BP 757 Dezembro 2017 final

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anos

REFORMA 1517 - 2017

Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 757 – Dezembro de 2017

Grande Culto da Reforma

Grande culto do 5º centenário da Reforma aconteceu no dia 28 de outubro na Arena Carioca I do Parque Olímpico no Rio de Janeiro. O evento contou com a presença de cerca de 15 mil pessoas de todo o país. Páginas 6 e 7

Simonton e Seminário Primitivo

Vista atual do Campo de SantAna, endereço do seminário fundado por Simonton no RJ Página 3

Reforma: Avivamento Missionário

Entenda o porque da Reforma ter sido um avivamento teológico, espiritual e missionário Página B2

Onde Jesus Nasceu?

Descubra curiosidades acerca do nascimento de Jesus Página 5


Brasil Presbiteriano

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EDITORIAL

Brasil Presbiteriano

Identidade cristã

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o século 16, a Reforma Protestante brota em uma sociedade acomodada espiritualmente. Em um meio anestesiado pelas tradições, poucos refletem criticamente sobre a sua fé. A Igreja Católica ensina que ser cristão é crer no que crê a Igreja, uma fé implícita que inibe a reflexão e esteriliza as convicções pessoais. Ser do povo de Deus, porém, não é, primeiro, seguir tradições. Pode ser o contrário. Afinal, ao chamar Abrão, Deus lhe disse que saísse de sua terra, deixando as tradições dos arameus (Gn 12.1). Enquanto nos tempos da Reforma tradição era a “regra de fé e prática”, na sociedade atual a base de fé é outra. Tradições existem agora para serem denun-

ciadas e abandonadas. Em nossos dias, as pessoas procuram firmeza e segurança na aprovação social. Ter um elevado número de “seguidores” nas mídias sociais é conquista a ser divulgada com destaque. Vivemos tempos narcisistas. Será lamentável, porém, que o povo de Deus conformese a esse padrão, porque o Senhor, que chamou Abrão para fora de sua casa (tradições), acrescentou que o patriarca deveria deixar para trás a sua parentela (seu meio social). A não conformação com este século é fundamental para a manutenção da identidade do povo de Deus e para a sua sobrevivência. Reagindo contra seu contexto de tradição autoritária, Lutero nos ofereceu, mercê

de Deus, um exemplo de postura cristã e de afirmação de sua identidade. Por causa de suas declarações e escritos, foi publicada no início de 1521 a sua bula de excomunhão. Lutero foi intimado a comparecer diante do parlamento, a Dieta de Worms, e, quando convidado a retratar-se, declarou ser isso impossível, apelando para o “testemunho das Escrituras” e para “uma razão evidente”. Lutero apoiou-se na consciência “alicerçada na Palavra de Deus”. Observe-se a tremenda diferença nos fundamentos. A autoridade não era mais a posição de papas e concílios. Não mais a tradição e a fé implícita. A autoridade também não era o que vemos hoje: a opinião corrente, a avaliação do meio social,

a conformação com este mundo. Assumindo a postura bíblica que caracterizaria a Reforma e os Reformadores, Lutero afirmou-se como responsável por suas escolhas (sua consciência), mas à luz da Palavra de Deus e sob a sua autoridade. Abrão deixou suas tradições e seu meio social em obediência ao Senhor. Isso fez dele o Pai dos que creem. O povo eleito recebeu a Lei por escrito, e a ordem de obedecê-la e transmiti-la às futuras gerações, porque o povo da aliança não haveria de ser orientado por tradições – por mais nobres que fossem –, nem pela fluida opinião corrente, mas pela imutável Escritura. Assim se define e se mantém a identidade do povo de Deus.

Ano 58, nº 757 Dezembro de 2017 Rua Miguel Teles Junior, 394 Cambuci, São Paulo – SP CEP: 01540-040 Telefone: (11) 3207-7099 E-mail: bp@ipb.org.br assinatura@cep.org.br Órgão Oficial da

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EDUCAÇÃO TEOLÓGICA

Simonton e o Seminário Primitivo A propósito dos 150 anos de Educação Teológica do presbiterianismo brasileiro Hermisten Costa

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ecordamos neste mês o sesquicentenário da morte de Ashbel Green Simonton (20 de january de 1833 – 09 de dezembro de 1867) e de sua iniciativa, poucos meses antes de seu passamento (14/05/1867), de organizar o Seminário do Rio de Janeiro. Os primeiros professores foram Rev. A.G. Simonton, Teologia; Rev. Charles Wagner, pastor luterano (que desejava transferir-se para a nossa denominação), lecionava Grego e História Eclesiástica e o Rev. F.J.C. Schneider, Ciências e Matemática. Os primeiros alunos do Seminário foram: 1) Antônio Bandeira Trajano (1843-1921), português, naturalizado brasileiro, professou a sua fé e foi batizado na IP de São Paulo (05/03/1865). Licenciado em 22/08/1870, foi designado para Brotas, Jacutinga e Rio Novo. Ordenado em Rio Claro em 10/08/1875. 2) Modesto Perestrello Barros de Carvalhosa (1846-1917), português, professou a sua fé e foi batizado na IP de São Paulo em 25/03/1866. Licenciado em 22/08/1870, foi designado para Lorena. Ordenado em 20/07/1871. 3) Miguel Gonçalves Torres: (1848-1892), por-

tuguês, professou a sua fé e foi batizado na mesma ocasião de Trajano, em 05/03/1865. Sofreu bastante com a tuberculose. Sua licenciatura ocorreu em 19/07/1871. Foi designado para Caldas e outras cidades de Minas. Ordenado em 10/08/1875, ficou com as

co, voltando em 1870 para Brotas. A manutenção do Seminário foi difícil. Simonton faleceu a 09/12/1867. O Rev. Wagner foi para a Suíça, onde faleceu. Permaneceram apenas Blackford e Schneider. Com a formatura em 1870, o Rev. Sch-

em 08/08/1876, e designado para o campo de Sorocaba, indo até Faxina. O método de tutela, inadequado e provisório, foi utilizado até 1892. No entanto, nesse período, o Presbitério manifesta a sua preocupação com o currículo e, em 1878, adotou um

Vista atual do Campo de SantAna, endereço do seminário fundado por Simonton no Rio de Janeiro

igrejas de Caldas, Machado e Borda da Mata. 4) Antônio Pedro de Cerqueira Leite (18451883), natural de Limeira, SP. Professou a sua fé e foi batizado a 30/12/1866, na IP de São Paulo. Só ingressou no Seminário no dia 08/03/1868, quase um ano depois do início das aulas (14/05/1867). Nesse período ele não chegou a concluir o curso teológi-

neider vai para São Paulo e depois para a Bahia. As portas do Seminário se fecham. Os candidatos ao Ministério passaram a estudar sob o sistema de tutela. Cerqueira Leite foi novamente recebido como candidato a 30/12/1872. Estudou sob a tutela dos Revs. G.W. Chamberlain e Emmanuel Vanorden. Foi licenciado em 10/08/1873, ordenado

plano curricular chamado “Estudos para os candidatos ao Ministério Evangélico” e o publicou na Imprensa Evangélica (17/01/1878, p. 22). O currículo “uniformizaria esse preparo individual, e impediria que o ministério presbiteriano se tornasse heterogêneo” (B. Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, São Paulo: CEP, 1981, p. 263.). O Sínodo resolveu

fundar um Seminário (08/09/1888). A.L. Blackford e John R. Smith foram eleitos professores do Seminário, mas Blackford viajou para os Estados Unidos em 1890, onde faleceu, e Smith adoeceu. Só a 15/11/1892 inauguramse as aulas. Estabelecido em Nova Friburgo, cidade serrana do Rio de Janeiro, o Seminário pôde contar com mais dois professores, Rev. John M. Kyle e o luterano Rev. João Gaspar Meyer. Como antes, inicia as aulas com três alunos. O quarto aluno, Vicente T. Lessa, chegaria depois. Duração efêmera: somente até 1894. Já em fevereiro de 1893 iniciara em São Paulo o “Instituto Teológico” com cinco alunos. Finalmente, em 1895, os dois Seminários são fundidos, em São Paulo. O culto de abertura deu-se na Primeira Igreja de São Paulo, no dia 25/01/1895. Em fevereiro de 1907, o Seminário seria transferido definitivamente para Campinas, sendo as aulas iniciadas no dia primeiro. Agora, a formação teológica de nossa igreja estava consolidada. Pelo menos por enquanto. O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa integra a equipe de pastores da 1ª IP de São Bernardo do Campo, SP, e é Pastor-Efetivo da IP do Jardim Marilene, Diadema, SP.


