa meritória da nossa salvação, mas a causa instrumental. Não somos salvos por causa da fé, mas através da fé. A causa meritória da salvação é o sacrifício substi-
é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). Em terceiro lugar, a singularidade da graça. O conhecido Sola Gratia, destaca que não somos salvos pelas obras que fazemos para Deus, mas pela obra que Cristo fez por nós. Graça é um dom precioso concedido a alguém
da ira, ele nos amou infinitamente, e enviou-nos seu Unigênito Filho para morrer em nosso lugar, para nos adotar como filhos e nos receber em sua família, constituindo-nos filhos do seu amor. Isso é graça! Graça bendita, maravilhosa graça! Em quarto lugar, a singularidade de Cristo. O
conhecido Solus Christus, evidencia que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o único Mediador entre Deus e os homens. Ele é a Porta do céu, o Caminho que nos leva ao Pai. Por sua morte na cruz, rasgou o véu do santuário e abriu-nos um novo e vivo caminho para Deus. Jesus é o único Salvador e não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos. Jesus é único Senhor do universo. Diante dele se dobra todo joelho no céu, na terra e debaixo da terra, para que toda língua confesse que ele é o Senhor para a glória de Deus Pai. Em quinto lugar, a singularidade de Deus. O conhecido Soli Deo Gloria, destaca que tudo foi criado por Deus e existe para a glória de Deus. O fim último da nossa própria existência é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. O homem não é o centro do universo; Deus é. A salvação é pela graça, mediante a fé, para as obras, com o único propósito de que Deus seja glorificado por toda a eternidade. Diz o apóstolo Paulo: “Porque dele, por meio dele e para ele são todas as coisas”. A Deus, portanto, honra, glória e louvor, agora, e pelos séculos eternos! O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.
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FORÇAS DE INTEGRAÇÃO
Tijolos para Guiné Presbitério de Jundiaí/SP reuniu pessoas para engrandecer o nome do Senhor e levantar recursos para obra missionária
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o dia 25 de março, o Conselho Missionário da IP Jd. Planalto em Jundiaí (SP) em parceria com a Secretaria Presbiterial de Mocidade do Presbitério de Indaiatuba, realizou uma programação especial na cidade de Jundiaí com enfoque missionário, envolvendo os jovens das 17 igrejas e congregações do Presbitério local, estendendo convite às Igrejas de outros Presbitérios, amigos de outras Igrejas e vizinhos dos arredores da IP Jd. Planalto. O objetivo do encontro foi conscientizar os jovens sobre a importância e relevância da atuação da juventude no envolvimento missionário, e levantar uma oferta missionária para a IP de Plak II, em Guiné-Bissau, África Ocidental. A igreja de Guiné-Bissau foi construída em palha e está buscando recursos para a construção em alvenaria. Esse fato, de acordo com os missionários da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT), Danilo e Joelma Soares, inibe a participação de grande parte dos adultos da região. “Soubemos que os adultos da região têm o seguinte discurso: “Vocês falam que Deus é o dono do outro
e da prata, mas a igreja católica e a mesquita são de alvenaria, e por que a de vocês é de palha?”. Isso impactou nosso coração, e assim surgiu a ideia de abençoar a igreja, onde frequentam cerca de 200 jovens, adolescentes e crianças, conta Elisângela Perboni, presidente do Conselho Missionário e secretária presbiterial de UMP, juntamente com o esposo, Rev. Wandrei Perboni, pastor da IP Planalto. A campanha intitulada “Oferta do Tijolo”, foi idealizada pelo Conselho Missionário da IP Planalto, que culminou no programa que recebeu o tema “Edificando”, pois visava retratar a edificação de vidas através de missões, evangelização e do compromisso com Deus e sua obra. O valor de R$3.000,00 arrecadado foi destinado integralmente para a IP Plak II em Guiné, representando os primeiros tijolos. O missionário Danilo esteve presente e falou aos presentes, em sua maioria jovens. Participaram da programação, a banda Purples, com músicas de adoração, e o grupo de teatro Athos, formado por jovens cristãos, de Guarulhos (SP), que fizeram uma impactante encenação sobre o
pecado que nos aprisiona e do Grande Amor de Jesus por nós e seu poder de transformação. “Como nossa Igreja é pequenina e não temos muitos recursos assim como nossa secretaria, conseguimos parcerias com várias igrejas e, por sugestão dos jovens do Conselho missionário, buscamos patrocinadores, empresas onde alguns irmãos trabalham, conseguimos apoio, com divulgação da marca. Isso nos ajudou muito a dar o valor arrecadado, de forma integral”, explicou Elisângela. Uma das ações mais impactantes, de acordo com a liderança, ocorreu antes mesmo do programa. Os jovens das igrejas envolvidas experimentaram momentos de jejum e oração em favor do trabalho missionário, para levantar a oferta e levar o evangelho a jovens não cristãos, moradores do entorno. “Estamos de coração grato a Deus, por tamanhas bênçãos! Glórias ao Senhor por tudo! ”, concluiu Rev. Wandrei. As doações ainda estão abertas, e a campanha precisa de mais apoio. Para saber mais, acesse www. daniloejoelma.com.br. A Secretaria Presbite-
Muitas pessoas, a maioria jovens e adolescentes, participaram do culto
Elisangela e Rev. Wandrei – Secretários Presbiteriais de UMP
Grupo Teatro Athos de Guarulhos/SP
rial de Mocidade, realizará mais um evento voltado à evangelização. Realizarão um impacto evangelístico, com iniciativa do Projeto “Jovem no Sertão” que será um no dia 03/06/2017 na 2ª IP de Vinhedo (SP),
em parceria com a IP de Pinheiros. O Projeto Jovem no Sertão tem o objetivo de abençoar regiões precárias, com evangelização e ação social. Para saber mais acesse: www.facebook.com/JdPlanalto
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TECNOLOGIA
Bíblias digitais registram crescimento inédito Relatório da SBB contabiliza mais de 1,5 milhão de exemplares distribuídos em 2016, um aumento de quase 400% em relação aos dados do ano anterior
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Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) registrou, em 2016, um aumento de 391,61% na distribuição de Bíblias no formato digital, passando de 384.668, no ano anterior, para 1.506.406 exemplares. Ao todo, contabilizando as versões impressas e digitais, a SBB alcançou a marca de 6.773.421 de Bíblias completas distribuídas. Já o total de Escrituras, que considera ainda Novos Testamentos, livretos, folhetos, obras acadêmicas e publicações infantis, atingiu 277.397.304 publicações. Destaca-se, especialmente, o aumento da distribuição gratuita de Escrituras no formato digital, numa ação sem precedentes na história da SBB. A tecnologia digital, entretanto, exigiu altos investimentos em desenvolvimento de plataformas e outros recursos, levando a organização a depender ainda mais do apoio de ofertas. Em contrapartida, a SBB consolidou nova maneira de cumprir a missão de transformar vidas com a Palavra de Deus, promovendo, ainda, a inclusão digital e atingindo grupos da sociedade que, até então, não eram beneficiados. “Esse crescimento na distribuição da Bíblia no formato digital indica que
estamos alcançando não somente os adeptos das inovações tecnológicas, mas, principalmente, os jovens, para os quais o papel já não é a mídia principal”, afirma o diretor executivo, Rudi Zimmer, destacando a importância do aplicativo Biblia Plus nessa conquista. Ao oferecer gratuitamente todas as traduções bíblicas da SBB, o App permite que o livro mais lido traduzido e distribuído do mundo também seja acessado facilmente a partir de computadores, tablets e smartphones. Para chegar a números tão expressivos na distribuição, a SBB conta com um dos maiores parques gráficos do mundo destinados exclusivamente à produção de Bíblias e Novos Testamentos – a Gráfica da Bíblia, localizada em Barueri (SP)
e nove unidades regionais espalhadas pelas principais capitais do País. Excelência no desenvolvimento de Escrituras – A marca da SBB é garantia de traduções que são fiéis aos originais bíblicos e seguem padrões de excelência internacionais, tornando-se por isso as preferidas dos leitores. Esse diferencial está presente desde a mais antiga publicação, a Tradução Brasileira (TB), lançada em 1917. Na época do lançamento, a TB ficou conhecida como a “tradução tira-teima”, devido à sua literalidade. A Bíblia Almeida Revista e Corrigida (ARC) tem por base a tradução feita por João Ferreira de Almeida no século 17. Sua linguagem é clássica, tendendo ao erudito.
