BP 751 - JUNHO 2017

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REFORMA 1517 - 2017

Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 751 – Junho de 2017

Os Reformadores e a educação Desde o início, o movimento reformador teve uma forte dimensão intelectual e educacional. Os ministros precisavam ser alfabetizados e instruídos para que os princípios fossem aplicados, como Sola Scriptura. Existia uma importância capital da educação na perspectiva dos reformadores.

Congresso de Educação Cristã

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Universidade de Wittenberg (atual)

Com mais de 550 inscritos, Congresso foi realizado no Rio de Janeiro Páginas 14 e 15

1ª Seminário de Teologia Histórica

Casa de Hospedagem Betesda

Chad Van Dixhoorn abordará a história e a teologia da Assembleia de Westminster

Instituição tem o objetivo de acolher mulheres e crianças em tratamento médico

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Brasil Presbiteriano

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EDITORIAL

Ensino e aplicação – Educação e vida com base na Palavra

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título acima foi o tema do Congresso Regional de Educação Cristã da IPB, realizado pelo Conselho de Educação Cristã e Publicações dias 26 e 27 de maio na cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de tema sugerido pela Escritura. Em Deuteronômio capítulo 6 lemos que a lei do Senhor, que fora recentemente repetida, foi ensinada para que seu povo a cumprisse na terra em que entraria; para que temesse a Deus e obedecesse seus estatutos na sequência das gerações. Para que assim fosse, o povo de Deus deveria dedicar-se com cuidado à obediência, jamais esquecer-se de que o Senhor

era seu Deus e o único Deus, e deveria ter a lei não apenas em sua mente, mas integralmente em seu ser. Sua mente, suas emoções e seus atos seriam orientados pela vontade do Senhor. Apenas vivendo em obediência à lei de Deus Israel poderia transmiti-la às próximas gerações, o que deveria fazer como atividade constante em sua vida, de modo formal e informal. A lei do Senhor ensinada e sua prática remeteriam à lembrança da aliança em que Deus graciosamente os incluíra, pacto que os tornara um povo especial. Aquelas palavras valeram tanto para os israelitas nas planícies de Moabe

quanto valem para nós hoje. Somos a “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1Pe 2.9; cf. Êx 19.5-6), para proclamarmos as virtudes daquele que nos “chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Ele nos fez quem somos para ensinarmos a outros quem ele é. Obediência e proclamação continuam juntas. Guardar a lei e ensiná-la, ou seja, ensino e aplicação, educação e vida com base na Palavra. Nunca poderemos enfatizar demais esse modelo, mas nossos dias precisam dele mais do que qualquer outra época e a igreja não pode se descuidar. O peca-

do é sempre a negação da lei de Deus e a falta de conformidade com ela. Em nenhum outro tempo, porém, se bradou tão alto e de modo tão intransigente contra a autoridade da Palavra de Deus, isso a reboque do conceito de relativismo intolerante e facista. A igreja tem de firmar-se na Escritura, tal como Deus declarou em Deuteronômio 6. É saber e temer. Conhecer e praticar. Praticar e ensinar. Por que? perguntarão as próximas gerações. Porque éramos estranhos, mas ele nos deu sua aliança; éramos escravos, mas ele nos libertou e conduziu nos termos de suas promessas, sob sua própria lei.

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Ano 58, nº 751 Junho de 2017 Rua Miguel Teles Junior, 394 Cambuci, São Paulo – SP CEP: 01540-040 Telefone: (11) 3207-7099 E-mail: bp@ipb.org.br assinatura@cep.org.br Órgão Oficial da

www.ipb.org.br Uma publicação do Conselho de Educação Cristã e Publicações Conselho de Educação Cristã e Publicações (CECEP) Clodoaldo Waldemar Furlan (Presidente) Domingos da Silva Dias (Vice-presidente) Alexandre Henrique Moraes de Almeida (Secretário) André Luiz Ramos Anízio Alves Borges José Romeu da Silva Mauro Fernando Meister Misael Batista do Nascimento Conselho Editorial da CEP fevereiro 2016 a fevereiro 2018 Antônio Coine Cláudio Marra (Presidente) Heber Carlos de Campos Jr. Marcos André Marques Misael Batista do Nascimento Tarcízio José de Freitas Carvalho Conselho Editorial do BP fevereiro 2016 a fevereiro 2018 Alexandre Henrique Moraes de Almeida Anízio Alves Borges Clodoaldo Waldemar Furlan Hermisten Maia Pereira da Costa Márcio Roberto Alonso Edição e textos

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Cibele Lima E-mail: bp@ipb.org.br Diagramação Aristides Neto

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GOTAS DE ESPERANÇA

ESPIRITUALIDADE DA REFORMA

Não somos mais escravos “Não reine (...) o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões” (Rm 6.12). Hernandes Dias Lopes

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ma das ênfases mais importantes da Reforma do século 16 é que temos em Cristo plena libertação. Fomos libertados da condenação do pecado na justificação. Estamos sendo libertados do poder do pecado na santificação. E seremos libertados da presença do pecado na glorificação. Neste artigo, trataremos deste magno assunto, à luz de Romanos 6.1-14. Todo aquele que pratica o pecado é escravo do pecado. O pecado é um rei que governa a vida de todo aquele que ainda não nasceu de novo. O homem não regenerado é um servo desse tirano. O pecado é um rei cruel, que coloca seus súditos debaixo de suas botas sujas. O homem nasce escravo desse carrasco impiedoso. Vive debaixo de sua ditadura implacável. Nenhum escravo pode libertar a si mesmo dessa escravidão. Deus, porém, por meio de Cristo, nos libertou do poder do pecado (Rm 6.15). Onde o pecado abundou, superabundou a graça. Por ser a graça maior do que o nosso pecado, porém, ela

não é um incentivo ao pecado. Ao contrário, não podemos viver no pecado, nós os que para ele já morremos. Estamos unidos com Cristo em sua morte, sepultamento e ressurreição. Morremos com ele, fomos sepultados com ele e ressuscitamos com ele. Estamos nele. Essa união com Cristo, destronou o pecado em nossa vida. Esse rei tirano perdeu seu poder sobre nós. Agora, somos livres do pecado e não mais escravos dele. O apóstolo Paulo usa três argumentos para nos levar à essa gloriosa conclusão: Em primeiro lugar, nós devemos saber (Rm 6.6-10). O que nós devemos saber? Devemos saber que já foi crucificado com Cristo o nosso velho homem. Fomos sepultados com ele e ressuscitamos com ele para uma nova vida. Portanto, não precisamos mais servir o pecado como escravos. O pecado não é mais nosso patrão. Sua coroa foi tirada. Ele não é mais nosso rei. Não precisamos mais nos ajoelhar a seus pés para obedecer suas ordens. Fomos libertados dessa escravidão. O pecado foi destronado de nossa vida. Outrora, sob a lei, o pecado nos domina-

va, mas agora, sob a graça, somos livres! Em segundo lugar, nós devemos considerar (Rm 6.11). Aquele que morreu com Cristo deve se considerar morto para o pecado. Deve andar com a certidão de óbito no bolso. Um morto não obedece o pecado, o seu antigo rei. Foi libertado do jugo. Assim, devemos nos considerar mortos para esse rei tirano. Seu governo cruel sobre nós acabou. Seu domínio opressor chegou ao fim. Não estamos mais com uma coleira no pescoço. O pecado não manda mais em nós. Agora, devemos nos considerar vivos para Deus. Temos um novo rei. Somos servos da justiça. Fomos libertados da casa do valente, do império das trevas, da tirania do diabo, do reinado do pecado. Estamos sob as ordens de um novo Senhor, aquele que morreu por nós e

ressuscitou para nos libertar da escravidão do pecado. Em terceiro lugar, nós devemos oferecer (Rm 6.1214). Quando sabemos que fomos crucificados, sepultados e ressuscitados com Cristo, quando nos consideramos mortos para o pecado, então, podemos dizer ao pecado: Agora você não reina mais sobre nós. Agora não obedecemos mais às paixões carnais. Agora não oferecemos mais os membros do nosso corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade. Pelo contrário, agora oferecemos a nós mesmos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os nossos membros a Deus como instrumentos de justiça. Não estamos mais debaixo da lei, mas vivemos no reinado da graça. O poder da nova vida não vem mais do nosso inútil esforço, mas sim, de Cristo.

Morremos com ele, ressuscitamos com ele. Vivemos nele. Dele nos vem o poder para uma nova vida. Ele é o nosso libertador. Foi ele quem quebrou o poder do pecado em nossa vida. Foi ele quem arrancou a coroa do pecado e destronou-o da nossa vida. Ele é o nosso Rei e o seu reino é o reino da graça. Agora, somos livres, verdadeiramente livres. Nele temos vida, e vida em abundância. Outrora, vivíamos debaixo de amarga escravidão, rendidos ao pecado. Agora, livremente oferecemo-nos a Deus. Outrora, caminhávamos com uma coleira no pescoço, para uma condenação eterna. Agora, cheios de contentamento e gozo, marchamos para o céu! O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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REFLEXÃO

Deus com cabeça de homem Thiago Rocha

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ão é uma figura mitológica. Nem o objeto de adoração de algum povo pagão. Nem mesmo uma blasfêmia, mas a constatação de que muita gente (se não a maioria) formula um conceito próprio de Deus, como se ele fora um ser humano, com raciocínio humano, lógica humana, sentimento humano e ações humanas. Na sua avaliação e contestação dos atos de Deus, usam argumentos calcados no conhecimento e na experiência do ser

humano, que são limitados e, quase sempre, subjetivos. A rigor, dentro desse padrão, cada um tem o seu próprio conceito de Deus. Nesse caso, seríamos politeístas. Mas, Deus não pensa como nós, nem age como nós. Ele não tem a nossa cabeça. Como sua criatura, creio que Deus deva ser infinitamente acima de mim, em todos os sentidos. E a minha razão humana, ainda que precária, não pode aceitar um Deus que “coubesse em minha cabeça”, porque seria um Deus tão frágil e deficien-

te quanto eu sou. Se Deus fosse um ser totalmente compreensível à minha mente, seria um “Deus do meu tamanho”, não seria Deus. Deus é Espírito eterno, infinito, soberano, onipotente, onisciente, onipresente, santo, justo, sábio, perfeito e bom. Ele está acima de tudo e de todos. Nesse Deus eu posso confiar, porque ele não é como o homem – imperfeito, volúvel, egoísta e pecador. Ele não muda segundo as circunstâncias e os interesses. Ele é imutável em todos os seus planos e em todos os seus atos.

