BRASIL PRESBITERIANO - 765 - AGOSTO 2018

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Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 765 – Agosto de 2018

39ª Reunião Ordinária do Supremo Concílio

A 39ª RO-SC aconteceu entre os dias 22 e 29 de julho de 2018 em Águas de Lindoia (SP), estiveram presentes cerca de 1700 pessoas. A nova Mesa do Supremo Concílio da IPB (2018 - 2022) foi eleita durante a reunião. Páginas 10 e 11

IP INDÍGENA NO AMAZONAS Líderes de igrejas indígenas participam de curso para plantadores de igrejas ministrado em Manaus pelos Revs. Alcedir Sentalin e Ronaldo Lidório, autor do livro Plantando Igrejas da Editora Cultura Cristã. Página 6

CUIDADOS PALIATIVOS

MÃOS E CORAÇÃO

A Associação de Capelania na Saúde (ACS), dirigida pela Capelã Hospitalar da IPB, Eleny Vassão, elabora e oferece cursos especiais para preparação de igrejas para o cuidado dos que sofrem.

Treinamento voltado para capacitação ao trabalho com crianças aconteceu em junho em Cuiabá - MT, e contou com mais de 300 participantes de igrejas do Sínodo Matogrossense.

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LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA – Qual o papel fundamental dos funcionários seculares: julgar crenças ou proteger a liberdade religiosa e seu livre exercício?

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EDITORIAL

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Uma questão de ordem

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ão se pode participar de uma reunião do Supremo ou de outros concílios da IPB, sem se ouvir ou usar várias vezes a expressão acima. “Ordem” parece ter sido palavra inventada diretamente por João Knox. É coisa presbiteriana. Nós nos preparamos para um céu totalmente ordeiro e sem votos de dissenção. Para garantir ordem temos uma Constituição eclesiástica, a ordem parlamentar é prevista em nossos manuais (daí a expressão do título), o tratamento deverá ser sempre cortês, respeitoso – afinal, nossos concílios são “colendos” – e os moderadores haverão de cuidar para que o nível dos debates seja mantido sempre elevado. Obviamente, nada disso

implica unanimidade, ao contrário, nasce do contraditório ou tem por ele estabelecida a necessidade de sua formulação. A diversidade de opiniões, bem enfática tantas vezes, porá à prova nossa “ordem” constantemente. Nesse contexto observase a força da unidade e do equilíbrio. Somos um corpo e não nos golpearemos, muito menos nos mutilaremos. Observaremos a força ou fraqueza de argumentos contrários aos nossos, mas não deixaremos de notar com graça e gratidão o status fraterno de quem os sustenta. A fé nos une. A fé que nos une inclui a confiança de que não meu zelo, por mais indispensável e importante que ele

seja, mas Jesus é aquele que caminha entre os candeeiros, dele é a garantia de que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja que ele comprou com seu próprio sangue e purifica para o seu dia. Em sua carta aos Efésios, após louvar ao Deus Trino e descrever como ele salvou pessoas dentre judeus e gentios para pertencerem à família de Jesus, o apóstolo Paulo prostra-se em adoração: “àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre” (3.20-21). O apóstolo passa a descre-

ver como a igreja glorificará a Deus vivendo de modo digno da vocação divina, e define esse “viver de modo digno da vocação” em termos de unidade e de santidade (4.1-32). A unidade é digna de nossa vocação porque resulta de termos um só Senhor – Deus trino –, uma só fé, um só batismo, e por haverem sidos distribuídos os dons que, devidamente empregados, contribuirão para o crescimento em amor. A santidade é digna de nossa vocação porque nosso Deus é santo e exige isso de nós. Ela nos fará “benignos, compassivos”, o que só beneficiará a ordem. Uma questão de ordem, portanto, é uma questão teológica.

Ano 58, nº 765 Agosto de 2018 Rua Miguel Teles Junior, 394 Cambuci, São Paulo – SP CEP: 01540-040 Telefone: (11) 3207-7099 E-mail: bp@ipb.org.br assinatura@cep.org.br Órgão Oficial da

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Uma publicação do Conselho de Educação Cristã e Publicações Conselho de Educação Cristã e Publicações (CECEP) Clodoaldo Waldemar Furlan (Presidente) Domingos da Silva Dias (Vice-presidente) André Luiz Ramos (Secretário) Alexandre Henrique Moraes de Almeida Anízio Alves Borges José Romeu da Silva Mauro Fernando Meister Misael Batista do Nascimento Conselho Editorial da CEP Março 2018 a março 2020

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Antônio Coine Carlos Henrique Machado Cláudio Marra (Presidente) Filipe Fontes Heber Carlos de Campos Jr Marcos André Marques Misael Batista do Nascimento Tarcízio José de Freitas Carvalho Conselho Editorial do BP Março 2018 a março 2020 Anízio Alves Borges Ciro Aimbiré Moraes Santos Cláudio Marra (Presidente) Clodoaldo Waldemar Furlan Hermisten Maia Pereira da Costa Jailto Lima do Nascimento Natsan Pinheiro Matias Edição e textos Gabriela Cesário E-mail: bp@ipb.org.br Diagramação Aristides Neto Impressão


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GOTAS DE ESPERANÇA

O crescimento exponencial da igreja Hernandes Dias Lopes

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livro de Atos registra o crescimento da igreja primitiva. Não apenas fala dos números robustos, mas, também, das estratégias de crescimento. Oração e pregação foram os dois vetores do crescimento da igreja. Uma igreja que ora e prega no poder do Espírito Santo cresce. Destaco aqui, dois pontos vitais: Em primeiro lugar, o expressivo crescimento numérico da igreja. O livro de Atos começa falando dos 120 discípulos reunidos no cenáculo, perseverando unânimes em oração, aguardando a promessa do revestimento de poder (Lc 24.49; At 1.8; 1.14,15). Depois do derramamento do Espírito, o apóstolo Pedro pregou uma mensagem cristocêntrica e a igreja recebeu cerca de três mil novos convertidos (At 2.41). Vieram as perse-

guições, mas elas não calaram a voz dos apóstolos. A igreja deu mais um salto de crescimento, subindo o número de homens, além de mulheres e crianças a quase cinco mil (At 4.4). O historiador Lucas deixa de falar de números específicos, para dizer que crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor (At 5.14). Lucas registra, ainda, a multiplicação do número dos discípulos (At 6.1). O crescimento exponencial da igreja foi resultado do crescimento da palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos (At 6.7). Os convertidos não estavam apenas entre o povo, mas também, muitíssimos sacerdotes obedeciam a fé (At 6.7b). A igreja de Jerusalém, viu tanto o martírio de Estêvão como a conversão de seu carrasco, Saulo de Tarso. Mesmo

passando por lutas, a igreja tinha paz, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo. Mesmo fora de Jerusalém, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número (At 9.31; 16.5). A igreja que começara com 120 membros em Jerusalém, espalha-se para Samaria, Damasco e Cesareia. Chega às províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor. Em menos de cinquenta anos, o evangelho chegou até Roma, a capital do império, num colossal e vertiginoso crescimento. Em segundo lugar, os instrumentos para o crescimento saudável da igreja. Hoje a igreja oscila entre a numerolatria e a numerofobia. Há igrejas que buscam o crescimento a qualquer custo e comprometem a integridade da pregação. Há outras que se confor-

mam com a ausência de crescimento e comprometem a urgência da pregação. A igreja primitiva cresceu como resultado da oração, pregação e revestimento do poder do Espírito Santo. A igreja primitiva cresceu porque em vez de criar conflitos raciais ou culturais, pavimentou o caminho da comunhão do evangelho. Os odiados samaritanos foram evangelizados. Os rejeitados gentios foram aceitos na igreja como irmãos. A igreja tinha doutrina e vida, ortodoxia e piedade, credo e conduta. Os crentes não negociavam a verdade nem abriam mão da comunhão (At 2.42). A igreja era fiel à doutrina, mas também perseverava nas orações (At 2.42b). Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum (At 2.43). Havia um profundo senso da presença de Deus entre eles, a ponto de em cada alma haver temor. Naquela

MEMÓRIA

BP ano 1 – 11a edição Agosto de 1859, data marcante em nossa história. A Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos enviava ao Brasil o Rev Ashbel Green Simonton, missionário responsável pelo início do presbiterianismo no Brasil. O fato histórico é relembrado

anualmente pela IPB, mas em agosto de 1959 ele foi comemorado de uma maneira ainda mais especial. Era o Centenário do Presbiterianismo no Brasil. Eventos e cultos de Ações de Graça foram realizados em função da data, assim como uma edição

especial do jornal Brasil Presbiteriano – confira imagem ao lado. Agora, em 12 de agosto de 2018, celebramos 159 anos do Presbiterianismo no Brasil e o Dia das Missões, em decorrência da chegada de Simonton em solo brasileiro.

igreja o poder de Deus não era apenas um artigo de fé, mas uma experiência diária (At 2.43b). Estar na casa de Deus não era um peso. Unanimemente os crentes estavam na casa Deus e, isso, diariamente (At 2.46). O louvor da igreja agradava a Deus e a vida dos crentes impactava os que estavam fora da igreja (At 2.47). O resultado desse estilo de vida foi o crescimento diário da igreja. O próprio Deus, acrescentava-lhes, dia a dia, os que iam sendo salvos (At 2.47b). Se o nosso alvo é o crescimento saudável da igreja, não devemos ir atrás das técnicas modernas engendradas pelos homens. Devemos, sim, voltarmonos para o livro de Atos dos Apóstolos. Ali está a receita para o verdadeiro crescimento da igreja. O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.


