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anos

REFORMA 1517 - 2017

Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 56 nº 746 – Janeiro de 2017

Iniciamos 2017 e a comemoração dos 500 anos da Reforma. Celebramos o aniversário da data em que Lutero afixou suas 95 teses à porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. O resgate da doutrina da soberania de Deus reconhecia o lugar central do Senhor em toda a existência humana e em todo o cosmos.

A tragédia chapecoense

Ciência e fé no Mackenzie

IPB Voluntários

Tristeza e esperança

Uma cidade, uma nação, o mundo em estado de choque. A dor mais aguda, a do luto, e o lamento mais profundo da alma. PÁGINA 7

Primeiro Congresso Nacional de voluntários presbiterianos na Igreja Presbiteriana de Pinheiros (SP).

O evento teve como objetivo aprofundar a reflexão acerca do diálogo entre fé e ciência, desmistificando o conflito.

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Convocação CE – 2017

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EDITORIAL

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Reforma – 500 anos

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niciamos 2017 e a comemoração dos 500 anos da Reforma. Na Alemanha, pátria do Reformador, os dez anos entre 2008 e 2017 estão sendo marcados por exposições, festivais e concertos em todo o país, celebrando o aniversário da data em que seu filho mais famoso afixou suas 95 teses à porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. É curiosa a afirmação de não haver provas históricas de que tal fato tenha ocorrido, porque ele tem sido ininterruptamente mencionado desde então, sem qualquer desmentido, e – mais eloquente ainda – seus efeitos são a própria história subsequente. A cosmovisão católico-romana e medieval não era apenas geocêntrica, mas,

mais especificamente, centrada em Roma e na Igreja. O resgate da doutrina da soberania de Deus pela Reforma reconhecia o lugar central do Senhor não apenas na soteoriologia – o que já não seria pouca coisa –, mas em toda a existência humana e em todo o cosmos. Por essa razão, sua Palavra devia ter primazia e o fundamento para crer e para viver não seria outro senão Sola Scriptura. Essa definição do correto alicerce e a edificação sobre ele produziram enorme diferença na Igreja e na sociedade. A eclesiologia teve de ser reformulada, com o entendimento de que o Cabeça da Igreja é Cristo. A organização social e política recebeu novas propostas, porque uma igreja governada segundo os

moldes do Novo Testamento não admitiria a alienação de seus membros, o que por sua vez inspirou a organização da sociedade (Por exemplo, o ensino da doutrina bíblica da aliança inspirou a fundação de nações como os Estados Unidos da América do Norte – organizados a partir do modelo do pacto – onde a democracia floresceu). A atividade econômica foi reinterpretada e dessatanizada, a propriedade privada fortalecida e o ensino revigorado, como se viu desde Lutero, passando por Genebra, continuando com Comenius e seguindo adiante. A partir de iniciativas da Idade Média, escolas se espalharam par e passo com reformadores e reformados, onde quer que tenham alcançado. As artes ampliaram seus temas, por-

que, com o reconhecimento de que Deus é soberano sobre todas as coisas, o interesse não se colocava mais apenas no tema religião, mas no dia a dia do ser humano, incluindo o seu trabalho mais simples e os relacionamentos mais singelos, como se vê na obra de Rembrandt. Somos gratos a Deus por servos que ele levantou, como os pré-reformadores – John Wycliffe, Jan Huss, Jerônimo Savonarola, entre outros – e os reformadores, entre os quais Lutero, Calvino e Zuínglio. Convém, porém, não nos esquecermos do que eles todos reconheceram ser o fundamento de sua fé, isto é, as Escrituras Sagradas. Voltemos, mas não apenas 500 anos. Voltemos às Escrituras.

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Conselho de Educação Cristã e Publicações (CECEP) Clodoaldo Waldemar Furlan (Presidente) Domingos da Silva Dias (Vice-presidente) Alexandre Henrique Moraes de Almeida (Secretário) André Luiz Ramos Anízio Alves Borges José Romeu da Silva Mauro Fernando Meister Misael Batista do Nascimento Conselho Editorial da CEP fevereiro 2016 a fevereiro 2018 Antônio Coine Cláudio Marra (Presidente) Heber Carlos de Campos Jr. Marcos André Marques Misael Batista do Nascimento Tarcízio José de Freitas Carvalho Ulisses Horta Simões Conselho Editorial do BP fevereiro 2016 a fevereiro 2018 Alexandre Henrique Moraes de Almeida Anízio Alves Borges Clodoaldo Waldemar Furlan Hermisten Maia Pereira da Costa Márcio Roberto Alonso Edição e textos

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Ano 56, nº 746 Janeiro de 2017

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Cibele Lima E-mail: bp@ipb.org.br Diagramação Aristides Neto

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GOTAS DE ESPERANÇA

A espiritualidade da Reforma

Reforma e Reavivamento crituras as pessoas incautas. O sincretismo religioso, com suas esquisitices, está sendo introduzido em muitos arraiais, produzindo um fervor falso, um emocionalismo histérico, uma fé mística e uma apostasia galopante. Noutros redutos,

forma. Sempre que a igreja abandona a centralidade da palavra associada à piedade, ela precisa voltar ao princípio de tudo e passar por uma nova reforma. Há igrejas que têm ortodoxia, mas não fervor. Há outras que fazem propaganda de espiritualidade, mas desconhecem a intimidade de Deus. Teologia e ética precisam andar de mãos dadas.

do Espírito Santo na igreja, levantando-a de sua apatia para experimentar um renovo da parte do Senhor. O reavivamento não é agendado pela igreja nem promovido por ela. Só o Espírito Santo pode operar essa obra. Cabe-nos preparar esse caminho, aterrando os vales, nivelando os montes, endireitando os caminhos tortos e aplainando os caminhos

percebe-se uma ortodoxia ossificada, um racionalismo árido, uma profissão de fé sem fervor espiritual. Sempre que a igreja aparta-se da simplicidade do evangelho, ela precisa voltar às origens. Sempre que a igreja se desvia da ortodoxia associada à ortopraxia, ela precisa de uma nova re-

Doutrina certa e vida certa é o que Deus requer. Não podemos separar o que Deus uniu: doutrina e vida, credo e conduta, luz na cabeça e fogo no coração. Em segundo lugar, quando uma igreja precisa experimentar um reavivamento? O reavivamento é uma obra poderosa e soberana

escabrosos. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que perde o deleite na oração e a fidelidade à palavra e vê sua vida espiritual tornar-se árida e mecânica. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que entra num processo de estagnação e perde seu entusiasmo pelas coisas lá do alto,

“(...) aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos” (Hc 3.2). Hernandes Dias Lopes

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eforma e reavivamento estão intimamente interligados. Reforma é a base do reavivamento e o reavivamento é o resultado da reforma. Não há reavivamento sem reforma. Primeiro a igreja se volta para Deus em arrependimento; depois a igreja experimenta a poderosa visitação do Espírito Santo. Destacaremos aqui dois pontos importantes: Em primeiro lugar, quando uma igreja precisa passar por uma reforma? No passado, quando a igreja medieval se corrompeu doutrinária e moralmente, Deus levantou os Reformadores. Eles não fizeram inovações, mas voltaram ao antigo evangelho, ao único evangelho, à doutrina dos apóstolos. Hoje, muitas novidades foram introduzidas nas igrejas chamadas cristãs. Doutrinas e práticas estranhas à palavra de Deus foram acolhidas e disseminadas. O liberalismo teológico, fruto do racionalismo, devastou muitas igrejas e ainda realiza um nefasto trabalho de desconstrução dos valores do cristianismo. O liberalismo semeia ceticismo e afasta das Es-

apegando-se às coisas aqui da terra. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que a comunhão fraternal entra em colapso e os relacionamentos ficam feridos por mágoas e ressentimentos. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que a fidelidade a Deus nos dízimos e nas ofertas deixa de ser praticada para capitular-se ao secularismo materialista. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que sua adoração a Deus se torna formal e ritualista em vez de ser em espírito em verdade. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que sua agenda perde o vigor evangelístico e missionário. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que pecados são tolerados em seu meio e o mundanismo começa a ganhar terreno. Uma igreja precisa de reavivamento sempre que, enganada pela síndrome de Laodiceia, não reconhece sua necessidade de mudança. Ah, que Deus nos desperte! Que Deus nos reavive! Que um tempo de refrigério venha da parte do Senhor sobre nós, tirando-nos do marasmo letárgico para uma vida maiúscula, de plena alegria no Espírito Santo! O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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SEMINÁRIOS IPB

