BP 769 DEZEMBRO 2018

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Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 58 nº 769 – Dezembro de 2018

Organização do sínodo de Limeira

Conforme decisão da CE-SC/1PB-2018, o Sínodo de Campinas (SCP) reuni-se para reunião de desdobramento e organização do Sínodo de Limeira. A reunião ocorreu no dia 15 de setem-bro na IP de Limeira com a presença dos presbitérios do SCP, da CE-SCP e visitantes. Página 10

Lançamento Histórico

Como parte da celebração dos 400 anos do Sínodo de Dort, a Editora Cultura Cristã lançou, no dia 7 de novembro, livro Crise nas Igrejas Reformadas durante evento na IP Ebenézer, em São Paulo (SP). Páginas 6

A Identidade de Jesus

Homem de Fé

A época do Natal sempre nos leva a refletir sobre acontecimentos e esperanças a cerca de Jesus, e mais ainda sobre quem ele: Jesus, o Salvador; Cristo, o Ungido; O Filho de Davi, a Esperança de Israel.

Rev. Andrew Brunson esteve preso por acusações de espionagem na Turquia durante dois anos. Ao visitar o salão oval da Casa Branca, o pastor americano surpreendeu o mundo com sua fé e oração.

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Editorial – Igreja Perseguida

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EDITORIAL

Brasil Presbiteriano

Igreja Perseguida

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povo de Deus tem enfrentado oposição e mesmo perseguição desde tempos antigos. Abel não durou muito e enquanto Noé construía a arca choviam piadas e sarcasmo. Isaque teve de lidar com oposição: “Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cento por um, porque o Senhor o abençoava. Enriqueceu-se o homem, prosperou, ficou riquíssimo; possuía ovelhas e bois e grande número de servos, de maneira que os filisteus lhe tinham inveja. E, por isso, lhe entulharam todos os poços que os servos de seu pai haviam cavado, nos dias de Abraão, enchendo-os de terra. Disse Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós, porque já és muito mais poderoso do que nós” (Gn 26.12-16).

Mais tarde, Faraó expressou preocupação com o sucesso dos israelitas e por isso tratou de escravisá-los antes que deixassem de ser minoria (Êx 1.7-10). Para um grupo ser perseguido, então, ele deverá ter três características: (1) ser diferente (por isso identificado à parte), (2) ser bemsucedido e (3) ser minoria. O sucesso no diferente é insuportável e, se for minoria, será possível expulsá -lo. Ou eliminá-lo. Jesus Cristo, cabeça da Igreja, era único entre os rabinos de seus dias. Ninguém possuía semelhante autoridade, ele era inconfundível. A concorrência começou a observá -lo. Multidões o seguiam, suas curas eram inegáveis, seu sucesso era intragável. A concorrência passou a

ção e ser perseguidas, mas não há concessão que o cristão faça e que o livre da perseguição. Exceto é claro, que ele abra mão de sua fidelidade a Deus e se perca no meio da massa intolerante. Perseguida no começo, a Igreja de Jesus demonstrou estar preocupada não em fazer cessar a oposição, mas em não parar a proclamação do evangelho: “(...) agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus” (At 4.29-30). Podemos ser minoria e ser perseguidos, mas seremos bem-sucedidos se continuarmos diferentes.

jurá-lo de morte. Ocorre que ele não tinha apoio de Roma, nem de Jerusalém. Desdenhava ambas e seus seguidores eram gente sem expressão. Era sozinho. A concorrência viu que seria possível eliminá-lo. Jesus avisou seus discípulos que com eles não seria diferente, e não foi. Ao longo dos séculos, quando a Igreja pode ser identificada como um grupo diferente, bem-sucedido e frágil, sua vida ficou difícil. Foi assim nos dias do Império Romano, mas voltou a ser quando a Igreja Romana assumiu o poder. Minorias fiéis, isoladas, vivendo com o brilho da piedade cristã, tinham de ser eliminadas. Por quê? O ódio, ensinou Jesus, é contra ele. Certo que todas as minorias podem sofrer discrimina-

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Órgão Oficial da

www.ipb.org.br Uma publicação do Conselho de Educação Cristã e Publicações Conselho de Educação Cristã e Publicações (CECEP) Clodoaldo Waldemar Furlan (Presidente) Domingos da Silva Dias (Vice-presidente) José Romeu da Silva (Secretário) Alexandre Henrique Moraes de Almeida Anízio Alves Borges Hermisten Maia Pereira da Costa Misael Batista do Nascimento Walcyr Gonçalves Conselho Editorial do BP Março 2018 a março 2020 Cláudio Marra (Presidente) Anízio Alves Borges Ciro Aimbiré Moraes Santos Clodoaldo Waldemar Furlan Hermisten Maia Pereira da Costa Jailto Lima do Nascimento Natsan Pinheiro Matias

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AMAZO

Líderes de igrejas indígenas participa de curs m o plantado para igrejas res de ministrad em Man o aus pelos Revs . Alcedir Sentalin e Rona ldo Lidório, autor do livro Plan Igrejas tando da Edit ora Cultura Cristã.