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PROFESSOR QUE É PROFESSOR

Nesta edição, a décima da série, veremos que o bom professor sabe

Como fazer o que deve fazer Vamos lá, professor. Comece focado. Ao final, você deverá ter em sua mente pressupostos importantes na escolha de métodos, bem como princípios que o ajudarão ao planejar as suas aulas. Cláudio Marra

E

m seu livro Diretrizes para o Ensino na Igreja Local, lançado recentemente pela Cultura Cristã, a educadora Karen Tye aborda no capítulo 6 o como fazer o que devemos fazer. Vou citá-la e adaptá-la aqui livremente e depois você confere no livro (www.editoraculturacrista.com.br). Primeiro vem um alerta. Devemos conhecer métodos, mas não se pode supor que isso seja tudo. Tye acrescenta a compreensão de educação e do seu objetivo, além do contexto, do conteúdo, dos envolvidos e do próprio professor, com

suas habilidades e aptidões específicas. E, a partir daí, estabelece alguns pressupostos sobre processos e métodos: 1. O processo e os métodos não educam nem ensinam. As pessoas é que fazem isso. O processo que escolhemos e os métodos que usamos são somente ferramentas (...) precisamos dar atenção às pessoas que são chamadas para ensinar. 2. O processo e os métodos são moldados pelos contextos em que são usados. Ao selecionar um processo e método, devemos levar em consideração o ambiente, os indivíduos e

o conteúdo, para educar de modo agregador. 3. O processo e os métodos devem ser consistentes com nosso propósito. O modo como educamos deve ser compatível com o porquê estamos educando. (...) Nosso processo e método precisam se adequar à nossa visão e nos ajudar a educar para tal. 4. A tendência é focar no método. Podemos ver isso no crescente uso de computadores na igreja. (...) Concentrar-se principalmente no método é ser como um dançarino concentrando-se apenas nos passos individuais em vez de olhar para a dança inteira. 5. Nós tendemos a repetir uma coleção de métodos conhecidos e testados. O desafio é expandir nosso repertório de métodos com vista a fortalecer nosso trabalho educacional. Depois do alerta, conhe-

cidos os pressupostos, deveremos adotar princípios para a escolha de métodos, como alguns que seguem: 1. Os métodos devem ser compatíveis com o conteúdo, o contexto e as pessoas na configuração educacional. Por exemplo, uma aula sobre evangelização não pode envolver apenas preleção e leituras. Façam exercícios simulados em classe. Marque um momento extra-classe para evangelizarem. E se você planejar certas dinâmicas precisará de espaço compatível. Mas pense na turma. A dinâmica tem de ser compatível com seus alunos, suas habilidades e limitações. 2. Quanto maior o seu repertório de métodos, melhor. Um aluno aprende mais vendo, outro aprende ouvindo; outro aprenderá fazendo alguma coisa. O professor terá de saber

disso e variar seus métodos. 3. É importante pensar muito bem e treinar um novo método antes de aplicá-lo. Não improvise. Leia sobre o novo método. Aconselhe-se com que tem experiência. Veja-o sendo aplicado. Teste. 4. Lembre-se de que o objetivo de um método é auxiliar as pessoas a aprender. Seu motivo não pode ser apenas fazer como sempre fez, mas também não pode ser apenas trazer alguma novidade. Mostrar a sua esperteza, impressionar as pessoas, jamais. Karen Tye é clara: “O critério mais importante para a seleção de um método é verificar se ele auxilia as pessoas com quem trabalhamos a aprender”. Na próxima edição, voltaremos aos métodos.

enfrentamos em nosso dia a dia”, resume o diretor executivo da SBB, Erní Seibert. Entre as palestras que foram apresentadas estavam: “O impacto da Bíblia na vida de voluntários e famílias”, “O impacto da Bíblia na Igreja e na vida dos enfermos“ e “Novas fronteiras na tradução da Bíblia”, além, é claro, da

“Bíblia como o livro da esperança”. O 14º Fórum de Ciências Bíblias foi aberto a professores e estudantes de Teologia, Ciências da Religião e Linguística, assim como outros estudiosos da Bíblia, lideranças religiosas e cristãos em geral – o evento também contou com transmissão pela internet.

O Rev. Cláudio Marra é autor do livro A Igreja Discipuladora, professor de Homilética e Pregação no JMC e o Editor da Cultura Cristã

EDUCAÇÃO CRISTÃ

14o Fórum de Ciências Bíblicas

C

om o tema “Bíblia, o Livro da Esperança – O Impacto da Bíblia na Vida das Pessoas”, o Fórum de Ciências Bíblicas aconteceu nos dias 14 e 15 de junho, no Centro de Eventos de Barueri (SP) – Museu da Bíblia (MuBi). Na edição

de 2018, o tradicional evento promovido pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) teve painéis que destacaram como a Bíblia vem, ao longo dos anos, contribuindo para o desenvolvimento do ser humano sob variados aspectos. “A Bíblia

oferece orientação e conforto para todas as pessoas, em diferentes momentos da vida, especialmente quando temos de lidar com questões complexas, como a morte, a maternidade, a paternidade, a enfermidade e tantos outros problemas que


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TEOLOGIA E VIDA

A pregação do evangelho: uma definição urgentemente necessária Hermisten Costa

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ma “definição” imprecisa mais atrapalha do que esclarece. Quando falamos do conteúdo do evangelho, devemos definir o significado desse termo. Compreendemos ser o evangelho o próprio Cristo. Ele é a personificação do Reino. A pessoa de Cristo tem em si mesma e em sua obra a força que nos atrai e, num processo natural dessa atração transformadora, exerce outra força que nos conduz a anunciar entre os povos a sua pessoa e os seus feitos. O evangelho é cristocêntrico porque sem a pessoa e obra de Cristo não há “Boa Nova”. Cristo é o autor e o conteúdo do evangelho. Pregar o evangelho significa pregar a Cristo bem como tudo aquilo que tem relação com ele (Rm 15.20), já que sem Cristo não haveria evangelho (Lc 2.9-11). Anunciar um Cristo destituído de sua glória e de suas reivindicações, não é pregar o evangelho. Pregar é anunciar o “evangelho de Deus” (Mc 1.14); o “evangelho do Reino” (Mt 4.23; 9.35; 24.14) que é o “evangelho do reino de Deus” (Lc 4.43; 8.1; At 8.12) e o “evangelho do Senhor Jesus” (At 11.20/At 8.12), que é o “evangelho de Jesus Cristo” (Mc 1.1/Rm 15.19; 2Co 2.12). O reino de Deus é o cora-

ção da mensagem de Cristo bem como dos apóstolos. O crente no Antigo Testamento aguardava a chegada do reino de Deus que estava associada à figura do Filho do Homem, descrita por Daniel (Dn 7.1314/Mt 16.27-28; 17.12,22; Lc 9.58; Jo 3.13-14). Jesus Cristo, o Filho do Homem, inaugurou o reino de Deus (Lc 11.20). Por isso, o reino está ligado à sua pessoa. Jesus Cristo, sua mensagem e atos incorporam a presença do reino que chegara. Orígenes (c. 185-254), corretamente, disse que Jesus Cristo era a “autobasileia”, o reino em pessoa. Por isso, é que o Novo Testamento nos ensina que pregar o reino é o mesmo que pregar a Jesus Cristo (Mt 19.29; Mt 10.29-30; Lc 18.29; At 8.12; At 28.31) Desse modo, evangelizar significa pregar o reino e senhorio de Jesus. Por isso, é que o reino de Deus se constitui na mensagem central de Jesus Cristo e dos apóstolos. Quando se despede dos presbíteros de Éfeso, Paulo declara: “Agora, eu sei que todos vós, em cujo meio passei pregando o reino, não vereis mais o meu rosto. (...) jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.25-27) (grifos meus). Portanto, quando evangelizamos, devemos ter em

mente o sentido do que estamos proclamando. Não estamos vendendo um produto ou, quem sabe, divulgando uma ideia de forma descompromissada, não. Evangelizar é proclamar o reino de Deus. O reino de Deus é o reinado de Cristo, onde se evidencia o triunfo da sua justiça, do seu governo e da sua lei. Desse modo, a pregação da Igreja deverá ser caracterizada sempre pelo senso de urgência, conclamando os homens ao arrependimento e fé em Jesus Cristo, o Rei Eterno. O reino, ainda que não somente, sempre envolve o choro e a tristeza de pecadores arrependidos que foram alcançados pela graça. A Igreja não é o reino; mas, é por meio dela que o reino se revela e se efetiva; por isso, ambos são inseparáveis. Olhando a evangelização ensinada e praticada no Novo Testamento, podemos perceber que ela era muito mais abrangente do que costumamos pensar. O

que tem acontecido é que muitas vezes temos nos esquecido da mensagem; corremos, falamos, discutimos, fazemos concessões, toleramos o pecado, radicalizamos posições estranhas às Escrituras... e, de repente, descobrimos que a mensagem foi esquecida. Nós nos distanciamos do seu significado, perdemos a dimensão de sua urgência, relevância, propósito e eficácia. Usamos o verbo evangelizar, todavia ele já não diz grande coisa, porque as letras “E-V-A-NG-E-L-H-O”, tem nos dias atuais pouco a ver com o significado bíblico dessa palavra. O evangelho com frequência tem sido apenas mais um “slogan cristão” cujo significado as pessoas não conseguem entender. A palavra se aplica a qualquer coisa que eu deseje ensinar conforme o meu gosto e projetos pessoais. De modo semelhante, temos muitas vezes apresentado uma mensagem incompreensível aos nossos ouvintes, talvez porque

ela também seja incompreensível a nós. Assim, sem nos darmos conta, estamos compactuando com a indiferença de nossos ouvintes, que, de certa forma, estão “cansados” da palavra evangelho, sem que na realidade, nunca tenham sido ensinados a respeito do evangelho de Cristo e, pior: nunca o tenham experimentado. Outras vezes, a nossa mensagem é compreensível, acessível e agradável, contudo, o seu conteúdo é tão distante do evangelho bíblico que a sua compreensão e aceitação distanciam ainda mais os seus adeptos da plenitude da revelação bíblica. O evangelho é uma mensagem acerca de Deus – da sua glória e de seus atos salvadores; acerca do homem – do seu pecado e miséria; acerca da salvação e da condenação condicionada à sua submissão ou não a Cristo como Senhor. Essa mensagem que envolve uma decisão na história, ultrapassa a história, visto ter valor eterno. Portanto, não podemos brincar com ela, não podemos fazer testes: estamos falando de vida e morte eternas (Jo 3.16-18). Ao comemorarmos o mês das Missões, rogamos que Deus nos dê discernimento sobre o evangelho. Amém! O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa integra a equipe de pastores da 1ª IP de São Bernardo do Campo, SP.