SPN forma nova turma C

om 117 anos, sendo o segundo seminário mais antigo em funcionamento na IPB, o Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) realizou no último dia 10 de dezembro de 2016, o culto e cerimônia de formatura dos teologandos da turma Rev. Gaspar de Souza. O orador sacro foi o Rev. Civaldo Assis de Almeida, que baseou sua mensagem em 1Pedro 5.1-4. Presidiu a solenidade o Rev. Marcos André Marques, que está à frente da direção do seminário, já há nove anos. Presentes à cerimônia o Presbítero Ednilton Soares, representante da JET/IPB e dos reverendos Ronildo Farias dos Santos, MD Presidente da JURET/N-NE, Ruy de Araújo Santos, Vice-Presidente, Jeferson Roberto Silva Lustosa, membro da referida junta, e do Presbítero Airton Costa de Souza, secretário da JURET. As solenidades aconteceram no templo da IP da Ma-

dalena, ocasião em que catorze teologandos colaram grau e agora estão à disposição dos seus respectivos presbitérios. Foram eles: Athos de Lima Silva (Presbitério de Paulista), Clebison dos Santos (Presbitério de Garanhuns), Edmundo do Amaral Ferreira (Presbitério do Recife), Edvaldo José de Freitas (Presbitério Centro de Pernambuco), Filipe Ferreira dos Santos (Presbitério Centro de Pernambuco) – Aluno juramentista, Gilsimar Gonçalves (Presbitério Agreste de Pernambuco), Gilvan Costa Lira Júnior (Presbitério Centro de Pernambuco), Isaque Carlos de Souza (Presbitério Centro de Pernambuco), Maurício José da Silva Irmão (Presbitério Norte de Pernambuco), Messias Moura dos Santos (Presbitério Central da Paraíba), Mikael Sóstenes Maciel Araújo (Presbitério da Borborema), Olério Vicente Barbosa (Presbitério da Paraíba), Thiago César Nasci-

mento (Presbitério Central de Paraíba – Orador da turma, Welber Rios Francisco (Presbitério de Itapemirim-ES), que foi o aluno laureado da turma. Além dos graduandos em teologia, receberam seus diplomas de Pós-Graduação, com especialização em Teologia Exegética os alunos Rodrigo Cavalcante de Castro e Morgana Mendonça Silva. Com especialização em Aconselhamento Bíblico recebeu o seu diploma Marcio André Soares. Num programa de Pós-Graduação Stricto Senso, oferecido pelo SPN em parceria com o Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ), Diogo de Freitas Silva recebeu o seu diploma de Mestrado em Divindade, com ênfase em Pregação. Ao final da cerimônia, os formandos ofereceram uma calorosa recepção aos seus convidados nas instalações

do seminário, que resultou em um momento de grande alegria e confraternização. “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende,

exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.1-2). Este foi o versículo escolhido pela Turma Rev. Gaspar de Souza, para simbolizar o nível de conscientização, no que tange a responsabilidade ministerial, que será assumida por eles em breve.

Até o dia 10 de abril, estão abertas as inscrições para o Encontro Regional UMP Nordeste 2017, que acontece de 28/04 a 01/05, no Colégio Presbiteriano Agnes Erskine, em Recife (PE). Com o tema “A graça do Servir”, o Encontro contará com oficinas, cânticos de adoração e preleções sobre o papel do cristão a serviço do reino. A programação conta, ainda com atividades esportivas, recreativas e passeios fora do local do evento. Inscrições: www.ump.org.br/eventos Valores: Até 10/03/2017 –R$ 190,00 / Até 10/04/2017 –R$ 210,00


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VIDA CRISTÃ

Cultura, ética, testemunho e suas tentações Hermisten Costa

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ma tentação para todos nós é relativisar princípios que considerávamos absolutos a fim de sermos aceitos pelos nossos pares. Os viúvos intelectuais de hoje, foram, em geral, casados com a moda de ontem. É fácil nos deixarmos seduzir por nossos próprios pensamentos a respeito do pensamento vigente e aparentemente definitivo. O nosso amanhã poderá refletir o nosso consórcio intelectual e moral de hoje. O nosso desafio é ser cristãos em todos os desafios que se apresentam em nossa cultura. Portanto, não estamos propondo uma alienação da cultura, nem, simplesmente, uma identificação cultural irresponsável, imaginando que a força da igreja esteja em sua semelhança e não na sua diferença genética e, portanto, naturalmente sobrenatural. Fomos regenerados para uma nova vida caracterizada por uma nova esperança, fundamentada na historicidade da ressurreição de Cristo, que perpassa e confere sentido à nossa existência hoje (1Pe 1.3,13,21; 3.15/1Tm 4.10). Insisto: o equilíbrio aqui é necessário. Estamos no mundo, mas, não somos deste mundo. Somos “alienígenas residentes” (Tullian Tchividjian). É natural que haja uma tensão em nós. Somos imperfeitos, limita-

dos, temos nossos anseios que, por vezes, tendem a ser maximizados em meio a aspectos da nossa cultura tão convidativos e, em certo sentido, confortáveis. É necessário discernimento para não cairamos no mundanismo intelectual e vivencial, o que inviabilizaria a nossa possibilidade de influência em nosso meio. Não podemos permitir que a nossa mente e o nosso comportamento sejam regidos pela forma mundana e pagã de pensar e agir. Ingressaríamos assim, num ateísmo prático ou funcional. O nosso problema, por vezes, é que enquanto os padrões de Deus parecem abstratos e distantes, estamos aculturados aos padrões de nossa época que nos assediam e, portanto, se tornam tão familiares como o personagem de uma novela que se torna símbolo de algum tipo de comportamento. Deus opera ordinariamente em nossa vida por meio da Palavra. E é essa operação do Espírito que nos transforma, concedendo-nos uma diferente visão da realidade e, também, um modo de agir condizente com a nossa nova natureza. Nesse sentido é que Jesus disse que o mundo odiou os seus discípulos, e acrescentou: “Eles não são do mundo” (Jo 17.14). O ódio da parte do

mundo, como resultado de nossa lealdade a Deus, é evidência do discipulado (Jo 15.18-19). O ódio ao Filho se estende ao Pai: “Quem me odeia odeia também a meu Pai” (Jo 15.23). Jesus diz que seus discípulos, como escolhidos de Deus, foram chamados do mundo. O que caracteriza a diferença é o chamamento de Cristo. Ele nos chama e nos transforma pela sua Palavra. Ela opera de tal forma que nem mais conseguimos entender como podíamos viver do modo antigo e, ao mesmo tempo, como antes não enxergávamos a realidade, importância e beleza da vida cristã. O que fazia o mundo odiar os discípulos de Cristo era o fato de eles terem agora uma vida diferente. Eles assumiram valores que expressavam a ética do reino. O reino não é a igreja, contudo, “se revela na Igreja” (Herman Ridderbos). A igreja é desafiada a ser uma amostra concreta, histórica e visível do que Deus tem proposto à humanidade. O reino tem valores diferentes do mundo, daí o conflito. No entanto, o conflito primeiro do mundo é com Cristo; o Deus encarnado que foi rejeitado (Jo 1.11), mas, pela graça de Deus, recebido por nós (Jo 1.12). Ele mesmo disse a respeito de seus discípulos: “Eles

não são do mundo, como também eu não sou” (Jo 17.14). Devemos, portanto, aprender de Cristo. Olhando para Cristo, para as suas necessidades e as necessidades dos irmãos da jovem e confusa igreja de Corinto, Paulo os instrui: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1). Aos colossenses, mostra-lhes um nobre ideal condizente com a sua nova natureza: “....Buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.1-2). Percebem então o conflito? O ódio do mundo é devido ao contraste existente entre os filhos de Deus e os filhos do mundo. O mundo aborrece os discípulos de Cristo pelo fato destes terem uma forma diferente de avaliação da vida; eles olham a realidade partindo de uma perspectiva diferente. A igreja é chamada a ser instrumento de transformação, não de acomodação. Essa transformação será operada dentro de nós e, a partir daí, em nossa visão do mundo e em nossa atuação. O modo acomodatício é o mais natural; no entanto, o desafio de Deus para nós é transformar o mundo tendo como padrão a mente de Cristo. Após falar da majes-

tade de Deus, de sua sabedoria e glória, Paulo desafia a igreja a não entrar nos moldes deste mundo, antes, transformá-lo: “(...) não vos conformeis com este século, mas transformaivos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). A missão da igreja no mundo inspira-se na missão conferida pelo Pai ao Filho. A oração de Cristo em favor da igreja é para que ela, no cumprimento de sua tarefa, seja um instrumento divino para que o mundo creia (Jo 17.18-21). Após a ressurreição, Jesus estabelece a conexão entre a sua vinda e a missão de seus discípulos que lhes seria outorgada: “Disselhes (...) Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou , eu também vos envio” (Jo 20.21). Concluo este texto com estas palavras inspiradas: “Filho meu, guarda as minhas palavras e conserva dentro de ti os meus mandamentos. Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos. Ata-os aos dedos, escreve-os na tábua do teu coração” (Pv 7.1-3). O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa integra a equipe de pastores da 1ª IP de São Bernardo do Campo e é pastor-efetivo da IP do Jardim Marilene, Diadema, SP.