Ano 58, nº 769 Dezembro de 2018

livre exerc ício?

Editor Cláudio Antônio Batista Marra Editores Assistentes Eduardo Assis Gonçalves Márcia Barbutti de Lima Produtora Mariana P. Anjos Edição e textos Gabriela Cesário E-mail: bp@ipb.org.br Diagramação Aristides Neto

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Impressão


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TEOLOGIA E VIDA

A Igreja e o sábado cristão Hermisten Costa

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Antigo Testamento insiste em que o sábado é do Senhor (Êx 16.23; 20.10; Lv 23.3), realçando a sua relevância para o povo. Esse mandamento recebe forte ênfase bíblica. A guarda do sábado também está relacionada à libertação do povo do cativeiro do Egito (Dt 5.15). Portanto, no Novo Testamento, a associação do dia de descanso com a ressurreição de Cristo foi mais do que natural, visto que é em Cristo que encontramos a verdadeira e total liberdade (Jo 8.32,36) e o padrão que assinala “antecipadamente a perfeição da obra recriadora” (Gerard Van Groningen). “Na ressurreição, Deus trouxe ao cumprimento final seu programa criativo/redentivo. A criação original produziu o mundo. Mas a criação-ressurreição trouxe o mundo à sua destinada perfeição” (O. Palmer Robertson). A questão que ao longo dos séculos tem sido alvo de acirradas discussões é: considerando que no Novo Testamento não encontramos nenhuma ordem ou mesmo ensinamento para a Igreja se reunir no domingo; por que a Igreja substituiu o sábado pelo domingo? A resposta para essa pergunta encontra-se nas páginas do Novo Testamento e, também, na história da Igreja

dos séculos posteriores. O Novo Testamento nos mostra que a ressurreição de Cristo deu-se “no primeiro dia da semana” (domingo) e, que algumas das suas aparições deram-se também no domingo (Cf. Mc 16.2,9; Jo 20.1,19,26). A Igreja do Novo Testamento era primordialmente composta de judeus, os quais jamais mudariam a guarda do sábado – que era um sinal da aliança feita entre Deus e o povo (Êx 31.13; Ez 20.12,20) –, pelo domingo, se não tivesse um motivo bastante con-

"Considerando que no Novo Testamento não encontramos nenhuma ordem ou mesmo ensinamento para a Igreja se reunir no domingo; por que a Igreja substituiu o sábado pelo domingo?"

sistente e, mais ainda, se não estivessem convictos da aprovação divina. Deve ser mencionado que mesmo as Igrejas estando sempre com um grande número de judeus, em Atos e nas Cartas, não encontra-

mos nenhuma discussão ou mesmo menção de problemas relacionados à substituição gradual do sábado pelo domingo. O único motivo que nos parece plausível para essa mudança é a certeza de que Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana, passando aos poucos os cristãos a se reunirem em casas, no primeiro dia da semana, já que ainda não havia templo cristão (At 20.7; 1Co 16.2). Mais tarde, já no final do primeiro século, narrando a visão que teve do Senhor, João diz que a recebeu no “dia do Senhor” (Ap 1.10), provavelmente se referindo ao dia que a Igreja reservara para o culto. Outro documento que atesta a antiguidade da guarda do domingo por parte da Igreja Cristã, é o Didaquê (c. 120 d.C.), documento anônimo, o qual usa a mesma linguagem de João se referindo ao domingo como o “dia do Senhor”. Assim, aludindo à reunião da Igreja, diz: “Reunindovos no dia do Senhor, parti o pão e daí graças (...)” (Didaquê, XIV). Do mesmo modo, em outro documento escrito por Justino (100-167 d.C.), por volta do ano 150 – no qual temos a mais completa descrição do culto na Igreja Primitiva –, encontramos a mesma referência: “No dia que se chama do sol [domingo], celebra-se

uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se leem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos [quatro Evangelhos] ou os escritos dos profetas (...)” (Justino de Roma).

“Ora, o Dia do Senhor foi escolhido em preferência a todos os demais, visto que a ressurreição de nosso Senhor pôs fim às sombras da lei." Explicando o motivo por que a Igreja se reunia para cultuar a Deus no domingo, Justino diz: “Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos” (Justino de Roma). A observância do primeiro dia da semana é um sinal evidente de que a Igreja sempre creu na ressurreição de Jesus. Calvino também é dessa opinião, ao dizer: “Ora, o Dia do Senhor foi escolhido em preferência a todos os demais, visto que a ressurreição de nosso Senhor pôs fim às sombras da lei. Portanto, esse dia