Esse Deus eu posso cultuar, porque não há falha nem mancha no seu caráter. Posso confiar na sua Palavra, porque é verdadeiro. E posso me fiar nas suas promessas, que se cumprirão, porque nunca falhou e jamais falhará. E posso descansar em seus braços, porque, apesar da sua transcendência, ele veio até mim, na pessoa de Jesus e, por sua graça (tão somente por ela), me adotou como seu filho. Eu não tenho um conceito de Deus, porque, nesse caso, eu seria o criador. Tenho, sim, uma revelação

de Deus, expressa por ele em sua Palavra, na qual se revelou, e se tornou visível na feição do deu Filho, que disse “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Se eu tivesse um conceito sobre Deus seria o de João, revelado em sua primeira carta, capítulo 4 versículo 7: “Deus é amor”. Esse é o Deus verdadeiro. Esse é o Deus que eu adoro. Esse é o Deus que eu amo. Esse é o meu Deus! O Rev Thiago R. Rocha é pastor emérito das Igrejas Presbiterianas do Riachuelo e Grajaú, no Rio de Janeiro, RJ.

FORÇAS DE INTEGRAÇÃO

Congresso de Treinamento e Capacitação “Mãos e Coração” Nos dias 28 a 30 de setembro a SGTI (Secretaria Geral do Trabalho Infantil da IPB), realizará mais uma edição do Congresso de Treinamento e Capacitação “Mãos e Coração”. O objetivo é capacitar professores, pais e líderes nos moldes da educação cristã reformada. As palestras terão enfoque no legado que os reformadores nos deixaram na área do ensino. As oficinas trazem o lado prático do trabalho, onde você poderá colocar em prática os conceitos aprendidos, tirar dúvidas e receber dicas de materiais de apoio. Entre as palestras e oficinas teremos coffee-breaks. Nesse período você poderá comprar livros e materiais de qualidade, que a nossa editora tem a oferecer para sua capacitação. Faça sua inscrição. Vagas limitadas!


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TEOLOGIA E VIDA

Maria, mãe de Deus? Hermisten Costa

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á nos primeiros séculos da era cristã, surgiram diversas heresias concernentes à Pessoa de Cristo e à relação das suas duas naturezas. Essas heresias ora negavam a divindade, ora diminuíam a humanidade de Cristo. Alguns teólogos, no afã de combater alguma forma de erro, caíram com frequência em outro. Essas heresias surgiram da negação de um desses princípios fundamentais, a saber: a) Deus subsiste em três pessoas; b) Cada pessoa é plenamente Deus e, c) Só há um Deus. Notemos também, que nos primeiros séculos, a Igreja confessou direta e indiretamente a Santíssima Trindade, a divindade do Filho e do Espírito; isso estava implícito de várias formas: no batismo, na “bênção apostólica” e no Credo Apostólico. O problema surge na elaboração dessa verdade de modo compreensível. Na tentativa da verbalização da doutrina é que muitas heresias se formavam. Quanto à segunda pessoa da Trindade, a preocupação predominante, concentrava-se em tentar responder à pergunta concernente à divindade de Jesus. A questão que esteve no auge dos debates consistia em responder à questão: “Jesus de Nazaré é Deus?”: Apresento abaixo duas das heresias que estão ligadas direta ou indiretamente

à expressão “Maria mãe de Deus”. 1. O Eutiquianismo Nome derivado de Êutico (c.378-454), discípulo de Cirilo de Alexandria. Ele sustentou que a encarnação é o resultado da fusão do divino com o humano em Jesus, sendo a natureza humana absorvida pela divina ou, que dessa fusão surgisse uma nova substância “híbrida”; um “terceiro tipo de natureza”. Assim, sua posição envolvia uma pessoa e uma natureza. Ele foi o fundador do “Monofisismo”: Cristo tem uma única natureza; a divina revestida de carne humana. Observem que dentro dessa perspectiva, Jesus não salvaria ninguém, já que ele não seria nem verdadeiro homem nem verdadeiro Deus. O Eutiquianismo foi condenado no Sínodo Permanente de Constantinopla (22/11/448). Todavia, em outro Concílio, convocado pelo imperador Teodósio II (408-450), realizado em Éfeso (08/449), Êutico foi reabilitado. No entanto, dois anos depois, foi convocado o Concílio de Calcedônia (23/05/451) pelo imperador Marciano. Calcedônia anulou a decisão de Éfeso e o invalidou como Concílio verdadeiramente ecumênico, condenando o Eutiquianismo, exilando Êutico e Dióscoro. Contudo, o Eutiquianismo continuou vigorando como ensinamento

genuíno na Igreja Egípcia. 2. O Nestorianismo e o Concílio de Éfeso (431) Nome proveniente de Nestório (380-451), Bispo de Constantinopla (428431). Adversário feroz do Arianismo, seu primeiro ato oficial como patriarca foi incendiar uma capela ariana. Nestório, numa série de sermões proferidos em 428, combateu uma designação popular dada a Maria de “Theotókos” (“Mãe de Deus”). Essa fórmula seria usada pouco depois pelo Concílio de Éfeso (431). Deve ser dito que Concílio de Éfeso utilizou essa expressão não como uma atribuição de majestade a Maria, mas, sim, como reconhecimento de que o que dela nasceu, por obra do Espírito Santo, era o Deus encarnado. A expressão também ressalta que Maria não foi mãe simplesmente da natureza humana de Jesus, mas sim, da pessoa Teantrópica de Jesus Cristo. A expressão é boa? Não. Talvez ela seja inspirada em Lucas 1.43, quando Isabel diz a Maria, grávida: “(...) de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor?” (Lc 1.43). Contudo, foi a melhor que se pôde elaborar naquele contexto para expressar essa verdade bíblica. Parece-nos melhor a declaração de que Maria é mãe de Jesus Cristo, Aquele que é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. O fato é que mesmo

involuntariamente, o Concílio de Éfeso contribuiu para a deificação de Maria. Nestório, por sua vez – fugindo do que considerava o extremo oposto, que dizia ser Maria “Anthropotokos” (“Mãe do homem”) – entendia que a expressão correta seria “Christotókos” (“Mãe de Cristo”), ou mesmo, “Theodochos” (“que recebe a Deus”), por considerar distintas as qualidades da divindade e da humanidade. Desse modo, aceitando a sua posição, podemos perceber logo de início o problema da encarnação do Verbo: o menino que nasceu de Maria era Deus-Homem? Nestório, tentando refutar o Eutiquianismo, ensinava que Jesus Cristo era constituído de duas pessoas e duas naturezas. Sustentava que cada uma das duas naturezas de Jesus tinha a sua própria subsistência e personalidade; a união entre elas não era ontológica, mas apenas moral, simpática e afetiva. Os seus ensinamentos foram rejeitados no Concílio de Éfeso (431) e de Calcedônia (451). O Nestorianismo permaneceu na Pérsia, onde seus seguidores estabeleceram um eficiente trabalho missionário que permitiu a sua proliferação na Arábia, Índia, Turquestão e China, espalhando-se por diversas regiões da Ásia. Ainda hoje sobrevive o Nestorianismo (“Caldeus Uniatos”) na Mesopotâmia, Pérsia e

Síria, havendo um grupo alinhado com a Igreja de Roma e outro independente (“Igreja Nestoriana Não-Unida”). Considerações finais Mesmo entendendo o propósito do uso da expressão que visava preservar a unidade da pessoa de Cristo, ponto fundamental da fé cristã, a afirmação contribuiu, com tendências pagãs já existentes dentro da igreja, de tal forma que por volta do sexto século, Maria começasse a ser adorada. Reafirmamos o respeito por Maria, mulher exemplarmente piedosa e um modelo a ser imitado. O equívoco romano divinizante quanto à sua pessoa, não a desmerece. É preciso, retirar os detritos para que fiquemos com o que a Escritura nos ensina e, por isso mesmo, nos autoriza a crer e ensinar. Cremos que a natureza divina de Cristo não foi humanizada, nem a natureza humana foi divinizada. Jesus Cristo continuou sendo homem com todas as suas propriedades não pecaminosas e, continuou sendo Deus com todo o seu poder; porém, sem fazer uso necessário do mesmo (Mt 26.53-54). A encarnação permanece; não foi desfeita: Jesus Cristo permanece para sempre verdadeiro homem e verdadeiro Deus. O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa integra a equipe de pastores da 1ª IP São Bernardo do Campo e é Pastor-Efetivo da IP do Jardim Marilene, Diadema, SP.