Na Almeida Revista e Atualizada (RA), o texto traduzido passou por uma profunda revisão na década de 1950, e por outra mais leve, cerca de 40 anos depois. Também uma tradução clássica, o texto foi trabalha-
do de maneira a soar bem aos ouvidos. A pedido das igrejas, a RA recebe agora novas alterações. A edição do Novo Testamento, Salmos e Provérbios é o primeiro fruto desse trabalho. Já a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), a mais recente de todas, caracteriza-se pela linguagem popular, sendo uma ferramenta perfeita para a evangelização. “Compreendendo isso, as igrejas fizeram dessa tradução a que tem o maior crescimento no Brasil desde o ano de seu lançamento, em 2000”, destaca Paulo Teixeira, secretário de Tradução e Publicações da SBB. Fonte: Oficina da Palavra
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PRESBITERIANISMO EM FOCO
Pastor brasileiro na Presbyterian Church of Australia Marcone Bezerra Carvalho
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presbiterianismo foi introduzido na Austrália durante a época do Império Britânico. Ao longo do século 19, povoamentos foram estabelecidos e, em 1901, quando as colônias de New South Wales, Victoria, Queensland, South Australia, Tasmania e Western Australia formaram uma federação, foi organizada a Presbyterian Church of Australia (PCA). Era uma denominação de imigrantes, composta predominantemente por escoceses e irlandeses que passaram a viver no país por motivos políticos ou comerciais. Como ocorreu nos círculos europeus e estadunidenses em meados dos séculos 19 e 20, os efeitos da alta crítica e do darwinismo e a negação do elemento sobrenatural na religião também se manifestaram na Austrália. A maioria dos presbiterianos passou a ser indiferente às questões teológicas, considerando a paz da igreja mais importante que sua confessionalidade. Esse afrouxamento doutrinário culminou na coexistência de distintas influências na denominação e, eventualmente, no surgimento de grupos dissidentes. Fato não menos importante foi a criação da Uniting Church in Australia, em 1977, que reuniu presbiterianos, metodistas e congregacionais. Dois terços da membresia da PCA
aderiram a Uniting Church. O grupo que se manteve na denominação foi o dos conservadores e, desde então, o que se tem visto é uma guinada nos rumos da igreja. A PCA rompeu relações com organismos ecumênicos, tais como o World Council of Churches, e hoje faz parte da World Reformed Fellowship. Além disso, tem adotado medidas para impedir que o liberalismo teológico prevaleça em seu seio. Uma delas diz respeito ao cuidado na formação dos pastores - cuidado extensivo à recepção de ministros provenientes de outras denominações. Foi o que o Rev. Wilson Fernandes Junior vivenciou. Egresso da IPB, Wilson, 61 anos, com experiência ministerial no Brasil (Recife e São Paulo), foi enviado pelo Presbitério de Pinheiros para plantar uma igreja de língua portuguesa na cidade mais populosa do país, Sidney. Antes disso, nos anos 90, ele já havia pastoreado uma comunidade luso-brasileira em Newark, New Jersey. O projeto era fruto de um convênio de igrejas dos EUA, com apoio da Presbyterian Church of Australia. Ele e sua família desembarcaram em 2006 e imediatamente começaram a trabalhar com brasileiros ali residentes. Sob o amparo da PCA, a congregação se consolidou e originou a Primeira Igreja Presbiteriana de Língua Portuguesa em Sydney (Brazilian Christian
Church - BCC). Contudo, no transcurso dos anos, Wilson foi percebendo os desafios envolvidos no pastoreio de uma igreja de brasileiros. Dois deles, muito frequentes nesse tipo de ministério com imigrantes, são por ele descritos como “efeito sanfona” e “efeito trampolim”. “O efeito sanfona” é aquele que, devido a certos aspectos (mesma língua e cultura, inserção no grupo social, etc.), provoca o en-
e, buscando imergir na cultura, melhorar o idioma e criar vínculos que também lhe permitam oportunidades no país, passa a frequentar uma comunidade australiana. Diante da realidade de uma membresia oscilante, Wilson decidiu juntar a BCC com uma igreja presbiteriana local. Para tanto, era necessário ser ministro da PCA. Devido à danosa influência do liberalismo teológico
Em março de 2015, Wilson foi eleito pastor da Warringah Christian Church (WCC), que reúne australianos, brasileiros e outros estrangeiros. chimento da igreja. Na medida em que o compromisso com Cristo e com a congregação local são requeridos, a maioria deixa de frequentá-la. Não é incomum deparar-se com irmãos residindo ilegalmente ou vivendo maritalmente sem ser casados. Por sua vez, “o efeito trampolim” diz respeito a todo tipo de ajuda que um estrangeiro pode precisar. Após alguns meses, quando já consegue se comunicar em inglês, ele deixa a igreja
no passado da denominação, Wilson enfrentou um longo processo para ser admitido. Ele teve que ser avaliado por duas comissões. A primeira, no presbitério, após examiná-lo doutrinariamente, determinou as disciplinas que deveria estudar no seminário da PCA. Havendo cursado e sido aprovado, foi examinado pela comissão “sinodal”, onde passou por uma nova sabatina. Foram dois anos de espera. Uma vez recebido, ele conduziu
o processo de fusão da BCC com uma igreja do Presbitério Norte de Sidney. A fusão implicou em levar a cabo a revitalização do grupo e, assim, em março de 2015, Wilson foi eleito pastor da Warringah Christian Church (WCC), que reúne australianos, brasileiros e outros estrangeiros. Além de se familiarizar com o padrão escocês de presbiterianismo praticado pela PCA, Wilson menciona duas situações com as quais teve que acostumar-se. Em vez de Junta Diaconal, a WCC possui – como a maioria das igrejas da PCA - um Committee of Management que cuida de todo o patrimônio físico. Esse comitê administrativo é formado por membros eleitos pela assembleia local. Outra novidade é que, em geral, os membros não gostam de orar em público. Raríssimos são os que aceitam fazê-lo. Alguns precisam ser avisados antecipadamente e podem trazer suas orações escritas para serem lidas quando solicitados. A PCA congrega mais de 50 mil adultos e tem missionários em todos os continentes. É uma igreja que sofreu as consequências do liberalismo teológico e tem lutado para reerguer-se. Lembremos dos irmãos australianos e do casal Wilson e Zelda em nossas orações. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é historiador e colunista regular do Brasil Presbiteriano.
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REFLEXÃO
A vida é realmente imprevisível Gildásio Reis
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os últimos anos, vez ou outra, somos informados de alguma tragédia que nos deixa chocados. Recentemente tomamos conhecimento de dois acidentes aéreos. Em novembro de 2016, amantes ou não do futebol, acordamos com a notícia do acidente que vitimou o time da Chapecoense. O time de Santa Catarina embarcou para a Colômbia para disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o
Atlético Nacional. Tudo estava andando conforme o planejado. Ninguém conseguiria imaginar tamanha tragédia. Das 81 pessoas que estavam a bordo, apenas cinco sobreviventes. Mais recentemente, em janeiro desse ano, o ministro do STF, Teori Zavascki, responsável pelos casos relacionados ao maior escândalo de corrupção da história recente do nosso país, e mais quatro pessoas morreram na queda de um avião no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Nem todos sofrem aci-
dente deste tipo. Mas o fato é que há “surpresas” na nossa caminhada pela vida! Há eventos que desmancham nossos esquemas, e mudam por completo nossos planos. Nos solidarizamos, sim, com as famílias enlutadas, mas tragédias dessa natureza nos lembram que nunca sabemos quando chegará ao fim a nossa existência nesta terra. Tiago nos ensina que não temos o controle da nossa vida e nem do tempo: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é vossa vida? Sois, apenas, como neblina
que aparece por um instante e logo se dissipa” (Tg 4.14). A vida não é matemática. A vida é breve e imprevisível. Tudo pode mudar em um só instante. Por isso que Tiago (v.15) disse que devemos dizer: “Se o Senhor quiser, não só viveremos, como faremos isto ou aquilo”. A expressão “Se Deus quiser” não pode ser usada como um chavão, mas como uma expressão que nos lembra de que somos seres finitos, limitados e totalmente dependentes do Senhor.
Não sabemos o que nos acontecerá amanhã. Não temos como saber ao certo se o amanhã chegará para nós. Mas podemos crer naquele que tem o amanhã em suas mãos. Disse Jesus: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim” (Ap 21.6). A vida e o futuro podem ser imprevisíveis para nós, mas não para aquele que tem nossa vida e todo o universo em suas mãos. Portanto, “Se o Senhor quiser, não só viveremos, como faremos isto ou aquilo. ” O Rev. Gildásio Reis é capelão do Mackenzie.