nos leva a recordar de nossa liberdade cristã”. Aliado à adoção do domingo como sendo o “sábado cristão”, devem ser observados os seguintes pontos: a) Jesus Cristo apareceu aos seus discípulos no domingo (Mt 28.9; Lc 24.13-44; Jo 20.19,26); b) Ele enviou o seu Espírito nesse dia (Lv 23.16/At 2.1ss); c) No primeiro dia da semana, após a pregação apostólica sobre a ressurreição, havendo os primeiros convertidos, foi celebrado o batismo (At 2.14ss,41); d) A Igreja gradualmente passou a se reunir aos domingos (At 20.6-7; 1Co 16.2); e) A revelação de Cristo a João em Patmos foi no primeiro dia da semana (Ap 1.10). Concluo com o comentário de Hendriksen: “O sábado foi instituído para ser uma bênção para o homem: para mantê-lo saudável, útil, alegre e santo, dandolhe condições de meditar calmamente nas obras do seu Criador, podendo deleitar-se em Jeová (Is 58.1314), e olhar adiante, com grande expectativa, para o ‘repouso que resta para o povo de Deus’ (Hb 4.9)”. O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa integra a equipe de pastores da 1ª IP São Bernardo do Campo, São Paulo, SP, ensina teologia no JMC, é membro do CECEP e do Conselho Editorial do Brasil Presbiteriano


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SEXO SEGUNDO A BÍBLIA

O dilema e a ética do intersexo Misael Nascimento

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a edição 185 da revista SUPERINTERESSANTE, um artigo fala do intersexo, o estabelecimento genético de múltiplos padrões sexuais. Especialistas definem pelo menos cinco sexos: masculino, feminino, “herm” (pessoas com formações de testículos e de ovários ao mesmo tempo), “ferm” (pessoas com ovários e alguma expressão da genitália masculina) e o “merm” (indivíduos com testículos e algo da genitália feminina). Os portadores de intersexo são um em cada 1,5 mil, o que significa que há tantas pessoas com tal morfologia quanto com esclerose múltipla ou cálculo urinário. Na maioria dos casos, elas são submetidas a cirurgias de definição de sexo logo após o nascimento. O problema é que cerca de 25% delas, ao se tornarem adultas, rejeitam o sexo “estabelecido pelo médico”. São mulheres que, interiormente, são homens, ou vice-versa. A igreja é desafiada a articular uma nova ética para tais pessoas, que alojam dentro de si ambiguidades sexuais sem terem optado por isso. A medicina se encontra dividida quanto à melhor forma de tratamento. Biblicamente, trata-se de uma situação que foge ao padrão da criação, mas que não pode estar excluída do

padrão da redenção. Tais indivíduos são tratados pelos médicos como pacientes. A medicina entende que a vivência social e psicológica exige uma definição sexual masculina ou feminina e por isso utiliza a cirurgia, nos primeiros dias de vida, para estirpar um dos órgãos sexuais e formatar o sexo “definitivo”. O problema é que, destes, cerca de 25% confirmam uma orientação sexual diferente daquela que foi “cirurgicamente estabelecida”. Literalmente, pode ocorrer de um “homem” adulto e portador de todos os caracteres genéticos e desejos masculinos, possuir órgão sexual feminino. O cristianismo, em sua caminhada histórica, afirma três coisas: A criação, cujo ideal é a sexualidade consistente com a configuração biológico-física, “macho” ou “fêmea” (Gn 1.27). A queda, que viola o estado original e corrompe o universo. A redenção, realizada por Cristo que “morreu e ressuscitou” a fim de resgatar tanto o homem, quanto o cosmos (Rm 8.1-25; Cl 1.13-20). A partir daqui, é possível esboçar uma ética de três níveis: 1. É preciso se aproximar dos portadores de intersexo e dizer: “Vocês são bem-vindos, iguais a nós, dignificados por Deus na criação e prejudicados em

razão da queda. Cheguemse ao Senhor e aproximemse da igreja; a graça acolhe a todo o que crê”. Tal postura de nivelamento é necessária para que nos lembremos de que, à parte da graça divina, somos todos doentes e perdidos. Mas eis a questão: tais pessoas desejam expressar sua sexualidade. Aquele “homem” em um “corpo de mulher”, sente desejo sexual por pessoas do sexo feminino. “E agora José”? 2. Aplica-se, então, o segundo nível de formulação ética, apresentando a graça de Deus, agora em seu aspecto restritivo. De acordo com a Bíblia, seres humanos de todos os sexos devem restringir sua prática sexual: “Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo” (1Co 6.18). Homem, mulher, herm, ferm, merm ou seja lá qual for a designação de gênero, devem pra-

ticar a continência (Ef 5.36). Assim, essa “irmã” que geneticamente é “irmão”, precisa aprender a viver sob a liderança do Espírito, a fim de não praticar a imoralidade, uma vez que o contato sexual com outra mulher denotaria a prática de homossexualismo feminino (lesbianismo — Rm 1.26; Ef 5.15-21). Tal pessoa nunca poderia expressar livremente seus desejos sexuais? A resposta é “não”, assim como para todos os cristãos. Esse é um dos pilares da santificação do corpo (1Ts 4.3-8). 3. O terceiro nível ético é o apoio a uma nova intervenção cirúrgica. O portador de intersexo receberia novamente um órgão sexual masculino e tornarse-ia, de fato, civil e fisicamente, um homem. Então, ele estaria livre para viver sua sexualidade biblicamente, casando-se e experimentando uma vida conjugal regular. A igreja, com todo respeito, deixaria de designá-lo “irmã” e passaria