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TREINAMENTOS

Workshop para tesoureiros de igreja Realização tem parceria dos Sínodos da capital de São Paulo

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os dias 23 e 24 de junho, a Tesouraria do SC da IPB realizará um workshop com o tema “Por dentro das Finanças”, destinado a tesoureiros de igreja. O curso será nas dependências do Instituto Presbiteriano Mackenzie, auditório do Mezanino do Prédio João Calvino – Rua da Consolação, 930, São Paulo – SP. Na sexta-feira, dia 23, o início será às 17h, com credenciamento e culto de abertura, e encerramento às 21h30. No sábado, as palestras serão ministradas ao longo do dia, a partir das 8h30, com previsão de término às 17h15. O workshop é uma ferramenta oferecida pela Tesouraria da IPB, com apoio dos Sínodos da região onde será realizado. Neste evento, os sínodos envolvidos são: Grande ABC, Leste de São Paulo, Litoral, Norte Paulistano, Piratininga, São Paulo, Unido e Vale do Paraíba. De acordo Presb. José Alfredo M. de Almeida, tesoureiro SC/IPB, o propósito do workshop é transmitir conhecimentos e experiências. “O encontro visa principalmente um intercâmbio de experiências e

informações, de modo a facilitar a administração financeira da igreja local”, declara. Os interessados que residem em São Paulo, investem R$50,00 que inclui: apostila, jantar de sexta-feira, almoço e lanche. Para quem não é de São Paulo e região, esse mesmo valor inclui, também, uma hospedagem (23 a 24 de junho) no Hotel Braston São Paulo. Essa informação deve ser comunicada no ato da inscrição, via ficha no site www.tesourariaipb.org.br. O pagamento deve ser feito unicamente com depósito em conta: Banco do Brasil – Agencia 0083-3 / Conta corrente 5852-1. As inscrições estão abertas até o dia 20 de junho no site www.tesourariaipb.org. br. Mais informações pelo telefone (61) 3247-7706 ou e-mail tesouraria.sc@ipb. org.br. Temas das palestras • A tesouraria e o tesoureiro • A importância da contabilidade e demonstrações contábeis • Orçamento como ferramenta para transformar a missão da igreja

IGREJA PRESBITERIANA EBENÉZER DE SÃO PAULO Rua Doutor Zuquim, 230 – Santana – SP www.ebenezer.org

EDITAL DE CITAÇÃO PROCESSO ECLESIÁSTICO nº 0001/2017 DENUNCIANTE: MARCOS GUALBERTO DO NASCIMENTO DENUNCIADO: DANIEL HENRIQUE DE MOURA EDITAL DE CITAÇÃO DE DANIEL HENRIQUE DE MOURA PELO PRAZO DE 20 DIAS, expedido nos autos do Processo Eclesiástico nº 0001/2017. O Rev. MÁRCIO ROBERTO ALONSO, MD Presidente do Tribunal Eclesiástico da Igreja Presbiteriana Ebenézer de São Paulo, situada na Capital do Estado de São Paulo na Rua Doutor Zuquim, nº 230, CEP 02035-020, Santana, na forma dos artigos 90 e 91 do Código de Disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil; FAZ SABER ao Sr. DANIEL HENRIQUE DE MOURA, brasileiro, portador da Cédula de Identidade RG nº 29.100.977-3, SSP/SP, ausente, em lugar incerto e não sabido, que está sendo chamado pelo presente EDITAL, para comparecer no dia 03/07/2017, às 20:30 horas, na Sala de Audiência do Tribunal Eclesiástico da Igreja Presbiteriana Ebenézer de São Paulo, situada na Rua Doutor Zuquim nº 230, CEP 02035- 020, Santana, com a finalidade de tomar ciência do teor da denúncia contra si oferecida, contida nestes autos, para ser interrogado, defender-se e acompanhar até o final o processo, sob pena de ser julgado à revelia. Será o presente EDITAL afixado e publicado na forma da lei. Sala das Sessões, São Paulo, 22 de Maio de 2017.

Rev. Daniel Albuquerque de Freitas Secretário do Tribunal do Conselho da IPB Ebenézer

Rev. Márcio Roberto Alonso Presidente do Tribunal do Conselho da IPB Ebenézer


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IGREJA PERSEGUIDA

Mãe iraniana e a perseguição religiosa Conheça a história da pequena Lily e de sua mãe. “Ela sabia que um dia o governo nos tiraria dela, então nós sempre a alertamos: quando eles vierem para levar papai e mamãe, não se preocupe, apenas ore.”

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Ser preso por sua fé é uma coisa, mas preparar um filho para essa prisão que pode acontecer a qualquer momento é outra coisa bem diferente. Essa é a experiência que uma mãe iraniana compartilha através de seus relatos a Portas Abertas. “Eu sabia que chegaria o dia em que eu e meu marido seríamos levados por eles. Embora todos à nossa volta pensassem que eu era uma simples dona de casa, eu era uma agente de Cristo em tempo integral. Mais cedo ou mais tarde as autoridades descobririam, porque o governo iraniano é muito astuto”, diz a cristã. O Irã é o 9º país na Classificação da Perseguição Religiosa deste ano, as reuniões e cultos são monito-

rados constantemente pela polícia secreta. A preparação A cristã iraniana conta como preparou sua filha, desde muito pequena, para compreender a realidade da perseguição. “Quando nossa filha ainda estava na escola primária, já começamos a prepará-la para isso. Lily sabia que um dia o governo nos tiraria dela, nós sempre a alertamos: ‘Quando eles vierem para levar papai e mamãe, não se preocupe, apenas ore’. Ela sabia que a Bíblia diz que é normal a perseguição aos seguidores de Jesus. Então, numa manhã de inverno, quando Lily estava na escola, eles tocaram a campainha, invadiram nosso apartamento e vasculharam tudo. Leva-

ram-nos para a prisão e no caminho só pensávamos em nossa filha, que só tinha 12 anos de idade”, conta ela e continua. “Eu sabia que ela estava preparada e que ficaria em oração. Também sabia que ela procuraria um amigo que prometeu cuidar dela quando isso acontecesse. Depois de alguns dias, fiquei sabendo que a primeira pergunta que ela fez a ele foi: ‘Você pode tirar meus pais da prisão?’. Ele então a confortou e mostrou quanta gente já estava em oração por nós. Na prisão, eu e meu marido fomos separados. Eles deram a mim o direito de ver Lily quatro vezes por semana. Fui interrogada diariamente, até que encontraram meu ponto

fraco: minha filhinha. Eu disse tudo a meu respeito, mas me recusei a dar nomes das pessoas que estavam envolvidas na mesma atividade cristã que eu. Então eles disseram: ‘Ok, enquanto não disser os nomes não verá mais sua filha’. Eu só conseguia chorar e pensar em como ela seria consolada sem ouvir minha voz”, lembra. Descansando em Deus A cristã conta que naquela noite fria ela não conseguiu dormir. “Enquanto eu orava, sentia um vento quente em meu rosto e uma voz suave disse: ‘Tome posse disso’. A cada sopro daquele vento meu corpo se enchia de alegria, então eu tive que me levantar e comecei a dançar e a louvar

ao Senhor, durante aquela noite inteira. Eu dancei na presença de Deus até o amanhecer. Foi quando tive forças para entregar minha filha aos cuidados dele. Depois eu soube que nessa mesma noite todos os irmãos estavam reunidos e orando por nós. E ainda hoje, todas as vezes que me lembro dessa noite especial, eu sinto a mesma alegria. Então, o tempo de prisão passou e nós pudemos voltar para casa para abraçar a nossa Lily, que afirmou ter crescido muito em sua fé, por causa dessa experiência. Por isso tudo eu digo que vale a pena orar e confiar no Senhor, ele cuida de cada um de nós. Sou grata por servir a esse Deus tão maravilhoso”, conclui.

NOTA DE FALECIMENTO

Samuel Brasil Bueno “Então veio o Senhor, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala porque o teu servo ouve” (1Sm 3.10). No dia 09/05, o querido Samuel Brasil Bueno foi chamado pelo Senhor. Desta vez foi um chamado diferente. Não foi para servir como o nosso Samuel sempre fez. Desta vez, o chamado do Senhor foi para estar junto dele, após um período de pouco mais de três semanas hospitalizado, tratando de um câncer raro e agressivo.

O presbítero Samuel ocupou vários cargos de liderança na Igreja Presbiteriana de Araraquara e na Congregação Boas Novas. Serviu com o mesmo espírito cristão em diversas entidades sociais que promoviam a vida e a dignidade humana. De todos os predicados que podem defini-lo, sem dúvida alguma o maior de todos e que conduzia suas ações era ser chamado de Servo do Senhor. Ele definitivamente amou o seu próximo como a si mesmo. Sempre entusiasmado em servir, usava o seu talento para viver de fato o evangelho e demonstrar o amor de Deus ao

próximo. Em tudo que fazia, fazia de coração, como ao Senhor. Nato contador de histórias, adorava compartilhar seu dia, as atividades que estava desenvolvendo, os projetos que tinha para expandir a ação assistencial que impactava desde crianças até idosos. Sua esposa Teresinha, suas filhas Samantha e Priscila, seu genro Vagner e seus netos Sophia, Laila e Luca são eternamente gratos a Deus pela vida do Samuel assim como muitos amigos e familiares que conviveram e foram impactados pelo seu testemunho de vida.


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AÇÃO SOCIAL

Casa de Hospedagem Betesda – Uberlândia A instituição é ligada à IP de Uberlândia e atende mulheres e crianças que estão em tratamento no HC de Uberlândia

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a cidade de Umuarama, Uberlândia, está localizada a Casa de Hospedagem Betesda, cujo o nome significa misericórdia. A instituição é ligada à Igreja Presbiteriana de Uberlândia e recebe diariamente, mulheres e crianças com idade até 12 anos que estão em tratamento no Hospital das Clínicas de Uberlândia ou acompanhando-os. O perfil mais comum dos hóspedes é de mulheres que, por não encontrarem o tratamento necessário em suas

cidades, chegam em Uberlândia e ficam durante todo o período. O objetivo da Casa Betesda é oferecer para essas pessoas, dormitórios confortáveis, refeições diárias, banhos, local para lavar roupas, entre outros serviços que não são oferecidos no hospital, e fazem falta. Tudo é oferecido gratuitamente, além das atividades lúdicas, psicológicas e da brinquedoteca para as crianças. De acordo com Adriana Borges, coordenadora admi-

Diretoria 2017-2019: Sr. Atualpa, Dra. Vânia, Lídia, Cleusa, Clece, Vanessa.

nistrativa da Casa, é muito gratificante poder ajudar algumas famílias que chegam pedindo esse suporte. “Sabemos que, aqui no Brasil, o setor da saúde é frágil, então, oferecer esse cuidado e, de alguma forma, melhorar a situação delas nos deixa felizes”, afirma. A rotina das pacientes

seria mais difícil sem a hospedagem. “Em especial, as pacientes da oncologia. Elas têm que estar internadas no hospital bem cedo nos dias da quimioterapia, então, até saírem de suas cidades, muitas vezes em horários e meios de transporte desconfortáveis, seria mais complicado”, conta Adriana.