IGREJA PERSEGUIDA
Esposas de pastor na Igreja Perseguida M
uitas esposas de pastor, que vivem em países onde o cristianismo é hostilizado, enfrentam violência, sequestro, abusos e ataques de todo tipo. Perdem suas casas, seus pertences e são expulsas de onde moram por causa do nome de Cristo. No mês de março, a organização cristã “Portas Abertas” produziu um texto que relembra o valor dessas mulheres. Muitas pregam e ensinam, enfrentam várias dificuldades, suportam ameaças e, muitas vezes, perdem seus maridos durante ataques
de grupos extremistas. Outras perdem a própria vida enquanto trabalham para espalhar a semente da salvação. No ano passado, Zoraida Acevedo, de 34 anos, esposa do pastor Jaime da Colômbia, foi morta a tiros na frente do marido e das quatro filhas, após um culto de domingo. Ela era líder do grupo “Mulheres em Ação” e participava de vários projetos de ajuda à comunidade. “Nossas meninas agora estão sem a mãe. É muito difícil explicar a elas por que Deus permitiu que minha espo-
sa, que sempre serviu fielmente na obra do Senhor, fosse levada para o céu dessa maneira”, lamentou Jaime. Em 2014, Yoaxis Marcheco Suarez, esposa do pastor e ativista cubano, Mario Felix Lleonart Barroso, foi presa na província de Villa Clara e pressionada a assinar uma advertência oficial que pode ser usada como justificativa para prisões futuras e acusações criminais. A esposa do pastor lutava pela liberdade religiosa no país. Casada com Yousef Nadharkani, Tina chegou a
ser sentenciada com prisão perpétua por crime de apostasia, no ano de 2010. Ela foi libertada depois de uma audiência de apelação. Mas até hoje enfrenta muitas dificuldades porque o governo iraniano continua perseguindo seu marido incansavelmente. Em 2016, ele foi novamente acusado pelo Tribunal Revolucionário do Irã, na cidade de Rasht, por ações sionistas e por evangelizar muçulmanos. Muitas outras esposas de pastor, que vivem em países onde o cristianismo é hostilizado, enfrentam
violência, sequestro, abusos e ataques de todo tipo. Perdem suas casas, seus pertences e são expulsas de onde moram por causa do nome de Cristo. Fonte: www.portasabertas.org.br
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EDUCAÇÃO CRISTÃ
Congresso Regional de Educação Cristã Uma iniciativa do Conselho de Educação Cristã e Publicações da IPB (CECEP), na Universidade Mackenzie Rio – nos dias 26 e 27 de maio, com 13 oficinas sobre assuntos práticos para o treinamento de líderes de educação cristã de todo o Brasil
C
om o tema Ensino e Aplicação: Educação e vida com base na Palavra, o congresso será realizado na cidade do Rio de Janeiro – Universidade Mackenzie Rio – nos dias 26 e 27 de maio. O valor de investimento é de R$80,00 até 30 de abril e de R$140,00
a partir de 1º de maio. A inscrição só será efetivada após confirmação de pagamento (cartão de crédito, cheque nominal, boleto ou depósito identificado/ TED). Os palestrantes convidados serão Rev. Heber Carlos de Campos Jr., pastor
da IP de Limeira (SP) e Rev. Roberto Brasileiro, presidente do SC da IPB. Além das preleções dos dois pastores presbiterianos, a programação conta com a participação especial de Rev. Cláudio Marra (Editora Cultura Cristã), Rev. Haveraldo Vargas Jr.
OFICINAS
O Ensino na Classe de jovens Alexandre Henrique Moraes de Almeida O presbítero e o ensino na igreja Cláudio Marra Organização curricular na sua ED Eduardo Assis Ensino nas classes de adolescentes Haveraldo Vargas Jr. As aplicações e a prática cristã Heber Carlos de Campos Jr.
Preparação do adolescente para a faculdade Joel Theodoro O culto das crianças José Maurício Nepomuceno Discipulado para adolescentes Leninha Maia Didática para o ensino de crianças (oficina em 2 períodos) Márcia Barreto Como ler a Bíblia para preparar a lição Mauro Meister Como preparar estudos bíblicos a partir de livros Misael Batista do Nascimento Ensino de pré-adolescentes e juniores (oficina em 2 períodos) Roberta Fonseca Didática de aulas para jovens e adultos (oficina em 2 períodos) Sandra Marra
(IP das Américas – RJ), Rev. Mauro Meister (Diretor do Andrew Jumper) e Márcia Barbutti (Editora da Cultura Cristã). O congresso oferece 13 oficinas práticas na programação, e cada participante poderá escolher até 4 oficinas ao inscrever-se.
As inscrições já estão abertas no site www.editoraculturacrista.com.br/ congresso/ Mais informações e programação completa, também no site do evento, ou pelo telefone 0800-0141963.
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REFORMA 1517 - 2017
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Clausura ou Reforma? Solano Portela
Uma das questões ignoradas nas últimas décadas é o impacto do cristianismo na civilização ocidental. Pessoas assumem valores que conservam a sociedade coesa, como se sempre tivesse sido assim e como se isso fosse continuar para sempre. Crentes se alienam em exercícios semanais de devoção e excitação espiritual com poucos reflexos morais em seu meio. Vivem de domingo a domingo, ansiando pelos ajuntamentos, sem serem sal da terra e luz do mundo. Esquecem-se das lições da História, de que com a sua mensagem e influência a Reforma do século 16 tirou a civilização ocidental da Idade das Trevas. Descrentes querem viver a vida moral dissoluta, mas dentro de uma estrutura social que garanta sua segurança, seus bens, seu progresso profissional, sua voz de reclamar, de reivindicar, de usufruir do avanço da ciência e dos bens de consumo, sem se aperceberem de que tais “direitos” vieram porque a cultura judaico-cristã influenciou a construção da sociedade em que estamos acostumados a coexistir. Estão cegos quanto ao obscurantismo que impera nas regiões onde a influência do cristianismo
cessou de existir, ou ainda não chegou. Não enxergam os exemplos presentes e que a norma, para uma humanidade caída em violência e pecado, é a desvalorização da vida que se observa onde impera o islamismo, ou o
ênfase à questão de segurança tem levado à criminalidade desenfreada (pelos valores cristãos, esse seria o propósito principal do governo, segundo Rm 13.1-7). A ignorância do valor da honestidade (pelos valores
lher) tem desfigurado a célula mãe da sociedade e desnudado um futuro grotesco em que o comportamento pecaminoso é glorificado e elevado como expressão máxima da liberdade individual, que se coloca aci-
hedonismo cruel das ditaduras despóticas que adoram algum autoeleito “líder supremo”. Na medida em que valores cristãos vão sendo ridicularizados e descartados, essa sociedade vai se fragmentando. Não é surpresa para ninguém que a falta de
cristãos, a cobiça é condenada) permeia não somente os políticos e empresários corruptos, mas as pessoas comuns, que também querem levar vantagens indevidas. O descaso pela instituição do matrimônio (pelos valores cristãos, é a união entre um homem e uma mu-
ma de qualquer padrão ou princípio. O desrespeito à propriedade (pelos valores cristãos, o mandamento “não furtarás”, continua válido, como os demais que regulam as relações entre os semelhantes) tem levado a protestos ou reivindicações com quebra-quebras, inva-
sões, apropriações e espoliações do que é alheio. Nesse cenário, algumas vozes, conscientes dos benefícios de uma sociedade firmada em princípios cristãos, têm proclamado que devemos esquecer essa sociedade que conhecemos e admitir que perdemos a guerra cultural. O mal venceu. A situação não vai melhorar e estamos fadados ao ostracismo, à rejeição, ao ridículo e até à extinção como tribo defensora de valores e princípios ultrapassados. Muitos têm abraçado esse entendimento. O que fazer, então? A escritora Leah Farish1 menciona respostas de autores fora do campo evangélico. O russo-ortodoxo Rod Dreher escreveu um livro intitulado The Benedict Option (A Opção Benedito), que vem causando discussão até em meios reformados. Nesse livro, analisando a sociedade norte-americana, ele aponta a perda inexorável dos limites de civilidade e a crescente hostilidade aos princípios cristãos, de tal maneira que não há mais clima de diálogo, promoção ou aprendizado dos valores cristãos. A solução, para aqueles que ainda prezam esses valores, seria se fecharem em comunidades nas quais esses princípios seriam observados. Um outro autor, dessa
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feita católico romano, Alasdair McIntyre, tem ideias semelhantes e advoga essa clausura de autopreservação para que essa nova idade das trevas, na qual reinarão bárbaros filosóficos, possa ser atravessada.2 As referências da Opção Benedito, são, em parte, a pontuações feitas pelo Papa Bento XVI3 (ou Benedito XVI). No entanto a lembrança é levada, mais especificamente, ao Benedito (ou Bento) do 6º século d.C. (480-547 – não confundir com o Benedito do século 16, 1526-1589), quando os cristãos fugiram dos bárbaros e se agruparam no deserto, carregando consigo o germe redentor da civilização que estava em perigo. A referência é que a barbárie demanda o retorno a um isolamento em mosteiros. Mas essa análise está correta? Sem descartar a precisa visão dos problemas filosóficos, éticos e comportamentais que nos assolam, as soluções apresentadas não se harmonizam com uma compreensão bíblica adequada, resgatada pela Reforma do século 16. A Bíblia não ensina o monasticismo como solução à pecaminosidade do mundo (“Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”, Jo 17.9), mas o envolvimento firmado na verdade, porque somos “sal da Terra” (Mt 5.13), preservando a sociedade na qual vivemos; e “luz do mundo” (v.14); luz no meio das trevas, apontando os caminhos e revelando a iniquidade
pelo contraste com a verdade proclamada. Com isso parece concordar Leah Farish, que diz, no artigo já citado: “a Opção Benedito contrasta com as raízes da fé reformada”! As 95 teses de Lutero foram um manifesto explosivo contra a cultura reinante; Calvino lutou para reformar o pedaço de civilização sobre o qual tinha autoridade e sua influência sobre a cultura ocidental é imensurável. Há validade na sugestão dos crentes verdadeiros se agruparem, em reflexão, para estudarem a Palavra e delinearem estratégias sobre a batalha na qual estamos envolvidos, mas nunca recorrer à formação de um gueto cristão. Leah Farish relembra que os judeus, durante a Segunda Guerra, na Polônia, inicialmente ficaram satisfeitos em ser colocados em guetos. Afinal, iam poder viver em paz, sem perseguição, e praticar sua religião. Mas, o extermínio foi o passo subsequente. Como Paulo, reivindiquemos nossa “cidadania romana”, e proclamemos o que temos de proclamar! 1 Artigo postado no site da World Reformed Fellowship (WRF): Is The Benedict Option an Option?, disponível em: http://wrfnet.org/articles/2017/03/wrf-member-leah-farishasks-benedict-option-really-option#. WNJ8rYWcGP8 2 Vide: http://www.catholic.org/news/ national/story.php?id=34057 3 Por exemplo: “Estamos nos movendo em direção a uma ditadura do relativismo, que não reconhece nada como certo e cujo objetivo supremo é o ego e os desejos de cada um”, citado em: http://www.catholic.org/ news/national/story.php?id=34057