a designá-lo “irmão”, em cuja vida veria as marcas da redenção de Jesus, aquele em nome de quem “tudo se faz novo” (2Co 5.17; Ap 21.5). Não custa esclarecer (por mais óbvio que pareça) que estou falando de portadores de intersexo e não homens ou mulheres que optam pelo homossexualismo e “decidem” operar para mudar de sexo, somente a fim de darem vazão às suas decisões contrárias a seus corpos biológicos. O intersexo é disfunção genética e deve ser considerado como algo singular. Visto por esse prisma, o intersexo não apresenta um dilema. Trata-se de uma dentre milhões de consequências da queda; uma marca do humano decaído e um chamado à prática do amor acolhedor. A igreja de Cristo não deve se abster, nem se envergonhar de acolher portadores de intersexo, nem de evangelizá-los, discipulá-los, comungar e servir ao Senhor com eles. Aliás, a igreja não pode discriminá -los. Todos os que creem em Cristo são igualados como pecadores redimidos, caminhando pela misericórdia de Deus: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20). O Rev. Misael Batista do Nascimento, pastor da IP de São José do Rio Preto, é membro do CECEP e do Conselho Editorial da CEP. http://www.misaelbn.com/umaetica-para-o-intersexo/


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GOTAS DE ESPERANÇA

Lições importantes da genealogia de Jesus Hernandes Dias Lopes

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Bíblia nos apresenta a genealogia de Jesus em duas perspectivas. Mateus o apresenta como descendente de Abraão, e Lucas retrocede sua linhagem até Adão. Mateus apresenta Jesus como o Rei dos judeus e Lucas como o Homem perfeito. Marcos e João não tratam da genealogia de Cristo, por causa do propósito com o qual escreveram. Escrevendo para os romanos, Marcos apresenta Jesus como servo e destaca suas obras mais do que suas palavras. João, escrevendo um evangelho universal, tem como escopo apresentar Jesus como o Filho de Deus e como tal, ele não tem genealogia. Tanto no registro de Mateus como no de Lucas, vemos na genealogia de Jesus Cristo pessoas más,

que se insurgiram contra Deus. Destacaremos aqui, alguns pontos: Em primeiro lugar, vemos na genealogia de Jesus mulheres em cuja vida há marcas reprováveis. Tamar coabitou com o seu próprio sogro Judá e gerou dele dois filhos gêmeos, Perez e Zera; Raabe era prostituta em Jericó; Rute era moabita e Bate-Seba, adulterou com Davi, tornando-se depois mãe de Salomão. Mui provavelmente nenhum personagem gostaria de destacar em sua biografia mulheres com esse passado. Mas por que elas estão inseridas na genealogia de Jesus? Para reforçar a verdade de que o Filho de Deus se identificou com os pecadores a quem veio salvar. Em segundo lugar, vemos na genealogia de Jesus homens em cuja vida há

marcas de mentira. Os patriarcas mencionados aqui, Abraão, Isaque e Jacó tiveram momentos de fraqueza na área da mentira. Eles não só se omitiram, mas esconderam a verdade e inverteram os fatos com medo de sofrerem as consequências de seus atos. Foram fracos e repreensíveis. Isso prova que Deus nos escolhe não pelos nossos méritos, mas apesar dos nossos deméritos. Em terceiro lugar, vemos na genealogia de Jesus homens em cuja vida há marcas de violência. Na lista da genealogia de Jesus há homens como Davi, cujas mãos estavam cheias de sangue. Roboão governou Judá com truculência. O rei Acaz queimou seus filhos, perseguiu seu próprio povo e serrou ao meio o profeta Isaías. Manassés foi muito violento, encheu

Jerusalém de sangue. Foi um monstro. Um tormento para seu próprio povo. Jamais escolheríamos homens dessa estirpe para integrar nossa família. A genealogia de Jesus aponta para a infinita misericórdia de Deus! Ele ama com amor eterno os mais indignos. Em quarto lugar, vemos na genealogia de Jesus homens em cuja vida há marcas de idolatria. Salomão, por causa de suas muitas mulheres, sucumbiu à idolatria. Roboão fez um bezerro de ouro e construiu novos templos em Israel para desviar o povo de Deus. Acaz fechou a casa de Deus e encheu Jerusalém de ídolos abomináveis. Manassés foi astrólogo, idólatra e feiticeiro. Levantou altares pagãos e prostrou-se diante de todo o exército dos céus. Na estei-

ra da genealogia de Jesus temos pessoas que nos deixam perplexos por causa de sua afrontosa rebeldia a Deus. Isso prova que Deus ama os objetos de sua ira e enviou Jesus para identificar-se com os pecadores e salvá-los de seus pecados. Mas, antes de ficarmos mais chocados com essa assombrosa lista, olhemos para nós mesmos. Somos indignos. Somos pecadores. Somos culpados. Nosso coração é desesperadamente corrupto. Por que Deus nos escolheu? Por que ele nos amou? Por que ele não poupou o seu próprio Filho, antes por todos nós o entregou, para morrer em nosso lugar? A resposta é: por causa de sua graça, que é maior do que o nosso pecar! O Rev. Hernandes Dias Lopes é o Diretor Executivo de Luz para o Caminho e colunista regular do Brasil Presbiteriano.