A Casa possui 52 leitos e atende, diariamente, entre 40 e 50 pessoas. Para as pacientes da oncologia, é oferecido um espaço diferente, respeitando as necessidades específicas, dependendo do caso. No dia 11 de março, a organização realizou mais uma edição do Encontro Casa de Hospedagem Betesda, com 60 voluntários envolvidos. O objetivo é fazer integração e alegrar a vida de quem está hospedado. Acompanhe a Casa de Hospedagem Betesda de Uberlândia nas redes sociais, e saiba como ajudar: www. facebook.com/casabetesda ou entre em contato pelo telefone (34) 3232-6952.

MEDITAÇÕES

Bengala Santa “(...) os caminhos do homem estão perante os olhos do SENHOR” (Pv 5.21). Frans Leonard Schalkwijk

O

que Deus está vendo nesse caso descrito em Provérbios 5.15-23? Um homem cambaleando, faltando pouco para cair. Está muito fraco, embora se sinta cheio de vigor. Mas o SENHOR está vendo outra coisa: se continuar assim, esse homem morrerá por falta de disciplina e de domínio próprio (Gl 5.23).

Tropeçar por um amor ilícito? Mas por quê? Pois não adianta e nem precisa (Pv 5.19). Não há nada de errado com nosso desejo sexual, porque Deus mesmo implantou-o no coração do homem. Deus não colocou um convento no Paraíso, mas sim um casal. Não devemos ter vergonha de falar daquilo que Deus não teve vergonha de criar. Mas por causa do

pecado, devemos falar desse assunto coram Deo, na presença do Senhor. Você se sente muito carente, sexualmente? Então, procure a sua esposa, e alegre-se com a beleza dela, até “com ações de graça” (1Tm 4.3). E, se não tiver esposa, procure-a, pois Deus abençoa essa procura sincera, e chama-a até o bem (Pv 18.22). “Goza a vida com a mulher que amas” foi o versículo do casamento dos meus pais (Ec 9.9). Mas, se mesmo que você tenha procedido da forma

correta se sente muito tentado a cair, use uma bengala, irmão. Melhor um marido de bengala do que um marido no hospital ou na cova. Sua bengala, que vai lhe ajudar na hora em que você se sente vacilante, pode ser o que José disse: “Como cometeria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus?” (Gn 39.9) ou o mandamento claro: “Maridos, amai vossas mulheres” (Ef 5.25). E lembre-se onde sua bengala está, na hora de precisar dela! Que pena, mas é assim

depois da Queda. Então, é melhor se conscientizar dessa realidade – todos necessitamos de uma bengala santa! E se não usar? Quer perder tudo por uma loucura, recusando a disciplina do Fiel (Pv 5.12)? Seria loucura mesmo! Estrago para você, sua família e para seus co-peregrinos (Pv 5.14). Mas, graças a Deus, como essa bengala santa pode ajudar! E foi feita para ser usada! Extraído de Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.


500

anos

REFORMA 1517 - 2017

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O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 751 - Junho de 2017

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A REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO 16

A Reforma Protestante – 2a Parte

A Reforma na Alemanha Alderi Souza de Matos

A reforma luterana difundiu-se rapidamente no Sacro Império Romano Germânico, sendo abraçada por vários principados alemães. Isso levou a dificuldades crescentes com os principados católicos, com o novo imperador Carlos V (1519-1556) e com o parlamento (Dieta). Na Dieta de 1526, houve uma atitude de tolerância para com os luteranos, mas em 1529 a Dieta de Spira reverteu essa política conciliadora. Diante disso, os líderes luteranos fizeram um protesto formal que deu origem ao nome histórico “protestantes”. No ano seguinte, o auxiliar e eventual sucessor de Lutero, Filipe Melanchthon (1497-1560), apresentou ao imperador Carlos V a Confissão de Augsburgo, um importante documento que definia em 21 artigos a doutrina luterana e indicava sete erros que Lutero via na Igreja Católica Romana. Os problemas político-religiosos levaram a um período de guerras entre católicos e protestantes

(1546-1555), que terminaram com um tratado, a Paz de Augsburgo. Esse tratado assegurou a legalidade do luteranismo mediante o princípio “cujus regio, eius religio”, ou seja, a

os demais reformadores defenderam alguns princípios básicos que viriam a caracterizar as convicções e práticas protestantes: sola Scriptura, solus Christus, sola gratia, sola

e em Einsiedeln (1516). Influenciado pelo Novo Testamento publicado por Erasmo de Roterdã, tornou-se um estudioso das Escrituras e um pregador bíblico. Com

religião de um príncipe seria automaticamente a religião oficial do seu território. O luteranismo também se difundiu em outras partes da Europa, principalmente nos países nórdicos, surgindo igrejas nacionais luteranas na Suécia (1527), Dinamarca (1537), Noruega (1539) e Islândia (1554). Lutero e

fides, soli Deo gloria. Outro princípio aceito por todos foi o do sacerdócio universal dos fiéis.

isso, foi chamado para trabalhar na catedral de Zurique em 1518. Quatro anos mais tarde, surgiram as primeiras divergências com a doutrina católica. Zuínglio defendeu o consumo de carne na quaresma e o casamento dos sacerdotes, alegando não serem essas coisas proibidas nas Escrituras. Ele

Ulrico Zuínglio (14841531) Zuínglio recebeu uma educação esmerada, com forte influência humanista. Inicialmente, foi sacerdote em Glarus (1506)

propôs o princípio de que tudo devia ser julgado pela Bíblia. Em 1523, houve o primeiro debate público em Zurique e a cidade começou a tornar-se protestante. O reformador escreveu os Sessenta e Sete Artigos – a carta magna da reforma de Zurique – nos quais defendeu a salvação somente pela graça, a autoridade da Escritura e o sacerdócio dos fiéis, bem como atacou o primado do papa e a missa. Esse movimento suíço, conhecido como a “segunda reforma”, deu origem às igrejas “reformadas”, difundindo-se inicialmente na Suíça alemã e no sul da Alemanha. Em 1525, o Conselho Municipal de Zurique adotou o culto em lugar da missa e em geral promoveu mudanças mais radicais do que as efetuadas por Lutero. Como estava acontecendo na Alemanha, também na Suíça houve guerras entre católicos e protestantes. Em 1529, travou-se a primeira batalha de Kappel. No mesmo ano, a Dieta de Spira mostrou aos protestantes a necessi-


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dade de uma aliança contra os seus adversários. Para tanto, era necessário que resolvessem algumas diferenças doutrinárias. Isso levou ao Colóquio de Marburg, convocado pelo príncipe Filipe de Hesse. Luteranos e reformados concordaram sobre a maior parte das questões doutrinárias, mas divergiram seriamente sobre o significado da Santa Ceia. Em 1531, Zuínglio morreu na segunda batalha de Kappel. Os Reformadores Radicais (Anabatistas) O terceiro movimento da Reforma Protestante surgiu na própria cidade de Zurique. Em 1522, homens como Conrado Grebel e Félix Mantz começaram a reunir-se com amigos para estudar a Bíblia. Inicialmente, eles apoiaram a obra de Zuínglio, mas a partir de 1524 passaram a condenar tanto Zuínglio quanto as autoridades municipais, alegando que a sua obra de

reforma não estava sendo profunda o suficiente. Por causa de sua insistência no batismo de adultos, foram apelidados de “anabatistas”, ou seja, rebatizadores, sendo também chamados de radicais, fanáticos, entusiastas e outras designações. Por causa de suas atividades de protesto, nas quais chegavam a interromper cultos e celebrações da ceia, os líderes anabatistas sofreram punições de severidade crescente. Em 1526, Grebel morreu em uma epidemia, mas seu pai foi decapitado, Mantz foi afogado e outro líder, Jorge Blaurock, foi expulso da cidade. O movimento logo se difundiu nas vizinhas Alemanha e Áustria e em outras partes da Europa. Um importante líder em Estrasburgo foi Miguel Sattler (c.1490-1527), que presidiu a conferência de Schleitheim (1527), na qual os anabatistas aprovaram a Confissão de Fé de Schleitheim. Essa confissão definiu os princí-

pios anabatistas básicos: ideal de restauração da igreja primitiva; igrejas vistas como congregações voluntárias separadas do Estado; batismo de adultos por imersão; afastamento do mundo; fraternidade e igualdade; pacifismo; proibição do porte de armas, cargos públicos e juramentos. Os anabatistas foram os únicos protestantes do século 16 a defenderem a completa separação entre a igreja e o estado. Os anabatistas adquiriram uma reputação negativa por causa de acontecimentos ocorridos na cidade de Münster (15321535). Influenciados por Melchior Hoffman, que anunciou o fim do mundo e a destruição dos ímpios, alguns anabatistas implantaram uma teocracia intolerante naquela cidade alemã. Finalmente, foram todos mortos por um exército católico. Já na Holanda, o movimento teve um líder equilibrado e capaz na pessoa de Menno Simons (1496-1561), do qual vieram os menonitas. Outro líder de expressão foi Jacob Hutter (†1536), na Morávia. Os menonitas e os huteritas viviam em colônias, tendo tudo em comum (ver At 2.44; 4.32). Cruelmente perseguidos em toda a Europa, muitos deles finalmente emigraram para a América do Norte. Continua na próxima edição: João Calvino (1509-1564)

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O princípio do preparo espiritual do pregador resgatado pela reforma protestante Jubal Gonçalves