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MISSÕES

O avanço da IP Indígena no Amazonas Alcedir Sentalin

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ara formar entre os irmãos indígenas do Amazonas liderança que atue na plantação de igrejas entre outras etnias, foi realizada, nos dias 11 a 16 de junho uma capacitação para líderes de sete igrejas indígenas. Os alunos do curso para plantadores de igrejas em contextos tradicionais no Amazonas, oferecido pela IP de Manaus (IPM), também participaram. Os encontros ocorreram no Centro de Treinamento Missionário da IPM, sob a liderança de Alcedir Sentalin e Ronaldo Lidório. Ambos têm atuado nessa nova parceria com plantação de igrejas entre indígenas desde 2015. O Rev. Ronaldo Lidório é missionário da APMT atuando em parceria com o Projeto Amanajé, que conta hoje com 50 missionários em mais de quinze etnias. O Rev. Alcedir Sentalin é pastor da IPM destacado para esse trabalho indígena. O trabalho presbiteriano indígena ligado a essa parceria começou entre o povo Mura no rio Urubu, aldeia de Correnteza. Com o engajamento do Rev. Ronaldo, continuaram a expansão para outras etnias e aldeias e, pela graça do Senhor, estão colhendo frutos. Hoje são três igrejas plantadas e uma quarta que está nascendo entre os povos Mura e Sateré-Mawé. O objetivo é

Participantes do treinamento de capacitação de líderes

a plantação de dez igrejas nesses próximos anos. Nesse ministério logo perceberam que havia a necessidade de treinar a liderança nativa. Isso porque além dos enormes desafios impostos pela distância geográfica e cultural, seus ministérios são de caráter itinerante e ambos atuam em diversas outras frentes missionárias. Sendo assim, concluíram que não seria possível um discipulado efetivo com as limitações que possuem em termos de tempo e equipe. Em oração, decidiram convidar para participar desse treinamento de líderes aqueles que, após o discipulado inicial, se sobressaíram nos estudos, demostrando interesse por aprender, paixão por Jesus, amor às Escrituras e comprovado testemunho. Esse trabalho de plantação de igrejas presbiterianas

entre indígenas tem quase três anos e o treinamento de líderes completa dois anos. Os treinamentos são programados e quadrimestrais. O tema de cada encontro é resultado de pesquisas a respeito dos interesses, medos, perguntas e desafios dos povos indígenas. Desse modo, o treinamento se propõe a dar respostas bíblicas às inquietações pessoais e culturais e os encoraja para que assumam o desafio de comunicar o evangelho dentro de cada cultura e língua. Esse foi o quinto encontro. Nele foi tratada a importância da vida cristã na prática de um cristianismo cheio de amor aos perdidos. Além da exposição da palavra de Deus sobre adoração, serviço cristão e encorajamento para comunicação do evangelho a todos os povos, o Rev. Ronaldo Lidório falou sobre a vida e o ministério

baseado no livro de Neemias. Digna de nota foi a presença do Rev. José João de Paula que, passando por Manaus em uma de suas viagens de pastoreio aos missionários da APMT, juntamente com sua esposa Suely, foi convidado e aceitou participar do treinamento, contribuindo com a exposição da palavra de Deus, admoestando os ouvintes a crescerem em amor para com o Senhor Jesus e a buscarem em oração o poder para realizar a obra de Deus. Participaram desse treinamento indígenas das etnias Baraçana, Pira-tapuia, Ixkariana, Caxuyana, Satere -Mawé e Mura. No final do treinamento, todos alegres e encorajados, deram depoimentos positivos. O objetivo foi alcançado pela graça de Deus. Os

Recém-lançada pela Cultura Cristã, a segunda edição do excelente livro de Ronaldo Lidório.

vinte e quatros participantes voltaram animados para, ao retornar às suas aldeias, compartilharem o evangelho de Cristo Jesus aos seus parentes com vigor e entusiasmo. Somos gratos ao Senhor nosso Deus pelo cuidado, também pelas orações de nossos irmãos e o apoio da IPM, APMT e Projeto Amanajé. O Rev. Alcedir Sentalin é pastor da IP de Manaus


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MISSÕES

Igrejas Presbiterianas visitam Missão Caiuá Sheila Moraes

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diretoria da Sinodal (que reúne igrejas de várias cidades) e Federação da SAF – Sociedade Auxiliadora Feminina, das igrejas de Votorantim, Itu e Salto organizaram uma viagem que aconteceu de 5 a 9 de julho, para conhecer e levar doações para o Projeto Missão Caiuá, localizado em Dourados/ MS. A caravana contou com 41 passageiros de diversas igrejas de Votorantim, Salto de Pirapora, Itu, Cabreúva, Salto, Piedade, Jundiaí, Mairinque, Alumínio e Sorocaba, que levaram doações para os indígenas da região. As

aldeias visitadas foram Tey Kuê, Jacaré e Jarará. Foram levados cobertores, mantas, roupas, calçados, produtos de higiene, além de material para preparar alimentação e lanches para as aldeias visitadas, durante o período das atividades. Os visitantes ficaram alojadas na Tey Kuê, sede do projeto da igreja, local amplo, com estrutura para receber caravanas. Realizaram atividades e teatro para as crianças, além de palestras sobre Cuidados e Higiene e Câncer de Mama para as mulheres e orientações para os homens, nas aldeias Jacaré, Jarará, Tey Kuê e também na Escola Indígena.

A visita da caravana se encerrou no domingo à tarde, e os participantes saíram com o coração cheio de gratidão porque tiveram a oportunidade de dias intensos de aprendizado. A Missão Caiuá com sede na cidade de Dourados/MS, começou em 28 de agosto de 1928 por iniciativa do Rev. Albert Maxwel, que veio ao Brasil com o sonho de pregar o evangelho aos indígenas. Prestes a completar 90 anos de existência, a missão tem intensa atuação na localidade. O projeto conta com hospital, escola, orfanato com exclusivo e gratuito atendimento aos indígenas, e é dirigido pelo

Sede Missao Caiua

Rev. Beijamin Bernardes e sua esposa Margarida. A missão atua nas aldeias da região (Caarapó, Amambai, Taqwapiry, Sassoró, Porto Lindo e Gwassuty, Jacaré, Limão Verde, Campestre, Kokwey, Panambi)

e também junto aos índios Xavantes, no município de Nova Xavantina (MT). Cada uma delas possui uma igreja. Sheila Moraes é membro da IP Aliança Eterna – Votorantim (SP) e participou da visita à Missão Caiuá

EDUCAÇÃO CRISTÃ

5o Congresso Nacional de Educação Cristã da IPB

O

5º Congresso Nacional de Educação Cristã da IPB teve sua data alterada devido à greve dos caminhoneiros em maio/2018 e será realizado entre os dias 06 e 09 de setembro em São Paulo, no auditório Ruy Barbosa da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Campus Higienópolis.

Com o tema A verdade na prática – Interpretação, ensino e aplicação da Escritura, o Congresso terá como preletor o Dr. Daniel Doriani, autor da Cultura Cristã, além da presença do Presidente reeleito do SC/IPB, Roberto Brasileiro, que pregará no culto de abertura na quinta-feira à noite.

Inscrições e maiores informações podem ser encontradas no site <editoraculturacrista.com. br/congresso>, ou pelos números: São Paulo: (11) 3207-7099/ Demais localidades: 0800-0141963. No site do evento é possível ter acesso à programação completa, horários e temas das oficinas.


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MISSÕES

Projeto Missionário Nova Zelândia O

Rev. Cláudio Gonçalves, Cássia, Maria Fernanda e João Pedro completaram, no início de 2018, o primeiro ano na Nova Zelândia, seu campo missionário. A família Gonçalves reside na cidade de Queenstown, onde desenvolvem ações sociais e missionárias com os Kiwis, como o Projeto Brass, ação voltada para área da música, onde a comunidade tem acesso a aulas de instrumentos de sopro ministradas pelo maestro local, Irajá Max. Além disso, vem sendo desenvolvido um Treinamento de Pregadores na Global Presbyterian Church: aulas aos sábados sobre

pregação expositiva da Palavra de Deus. Os participantes já estão colocando em prática, pregando esporadicamente nos cultos aos domingos. Oremos por esses futuros líderes da igreja local. O último trimestre de 2018 foi agitado para a família Gonçalves. Aproveitaram a Copa do Mundo na Rússia como estratégia evangelística e transmitiram na Global Presbyterian Church os jogos do Mundial de Clubes, e aproveitavam o intervalo de cada jogo para anunciarem as Boas Novas através de vídeos com testemunho de atletas famosos ou de membros da igreja local.

Além da ação evangelística durante a Copa do Mundo, entre abril a junho de 2018, a família Gonçalves participou do culto público na cidade de Arrowtown (abril), testumanhando o nome do Senhor aos locais e turistas; marcaram presença no Congresso de Líderes na cidade de Dunedin (maio), onde tiveram a oportunidade de conhecer a liderança da igreja Kiwi do sul da Nova Zelândia e receberam o convite para pregar (em junho) na igreja Kiwi. Esses convites são demonstrações de confiança no trabalho e parceria dos Gonçalves com os Kiwis. Em maio, Rev. Cláudio

Gonçalves, Cássia e seus filhos realizaram a primeira viagem de férias na Nova Zelândia. Aproveitaram o período em família para conhecerem uma parte da Ilha Sul: lugares e pontos turísticos belíssimos, igrejas protestantes históricas e o Seminário Presbiteriano John Knox. Região onde, infelizmente, viram um grande número de igrejas fechadas, alugadas para museus, bares ou casa de espetáculos e até mesmo uma com placa de “vendese”. A triste realidade de um país que tem deixado de pregar o evangelho. A família Gonçalves pede que oremos pelo complemento financeiro do sus-

tento da família no campo missionário; pelas crianças, adolescentes e jovens na Nova Zelândia; para que tenham novas oportunidades para evangelizar e discipular os Kiwis; pelas pessoas que estão discipulando; pela revitalização das Igrejas na Nova Zelândia e pela próxima viagem missionária ao Nepal que realizarão em novembro de 2018. Para maiores informações sobre o trabalho missionário da família, acesse o site www.claudiogoncalves.org. br; acompanhe o canal do Youtube, revclaudiogoncalves; ou entre em contato pelo e-mail revclaudiogoncalves@gmail.com.

MEDITAÇÕES

Cinco cruzes (2) “... é chegada a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus ...” (1Pe 4.17) Frans Leonard Schalkwijk

A

terceira cruzinha está intimamente ligada à anterior, pois lembra os dois filhos de Eli. Dessa vez, porém, a cruz já está ao lado do altar, ao pé da grande cruz do Cordeiro de Deus! Sacerdotes eram bem pagos, tanto in natura como em dinheiro, pois viviam dos dízimos dos fiéis, como o SENHOR tinha

prescrito. Mas, para aqueles dois glutões [os filhos de Eli], isso não era o suficiente, e passaram a se apoderar de um quinhão maior das ofertas (1Sm 2.17). Os cordeirinhos apresentados apontavam para o Senhor Jesus, mas esses dois, chamados para serem exemplo, desprezavam a santidade do altar, brigando ao pé da cruz! A quarta cruzinha se en-

contra na altura do altar de oração. Dessa vez, foram dois filhos de outro sumosacerdote, Arão, o próprio irmão de Moisés. O fogo naquele altarzinho devia ser tirado do grande altar enfatizando que, em oração, pleiteamos no sacrifício do Cordeiro de Deus, mas esses dois pegaram um fogo qualquer nas suas panelas de incenso, e ... morreram (Lv 10). Finalmente, chegamos à história da quinta pequena cruz. Ocorreu na hora alegre do translado da arca

para Jerusalém. Ela tinha chegado vinte anos antes na casa de Abinadabe, depois que os filisteus a mandaram de volta para Israel. Os filhos do dono da casa eram bem acostumados com a caixa, cuidando agora do transporte festivo. Mas a estrada rural tinha vários buracos, e numa certa altura, os bois tropeçaram e a arca, que devia ter sido carregada, quase caiu do carro. Então um dos rapazes segurou-a com a mão, mas caiu como eletrocutado. A Palavra de Deus diz

que morreu “por essa irreverência”. Bem intencionado, mas muito relaxado por familiaridade com o mais Santo ... (2Sm 6.7). Ó Senhor, vendo esse trilho de cruzinhas na tua casa, não deixe que eu me torne um obreiro irreverente! Para que o teu Santo Nome não seja desprezado e que o teu povo não seja desviado por meu mau exemplo. Em nome do nosso Cordeiro pascal. Amém! Extraído de Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.