NOTAS

Encontro da Terceira Idade da Confederação Sinodal de SAFs do RJ Paulo César Sousa

A

conteceu no último dia 20 de outubro, no Sítio do Rob, em Itaguaí – RJ, o Encontro da Terceira Idade. O evento foi coordenado por Ana Lúcia Moraes Cordeiro Pereira, secretária da Terceira Idade, da Sinodal de SAFs

do Sínodo Oeste Rio. Uma programação muito dinâmica, com devocional na abertura e boa palestra sobre Envelhecimento Saudável, ministrada por Rev. Carlos Alberto Nunes, pastor da IP em Jardim Jerusalém. No decorrer do dia foram realizadas algumas dinâmicas bem diver-

tidas, com café da manhã, almoço e lanche no final do dia, além de momentos de lazer como caça ao tesouro, banho de piscina e partidas de futebol feminino. Um trabalho muito bem organizado que agradou a todos. Paulo César Sousa é fotógrafo e faz parte do Sínodo Oeste Rio


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LANÇAMENTO HISTÓRICO

Celebração dos 400 anos de Dort Com evento realizado na IP Ebenézer, bairro de Santana, São Paulo, a Editora Cultura Cristã lançou dia 7 de novembro o livro Crise nas Igrejas Reformadas.

O

rganizado por Peter Y. de Jong, o livro contém uma tradução atual dos Cânones de Dort a partir do inglês e artigos de renomados autores reformados, como os excelentes Simon Kistemaker, Fred H. Klooster, Marten H. Woudstra, Edwin H. Palmer, John Murray, Klaas Runia e Cornelius Van Til. Como recorda Van Til no capítulo 10, a preocupação do Sínodo de Dort (1618–1619) foi defender a doutrina da graça soberana de Deus contra os ataques a ela pela doutrina da suposta autonomia do homem caído. O apóstolo Paulo nos diz que existem dois, e apenas dois tipos de pessoas neste mundo. Há primeiramente aqueles que, por causa de sua queda em Adão, servem e adoram a cria-

tura ao invés do Criador. Em segundo lugar, existem aqueles que, por causa de sua redenção da queda por meio de Jesus Cristo, aprenderam a servir a Deus, seu Criador, e a Cristo, seu Redentor, ao invés da criatura. Os homens do segundo grupo não são, por si sós, melhores do que os homens do primeiro grupo. Não é por causa de uma sabedoria superior que os homens do segundo grupo aprenderam a servir e a adorar a Deus, mas sim porque nasceram do Espírito, porque nasceram de cima, agora eles se dedicam com tudo que possuem ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Essa foi a intenção de Dort, e ela só pode ser compreendida e avaliada no contexto da luta centenária da igreja verdadeira

pela verdade de Deus. O organizador, Peter Y. De Jong (1915–2005) pastoreou várias igrejas na denominação Cristã Reformada e como professor de Teologia Prática no Calvin Theological Seminary, Grand Rapids, Michigan. Foi um dos fundadores do Mid-America Reformed Seminary em Dyer, Indiana.

Até mesmo alguns pastores que são calvinistas na teoria são arminianos na prática. Esses pastores concordam que Dort é biblicamente são, mas conseguem manter seus ensinamentos camuflados o bastante para que ninguém os conheça. Temem que os Cinco Pontos não edifiquem, ou sejam perigosos, ou levem a equívocos. Assim, escondem suas convicções. Uma postura desse tipo não é bíblica. Um pastor deve pregar e ensinar toda a Bíblia. Não o fazer significa ir contra o Espírito Santo, pois toda a Bíblia é livro do Espírito e toda ela foi escrita para o nosso bem (2Tm 3.16-17). Toda a Escritura, diz Paulo – não partes dela. Responsabilidade do homem, sim; mas também soberania de Deus. Não apenas a oferta gratuita de salvação, mas também eleição divina. Nós também jamais devemos nos considerar mais sábios do que o Espírito Santo, escolhendo dentre toda a sua revelação aquilo que queremos pregar. O pastor é obrigado a pregar aquilo que o Espírito revelou. É uma falta de humildade e o cúmulo da presunção negligenciar propositalmente aquilo que o Espírito inspirou. Deus sabe o que é melhor para nós e disse que toda a sua Palavra é proveitosa. Como escreveu Calvino: “Por isso precisamos estar atentos para não privar os fiéis de qualquer coisa revelada sobre a predestinação nas Escrituras, para que não pareçamos defraudá-los maliciosamente da bênção de seu Deus ou acusar e zombar do Espírito Santo por ter publicado o que seria proveitoso suprimir” (Institutas, III, xxi, 3). Do capítulo 7, “A importância dos Cânones para a obra pastoral”, por Edwin H. Palmer.