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AÇÃO SOCIAL

IPB Voluntários Primeiro Congresso Nacional de voluntários presbiterianos na Igreja Presbiteriana de Pinheiros (SP)

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o dia 5 de novembro aconteceu o 1º Congresso Nacional IPB Voluntários, com o tema, “Como formar e liderar equipes de voluntários na comunidade”. O Encontro aconteceu na IP de Pinheiros com a coordenação de João Barbosa, membro da Junta Missionária de Pinheiros, e contou com um dia inteiro de palestras e oficinas sobre educação, esporte, saúde e geração de renda. Os preletores foram Rev. Roberto Brasileiro, Presidente do SC/IPB, Rev. Arival Dias Casimiro, pastor da IP Pinheiros, Rev. Jean Francesco, pastor auxiliar da IP Penha, Rev. Abceil Luiz da Silva Filho, pastor da IP de Juara, Rev. Jôer Corrêa Batista, Gerente de Responsabilidade Social e Filantropia do Instituto Presbiteriano Mackenzie e par-

Parte dos participantes do evento

ticipação da ONG Aprisco. Cerca de 250 pessoas compareceram ao Congresso, vindos de diferentes regiões, como Baixada Santista, litoral e interior de São Paulo, Nordeste e outros estados brasileiros. Importantes apoiadores fizeram toda a diferença para o bom andamento do evento, como Mackenzie Voluntário, ONG Aprisco, ANUESP (Anuário Evangélico de São Paulo), Gráfica Peniel, Igreja Redenção, JMP (Junta Missionária de Pinheiros). O IPB Voluntários é uma organização de voluntários presbiterianos, que existe para compartilhar o evangelho de Jesus Cristo nas pequenas igrejas e congregações, realizando atividades de ação social e evangelização nas regiões de todo o Brasil e no mundo, apoiando a plantação e re-

vitalização de Igrejas. O IPB Voluntários começou há 22 anos, com um grupo de alunos, filhos de pastores e estudantes do colégio Presbiteriano Mackenzie, da região metropolitana de São Paulo. Hoje o IPB Voluntários tem três grupos de voluntários na capital e no interior de São Paulo, e na baixada Santista. Além disso, tem grupos de voluntários no Paraná e no Nordeste. O principal objetivo é formar e liderar equipes de voluntários para as comunidades de seu bairro, levando assistência e pregando as Boas Novas da salvação. Para mais informações sobre o IPB Voluntários, acesse o site www.ipbvoluntarios.com.br, a pagina no Facebook IPB Voluntários, ou escreva para info@ ipbvoluntarios.com.br.

Rev. Roberto Brasileiro, preletor convidado

João Batista, coordenador do congresso, com Rev. Roberto

Equipe empenhada em servir


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IGREJA SOLIDÁRIA

Tristeza e esperança A tragédia chapecoense Uma cidade, uma nação, o mundo em estado de choque. A dor mais aguda, a do luto, e o lamento mais profundo da alma se estenderam numa intensidade de terremoto afetando todos. Familiares, amigos e até desconhecidos choram a perda brutal de vidas e sonhos. Sadiomar Pelisser

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queda na Colômbia do avião com os jogadores, a comissão técnica da Chapecoense, jornalistas e os funcionários da empresa aérea na madrugada do dia 27 de novembro, produziu comoção geral e deixou marcas nas lembranças e na história com um total de 71 mortos e, milagrosamente, 6 sobreviventes. O Brasil acompanhou consternado a extensa cobertura pela televisão. Passado esse momento, já despedidos dos seus entes queridos, fica a dor da saudade, os questionamentos, as tristezas por não ter dado mais um abraço quando se teve a oportunidade, ou

dito algo que expressasse a dimensão do amor, do carinho, da admiração. Mas há outra faceta do luto. Nada sombria. Reluzente aos olhos da fé. A certeza de que a morte não é o fim, de que há vida para quem crê em Cristo. Vida sem fim, sem dor ou drama. Vida na sua plenitude. Somos lembrados e desafiados a colocar nossa confiança no Salvador, que nos disse “Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados” (Mt 10.29-30). Certamente não compreendemos todos os caminhos de Deus, mas

confiamos nele. Nossa fé se fortalece na certeza de que Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia, vencendo a morte e concedendo-nos a graça de vivermos eternamente com ele. Paulo nos dá três razões para essa fé: a evidência histórica, a necessidade teológica e a certeza escatológica (1Co 15). A evidência histórica se dá no fato que Cristo nasceu, viveu, morreu e ressuscitou conforme as Escrituras prediziam. Tudo isso foi testificado por centenas de testemunhas. Não é mitologia. São inegáveis fatos. Nada podemos contra eles. Não há como mudar ou apagar a História.

A razão teológica se dá em ter Cristo vindo com um propósito: morrer para nos justificar diante de Deus. Nossos pecados são mais do que atos e pensamentos equivocados. São ofensas à justiça e santidade de Deus. Eles nos impedem de viver em comunhão com o Deus que é Santíssimo. A fim de justificar-nos, ele tomou a medida necessária enviando seu Filho e condenando nele o nosso pecado. Assim, o próprio Deus nos considera justos. E, por fim, a certeza escatológica se dá no fato que Cristo prometeu que retornará e, quando vir, ressuscitará o nosso corpo revestindo de imortalidade e incorruptibilidade. Esperamos

esse bendito dia. Assim, essa fé nos faz encarar a realidade da morte física com segurança e esperança. A IP de Chapecó, também povo chapecoense, une-se aos demais “chorando com os que choram”, mas também sendo instrumento de consolo, esperança e fé. Na quarta feira, dia 30 de novembro, juntos com membros de outras comunidades cristãs, distribuímos cerca de três mil unidades de livretos cujos temas, adequados para a ocasião, trarão conforto divino. Esse material fora produzido e gentilmente ofertado pela SBB, que voluntariamente deslocou um de seus membros da cidade de Porto Alegre. Nossa esperança está na realidade da vida eterna que Cristo nos concede. Ele morreu a nossa morte e nos fez participantes da sua vida eterna. Que o Espírito de Deus console o coração de todos e nos fortaleça na caminhada rumo à eternidade. O Rev. Sadiomar Pelisser é pastor da IP em Chapecó/SC.


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CELEBRAÇÃO

Coral natalino – Mackenzie Campinas N

o dia 25 de novembro, a capelania da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas, realizou a 4ª edição do projeto “Natal, um Grito de Paz”, aberta a toda comunidade do entorno, com canções natalinas clássicas interpretadas por um coral com 350 vozes, integrado por corais de igrejas presbiterianas da região, e outros convidados. Como nos anos anteriores, o grande coral apresentou-se nas quatro sacadas do Edifício da Universidade, com iluminação especial. Regido pelos maestros Danilo Demori, Laura Aimbiré, Suzana Cabral e Wanilton Mafuhz a apresentação contou com diversas canções natalinas, como: Noite Feliz, Pequena Vila de Belém, Miscelânea de Natal, Espera em Silêncio, Pinheirinhos, que Alegria, entre outras. José Inácio Ramos, presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie esteve presente, e ressaltou a importância da confessionalidade na região de Campinas, apontando para a contribuição do Mackenzie para a cidade. Também estavam presente no evento, Benedito Guimarães Neto, reitor da Universidade, que enalteceu a iniciativa: “Criamos o Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) aqui e podemos

considerar que esse concerto é uma grande comemoração, desse grande salto do campus de Campinas”. Autoridades da região, o prefeito Jonas Donizette e Gilson Novaes, diretor do CCT em Campinas, se mostraram igualmente satisfeitos com o aproveitamento da realização. Novaes comentou que o Mackenzie jamais se dis-

Rev. Marcelo Coelho, Gilson Novaes, coordenador acadêmico, Benedito Guimarães, Jonas Donizzete, Sandra Ciocci, esposa do prefeito e Dr. José Inácio

Jonas Donizzete, Prefeito de Campinas

Rev. Marcelo Coelho, capelão

tanciou do evangelho, algo que faz há 146 anos. Donizette, por sua vez, falou da parceria positiva entre a Universidade e a Prefeitura: “Já se tornou tradicional e esperada por todos da cidade”. De fato, Mackenzie Campinas já está inserido na tradição da cidade, abrindo as comemorações natalinas. De acordo com o capelão da unidade, Rev. Marcelo Coelho, o objetivo do evento é levar à população boa música, letras inspiradoras, e a verdadeira mensagem do natal, Cristo. “É importante abrir as comemorações do Natal com uma mensagem de paz centrada no cristianismo, pois essa é a origem da data comemorada. O coral entoa apenas músicas natalinas de conteúdo cristão, para com isso marcar a identidade do Mackenzie como instituição confessional que é”, insiste o capelão, organizador de todo o projeto. (Com informações da assessoria Mackenzie)


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A REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO 16 Antecedentes – final da Idade Média – I Alderi Souza de Matos

OS ESTADOS NACIONAIS

Nos séculos que antecederam a Reforma Protestante, a Igreja não vivia em um vácuo, mas sim em um contexto político e social mais amplo com o qual tinha múltiplas interações. No final da Idade Média, houve o surgimento dos chamados “estados nacionais”, as modernas nações

européias, o que representou uma grande ameaça às pretensões do papado. Na Alemanha (Sacro Império Romano), Rudolf von Hapsburg foi eleito imperador em 1273. Em 1356, um documento conhecido como Bula de Ouro determinou que cada novo imperador seria escolhido por sete eleitores (quatro nobres e três arcebispos). Havia descentralização política, isto é, o poder dos

príncipes limitava a autoridade do imperador, e forte tensão entre a igreja e o estado. Na França, houve o fortalecimento da monarquia com Filipe IV, o Belo (1285-1314). Esse rei enfrentou com êxito o poder da Igreja e dos papas e preparou a França para tornar-se o primeiro estado nacional moderno. Na Inglaterra, o parlamento reuniu-se pela primeira vez

em 1295. Esse país teve um grande rei na pessoa de Eduardo I (†1307), que subjugou os nobres e enfrentou com êxito o papa na questão de impostos. O DECLÍNIO DO PAPADO