O movimento da Reforma Protestante não salientou apenas o preparo acadêmico do pregador. Enfatizou também o seu preparo espiritual. O mensageiro precisará do auxílio do Espírito Santo para interpretar e expor o texto sagrado. Os pregadores que desejam ser fiéis a Deus devem buscar falar da parte dele através de uma boa exegese do texto e da iluminação do Espírito Santo, a fim de falarem apenas o que o Senhor revelou nas Escrituras, nem mais nem menos. A transformação do coração humano não é operada mediante a eloquência do pregador e, sim, pelo poder da Palavra de Deus, aplicado através do Espírito Santo. A atuação do Espírito não é apenas importante, mas indispensável na elaboração, entrega e recebimento da mensagem divina. Com respeito à importância da obra do Espírito na entrega da mensagem pode-se afirmar que o sermão se inicia no gabinete pastoral antes de terminar no púlpito. Todo pregador responsável deve preparar-se previamente, tanto acadêmica quanto espiri-

tualmente para pregar, em vez de apenas proclamar: “O Senhor me revelou”. Quando se afirma que o sermão começa no gabinete quer-se dizer que a mensagem é dinâmica e que o Espírito usa o preparo do mensageiro para que o sermão seja eficaz e fiel à Palavra. Paulo dependia do Espírito para pregar (Rm 15.19) e o próprio Senhor Jesus desempenhava seu ministério no poder do Espírito Santo (Lc 4.14). Não se pode ignorar, também, que a eficácia da mensagem depende da atuação do Espírito tanto no mensageiro quanto no receptor. O ouvinte precisa se preparar para receber a mensagem. O fato de o Espírito Santo não mover o coração de alguém para atentar à mensagem bíblica não isenta essa pessoa de responsabilidade por não ter se preparado para recebê-la. Portanto, os pregadores precisam se esmerar no estudo e orarem, entendendo que dependem do Espírito para interpretarem, prepararem o sermão homileticamente e entregarem a mensagem do Senhor. O Rev. Jubal Gonçalves é mestre em Pregação pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e pastor da 4ª IP Carapicuíba – SP.


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Os reformadores e a educação Alderi Souza de Matos

São evidentes as conexões entre a Reforma e a educação, a começar do fato de o movimento ter tido início em uma universidade. Martinho Lutero era professor da Universidade de Wittenberg quando escreveu suas Noventa e Cinco Teses sobre as indulgências para um debate acadêmico. Os reformadores suíços receberam sólida formação universitária. Ulrico Zuínglio estudou nas universidades de Viena e Basileia e João Calvino nas de Paris, Orleans e Bourges. Eles sofreram a influência do humanismo renascentista, com seu profundo interesse pelos clássicos, pelos pais da igreja e pelo estudo da Bíblia nas línguas originais. Assim, desde o início, o movimento reformador teve uma forte dimensão intelectual e educacional. Outros fatores que levaram a uma crescente ênfase na educação foram os próprios princípios religiosos centrais do movimento. O Sola Scriptura, ou seja, a Escritura como critério central da fé e da prática cristã, gerou a necessidade de que a Bíblia fosse lida, estudada e corretamente interpretada. Isso exigia que as pessoas fossem alfabetizadas e instruídas, e que os pastores, os ministros da Palavra, recebessem uma sólida formação acadêmi-

ca. A esse princípio estava associado outro, necessário, mas potencialmente desagregador, o “livre exame das Escrituras”, que também precisava ser acompanhado de cuidadoso trabalho educativo. O “sacerdócio de todos os crentes” foi outro princípio essencial, pois incentivou o pleno envolvimento dos fieis na vida espiritual, eclesiástica e comunitária, como ministros de Deus. A tudo isso se deve

“burgueses” eram as pessoas que sabiam ler e tinham condições financeiras para adquirir livros. As ações dos reformadores também contribuíram para uma vigorosa ênfase na educação. Nos anos iniciais do seu trabalho, Lutero produziu dois escritos específicos sobre o tema. Em um deles, apelou às autoridades de todas as cidades da Alemanha para que criassem e mantivessem escolas cristãs; no

alguns colegas, fundou em Zurique o “Prophezei”, um centro de erudição destinado ao cultivo das línguas bíblicas originais e ao estudo da Bíblia, aplicando os princípios humanistas de filologia e teoria literária clássica. Essa instituição, que perdurou por muitos anos, constituiu-se num modelo pioneiro de educação protestante. Calvino, com todo o seu brilhantismo intelectual, atribuiu grande valor à edu-

acrescentar a influência de uma importante inovação tecnológica da época, a imprensa. As obras dos reformadores causaram tanto impacto porque foram rapidamente impressas e amplamente distribuídas, o que criou uma rica cultura literária em torno da Reforma. Isso explica por que o movimento teve forte aceitação inicial nos meios urbanos de classe média. Como observa o historiador Alister McGrath, os

outro, exortou os pais a manterem seus filhos na escola. A mais magnífica contribuição intelectual desse reformador foi a sua tradução da Bíblia para o idioma pátrio, que deu um caráter literário à língua alemã. Zuínglio, tendo recebido uma sólida formação humanista, destacou-se como conhecedor dos autores clássicos e dos idiomas latino, grego e hebraico. Em 1525, junto com

cação. Em sua teologia, ele afirmou que a igreja é mãe e mestra dos fiéis, devendo educá-los por toda a vida. Ao propor uma estrutura para a igreja reformada de Genebra em suas Ordenanças Eclesiásticas (1541), ele insistiu que a igreja devia ter um grupo de oficiais voltados especificamente para o ensino, os mestres ou doutores. Em 1559, fundou a Academia de Genebra, uma escola primária, secundária

e superior que serviu de modelo para muitas outras que haveriam de surgir. Teodoro Beza, sucessor de Calvino em Genebra, foi destacado erudito influenciado pelo humanismo. Lecionou grego em Lausanne e Genebra e publicou diversas edições do Novo Testamento em latim e grego, revelando grande interesse por questões textuais e bíblicas. Foi reitor e professor da Academia de Genebra por muitos anos. Outro discípulo de Calvino, o reformador escocês John Knox, defendeu no Primeiro Livro de Disciplina (1560), importante documento organizador da Igreja da Escócia, a educação para todas as crianças e a criação de universidades. Uma contribuição adicional dos reformadores à educação foram seus catecismos, valiosos recursos didáticos para a formação cristã de crianças, jovens e adultos. O Breve Catecismo (1529) é considerado um dos escritos mais valiosos de Lutero. Calvino deixou sua Instrução na fé (1537) e o Catecismo de Genebra (1542). Outros documentos valiosos foram o Catecismo de Heidelberg (1563) e aqueles produzidos pela Assembleia de Westminster. Todos esses elementos apontam para a importância capital da educação na perspectiva dos reformadores.


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Zuínglio e as origens do movimento reformado Alderi Souza de Matos

O reformador Ulrico Zuínglio (1484-1531) é o grande pioneiro da chamada Segunda Reforma ou Reforma Suíça. Esse fenômeno foi descrito, ainda no século 16, com o adjetivo “reformado” por causa do entendimento de que havia ido muito além das iniciativas de Lutero no sentido de reformar a igreja. Daí expressões como “movimento reformado”, “tradição reformada” e “fé reformada”. O trabalho desse líder foi aprofundado e difundido por sucessores como João Henrique Bullinger e João Calvino. Zuínglio nasceu na vila

de Wildhaus, no nordeste da Suíça, e teve boas oportunidades educacionais. Frequentou as universidades de Viena e Basileia e foi fortemente influenciado pelo humanismo renascentista. Em particular, foi impactado pelo interesse religioso de alguns humanistas, como Erasmo de Roterdã, dedicando-se ao estudo do grego, da Bíblia e dos Pais da Igreja. Ordenado em 1506, inicialmente exerceu o sacerdócio em Glarus e Einsiedeln. Sua fama crescente como pregador e erudito resultaram no convite para liderar, a partir de 1519, a principal igreja de Zurique.

Entre 1522 e 1525, empreendeu um grande programa de reformas na vida religiosa local, com base no princípio de que somente a Escritura devia ser normativa para os cristãos. Para um primeiro debate público, em janeiro de 1523, escreveu os Sessenta e sete artigos, considerados a primeira confissão de fé protestante. No segundo debate, em outubro do mesmo ano, questionou a veneração de imagens e o caráter sacrificial da missa. Na Páscoa de 1525, a missa foi abolida, sendo substituída por um sóbrio culto evangélico com celebração da Ceia do Senhor. Em todo

esse processo, Zuínglio teve o decidido apoio das autoridades civis. Nos anos seguintes, as principais cidades suíças abraçaram a Reforma e também a cidade alemã de Estrasburgo, enquanto que os cantões rurais se mantiveram católicos. Alguns seguidores iniciais do reformador se afastaram dele quanto ao batismo e outros pontos, dando origem ao movimento anabatista. Nos seus últimos anos, Zuínglio manteve crescente atividade política. Em 1529, encontrou-se com Lutero no célebre Colóquio de Marburg. Foi morto em combate em 11 de outu-

bro de 1531, na segunda batalha de Kappel, contra as forças católicas. Suas principais obras foram Apologeticus archeteles, Análise e justificativa dos Sessenta e sete artigos, A verdadeira e a falsa religião, Explanação da fé, A providência de Deus e Exposição da fé cristã. Entre seus conceitos mais importantes estão a centralidade da Escritura, a conexão entre a Palavra e o Espírito Santo, a plena soberania de Deus, a estreita relação entre a lei e o evangelho, a dimensão social da fé e o caráter simbólico e didático dos sacramentos.