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PRESBITERIANISMO EM FOCO

John Mackay e O sentido presbiteriano da vida Marcone Carvalho

“O

s presbiterianos brasileiros são genuínos representantes do zelo missionário que tem estabelecido igrejas mais jovens em diferentes partes do mundo.” Assim Mackay nos descrevia em 1960, quando apareceu o livro The Presbyterian Way of Life. Um ano antes, ele havia estado no Brasil. Em São Paulo, presidiu a 18a Assembleia Geral da Aliança Reformada Mundial e, no Rio de Janeiro, pregou na abertura das comemorações do centenário da IPB. John Alexander Mackay (1889-1983) foi um dos presbiterianos mais influentes no século passado. Sua experiência de vida, pensamento e os cargos que ocupou lhe deram projeção internacional. Escocês, Mackay foi criado na Free Presbyterian Church of Scotland, uma pequena denominação que declarava ser “a verdadeira igreja de Jesus Cristo”. Após se formar em filosofia na University of Aberdeen (1912), estudou teologia no Princeton Theological Seminary (1913-1915) e, em 1916, iniciou seus estudos doutorais na Universidad de Madrid – onde estudou com Miguel de Unamuno, e obteve, em 1918, o título de doutor em letras na Universidad de San Marcos (Peru). De 1916 a 1925, foi mis-

sionário da Free Church of Scotland, em Lima, e atuou como diretor do Colégio Anglo-Peruano. Entre 1925 e 1932, percorreu a América Latina como secretário da Associação Cristã de Moços, tendo residido em Montevidéu e na Cidade do México. A partir de 1932, já como membro da Igreja Presbiteriana do Norte dos EUA (PCUSA), exerceu os cargos de secretário da Junta de Missões Estrangeiras para América Latina e África (1932-1936), diretor do Seminário de Princeton (1936-1959) e moderador da denominação (1953). Também presidiu a Aliança Reformada Mundial (1954-1959). Após sua aposentadoria (1959), exerceu atividades de conferencista, consultor e estadista. Mackay escreveu 13 obras: Don Miguel de Unamuno (1918), Mas yo os digo (1927), El sentido de la vida (1931), The other

Spanish Christ (1932), That other America (1935), A preface to Christian Theology (1943), Heritage and destiny (1943), Christianity on the frontier (1950), God’s Order (1953), The Presbyterian Way of Life (1960), Ecumenics: The Science of the Church Universal (1964), His Life and Our Life (1964) e Christian reality and appearance (1969). O sentido presbiteriano da vida foi escrito após o autor haver percorrido o caminho desde um minúsculo grupo na Escócia para a maior denominação presbiteriana do mundo, naquele momento. Mackay registra ter analisado a história, a estrutura, as ideias e as atitudes das mais diversas igrejas presbiterianas ao redor do globo, “com o propósito de interpretar o significado do presbiterianismo no contexto da nossa época assim como no con-

texto da igreja universal”. A obra é rica em exemplos extraídos da história do movimento reformado e está dividida em duas partes: I – O conceito presbiteriano da vida; e II - O padrão presbiteriano de vida. Na primeira, o autor discorre sobre (1) o presbiterianismo no transcurso da História, (2) um povo com mentalidade teológica, (3) o conceito presbiteriano de Deus, (4) o conceito presbiteriano de homem e (5) o conceito presbiteriano de igreja. Na segunda, há capítulos sobre (6) o governo eclesiástico, (7) os presbiterianos e a adoração, (8) a igreja e o mundo, (9) a família presbiteriana mundial e (10) os presbiterianos e a Igreja Universal. Existem ideias ou ênfases proveitosas no livro. Compartilho algumas delas: 1. Ninguém pode ser um verdadeiro presbiteriano se somente é um mero presbi-

teriano. Cremos que a família cristã se estende além da nossa grei. 2. Na essência do verdadeiro presbiterianismo repousa uma experiência pessoal com Deus unida a uma ardente devoção a ele. 3. O presbiterianismo é caracterizado pelo amor à verdade. Reconhecemos a importância de amar a Deus com nosso entendimento. 4. Em nossa herança, quando o sermão é pregado por lábios ungidos pelo Espírito Santo e é recebido por ouvidos também preparados pelo Espírito, os crentes escutam a voz de Deus. 5. A restauração do culto familiar seria benéfica aos lares e proveria uma rica orientação, em bases espirituais, à juventude da igreja. 6. A vocação dos laicos é tão importante como a vocação dos pastores. Eles são chamados para servir em sua própria vocação assim como os pastores são chamados para ser ministros da Palavra e dos sacramentos. Em relação à vida cristã e suas consequências, o laico é tão responsável quanto o ministro. O sentido presbiteriano da vida está disponível em inglês e espanhol. À luz do princípio bíblico de “ponde tudo à prova e retende o que é bom”, recomendo sua leitura. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é pastor da 1a IP de Santiago, Chile, e colunista do Brasil Presbiteriano


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SUPREMO CONCÍLIO

39ª Reunião Ordinária A

39ª Reunião Ordinária do SC aconteceu entre os dias 22 e 29 de julho de 2018 em Águas de Lindoia (SP). Os Sínodos de São Paulo designaram uma Comissão Organizadora, que se planejou com excelência para receber aproximadamente 1700 pessoas, incluindo Deputados (80%), membros correspondentes e visitantes, acompanhantes e delegações estrangeiras. Dando início às atividades, foi realizado culto no dia 22 (domingo) no Auditório do Hotel Majestic, às 18h30. Na ocasião estiveram presente a Mesa do Supremo Concílio (2014–2018); Gilberto Abdou Helou, o Prefeito de Águas de Lindoia; Márcio França, o Governador do Estado de SP; autoridades e representantes da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Deputados; visitantes e acompanhantes dos líderes presentes. O Rev. Roberto Brasileiro, Presidente do Supremo Concílio, conduziu os pre-

sentes em um ato cívico com a execução do Hino Nacional, conduzido pela Orquestra Intersinodal, composta por igrejas dos sínodos paulistas. O Coral Intersinodal foi o responsável pela condução dos hinos durante o culto, enquanto a pregação foi de responsabilidade do Rev. Elias Medeiros, professor do Seminário Teológico Reformado, em Jackson, Mississippi, EUA. Na segunda-feira (23/07) ocorreu o Ato de Verificação de Poderes e as primeiras Sessões do SC, entre elas a Sessão Preparatória e Sessões Regulares, que foram realizadas no Hotel Monte Real Resort, localizado no centro da cidade e escolhido pela Comissão de Organização como sede das reuniões do Supremo Concílio. Nas Sessões Regulares foram realizadas as eleições da Mesa do Supremo Concílio para 2018 – 2022. Após votação e contagem

Mesa do Supremo Concílio eleita em Sessão Solene

dos votos, a mesa ficou composta por Rev. Roberto Brasileiro Silva, Presidente (752 votos); Rev. Augustus Nicodemus Gomes Lopes, Vice-Presidente (846); Rev. Juarez Marcondes Filho, Secretário Executivo (785); Rev. José Romeu da Silva, 1º Secretário (554); Presb. Jairo de Souza Cruz, 2º Secretário (764); Rev. Marco Aurélio Ribeiro, 3º Secretário (714) e Presb. George Santos Almeida, 4º Secretário (755). O Tesoureiro foi eleito após o fechamento desta edição. Visando agilidade nos processos de chamada e de votação ao longo da Reunião, a Secretaria Executiva solicitou que os Deputados e seus Concílios baixassem com certa antecedência o aplicativo ipbCONNECT. O aplicativo teve sua funcionalidade liberada apenas na abertura da Reunião, com o Ato de Verificação de Poderes. Enquanto a liderança da IPB estava em reunião,

Momento durante o Culto de Abertura

Rev Davi Charles Gomes, Márcio França (Governador de SP), Pb Clodoaldo Furlan e Rev Roberto Brasileiro (ao fundo)

Culto de Gratidão no Hotel Majestic


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a do Supremo Concílio

José Alfredo Marques de Almeda

foram realizados, entre os dias 23 e 28 de julho, cultos especiais para os visitantes e acompanhantes, sempre às 20h00, no Hotel Monte Real. No domingo 29, foi realizado um culto no auditório principal do Hotel Monte Real Resort, além de almoço de encerramento, que ocorreu no respectivo hotel em que cada conciliar esteve hospedado. A RO-SC/IPB-2018 ocupou 1.700 leitos da rede hoteleira da cidade. Foram sete hotéis escolhidos pelo Comissão de Hospedagem: Hotel Monte Real Resort, Hotel Recanto Bela Vista, Hotel Zanon, Hotel Panorama, Grande Hotel Glória, Hotel Majestic e Hotel Guarany. O Brasil Presbiteriano publicará Boletim Especial com as decisões da 39ª RO do SC da IPB.

Rev Augustus Nicodemus

Rev Elias Medeiros

Coral e Orquestra Intersinodal

Regência do Coral e Orquestra Intersinodal

Parte da Comissão Organizadora, Rev Roberto Brasileiro e Pb Clodoaldo Furlan

Revs Roberto Brasileiro e Augustus Nicodemus


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MINISTÉRIO DA MISERICÓRDIA

Preparando a Igreja para o cuidado dos que sofrem Eleny Vassão

B

ete tinha crescido naquela igreja, e já havia participado de tudo: quando criança, da classe da Escola Dominical; quando adolescente e jovem dos acampamentos, da UMP, do Coral, de grupos de visita à novos membros... Mas agora, estava vivendo uma nova etapa: sua vida tinha sido abalada pelo sofrimento. Os sintomas que, a princípio, tinham sido ignorados, como algo que logo passaria, se revelaram como um câncer com várias metástases, comprometendo sua qualidade de vida e apressando seu fim. Como enfrentar tudo isso sozinha? Esperava poder contar com seus irmãos da Igreja, com os quais convive-

ra como parte da família por tanto tempo... Mas eles não sabiam o que lhe dizer, por isso a cumprimentavam rapidamente e se afastavam, deixando-a só. Bernardo era um dos diáconos da Igreja no centro de São Paulo, e estava esgotado depois da morte de sua querida esposa, que lutara contra uma doença por anos, vindo a falecer. Não sabia como lidar com seus filhos de 4 e 6 anos, que tinham ficado aos seus cuidados. Como ser pai e mãe e ao mesmo tempo continuar trabalhando para manter sua casa? Os queridos irmãos da Igreja lhe deram muito apoio no início do luto, mas agora não sabiam mais o que lhe dizer ou como ajudá-lo e, aos poucos, o deixaram só. No domingo eles se encontravam na Igreja.