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IGREJA PERSEGUIDA

O fim do cristianismo “(...) onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20). Antônio Cabrera

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emana passada [09 a 13.10], o governo dos EUA divulgou o último relatório anual a respeito da questão religiosa. A conclusão é que o ano de 2016 vai entrar para a História como o de maior índice de perseguição global de cristãos da era moderna. Em uma avaliação paralela, observadores alegam que “estamos assistindo ao fim do cristianismo no Oriente Médio”. Continua, afirmando que “não é exagero falarmos na palavra genocídio, porque estamos falando de uma limpeza étnica, uma limpeza cultural”, cujo o resultado, por exemplo, poderá ser o fim do cristianismo no Iraque em cinco anos. Não bastasse isso, nessa mesma semana li outra notícia oriunda da Argentina, segundo a qual nenhum outro país foi tão longe para abraçar a autodeterminação de gênero. Se em outros países pessoas transexuais devem submeter-se a exames de saúde mentais e físicos e passam por uma série de outros obstáculos antes de conseguiram tratamentos de mudança de sexo, a lei da Argentina é a primeira a dar aos cidadãos o direito de mudar seu gênero legalmente sem antes mudar seus corpos. Por fim, li que o Rio de

Janeiro é o primeiro estaSoviética, pois fica cativado brasileiro a reconhecer da pela promoção do ateem cartório o relaciona- ísmo estatal naquele país. mento de três mulheres, Mas é proibida de entrar na cuja luta agora é para que URSS e retorna para os EUA. isso conste na certidão de Em Baltimore, depois de nascimento da criança que agredir cinco policiais é elas pretendem ter. Elas expulsa do seu trabalho. desejam que a criança tenha É a partir daqui que Madalyn os sobrenomes das três. começa construir o seu legaNesse momento, lembrei-me de Madalyn Murray O’Hair. Saiba, antes de mais nada, que Madalyn já foi capa da revista Life com o título de “A mulher mais odiada da América”. Seu nome original era Madalyn Mays. Após se divorciar do seu primeiro marido, John Mays, ela inicia um relacionamento com um homem casado chamado William J. Mur- William J. Murray III ray, que se recusa a se divorciar de sua esposa. do, fundando a American Mesmo assim, Madalyn Atheists (Ateus americanos) muda o seu nome para e criadora da primeira revisMadalyn Murray e desse ta ateísta dos Estados Unirelacionamento furtivo dos. nasce um garoto chamaEm 1960, ela ingressa com do William J. Murray III. uma ação judicial (MurFruto de um outro relacioray vs. Curlett) afirmando namento, ela adota o nome ser inconstitucional o seu O’Hair, e de outro relaciofilho William J. Murray namento nasce o segundo III frequentar uma escola filho Jon Garth Murray. pública que fazia leituras No meio dessa vida atribíblicas e orações. bulada, ela não consegue O resultado é que, em 1963, passar no exame da OAB a Suprema Corte dos EUA americana, e assim, tenta na fez dessa ação a referêndécada de 60 ir para a União cia para a retirada da Bíblia

e das orações nas escolas públicas norte-americanas. Rapidamente, a sua voz se tornou a cara do ateísmo nos EUA, criando um programa de rádio sobre o ateísmo e o programa de TV American Atheist Forum, com mais de 140 canais. Foi a semente pioneira do ateísmo, vociferando em uma batalha sem igual contra Deus, chegando até a impedir que o astronauta Buzz Aldrin citasse a Bíblia na missão Apolo 11 na chegada à lua. Anos mais tarde, Madalyn, seu filho Jon e o seu neto Robin foram sequestrados, assassinados e mutilados por um de seus seguidores ateus [29 de setembro de 1995, San Antonio, Texas]. Por que escrevo essa história? É que, antes de sua morte trágica, Madalyn teve a maior surpresa de sua vida. O seu filho William J. Murray III, aquele mesmo garoto que foi profundamente envolvido na talvez maior batalha do ateísmo, se converte ao cristianismo. Vinte anos depois da inesquecível decisão da Suprema Corte, William estava perdido nas drogas, e testemunha que gritou para Jesus e ele respondeu. Quando soube da notí-

cia, Madalyn disparou: “Pode-se chamar isso de um aborto pós-natal por parte de uma mãe, (...) eu quero repudiá-lo totalmente e completamente por agora e todas as vezes (...) ele está além do perdão humano.” Olhando pela janela do avião, apreciando um espetacular pôrdo-sol, eu posso afirmar: “Madalyn, ninguém consegue ir tão longe no pecado que não seja alcançado pela graça de Deus. Não há pecador que não possa ser salvo e pecado que não possa ser perdoado.” É nesses becos sem saída que Deus mostra a sua Glória. É aí que o inimigo é derrotado, o mar se abre, as muralhas caem, as vasilhas se enchem de azeite, a farinha se multiplica, a água brota da rocha, o sol para, o fogo cai. É aí, Madalyn, que andamos sobre as águas! Hoje, William J. Murray III é um pastor batista, presidente da Coalizão pela Liberdade Religiosa, uma organização sem fins lucrativos em Washington, DC, e ativa em questões relacionadas a ajudar os cristãos em países islâmicos e comunistas. Soli Deo Gloria! O Dr. Antônio Cabrera Mano Filho, presbítero da IP de São José do Rio Preto (SP), foi Ministro da Agricultura do Brasil no governo Collor e é membro do Conselho de Curadores do Instituto Presbiteriano Mackenzie.


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EVANGELIZAÇÃO E MISSÕES

O futuro da igreja Marcos Agripino

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Bíblia sempre nos impulsiona a orarmos a favor de todos os povos. Por muito tempo, fomos encorajados pelo livro Intercessão Mundial a olhar além das quatros paredes da igreja. Esse livro foi um marco na ação missionária global. Agora, somos privilegiados com o lançamento do mais novo livro de Patrick Johnstone, O Futuro da Igreja Global, preparado com a cronologia dos eventos mundiais e as possibilidades que temos para atuar no missionamento das verdades bíblicas a favor dos

povos ainda não alcançados pelo evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo. Esse livro apresenta um recorte do que, no decorrer da História, vem impactando a Igreja que, mesmo atacada, não foi destruída. Somos sobreviventes. O Futuro da Igreja Global não é um livro para ser lido, apenas. É bem mais que isso. É um material de consulta, rico em gráficos, imagens, mapas, boxes explicativos, além de conteúdos escritos obviamente. Diante da apresentação do que vem sendo realizado no âmbito mundial, o autor nos incentiva a uma renovação da nossa visão

em relação à expansão do evangelho no mundo, e nos mostra como a Bíblia tem papel preponderante nesse processo. Várias expectativas de Johnstone, em livros anteriores a O Futuro da Igreja Global, se comprovaram através dos anos: o movimento migratório e o impacto demográfico dessas mudanças nos dias atuais; o avanço do islamismo no Ocidente, especialmente na Europa, e até no Brasil, onde o crescimento da população muçulmana, na última década, foi maior que o da população brasileira. Há três décadas, o autor

desafiou a Igreja Global a olhar e investir em oração nos povos não alcançados e, agora, as distâncias foram vencidas e esses grupos estão às nossas portas. A pergunta agora é: conseguiremos, como Igreja, agir eficazmente diante do colapso provindo dos conflitos armados atuais, das calamidades, das catástrofes naturais, da fome, da severa perseguição ao cristianismo, do acentuado deslocamento de pessoas sem precedentes na História e diante das línguas e culturas mais complexas e desconhecidas? O Futuro da Igreja Global pode ser um pon-

tapé inicial. Leia, consulte, compartilhe e apresente os seus conteúdos. Seu engajamento fará toda a diferença. O Rev. Marcos Agripino é o Diretor Executivo da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT).

NATAL

Onde Jesus nasceu? André Filipe Noronha

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mbora fosse chamado de nazareno, Jesus nasceu em Belém da Judeia (Mt 2.1). Lucas dá detalhes e conta que José e Maria, por causa de um decreto do Imperador César Augusto (Lc 2.1-3), foram à cidade natal de José, que era Belém, uma viagem de 15 km. Ali Maria deu Jesus à luz. A gruta de Belém Lucas 2 diz que, quando o casal chegou em Belém, não havia vagas em hospe-

darias. Uma tradição coloca a família numa estrebaria, porque o evangelho diz que Maria colocou o recém-nascido em uma manjedoura (Lc 2.7). No entanto, nada é dito a esse respeito. É bem provável que Jesus tenha nascido a céu aberto. A tradição dos Pais da Igreja pode nos ajudar a descobrir o local exato do nascimento de Jesus. Em seu Diálogo com Trifão, Justino Mártir (100-165 d.C.) sugeriu que Jesus nasceu em uma gruta

fora da cidade. Orígenes (185-254 d.C.) confirma que Jesus nasceu em uma gruta. Mas onde está essa gruta? Em 135 d.C, o Imperador Adriano mandou que se construísse, no local em que se dizia que Jesus nasceu, uma estátua de Adônis, o deus pagão da beleza. Sua intenção era abafar a fé cristã e extinguir as visitas ao local pelos cristãos. No entanto, em 326 d.C., Helena, a mãe do Imperador Constantino, mandou destruir a estátua pagã, e ali,

junto do bispo Macário de Jerusalém, mandou construir uma igreja, a Basílica da Natividade, que existe até hoje. A construção durou de 327-333 d.C. A gruta, atualmente, aberta à visitação, possui uma estrela de 14 pontas e sobre ela estão 15 lâmpadas e a inscrição: “HIC DE VIRGINE MARIA IESUS CHRISTUS NATUS EST – 1717” que, do latim, diz: “Aqui, da virgem Maria nasceu Jesus Cristo – 1717″. A data 1717 refere-se ao ano em que os

franciscano colocaram a inscrição. A Igreja da Natividade, onde está a gruta, é uma das mais antigas no mundo e a mais antiga da Palestina. Atualmente, pertence à Igreja Ortodoxa Oriental, aos Armênios e à ordem dos monges franciscanos. Em 2012, a igreja virou Patrimônio da Humanidade, pela Unesco. Adaptado de http://almanaquedabiblia.com.br O Presb. André Filipe Noronha colabora regularmente com a Cultura Cristã.