Felipe Melanchthon e a educação Gildásio Reis

Felipe Melanchthon (1497-1560) ainda é um personagem pouco conhecido em nossas igrejas. Não deveria ser assim, considerando ter sido ele uma das mentes mais brilhantes da Reforma Protestante. Ele não foi responsável apenas pela importante Confissão de Augsburgo, mas, juntamente com outros reformadores, promoveu grandes mudanças educacionais. Seu prestígio era tão grande que não havia uma única cidade em toda a Alemanha que não tivesse

recebido sua influência. Em 1518, um ano após a publicação das 95 Teses de Lutero, Melanchthon foi convidado para lecionar na Universidade de Wittenberg. Em sua posse como professor, fez um discurso, dirigindo-se aos alunos, recomendando o estudo dos clássicos, mostrando que tal literatura era o melhor meio de educar os jovens, em razão do seu conteúdo ético. Nos anos de 1523 e 1524, quando exercia o cargo de reitor na Universidade, remodelou-a com os ideais da Reforma. Segundo

Melanchthon, a ignorância é a maior adversária da fé e por isso precisava ser combatida. O caminho é a reforma da educação, o retorno à Palavra de Deus e o resgate da autoridade intelectual e moral dos educadores. Nessa universidade, Melanchthon lecionou seus últimos 42 anos de vida, vindo a nortear todo o sistema educacional, não apenas na Alemanha, mas também no resto da Europa. Nos anos de 1527 e 1528, nomeado pelo duque da Saxônia, visitou, acompanhado de outros teólo-

gos, as igrejas e escolas da região. Após a visita e constatando a ignorância entre o povo, compilou o chamado “Artigos da Visitação”, em que constava uma série de orientações para a reestruturação da escola pública na Alemanha. O Plano elaborado por Melanchthon, fruto dessas visitas, foi considerado o primeiro regimento escolar da Reforma, que em razão de sua importância, serviu de modelo para as escolas da Alemanha do século 16, o que tornou Melanchthon o fundador do sistema esco-

lar do Estado moderno. Como podemos ver, a contribuição de Melanchthon para a educação não foi pequena. Redigiu uma gramática grega e uma gramática latina, atingindo esta última 53 edições. Redigiu também manuais para muitas escolas e universidades, adaptando-os aos ideais da Reforma e do humanismo. Aconselhou governantes por toda a Europa, e escreveu muitos livros e manuais de ensino. O Rev. Gildásio Reis é Capelão do Mackenzie.


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VIDA MISSIONÁRIA

Carta de Oração Missionário Luciano de Azevedo, Maputo/Moçambique – Março/2017

Início das atividades na IPM Como de costume, as atividades do ano na IP de Moçambique tiveram início na primeira semana de fevereiro, com um retiro de obreiros. Além da agradável confraternização da qual é possível desfrutar nesses encontros, a ocasião foi marcada também por estudos e debates em torno do tema do ano da igreja. Em 2017, nosso tema será: “Deus vivo, transforma-nos e ajuda-nos a transformar o mundo”, que tem por base Lucas 4.14-21. Tendo em vista a comemoração dos 500 anos da Reforma Pro-

testante, fui convidado para ministrar um estudo durante o retiro, cujo tema foi “A Doutrina da Graça: Resgatando os valores da Doutrina Reformada”. Durante esses retiros são transmitidas também as orientações práticas para cada obreiro acerca dos alvos da igreja para o corrente ano. Louvo a Deus, pois, apesar dos muitos desafios que a IPM enfrenta (boa parte deles internos!) tenho observado um interesse real de alguns obreiros em ajudar a igreja a resgatar seus valores e, principalmente, sua visão, como igreja Reformada, comprometida coma

proclamação do evangelho nesse país. Há um componente, entretanto, do qual sinto falta na vida da IP de Moçambique em geral e nos obreiros em particular: Oração! Temos visto alguns grupos realmente interessados em dinamizar a vida de oração da igreja, porém, seguindo por caminhos estranhos. Alguns desses grupos têm claramente importado influências da teologia da prosperidade, tentando reproduzir o que têm aprendido nas igrejas neopentecostais que visitam ocasionalmente, ludibriados pelas promessas de cura e riqueza. Tristemente, até alguns de nossos pastores parecem

Irmãos da Igreja Presbiteriana de Moçambique

seduzidos por essas ideias. A raiz do problema parece ser a falta do ensinamento e da prática da oração por parte da liderança da igreja, gerando dois grupos polarizados: os que não oram e os que oram de maneira ou com intenções erradas. Tenho uma convicção clara de que qualquer transformação na vida da igreja e, consequentemente, de seu contexto, só pode ocor-

rer a partir de uma ação do Espírito Santo, produzindo uma comunhão íntima com Deus, a começar pela vida do obreiro. Peço que estejam orando especificamente por esse motivo: por uma revitalização na vida de oração da IP de Moçambique. Que Deus esteja levantando pastores e líderes que preguem e sejam exemplares no que diz respeito à vida de oração.

De acordo com Timotheo Silveira, diretor do Colégio do Instituto Cristão de Castro, importantes apoiadores fizeram a diferença no trabalho, como o Exército Brasileiro (5º Esquadrão de Cavalaria de Castro), promotores, juízes e a prefeitura, além das igrejas locais, Presbiterianas e Reformada Holandesa. Para a maioria dos alunos, a experiência trouxe

motivação para participar cada vez mais. “Buscamos com o projeto, a conscientização dos alunos sobre a importância dessas ações como cidadãos do mundo. São pequenas ações como essas que contribuem para um cidadão consciente do seu papel social. Nossos alunos são preparados para a vida de forma integral, como base da nossa missão”, conclui o diretor.

AÇÃO SOCIAL

Instituto Cristão Solidário No período de páscoa, doces e alegria foram distribuídos às crianças carentes

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o dia 13 de abril, alunos do Colégio do Instituto Cristão de Castro (IC), no Paraná (PR), participaram de uma ação de Páscoa, idealizado pela direção do colégio, e executado da Capelania escolar. O evento faz parte do

projeto anual do Mackenzie Voluntário no Instituto Cristão, que esse ano tem como meta, atingir três mil pessoas na cidade de Castro, em sua maioria famílias carentes. Na ação de Páscoa, os alunos arrecadaram e distribuíram doces (chocola-

tes) para crianças filhas de presidiários da região de Castro. A entrega de 300 kits de doces para crianças e famílias ocorreu no Conselho da comunidade. Este ano o IC realizará mais quatro ações: distribuição de agasalhos, conscientização sobre lixo e meio ambiente, dia das crianças e um sopão para setecentas famílias, distribuído em junho no início da época de frio na cidade.


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EDUCAÇÃO CRISTÃ

Ensino e aplicação – Educação e vida com O

Conselho de Educação Cristã e Publicações (CECEP) realizou nos dias 26 e 27 de maio na cidade do Rio de Janeiro o Congresso Regional de Educação Cristã da IPB. Abertura e encerramento ocorreram na Catedral e as oficinas em salas do Mackenzie Rio. Com mais de 550 inscritos e o título acima como tema – sob a direção geral do Presb. Clodoaldo

Waldemar Furlan, presidente do CECEP, e direção executiva do Presb. Haveraldo Ferreira Vargas, Superintendente da Cultura Cristã – o Congresso contou com a participação dos Revs. Roberto Brasileiro e José Romeu da Silva como pregadores, e do Rev. Heber Carlos de Campos Júnior como palestrante. Além disso, foram oferecidas 13 oficinas práticas dirigidas pelos educadores

Cláudio Marra, Donizeti Ladeia, Eduardo Assis, Heber Jr., Joel Theodoro Jr, JR Vargas, Leninha Maia, Márcia Barbutti, Maurício Nepomuceno, Mauro Meister, Misael Nascimento, Roberta Fonseca e Sandra Marra. O CECEP anuncia desde já a realização do Congresso Nacional de Educação Cristã em 2018, no Mackenzie, em São Paulo.

Rev. Roberto Brasileiro, Presidente do Supremo Concílio da IPB, pregador no culto de abertura.

Rev José Romeu da Silva, membro do CECEP e pregador no culto de encerramento.

Membros do Cecep, Rev. Guilhermino Cunha (Pastor Emérito) e Rev. Jorge Patrocínio (Pastor Titular), na condução do culto de encerramento.

Grupo vocal da Catedral na condução dos hinos e cânticos


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base na Palavra

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OFICINAS

O presbítero e o ensino na igreja – Cláudio Marra O ensino na classe de jovens – Donizeti Rodrigues Ladeia Organização curricular na sua ED – Eduardo Assis Ensino nas classes de adolescentes – Haveraldo Vargas Jr. As aplicações e a prática cristã – Heber Carlos de Campos Jr. Preparação do adolescente para a faculdade – Joel Theodoro O culto das crianças – José Maurício Nepomuceno Discipulado para adolescentes – Leninha Maia Didática para o ensino de crianças (oficina em 2 períodos) – Márcia Barreto Como ler a Bíblia para preparar a lição – Mauro Meister Rev. Guilhermino Cunha, pastor emérito da igreja, chamando mais um ganhador. Ao seu lado, Rev. Jorge Patrocínio , pastor titular.

Carlos Vinicius Sampaio foi o grande ganhador de livros do Congresso.

Como preparar estudos bíblicos a partir de livros – Misael Batista do Nascimento Ensino de pré-adolescentes e juniores (oficina em 2 períodos) – Roberta Fonseca Didática de aulas para jovens e adultos (oficina em 2 períodos) – Sandra Marra

Vários exemplares da Bíblia de Estudo de Genebra foram sorteados


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O CONSULTÓRIO BÍBLICO REVISITADO

O poder de Satanás Editoria assinada primeiramente pelo Rev. Galdino Moreira (1889-1982) e em seu último formato redigida desde 1977 pelo Rev. Odayr Olivetti até seu falecimento (1928-2013) Odayr Olivetti

Pergunta – “Se Satanás atua em espírito na vida do crente, ele é também onisciente, onipresente e onipotente?” Resposta – algumas considerações: 1ª – Notemos que onisciência, onipresença e onipotência são qualidades

interdependentes: faltando uma delas, as outras duas são impossíveis. 2ª – Somente Deus é onisciente, onipresente e onipotente. 3ª – Atribui-se ubiquidade a Satanás, o poder de estar presente em muitos lugares ao mesmo tempo. Onipresença não. 4ª – Satanás é sobre-hu-

mano, mas não é divino; poderoso, mas não onipotente; exerce ampla influência, mas sofre restrição imposta por Deus (Mt 12.22-29; Ap 20.2). Com base na vitória de Cristo, Satanás pode ser vencido pelo cristão verdadeiro (At 26.18; Rm 16.20; Tg 4.7; 1 Jo 2.13,14; 5.18,19). 5ª – Como “deus deste

mundo” (2 Co 4.4), Satanás se veste de atributos aparentemente divinos, mas são atributos falsos e imensamente inferiores aos de Deus. 6ª – O poder de Satanás está sob o controle e o ju-

ízo de Deus (Jó 1.12; 2.6; Lc 4.6; Ap 20.1-3, 7-10). Louvado seja Deus, cuja perfeição está definitiva e infinitamente acima de tudo quanto possa reluzir em suas criaturas (Rm 11.33-36).