MEMÓRIA

BP ano 2 A criação do BP fez parte das grandes resoluções do Supremo Concílio apresentadas em Lavras, em 1958. Com uma Comissão encarregada pela organização, o BP foi criado após várias reuniões e estudos sérios em 1959, mesmo

ano no qual sua primeira diretoria foi eleita. Na ocasião, o jornal Brasil Presbiteriano publicou com exclusividade uma entrevista com o Rev. Boanerges sobre a fundação e o papel que o Departamento Presbiteriano de Imprensa exerceria na IPB.

A matéria foi veiculada em dezembro de 1959. Na mesma edição, o Rev. Prof. Francisco P. Alves, membro do corpo docente do Seminário Presbiteriano do Sul, relatou sobre o Tema Geral e os subtemas da 18ª Assembleia Presbiteriana Mundial, que

aconteceu em agosto de 1959 em São Paulo, sendo um dos pontos altos das Comemorações do 1º Centenário do Presbiterianismo no Brasil. Compromisso com a informação e comunicação fazem parte da missão e valores do BP.


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NATAL E ANO NOVO

O ano da graça de Deus Djaik Neves

O

título se refere ao texto do “profeta evangélico”, como é conhecido Isaías pela precisão das profecias relacionadas à vinda de Jesus. No capítulo 61 ele fala do Espírito Santo ungindo Jesus para pregar as boas notícias aos quebrantados e curá-los, anunciar libertação dos presos, o que é resumido na frase “apregoar o ano aceitável do Senhor”. Mas Deus não é sempre gracioso, bom e favorável? Sem dúvida, no entanto, ele se revela especialmente gracioso, bom e favorável àqueles a quem planejou salvar. O ano da graça do Senhor é o tempo em que ele demonstra o seu amor pelos seus, executando a sua salvação planejada desde a eternidade (Gl 4.4). O “ano da graça de Deus”, bem como o Natal, só podem ser compreendidos se considerarmos a realidade dos demais atributos do Deus que é tam-

bém é santo, justo e irreconciliável com o pecado. O “ano do favor” do Senhor ou a ocasião da manifestação da sua bondade se dá porque, se assim não fosse, não haveria possibilidade do homem pecador usufruir de sua comunhão. Por isso, poucos capítulos depois, o mesmo profeta nos diz que o melhor que podemos fazer é imundícia diante de Deus (Is 64.6). A profecia de Isaías era uma referência ao “ano do jubileu”, estabelecido na Lei de Moisés (Lv 25), quando escravos tinham de ser libertados, dívidas tinham de ser perdoadas, terras deveriam ser devolvidas aos donos que as haviam perdido. Um tempo favorável e animador para pobres, presos ou endividados. O salmo 118.24 e seu contexto traz ainda mais luz sobre o tempo especial em que Deus revela e estabelece a sua salvação graciosa. Normalmente o conhecido “este é o dia que

o Senhor fez…” é usado como motivação para nos alegrarmos em um determinado dia, entendendo que foi Deus quem o planejou para o nosso bem. Mas conforme podemos perceber pelo contexto, é

"...olhemos uma vez mais para o Ungido do Senhor que trouxe boas notícias, libertando do pecado e curando o coração."

bem mais do que isso. Tais palavras foram também cumpridas na revelação de Jesus como a “pedra angular” que sustenta a edificação da igreja e na entrada de Jesus em Jerusalém, sendo saudado com o “hosana” (Salvanos Senhor); o “dia que o

Senhor fez” traz a mesma ideia revelada ao profeta Isaías, do tempo providencial e gracioso em que Deus promove a sua salvação e, por causa dela, nos é revelado “o ano aceitável do Senhor”. De acordo com Paulo, explicando outra profecia de Isaías: “Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co 6.2). O Natal do “Filho do Homem” é o início do “ano aceitável” do Deus soberano quando, “em pessoa”, ele vem por meio do Filho e se torna o “Emanuel”, Deus conosco. Mas o “ano da bondade do Senhor” passa pelos sinais de sua presença e graça na cura dos enfermos, na expulsão dos demônios e na ressurreição dos mortos e também em seu próprio sofrimento, para se consumar na cruz. Finalmente, devo ressaltar que “o ano da graça de Deus” implica também o “dia da vingança de Deus”, visto que a injustiça requer

a punição de Deus (Sl 58.11). Além disso, conforme os profetas, o “Dia do Senhor” é terrível para os todos inimigos de Deus e do seu povo, os que não consideram a Deus ou vivem na hipocrisia e rejeitam a sua salvação. É comum sermos tomados por alguma expectativa quanto ao novo ano que se avizinha. Mas, como a mensagem deixa implícito e a Escritura não deixa dúvidas, só pode haver bom futuro quando levamos a sério o profeta e ouvimos o próprio “cumprimento da profecia”, Jesus. Após ler o referido texto, ele declarou: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir”. Um “Feliz Ano da Graça de Deus” para todos, com o sincero desejo de que olhemos uma vez mais para o Ungido do Senhor que trouxe boas notícias, libertando do pecado e curando o coração. O Rev. Djaik Souza Neves é Pastor da IP Jardim Guanabara/Cuiabá-MT e Presidente do Sínodo Centro América.