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REFORMA 500 ANOS

Grande Culto do 5º C Alderi Matos

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urante o ano xde 2017, a Igreja Presbiteriana do Brasil realizou um vasto programa voltado para as comemorações do 5º centenário da Reforma do século 16. Houve, entre outras iniciativas, o lançamento de livros, cultos regionais de ação de graças, uma conferência internacional, semanas teológicas, exposição de documentos históricos e o lançamento de um documentário. No dia 28 de outubro, o sábado mais próximo do Dia da Reforma, essa programação chegou ao seu ponto culminante com a

Rev. Roberto pregando

realização do culto oficial da IPB, organizado pelos Sínodos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. O magno evento se deu na Arena Carioca I do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e contou com a presença de aproximadamente 15 mil pessoas procedentes das mais variadas regiões do estado e do país. As duas ênfases do culto foram a música e a pregação da Palavra. Participaram da parte musical o Rev. Josué Rodrigues, uma banda com

integrantes do Sínodo da Guanabara e principalmente um grande coral formado por mais de 1000 pessoas das igrejas presbiterianas da cidade. Ao longo da liturgia, foi dada uma ênfase especial aos cinco “solas” da Reforma: Soli Deo Gloria, Sola Fide, Sola Scriptura, Sola Gratia e Solus Christus. Os dois momentos mais significativos foram as pregações da Palavra. O Rev. Roberto Brasileiro Silva, presidente do Supremo Concílio da IPB, que aca-

bava de voltar de uma viagem a Wittenberg, na Alemanha, onde participou de uma conferência da Fraternidade Reformada Mundial, falou sobre várias passagens da Carta aos Romanos, destacando o entendimento da Reforma a respeito da salvação, dos governantes e do serviço à sociedade. Na parte final do culto, o Rev. Hernandes Dias Lopes, partindo do texto de Atos dos Apóstolos 1.8, fez um vasto e detalhado retrospecto da história da igreja, desde os tempos

apostólicos até o presente, destacando os altos e baixos da caminhada cristã, a obra restauradora dos reformadores e os grandes desafios enfrentados pela igreja nos dias atuais, e concluiu insistindo na necessidade de um contínuo avivamento. O culto, que teve início às 14h30, encerrou-se perto das 18h, com o cântico do hino Castelo Forte por todos os presentes e do Aleluia de Handel pelo Grande Coral. O evento teve a presença dos prin-


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entenário da Reforma

cipais líderes presbiterianos locais e nacionais, bem como de representantes de outras denominações. Também participou da solenidade o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que fez uso da palavra por breves minutos. No final do programa, foi feito o lançamento do documentário “A Reforma: O Movimento que Mudou o Mundo”, em formato de DVD, produzido pela Comev em parceria com a Agência Presbiteriana de Evangelização e Comunicação (Apecom). O Rev. Alderi Souza de Matos é o historiador oficial da IPB.

Grande coral

Rev. Hernandes pregando


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REFORMA 500 ANOS

Exposição de documentos históricos

Alderi Souza de Matos

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Comissão Especial do Supremo Concílio da IPB encarregada de elaborar o programa das comemorações do 5º centenário da Reforma propôs, entre outras iniciativas, a realização de uma exposição de documentos históricos alusivos ao evento. A exposição, denominada “A Reforma Protestante e o Presbiterianismo no Brasil, 1517-2017”, foi realizada inicialmente na sede da IPB em Brasília, com o valioso apoio da Igreja Presbiteriana Nacional, estendendo-se de 12 de agosto a 26 de setembro de 2017. Em seguida, a exposição

Abertura da exposição

foi levada para São Paulo, estando aberta ao público no Centro Histórico e Cultural Mackenzie, no campus da Universidade Presbiteriana Mackenzie. A cerimônia de abertura ocorreu no dia 5 de outubro, ocasião em que fizeram uso da palavra o Rev. José Carlos Piacente (assessor da Chancelaria), Rev. Alderi Matos (historiador da IPB), Prof. Marco Tullio Vasconcelos (vice-reitor) e Pb. José Inácio Ramos (diretor presidente do IPM). Na mesma ocasião, houve o lançamento do livro Educação Escolar Cristã e foi lembrado o centenário de falecimento do Rev. Modesto P. Barros de Carvalhosa, um dos primeiros ministros

da IPB e antigo servidor do Mackenzie. A exposição é composta em grande parte de documentos da extraordinária coleção de obras raras do Pb. Dr. Antônio Cabrera Mano Filho, conselheiro do Mackenzie residente em São José do Rio Preto. Entre esses documentos, todos originais, estão obras dos reformadores Martinho Lutero, Filipe Melanchthon, Martin Butzer, Ulrico Zuínglio, João Calvino e Teodoro Beza. Dois dos documentos mais preciosos expostos são o Novo Testamento grego-latino de Erasmo de Roterdã (1516) e a Bíblia Alemã traduzida por Lutero (1534). A exposição também inclui três importantes documentos históricos dos primórdios da Igreja Presbiteriana no Brasil: um volume de sermões manuscritos do Rev. Ashbel Green Simonton, o fundador do presbiterianismo nacional; a Coleção Carvalhosa (18661875), conjunto de relató-

rios pastorais dos primeiros missionários e pastores da IPB, transcritos e preservados pelo Rev. Modesto Carvalhosa, e o 1º livro de atas do Sínodo Presbiteriano (1888-1922). Na bonita sala de exposições do 1º andar do Centro Histórico também estão expostos vários banners com informações para os visitan-

no e Menno Simons), duas detalhadas linha do tempo (uma sobre a Reforma e outra sobre o presbiterianismo no Brasil) e o chamado “texto curatorial”, com uma explicação da natureza e propósitos da exposição. Todos esses materiais foram preparados pelo historiador da IPB. A exposição, tanto em

Bíblia de Lutero - 1534

tes: quatro sobre os movimentos iniciais da Reforma (luteranos, reformados suíços, anabatistas e anglicanos), quatro sobre os reformadores (Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio, João Calvi-

Brasília como em São Paulo, teve o inestimável apoio do Instituto Presbiteriano Mackenzie, na pessoa do Dr. José Inácio Ramos. Os principais coordenadores em Brasília foram a Sra. Adelaide Ramos e Côrte e o Rev. Obedes Ferreira da Cunha Júnior, e, em São Paulo, Luciene Aranha Abrunhosa e Helen Altimeyer, responsáveis pelo Centro Histórico. Também houve a importante colaboração do Rev. Eliezer Bernardes da Silva, que acompanhou os documentos até Brasília. O Rev. Alderi Souza de Matos é o historiador oficial da IPB.


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O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 757 - Dezembro de 2017

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A Reforma, Genebra e seu apelo missionário Hermisten Costa

Com o seu regresso definitivo de Estrasburgo para Genebra em 1541, Calvino reativou o Collège de Rive, reestruturando o sistema educacional da cidade, valendose de doações e legados. Em 5/6/1559 criou uma Academia em Genebra (Schola Privata e a Schola Publica). Calvino esforçou-se por constituir um corpo docente competente. Por meio da Academia, Genebra se tornou um grande centro missionário, uma verdadeira “escola de missões”, porque os foragidos que lá se instalaram levaram posteriormente o evangelho para os seus países e cidades. “O estabelecimento da Academia foi em parte realizado por causa do desejo de suprir e treinar missionários evangélicos”, informanos Mackinnon (18601945) (James MacKinnon, Calvin and the Reformation, Londres: Penguin Books, 1936, p. 195). Destacamos que, com exceção de Isaías, todos os comentários de Calvino sobre os profetas “consistem em sermões

direcionados a alunos em treinamento para o trabalho missionário, principalmente na França” (T.H.L. Parker em Prefácio à versão inglesa do Comentário de Daniel In: João Calvino, O Profeta Daniel: 1-6, São Paulo: Parakletos, 2000, v. 1, p. 13). Acontece que o envio de missionários para outras cidades e países era uma questão delicada que a Companhia de Pastores manteve, enquanto pôde, sob sigilo absoluto até mesmo do Conselho Municipal. Os nomes dos missionários eram em geral mantidos em sigilo. A primeira vez

que tais nomes são mencionados na Companhia de Pastores de Genebra foi em 22 de abril de 1555. Jehan Vernoul e Jehan Lauvergeat foram enviados para as igrejas dos vales de Piemonte e Jacques Langlois Tours, Lausanne e Lyon, onde seriam martirizados em 1572 (Cf. Robert-M. Kingdon, Registres de La Compagnie dês Pasteurs de Genève au Tempos de Calvin, Genebra: Librairie E. Droz, 1962, p. 62-63). O envio de dois ministros para a missão no Brasil, em resposta ao apelo de Villegaignon,1 que mais tarde trairia a

Fé Reformada, é descrita de forma sumaríssima: o registro simplesmente menciona (25/08/1556) que Pierre Richier († 1580) e M. Guillaume Charretier (Chartier) foram enviados. A própria correspondência que vinha dos franceses no Brasil para Calvino, recorria a algum de seus pseudônimos. No Brasil, quando os calvinistas franceses sobreviventes, Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon, não negaram à sua fé diante de Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571), foram presos.2

A perseguição era algo já imaginado dentro da perspectiva Reformada. No entanto, esses homens mantinham-se fiéis à compreensão bíblica de Calvino de que a proclamação do evangelho objetiva glorificar a Deus. Portanto, a mensagem do evangelho deve ser anunciada a todos. A França, de modo especial, tornou-se um grande campo missionário de Genebra. Reforma é sinônimo de missão comprometida. Portanto, como Reformados, herdeiros da mesma fé, devemos também nos comprometer com o anúncio do evangelho a todos dentro das esferas que Deus nos permitir atuar visando sempre à sua glória. Que Deus nos conduza. Amém. 1 Cf. Jean de Léry, Viagem à Terra do Brasil, 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, (1960), p. 51-52. Léry narra que “Ao receber as suas cartas e ouvir as notícias trazidas, a igreja de Genebra rendeu antes de mais nada graças ao Eterno pela dilatação do reino de Jesus Cristo em país tão longínquo, em terra estranha e entre um povo que ig-norava inteiramente o verdadeiro Deus” (p. 51). 2 O alfaiate André Lafon terminou por ser persuadido a retratar-se. Foi poupado. Permaneceu então preso na for-taleza “como alfaiate do almirante e de toda sua gente” (Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara ou Historia dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, Rio de Janeiro: Typo-Lith, Pimenta de Mello & C., 1917, p. 81).