Este período começa com o pontificado de BonifácioVIII (1294-1303), um papa arrogante e ambicioso que entrou em confronto direto com o rei Filipe IV

acerca de impostos e da autoridade papal. Bonifácio publicou três famosas bulas: Clericis Laicos, na qual reclama que os leigos sempre foram hostis ao clero; Ausculta Fili (“Escuta, filho”), dirigida ao rei francês, e Unam Sanctam (1302), denominada “o canto do cisne do papado medieval”. Irritado com as ações papais, Filipe enviou suas tropas, o papa foi preso e faleceu um mês após ser libertado. Seguiu-se um período de crescente desmoralização do papado. Clemente V (1305-1314), um papa francês, transferiu a Cúria, ou seja, a administração da Igreja, para Avinhão, ao sul da França, no que ficou conhecido como o “Cativeiro Babilônico da Igreja” (1309-1377). Em toda parte, cresceram as críticas às extravagâncias e ao luxo da corte papal. João XXII (1316-1334) mostrou-se eficiente na cobrança de taxas e dízimos para cobrir essas despesas. Finalmente, ocorreu o chamado “Grande Cisma”, em que houve dois e posteriormente três papas rivais em Roma, Avinhão e Pisa (1378-1417). Diante dessa


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situação constrangedora, surgiu em toda a Europa um clamor por “reformas na cabeça e nos membros”. O MOVIMENTO CONCILIAR

Durante o “Grande Cisma”, cada papa considerou-se o único legítimo e excomungou o rival. Assim, houve a necessidade de um concílio para resolver a crise. O Concílio de Pisa (1409) elegeu um novo papa, mas os outros dois recusaram-se a serem depostos, resultando em três papas ao mesmo tempo. João XXIII, o segundo papa pisano, convocou o Concílio de Constança (1414-1417), que depôs os três papas, elegeu Martinho V como único papa, decretou a supremacia dos concílios sobre o papa e condenou os pré-reformadores João Wycliff, João Hus e Jerônimo de Praga. O Concílio de Basiléia (14311449) reafirmou a superioridade dos concílios. Finalmente, o Concílio de Ferrara-Florença (14381445) tentou a união com a Igreja Ortodoxa (frustrada pela conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453) e reafirmou a supremacia papal. Essa tentativa fracassada de tornar a Igreja mais democrática e governá-la através de concílios ficou conhecida como conciliarismo. MOVIMENTOS DISSIDENTES

Outro aspecto desse período de efervescência foi o

surgimento de alguns movimentos dissidentes no sul da França que despertaram forte oposição da Igreja Católica. Um deles foi o dos cátaros (em grego = “puros”) ou albigenses (da cidade de Albi), surgidos no século 11. Caracterizavam-se por um sincretismo cristão, gnóstico e maniqueísta, com um dualismo radical (espiritual x material) e extremo ascetismo. Foram condenados pelo 4° Concílio Lateranense em 1215 e mais tarde aniquilados por uma cruzada. Para combater esses e outros hereges, a Inquisição foi oficializada em 1233. Outro movimento foi liderado por Pedro Valdo ou Valdes († c.1205), de Lião, cujos seguidores ficaram conhecidos como “homens pobres de Lião”. Tinham um estilo de vida comunitário, ensinavam as Escrituras no vernáculo (enfatizando o Sermão do Monte), incentivavam a pregação de leigos e de mulheres, negavam o purgatório. Condenados pelo Concílio de Verona em 1184, foram muito perseguidos, refugiando-se em vales remotos e quase inacessíveis dos alpes italianos. Mais tarde, abraçaram a Reforma Protestante, sendo assim uma das poucas Igrejas protestantes anteriores à Reforma do Século 16. Continua na edição de fevereiro com Primeiros Movimentos de Reforma. O Rev. Alderi Souza de Matos é o historiador da IPB.

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A Renascença como preparação para a Reforma

Na vida da Europa já se processava um grande movimento que produziria a energia necessária para a revolução religiosa (...) A mente humana fez novas e esplêndidas conquistas em todas as direções. Grandes descobertas geográficas aconteceram de sorte que a forma e o tamanho da terra foram determinados. A descoberta do Sistema Solar por Copérnico revolucionou as ideias humanas a respeito do universo. Grandes empreendimentos foram alcançados nas invenções mecânicas, entre as quais a imprensa (1450). Ideias e os conhecimentos eram espalhados com mais rapidez do que antes. A Reforma não ocorreria enquanto os livros tivessem de ser escritos à mão. As descobertas geográ-

ficas provocaram a rápida expansão do comércio e da indústria, bem como despertaram um desejo de empreender atividades colonizadoras. Na esfera política, a nova fase manifestou-se num desenvolvimento da vida nacional e do poder político. Uma das causas desse despertar foi o contato com a cultura e a civilização da Grécia e de Roma, que a Idade Média desconhecia todo o maravilhoso mundo do pensamento clássico, da literatura e da arte, foi descoberto. Os homens foram despertados para grandes empreendimentos, tanto no campo da arte como no da literatura, que caracterizam a Renascença. É nesse aspecto da Renascença, renascimento da cultura, que encontramos uma preparação direta para

a Reforma. A disseminação da língua grega contribuiu para a leitura do Novo Testamento no original, onde se via o ideal divino para a Igreja cristã. Ao compará-lo com o que viam ao redor, muitos tornaram-se reformadores. Esses homens fortaleceram o espírito da Reforma. Eles provocaram interesse pelo estudo da Bíblia, preparando leitores e indagadores das Escrituras para uma forma de religião verdadeira. A Renascença, por sua influência na elevação da mente humana, habilitou-se a lançar fora as velhas ideias e a ingressar nos novos caminhos, sendo precursora da renovação das ideias religiosas. Sem a Renascença, a Reforma não teria acontecido. Texto adaptado de História da Igreja Cristã, de Robert Hastings Nichols. 13ª edição, Editora Cultura Cristã.


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A herança do pré-reformador Jan Huss (1373-1415) Huss foi muito respeitado pelo povo. Culto, exercia forte influência na Universidade de Praga. Era o grande pregador dessa cidade, onde se tornou o porta-voz nacional dos anseios políticos e religiosos do seu povo. Huss expressou com muito vigor a determinação que o povo tinha de manter seus direitos contra os alemães e o seu protesto para que o clero imoral e de atitude afrontosa à Boêmia fosse reformado. Conhecedor da sua gente e por ela estimado, em virtude da sua pureza e caráter sincero, possuidor de uma eloquência incomum, tornou-se um poderoso líder nacional. Ensinando as doutrinas de Wycliff, entrou em conflito com os chefes da igreja papal. Todavia, defendeu seu direito de pregar a verdade de Cristo. Huss foi excomungado pelo seu desafio ao papa João XXIII, em 1412, diante de quem compareceu. Ensinava que a Lei de Cristo, isto é, o Novo Testamento, era guia suficiente para a Igreja e o papa só podia ser obedecido se suas ordens coincidissem com a lei divina. O julgamento de Huss pelo Concílio de Constança (1414–1418) foi uma farsa e um escárnio. Seu

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Algumas importantes datas da Reforma 1483 Nasce Martinho Lutero a 10 de novembro em Eisleben, Saxônia.

1509 Nasce João Calvino a 10 de julho em Noyon, Picardia, na França.

1517 As 95 teses de Lutero são afixadas à porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, dia 31 de outubro.

1521 Lutero se recusa a retratar-se e é excomungado pelo Papa Leão X.

1522 Lutero traduz o Novo Testamento para o alemão popular, permitindo que pessoas comuns leiam as Escrituras. Aumenta a crítica da igreja romana.

1524 Os camponeses alemães se insurgem contra os senhores feudais.

1526 Publicação da tradução inglesa de William Tyndale do Novo Testamento.

1534 Ato de Supremacia, tornando Henrique VIII cabeça da igreja da Inglaterra, prenúncio da Reforma inglesa.

1536 Calvino publica a primeira edição das Institutas. Seu tí-

tulo completo foi Christianae religionis institutio, totam fere pietatis summam, & quicquid est in doctrina salutis cognitu necessarium: complectens: omnibus pietatis studiosis lectu dignissimum opus, ac recens editum: Praefatio ad Christianissimum regem Franciae, qua hic ei liber pro confessione fidei offertur. Outras edições em latim vieram em 1539, 1543, 1550 e 1559.

1538 Expulsos de Genebra, Calvino e Farel permanecem em

Estrasburgo a convite de Martin Bucer, retornando a Genebra a 13 de setembro 1541.

caso foi logo decidido. Protestando sua fidelidade a Cristo e desprezando a liberdade que lhe ofereciam em troca do abandono dos seus princípios (além das falsas acusações), ele foi condenado à fogueira, em Constança, onde sofreu o martírio (06.07.1415). A revolta dos boêmios pelo assassínio do seu herói não teve limites. Um grande partido iniciou a guerra pela independência. O imperador alemão foi deposto, parte da Alemanha foi devastada e os negócios da Europa em

geral foram perturbados. Depois dessa revolta de caráter político, surgiram os “Irmãos Boêmios”, uma poderosa organização religiosa que não pertencia à Igreja, cuja atividade empolgou toda a Boêmia e a Morávia, como também algumas regiões da Alemanha, com o cristianismo evangélico. Em outras partes da Europa, o martírio de Huss fortaleceu o espírito de revolta contra a igreja papal. Texto adaptado de História da Igreja Cristã, de Robert Hastings Nichols. 13ª edição, Editora Cultura Cristã

1541 Calvino publica a primeira edição das Institutas em fran-

cês com o título Institution de la religion chrestienne: en laquelle est comprinse une somme de pieté, et quasi tout ce qui est necessaire a congnoistre en la doctrine de salut. Outras edições em francês viriam em 1545, 1551, 1553, 1554 e 1560. Ainda no século 16 foram publicadas traduções para alemão, inglês e italiano.