Percebendo a necessidade de equipar as nossas igrejas para o cuidado àqueles que sofrem, a ACS, Associação de Capelania na Saúde (Ex-ACEH), dirigida pela Capelã Hospitalar da IPB, Eleny Vassão, tem elaborado Cursos especiais, como estes abaixo: CURSO BREVE DE VISITAÇÃO A ENFERMOS – Oferecido nas Igrejas que agendam o mesmo, para no mínimo 25 pessoas, preparando a Igreja para exercer o ministério de misericórdia junto aos membros enfermos ou enlutados de sua comunidade. CURSO DE CAPELANIA HOSPITALAR NÍVEL 1 – em Módulos – O sofrimento humano traz à tona a fragilidade do ser, assim como suas culpas, medos e ansiedades. A Pala-

vra de Deus, compartilhada através de pessoas atenciosas e capacitadas pelo Curso teórico e treinamento prático em Capelania Hospitalar, oferece conforto, segurança e paz no relacionamento com Deus, em Cristo Jesus. CURSO DE MÚSICA NOS HOSPITAIS – levando a música cristã para os corredores dos hospitais, para conforto e esperança dos enfermos, seus familiares e profissionais da saúde. Aprendendo como utilizar a música coral de maneira a comunicar de maneira próxima no ambiente hospitalar. CURSO DE CAPELANIA EM PEDIATRIA – Criança e adolescente enfermo sente e age de maneira diferente daqueles saudáveis em nossas igrejas. Ensinado a levar o

evangelho de maneira dinâmica e criativa na Pediatria dos Hospitais, para conforto e esperança dos pequenos. CONGRESSO ESPIRITUALIDADE E SAÚDE MENTAL – capacitando a Igreja a lidar com temas difíceis em sua comunidade e também ao seu redor. CONGRESSO INTERNACIONAL “MEDICINA INTEGRAL EM CUIDADOS PALIATIVOS” – Preparando visitadores e capelães hospitalares para lidar com pacientes com doença em fase final de vida, seus familiares e profissionais da saúde. Inscreva sua Igreja nos nossos Cursos e prepare os seus membros para cuidar de seus irmãos que estão sofrendo, levando a estes a presença visível e palpável do nosso Senhor, que nos capacita a servir e confortar em meio à dor. A missionária Eleny Vassão de Paula Aitken é Capelã Hospitalar da IPB – www.capelaniahospitalar.org.br


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GENTE PRESBITERIANA

Lawson Annesley (1795-1881) Alderi Souza de Matos

N

o dia 2 de março de 2016, foram inauguradas no campus do Mackenzie, em São Paulo, as modernas instalações do Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno, Nanomateriais e Nanotecnologias. O edifício recebeu o nome de Lawson Annesley, sogro do Rev. George Whitehill Chamberlain, que foi o fundador da Escola Americana e do Mackenzie. Annesley está ligado à instituição porque ajudou a adquirir alguns dos primeiros terrenos do campus, em especial a área na esquina das ruas Itambé e Piauí, hoje ocupada pelo Colégio Presbiteriano Mackenzie. Na época da inauguração não havia praticamente nenhuma informação sobre Lawson Annesley. Agora, graças a pesquisas na internet, principalmente em um rico acervo eletrônico do Seminário de Princeton, é possível conhecer melhor esse benfeitor. O avô de Lawson, William Annesley, nasceu na Inglaterra e residiu em Belfast, na Irlanda, onde morreu no final do século 18. Trabalhou no ramo de construção de navios. Sua esposa, de prenome desconhecido, tinha o sobrenome Lawson, de onde deriva o primeiro nome de vários membros da família. O casal teve quatro filhos que chegaram à idade adulta: Jane,

William, Lawson e Sara. O segundo deles, William, foi o pai do nosso personagem. Ele nasceu em Belfast em 1768 e emigrou para os Estados Unidos pouco tempo depois da Revolução Americana. Tornou-se arquiteto naval, tendo sido enviado à Europa por Thomas Jefferson para estudar esse tema. Publicou em 1822, em Londres, a obra Um Novo Sistema de Arquitetura Naval. Faleceu em 1848 em Albany, no Estado de Nova York, onde havia fixado residência. Sobre William, existe um episódio pitoresco. Ele escreveu uma história da sua vida, mas as filhas a lançaram ao fogo por causa de alguns comportamentos seus que elas consideraram mundanos. Por outro lado, ele nunca permitiu que sua filha Margaret se casasse com o homem que ela amava (Dr. Mark Hopkins, presidente do Williams College) porque achava que ele era excessivamente mundano. Seu retrato, pintado por Gilbert Stuart, ficou por anos na casa de seu bisneto George Agnew Chamberlain. Ainda na Irlanda, William casou-se com Anne McCormick, com quem teve dois filhos: William (1793) e Lawson (1795). Tendo ficado viúvo, casou-se em segundas núpcias com Anne Allen, com a qual teve outros seis filhos. Seu filho Lawson, aquele que

nos interessa, nasceu no dia 5 de maio de 1795 em Bordenstown, no Estado de Nova Jersey. Casou-se com Mary Ann LaCasse, que lhe deu dois filhos. De seu segundo casamento, com Laura Jones, teve três filhos: Mary Ann (esposa do Rev. George Chamberlain), Richard Lord e Laura. Em 26.12.1827, Lawson tornou-se membro da 1ª Igreja Presbiteriana de Albany e mais tarde foi diretor do abrigo de órfãos dessa cidade. Ele foi proprietário durante muitos anos de uma magnífica loja e galeria de arte em Albany, fundada por seu pai em 1802, e que existiu durante quase um século e meio. Essa organização importava e comercializava pinturas a óleo e aquarelas de alta qualidade, bem como gravuras, águas-fortes, novidades artísticas, móveis artísticos, antiguidades decorativas, peças de prata e bronze, cortinas e tapeçarias sofisticadas, e materiais para artistas. Um autor afirma que o estoque não só era o maior e o mais rico da cidade, mas não tinha nada superior nos Estados Unidos. A empresa também tinha uma fábrica de espelhos, molduras e móveis especiais, com grande número de funcionários. Lawson não teve muitas oportunidades de colaborar com a nascente Escola Americana de São Paulo

porque a fase inicial dessa instituição coincidiu com os últimos anos de sua vida. Tampouco teve qualquer participação na criação do Mackenzie College ou na intermediação da doação de John Theron Mackenzie porque isso ocorreu vários anos após a sua morte em 1881. Todavia, colaborou com o seu genro, Rev. Chamberlain, na aquisição de alguns dos primeiros terrenos da escola. O Rev. George Whitehill Chamberlain era filho de um pastor, Rev. Pierce Chamberlain (1790-1850), e de D. Christiana Whitehill (1804-1883). Seu pai deixou a Sociedade dos Amigos (quacres) para se tornar um ministro presbiteriano. O casal teve cinco filhos: Elizabeth (1833), Martha (1835), James (1836), George (1839) e Mary (1841). Em 30 de junho de 1868, George, que havia sido ordenado no Brasil, casou-se com Mary Ann Annesley. Tiveram sete filhos: Laura (1869), Pierce (1872), Mary Christine (1873), Ruth (1875), Helen Elizabeth (1877), George Agnew (1879) e Daniel Stewart (1881). Mary Christine e Daniel Stewart morreram de febre amarela com três meses de diferença, em 1899, na Bahia. George Agnew tornou-se escritor de renome nos Estados Unidos, tendo publicado 36 romances, vários dos quais foram

Empresa de Lawson Annesley

transformados em filmes. A primogênita Laura Annesley Chamberlain, nascida no Rio de Janeiro, veio a se casar com o Rev. William Alfred Waddell, missionário que chegou a São Paulo em 1890. Tiveram cinco filhos: Helen (professora), Kenneth (médico), Richard Lord (pastor), Agnes (enfermeira) e Mary, que cooperou com as obras filantrópicas da Fundação Rockefeller, no Rio de Janeiro. Em 1919, quando estava com 11 anos, a caçula Mary enviou uma cartinha ao periódico St. Nicholas, nos Estados Unidos, lembrando que um tataravô pelo lado materno, Richard Lord Jones, foi o soldado mais jovem a se alistar na Revolução Americana, com apenas 10 anos de idade. Sejamos gratos a Deus pela vida dessa notável família, que prestou tantas contribuições à causa do evangelho e da educação na sociedade brasileira. O Rev. Alderi Souza de Matos é o historiador oficial da IPB.


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FALECIMENTOS

Mais um herói a fazer parte da galeria da fé (24.12.37—12.01.18) Ademir Aguiar

Em 1942, aos 5 anos de idade, Joaquim Pessôa começou a frequentar a escola dominical da congregação da Igreja Unida de São Paulo em Perus, e aos 17 anos, foi recebido por profissão de fé e batismo pelo Rev. Theófilo Carnier como membro da IP da Lapa, responsável na ocasião pela congregação de Perus. Em 18.04.59, a congregação já havia se tornado a IP Esperança e lá casou-se com Irma de Oliveira Pessoa. Tiveram quatro filhos: Sandra, Márcia, Mércia e Joaquim Filho, os netos Igor, Ana Elisa, Hudson e Joa-

Descansou no Senhor Sérgio Lima

Na coroa de flores estava escrito: “Preciosa é ao Senhor a morte dos seus santos. Uma homenagem dos filhos”. Assim nos despedimos do Rev. Joaquim Alves de Oliveira, recolhido aos tabernáculos internos no dia 07 de julho de 2018. Um pastor para as igrejas, um pai na fé para muitos, um avô para todas as crianças que conheceu. Era assim que ele se via. Ele nasceu em Minas Gerais e quis a providência que viesse a falecer de infarto no seu Estado, na cidade de Uberlândia, em viagem para rever familiares. Ele estava com 83 anos de vida e deixou quero filhos: Josmeyr, Sidney, Valdney e Márcio. Na IP Santo Amaro, São Paulo, foi muito atuante como membro, presbítero regente e pastor auxiliar. Desde 2002 serviu como

quim Neto, os genros Ademir Aguiar, Marley Brasileiro e a nora Célia Regina. Aos 25 anos foi ordenado presbítero da IP da Esperança, exercendo o presbiterado por 28 anos (1962—1990), comparecendo a todas as reuniões do Conselho. Em 24 de maio de 1987 recebeu o título de presbítero emérito. Desde sua conversão, o Rev. Joaquim se envolveu com a liderança da comunidade presbiteriana: 4 anos como presidente da UMP, 6 anos como presidente da UPH, 15 anos como vice-presidente do Conselho, 13 anos como tesoureiro da igreja, 11 anos como superintendente da Escola Dominical, 24 anos como redator do boletim da IP Esperança, 9 anos como secretário da UPH,12 anos como tesoureiro do Presbitério Unido, 16 anos como tesoureiro do Presbitério Pirituba,18 anos como tesoureiro do Sínodo Unido de São Paulo. Foi secretário presbiterial do trabalho da mocidade, do trabalho masculino pelo Presbitério Unido e do trabalho masculino e feminino pelo Presbitério Pirituba além de Secretário Sinodal do trabalho Feminino

do Sínodo Unido. Liderou as comissões de construção das IP de Francisco Morato; IP de Caieiras; reforma do templo em Perus entre outras. Participou também das organizações das igrejas de Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Vila Bonilha, Bairro do Limão, Jd. Rincão e Jd. Califórnia em Campo Limpo Paulista. Sua formação teológica deu-se através do Curriculum Especial do Presbitério Unido apresentando a tese: “Certeza e Realidade da Vida Eterna” e em setembro de 1990 foi ordenado na IP da Esperança em Perus. Pastoreou a comunidade da IP da Esperança por 11 anos e três meses. Em 2002 foi pastor auxiliar na IP de Vila Bonilha atuando na sede e nas Congregações do Jd. Panamericano e Jd. Regina. De 2003 a 2009 foi pastor da IP do Jd. Rincão, na qual recebeu o título de Pastor Emérito. Em 12 de janeiro de 2018, o nosso bom Deus o chamou para fazer parte da sua galeria da Fé.