O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa é pastor-auxiliar da 1ª IP de São Bernardo do Campo e pastorefetivo da IP do Jardim Marilene, Diadema, SP.


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Reforma Protestante: avivamento missionário Ronaldo e Rossana Lidório

A Reforma Protestante do século 16 foi um avivamento teológico, espiritual e missionário. Na perspectiva missionária, gerou um enorme e prolongado impacto, sobretudo em três áreas: Despertou a Igreja para a tradução, leitura e distribuição da Palavra em toda a terra. Antes da Reforma Protestante, a Bíblia estava disponível em menos de 10 línguas. Hoje, encontra-se traduzida e distribuída, total ou parcialmente, em 2.500 idiomas em todo o mundo. Apenas na cidade de Genebra, sob orientação do reformador João Calvino, havia 38 oficinas tipográficas para a reprodução da Bíblia e panfletos apologéticos em meados do

século 16, envolvendo mais de 2.000 pessoas no trabalho de impressão e distribuição de material bíblico nos países vizinhos, sob risco de encarceramento ou morte. Promoveu a pregação intencional do evangelho e plantio de igrejas. Entre 1.553 e 1.562 a Igreja Reformada de Genebra enviou para a França centenas de missionários e, como resultado da pública pregação do evangelho, foram organizadas cerca de 2.000 igrejas e 2.000 escolas confessionais com cerca de 3 milhões de convertidos em um país, na época, com 20 milhões de habitantes. Apenas no ano de 1.561 foram enviados 142 missionários de Genebra para a França. Se comparássemos, de forma proporcional,

a Genebra do século 16, com 20.000 habitantes, e o Brasil de 2017, com mais de 20 milhões de evangélicos, precisaríamos enviar 142.000 missionários por ano para nos equipararmos com o movimento missionário reformado daquela época. Ensinou que a pregação do evangelho deve ser realizada por toda a igreja, em todo o mundo, em todas as gerações. Em seu comentário sobre Isaías 12.5, Calvino escreve: “(...) é nossa obrigação proclamar a bondade de Deus para todas as nações (…) a obra não pode ser escondida em um canto, mas proclamada em todos os lugares”. Comentando Mateus 28.19 ele também enfatiza: “o Senhor ordena que os ministros

do evangelho vão para longe, com o objetivo de anunciar a doutrina da salvação em todas as partes do mundo”. E, de forma espetacular, em seu livro A Escravidão e Liberação da Vontade, João Calvino, relacionando a soberania de Deus com a evangelização, explica: “(…) embora Deus seja capaz de realizar a obra secreta de seu Santo Espírito sem qualquer meios ou assistência, ele também ordenou a pregação externa (pública), para ser usada como um meio. Mas para torná-la um meio efetivo e frutífero, ele escreve com seu próprio dedo em nossos corações aquelas palavras que ele fala em nossos ouvidos pela boca de um ser humano.” Que a Igreja evangé-

lica, herdeira da verdade bíblica resgatada na Reforma Protestante do século 16, levante-se para glorificar o nome de Deus indo para as ruas, condomínios, cidades, desertos, matas e ilhas, a fim de proclamar a sua salvação para aqueles (mais de 4.000 povos e 1.800 línguas…) que ainda nada ouviram de Cristo. REFERÊNCIAS

Calvin, John. The Bondage and Liberation of the Will: a Defence of the Orthodox Doctrine of Human Choice Against Pighius. Baker Academic, 2002. Calvino, João. As Institutas – Edição clássica. Editora Cultura Cristã, 2015. Christian Classic Ethereal Library. John Calvin’s Commentaries. Acessado: https://www.ccel.org/ ccel/calvin/commentaries.i.html Haykin, Michael; Robinson, Jeffrey. To the Ends of the Earth: Calvin’s Missional Vision and Legacy. Crossway, 2014. Tokashiki, Ewerton. Missões na reforma protestante do século 16. Acessado: http://monergismo.com/textos/missoes_reforma.htm Simons, Scott. João Calvino e Missões: um Estudo Histórico. Acessado: http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/calvino_missoes_ scott.htm

Ronaldo e Rossana Lidório são missionários da APMT

Musical – 500 anos da Reforma Protestante Gustavo Villa

Foi extensa a manifestação das igrejas presbiterianas no Brasil quanto aos 500 anos da Reforma Protestante do século 16. Esse foi um legado importante, não apenas pela fundamentação bíblica em evidenciar a fé cristã no mundo, mas também

pela coragem em não negociar a verdade do evangelho. Recordar a data é necessário, tendo em vista que muitas pessoas nas igrejas desconhecem a vida e obra dos reformadores. Pensando nisso, desafiei um grupo na igreja para organizarmos um musical sobre essa temática.

O resultado foi notável! O esforço e dedicação das pessoas juntamente com a produção artística impressionou. No palco da nossa igreja estava a bela capela do castelo de Wittenberg reproduzida com riqueza de detalhes. As músicas davam o ritmo na entrada de vários reformadores como Calvino,

Zuínglio e Lutero. Além de termos uma aula de História, tivemos a oportunidade de conhecer como esses e outros reformadores pensavam biblicamente. Cantamos, agradecemos a Deus pela vida desses homens, nos emocionamos e, por fim, clamamos a Deus, pedimos que esta gera-

ção seja marcada pela mesma coragem que incendiou o coração dos reformadores. Que Deus abençoe seu povo e sua igreja nesta geração. Que tenhamos a mesma voz profética e corajosa, tal como nossos irmãos do passado. Soli Deo Gloria! O Rev. Gustavo Villa é pastor titular da IP do Guara – Brasília/DF.


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Reforma e Presbiterianismo Marcone Carvalho

Presbiterianismo pode significar o governo eclesiástico exercido pelos presbíteros ou a denominação organizada na Escócia, em 1560, a Igreja Presbiteriana. As duas acepções da palavra estão presentes no século 16. Uma das consequências da Reforma foi o retorno à Bíblia. Desde o 3º século da era cristã, o episcopalismo – poder centralizado em uma pessoa – prevaleceu sobre o governo dos presbíteros na igreja. O Papa transformou-se em autoridade máxima. Nas paróquias, os padres governavam os fiéis. A redescoberta dos anciãos como pastores do rebanho (cf. 1Pe 5.1-4) fez com que essa situação mudasse em alguns lugares. O primeiro intento de um governo compartilhado e representativo aconteceu em terras germânicas. Um sínodo realizado em Homburg, em 1525, sob a liderança de Francis Lambert, elaborou um documento que deveria regular o funcionamento da igreja no principado de Hesse. Lutero, contudo, julgou -o impraticável devido às circunstancias políticas da época. Coube a Martin Bucer,

em Estrasburgo, nas décadas de 1530 e 1540, a aplicação de certos princípios do governo presbiteriano. Ele fez a distinção entre presbíteros regentes e docentes, defendeu que cada pastor deve ser assessorado por laicos, instaurou o sínodo e instituiu a prática de confirmação do batismo para os adolescentes. Calvino, que pastoreou uma comunidade de refugiados em Estrasburgo (1538-1541), implementou e desenvolveu em Genebra muito do que testemunhou na prática de Bucer. Estrasburgo e Genebra tiveram igrejas em que os presbíteros exerceram o governo e a disciplina ao lado dos ministros do evangelho. Mas não foi nesses lugares que esse modelo mais se desenvolveu. Em 1558, após a morte da católica “Maria, a sanguinária”, assumiu o trono inglês Elizabeth I, rainha que restabeleceu o anglicanismo. Protestantes que haviam buscado exílio na Europa continental regressaram e reivindicaram mudanças mais profundas na liturgia da Igreja Anglicana. Eles eram os “puritanos”. Um deles foi o escocês John Knox, que havia atuado na Inglaterra (1549-1553) e fora influenciado por Calvino

durante sua estada em Genebra (1556-1558). Nesse último período, ao lado de Christopher Goodman, Knox pastoreou uma congregação inglesa governada por presbíteros e seus dois ministros. Em 1559, ele voltou à sua pátria, onde exerceu grande influência. No ano seguinte, o presbiterianismo foi estabelecido como a religião da Escócia. Nascia, assim, a Church of Scotland, denominação de teologia e governo calvinistas que se tornou a “mãe” das igrejas presbiterianas nos países anglo-saxônicos. Knox foi o principal autor da Confissão Escocesa e do Livro de Disciplina, redigidos em 1560. Após sua morte (1572), Andrew Melville se destacou como o consolidador do presbiterianismo escocês e, até o fim do século 16, a hierarquia conciliar foi posta em prática (sessão local [conselho], presbitério, sínodo e assembleia geral). Na Inglaterra, os puritanos partidários do modelo presbiteriano não tiveram o êxito que Knox obteve no país vizinho. Com exceção de um curto período, o da Revolução Inglesa (1642-1649), o presbiterianismo não foi a religião oficial. Pode-se