1545 O Concílio de Trento inicia seus trabalhos para reformar a Igreja Católica.

1546 Lutero morre a 18 de fevereiro aos 62 anos em Eisleben, na Saxônia.

1564 Calvino morre a 27 de maio em Genebra, aos 54 anos. 1618 Revolta na Boêmia inicia Guerra dos Trinta Anos na Europa.

1643 Reúne-se em Londres a Assembleia de Westminster, desse ano a 1653.

1648 A paz de Westfália limita o protestantismo ao norte da Europa, mas seus efeitos repercutem na História.


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Citações de Lutero para o ano eclesiástico TERCEIRO DOMINGO APÓS A EPIFANIA - Mt 8.1-13 (22 de janeiro) “Os judeus são incapazes de entender o que foi dito aqui e em todos os lugares nos profetas sobre os gentios se juntar a este povo em massa, ou sobre a cidade de Jerusalém se tornando tão grande que suas paredes estão nos confins da terra. Mas, como uma questão de fato e experiência, esse reino de Cristo, iniciado em Sião ou Jerusalém, tem se espalhado pelo mundo; e esse Rei, nascido da nação judaica, está sendo aceito em todos os lugares meramente através da Palavra do evangelho, que os apóstolos pregaram.” LW 13: 269

CIRCUNCISÃO E NOME DE JESUS – Lucas 2.21 (1 de janeiro) “Primeiras as pessoas devem ser enviadas para anunciar o evangelho. O ouvir acompanha esse envio, a fé segue o ouvir, invocar o nome do Senhor segue a fé e a salvação essa invocação. Assim, o reino cristão não é nada mais que o reino da fé na Palavra de Deus – a saber, que a salvação vem a nós não por nossas próprias forças, não por nossos méritos ou justiça, mas pela sua graciosa misericórdia – como Paulo diz em Romanos (5.10) –, Deus nos amou mesmo quando ainda éramos seus inimigos.” LW 18:111 A EPIFANIA DO NOSSO SENHOR – Mt 2.1-12 (6 de janeiro) “Deus queria apontar (com referência a Gênesis 50) que os mortos em Cristo foram ungidos com mirra. Cristo é nossa mirra, assim como a mirra também é oferecida a ele pelos magos, como Mateus 2.11 nos diz. Pois, se cremos nele, somos ungidos com mirra, para que não se corrompam, mas sejamos preservados para a futura ressurreição.” LW 8:321 PRIMEIRO DOMINGO APÓS A EPIFANIA – Lucas 2.41-52 (8 de janeiro) “(...) devemos entender as palavras de Lucas da maneira mais simples como se referindo à humanidade de Cristo, que era uma ferramenta e uma habitação da divindade. Apesar de estar sempre cheio do Espírito e da sabedoria, o Espírito nem sempre o moveu da mesma maneira, mas o despertou agora para isso, como a necessidade exigia.” LW 52:147

BAPTISMO DE NOSSO SENHOR – Mt 3.13-17 “A lei já não era válida, porque o Homem tinha vindo agora por causa de quem a Lei até então tinha sido observada. João, também, agora olhou para seu ofício como terminado; porque agora tinha aparecido aquele que batizava não somente com água, mas também com o Espírito Santo.” LW 22:161 SEGUNDO DOMINGO DEPOIS DA EPIFANIA – João 2.1-11 (15 de janeiro) “Desde o princípio do mundo, Deus designou sinais além da sua Palavra, para que as pessoas tivessem a oportunidade de ver que Deus amava seu povo e igreja e estava disposto a ser seu benfeitor. (...) Assim, Deus sempre concedeu sinais exteriores e visíveis para acompanhar o ofício do ministério, para que não nos queixamos de que não podemos encontrar a Deus.” LW 22:40

QUARTO DOMINGO APÓS A EPIFANIA - Mt 8.23-27 (29 de janeiro) “O mar avança quando é arremessado pelo vento e pelas tempestades, e por suas ondas turbulentas ameaça o dique, por assim dizer, ou a costa que o rodeia, como se estivesse prestes a fluir sobre todas as terras da terra . “Mas eu estabeleci um limite para isso”, diz Deus. Assim a costa não teme as ameaças e o mar. Desta forma, o diabo se levanta contra a igreja e lança ameaças terríveis aos piedosos e provoca violência e destruição para eles. Mas aquele que estabeleceu um limite para o mar acalma também essas ondas, para que Satanás não possa agir de acordo com o seu agrado.” LW 6:38

Citação de Luther’s Works (LW), edição norte-americana (56 vols., St. Louis: Concordia Publishing House e Filadélfia: Fortress Press, 1955-1986).


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CONFERÊNCIA

Ciência e fé no Mackenzie E

ntre 17 e 19 de novembro a Universidade Presbiteriana Mackenzie sediou a I Conferência Nacional Cristãos na Ciência, sob o tema Dois Livros, Um Autor – Deus, suas Escrituras e sua criação. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Cristãos na Ciência, teve como objetivo aprofundar a reflexão acerca do diálogo entre fé e ciência, desmistificando o conflito que alguns acreditam existir entre as duas áreas. A conferência trouxe grandes nomes do discurso mundial sobre ciência e fé cristã. Foram três eixos temáticos estudados em três

dias de palestras e debates com a participação de especialistas nacionais e internacionais: o Livro das Escrituras, com ênfase na interpretação bíblica de Gênesis 1 a 3; o Livro da Natureza, com ênfase na discussão sobre teologia natural e filosofia da ciência e religião; e Modelos de atuação no diálogo entre ambos os livros. Entre os palestrantes estiveram Andrew Briggs (professor de nanomateriais na Universidade de Oxford); Ted Davis (professor de História da Ciência no Messiah College e responsável pelo Fórum Central na Pensilvânia de Religião e Ciência); John H. Walton

(professor de Antigo Testamento no Wheaton College, atual editor-geral da série The Zondervan Bible Illustrated Backgrounds Commentary, e editor-geral da Baker Commentary Series); e Alister Mcgrath (professor de Ciência e Religião na Universidade de Oxford, diretor do Ian Ramsey Centre for Science and Religion da Universidade de Oxford). Do Brasil , o Rev. Davi Charles Gomes (Ph.D. em Estudos Históricos, Teológicos e Apologética pelo Westminster Theological Seminary, e chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie); Rev. Tarcízio Carvalho (mestre em Teo-

logia Exegética pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper); Rev. Mauro Meister (mestre em Teologia Exegética no Covenant Theological Seminary, nos EUA, Ph.D. em Línguas Semíticas, com especialização em hebraico, na Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, e diretor do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper); Rev. Filipe Fontes (mestre em Teologia, doutorando em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie); e Rev. Luiz Sayão (mestre em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica

pela USP, diretor e professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (Faculdade Batista do Rio de Janeiro). Para o Chanceler, Rev. Davi Charles Gomes, esse tipo de debate “é essencial para aquilo que uma universidade cristã se propõe a ser. O Mackenzie é confessional, mas não se propõe a ser uma universidade cristã que só aceita cristãos. Quer ser um dos pouquíssimos lugares no Brasil onde, no patamar acadêmico que temos, possamos ter discussões que engajem a cosmovisão cristã”, concluiu. (Com informações da assessoria Mackenzie)

IGREJA PERSEGUIDA

Igrejas e Tendas Cristãs L

ogo depois que os cristãos iraquianos tiveram de deixar suas casas e pertences para fugir da violência do Estado Islâmico, as igrejas tiveram um importante papel ao abrigá-los e protegê-los. Líderes sacrificavam tudo o que tinham para acolher milhares de pessoas desesperadas e sem rumo. Quando os templos já estavam lotados, então surgiu a ideia de montar tendas para servir de moradia

àquelas famílias. No acampamento improvisado, as acomodações temporárias receberam também o apoio de comunidades locais através de roupas, alimentos e artigos emergenciais. E assim, milhares de famílias suportaram o frio do inverno, chuvas e as crescentes ameaças de que os extremistas estavam se aproximando novamente. As “moradias” foram sendo aperfeiçoadas com o

tempo, possuindo banheiros compartilhados, cozinhas e lavabos. A Portas Abertas Internacional ajudou nesse processo de aperfeiçoamento das tendas, criando novos abrigos semi-permanentes e cabines com capacidade para seis pessoas. Escolas e até igrejas já estão disponíveis nesses campos. Aos poucos foram chegando geladeiras, fogões e colchões para o maior conforto desses irmãos.