Solano Portela é colaborador regular no BP
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Acontecimento
Calvino e
Em 1553, o médico espanhol Miguel Serveto fo Genebra. Em artigo escrito em abril de 2012, presidente do SC da IPB, discorreu sobre ess “Preciso dizer desde o início que minha intenção não é justificar a participação de Calvino no incidente. Não posso concordar com a pena de morte como castigo para a heresia, muito menos se o método de execução é queimar vivo o faltoso. Até mesmo os maiores heróis do passado tomaram decisões e fizeram declarações que nos causam, séculos depois, estranheza e discordância. Calvino não é nenhuma exceção. Meu alvo neste artigo não é defendê-lo como se ele fosse sem defeitos. É claro que ele os tinha. É claro que ele errou. Mas penso que, particularmente no caso envolvendo a execução de Serveto por heresia em Genebra, durante o tempo em que Calvino ali ministrava, nem sempre vozes se têm levantado para apresentar outra versão dos fatos, versão essa enraizada em documentos confiáveis. Episódios do passado devem ser entendidos à luz dos conceitos e valores da época em que ocorreram. Meu alvo é ex-
por alguns deles que estavam vigentes na época de Calvino, bem como trazer dados frequentemente ignorados sobre o episódio. Não podemos justificar Calvino por pedir a pena de morte para Serveto, mas podemos entender os motivos que o levaram a isso. Testemunhas que viveram em Genebra, logo após a cidade haver abraçado a Reforma protestante, a viram como “o espelho e modelo de verdadeira devoção, um abrigo para os refugiados perseguidos por sua fé, um lugar seguro para treinar e enviar ao estrangeiro soldados do evangelho e ministros da Palavra”. Logo que Genebra abraçou a Reforma oficialmente e cortou suas lealdades para com o bispo e Duque de Savóia, a cidade foi inundada por refugiados de toda a Europa. Da noite para o dia Genebra se tornou, depois de Wittenberg, Zurique e Estrasburgo, um monumento da fé protestante. Em 25 de outubro de
1553 o Conselho municipal emitiu o decreto que condenava Miguel Serveto a ser queimado na estaca por heresia. De fato, foi Calvino quem o denunciou e quem pediu a pena de morte para ele. Vejamos agora o contexto em que isso aconteceu. 1. A pena de morte por heresia era prática geral da Idade Média. 2. Serveto chegou a Genebra fugido de Viena e da França, onde havia sido condenado à morte pela Igreja Católica, sob a acusação de heresia contra a Trindade. 3. Serveto veio a Genebra apesar dos avisos de Calvino de que isso poderia lhe custar a vida. 4. Chegando em Genebra, se fez conhecido de Calvino em público. Foi preso e, embora Calvino fosse um teólogo e advogado treinado (havia mesmo sido empregado pelo Conselho municipal para traçar a legislação relativa à previdência social e ao planejamento dos serviços de saúde pública), mesmo assim, não foi o
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os na Reforma
e Serveto
oi executado por heresia contra a Trindade, em , Rev. Augustus Nicodemus Lopes, atual vicese famoso episódio envolvendo João Calvino. promotor do processo eclesiástico contra Serveto. Lembremos que ele não tinha nem os mesmos direitos de um cidadão comum! 5. Calvino aceitava a pena de morte, não somente para os que matavam o corpo de seus semelhantes, mas também para os que lhes matavam a alma através do veneno mortal do erro religioso. 6. Por outro lado, não foram as convicções teológicas de Calvino que o levaram a isso. Não se pode culpar as suas convicções, particularmente sua firme crença na soberania de Deus, pela execução de Serveto. 7. Calvino havia se correspondido com Serveto e há alguma evidência nessas cartas de que ele tinha tentado até mesmo se encontrar clandestinamente com o antitrinitário para tentar convencê-lo do seu erro. 8. Há outro fato a ponderar. Quando foi dada a Serveto a escolha da cidade onde seria julgado, ele escolheu Genebra. A outra
opção era Viena, de onde viera fugido. Por alguma razão, ele deve ter pensado que suas chances de sobrevivência eram melhores em Genebra. Porém, o Conselho municipal da cidade, conduzida pela facção dos Libertinos, totalmente contrários a Calvino, estava determinada a mostrar que Genebra era uma cidade reformada e comprometida com os credos. E assim, Serveto foi condenado a ser queimado vivo. 9. Calvino suplicou ao Conselho que executasse Serveto de uma maneira mais humanitária do que o ritual tradicional de queima de hereges. Mas, claro, o Conselho municipal recusou o argumento de Calvino. A execução de Serveto foi aprovada por todas as demais cidades-estados reformadas, e por todos os reformadores. Lutero e Zuínglio já haviam morrido, mas certamente haveriam concordado. Os demais, Bullinger, Beza, Bucer, etc.... todos deram apoio irrestrito a Calvino.
Durante esse mesmo período, a propósito, trinta e nove hereges foram queimados em Paris, vítimas da Inquisição católica, que estava sendo aplicada com rigor na Espanha e Itália, e outras partes de Europa. Apesar de que muitos que não eram ortodoxos buscaram (e encontraram) refúgio em Genebra, fugindo das autoridades católicas, Serveto foi o único herege a ser queimado lá durante a carreira distinta de Calvino. O puritano Oliver Cromwell, líder do Parlamento inglês por uma época, mais tarde tornou a Inglaterra um abrigo seguro para os dissidentes religiosos, e especialmente para os judeus. O mesmo ocorreu nos Países Baixos (atual Holanda). E mesmo hoje, Genebra e Estrasburgo, outrora reformadas, figuram no topo da lista como cidades que se destacam em termos de direitos humanos e relações internacionais. Calvino era um pastor atencioso, que visitou pacientes terminais de doen-
ças contagiosas no hospital que ele mesmo havia estabelecido, embora fosse advertido dos perigos de contato. Foi ele quem instou o Conselho a afiançar empréstimos a baixos juros para os pobres. Foi ele quem defendeu a educação universal, livre para todos os habitantes da cidade, como Lutero e os outros reformadores tinham feito. Sua preocupação diária em 1541 era como dar a Genebra uma Universidade. Em 27 de maio de 1564 João Calvino faleceu, aos cinquenta cinco anos.
Quando à noite as notícias da sua morte se espalharam pela cidade, “Genebra lamentou como uma nação lamenta quando perde seu benfeitor”, escreveu Penning. O Rev. Augustus encerra: “A execução de Serveto permanece como uma mancha na história da carreira distinta de Calvino em Genebra. Usá-la, porém, para denegrir sua imagem, para atacar a sua teologia, e para envergonhar os calvinistas, é expediente preconceituoso de quem não deseja ver todos os fatos”.
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Calvino e Farel
A Reforma em Genebra Em uma das suas viagens em 1536, Calvino passou a noite em Genebra, cidade de cerca de treze mil pessoas. Era socialmente próspera, mas de baixo nível moral. Fazia muito pouco tempo que ali triunfara a Reforma sob a liderança do garboso pregador Guilherme Farel. A cidade conquistara sua independência numa guerra contra seu bispo, que era também senhor feudal. Nesse tempo a cidade declarou-se protestante, mas Farel verificou que o que se tinha feito era apenas o início da luta, e que a cidade, tendo a vida desorganizada, necessitava urgentemente de uma obra poderosamente construtiva, tanto no terreno moral como no religioso. Reconheceu-se incapaz de levar avante semelhante tarefa. Perplexo sobre o que fazer, ouviu a notícia de que o notável reformador e culto francês estava na cidade, naquela noite. Os excelentes dons intelectuais de Calvino o assinalavam como o homem de quem a cidade necessitava. Mas seu grande desejo de continuar nas pesquisas intelectuais fê-lo recusar-se a ouvir os insistentes pedidos
de Farel. E só por causa de uma oração na qual Farei afirmara que Deus amaldiçoaria Calvino, se este recusasse o convite da cidade, conseguiu Farel que ele se decidisse à grande obra que ali o esperava. Iniciadas as suas atividades, em pouco tempo o tra-
exilados pelas perseguições. Aqui identificou-se Calvino com muitos líderes da Reforma e foi reconhecido como um dos mais capazes entre eles. Em Genebra as coisas iam de mal a pior. Os seus habitantes que reconheceram a capacidade e a digni-
propósito resoluto: tomar Genebra uma cidade cristã modelo, uma comunidade cuja vida fosse realmente dirigida pelo cristianismo. Isto não era somente e principalmente por amor a Genebra. Calvino queria que a cidade fosse de tal modo cristianizada
balho de Calvino resultou em desastre. Muita gente não estava com o coração predisposto à Reforma, e a oposição dessa gente resultou na expulsão dele e de Farel. Passaram então passou três anos em Estrasburgo, em uma igreja de protestantes franceses
dade de Calvino quando da primeira tentativa, insistiram para que ele voltasse. Depois de muita relutância, aceitou, em 1541, um lugar entre os pregadores da cidade, o único ofício que jamais exerceu. Embora tivesse vindo sem muito desejo, a sua volta teve um
que se tornasse uma fonte de inspiração e poder para o protestantismo em toda parte. Ele viu que a Igreja Romana tentaria uma tremenda luta para readquirir o que já, há muito tempo, havia perdido, e sentiu-se como um general à frente de grande campanha, com
responsabilidade do êxito da causa inteira. Os meios pelos quais se propusera tomar Genebra uma comunidade cristã foram: uma igreja totalmente reorganizada; leis que expressassem a moral bíblica; um sistema educacional de primeira ordem. Quanto à igreja, devemos lembrar que a igreja protestante de Genebra incluía toda a população. Antes da chegada de Calvino, a cidade toda tinha decidido aceitar o protestantismo. Assim a reorganização da igreja afetaria toda a comunidade. Os planos de Calvino para a igreja incluíam um ministério educado e cuidadosamente escolhido, fiel aos deveres claramente indicados. Assim Calvino criou o ofício do moderno ministro protestante. Cuidou também do exercício eficaz da disciplina na igreja por meio do Consistório, que era composto dos presbíteros, cujo dever era vigiar a conduta do povo e dos ministros. Logo após, cuidou da administração da beneficência na cidade por intermédio dos diáconos. História da Igreja Cristã, Robert Hastings Nichols. São Paulo: Cultura Cristã. 14ª edição, 2013, p.175.