FORÇA DE INTEGRAÇÃO

Juntos Somos Melhores Com visão evangelística e de comunhão, jovens de Porto Alegre realizam eventos entre igrejas

N

o dia 06 de maio, a União de Mocidade Presbiteriana (UMP) da 1ª IP de Porto Alegre realizou um evento especialmente voltado para crianças e adolescentes carentes, em Lomba do Pinheiro, um bairro carente em Porto Alegre. Lá já acontece um evento aos sábados, e a UMP local preparou um dia de atividades com evangelização no bairro, convidando as pessoas para o culto, que aconteceu na parte da tarde. Rev. Osias Correia,

pastor efetivo da IP Porto Alegre, foi quem pregou. Além das atividades com as crianças e adolescentes, o grupo de voluntários distribuiu gratuitamente algumas Bíblias que a SAF adquiriu especificamente para a ação evangelística. A UMP tem atuado de forma intensa no envolvimento com outras igrejas da região, que ainda não possuem a sociedade interna organizada. Pensando em atuar juntos, sempre que possível, criaram o proje-

to “Juntos somos melhores”, que culminou em um encontro de adoração, no mês de abril. O culto foi realizado no templo da 1ª IP Porto Alegre, que recebeu as mocidades da 2ª, 3ª e 4ª IP Porto Alegre, e das IP de Sapiranga e Canoas, esta última, colaborando com as músicas para o período de cânticos espirituais. O pregador na ocasião foi Rev. André Scordamaglio, que pastoreia uma congregação da 3ª IP Porto Alegre. “A iniciativa foi da nossa

Jovens da 1ª IP Porto Alegre realizam intregração com outras igrejas da região

UMP com o objetivo de unir e fortalecer as igrejas da cidade e região metropolitana, pois, infelizmente nem todas as igrejas possuem a sociedade organizada. Precisamos estar unidos para a solidificação e

continuidade do trabalho. Na verdade existem poucas igrejas presbiterianas no estado do Rio Grande do Sul, então vamos caminhando devagar, dentro das possibilidades, mas na força do Senhor”, explica a diretoria da UMP.


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PRESBITERIANISMO EM FOCO

Universidades Presbiterianas Marcone Carvalho

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m valor caro à tradição reformada é o apreço devotado à educação. Não é gratuita a criação de universidades por iniciativa de reformados em diversos lugares do mundo. Harvard, Yale e Princeton, nos Estados Unidos, e Genebra, Edimburgo e a Livre de Amsterdã, na Europa, são alguns exemplos de instituições de ensino superior que nasceram sob a influência calvinista. O mesmo tem acontecido na Ásia (Coreia do Sul), na África (Gana e África do Sul), na Oceania (Austrália) e na América do Sul (Brasil, Argentina, Bolívia e Colômbia). Entre nós, brasileiros, a Universidade Presbiteriana Mackenzie dispensa maiores apresentações. Reconhecida como tal em 1952, suas origens remontam ao ano de 1870, por inciativa do casal George e Mary Chamberlain. Em São Paulo capital, são oferecidos 33 cursos de graduação, 13 programas de mestrado e 07 doutorados. Outros polos funcionam em Barueri, Campinas, Rio de Janeiro, Brasília e Recife. Na Argentina, existe a Universidad de San Andrés (UdeSA), fundada em 1988. Foram os escoceses que implantaram o presbiterianismo no país,

em meados do século 19. Lá existem também a Iglesia Presbiteriana San Andrés (fundada em 1835), a Escuela Escocesa San Andrés (1838) e a Revista San Andrés (1880). Sediada em Buenos Aires, a Universidade de San Andrés oferece 18 cursos de graduação, 12 mestrados e 03 doutorados. Trata-se de uma instituição laica que é governada por um conselho administrativo, do qual participam representantes da Iglesia Presbiteriana San Andrés. Em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, os presbiterianos coreanos estabeleceram a base de sua missão. Ali instalados desde 1982, a atuação deles tem integrado evangelização, educação e ação social. Foi assim que surgiu a Universidad Cristiana de Bolivia (UCEBOL), inaugurada em 1990. A instituição é confessional, possui clínica médica e, desde sua fundação, oferece, dentre seus cursos, a faculdade de teologia. A UCEBOL disponibiliza 13 graduações, 05 especializações e 04 mestrados (medicina, odontologia, educação e teologia). Em suas dependências, funciona a Iglesia Presbiteriana Central, pastoreada pelo Rev. Dr. Soo Hyun Chung, reitor da universidade. Por sua vez, na cidade de Barranquilla, Colômbia,

existe a Corporación Universitaria Reformada, que pertence à Iglesia Presbiteriana de Colombia e assume como fundamento a teologia reformada. Essa instituição foi organizada

presbiteriana, é a USEL (Universidad Seminario de Lima), no Peru. Trata-se de um organismo que não está vinculado a qualquer denominação, mas que tem contado com a parti-

dos: a educação. Por meio delas e dos colégios mantidos por eles nos diversos países, o calvinismo tem contribuído para o desenvolvimento da sociedade. A educação foi e tem sido

em 2002, e suas origens remontam ao Seminario Teológico Presbiteriano y Reformado de la Gran Colombia, que havia sido criado em 1982. Tendo em vista o reconhecimento do Estado, o seminário transformou-se na Corporación Universitaria Reformada. A instituição oferece 11 faculdades e 02 especializações. Outra instituição que vale a pena ser mencionada, mesmo não sendo

cipação de reformados ao longo de sua história. De 1962 até 2010, a USEL existiu como seminário teológico. Desde então passou a ser reconhecida pelo governo como universidade e hoje oferece cinco cursos superiores. Seu atual diretor, o pastor escocês Donald Smith, é presbiteriano e desde 1987 trabalha na instituição. Essas universidades atestam uma importante frente de trabalho dos reforma-

um pilar do protestantismo. Sem as instituições de ensino, a Reforma do século 16 dificilmente teria tido êxito. Que o Senhor abençoe nossos pares que estão envolvidos nesse sublime ministério. E que dessas casas de saber saiam profissionais e cientistas que usem seu conhecimento para a transformação do mundo e a glória de Deus. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é historiador e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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TEOLOGIA

1o Seminário de Teologia Histórica Palestrante convidado, Chad Van Dixhoorn, publicou cinco volumes sobre a Assembleia de Westminster

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e 20 a 22 de junho o Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ), realiza o “1º Seminário de Teologia Histórica Andrew Jumper”, das 19h30 às 22h. O tema central do Seminário é “Embaixadores, médicos e pastores – A Assem-

bléia de Westminster e o ministério pastoral”, e o preletor convidado é Chad Van Dixhoorn. Chad é ministro da Orthodox Presbyterian Church, graduado no Seminário Teológico de Westminster (MDiv, ThM) e da Universida-

de de Cambridge (PhD), onde desenvolveu pesquisas sobre a história e a teologia da Assembleia de Westminster e lecionou sobre o tema do puritanismo. Em 2013 ele foi eleito membro da Royal Historical Society em reconhecimento ao seu trabalho de cinco volumes sobre a Assembleia de Westminster, publicado pela Oxford University Press. Toda a programação

será realizada no Instituto Presbiteriano Mackenzie. As inscrições estão abertas, e vão até 12 de junho. De acordo com a organização, foram disponibilizadas 80 vagas, com gratuidade para alunos do Andrew Jumper, desconto para alunos e funcionários do Mackenzie (R$20,00), e valor integral, para público geral (R$50,00). O Dr. Dixhoorn é autor

Chad Van Dixhoorn

do Guia de Estudos da Confissão de Fé de Westminster, que está sendo lançado pela Cultura Cristã.

IGREJA PERSEGUIDA

Terrorismo islâmico contra cristãos E

m 2025, os cristãos serão apenas 3% da população do Oriente Médio. Em 2010 eles eram 4,2%, denuncia Todd Johnson, diretor do Centro para o Estudo do Cristianismo Global do Seminário Teológico Gordon-Conwell, em Massachusetts, EUA. Atualmente os cristãos estão sendo perseguidos não só pelo Estado Islâmico, que perdeu consideravelmente a força na região, mas por grupos que recebem apoio dos EUA e da Europa por serem “moderados” e que se oporiam ao extremismo. O norte da África é o destino de muitos jihadistas que fugiram de ataques da coalização de paí-

ses ocidentais e da Rússia. A recente onda de atentados e assassinatos de cristãos no Egito mostra que o ideal dos defensores dessa “guerra santa” permanece vivo. O grupo de pessoas que mais enfrenta perseguição e preconceito religioso em todo o mundo é de cristãos. Raymond Ibrahim, especialista no Oriente Médio, expõe os detalhes. Ele lembra que, no passado, a região tinha grandes concentrações de judeus, que acabaram fugindo para não serem mortos. A perseguição islâmica está diretamente ligada ao que Maomé ensinava seus seguidores desde o início. O êxodo de cristãos dei-

xará o Oriente Médio totalmente dominado pelo Islã, cujos grupos rivais já se enfrentam. A tendência é o aumento do radicalismo na região. Conflitos entre muçulmanos sunitas e xiitas ocorrem em diversos pontos do mundo árabe e a tendência é piorar. “O desaparecimento das minorias [cristãos, yazidis, judeus] prepara o cenário para que os grupos mais radicais dominem a sociedade”, analisa Johnson. “Minorias religiosas, até agora, tinham um efeito moderador.” Ahmed Abu Zeid, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Egito, negou que o governo discrimine os cristãos

e diz que o governo está fazendo tudo o que pode para combater o terror. Mas os números contam uma história diferente. O presidente Abdel Fattah Al Sisi decretou um estado de emergência justamente por que não consegue impedir que os jihadistas continuem matando. Ativistas cristãos no Egito denunciam que, além disso, os cristãos têm sido excluídos de alguns empregos do governo, e as novas leis tornam praticamente impossível se construir ou restaurar uma igreja. O bispo anglicano Andrew White, que dedicou sua via ao trabalho no Iraque, anunciou recentemente: “A hora chegou,

a história do cristianismo no Iraque terminou. Em breve, não haverá nenhum cristão. Alguns dizem que os cristãos deveriam ficar para manter sua presença histórica, mas isso se tornou muito difícil. Todos os cristãos que fugiram do Estado Islâmico no Oriente Médio, dizem a mesma coisa: não há como voltar. Eles já sofreram demais”. O cenário é o mesmo em quase todo o Oriente Médio e, para os especialistas, com a consolidação do extremismo islâmico, Israel se tornará o seu próximo alvo. Com informações de The Wall Street Journal. Texto na íntegra: www. noticias.gospelprime. com.br