“Quando as pessoas virem nas fotos toda essa comodidade, vão pensar que tudo já está bem, já que estamos assentados, mas o que queremos mesmo é voltar para as nossas casas e viver em paz”, disse um dos cristãos que vive ali. “Quando as igrejas não puderem mais nos sustentar, não teremos mais nada além das roupas do corpo. Vamos precisar de muita sabedoria e da ajuda de Deus para recomeçar

do zero”, conclui o cristão perseguido. Ore pela igreja no Iraque. Fonte: www.portasabertas.org.br


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SEMINÁRIOS IPB

NOTA DE FALECIMENTO

Novos bacharéis em teologia são formados pelo SPBC em Goiânia

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Seminário Presbiteriano Brasil Central (SPBC), em solenidade de formatura realizada na Primeira IP de Goiânia no dia 3 de dezembro de 2016, procedeu à colação de grau de 13 novos bacharéis em teologia. Antes da solenidade, um culto foi realizado com o objetivo de agradecer a Deus por mais uma turma, que finaliza seus estudos e se prepara para dar os próximos passos na direção do pastoreio de nossas igrejas no Brasil e em campos transculturais. Juntamente com o diretor do SPBC, Rev. Dr. Saulo Pereira de Carvalho; também compuseram a mesa do evento o Rev. Dr. Augustus Nicodemus, pastor da igreja anfitriã e presidente da JET – Junta de Educação Teológica da IPB; Rev. Luciano Pires, pastor da IP Mosaico e pregador convidado pelos alunos; Prof. Neusa Tolentino Santana, coordenadora pedagógica do seminário; Rev. Aurino César Lima Filho, capelão da instituição; André Ferreira Dias, tesoureiro do SPBC e funcionário homenageado pela turma; Rev. Guilherme Bispo, pastor da IP Novo Horizonte – Goiânia, que deu nome a esta turma de formandos e, também, o Rev. Rosalvo Maciel, representante da Juret Brasil

Iclayber de Freitas Alves “Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si” (Gn 5.24). Victor Ximenes

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Central – Junta Regional de Educação Teológica Brasil Central. O orador da turma, André Igor Vicente Dutra, destacou a história de superação de cada aluno durante os quatro anos de curso, quando com apoio mútuo venceram situações complexas que envolveram problemas familiares e de saúde. Na solenidade, colaram grau os seguintes forman-

dos: Alfredo Dias Almeida, Allan Jonnes S. Moura, André Igor Vicente Dutra, Estevão Morais de Oliveira, Isaac Yuri Zapata Corrêa, Lauro Borges Júnior, Marco Aurélio Viana, Otávio Alves Caixeta Júnior, Pablo Lima Wilhelms, Renildo Caetano Ferreira, Sérgio Peixoto Cury, Wesley Corrêa de Oliveira e Wilson Tomé da Conceição.

ouco mais de um ano atrás, o Rev. Iclayber começou a perceber adormecimento em um de seus pés. Esse foi o início de uma jornada por vários médicos, se submetendo a muitos exames, os quais apontaram uma doença no segundo neurônio motor. Saíamos mensalmente para almoçar e conversar, momento que ele brincava chamando de “terapia da picanha”. Nem sempre comíamos picanha, mas era um momento precioso. Orávamos (normalmente, antes de orar, Iclayber falava de Cristo ao garçom que nos servia), conversávamos bastante e comíamos como bons pastores. O tempo foi passando e Iclayber começou a necessitar de uma bengala. Depois, nem a bengala foi mais capaz de ajudá-lo. Finalmente não pudemos mais sair para esses inesquecíveis almoços, porque os movimentos dele ficaram muito limitados e também porque ele não podia mais se alimentar oralmente. O que quero dizer com tudo isso é que vi esse servo de Deus sofrer como sofrem os gigantes, cheios de uma fé inexplicável. Numa tarde de muito desconforto tentei consolá-lo e ele me disse:

“Estou no lucro, se morrer vou para o céu!” Iclayber almejava a Cristo, quer na vida, quer na morte! Na madrugada desse dia agridoce, 30 de novembro de 2016, com apenas 40 anos de idade, aprouve ao Senhor Deus tomar seu servo para si. Como disse minha filha de 7 anos (Letícia): “Tio Iclayber gostava de cantar, agora ele está cantando no céu, diante do Senhor”. O que mais dizer?! Iclayber amou ao Senhor, viveu diante do Senhor, morreu diante do Senhor e agora goza de sua presença. Andou com Deus e já não é, porque Deus o tomou para si. Iclayber de Freitas Alves era casado com Paloma Negris Alves e pastor, juntamente com os queridos irmãos Cláudio Henrique Albuquerque e Lutero Rocha, da 1ª IP do Recife. Que o Senhor console os corações de sua esposa, de seus familiares, de suas ovelhas, dos amigos e irmãos. O Rev. Victor Ximenes é o Capelão do Seminário Presbiteriano do Norte.


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PRESBITERIANISMO EM FOCO

Church of Scotland Marcone Bezerra Carvalho

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o tratar do movimento reformado, o acadêmico James E. McGoldrick afirma que “a França forneceu o homem (Calvino), mas a Suíça proveu a casa”. No entanto, nenhum desses países foi tão influenciado pelos ideais de Calvino como a Escócia. Desde 1560 o presbiterianismo é a religião nacional. Por intermédio dos escoceses a Igreja Presbiteriana foi estabelecida na Irlanda, Canadá, Austrália e África do Sul. O país é o berço de alguns patriarcas do presbiterianismo norte-americano, que, por sua vez, no século 19, enviou missionários ao Brasil. A principal expressão do presbiterianismo local é a Church of Scotland (CS), que atualmente conta com dois ministros egressos da IPB: Rev. Dráusio Piratininga Gonçalves e Rev. Kléber de Oliveira Machado. Dráusio, 52 anos, pastoreou por 14 anos na região metropolitana de São Paulo e desde 2007 é ministro da CS. Hoje está à frente da Bristo Memorial, em Edimburgo. Kleber, 43 anos, exerceu seu ministério no Paraná durante 13 anos e desde 2011 está ligado à CS, pastoreando uma igreja em Corby, Inglaterra. A partir da experiência deles, conheçamos um pouco do funcionamento da mais antiga igreja presbiteriana escocesa.

Recepção na CS. Antes de serem aceitos na denominação, Dráusio e Kleber passaram por um período de adaptação à cultura do país e às regras da CS. Como já havia sido pastor no Brasil, Dráusio trabalhou por 15 meses como pastor-assistente em uma igreja localizada em Dundee. Nessa fase, teve que participar de reuniões do Conselho, pregar para crianças e adultos, dirigir culto, visitar os membros, assistir conferências sobre governo e administração, ser submetido a algumas entrevistas e ainda apresentar um trabalho escrito sobre a história da igreja na Escócia. Kleber, que antes de mudar-se para a Escócia havia residido por mais de um ano na Holanda, passou pelo mesmo processo, tendo cumprido seu estágio em uma igreja de Glasgow, durante 12 meses. Moderadores e mandatos vitalícios. Muito do que é praticado pelos escoceses remonta, com algumas adaptações, à época de John Knox (século 16). Na Igreja da Escócia, o ministro é o moderador e não o presidente. O princípio é que, nas reuniões do Conselho, cabe ao pastor moderar o debate de tal maneira que todos sejam ouvidos e, assim, se chegue à conclusão que expresse a vontade da maioria. Quanto ao mandato dos oficiais, não há delimitação de tempo, ou seja, é para a

vida inteira, sem necessidade de reeleição. Presbíteros e pastores servem até a aposentadoria ou enquanto a saúde lhes permite fazê-lo. Caso o presbitério decida pelo fechamento de uma igreja, ou resolva que ela deve juntar-se a outra, o pastor será reconduzido a um novo campo ou a uma comunidade. A igreja e sua paróquia. Entre nós, brasileiros, paróquia tem a ver com Igreja Católica. Na Escócia, não. A igreja é vista como parte da sociedade. Espera-se que o pastor assista não somente aos membros da igreja, mas que esteja disposto a atender à população da cidade. A igreja se sente responsável pela área geográfica na qual está inserida. Em termos práticos, isso quer dizer que não fica centrada em si mesma, dentro das quatro paredes. O sistema paroquial abre muitas portas, oferece oportunidades de evangelização e interação com a gente do bairro e, quando o pastor e sua congregação estão dispostos a se envolver com a população, proporciona visibilidade à igreja local. Na região de Corby, onde o Rev. Kléber se encontra, ocorrem cerca de 50 funerais por ano. Frequentemente, ele é solicitado para realizar esse tipo de cerimônia religiosa. Administração financeira. Todos os pastores com mais de 5 anos de ministério recebem o mesmo salá-

Rev. Dráusio Gonçalves e Rev. Kleber Machado, brasileiros na Church of Scotland

rio, anualmente corrigido de acordo com a inflação. As congregações mais ricas contribuem mais à Assembleia Geral que as congregações menores. Toda a arrecadação é centralizada e isso permite que as igrejas pequenas tenham seu pastor, casa pastoral e mantenham seu prédio da mesma forma que as mais ricas. Se não fosse assim, algumas igrejas e pastores não estariam em atividade. O pastor da Catedral de Edimburgo e o pastor de uma igreja em um vilarejo de 500 habitantes têm, no que diz respeito ao salário, os mesmos recursos para o exercício ministerial. Calendário litúrgico. O manual litúrgico da CS (Book of Common Order) recomenda aos pastores o uso do lecionário – a relação de passagens do Antigo e do Novo Testamento para cada domingo do ano, incluindo as datas especiais como Pentecostes, Natal, Semana Santa, etc. Assim,

muitos pastores pregam seguindo o calendário de leituras do manual litúrgico da denominação. Esse é o caso da igreja dirigida por Kléber. Dráusio, por sua vez, prefere não seguir o temário litúrgico. Ao longo das últimas décadas, como tem acontecido com outras denominações presbiterianas ao redor do mundo, a Church of Scotland tem sofrido com o avanço do secularismo e do liberalismo teológico em suas fileiras. Devemos orar por essa Igreja e lembrar que ainda existem pastores conservadores no seu seio. Diante do desafio de testemunhar a fé reformada no século 21, o presbiterianismo luta para sobreviver na pátria de John Knox. “Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos; faze que ela seja conhecida no meio dos anos; na ira lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2). O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é historiador e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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VIRTUALIDADE

Semeando no Caminho Criado em março de 2011, o blog “Semeando no Caminho” foi pensado para ajudar pais e educadores de juniores

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blog “Semeando no Caminho” foi criado pela pedagoga e especialista em literatura infanto-juvenil, Roberta Leonardo Fonseca, uma das autoras da revista MQV Júnior, da Editora Cultura Cristã. No blog, Roberta apresenta artigos sobre assuntos do dia-a-dia e reflexões sob a ótica de uma cosmovisão bíblica, na qual professores e pais de pré-adolescentes acham inspiração e motivação para prosseguir investindo no discipulado dos juniores com criatividade e dinamismo.