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IPB3 A estação do Natal. APECOM • rádioipb3


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PASTORAL

Pastores que a si mesmos se apascentam Valdeci Santos

O

cuidado de Deus por seu povo é geralmente expresso nas Escrituras pela metáfora do pastoreio. Desde o período dos patriarcas, o Senhor se deu a conhecer como o Pastor de Israel (Gn 49.24). Mais tarde, Davi tornou célebre o tema do pastoreio divino ao escrever o salmo 23 e expressar seu relacionamento de dependência e comunhão com Deus. Logo, não deveria ser surpresa alguma que a obra de libertação do povo de Israel do cativeiro egípcio e sua peregrinação pelo deserto fossem interpretadas como ações do pastor divino (Sl 77.20). Também, a esperança messiânica dos profetas de Israel foi expressa como o Senhor arrebanhando e cuidando de suas ovelhas (Is 40.11; Jr 31.10; Ez 34.11-16). Finalmente, Jesus, no Novo Testamento, encarna as expectativas messiânicas ao apresentar-se como o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11; Hb 13.20). Como expressão do seu cuidado pastoral por aqueles que são seus, seu povo, o Senhor se encarrega de providenciar pastores segundo o seu coração para guiá-los por caminhos que lhe agradam (cf. Jr 3.15). O problema, porém, surge com maus pastores, ou

seja, aqueles que destroem e dispersam o rebanho. Há várias advertências bíblicas sobre esses líderes que trazem confusão e dominam o rebanho com rigor e dureza (Jr 23.1-4; Ez 34.1-10). Os maus pastores são mencionados nas Escrituras como “pastores que a si mesmos se apascentam” (Ez 34.3; Jd 12), pois embora liderem o rebanho do Senhor, cuidam apenas dos seus próprios interesses. Aliás, a carta de Judas traz a descrição de algumas das características de tais pastores para ajudar os crentes a identificá-los e evitá-los. Como a existência daqueles pastores não se restringiu ao período bíblico, mas continua nos dias atuais, é relevante considerar a exortação bíblica a respeito deles. Esse exercício é útil tanto para o rebanho de Cristo, como para os pastores contemporâneos que nem sempre consideram o risco de seguirem modelos que aborrecem o Senhor. Assim, quanto mais cedo avaliarmos nosso ministério e caráter à luz da descrição bíblica dos falsos pastores, mais facilmente podemos evitar esse caminho de ofensa ao Supremo Pastor. Em primeiro lugar, Judas afirma que o ministério dos maus pastores é caracterizado pela falsidade e engodo. O escritor bíblico ressalta que eles se apre-

sentem como rochas e estrelas (v.12-13). Na verdade, porém, eles não passam de recifes submersos onde os incautos naufragam e, como estrelas errantes, eles confundem os desatentos. A falsidade dos falsos pastores também é manifestada através da dissimulação por eles usada a fim de se infiltrarem no rebanho do

"...os pastores que apascentam a si mesmos seguem os passos dos antimodelos encontrados nas Escrituras."

Senhor, corrompendo a graça de Cristo a ponto de transformá-la em libertinagem (v.4). Além do mais, eles geralmente usam essa distorção da graça de Cristo para justificar o liberalismo ético em que vivem (v.11-13). Nesse sentido, é sempre importante observar que o liberalismo teológico geralmente conduzirá à distorção ética e vice-versa. Todavia, o fim de tal ministério certamente é a destruição tanto para os maus pastores quanto para seus seguidores.

Em segundo lugar, Judas afirma que os pastores que apascentam a si mesmos seguem os passos dos antimodelos encontrados nas Escrituras. Ele afirma que eles se enveredaram pelo caminho de Caim, o qual deixou-se dominar pela inveja, ira e amargura a ponto de desprezar a repreensão do Senhor e não oferecer qualquer resistência ao pecado (Gn 4.5-8). Ao mesmo tempo, o coração desses líderes é dominado por uma ganância semelhante à de Balaão, o qual mercadejou seus serviços proféticos (Nm 22-24; Ap 2.14). E como Coré, que, desprezando o privilégio sacerdotal, sem motivo se rebelou e difamou autoridades instituídas por Deus (Nm 16), tais pastores não reconhecem as autoridades superiores (Jd 8-9). Dessa forma, em lugar de seguirem o exemplo e a humildade do Bom Pastor, eles trilham nas mesmas pegadas de antimodelos pastorais. Por último, Judas ensina que, na prática, esses maus pastores se revelam como inimigos da cruz de Cristo e negam o poder transformador do evangelho. Em nenhum momento Judas afirma existir nesses falsos mestres qualquer compromisso e submissão ao Supremo Pastor ou mesmo aspiração por uma vida de santidade. Ao con-