pastor auxiliar exercendo plenamente o seu ministério até a jubilação. E depois de jubilado continuou a trabalhar no presbitério Sul paulistano e frequentando todas as reuniões na IP de Santo Amaro. O último serviço público aconteceu no domingo anterior à sua morte, o exercício do batismo infantil da Leila Imamura dos Santos. A todos os familiares, os nossos mais sinceros sentimentos. Aos familiares e membros das igrejas que ele pastoreou, a esperança do reencontro na eternidade. Ao Senhor Deus, a gratidão pelo tempo que este seu servo viveu entre nós.

Jonas Borges, como era conheci"Combati o do por todos, deixou um grande legado: bom combate, gostava de pregar, acabei a visitar, evangelizar. carreira, Sentia-se alegre em ser convidado por guardei a fé." pastores da igreja Assembleia de Deus 2Tm 4.7 para pregar em suas igrejas e também evangelizar em algumas cidades de Minas Gerais. Deixou outro grande legado: sua família no caminho de Deus. Jonas Borges partiu com alegria contagiante. Tinha mente e coração bondosos, sempre alegre e sorridente. Foi assinante do Brasil Presbiteriano por mais de 20 anos e há 2 anos se tornou seu agente. Ele gostava de tratar todos bem e fazer o bem a todos, tanto materialmente e espiritualmente, por isso deixou muita saudades. Muitos pastores presbiterianos e de outras denominações estiveram presentes em seu sepultamento.

O Rev. Sérgio Lima é o pastor da IP de Santo Amaro, SP.

José Jonas Borges da Silva Um legado cristão Walter de Oliveira Neves

Faleceu na noite do dia 01 de maio de 2018, aos 72 anos de idade, José Jonas Borges da Silva, presbítero da IP do bairro Ponte Preta, na cidade de Queimados, RJ.

O Rev. Ademir Aguiar é pastor da IP Butantã, São Paulo.

Walter de Oliveira Neves é o agente do Brasil Presbiteriano na IP bairro Ponte Preta.


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FALECIMENTOS

Rev. Evandro Luiz da Silva – pastor, amigo, servo de Deus Alderi Souza de Matos

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a manhã do sábado 30.06.2018, o coração cansado do Rev. Evandro Luiz da Silva parou de bater em sua residência em São Caetano do Sul (SP). Seu corpo foi velado no templo da IP de São Caetano, sendo no dia seguinte, 1º de julho, após tocante culto de despedida ao meiodia, sepultado no Cemitério Memorial Jardim Santo André. Partiu para estar com Cristo um dos personagens mais cativantes da história do presbiterianismo no Brasil. Evandro nasceu no dia 10.03.1936 na pequena Carmo do Paranaíba, no Triângulo Mineiro. Era um dos oito filhos de Geraldo Cândido da Silva e Aurora Maria de Jesus. Fez os estudos primários em Patos de Minas e depois em Uberlândia, para onde a família se transferiu. Sua infância e juventude foram marcadas pela pobreza, precisando lutar pela sobrevivência como jornaleiro, engraxate e comerciante de frutas e verduras. Dotado de personalidade extrovertida, atuou por três anos na área artística, como cantor, ator e humorista em programas de rádio, tendo sido colega de Moacir Franco. Convertido ao evangelho aos 19 anos, foi recebido por profissão de fé na IP de Uberlândia em 31.12.1955, pelo Rev. Jaime Woodson.

Enquanto os colegas de vida artística foram buscar melhores oportunidades em São Paulo, Evandro, desejoso de dedicar sua vida a Deus, ingressou no Instituto José Manoel da Conceição, em Jandira. A seguir, foi estudar no Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, no início de 1965, pouco depois de se casar com Maria de Lourdes Garcia (Lurdinha), uma ex-aluna do Instituto Bíblico Eduardo Lane (Ibel), procedente de Cedro, no Vale do Ribeira. Logo após a formatura, o Presbitério de Juquiá o ordenou ao ministério em 14.12.1969. Foi então enviado pela Junta de Missões Estrangeiras, presidida pelo Rev. Odayr Olivetti, para plantar a igreja presbiteriana no Paraguai, com sede na cidade de Concepción. Tornou-se, assim, o primeiro missionário da IPB a iniciar uma denominação presbiteriana em outro país (todos os anteriores haviam trabalhado com igrejas já existentes). Dois recursos que utilizou com muito proveito foram o futebol e o escotismo. Retornando ao Brasil em 1974, pastoreou as igrejas de Registro, Cedro e Barra do Ribeirão da Serra, no Vale do Ribeira; 1ª Igreja, IP Maranata e outras em Goiânia, e atuou como diretor pedagógico do Instituto Gammon, em Lavras, dando ainda assistência às

Rev. Evandro Luiz da Silva

igrejas de Nepomuceno e São João Del Rei. Seguiuse um longo pastorado de doze anos na IP de Santo André. Suas últimas igrejas foram as de Vila Buenos Aires, São Miguel Paulista, São José do Rio Preto e Vila Prudente, três delas na zona leste de São Paulo. A partir de 2009, já na condição de jubilado, tornou-se pastor auxiliar da IP de São Caetano do Sul, no bairro Fundação. Foram muitas as outras atividades do Rev. Evandro no âmbito da IPB. Presidiu os Presbitérios de Juquiá e Borda do Campo e os Sínodos de Sorocaba e Santos-Borda do Campo. Ocupou por diversas vezes o cargo de secretário presbiterial (missões e evangelismo, adolescentes, senhoras e homens). Foi secretário executivo e depois presidente da Junta de Missões Estrangeiras, bem como Secretário Geral da Mocidade. Trabalhou por quatro anos com a organização Luz Para o Caminho (LPC). Nas últimas décadas, lamentou

que a igreja não estivesse utilizando melhor os seus serviços. Lecionou no Seminário Holiness e na Faculdade Teológica da Fé Reformada (Fatefe), ambos em São Paulo. Residiu em Nova Jersey, EUA, por um ano e meio, trabalhando como pastor, capelão e plantador de igrejas (1996-1997). Serviu por dois anos a União Médico-Hospital Evangélica (UMHE). Fundou a Missão Apressem e o Seminário Latino-Americano, em São José do Rio Preto. Cursou filosofia e pedagogia na Faculdade Dom Bosco, em São João Del Rei. Foi membro da Academia Paulista Evangélica de Letras (APEL) e publicou dois livros: Coragem para ser diferente e Nós plantamos, Deus abençoou e fez crescer. Gravou muitos CDs e DVDs com mensagens bíblicas. Pregou em muitos países ao redor do mundo. Ainda que impressionante, esse conjunto de realizações não faz plena justiça à pessoa do Rev. Evandro. Ele se destacou acima de tudo por sua dedicação sem reservas ao Redentor, paixão pela obra missionária, integridade pessoal e um coração generoso e acolhedor. Certa vez, um colega de ministério ficou enfermo em uma cidade distante. Evandro o levou com a família para a sua residência até ele se recuperar. Poucos dias antes de partir, enviou a esse

Rev. Evandro e Lourdes

pastor mais jovem a seguinte mensagem, tão reveladora da sua amabilidade cristã: “Eu nem acredito que falei com você, que o vi tão bom, tão tranquilo, tão útil na igreja. Deus o abençoe, abençoe sua filha, seu filho, sua esposa amada. Fico tão feliz de haver participado da sua vida. Fique com Deus”. Será impossível para os que o conheceram esquecer sua voz reconfortante, o sorriso pleno de simpatia e as atitudes marcadas pela solicitude e o altruísmo. Rev. Evandro deixa a esposa Lurdinha, professora, musicista, notável companheira e auxiliadora por 53 anos, bem como quatro filhos: Aurora Carlota (1970, Campinas), Geraldo Miguel (1972, Concepción) e os gêmeos Lourdes e Evandro Luiz (1974, Registro). Deixa ainda oito netos: Natália, Bruna, Marcela, Wesley, Gustavo, Giulia, Lucas e Larissa. Seus familiares, irmãos na fé e todos quantos foram tocados por seu ministério são profundamente gratos ao Senhor por tão preciosa vida. O Rev. Alderi Souza de Matos é o historiador oficial da IPB.


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Aconteceu em Julho

No BRASIL E NO MUNDO

1730 – Nascimento de Aleijadinho. O escultor brasileiro Antônio Francisco Lisboa nasceu em Vila Rica (atual Ouro Preto), em Minas Gerais, e foi um expoente do estilo barroco no Brasil.