Roberta realiza treinamentos em diferentes regiões do Brasil, tanto na equipe da Secretaria Geral do Trabalho da Infância da Igreja Presbiteriana do Brasil (SGTI/IPB), quanto na equipe da Editora Cultura Cristã, além de atender convites de igrejas de diferentes localidades. Os treinamentos são voltados aos pais e educadores que trabalham com a faixa etária de 9 a 12 anos, e que encontram dificuldade para criar um ambiente ao mesmo tempo “criativo e atraente” para os pré-adolescentes

que não se sentem nem enquadrados da UCP (União de Crianças Presbiterianas) nem na UPA (União Presbiteriana de Adolescentes). De acordo com Roberta, falta conteúdo para auxiliar pais e educadores, e a ideia do blog, surgiu a partir do compartilhar desses responsáveis. “O blog surgiu da constatação da escassez de material específico para o trabalho com essa faixa etária, e a pedido de muitas pais e educadores cristãos.” Atualmente, a autora do blog é membro da IP do Rio de Janeiro, onde seu esposo,

Rev. Joel Theodoro, é pastor auxiliar. Recentemente, lançou o livro Juniores e pré-adolescentes: como pais e professores podem ensinar no caminho em que eles devem andar, que, segundo ela, é um manual bem prático, visando compartilhar ideias. No blog há sessões específicas de conteúdo, tornando os materiais acessíveis, como páginas de literatu-

ra, atividades, vídeos, cine e central de ideias. Além disso, há sugestões práticas para quem deseja fazer uma revitalização do ensino em sala de aula ou no culto doméstico. Para conferir, basta acessar https://semeandonocaminho.blogspot. com.br/ ou curtir a página do blog no facebook: https://www.facebook.com/ semeandonocaminho/

PROJETO SARA

Família na Reforma Protestante “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros” (Rm 13.8). Raquel de Paula

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Projeto Sara teve início em junho de 2013 chamando todas as mulheres a orarem por seus maridos diariamente. Em 2014 lançamos o desafio de decorar um versículo por semana na Maratona

Bíblica. Muitas irmãs conseguiram decorar e recitar em suas igrejas 40 versículos no Dia da Bíblia daquele ano. Em 2015 o desafio foi ainda maior: resgatar o hábito do Culto Doméstico. Em 2016, continuamos orando por nossos maridos e toda nossa

família, procurando vislumbrar a Família de Valor que Deus nos deu. Neste ano de 2017, analisaremos o padrão de Deus para nossa vida com o tema: Família na Reforma Protestante. A Reforma afetou profundamente não só a Igreja, mas também o casamento e a família. Estaremos orando e entendendo quais valores bíblicos e reformados precisam ser resgatados em nossos dias. E ainda, o amor esta-

belecido pelo próprio Deus que devemos desenvolver em família. “O amor que é paciente, benigno, que não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, que não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (Co 13.4-8).

Desejamos a todas as famílias presbiterianas do Brasil um Feliz Ano Novo. “Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco. E que a graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (Co 13.11-13). Raquel de Paula é membro da Igreja Presbiteriana de Praia Grande e colabora regularmente com o Jornal Brasil Presbiteriano


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AUTARQUIAS IPB

Conselho Presbiteriano de Capelania A

Igreja Presbiteriana do Brasil, em sua última reunião do Supremo Concílio, criou o Conselho Presbiteriano de Capelania (CPC) em 2016. A iniciativa para formação do CPC partiu de capelães de diferentes regiões do Brasil, que enviaram documentos a alguns presbitérios que, posteriormente, em 2014, os enviaram ao Supremo Concílio. Depois da formação de um regimento interno do CPC, e de ajustes desse regimento, os conselheiros foram nomeados para os cargos, sendo capelães presbiterianos já em exercício, em diferentes áreas de atuação. No dia 29 de junho do mesmo ano, a diretoria foi eleita, com a presença do vice-presidente do SC:

Rev Edilaney Gonçalves (Secretário), Eleny Vassão, Rev Walter Mello (Presidente), Rev Augustus Nicodemus, Rev Alexandre Antunes (V. Presidente), Rev Alex Almeida e Rev Elioenai Bandeira (Tesoureiro)

dor oficial, para apoiar, capacitar e representar novos capelães que possam surgir. “Iniciamos um levantamento para organizar o número de capelães presbiterianos, e promover cursos nas mais diversas áreas da capelania. Nosso objetivo é capacitar esses irmãos que

Rev. Walter Mello: presidente – Capelania Militar Rev. Alexandre Antunes: vice-presidente – Capelania Educacional Rev. Edilaney Gonçalves: secretário – Capelania Empresarial Rev. Elioenai Bandeira: tesoureiro – Capelania Parlamentar Conselheiros: Rev. Alex de Almeida: conselheiro – Capelania militar Eleny Vassão: conselheira – Capelania Hospitalar

O objetivo inicial do Conselho Presbiteriano de Capelania é catalogar, organizar e regulamentar os capelães presbiterianos que já estão em atividade. Além disso, deseja, a partir de agora, ser o órgão regula-

já atuam, sendo uma boa referência, com qualidade de conteúdo. Além disso, queremos produzir uma carteira oficial de capelão presbiteriano, visitar as igrejas e os hospitais presbiterianos, apresentando

os capelães que serão associados ao CPC”, explica Rev. Alexandre Antunes, vice-presidente.

Ainda de acordo com ele, não há uma obrigatoriedade para os capelães presbiteriano já em atividade, para

a vinculação ao CPC, mas esse é o desejo do Conselho, fortalecendo ainda mais as bases e os objetivos. O primeiro evento já tem data e local. Será o 1º Congresso de Capelães do CPC, de 07 a 10 de setembro de 2017, na IP Nacional, em Brasília. “Nós nos colocamos diante de Deus, para sermos usados nesse trabalho, desejando abençoar as ações de capelania da IPB. É um grande passo da nossa amada igreja, e contamos com o apoio e oração de todos os capelães, concluiu Rev. Valter, presidente da CPC.

Convocação CE – 2017 Por ordem do Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, Rev. Roberto Brasileiro Silva, o Secretário Executivo do SC/IPB, Rev. Juarez Marcondes Filho, convocou a Comissão Executiva do SC/IPB para reunir-se ordinariamente, no dia 28 de março de 2017, às 13h30 em Brasília – DF. A presente convocação se estende até o dia 31 de março de 2017, às 14 horas. Os membros da CE ficarão no hotel ESUITES LAKESIDE, SHTN, onde a reunião se dará. Os documentos que serão examinados nessa reunião deverão ser encaminhados à Secretaria Executiva do SC/IPB: SGAS 906 Conjunto A – lote 8, Asa Sul – Brasília/DF. A postagem deverá ser feita até o dia 26/02/2017 aos cuidados do Rev. Dalzir Rodrigues da Silva. Mais informações no telefone (61) 3247-7703.


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MEDITAÇÕES

Babilônia “Caiu, caiu a grande Babilônia!” (Ap 18.2). Frans Leonard Schalkwijk

N

a Bíblia, Babilônia geralmente é equivalente a revolta contra Deus.1 Depois do dilúvio, descendentes de Noé construiram uma torre no vale do rio Eufrates, prova da soberba humana procurando renome mundial (Gn 11.4). Essa primeira tentativa de concentração de poder contra o Onipotente causou

uma situação humorística, pois o SENHOR tinha de descer para ver a torre, de tão alta que era... E o nome que o local ganhou, Babel, lembra da “confusão” que deve ter dado quando Deus usou um meio gentil para freiar esse primeiro projeto anti-Deus. Trocou umas chavinhas nos seus cérebros. O aparato fonal permaneceu o mesmo, pois todos podiam fazer os mesmos sons, mas pronúncia, for-

ma, organização e sentido dos vocábulos ficaram tão diversificados que deixaram seu projeto e se espalharam. Babel acabou. Na segunda vez que aparece na história bíblica, Babilônia é uma ameaça terrível contra Jerusalém, e a tribo de Judá acabou deportada. Mas durante os 70 anos de cativeiro, Deus não se esqueceu do seu povo, e Judá voltou para a cidade santa depois da queda da soberba cidade com suas cem portas de bronze. A terceira aparição será

no fim da história, quando Babilônia revelará seu espírito pelo pacto com o anti-Cristo, perseguindo os verdadeiros filhos de Deus, até o julgamento final dela (Ap 18). Mas, por enquanto, não chegamos a essa altura da história, e aparecem até casas comerciais e websites com esse nome orgulhoso. E Saddam Hussein decidiu reconstruir a velha cidade rainha mais linda do que antes, mas não conseguiu. Porém, foi um sinal simbólico dos fins dos tempos.

E para o povo de Deus um brado para se santificar: “Saí de Babilônia... para não serdes cúmplices em seus pecados, e... !” (Ap 18.4). Sabendo que essa “confusão” de pecado vai acabar, desde já nossos corações treinam para cantar no imenso coro celestial: “Aleluia!” (Ap 19.6). 1 Jr 51.1 Lebe-Camai, coração dos meus adversários.