dizer que o presbiterianismo inglês, desde meados da década de 1560 até o fim do século 17, foi um movimento dentro e/ou à margem do anglicanismo. Após 1689, com a Lei de Tolerância, os grupos dissidentes – inclusive os presbiterianos – gozaram de liberdade e vida própria. Portanto, a Igreja Presbiteriana trilhou caminhos distintos na Inglaterra e Escócia, sendo o puritanismo o elemento comum para os presbiterianos dos dois países. Fato não menos importante diz respeito aos símbolos de Westminster, elaborados durante o período (1643-1649) em que o parlamento inglês delegou a uma assembleia de teólogos a tarefa de produzir documentos para reformar a Igreja da Inglaterra. Entre os membros da assembleia, havia aqueles que defendiam a uniformidade da religião na Inglaterra, Escócia e Irlanda. Nos séculos seguintes, essa herança foi exportada para diversos países e seus princípios de governo adaptados às circunstâncias e características de cada povo. A Confissão de Fé de Westminster constituiu-se no padrão doutrinário dos presbiterianos ao redor do mundo.

John Knox, principal expoente do presbiterianismo na Escócia

Em resumo, nas igrejas de rito calvinista, a Reforma devolveu aos presbíteros o que a Bíblia lhes reserva: a liderança do rebanho. Nesse sentido, Estrasburgo e Genebra foram importantes, mas foi a Escócia do puritano John Knox que experimentou os maiores desdobramentos do que hoje conhecemos como sistema presbiteriano de governo. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho colabora regularmente com o Brasil Presbiteriano.


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GOTAS DE ESPERANÇA

ESPIRITUALIDADE DA REFORMA

SOLI DEO GLORIA Hernandes Dias Lopes

A Reforma do século 16 tornou-se uma necessidade imperativa. A igreja havia se desviado tanto da doutrina quanto da ética. Corromperase em sua fé e em sua conduta. Homens cheios de poder eclesiástico e desprovidos de piedade ostentavam sua própria grandeza. Atribuíam a si mesmos poderes que não possuíam. Colocavam-se num pedestal que não lhes pertencia. Buscavam glórias para si mesmos e recebiam honras que só a Deus eram devidas. Por isso, o último pilar da Reforma foi Soli Deo Gloria, “somente a Deus a glória”. Essa tendência de colocar o homem no centro do universo e empurrar Deus para a lateral é antiga. O filósofo grego Protágoras já dizia que “o homem é a medida de todas as coisas”. Karl Marx tentou tirar Deus da História com o seu materialismo dialético. Charles Darwin, tentou tirar Deus da ciência com sua obra A origem das Espécies. Sigmund Freud, o pai da psicanálise, tentou banir Deus do inconsciente do homem. Nietzsche, do topo de sua presunção, proclamou a

morte de Deus e Richard Dawkins, o patrono dos ateus contemporâneos, diz que Deus é um delírio. Deus, porém, está no trono, tem as rédeas da História em suas mãos e ninguém pode

é majestoso e revestido de glória. Ele mede as águas na concha de sua mão e pesa o pó das montanhas em balança de precisão. Ele mede os céus a palmo e espalha as estrelas no firma-

escabelo de seus pés. Por isso, toda glória dada ao homem é vanglória, é glória vazia, é idolatria, é abominação para Deus. Toda a criação celebra o criador. Os céus proclamam a glória de Deus

deter o seu braço onipotente. Aqueles que escarnecem dele terão de comparecer perante o seu tribunal e aqueles que negam o soberano Deus e Salvador Jesus Cristo, terão de se prostrar e confessar que ele é Senhor, para a glória de Deus Pai. É a mais consumada tolice pensar que o homem é o centro do universo. Deus nunca abdicou do sua posição como soberano Senhor dos céus e da terra. Ele

mento. Ele considera as nações da terra como um pingo que cai dum balde e vê os príncipes da terra como nulidade. Deus não divide sua glória com ninguém. Só ele é Deus e a ele deve ser tributada toda a glória. Ele criou todas as coisas e as sustenta com o seu poder. Ele planejou nossa salvação na eternidade, executou-a na História e a consumará na segunda vinda de Cristo. O lugar do homem não é no pedestal, mas no

e o firmamento anuncia as obras de suas mãos. As digitais do criador podem ser vistas na vastidão dos mundos estelares e na singularidade de uma gota de orvalho. A cada manhã Deus abre as cortinas do dia e mostra um novo cenário no horizonte e a cada entardecer as nuvens dançam nas fímbrias do horizonte, ao soprar do vento, pintando quadros singulares de raríssima beleza, deixando em cada tela a assinatura do divino

pintor. Só os néscios não veem Deus na revelação natural. Só os incrédulos fecham os ouvidos com o tampão da incredulidade à voz das Escrituras. Só os religiosos carimbados pelo preconceito rejeitam a máxima expressão do ser de Deus, na face de Jesus, o seu Filho Amado. Bendito é aquele que conhece a Deus e tem nele o seu refúgio! Feliz é aquele que, ao conhecer a Deus e a seu Filho, compreende o significado da vida eterna! Bem -aventurado é aquele que desfruta a verdadeira felicidade que há à destra de Deus, pois só em sua presença há plenitude de alegria! Quão precioso é Deus para os seus. Ele é o pão para a nossa fome, a água para a nossa sede e a luz para o nosso caminho. Ele é o abrigo no temporal, o refrigério para a nossa dor e o descanso para a nossa fadiga. Ele é o nosso escudo protetor, a nossa paz no vale e a nossa alegria no choro. Dele somos, por meio dele vivemos e para ele existimos. A ele, portanto, a glória agora, e pelos séculos eternos. O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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REFORMA 500 ANOS

Theodoro de Beza

No BRASIL E NO MUNDO

(1519-1605) Christian Brially

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mile Léonard (18911961) aponta sobre Genebra no século 16: “Igreja e poder colaboram de bom grado na realização do reino de Deus, seguindo as diretrizes que ditava Calvino, e que lhe sucederá, depois de morto, Theodore Beza, seu incansável continuador”.1 Theodoro de Beza é lembrado, com toda razão, como o sucessor de João Calvino (1509-1564) em Genebra. Contudo, não devemos concebê-lo como meramente um repetidor de ideias sem compromisso e sem aceitação intelectual, muito pelo contrário. Beza deve ser lembrado como um pastor genebrino empenhado em viver de modo coerente a fé bíblica fundamentada no Sola Scriptura. Nasceu em Vézelay, na Borgonha, numa família nobre francesa, em 24 de junho de 1519. Estudou direito em Órleans (1528) e Bouges (1535-1539) tendo contato com o humanismo francês, importante para o pensamento reformado. Aprendeu grego e latim com Melchior Wolmar (1497-1560), um dos principais humanistas franceses, tornando-o habilitado a conhecer as proposições da nascente Reforma Protestante. Mostrou-se um exímio conhecedor do latim clássico e do grego. Em

1548, antes de sua conversão, publicou uma bela obra de poesia em latim (Juvenalia). Casou-se em 1544 com Claudine Denoese. Sua conversão deu-se por volta de 1548. Estando à beira da morte, suas necessidades espirituais vieram à tona, seguindose então, seu processo de conversão. Devido à ferrenha perseguição aos protestantes na França do século 16, vê-se obrigado a deixar a sua pátria rumo ao refúgio genebrino em 23 de outubro de 1548, sendo recebido por Calvino. Desejoso em servir o quanto antes, procura por Pierre Viret (1509/101571) em Lausanne, sendo convidado a lecionar grego (1549-1558). Em 1559 é chamado por Calvino para assumir a função de reitor na recém-criada Academia de Genebra. Trabalhou ativamente desde sua chegada como pastor, e presidente do Conselho de Pastores em Genebra. Esteve à frente de vários Colóquios e presidiu o Sínodo de La Rochelle (1571). Dedicouse diligentemente a auxiliar os huguenotes na França no período das Guerras de Religião que dizimaram milhares de protestantes, sempre buscando eliminar de alguma forma essas atrocidades, até mesmo em viagens pela Alemanha e Suécia buscando o apoio

Curadores do Southern Baptist Theological Seminary adotam a “Declaração de Nashville” como documento confessional oficial Andrew J.W. Smith — 10 de outubro de 2017

dos luteranos. Defendia o sistema de governo eclesiástico presbiteriano como o modo bíblico de governo na igreja. Mesmo a despeito de tantas atividades, Beza foi um escritor e acadêmico de grande envergadura. Produziu ampla literatura, das quais destacamos apenas algumas: uma edição crítica textual do Novo Testamento em grego (1582); escreveu a obra Sobre o Direito dos Magistrados (1572) como uma reação ao massacre dos huguenotes franceses na Noite de São Bartolomeu; a primeira biografia de João Calvino (1580), A Vida e a Morte de João Calvino. Podemos, com plena certeza, aplicar a Theodoro de Beza o testemunho de Rousseau, em 1755: “(...) poucas pessoas sabem até que ponto o espírito do cristianismo, a santidade dos costumes, a severidade consigo mesmo e a brandura para com o próximo reinam entre nossos ministros”.