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MEMÓRIA PRESBITERIANA
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SUPREMO CONCÍLIO
Comissão Executiva – SC Foto: Rev. Geraldo Silveira
Pergunta aos meninos: O que disse Cristo que o Espirito Santo, o Consolador, haveria de fazer em nosso proveito ? Ele vos ensinará todas as coisas. Como o que o Espirito nos revela as coisas concernentes a Deus? Pelas Escripturas. Qual foi a origem da Bíblia? Os homens santos de Deus é que escreveram, inspirados pelo Espirito Santo.
CURSO DE CAPELANIA HOSPITALAR 15 A 18 DE JUNHO DE 2017 R$300,00 (até 31/05/17) SÃO PAULO/SP **O curso é presencial e livre, aberto ao público cristão evangélico.
Informações e inscrições:
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Rev. Juarez Marcondes Filho (Secretário Executivo), Rev. Roberto Brasileiro (Presidente), Rev. Augustus Nicodemus Lopes (Vice-presidente) e Presb. José Alfredo M. de Almeida (Tesoureiro).
A
Comissão Executiva (CE) do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, reuniu-se ordinariamente, de 28 a 31 de março de 2017, na sede da IPB, contígua à Igreja Presbiteriana Nacional, em Brasília/DF. De acordo com os organizadores, cerca de 83 sínodos estiveram presentes com seus representantes, e os documentos que foram enviados até o prazo entraram para discussão e aprovação/reprovação. O Rev. Roberto Brasileiro realizou a exposição bíblica no culto de abertura da reunião, baseado no texto do evangelho de Mateus, capitulo 8, sobre a segunda multiplicação de pães e peixes. A ênfase do pregador foi a confiança que os servos de Deus precisam ter, pois ele é o Senhor de todas as coisas, aquele que multiplica de acordo com sua boa e so-
berana vontade. Até o fechamento desta edição, os assuntos específicos dos documentos apresentados, não haviam sido divulgados. SAIBA MAIS Na Igreja Presbiteriana do Brasil as reuniões do Supremo Concílio ocorrem a cada quatro anos, tendo uma representação que soma a cerca de 900 deputados. Os documentos, oriundos dos presbitérios, seguem para o secretário executivo do Supremo Concílio. Este, por sua vez, os distribui às comissões permanentes, que apresentam os seus relatórios, que baixam novamente aos presbitérios. Concordando com o parecer dessas comissões permanentes, eles simplesmente votam favoravelmente; os presbitérios que não concordarem, ou que tiverem algum ponto a
ser acrescentado ao relatório, ou sugestões, remetem seus pareceres ao secretário executivo do Supremo Concílio, que faz baixar às comissões permanentes, para o relatório final. Os delegados ao Supremo Concílio participam do plenário e têm a responsabilidade de votar matérias já estudadas, consolidadas e com consenso. A Igreja é representada ativa, passiva, judicial e extrajudicialmente pelo presidente do Supremo Concílio, ao qual também compete: presidir às reuniões do Supremo Concílio e da Comissão Executiva; representar a Igreja internamente bem como em suas relações inter-eclesiásticas, civis e sociais. O atual presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil é o Rev. Roberto Brasileiro Silva, eleito no ano de 2002, reeleito em 2006, 2010 e 2014.
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RESENHA
Doutrinas da Fé Cristã Uma teologia sistemática para os peregrinos no caminho Heber Jr
O
Michael Horton é o Professor de Teologia Sistemática e Apologética no Seminário Westminster na Califórnia. É autor de mais de vinte livros, entre os quais uma série dogmática de quatro volumes (publicada por Westminster John Knox) que apresenta teologia academicamente, em diálogo com várias vozes contemporâneas de uma ampla gama de posições confessionais. A discussão teológica mais popular de Horton é amplamente conhecida através da revista Modern Reformation, um programa de rádio intitulado White Horse Inn, e vários livros que fizeram dele um importante porta-voz da teologia Reformada envolvendo a cultura contemporânea. Doutrinas da Fé Cristã é uma teologia sistemática que encontra equilíbrio entre essas duas tendências em Horton: o diálogo com as vozes acadêmicas contemporâneas e a preocupação em ensinar teologia aos leigos. Essa via media é um atributo importante desse volume. A estrutura de seis partes do trabalho tem uma abordagem centrada em Deus: “Conhecer Deus” inclui prolegômenos e Sagrada Escritura; “Deus que vive” abrange o ser
de Deus; “Deus que Cria” engloba as obras de Deus e a antropologia; “Deus que salva” inclui a cristologia; “Deus que Reina em Graça” abrange soteriologia e eclesiologia; E “Deus que Reina em Glória” trata da escatologia. Essas seis partes são precedidas por uma introdução que apresenta de novo o esforço teológico, que não se encaixa na acusação comum à teologia proposicional como desconsiderando o drama. Horton apresenta um caminho mnemônico de quatro partes para os cristãos, que começa com
o drama (criação, queda, redenção e consumação) mostrando que o cristianismo trata de eventos históricos, passa à doutrina que define nossa compreensão do drama, prossegue para a doxologia (Louvor), e termina com o discipulado, que é o estilo de vida do cristão caminhando para a Cidade de Deus. Esse não é um caminho rígido de quatro estágios na vida da fé, mas o padrão que ilumina tanto os períodos de Reforma quanto o declínio na Igreja (p.25). Esse levantamento do caminho teológico cristão
Michael Horton, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2017, 1.104 páginas.
retorna em outro lugar do trabalho (p.205-18, 309-13, 646), exemplificando assim a capacidade de Horton de interligação em um livro de mil páginas. Horton aplica os paradigmas de Paulo Tillich para superar o estranhamento e encontrar um estranho às cosmovisões (p.36-47), compreensões da revelação (p.115), epistemologia e doutrina (p.221) e identidade humana. A distinção entre lei e evangelho aparece nos prolegômenos (p.91, 136-39), antropologia (p.385-86, 395-96, 429), soteriologia (p.629, 633-34, 649, 679), eclesiologia (p.712, 717, 755), e todo o caminho até a escatologia (p.982). Essa continuidade da linguagem permite uma conexão rara, mas saudável, entre os loci teológicos. Os capítulos estão ligados de tal maneira que essa teologia sistemática é lida como um livro, não uma compilação de doutrinas separadas. A correlação doutrinária ao longo do trabalho é ainda mais marcante com o pacto como uma estrutura teológica do sistema. A aliança é o modelo ontológico governante apresentado no início da obra (p.4147); Horton a desdobra não como um locus separado com seu próprio capítulo, mas como um motivo entrelaçado (não um dogma cen-
tral, p.29) que reaparece em todo o livro. A Escritura é o cânone da aliança (cap.4); a doutrina é desenvolvida pactualmente (p.210-18); o planejamento e a atuação da Trindade são exibidos na aliança da redenção (p.330); a graça comum é
Michael S. Horton (PhD, University of Coventry e Wycliffe Hall, Oxford) é Professor de Teologia Sistemática e de Apologética no Westminster Seminary, Califórnia, e pastor auxiliar da Christ United Reformed Church, em Santee, Califórnia. É autor ou organizador de mais de vinte livros, entre outros A Grande Comissão, A Lei da perfeita liberdade, As Doutrinas da Maravilhosa Graça, A Vida segundo o Evangelho, Creio, Cristianismo sem Cristo, Cristo o Senhor, O Cristão e a Cultura, O Deus da Promessa, Um Caminho Melhor, todos esses da Cultura Cristã.