Número de afogamentos dispara enquanto Europa bloqueia assistência no Mediterrâneo Nas últimas quatro semanas, mais de 600 pessoas, incluindo bebês e crianças, morreram afogadas ou desapareceram no mar enquanto tentavam atravessar o Mediterrâneo Central. Os dados são da Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência da ONU. A cifra trágica, que representa metade do total de mortes na região desde o início deste ano, ocorreu quando não havia mais navios de busca e salvamento mantidos por organizações ONGs ativas no Mediterrâneo Central. Um mês atrás, o navio Aquarius, operado pela ONG SOS Mediterranee em parceria com a organização Médicos sem Fronteiras (MSF), foi impedido pelas autoridades italianas de desembarcar 630 pessoas resgatadas no mar. Os bloqueios e os obstáculos impostos pelos Estados europeus aos navios de resgate de ONGs continuam. Embora políticos europeus tenham acusado as ONGs que operam navios de resgate em águas internacionais na região de Malta, Itália e Líbia de criarem um fator de estímulo aos imigrantes, os recentes acontecimentos no mar mostram que as pessoas continuam tentando desesperadamente fugir da Líbia, independentemente de haver ou não navios de resgate. Violência, pobreza e conflito estão levando as pessoas a arriscarem sua vida e a de seus filhos. Os governos europeus estão plenamente conscientes dos níveis alarmantes de

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1789 – 26 de agosto é o Dia da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, data em que se comemora a aprovação desse documento, no bojo da sangrenta Revolução Francesa. 1852 – Começam as obras da primeira estrada de ferro do Brasil. A linha ligaria o Rio ao povoado serrano de Petrópolis, muito procurado por diplomatas estrangeiros. 1859 – Desembarca dia 12 no Rio de Janeiro o pastor presbiteriano Rev. Ashbel Green Simonton. Esses dia foi adotado pela IPB como a data do início do presbiterianismo no país e, por consequência, o Dia de Missões. 1864 – Criação da Cruz Vermelha.

violência e exploração sofridos pelos refugiados, solicitantes de asilo e migrantes na Líbia, mas estão determinados a impedir a todo custo que essas pessoas cheguem à Europa. Uma parte fundamental da estratégia para impedir a chegada de pessoas pelo mar Mediterrâneo é equipar, treinar e apoiar a Guarda Costeira da Líbia para deter pessoas no mar e devolvê-las ao país. Mandar as pessoas de volta à Líbia é algo que navios não-líbios não podem fazer juridicamente, pois o país não é reconhecido como um local seguro. As pessoas resgatadas nas águas internacionais do Mediterrâneo devem ser levadas para um porto seguro em conformidade com o direito internacional e o direito marítimo. Além disso, a Guarda Costeira da Líbia, apoiada pela União Europeia, interceptou apenas neste ano 10 mil pessoas e as levou para centros de detenção no país, sem levar em conta as consequências para o bem-estar e a vida das pessoas. Adaptado: Médicos sem Fronteiras

1881 – Milhares de lâmpadas acendem, de uma só vez, no parque de exposições da I Feira Internacional da Eletricidade em Paris. O público entusiasmou-se com as lâmpadas de Thomas Edison. Essa feira mostra pela primeira vez o mundo da eletricidade. 1903 – Primeira exibição em Berlim de um filme falado, mediante a utilização de um gramofone. 1926 – Estréia no Cinema Warner (Nova York, EUA) o primeiro longa-metragem totalmente sonoro, "Don Juan", de Alan Crosland. 1936 – O atleta negro norte-americano Jesse Owens ganha a terceira medalha de ouro na Olimpíada de Berlim, na Alemanha. Na época, o país estava sob o domínio do nazismo. 1945 – Os Estados Unidos lançam sua segunda bomba atômica, que destrói a cidade de Nagasaki e deixa milhares de vítimas. A bomba provoca a rendição do Japão e põe fim a Segunda Guerra Mundial. 1954 – O presidente brasileiro Getúlio Vargas se suicida ante a exigência de sua demissão pelas Forças Armadas. 1957 – Morre aos 67 anos o pintor Lasar Segall. Lituano, ele morou muitos anos no Brasil e ajudou a difundiu a arte moderna no país. 1971 – Primeiro passeio pela Lua em um "jeep lunar".


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FORÇAS DE INTEGRAÇÃO

Treinamento Mãos e Coração em Mato Grosso Marcos R. dos Santos

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reinar irmãos que se dedicam ao trabalho com a infância é maneira eficiente de ajudar a Igreja de Cristo em seu chamado de proclamar o evangelho da salvação às crianças. Foi a partir desse entendimento que, como secretário sinodal da infância do Sínodo Matogrossense, nasceu o desejo de realizar o Treinamento Mãos e Coração em Mato Grosso, na capital Cuiabá, juntamente com a oportunidade de um encontro no ano passado em Brasília com o secretário nacional da infância Rev. José Roberto Rodrigues Coelho. Num primeiro momento, a expectativa de participa-

igrejas locais em equipar pessoas através de treinamentos como esse é algo ainda a ser melhor desenvolvido. A verba dos concílios para o trabalho com a infância também é barreira notável. Diante disso pensamos, de modo otimista, em um treinamento com 60 ou 80 pessoas. No entanto, o Senhor Deus providenciou tudo para transpor tais barreiras. E nosso treinamento superou 300 inscrições, com participantes dos dois sínodos do estado de Mato Grosso, vindos de 17 cidades, uma delas do estado vizinho de Rondônia, com 60 igrejas envolvidas; dentre essas, algumas de outras denominações evangélicas que têm

José Roberto e Márcia Barbutti

José Roberto e Marcos Gustavo

Editora e professora Márcia Barbutti

receptividade para todos os participantes. Também, um grupo de voluntários surgiu quando anunciamos publicamente a realização do evento. Além disso, obtivemos ampla mobilização em prol desse treinamento, com pastores, igrejas e presbitério atuando para essa ampla adesão. O evento foi realizado no dia 23 de junho de 2018, das 8h às 17h, sendo ofertadas as seguintes oficinas: A Arte de Contar Histórias Bíblicas, Vinícius Rangel – Cuiabá-MT; Berçário e Crianças Pequenas, Abi-

gail Santos – Recife-PE; UCP, que fazer?, Rev. José Roberto – João Pessoa-PB e Ana Eliza – Brasília-DF; e Como Preparar o Culto para as Crianças?, Márcia Barbutti – São Mateus-ES, editora da Cultura Cristã. Os participantes puderam optar por duas das quatro oficinas, uma de manhã e outra à tarde. A resposta dos participantes do Treinamento Mãos e Coração – Cuiabá-2018 foi de grande satisfação. E, ao mesmo tempo, ficou notório um desejo expresso por parte de muitos inscritos

de continuarmos realizando mais trabalhos dessa dimensão, oferecendo nova oportunidade de treinamento nas demais áreas do trabalho com crianças na igreja em nossa região. Servir irmãos e irmãs que se dedicam ao trabalho com crianças foi um privilégio. O esforço dedicado a esse trabalho valeu. Que Deus continue abençoando o Treinamento Mãos e Coração com toda sua equipe, bem como de cada um que voltou animado e melhor capacitado para discipular nossas crianças.

Alegres participantes

ção de pessoas no treinamento era tímida. Nosso estado é vasto, com igrejas a mais de 1.200 km de distância. Há divergências de entendimento entre nós pastores e líderes sobre o trabalho com a infância dentro da própria denominação. A cultura de investimento das

buscado no presbiterianismo o ensino produtivo e bíblico que melhor temos a oferecer. Além disso, obtivemos o apoio da IP de Cuiabá, que sediou o evento, dispondo de amplo apoio estrutural, econômico e de pessoal, possibilitando assim boa

Ampla participação


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SÉRIE CUIDADOS PARA UMA VIDA FELIZ

Cuidado com a razão Cláudio Marra

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egundo a fabulosa Wikipedia, “Razão é a capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas”. É recurso empregado para se avaliar situações, discernir e escolher caminhos e soluções com vistas a se alcançar um propósito estabelecido. É recurso para o conhecimento de tudo o que, obviamente, está ao alcance da razão. Criados por Deus à sua imagem, fomos feitos seres pensantes. Usamos a razão. Quando Satanás tentou nossos primeiros pais, apelou para a razão, para a lógica. “É assim que Deus disse... (...) É certo que não

morrereis. Porque Deus sabe...”. Qual é a lógica disso? Tentar usar a razão e ao mesmo tempo duvidar dos motivos e da integridade divinos só podia levar à Queda. E logicamente levou. Expulso do jardim o homem pensou em um modo de driblar a espada refulgente do portão do Éden e chegar aos céus. Usou o raciocínio e saiu a torre de Babel. Mas a lógica é que quem está barrado pela porta da frente não será bem-vindo pela porta de trás ou de cima. A confusão das línguas provou que tinham de pensar em outra coisa. O ser humano em seu dia a dia encontra sempre opor-

tunidades de usar a razão. Costuma ser um bom caminho, mas é preciso cuidado. Sara usou a lógica: “Se não posso dar um filho para o meu marido, minha escrava pode. Ela vai fazer o que eu mandar. E fica tudo em casa”. Certo? Errado. Anos mais tarde, em conversa com Jesus, o fariseu Nicodemos usou a razão: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus, porque (olha a lógica aí!) ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não estiver com ele”. Jesus lhe explicou que não era por aí. Vamos continuar seres racionais, mas o conhecimento do divino vai precisar de mais do que a razão. Cuidado aí. Como podemos saber?

Como conhecer a Deus? Abandonamos a razão em favor de uma revelação mística? Devem ficar um e outro, sem fragmentação. A certa altura de sua história a igreja achou que o conhecimento do divino era uma experiência sobrenatural e que a razão nada ajudaria no processo. Chegou o momento, porém, em que alguém teve a ideia de vasculhar o divino com os recursos mentais humanos. Só eles. O passo seguinte foi outra Babel, o homem se achando o autor de suas próprias soluções. O racionalismo entrou na própria igreja e alguns queriam um cristianismo sem o sobrenatural. Exclusivamente lógico, racional.

Bem, racionais, os cristãos e o cristianismo deverão continuar sempre. Racionalistas, não. Continuaremos usando a razão, mas não a colocaremos no altar do nosso culto. Dádiva divina na criação, ela nos socorrerá na leitura dos sinais de Deus no Universo e dos escritos que ele quis nos deixar, mas sozinha não dará conta do recado. Conversando com os judeus em Tessalônica, o apóstolo Paulo lhes deu em que pensar. Estimulou seu raciocínio. Apelou para a razão. Vamos fazer o mesmo. Com todo cuidado. O Rev. Cláudio Marra é o Editor do Currículo Cultura Cristã e autor do livro A Igreja Discipuladora.

REFLEXÃO

Liberdade de consciência “(...) a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência” (2Co 1.12) Antônio Cabrera

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nquanto aguardo o meu vôo, li que hoje (04.05.18) a Suprema Corte dos EUA decidiu que um padeiro cristão não pode ser forçado a fazer um bolo para um casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ele tinha sido multado

pelo Governo do Colorado por discriminação. É extremamente perigoso o Estado obrigar alguém a criar algo que viola suas crenças. O mundo seria diferente se o Governo recebesse esse tipo de poder. Será apenas uma questão de tempo até que ele seja

aplicado contra você. Mas, a liberdade religiosa representa o último baluarte contra o totalitarismo. Ela atesta que existe uma fonte de autoridade além do Estado. Na decisão, Gorsuch, o Justice (Ministro) recémnomeado declarou: “Neste país, o lugar dos

funcionários seculares não é julgar crenças religiosas, mas apenas proteger seu livre exercício.” Essa deveria ser uma grande lição para o Brasil, onde cada vez mais o STF se intromete em questões de consciência. A visão marxista de parte do judiciário tenta

algemar a igreja. Mas a visão da vida cristã algema o Estado. Essa deve ser a nossa batalha. O Dr. Antônio Cabrera Mano Filho, presbítero da IP de São José do Rio Preto (SP), foi Ministro da Agricultura do Brasil no governo Collor e é membro do Conselho de Curadores do Instituto Presbiteriano Mackenzie.