O Conselho de Curadores do Southern Baptist Theological Seminary aprovou por unanimidade a adoção da “Declaração de Nashville” como parte oficial dos documentos confessionais da escola. A Declaração de Nashville é um documento que afirma o ensino bíblico sobre gênero e sexualidade e busca esclarecer as crenças cristãs sobre alguns dos problemas culturais mais urgentes. Foi publicado no início deste ano pelo Conselho sobre Sexo Masculino e Feminino e assinado por líderes evangélicos nos Estados Unidos. Albert Mohler, presidente do Semonário, enfatizou que a Declaração de Nashville não reflete novos pensamentos, mas reafirma o ensino cristão histórico sobre a sexualidade humana. O que há de novo, disse Mohler, é a necessidade de aplicar o ensino cristão histórico à confusão contemporânea em relação ao sexo e ao gênero. “Hoje em dia, nenhum cristão, e certamente nenhuma instituição ou ministério cristão, pode evitar responder às questões mais urgentes que a cultura nos apresenta. Estas são questões da vida real que determinarão as políticas e a substância de qualquer ministério ou escola. A Declaração de Nashville é um esclarecimento muito necessário neste momento”, completou Mohler. Adaptado de < http://news.sbts.edu/2017/10/10/southern-seminary-trustees-vote-adopt-nashville-statement-official-confessional-document/ >

1 LÉONARD, Emile G. Histoire Générale du Protestantisme. I/La Réformation. Paris: Quadrige/ Presses Universitaires de France, 1988, p. 307.

O Rev. Christian Brially é professor no Centro Presbiteriano de Pósgraduação Andrew Jumper.

Southern Baptist Theological Seminary


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MISSÕES

Projeto Jovem no Sertão 2017 Elisângela de Souza

R

ealizamos um projeto social em Pai Pedro (MG) e foi uma bênção muito maior do que imaginávamos. A APECOM esteve conosco sendo representada por Artur Mendes, responsável pela filmagem de nossas viagem. Levamos também jovens que estavam dispostos a servir ao Senhor com seus dons e talentos, nos ajudando a evangelizar e servir a IP Ebenézer em Pai Pedro -MG. Nossa equipe foi responsável pela ação social do projeto, realizamos oficinas de culinária, pequenos reparos e beleza feminina com os moradores da cidade, além de auxiliar na perfuração de um poço artesiano na comunidade Atrás dos Morros. Nossa ideia quanto ao poço era muito simples. Nós nos dispusemos a beneficiar 70 pessoas que

Jovens durante evengelização

Voluntários do Projeto Jovens no Sertão 2017 ao lado do poço artesanal construído na comunidade Atrás dos Morros

vivem na comunidade, pois conforme orientação da Prefeitura local, o Governo Federal e Estadual só perfura poços em locais com no mínimo 200 habitantes. Com apenas 70 pessoas essa comunidade não teria água, a não ser que uma ONG, uma igreja ou pessoa física se responsabilizasse pela perfuração. Quando soubemos disso, nos colocamos de joelhos, jejuamos e entendemos que era o melhor lugar para fazermos a perfuração. Com isso, nos unimos

à 8ª IP de Belo Horizonte (MG), pastoreada pelo Rev. Jeremias Pereira, juntos com Presbitério de Indaiatuba (SP) e com os irmãos de outras igrejas, para servir ao Senhor na perfuração desse poço, trazendo um pouco de dignidade às pessoas que, em sua maioria, não possuíam banheiros em casa, nem água encanada. Para glória de Deus, tivemos uma grande surpresa: a empresa que consultamos sobre a perfuração informou que a maior vazão de água da cidade era de 16.000 litros/hora, e dos 80 poços artesianos que abastecem a cidade a água tem má qualidade. Do Poço El Shadai – Deus Todo Poderoso, como foi batizado pelo Rev. Lenilson Rigoni (pastor local) –, porém, saíram 50.000 litros de água doce! Do culto de inauguração (15/07/17) participaram os irmãos da Banda Sal da Terra de Garanhuns (PE); o Rev. Jeremias Pereira,

Grupo de vluntários de Pai Pedro (MG)

pregador na ocasião e os 52 voluntários do Projeto Jovem no Sertão. Após o culto, cerca de 30 pessoas se renderam a Cristo. Estamos muito felizes com os frutos do projeto. Há cada 15 dias, a IP Ebenezer em Pai Pedro tem feito uma EBD com os recém-convertidos. Após nossa passagem por lá, ficamos com muitos sonhos em relação a cidade de Pai Pedro e decidimos voltar no próximo ano, entre os dias 06 e 15 de julho, para ali organizar um igreja. Também faremos um impacto na cidade vizinha, Catuti, pela qual temos orado e onde temos sonhado plantar uma igreja. Sobre o Projeto Jovem do Sertão 2017 Em 2017, o projeto levou 52 voluntários do Presbitério de Indaiatuba, com jovens de várias cidades – Jundiaí, Itu, Louveira, Indaiatuba – do qual eu e

meu esposo somos secretários presbiteriais de UMP. Também participaram irmãos de outros presbitérios, de Ribeirão Preto, Guarulhos e uma irmã dos EUA, que veio para participar da inauguração do poço. Sem conhecer o projeto ela fez uma campanha na Flórida para abrir um poço no sertão. Os voluntários usaram seus dons e talentos através do cântico, teatro, atividades com as crianças, distribuição da pulseira do livro sem palavras, evangelização nas escolas e nas casas com entrega de uma Bíblia em áudio – pois há um grande índice de analfabetismo na região. Nosso alvo era levar os jovens a uma experiência prática e comunhão com Deus no sertão, apoiar o campo do Rev. Lenilson Rigoni e estender um braço de ação social na cidade. Elisangela Alves Perboni de Souza é presidente do Conselho Missionário da IPB Jardim Planalto em Jundiai (SP), secretaria presbiterial da UMP do Presbitério de Indaiatuba (SP).


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EDUCAÇÃO CRISTÃ

Professor que é professor Nesta edição, a terceira da série, veremos que o bom professor...

conhece a Escritura Cláudio Marra

E

m sua Meditações, no trecho publicado nesta edição, o Rev. Francisco Leonardo menciona o encontro de Filipe com o eunuco etíope. Essa narrativa bíblica chama minha atenção de um modo marcante. É que Filipe, em obediência à ordem do Espírito Santo, aproximou do carro do eunuco e o ouviu ler. E pronto, Lucas informa que o texto lido era Isaías. Isto é, Filipe ouviu e já sabia que era Isaías. Como sugere o Rev. Francisco Leonardo, o eunuco devia estar lendo

a Septuaginta, tradução do Antigo Testamento para o grego, que era a língua internacional daqueles tempos. O hebraico bíblico já era língua morta havia vários séculos. Os judeus falavam aramaico; em suas devocionais, bem como na sinagoga, Filipe usava o texto hebraico, talvez usasse os dois, então bastou-lhe ouvir a leitura e já sabia do que se tratava. Era Isaías, sem dúvida! Um profeta de difícil leitura e interpretação, daí a pergunta cheia de espanto que fez ao etíope: “Compreendes o que vens lendo?”

O caminho pelo deserto desde Jerusalém a Gaza era longo e o eunuco tinha insistido até ali, mas nada de resultado. Aquele texto grego era mesmo... grego para ele! A verdade era uma só: “Como poderei entender, se alguém não me explicar?” Vendo o brilho nos olhos de Filipe o etíope não teve dúvida. Convidou Filipe a subir ao carro e daí para a frente o que se viu foi uma abençoada e proveitosa classe de catecúmeno de um aluno só. Que professor! Filipe já tinha mostrado que conhecia Isaías e o explicou

com clareza para seu novo discípulo. Mas não parou aí. Dessa introdução foi avançando até chegar em Jesus. E que o curso foi bem absorvido se vê pela pergunta do alto oficial de Candace, a rainha dos etíopes, ao passarem por um córrego: “Eis aqui água; que impede que eu seja batizado?”. Filipe explicou que batismo era para os crentes, para os que creem, e o eunuco fez sua profissão de fé, “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”, um primor de objetividade como apresentação da essência da fé cristã, um modelo para as eras!

Vejam a diferença que faz um professor que conhece a Escritura, não apenas tem uma aulinha precária preparada no sábado à noite para domingo cedo. A história é outra! A segurança, firmeza, objetividade, prontidão e... o resultado, ficam claros. O Espírito age onde quer e como quer. Em Atos 8.26-40 o vemos usando um professor que era mesmo professor. Filipe conhecia a Escritura. O Rev. Cláudio Marra é o Editor do Currículo Cultura Cristã e autor do livro A Igreja Discipuladora.