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Nos dias 30 e 31 de agosto e 1º de setembro de 2017 o Dr. Michael Horton estará no Brasil participando da Conferência “A relevância da reforma para o século 21”. Promovida pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e Chancelaria da Universidade Presbiteriana Mackenzie a conferência celebrará os 500 anos da Reforma Protestante e avaliará sua presença em nossos tempos. A palestra final do Dr. Horton será “A Reforma terminou?” Em breve as inscrições estarão abertas em http://cpaj. mackenzie.br uma promessa da aliança de Noé (p.367); pecado é a violação da aliança da criação (p.415-31); o reino de Cristo está ligado a vários pactos na história da redenção (p.537-42); a justificação e a adoção destacam tanto o aspecto jurídico como o relacional do pacto (p.632, 645); e até mesmo uma forma específica de governo da igreja está ligada à aliança (p 854-61). A ênfase de Horton na aliança é única e estimulante. Sua singularidade está no fato de que Doutrinas da Fé Cristã é sem dúvida a única teologia sistemática moderna que toma a aliança como a moldura estrutural mais enfatizada da teologia. Baseado na obra exegética de Meredith Kline, Horton está sempre conectando os vários pactos históricos com doutrinas diferentes. O aspecto estimulante é como as conexões lançam luz sobre novos padrões de pensa-
mento. Por exemplo, quando afirma que a relação de aliança é essencial para a natureza humana (p.38081, 384, 397, 425), pode-se dizer que a Confissão de Fé de Westminster (VII.1) apresenta “condescendência voluntária por parte de Deus” acrescentada à nossa obediência natural ao Criador. No entanto, Horton quer sublinhar o aspecto relacional da imago Dei em vez de uma determinada substância ou faculdade, e como o pecado é o estrago da relação e como a redenção a restabelece. Todo projeto dogmático dessa amplitude tem de escolher o que enfatizar e o que sintetizar ou deixar para trás. Essa obra tem capítulos inteiros sobre doutrinas como a união com Cristo (cap.18) e glorificação (cap.21), longas seções sobre epistemologias filosóficas alternativas (p.57-77), a ordem do decreto de Deus (p.315-23)
E a história dos debates mileniais (p.920-33). Por outro lado, há muito pouco sobre a pessoa do Espírito Santo; sua seção sobre a política da igreja (p.85461) omite qualquer discussão de vários modelos de governo eclesiástico; há apenas um parágrafo sobre a distinção homem-mulher (p.391); não trata a natureza da imputação do pecado; e sua escatologia não desenvolve alguns sinais significativos da segunda vinda de Cristo (pregação a todas as nações, apostasia e tribulação). Isso não é uma crítica às escolhas de Horton, mas um lembrete aos leitores de que nenhum resumo das doutrinas poderia ser chamado definitivo porque envolve deixar de fora algumas coisas. No entanto, as ênfases são geralmente as contribuições mais notáveis de um livro para os nossos estudos. Além dos temas
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Reformados que já mencionamos (aliança, lei e evangelho), outras ênfases tornam-se ferramentas úteis para o estudante de teologia. Primeiro, Horton é cuidadoso sempre apresentando seções exegéticas e históricas para praticamente todas as principais doutrinas. A exegese fornece a topografia de uma doutrina antes que se possa traçar um mapa de ruas, uma referência às conexões lógicas da teologia sistemática (p.29). A preocupação histórica não abrange apenas períodos diferentes da história da igreja, mas os credos e confissões revestidas de autoridade sobre as quais a igreja cristã cresceu. Em segundo lugar, Horton dialoga criticamente com as teologias modernas, como os modelos de revelação de Avery Dulles (p.113-15, 123-26), as fontes de teologia de Stanley Grenz (p.169-73), os modelos de doutrina de George
Lindbeck (p.113-15, 12326), o supralapsarianismo de Karl Barth (p.317-23), a visão de impugnação de Robert Gundry (p.637-40) e a escatologia de Jürgen Moltmann (p.930-33), fornecendo assim a interação contemporânea que falta em dogmáticas mais antigas. Além disso, Horton é sempre cuidadoso na escolha da melhor literatura referida nas notas de rodapé para futuras pesquisas. Essas qualidades são suficientes para tornar esse volume um guia muito útil para os estudantes de teologia, não só para entender melhor a doutrina, mas para renovar a sua maravilha com a história (drama), para elogiar o escritor de tal enredo (louvor), e para seguir seu chamado neste mundo (discipulado). O Rev. Heber Carlos de Campos Jr. é pastor da IP Aliança (Limeira, SP), membro do Conselho Editorial da Cultura Cristã e Professor de Teologia Sistemática e Teologia Histórica no JMC e no Andrew Jumper.
Missão Evangélica Caiuá – Hospital e Maternidade Porta da Esperança A Missão Evangélica Caiuá está contratando 05 profissionais/missionários da saúde para atuarem no Hospital e Maternidade Porta da Esperança, sendo: 03 médicos/missionários (01 Obstetra, 01 Pediatra e 01 Clínico Geral) e 02 enfermeiras/missionárias obstétricas. Oferecemos salário compatível com o mercado, moradia e ambiente cristão. É necessário que tenha o chamado para trabalhar em campo missionário, especialmente em Missão Transcultural, uma
vez que trabalhará em um hospital cujo público é 99% indígenas das etnias Caiuá, Guarani e Terena. Enviar Currículos para: MISSÃO EVANGÉLICA CAIUÁ E-mail: mcaiua@uol.com.br e escritoriomecadm@gmail.com Caixa Postal 04 Rod. Dourados/Itaporã Km 02 - Zona Rural 79.804-970 - Dourados – MS
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O CONSULTÓRIO BÍBLICO REVISITADO
Loteria e torcida nos esportes Editoria assinada primeiramente pelo Rev. Galdino Moreira (1889-1982) e em seu último formato redigida desde 1977 pelo Rev. Odayr Olivetti até seu falecimento (1928-2013) Odayr Olivetti
Pergunta – “Não é certo que, se o crente não deve jogar na loteria esportiva, tampouco deve torcer?” Resposta: consideremos: O jogador e o torcedor podem ser ocasionais ou habituais. Mas essas duas semelhanças podem gerar diferenças. No primeiro caso, torcer ocasionalmente não é mau, porque não passa de simples distração; jogar ocasionalmente na loteria esportiva já levanta problemas, porque envolve investimento financeiro (feito por muitos) e esperança de lucro desproporcional ao investimento e concentrado em poucas mãos. No segundo caso, a diferença é maior e mais grave. Torcer habitualmente pode ser ou não mau hábito, dependendo da natureza do envolvimento do torcedor (puro gosto; apostas; parentesco ou amizade com jogadores; fanatismo; etc.). Jogar é mau hábito e equivale a vício. Todo vício é nocivo e condenável. Há um terrível aspecto em que torcer e jogar se equivalem: é quando impera o fanatismo. Neste item vimos aspectos em
que torcer e jogar são semelhantes e diferentes como expressões de envolvimento emocional ou psicológico da pessoa. Quanto possa julgar a minha acuidade mental, já na breve exposição feita se pode ver que, embora as distinções ainda sejam um tanto nebulosas, a espada da justiça fere mais o jogador que o torcedor. Biblicamente, a questão deve ser analisada pela perspectiva da filosofia cristã do trabalho e do lucro. Não pretendo fazer exposição exaustiva disso, mas apenas citar alguns pontos. 1. O trabalho, originado antes da Queda (Gn 2.15,18-19), é a fonte natural do lucro para sustento (2Ts 3.10) e para progresso (Gn 12.5; 13.2; 14.23, ver o contexto; as riquezas de Jó: 1.1-3). 2. O lucro excessivo ou obtido por meios que não resultem do trabalho honesto são condenados (Pv 11.1; Pv 10.2-3; Sl 15.5; Tg 5.4). 3. A ociosidade e a falta de espírito progressista são condenadas (Pv 6.6-11; 12.24,27; 14.23; 19.15; 21.25; 22.13; 26.13-16; 30.25; Ec 10.15,18).
4. A avareza (que, em essência, é amor ao dinheiro, e que é identificada com a idolatria) é condenada (Êx 18.21; Lc 12.15; Rm 1.29,32; 1Co 5.9-11; 6.10; Ef 5.5; 1Tm 6.10; Hb 13.5; 2Pe 2.3,12-19). Segundo essas e outras passagens relacionadas com o assunto em foco, onde acharíamos aprovação do lucro obtido através do jogo? Lucro ocasional de poucos, graças ao prejuízo habitual de muitos? Lucro não decorrente de trabalho realizado pelos ganhadores? Como comparar isso com aqueles que, de modo razoável, ordeiro e decente, torcem por alguma equipe desportiva? Particularmente, se o torcedor reserva o dia do Senhor para o Senhor e sua causa e, em face do desafio de prestar algum serviço social ou espiritual em vez de assistir a algum jogo, renuncia a isto e faz aquilo? Os aspectos relacionados com o profissionalismo do esporte, dos jogos nos domingos e do ambiente nos estádios pertencem a outro campo de discussão, e devem ser analisados como realidades complementa-
res das outras atividades exercidas neste mundo mau (Rm 3.9-18). Feliz aquele que procura realizar em sua vida diária o que constitui uma das mais belas e edificantes exortações apostólicas: “(...) irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é
puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus de paz será convosco” (Fp 4.8-9).