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No BRASIL E NO MUNDO

O fim da liberdade de expressão Peter Jones

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s turbas fascistas ameaçam com violência e as palestras são canceladas; os desfiles públicos são cancelados com a ameaça de ruptura física – mesmo na University of California in Berkeley, considerada desde os anos 60 a instituição fundadora do moderno “Movimento de Liberdade de Expressão”. Mesmo a feminista radical Camille Paglia está chocada, denunciando o caos ético no campus norte-americano, onde “a intolerância se disfarça de tolerância e onde a liberdade individual é esmagada pela tirania do grupo”. Estamos vendo o início do fim da civilização ocidental? A violência cria medo, o que suprime liberdade de expressão. Finalmente, surge uma poderosa elite que ninguém consegue resistir. Para alguns, a solução parece simples. Os administradores universitários devem ter alguma apoio e exercer sua autoridade administrativa e moral; a polícia deve aplicar a lei e limpar as ruas da violência. Mas nada acontece. Em vez disso, os administradores universitários se curvam à pressão dos estudantes, criando espaços “seguros” oficialmente patrocinados onde a liberdade de expressão é erradicada. Wesleyan University, em Connecticut, fundada em 1831, está planejando gastar US$220.000 por ano para criar um centro de recursos que irá pro-

mover os direitos LGBT, entre outras “causas de justiça social”. O presidente da escola acredita que o centro de recursos “ajudará a atender às necessidades dos alunos mais vulneráveis”. Infelizmente, essa iniciativa não vai resolver o problema da liberdade de expressão, mas sim exacerbá-lo, criando gerações de alunos incapazes ou não dispostos a enfrentar críticas – estudantes que insistem em seu próprio caminho por qualquer meio possível. A cultura recusa cada vez mais a “liberdade de expressão” de uma séria discussão sobre a homossexualidade. Em uma aula de ensino médio que estava ensinando, Andrew Turner, 63, o deputado conservador do Parlamento para a Ilha de Wight, Inglaterra, teve a audácia de dizer que “a homossexualidade é errada e um perigo para a sociedade”. Um estudante LGBT saiu da sala e escreveu no Facebook: “Tive que partir. É aterrorizante que nesta idade e ponto em nosso desenvolvimento como sociedade, ainda haja pessoas que não podem se importar o suficiente com o bem-estar de outros para apenas aceitar quem eles são.” Sem dúvida, a carreira desse deputado terminou,

pois esse assunto é tabu na troca pública de idéias. Os direitos democráticos da liberdade de expressão colidem com a política identitária atual, que as universidades apaziguam criando espaços seguros ou silenciando a oposição através de ameaças de violência. Meu amigo Everett Piper da Universidade Wesleyan de Oklahoma está certo: “Quando a Igreja admite que a definição de identidade humana é pouco mais do que a soma total das inclinações humanas, a batalha pela dignidade humana e pela culpabilidade moral está perdida antes que comece ... [A] faculdade deixa de ser cristã”. Quando os professores de longa data Kengor e Ayers da Grove City College (uma escola tradicionalmente ortodoxa), anunciaram seu seminário de 2018 “A Bíblia e a Família Natural”, surgiu um tumulto irritado. Alunos ligaram para a faculdade pedindo que cancelassem a classe, os estudantes rasgaram centenas dos cartazes, e um grupo de alunos, de estudantes e de professores começou um grupo de Facebook chamado Defensores da Inclusão e Aceitação, indicando “nós estamos esperando uma classe cheia de propaganda homofóbica, “Mesmo que a intenção anunciada

fosse trazer opiniões opostas”. Não é mais possível participar de conversas públicas sobre sacrossantas “escolhas pessoais de gênero”. É o elefante em cada quarto sempre que a questão da liberdade de expressão é levantada. A reivindicação LGBTQ pelo direito à auto-identificação anula os princípios da liberdade de expressão. Se houver qualquer problema que não possa ser discutido, a liberdade de expressão não tem sentido. A perda da liberdade de expressão não desaparecerá se tais questões cruciais de identidade formam um núcleo central inviolável daqueles que recuam para seus “espaços seguros”. Mas não devemos enterrar esse assunto, pois tem a ver com quem nós somos. Everett Piper está certo: “A honestidade exige que tenhamos coragem de perseguir idéias testadas pelo tempo, defendidas pela razão, validadas pela experiência e confirmadas pela revelação” (e-mail pessoal). Somos criados por Deus à sua imagem ou criamos a nós mesmos? Que o Senhor dê a sua Igreja coragem de falar a verdade em nosso tempo, como Jesus fez na sua. Se a natureza essencial da pessoa humana for constantemente suprimida nesta terra “cristã” [USA], ela logo se parecerá com a cultura pagã “auto-criadora”, sexualmente “liberada” da Roma antiga. Peter Jones é autor de A Ameaça Pagã, O Deus do Sexo, Falsa Identidade e Bruxaria Global, da Editora Cultura Cristã.


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Boa Leitura Ensinando através do caráter (Eurípedes da Conceição)

Ensinando através do caráter é o livro-resposta ao ceticismo de muitos líderes eclesiais e, ao mesmo tempo, o livro-pergunta, que, possuindo voz própria, desafia-nos cada vez mais à realização de uma liderança que busca a conformidade de um caráter à imagem e semelhança de Jesus Cristo. E essa é a temática de seu autor. Este livro o conduzirá ao entendimento de que, na qualidade de líder cristão, o seu chamado é para servir e não ser servido; amar sem exigir ser amado; liderar por amor sem deixar que fale mais alto o amor por liderar. Batalha Espiritual – 6ª edição (Augustus Nicodemus Lopes)

É certo afirmar que a igreja evangélica não possuía, antes desta

obra, outra que apresentasse posição tão bíblica e prática sobre batalha espiritual. Essa edição, depois dos acréscimos feitos na anterior, foi cuidadosamente revisada. Acrescentou-se, no final de cada capítulo, perguntas para recapitulação e discussão em grupo, bem como para reflexão pessoal. Esse livro contribuirá para que a igreja estude com seriedade a Palavra de Deus e se firme na Verdade, rejeitando tanto o erro de dentro como o de fora.

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Entretenimento e reflexão O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.

Avante, Soldados de Cristo

A falta de interesse na igreja corresponde a rejeitar aquilo que Cristo amou e pelo que se entregou (Ef 5.25). Uma das grandes fraquezas desta geração de crentes professos é a falta de entendimento da pessoa e da obra de Cristo, promovida por uma carência de entendimento da igreja que ele veio reunir e edificar. Contrariamente à opinião popular em nossa cultura atual, a igreja não é uma instituição criada pelos religiosos. Segundo as Escrituras, é um corpo de pessoas que foram reunidas por meio de um chamado ou convocação. O conceito de assembleia é ter uma reunião com Deus, que convocou o encontro. O propósito de se reunir em assembleia é ouvir a voz de Deus.

Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963

Henrique IV – O grande rei da França

Norman: Confie em mim

França, 1563. Protestantes e católicos lutam por terras e poder, usando a religião como justificativa. No comando dos protestantes está Henrique de Navarra, que conduz seus homens contra a poderosa rival de sua mãe, Catarina de Médici, rainha da França. Catarina oferece a Henrique a mão de sua filha, Margot, em sinal de reconciliação, mas o casamento termina em um banho de sangue. Ele sobrevive ao massacre do Dia de São Bartolomeu, mas é feito prisioneiro durante quatro anos. Embora recorrendo a qualquer tática para obter o trono, Henrique se torna um rei que, pela liberdade de religião e opinião, pode genuinamente dizer que é um dos primeiros e verdadeiros humanistas.

Norman Oppenheimer (Richard Gere), um simpático judeu com pinta de fracassado perambulando por Nova York, é o dono de um pequeno negócio e está em busca de seu lugar ao sol, levando uma vida simples, de forma tranquila. Certo dia ele conhece Micha Eshel (Lior Ashkenazi), um jovem político israelense em ascensão na carreira. Essa amizade acontece em um período interessante e complicado da vida de Norman. Algum tempo depois, o jovem amigo torna-se um influente e famoso político mundial, causando grandes impactos na vida de Norman. O afável judeu, então, se vê envolvido em um tabuleiro de lobbies dentro do qual suas pecinhas parecem pequenas demais para acertar o jogo.

Redenção Dirigido por Marc Foster, o filme Redenção se inspira num personagem real para contar a história de força, superação e bondade de um ex-traficante que se torna pastor e vai para a África, na tentativa de salvar crianças condenadas à guerra. Sam Childers (Gerard Butler), Depois de passar um período na prisão, abandona o tráfico e vira pastor. O que era para ser uma curta estadia se transforma numa cruzada a fim de resgatar crianças das mãos de líderes guerrilheiros na zona de conflito do Sudão. Um herói da vida real que tem como único objetivo proteger as crianças a qualquer custo. O ex-traficante ainda precisa dar atenção à sua família, manter a fé e confrontar um passado violento que pensava ter deixado para trás.

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