PROJETO SARA

Vencendo os desafios da fé cristã “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4.7). Raquel de Paula

E

stamos chegando ao fim de um ano histórico, com muita gratidão a Deus pelos 500 anos da Reforma Protestante. Homens e mulheres foram usados por Deus para restaurar verdades bíblicas,

chamando a atenção para as Escrituras, nossa regra de fé e de prática. Somente a Bíblia deve nortear nossa vida, nossos pensamentos, nossas atitudes e nossos valores. Ao olhar para esse passado, ficamos admirados em ver tantos irmãos que enfren-

taram provações e até mesmo a morte por causa de sua fé. Viver de acordo com a Palavra de Deus implica uma vida de oração, de estudo da Bíblia e de lutas para viver de acordo com os princípios e os valores do Reino de Deus. Nossa mente precisa estar cativa às verdades da Palavra de Deus. Que possamos olhar para o passado da Reforma assim como

para o nosso passado deste ano de 2017, avaliando o quanto fomos fiéis a Deus, o quanto o buscamos em oração e vencemos os desafios da nossa fé cristã. Que no próximo ano nos apeguemos ainda mais ao nosso Pai celestial, em oração pelas nossas famílias, nossos filhos e maridos, pelo nosso país e pela nossa IPB. Que olhemos para a história da Reforma de modo a viver uma linda

história de lutas e vitórias, nas mãos de nosso Deus, de acordo com seus planos. Desejamos a toda família presbiteriana do Brasil um feliz Natal e um ano novo olhando firmemente para o Autor e Consumador de nossa fé, Jesus. A ele toda honra, toda glória, todo domínio sobre nossas vidas e sobre nossas famílias, hoje e sempre. Amém. Raquel de Paula é membro da IP Praia Grande (SP)


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PRESBITERIANISMO EM FOCO

Presbiterianismo na Coreia do Sul (3a parte) Marcone Bezerra

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a segunda metade do século passado, o protestantismo experimentou um crescimento explosivo na Coreia do Sul. Em 1966, o número de protestantes era de 0,9 milhão (3% da população); em 1995, o contingente evangélico correspondia a 8.505.000 (19,4%). Contudo, durante a última década do século, alguns sinais de fadiga e estancamento se manifestaram. Industrialização e urbanização (1960-1995). Com os militares à frente da nação, uma forte política de industrialização foi implementada. As massas que viviam em áreas rurais foram atraídas às cidades. A população urbana era de 39,15% em 1960, mas trinta anos depois ela equivalia a 81,95%, fato que ocasionou muita desigualdade social e pobreza na periferia das grandes cidades. Infelizmente, a estabilidade econômica e política não foi conseguida sem abusos de poder e corrupção. Esse cenário favoreceu a evangelização e plantação de igrejas. Houve um movimento interdenominacional de evangelização no país. Os líderes envolveram suas congregações na proclamação das boas-novas de salvação. Felizmente, a beneficência cristã acom-

panhou o anúncio do evangelho. Foi a partir de então, na década de 1960, que a filosofia das megaigrejas e megatemplos se instalou entre os coreanos, concomitantemente ao processo de modernização que o país experimentava. Isso nos ajuda a entender por que, atualmente, 23 das 50 maiores igrejas evangélicas do mundo estão na Coreia do Sul. A maior igreja e o maior templo presbiterianos não se encontram nos Estados Unidos, da mesma forma que a maior congregação metodista não está na Inglaterra nem a maior igreja pentecostal, no Brasil. Todas estão na Coreia do Sul. Esse modelo de grandes comunidades é uma característica do protestantismo local e tem sido aspirado por muitos pastores, dentro e fora da Coreia, a ponto de ter se tornado uma obsessão para alguns. Essas megaigrejas pavimentaram o caminho para outras tendências, tais como a projeção de líderes carismáticos, responsáveis pela condução de grandes igrejas e ministérios, e o uso de uma série de técnicas ou estratégias para capacitar ou manter os membros na igreja (discipulado, grupos pequenos, treinamento de leigos, etc.). A partir dos anos 70, houve uma substancial melhora na preparação dos pastores, com acesso à educação de

Museu de História Cristã da IP HapDong, em Seul

alto nível e pós-graduação. Outra caraterística importante a ser notada é que a atuação da igreja diversificou-se. Missões entre militares, policiais e jovens, assim como ministérios de misericórdia, atestaram o envolvimento com setores da sociedade que normalmente são desassistidos pelos cristãos. Essas ações deram visibilidade aos protestantes. Evangelização e ação social não foram separados. Lamentavelmente, assim como acontece em outros lugares, o aumento de fiéis também se deu em meio ao florescimento de maléficas influências. No caso das Igrejas Presbiterianas, alguns dos perigos foram: pregações de autoajuda, ministérios de cura, oração no monte, uso de mídia e tecnologia para alcançar as massas, teologia da prosperidade e o avanço do pentecostalismo. Outro elemento que exerceu forte influência nos anos 70 e 80 foi a teologia minjung (“teologia do povo”), que interpretava a

Bíblia em função dos oprimidos. Seus adeptos reivindicavam justiça social e liberdade para os explorados e marginalizados. Em 1979, o presbiterianismo coreano experimentou outro grave cisma. Questões administrativas e de educação teológica fizeram com que um grupo se desligasse da Igreja Presbiteriana Hap Dong. Desde então, inúmeras divisões têm acontecido. Neste momento existem mais de cem denominações presbiterianas. Estancamento (19952015). Os últimos censos demonstram que o período recente se diferencia do anterior: em 1995 os protestantes eram 19,4% da população; em 2005, 18,2%; e em 2015, 19,7%. Alguns elementos têm sido apontados como responsáveis pela estagnação do crescimento protestante: (1) esfriamento espiritual dos crentes e escândalos de corrupção envolvendo pastores conhecidos; (2) desenvolvimento econômi-

co e o processo de democratização iniciado em 1993, que trouxeram estabilidade e melhores condições de vida e lazer, fatores que contribuem para o arrefecimento do sentimento religioso em geral e tornam a sociedade mais crítica e exigente; (3) por um lado, o pluralismo religioso e, por outro, o exclusivismo dos protestantes em relação às demais religiões, a reboque de sua costumeira dificuldade de respeitar o direito dos não-protestantes; (4) institucionalização das igrejas e a consequente lentidão da “máquina eclesiástica”, o que acarreta demora na mudança de métodos e estratégias frente a uma geração muito diferente da anterior. Por fim, é preciso ressaltar que o presbiterianismo coreano é uma realidade plural, que abriga em seu seio tendências díspares, desde denominações que aderiram à teologia da prosperidade àquelas que são reformadas e saudáveis. Com suas virtudes e defeitos, as igrejas sul-coreanas têm participado da evangelização mundial, sendo, depois das igrejas estadunidenses, as que mais enviam missionários. Que suas experiências nos sirvam de inspiração e alerta. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é pastor da 1ª IP de Santiago, Chile, e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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EDUCAÇÃO CRISTÃ

Treinamento de professores da Escola Dominical Walter Czinczel

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Igreja Presbiteriana de Sapopemba e o Instituto Bíblico Aprender para Servir, em parceria com a Editora Cultura Cristã, promoveram o 1º Mini-Congresso Regional de Educação Cristã no dia 15 de novembro de 2017. Foram momentos preciosos em que professores da Escola Dominical daquela e de outras igrejas receberam treinamento para cumprir o dom que receberam, visando a edificação do Corpo de Cristo. Um dos congressistas declarou: “Como profes-

sores da Escola Dominical, somos instrumentos de Deus para uma obra que transcende a nossa capacidade: a transformação do homem. Sabemos que é o Espírito de Deus quem nos capacita em nosso

ministério educativo na igreja. Entretanto, é preciso empreender todo o esforço possível para aproveitar os meios com que o poder de Deus nos torna eficientes”. Se queremos ter uma igreja bíblica

e saudável é preciso qualificar nossos professores, pois a preparação demonstra o quanto a Igreja valoriza o ensino, o respeito que o professor tem pelo seu aluno e o seu compromisso com o Reino Deus.

Agradecemos a todos os irmãos envolvidos na realização desse treinamento e, em especial, à Editora Cultura Cristã. O Rev. Walter Bronzelli Czinczel é professor no JMC e pastor da IP Sapopemba, SP.

MEDITAÇÕES

Casa de oração para todos os povos “A Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Is 56.7). Frans Leonard Schalkwijk

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or causa da perseguição em Jerusalém, o diácono Filipe se refugiou em Samaria e logo sabia o que tinha de fazer: evangelizar (At 8). Depois recebeu uma ordem específica de ir à estrada para Gaza. Obedeceu, mas precisou de mais um toque para se aproximar da figura principal da comitiva que passava.

Era o ministro de finanças da rainha da Etiópia, ao sul do Egito (Sl 68.31). Durante séculos existiu uma colônia militar de judeus na fronteira em Assuan. De alguma forma o Senhor tinha tocado no coração do oficial para adorar em Jerusalém. Visitou o templo e, no pátio dos gentios (Jo 2.14), assistiu de longe o culto. Comprou o livro do profeta Isaías na tradução grega e agora, vol-

tando, estava lendo, como era de costume, em voz alta. Filipe, andando ao lado da caravana, logo reconheceu o texto (Is 53). Foi convidado para subir e explicá-lo. A partir daquela passagem mostrou como o Messias Jesus é o Cordeiro de Deus que leva o pecado do mundo, inclusive de africanos (At 8.35). O etíope entendeu e abraçou de coração a mensagem sobre o Filho de Deus e o batismo de arrependimento para remissão de pecados (Hb 6.1,2).

Vendo um riacho, pediu que fosse batizado. Filipe o batizou, mas logo percebeu que o Senhor o mandou de volta ao seu ministério em Palestina. Uma grande alegria invadiu o coração do oficial que prosseguiu sua viagem para o sul. Sem dúvida continuou sua leitura chegando a um trecho comovente para esse estrangeiro estéril. “Não fale o estrangeiro, que se houver chegado ao SENHOR, dizendo: O SENHOR com efeito, me separará do seu

povo; nem tão pouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca” (Is 56.3). Porque quem quer andar no caminho dEle, Deus o incluirá na aliança da graça, dando-lhe um novo nome, convidando-o para a festa preparada na casa do SENHOR, a casa de oração para z os povos! Aleluia! Evangelizemos, ficando atentos ao toque do Espírito Santo. Extraído de Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.