Fundo UPH A Confederação Nacional de Homens Presbiterianos (CNHP) da Igreja Presbiteriana do Brasil, tem um Fundo Nacional de Investimento Voluntário dos Homens Presbiterianos (Fundo UPH). O objetivo geral do FundoUPH é levantar recursos financeiros voluntários junto aos homens presbiterianos de todo o país, para viabilizar ou potencializar os projetos das UPHs, de Federações, Confederações Sinodais e Confederação Nacional, objetivando multiplicar as ações evangelísticas e missionárias dos homens no Brasil e fora dele. Anualmente, todas as UPHs, as Federações e as Confederações podem submeter projetos à CNHP, que serão avaliados e priorizados pela diretoria e pela Comissão Executiva da CNHP. Para mais informações, acesse: www.uph.org.br
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MEDITAÇÕES
Beco sem saída “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas” (2Jo 10). Frans Leonard Schalkwijk
O
velho apóstolo João escreveu uma cartinha a certa igreja expressando seu desejo de visitá-la, pois havia nela pregadores que ultrapassavam a doutrina de Cristo (2Jo 9). Ele não explicou qual era a heresia, mas a igreja sem dúvida conhecia o problema. Provavelmente, tratava-se do
ensino negando que Jesus Cristo era realmente humano (1Jo 4.2). Não era estranho que essa heresia tivesse aparecido na igreja, porque o espiritualismo estava no ar e tudo que fosse matéria era considerado como mau. Então, talvez Jesus fosse homem e Cristo espírito? Ou talvez Jesus parecia homem, mas não era? Duas “soluções”,
ambas claramente contra o que tinha sido revelado (1Jo 1.1). Hoje em dia os desvios da Palavra de Deus parecem diferentes, mas na realidade não o são. Sempre são de dois tipos básicos: os que acrescentam, e os que subtraem da Escritura, se desviando para a direita ou para a esquerda. Roma acrescenta, liberais tiram. Os nomes mudam, mas as tendências ficam. Desvios são como correntezas que puxam para um lado; podem ter até redemoinhos com sucção
forte. Ou, pensando no tecer de um pano, uma heresia é como quando o fio fica preso num ponto criando um nó. Agora João nos adverte para não mexermos com certas coisas, nem por amizade. No Brasil há muito espiritismo. Devemos ter cuidado para não nos contaminarmos com essas coisas, nem por curiosidade, pedindo a alguém para ler nossa mão, ou mexer com tábua ouija. Por outro lado percebemos hoje um crescente materialismo. O pensar humano oscila entre
Platão e Aristóteles, e é difícil manter o equilíbrio sadio. O melhor é ouvir bem o que Deus nos revelou. Ele nos fez de barro e nos soprou o espírito da vida: nossa existência tem duas pernas. O melhor lembrete contra desvios é: ser fiel (1Co 4.2,6). Um líder nunca deveria levar seus seguidores para um radicalismo, pois é como um beco sem saída. Aliás, só tem uma saída: voltar. Extraído de Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.
PROJETO SARA
O grande deserto da Reforma Protestante “(...) o SENHOR, teu Deus, te abençoou em toda a obra das tuas mãos; ele sabe que andas por este grande deserto; estes quarenta anos o SENHOR, teu Deus, esteve contigo; coisa nenhuma te faltou” (Dt 2.7). Raquel de Paula
U
m período de grandes lutas, perseguições e revolução religiosa, foi marcado por Lutero e outros reformadores que defendiam os princípios fundamentais da Reforma Protestante conhecidos como os Cinco Solas: Sola fide (somente a fé), Sola Scriptura (somente a
Escritura), Solus Christus (somente Cristo), Sola gratia (somente a graça) e Soli Deo glória (glória somente a Deus). Em meio a tantos desafios, Deus estava conduzindo o seu povo, abençoando cada momento crucial de conquista e expansão do evangelho no mundo. Ele estava com cada reformador nos momentos das
ameaças e risco de morte. Ele sabia que andavam por grande deserto. A questão é que o modo de Deus conduzir o seu povo no decorrer da História ultrapassa os limites da nossa razão e entendimento. Como um Deus maravilhoso e amoroso permite que passemos por esses desertos? Por que temos de passar por lugares difíceis, estressantes e muitas vezes isolados? Deus sabe quando precisamos ser provados e moldados. Ele nos coloca no deserto, mas vai junto conosco: “estes quarenta anos o SENHOR, teu Deus,
esteve contigo”. E em meio a momentos de perseguições, nossos irmãos reformadores sempre foram amparados, acolhidos por pessoas que Deus mesmo providenciava para protegê-los e conseguiam continuar a luta pela Reforma: “coisa nenhuma te faltou”. Assim podemos entender nossa história, compreendendo o modo de agir do Deus da aliança com seu povo, que nos leva de maneira perfeita a conhecê-lo cada dia mais. Ele estabelece um modo de viver digno de um filho de Deus, um servo consa-
grado, nação santa, povo de sua propriedade exclusiva, para andar num grande deserto, junto com ele, com a garantia de que nada vai nos faltar. Que possamos viver na perspectiva do nosso deserto, sabendo que Deus está conosco. Nossa pátria é celestial e precisamos olhar firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé, Jesus, o qual, pela alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, e assentou-se à destra do trono de Deus. A Deus toda glória! Raquel de Paula é membro da IP Praia Grande (SP)
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IGREJA EM AÇÃO
IP Manaus e missões D
esde o início de sua história, o foco no trabalho de evangelização e missões tem sido uma forte característica da Igreja Presbiteriana de Manaus. Até os anos 60, a atividade missionária esteve focada principalmente na cidade de Manaus. A partir da década de 1980, o Evangelho começou a chegar às comunidades rurais localizadas nas estradas e nas margens dos rios. Um dos primeiros pontos de pregação surgiu na região onde a cidade de Manaus é ligada ao município de Manacapuru. Jovens e adolescentes formavam o grupo responsável por este
trabalho, voltado ao evangelismo de adultos e de crianças. Em 1989, com a conclusão da primeira embarcação da IP Manaus, tornou-se possível levar a Palavra para comunidades mais distantes. Em 1990, as primeiras comunidades do rio Negro foram alcançadas. Hoje, a IPManaus conta com dez barcos, sendo três ambulatoriais e sete botes de transporte rápido. Só o barco hospitalar J.J. Mesquita realiza anualmente 24 viagens, com uma equipe composta por: sete tripulantes, um médico, dois dentistas, uma enfermeira, três técni-
Primeiro retiro de presbíteros do RJ
O
Instituto SARA – Servindo de Apoio, Refrigério e Amizade, promoveu nos dias 24 e 26/06/2016, o Primeiro Retiro de Presbíteros do Rio de Janeiro, organizado pelo irmão Presb. Paulo Storck. Os preletores foram o Rev. José Carlos Pezini e o Presb. Paulo Valle Camargo e os temas abordados foram: 1. Sintomas de uma igreja que precisa de revitalização 2. Caminho para uma igreja simples 3. A importância e a contribuição do presbítero no processo de revitalização 4. Mudanças culturais e desafios da igreja na pós-modernidade 5. O presbítero e o relacionamento com Deus 6. Evangelismo relacional Os estudos foram alternados com caminhadas silenciosas na natureza do belo local do encontro em Pedra de Guaratiba, devocionais, louvor e reflexão, trazendo grande renovo e desafio a todos os participantes. Paulo Valle Camargo
cos em enfermagem e uma recepcionista. Há também toda uma logística para que os barcos sigam viagem. A equipe responsável por coordenar as ações é a Secre-
taria de Missões Regionais. Até o ano de 2020, o objetivo da IP Manaus é plantar 100 igrejas nos municípios do interior, nas comunidades ribeirinhas, nas comuni-
dades indígenas e na Índia, onde a igreja sustenta obreiros nacionais, dentre outros alvos. Para saber mais, acesse: www.ipmanaus.org.br
TREINAMENTO
Curso de Treinamento Missionário em Patrocínio-MG
E
ntre 29/11 a 16/12/16, cem pastores, missionários e seminaristas se reuniram para cursarem o Curso de Treinamento Missionário (CTM), em Patrocìnio-MG, no Instituto Bíblico Eduardo Lane (IBEL). O CTM é pré-requisito para quem deseja ser parceiro do Plano Missionário Cooperativo (PMC), ou Associação Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT), Junta de Missões Nacionais (JMN) ou Junta Patrimonial Econômica e Financeira (JPEF). Diversos temas foram abordados, tais
como: Revitalização de Igreja, Orçamento e Planejamento da IPB, Descrição da JMN, A vida devocional do plantador de Igrejas, História das Missões, O perfil do plantador de igrejas, Administração de Projetos, Evangelização, Confrontos Estratégicos na Plantação de Igrejas, Filosofia de Missões da IPB, Metodologia e Prática da Evangelização, Crescimento de Igreja, Plantação de Igrejas, Técnicas de Comunicação na Plantação e Revitalização de Igrejas, e a Transculturalidade dentro e fora do Brasil. Derlei Bernardino de Oliveira
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No BRASIL E NO MUNDO
Arqueólogos encontram ruínas do palácio de Senaqueribe Arqueólogos estão comemorando uma descoberta inesperada no Iraque. O espaço tradicionalmente conhecido como o túmulo do profeta Jonas, em Nínive, foi explodido pelos jihadistas do Estado Islâmico em 2014. Chamado de Nebi Yunus, o local, no alto de um monte que fica na periferia da moderna Mossul, abrigava um pequeno templo, antes visitado por milhares de cristãos e muçulmanos, que reconhecem Jonas como profeta. Agora que a região está livre dos radicais, pesquisadores ingleses que investigam as ruínas descobriram debaixo do local um palácio construído no século 7º a.C. Ele pertenceu ao rei assírio Senaqueribe, mencionado na Bíblia, que tentou conquistar a cidade de Jerusalém nos dias do rei Ezequias. Somente dois meses atrás as tropas iraquianas restabeleceram o controle de Mossul e da antiga cidade de Nínive, mencionada muitas vezes na Bíblia. O Ministro da Cultura do Iraque autorizou que arqueólogos escavassem o local, admitindo que ele estava “muito mais danificado do que se julgava. ” Para surpresa geral, os soldados do grupo extremista escavaram túneis por debaixo do túmulo do profeta, buscando artefatos que poderiam vender no mercado negro. A arqueóloga iraquiana Layla Salih revelou ter descoberto em um desses túneis uma inscrição numa peça de mármore, em escrita cuneiforme, falando sobre o rei Esar-Hadom. Datada provavelmente de 672 a.C., comenta sobre a reconstrução da Babilônia após a morte do seu pai. O palácio construído por
Senaqueribe foi reformado e expandido por Esar-Hadom (681-669 a.C), e novamente renovado por Assurbanipal (669-627 a.C). O local foi destruído na queda de Nínive, em 612 a.C. De acordo com 2Reis 18 e 19, Senaqueribe foi impedido de conquistar Jerusalém pelo próprio Deus. Depois de voltar ao seu palácio, o rei assírio foi assassinado por dois dos seus filhos e substituído por Esar-Hadom (2Rs 19.36-37). O rei Assurbanipal é mencionado brevemente no livro de Esdras (4.10).