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EVANGELIZAÇÃO E MISSÕES

Cultura Cristã lança 2a edição revista e ampliada de Plantando igrejas, de Ronaldo Lidório

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orquê plantar igrejas? Para o autor, há razões teológicas, pois é da natureza do povo de Deus se reunir para a Palavra, adoração, comunhão e oração (At 1.13-14; 2.42-47; 1Co 11.20). Há razões missiológicas, pois a igreja local é chamada para a missão, sendo sal que deve salgar e luz que deve brilhar, perto e longe (Mt 5.13-16; Mt 28.18-20; Rm 15.20). E há também razões estratégicas, pois o plantio de igrejas é a forma mais efetiva de

assegurar que o evangelho se enraíze em determinado bairro, cidade, aldeia ou território por mais de uma geração. Plantando Igrejas é dirigido a todos que desejam ver o evangelho transformando vidas e reunindo pessoas ao redor da Palavra de Cristo, formando igrejas locais. Aborda o plantio de igrejas em três ângulos: a teologia, os princípios e a prática. Quanto à teologia, apresenta a teologia bíblica do

plantio de igrejas e contextualização, passa pela reconciliação da teologia e missiologia, a perspectiva reformada do plantio de igrejas, o estudo da natureza e vocação da igreja, além da ação do Espírito Santo no processo de expansão da fé cristã. Quanto aos princípios, identifica os elementos essenciais no plantio de igrejas com base na experiência de Paulo em Tessalônica, as orientações norteadoras para o plantio, crescimento,

revitalização e multiplicação de igrejas, e apresenta uma retrospectiva metodológica do assunto. Quanto à prática, orienta como organizar os primeiros passos em um projeto de plantio de igrejas, expõe as estratégias essenciais e trata do perfil do plantador. Apresenta também dois métodos: Urbanus, método de pesquisa urbana com fins de evangelização e plantio de igrejas; e Vitalis, método de diagnóstico com fins à revitalização de igrejas.

www.editoraculturacrista.com.br – 0800-0141963

VIDA CRISTÃ

A nossa verdadeira identidade Djaik Souza Neves

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m dos episódios bíblicos mais lembrados pelos cristãos é o encontro de Moisés com Deus no Monte Sinai. Esforçando-se por encontrar justificativas ou racionalizações para não atender ao chamado divino para ir ao Egito, Moisés pergunta a Deus: “Que sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel?” (Êx 3.11). A relutância de Moisés não é novidade nem na narrativa bíblica e, muito menos, na experiência da

igreja. Na verdade, é bem comum. Relutamos ou tentamos encontrar algum motivo para rejeitar o chamado divino ou não assumir nossa responsabilidade. Mas a resposta do Soberano, sim, é abençoadora e, como foi para Moisés, pode ser para nós um instrumento para nos animar diante dos desafios da vida e nos conduzir à obediência e submissão à vontade de Deus. Moisés pergunta “quem sou eu?”. Deus responde: “Eu serei contigo”. Enquanto a pergunta pode revelar crise, medo, desânimo ou,

mesmo, indiferença e covardia; a resposta supera tudo isso e muito mais, e de modo direto ensina que a nossa identidade precisa ser definida pela presença, pela graça e pelo poder de Deus. Pela presença, porque Deus responde mostrando que o que nos define e o de que precisamos não está em nós mesmos e não podemos conquistar com nossa própria força. Precisamos é da presença e comunhão daquele que nos criou para ele. Mas a nossa identidade também é definida pela graça porque, conquanto tenha-

mos sido criados para Deus, o pecado nos afastou dele e comprometeu nosso relacionamento com o Santo, a ponto de sermos chamados de inimigos. Por isso, sua presença é fruto tão somente de sua graça em Cristo. Pela fé, de inimigos fomos feitos amigos e Aquele que era contra nós agora é “por nós” (Rm 5.10; 8.31). Finalmente, o que define quem somos é o poder de Deus, visto que a presença dele implica o seu poder e a garantia de que o seu propósito se cumprirá, mesmo tendo inimigos tão cruéis

e poderosos como Faraó e o Egito ou, em nosso caso, Satanás, o mundo e a nossa própria carne. Assim como Moisés que, mesmo relutante, entendeu e voltou ao Egito para ser o instrumento de Deus, confiemos no Senhor, e que nossa identidade seja definida pela presença dele conosco, resultado da sua graça e garantia do seu poder, a fim de sermos quem devemos ser e fazermos o que ele requer de nós. O Rev. Djaik Souza Neves é Pastor da IP Jardim Guanabara/Cuiabá-MT e Presidente do Sínodo Centro América.


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Boa Leitura A Inspiração e autoridade da Bíblia – Benjamin Beckinridge Warfield

Em A inspiração e autoridade da Bíblia, Benjamin Beckinridge Warfield (1851-1921) nos apresenta como a Escritura e sua doutrina clássica estão envolvidas na soberania divina. Afinal, Deus não poderia ser soberano em relação aos seres humanos racionais se também não fosse soberano na revelação de si mesmo a eles. Desse modo, Benjamin retorna à Bíblia nos revelando sua soberania e mostrando seu poder emprestado para a ciência e a filosofia e, acima de tudo, confirmando como Deus é soberano no domínio do ser e do conhecimento. Benjamin Beckinridge Warfield foi formado pela Princeton University em 1876, lecionou aulas de Didática e de Teologia Polêmica no Theological Seminary of Princeton de 1887 a 1921. Sua obra, A inspiração e autoridade da Bíblia, publicado no Brasil pela Cultura Cristã, encontra-se com preço exclusivo para compras na loja virtual da editora. O chamado para líderes cristãs – John Stott Um livro relevante para os líderes da atualidade, O chamado para líderes cristãos apresenta um modelo de liderança

moldado segundo Cristo, não de acordo com a cultura. Tendo como base os capítulos iniciais de 1Coríntios, John Stott expõe uma mensagem especial para os líderes da igreja contemporânea, tanto para clérigos quanto para leigos, voltada para aqueles que desenvolvem seus ministérios tanto no mundo ou no interior da igreja. Para compreender o livro, tenha em mente que “liderança” é uma palavra comum a cristãos e não cristãos, mas isso não significa que tenha o mesmo conceito para ambos. Afinal, Jesus apresentou ao mundo um novo estilo de liderança: o modelo servil. John Stott (1921–2011) tornou-se mundialmente famoso como pregador, evangelista e mestre da Bíblia. Foi Reitor da All Souls Church em Londres e líder dos evangélicos em todo o mundo. Escreveu diversos livros, incluindo a coleção Estudos Bíblicos John Stott, da Cultura Cristã.

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Entretenimento e reflexão O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.

Casamento temporário – John Piper

Curtindo a Vida Adoidado (1986)

É fato: o significado real do casamento está distorcido na sociedade atual, prova disso é a fuga de inúmeros jovens de assuntos relacionados ao casamento e compromissos. Em Casamento Temporário, John Piper nos apresenta a grandiosa visão bíblica do casamento: a manifestação do amor fiel à aliança de Jesus e seu povo. Ele mostra as consequências da atual distorção do casamento, que gera atitudes tão baixas, descomprometidas e utilitárias com relação ao casamento e que transforma a visão bíblica em algo ridículo para a maioria das pessoas. O casamento é uma dádiva temporária, mas gloriosa. É mais que o amor mútuo entre marido e esposa – imensamente mais. Desse modo, Casamento Temporário apresenta a visão bíblica, seus contornos inesperados e suas consequências de peso igualmente para todos: casados, solteiros, divorciados e recasados.

Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963

No último semestre do colégio, o jovem Feris Bueller sente um incontrolável desejo de matar aula e planeja um dia de aventuras na cidade ao lado de sua namorada, Sloane, e de Cameron, seu melhor amigo. Mas para colocar seu plano em prática, Feris precisa escapar do diretor da escola e de seu irmã. Com muito humor, cenas icônicas e pequenas doses de suspense, Curtindo a Vida Adoidado é ótimo para tentarmos entender a realidade da juventude contemporânea. Veja bem, o longa é um grito de liberdade para os jovens desanimados como Cameron, que precisam de um empurrão para acordarem para vida e correrem atrás dos seus sonhos. Mas o filme também é importante para entendermos sobre limites e consequências, afinal, Feris apronta poucas e boas e sai ileso – algo que não acontece na vida real, o que muitos jovens não entendem e sofrem com isso. Dica: use o clássico da cultura pop como pano de fundo para debates sobre como ensinar nossos jovens e adolescentes lideram com a vida, seus sentimentos e ações de um modo saudável e bíblico.

Jurassic World: Reino Ameaçado (2018) A franquia Jurassic Park faz parte de nossa vida há um bom tempo. O blockbuster de entretenimento e fantasia voltou às telonas em 2015 com Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, e agora em 2018 com Jurassic World: Reino Ameaçado. Com algumas semelhanças no roteiro, os filmes da franquia nos divertem, relembram medo da infância e nos fazem prender a respiração em momentos de tensão. Mais ainda: seu enredo (de modo proposital e discreto) nos leva a refletir sobre a ganância do ser humano por poder e dinheiro. Jurassic World: Reino Ameaçado (ainda em cartaz nos cinemas) mostra justamente isso, afinal, vemos os protagonistas Owen e Claire retornarem ao parque temático e resort de luxo Jurassic World e descobrirem uma conspiração que pode colocar o planeta inteiro em um perigo não visto desde a era pré-histórica, e acentuada com o passar dos anos em decorrência do anseio de sempre ter mais do que o necessário da humanidade.

Os Bons Companheiros (1990) Ganhador do Oscar de 1990, Os Bons Companheiros nos apresenta Henry Hill, um jovem que cresce na máfia e trabalha arduamente para crescer entre seus companheiros. Ansiando por uma vida de dinheiro e luxo, Henry e seus companheiros, Jimmy Conway e Tommy DeVito, não ligam para as atrocidades que precisam realizar para alcançarem os mais altos postos da máfia. Os Bons Companheiros é um longa muito bem feito: fotografia boa, uma bela (e bem pensada) trilha sonora e roteiro que prende nossa atenção desde os primeiros minutos. É um clássico, mas também é atemporal. Afinal, aborda temas contemporâneos como influências em nossa construção de caráter e personalidade e consequências (boas e ruins) em decorrências de nossas escolhas. O mundo dos gângsteres pode estar muito longe de nossa realidade, mas ele existe e suas tramas estão presentes – principalmente entre crianças e adolescentes que estão em processo de construção de caráter.

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