Extraído de Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.

CELEBRAÇÃO

Cantando o Evangelho F

oi realizada no dia 10 de dezembro de 2016 mais uma edição do Natal on the Street, uma programação promovida pela IP do Campo Belo, São Paulo, SP. O evento é uma Cantata ao ar livre, da qual participam coristas de diversas igrejas da cidade de São Paulo e reúne inúmeros moradores do bairro e adjacências. Nessa ocasião, o evangelho é proclamado por meio de hinos natalinos e a exposição das Escrituras. O Natal on the Street já ocorre há cinco anos e sempre conta com a colaboração da regente Sandra Boletti e diversos corais presbiterianos de São Paulo. O repertório cantado geralmente dura uma hora e meia, seguido por uma breve

pregação pelo rev. Valdeci Santos, pastor da igreja local. Durante o evento são distribuídas Bíblias aos frequentadores e toda a igreja se mobiliza em prol do sucesso do mesmo. Esse ano, a programação contou ainda com a colaboração da Chancelaria do Instituto Presbiteriano Mackenzie, que divulgou a qualidade do ensino ministrado naquela instituição, bem como os valores que regem sua cosmovisão. O evento reuniu cerca de 600 pessoas, entre coristas, membros da igreja e moradores do bairro e visitantes, em uma abençoada iniciativa da família presbiteriana em prol do anúncio do evangelho do Redentor Jesus.

Rev. Valdeci Santos, pastor da IP Campo Belo.

Público presente.

Sandra Boletti na regência do coral


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EDUCAÇÃO CRISTÃ

Equipe da Cultura Cristã treina professores E

m treinamento realizado dia 29 de outubro na sede da IP de Jardim Bonfiglioli, a equipe da Cultura Cristã proporcionou aprimoramento para professores de ED e culto das crianças. Participaram 72 irmãos, membros das igrejas Jardim Monte Alegre, Betel, Morumbi Sul, Parque Esplanada, Jardim Bonfiglioli e 1ª IP de Taboão da Serra, convidados pelo Rev. Daniel Márcio Ferreira Neves, organizador do encontro e pastor da igreja hospedeira. A equipe foi liderada pelo Rev. Cláudio Marra, editor da Cultura Cristã,

e integrada por excelentes colaboradores, membros da equipe da editora com larga experiência no trabalho para Escola Dominical e com formação profissional como professores e pedagogos. Os temas abordados foram “Didática para o ensino de crianças”, ministrado pela Profa. Michele Rossi; a Profa. Sandra Marra ministrou a oficina “Didática para jovens e adultos”; o Rev. Marra “Objetivos da aula“; a Profa. Valéria Delgado treinou os que trabalham com adolescentes; e a Profa. Roberta Fonseca os professores de juniores. As oficinas foram bem prá-

ticas e dinâmicas. O treinamento teve início às 9 e encerramento às 17 horas, com sorteio de material didático da Editora. Os participantes ficaram felizes e motivados com essa oportunidade. A Editora Cultura Cristã (nome fantasia da Casa

Editora Presbiteriana) é a editora oficial da IPB, foi organizada em 25 de fevereiro de 1948, como Casa Publicadora Cristã e publica as revistas das sociedades internas da denominação, além de currículo completo para Escola Dominical e linha bem

diversificada de livros cristãos. Apesar de ser editora denominacional, seus clientes não são apenas os presbiterianos. Cada vez mais, crentes de todas as convicções tomam conhecimento do material publicado e os adotam para seu crescimento espiritual.

adora. Recebeu emocionada homenagem sua viúva, Sra. Oneidia Figueiredo. O JMC agrade e Deus o

privilégio de entregar aos seus presbitérios e à IPB esta turma de 2016 de Bacharéis em Teologia.

SEMINÁRIOS IPB

Formandos 2016 do JMC C

olou grau dia 26 de novembro último, às 18h30, no Auditório Ruy Barbosa do Mackenzie, em São Paulo, a turma Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa, bacharelandos de 2016 do Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição. Antes da formatura, foi celebrado às 17h00 culto de gratidão a Deus, com programa conduzido pelo Rev. Sérgio Lima, profes-

sor da casa e pastor da IP Santo Amaro, SP. Pregou na ocasião o Rev. Heber Carlos de Campos Jr., professor do JMC e pastor da IP Aliança, em Limeira, SP. A colação de grau, presidida pelo Diretor do Seminário, Rev. Ageu Cirillo de Magalhães Jr, e também conduzida, pelo Rev. Sérgio Lima, incluiu falas das várias autoridades presentes – representantes do Presidente do SC, da JET

e da Juret –, do orador da turma e do Paraninfo, Rev. Filipe Fontes, que ofereceu alertas aos futuros pastores, a respeito de “coisas que podem comprometer o ministério” e conduzir os pastores ao fracasso, a saber, “o orgulho, o egoísmo e a hipocrisia”. O recente passamento do Capelão do JMC, Rev. Onézio Figueiredo, foi recordado com gratidão a Deus por vida tão abenço-


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Boa Leitura Origens intelectuais da reforma (Alister McGrath)

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Entretenimento e reflexão O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.

A Reforma protestante do século 16, cujos 500 anos celebramos em 2017, permanece como uma das mais excitantes e fascinantes áreas de estudo. Uma questão central e muito importante, levantada pela pesquisa moderna intensiva sobre o Renascimento e o escolasticismo do final da Idade Média, são as origens intelectuais da Reforma. Esta obra explora as complexas raízes intelectuais da Reforma, expondo um comprometimento com as idéias do humanismo e do escolasticismo. McGrath demonstra como as origens intelectuais da Reforma são heterogêneas e delineia as implicações dessa descoberta para que entendamos a Reforma como um todo. Este livro é mais do que uma fascinante exploração na história das idéias, ele também é uma defesa do movimento da história intelectual como um todo em face das semelhanças histórico-culturais, e a reafirmação da importância das idéias para o desenvolvimento da história. O Abismo entre promessa e realidade – O evangelho segundo Abraão (Iain M. Duguid) Nossa maior necessidade, para viver pela fé no meio do abismo da realidade, não é ter um bom exemplo a seguir. Em vez disso, precisamos de um entendimento cada vez maior do evangelho de Jesus Cristo, de seus sofrimentos e da glória que se seguiu, como o contexto para nossos sofrimentos presentes e a esperança

segura da glória vindoura. Em Cristo, Deus forneceu o clímax para a história contada no Antigo Testamento. Jesus não chegou inesperadamente; sua vinda foi repetidamente anunciada no Antigo Testamento não apenas em profecias explícitas sobre o Messias, mas também por meio das histórias de todos os eventos, personagens e circunstâncias. O Ser de Deus e suas Obras – A Providência e sua realização histórica (Heber Carlos de Campos)

O enfoque deste livro é explicitamente reformado. O autor demonstra como o tema da Providência é parte importante e necessária do sistema teológico conhecido como calvinismo, com sua ênfase primordial na majestosa realidade da soberania divina. Ao mesmo tempo, a argumentação é intensamente bíblica, pois é na Escritura, vista em seu conjunto e em sua coerência interna, que os reformados encontram os fundamentos das suas convicções doutrinárias.

Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963

Bem-Vindo a Marly-Gomont (2016)

King´s Faith (2013)

Em 1975, Seyolo Zantoko, médico recém-graduado de Kinshasa (Congo), aproveita a oportunidade e decide trabalhar em uma pequena aldeia francesa. Ele convence a família de que o local será muito bom para o desenvolvimento deles, e leva a esposa e dois filhos com ele. Ao chegarem em Marly-Gomont, Seyolo e sua família ficam desiludidos. As pessoas têm medo, pois nunca viram negros em suas vidas. Ele, a esposa e os filhos sofrem com o preconceito, e por vezes são estimulados a desistir e sair de Marly-Gomont. Mas Seyolo é determinado a vencer e vai se esforçar para ganhar a confiança dos moradores, aprendendo preciosas lições com sua própria família.

Aos 18 anos, Brendan King já morou em diversos lares adotivos e praticou todos os tipos de crimes. O tempo passa e quando ele finalmente é aceito em uma nova casa, o jovem decide apagar o passado e levar uma vida comum, assumindo suas responsabilidades. Em meio a suas mudanças, Brendan se apaixona pela bela Natalie e tenta iniciar um relacionamento, mas logo o passado vem bater à porta. Ele, então, é obrigado a confrontar as consequências de seus piores crimes do passado. Ele contará com a ajuda da igreja e da fé cristã para superar os seus problemas, e experimentar novas oportunidades, deixando seus erros de lado.

Epa! Cadê o Noé? É o fim do mundo e o dilúvio está chegando. Uma arca é construída para salvar todos os animais, mas Dave e seu filho Finny, um par de nestrians desajeitados, são excluídos. Escondidos a bordo com a ajuda involuntária de Hazel e sua filha Leah, dois Grymps, uma espécie de gatos selvagens, eles pensam que estão a salvo até a curiosidade das crianças distraí-las e levá-las para fora da arca. Agora, os pequenos Finny e Leah precisam sobreviver a predadores famintos e à inundação, enquanto tentar chegar ao topo de uma montanha, para que possam ser vistos por seus pais. Enquanto isso, Dave e Hazel devem colocar de lado suas diferenças e salvar seus filhos.

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