Além da tumba de Jonas, os terroristas do Estado Islâmico destruíram pelo menos uma centena de lugares históricos, incluindo ruínas e museus, alegando que eram usados para idolatria e paganismo, o que é condenado pelo Alcorão. O governo do Iraque agora faz um levantamento da destruição.
ACHADO FANTÁSTICO Eleanor Robson, do Instituto Britânico para o Estudo do Iraque, disse que a destruição causada pelos terroristas acabou possibilitando “um achado fantástico”. “Os objetos não correspondem às descrições do que esperávamos haver lá embaixo”, afirmou ela ao jornal Telegraph. “[Nessas ruínas] há uma enorme quantidade de História, não apenas pedras ornamentais. É uma oportunidade para finalmente podermos explorar a casa do tesouro do primeiro grande império mundial, no período do seu maior sucesso.” Ao mesmo tempo que celebra, ela lamenta que o Estado Islâmico tenha saqueado centenas de objetos do palácio para vender no mercado negro e, com o lucro, financiar sua guerra. “Acreditamos que eles venderam muitos dos artefatos, como cerâmicas e pequenas peças. Mas aquilo que deixaram irá ser estudado e acrescentará muito ao nosso conhecimento daquele período”, consolou-se Robson.
NOTA DE FALECIMENTO
Diácono José Carlos Na manhã do dia 7 de março, faleceu o diácono José Carlos Barbosa, membro da Primeira Igreja Presbiteriana de João Pessoa. O Diácono Zé Carlos, como era carinhosamente chamado por todos, sofreu um infarto. Apesar da tristeza momentânea, somos gratos a
Deus pela vida do irmão, e pela esperança que temos de que um dia estaremos todos juntos, na vida eterna. Membro comungante da 1ª IP João Pessoa, o irmão Zé Carlos exercia o ofício de diácono com muito zelo e compromisso com a Obra do Senhor, e militava com amor na União Presbiteriana de Homens – UPH. Zé Carlos era
casado com a também irmã em Cristo, Cristina – militante fervorosa da Sociedade Auxiliadora Feminina daquela congregação. O velório foi realizado no templo da 1ª IP João Pessoa. Rogamos a Deus o refrigério necessário para os corações amargurados dos familiares, irmãos e amigos do nosso querido Zé Carlos. Fonte: www.blogdiaconos.com
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Boa Leitura Doutrinas da Fé Cristã – Uma teologia sistemática para os peregrinos no Caminho (Michael Horton)
O Deus que intervém (no original, The God who is there) forma com A morte da razão e O Deus que se revela a trilogia clássica de Schaeffer. Primeiro da trilogia, esse livro mostra como o pensamento moderno abandonou a ideia de verdade, com trágicas consequências para todas as áreas da cultura “desde a filosofia, até a arte, música, teologia e na sociedade como um todo. A única esperança está em confrontar nossa cultura com a verdade histórica do cristianismo” apresentada com paixão e sem concessões, e vivida de modo completo, em todas as áreas da vida individual e comunitária.
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Entretenimento e reflexão O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.
Como as pessoas mudam (Tim Lane e Paul Tripp) A consciência de Horton das discussões atuais na teologia e filosofia combinam com seu compromisso articulado com a ortodoxia histórica para fazer desse livro uma das mais importantes vozes a serem ouvidas na construção de uma teologia sistemática para esta geração. Nesse livro, você encontra uma breve sinopse de passagens bíblicas relacionadas a uma doutrina específica, pesquisa de teologias do passado e atuais, com ênfase contemporânea sobre questões exegéticas, filosóficas, práticas e teológicas. Há interação substancial com vários movimentos cristãos dentro das tradições protestante, católica e ortodoxa, bem como os temas hermenêuticos propostos pela pós-modernidade, e gráficos, além de perguntas para discussão e uma extensa bibliografia, dividida em diferentes níveis de entrada e tópicos. O Deus que Intervém (Francis Schaeffer)
Paixão de Cristo (2004)
Abordam coisas a respeito de como a vida cristã funciona. Isso não é teoria, mas realidade. Dessa maneira, as verdades que eles ensinam vêm com imagens e histórias anexas. Tim e Paul contam histórias a respeito de pessoas reais, ilustrando os modos como a graça de Deus opera. As mudanças não ocorrem de uma hora para outra. Trata-se de uma jornada para a vida toda. Paul Tripp e Tim Lane orientam com maestria ao longo do caminho bíblico que conduz à cruz e a um estilo de vida de fé e de arrependimento. Trata de calor, espinhos, da cruz e de frutos. Trata da graça. Em dezesseis capítulos curtos e bem ilustrados é apresentado o maravilhoso prospecto de mudança para melhor. Somos chamados a considerar nossas circunstâncias e o modo como respondemos a elas. Somos convocados para examinar os desejos de nosso coração e nos voltarmos para a cruz de Cristo.
Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963
As últimas 12 horas da vida de Jesus de Nazaré (James Caviezel). No meio da noite, Jesus é traído por Judas (Luca Lionello) e é preso por soldados no Monte das Oliveiras, sob o comando de religiosos hebreus, que eram liderados por Caifás (Matti Sbraglia). Após ser severamente espancado pelos seus captores, Jesus é entregue para o governador romano na Judéia, Pôncio Pilatos (Hristo Shopov), pois só ele poderia ordenar a pena de morte para Jesus. Pilatos não entende o que aquele homem pode ter feito de tão horrível para os hebreus pedirem a pena máxima. Pilatos tenta passar a decisão para Herodes (Luca de Domenicis), governador da Galiléia, pois Jesus era de lá. Herodes também não encontra nada que incrimine Jesus e o assunto volta para Pilatos, que vai perdendo o controle da situação enquanto boa parte da população pede que Jesus seja crucificado. Tentando acalmar o povo e a província, que detesta, Pilatos vai cedendo sob os olhares incriminadores de Cláudia (Claudia Gerini), sua mulher, que considera Jesus um santo.
Um domingo qualquer (1999)
O escafandro e a borboleta (2008)
Um íntimo olhar sobre os bastidoA história retrata um íntimo olhar sobre os bastidores do futebol americano, passando desde os jogadores até os treinadores, a mídia e os donos de times, que controlam o jogo como um grande negócio que lucra milhões de dólares todo ano. O filme apresenta treinador idealista e que ama o jogo, Tony D’Amato (vivido muito bem por Al Pacino), a uma dirigente apaixonada pelo dinheiro, Christina Pagniacci (Cameron Diaz), além do famoso ex-atleta em atividade que tenta dar a volta por cima, Jack Rooney (Dennis Quaid) e o novo talento, ainda rebelde e petulante, William Beaman (Jamie Foxx). Essas quatro figuras centrais se movimentam num roteiro de idas e vindas, em que a história não é mais importante do que o tema e o enfoque. O diretor Oliver Stone é o especialista hollywoodiano para filmes polêmicos. Portanto, todo contexto trabalhado possui o centro na forma pouco escrupulosa como os “donos do jogo” tratam os times, os jogadores e a torcida.
Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric) tem 43 anos, e é editor da revista Elle e um apaixonado pela vida. Mas, subitamente, tem um derrame cerebral. Vinte dias depois, ele acorda. Ainda está lúcido, mas sofre de uma rara paralisia: o único movimento que lhe resta no corpo é o do olho esquerdo. Bauby se recusa a aceitar seu destino. Cria um mundo próprio, contando com aquilo que não se paralisou: sua imaginação e sua memória. Escafandro é uma roupa de borracha impermeável usada por mergulhadores que se comunicam com a superfície unicamente por meio de um duto que permite suportar a pressão da água e possibilita a respiração. Jean se sentia preso a um escafandro no início da de seu tratamento. Todavia, rompeu esta barreira e passou a ver-se como borboleta, conquistando o mundo para além de um duto ou de seu olhar: tornou-se borboleta. Por meio de seu pensamento ele ganhou asas e provou a si que era capaz de ir muito além da prisão imposta pela síndrome.
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