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NOTAS

Projeto Proclamando em Jundiaí (SP)

Ilustrações 500 anos da Reforma Marcos Rodrigues é o desenhista por trás de 14 ilustrações em tamanho A4. A série 500 anos da Reforma foi feita inspirada nos traços, no conceito claro escuro e no realismo de artistas como Rembrandt, Michelangelo e Albrecht Dürer, um grande artista alemão que foi amigo de Lutero. Os desenhos dos reformadores podem ser conferidos nas redes sociais do desenhistas, no facebook na página Marcos Rodrigues Desenhista e no instagram no perfil @ marcosrodriguesdesenhista.

Equipe de voluntários do projeto Proclamando

No dia 07 de outubro, a Secretaria da UMP do Presbitério de Indaiatuba e o Conselho Missionário da IP Jardim Planalto em Jundiaí (SP) realizaram uma ação social chamada Proclamando em Jundiaí.

Em parceria com o Mackenzie Voluntário, a ação contou com a participação de 106 jovens e adultos, que atenderam os moradores do bairro Vila Alvorada na Escola Municipal Anna Rita Lucked.

Com atendimento de profissionais da saúde, com a presença de cabeleireiros e com a distribuição de Bíblias em áudio e com contação de histórias para crianças, o projeto atingiu cerca de 301 pessoas.

Pastor Presbiteriano no Troféu Brasil de Patinação de Velocidade O Rev. Paulo Sérgio Gomes, 62 anos, membro do PLMR – Presbitério de Limeira, atua como tradutor da Editora Cultura Cristã, além de auxiliar pastores na IP de Pinheiros. Durante os dias 13 e 14 de outubro, subiu quatro vezes ao pódio do Troféu Brasil de Patinação de Velocidade, em Sertãozinho (SP). Durante seu ministério pastoral, Rev. Paulo pastoreou por dez anos em Londrina e região, passou por Itanhaém e Cosmópolis e há treze anos está na capital paulista. Multitarefa, além das atividades pastorais é atleta, já praticou natação, vôlei, tênis de mesa, futsal e futebol e desde abril segue carreira esportiva na patinação de velocidade.

Ilustração de Martinho Lutero Ilustração Calvino

Lançamento da Nova Almeida Atualizada

Rev. Paulo e membros da equipe Gotcha

Conhecido pelos competidores como Pastor, o Rev. Paulo defende a equipe Gotcha de São Paulo, pela qual foi campeão das provas de 500 m, 5.000 m, 1.000 m e 10 km em Sertãozinho (SP) em outubro de 2017. Além de competir no Campeonato Gotcha que teve a participação de atletas de vários estados, em que conquistou o 1º lugar em sua categoria

na prova de maratona. Exemplo para muitos, o Rev. Paulo sempre busca novos desafios para sua vida e aprimoramento nas técnicas de patinação. Hoje em dia, envia vídeos e fotos dos seus treinos e competições aos amigos e familiares com o intuito de incentivá-los à prática esportiva. Afinal, nunca é tarde para começar a se exercitar.

No dia 08 de novembro, às 19h, na Primeira IPI de São Paulo, aconteceu o lançamento pela Sociedade Bíblica do Brasil da Nova Almeida Atualizada. Culto de ações de graças foi realizado pela nova versão da Bíblia, resultado de uma profunda revisão da consagrada tradução Almeida Revista e Atualizada. A Nova Almeida Atualizada traz uma tradução clássica com linguagem atual.

147 anos do Instituto Presbiteriano Mackenzie No dia 18 de outubro, o Instituto Presbiteriano Mackenzie comemorou seus 147 anos com comemoração em todos as suas unidades – Alphaville, Brasília, Campinas, Higienópolis, Rio de Janeiro e Palmas. No campus Higienopólis, em São Paulo (SP), falou o Rev. Augustus Nicodemus, vice-presidente do Supremo Concílio da IPB, e o Rev. Alderi de Matos, historiador oficial da Igreja, contou a história e importância do Mackenzie no Brasil e em SP.


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Boa Leitura Avante, Soldados de Cristo

Uma das maiores fraquezas dos crentes professos contemporâneos é a falta de entendimento da pessoa e da obra de Cristo, promovida por uma carência de entendimento da igreja que ele veio reunir e edificar. Avante, Soldados de Cristo é uma reafirmação bíblica da Igreja que contraria a opinião popular atual, afirmando que a igreja não é uma instituição criada pelos religiosos, mas sim um corpo de pessoas que foram reunidas por meio de um chamado ou convocação com o propósito de ouvir a voz de Deus e viver em comunhão. A obra escrita por John MacArthur, Joel Beeke, Jonathan Gerstner, Don Kistler, James White, John Armstrong, Don Whitney, RC Sproul, Phil Johnson, John Gerstner e Joseph Pipa está disponível no site da Editora Cultura Cristã. A Promessa do Futuro – Cornelis P. Venema

A obra nos apresenta a vasta

gama de ensinamentos bíblicos a respeito de escatologia – estudo das coisas finais – salientando, de forma correta, como nas Escrituras a dimensão escatológica nunca é relegada “ao fim”. Pelo contrário, desde o princípio, os propósitos de Deus têm uma perspectiva escatológica. A Promessa do Futuro é reflexo de um longo e paciente estudo da Palavra de Deus, que nos revela que o novo e tão esperado reino de Deus já rompeu o advento do Senhor Jesus Cristo. O autor do livro, Dr. Cornelis P. Venema, é Deão e Professor de Estudos Doutrinários no MidAmerica Reformed Seminary, em Dyer, Indiana.

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Entretenimento e reflexão O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.

Coragem para ser protestante – David F. Wells

O Menino do Pijama Listrado (2008)

David Falconer Wells é pastor Congregacional, professor de Teologia Histórica e Sistemática no Gordon-Conwell Theological Seminary (USA) e autor de diversos livros, entre eles Coragem para ser protestante, uma obra que denuncia evangélicos marqueteiros e emergentes e chama para o retorno à fé histórica, definida pelos cinco solas da Reforma. Wells confronta as comunidades de marketing da igreja e da igreja emergente – com atenção especial a este movimento atual bastante popular –, suas tendências e tentativas para conquistarem novos membros, tratando-os como consumidores e não como adoradores. Deste modo, Coragem para ser protestante visa trazer ousadia ao seu leitor, incentivando-o a permanecer fiel a tudo o que o cristianismo, segundo as Escrituras, tem sempre defendido.

Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963

Um filme poético sobre um trágico acontecimento em um dos piores momentos da humanidade. Bruno é um menino divertido que, diferente dos envolvidos na Guerra – incluindo seus pais – quer apenas aproveitar os momentos alegres da vida e fazer amigos. Quando seu pai (David Tewlis) assume a direção de um campo de extermínio, o menino de 8 anos e sua família mudam-se para um novo lar, em área onde Bruno não tem amigos, está longe dos avós e de tudo o que lhe soava familiar. Até que um dia ele conhece Shmuel, um menino que vivia de pijama listrado e morava ao lado da casa de Bruno, mas do outro lado de uma cerca de arame farpado. Com bastante informação histórica e uma narrativa poética e inocente – como os protagonistas da história – o longa é uma adaptação do livro de John Boyne e ganhou o Prêmio de melhor filme no Festival de Cinema Internacional de Chicago.

Gran Torino (2009)

A Voz do Coração (2004)

Relevância e tolerância. A história de Gran Torino, longa estrelado por Clint Eastwood, pode ser definida por essas duas pequenas palavras. Walt Kowalski (Eastwood) é um senhor rabugento, que não suporta seus vizinhos orientais e que não se conforma com muitas situações que do dia a dia – e ele deixa isso bem claro no ínicio do filme. De personalidade forte, Walt não tem admiradores e muito menos amigos. De um homem isolado e ranzinza, ele se torna o herói do bairro. Passa a ser procurado e querido por todos. Passa a se importar e ser importante. Um pequena atitude que mudou todo um contexto, que nos leva a refletir sobre nossa relevância na sociedade e nos ensina sobre tolerância com as diferenças – algo com que o personagem de Clint precisou lidar. O filme é ótimo para refletir sobre uma questão atual. “O que você faz é tão especial assim ou apenas ganha esta importância pelo fato de que ninguém mais faz?”

A história do filme francês se passa em 1949, no internato Fundo do Poço para garotos problemáticos. Com um diretor muito rígido, em vez de ajudar a “reformar” o caráter dos alunos, a instituição só aumenta neles a revolta – e as travessuras – dos meninos que não recebiam nenhum carinho. O cenário começa a mudar com a chegada de Clarent Mathieu (Gérard Jugnot), um novo professor e inspetor da instituição que passa a olhar os problemáticos alunos do local com amor. Mathieu não se conforma com a insensibilidade com encontrada em seu novo trabalho e decide ir na contramão dos fatos. Músico frustrado, o novo professor encontra na formação de um coral a oportunidade de mudar a realidade do internado e da vida de seus alunos. Com uma carga dramática, muito humor e música, A Voz do Coração nos apresenta uma disputa entre o bem e o mal, a força e o jeito, o amor e ódio.

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