trário, numa crítica veemente ele afirma que eles transformavam as festas de fraternidade (agapais) em ocasiões de imoralidades, pois, “sem recato”, buscavam atender aos seus desejos. Também, no texto paralelo, Pedro afirma que esses libertinos prometem liberdade quando eles mesmos ainda são escravos da corrupção (2Pe 2.18-19). Dessa forma, ainda que os maus pastores possuam um discurso de piedade, esse mesmo é contrariado pela libertinagem de seus procedimentos. Como evitar, no ministério pastoral, o erro de seguir pelo caminho dos pastores que a si mesmos se apascentam? Antes de qualquer coisa, agindo como ovelha do Supremo Pastor, pois foi ele quem deixou exemplo para seguirmos os seus passos (1Pe 2.21-25). Jesus deve ser sempre o modelo do pastoreio que almeja glorificar a Deus. Além do mais, o ministério pastoral deve ser sempre exercitado na expectativa escatológica da manifestação do Pastor de nossas almas, pois naquela ocasião ele trará juízo para os maus pastores e a imarcescível coroa de glória para os que desempenharam seus ministérios fielmente (1Pe 5.4). O Rev. Dr. Valdeci da Silva Santos é pastor da IP Campo Belo, São Paulo, e Secretário Nacional de Apoio Pastoral.


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NATAL

A identidade de Jesus Cristo que Jesus triunfou sobre o pecado e purificou a nação, mas não libertou Israel de Roma. Porque Jesus não libertou o povo da maneira como o povo esperava, alguns ajustaram suas expectativas, mas muitos outros concluíram que ele não poderia ser o Messias.

Daniel Doriani

O

s relatos bíblicos do nascimento de Cristo trazem respostas a todas as perguntas que as pessoas costumam fazer. Como? Uma virgem concebeu pela intervenção direta e milagrosa do Espírito. Por quê? Para inaugurar a fase culminante do plano redentor de Deus. Quando e onde? Em Belém da Judeia, durante o reinado de Herodes o Grande, quando Quirino era governador da Síria. No entanto, é inegável que os Evangelhos, particularmente Mateus, demonstram profundo interesse pela resposta à pergunta “Quem?” Quem é este que nasceu depois de tantos preparativos, entre sinais e prodígios tão maravilhosos? É correto o interesse de Mateus pela identidade de Jesus. Estamos cientes de que todas as esperanças de se compreender os acontecimentos repousam no quanto se sabe a respeito dos personagens. JESUS, O SALVADOR Jesus é filho de Abraão, portanto é a esperança tanto de gentios quanto de judeus. Ele é filho de Davi (1.1), é o grande Rei dos judeus (2.2,6). Ele é o Cristo (1.1; 2.4), ungido de Deus para alguma tarefa essencial. Mas acima de tudo, ele é Jesus, o Salvador (1.1,21-23). Jesus no hebraico é Jo-

sué; em grego, torna-se Jesus. Significa “o Senhor [Yahweh] salva” ou “o Senhor é salvação”. Algumas pessoas foram salvas por Jesus da enfermidade e do perigo (8.25; 9.21-22), mas a libertação física não é a essência da sua obra. Em vez disso, toda libertação apontava para algo além, a divina e eterna restauração de todas as coisas (Sl 130.7-8). Deus se importa com o nosso livramento dos inimigos, das enfermidades e da morte, mas essa parte de seu plano está no futuro, para quando Jesus voltar. Por meio da sua encarnação, Jesus começou a tratar do problema que está na raiz de todo sofrimento e dor. Ele veio salvar o seu povo dos seus pecados. Vemos isso já na genealogia de Jesus. A genealogia revela que Jesus descendia dos reis judeus. Mateus cita 15 des-

ses reis, de Davi a Jeconias, também conhecido como Joaquim. Portanto, Jesus tinha sangue nobre. Porém, percebemos que esse grupo régio não era particularmente íntegro. Cerca de metade dos reis constituía-se de homens de fé. Vários deles, incluindo Davi, Ezequias e Josias, foram grandes homens. Contudo, mesmo entre os fiéis alguns pecados ultrajantes foram cometidos. Israel estava sofrendo as consequências do seu pecado (1.11-16). As fronteiras de Israel não haviam resistido. A Assíria depôs o rei de Israel e a Babilônia conquistou Judá, deportou seus líderes, e declarou com seus vassalos o miserável remanescente. CRISTO, O UNGIDO O nome de Jesus foi escolhido. “Cristo” acabou tornando-se seu sobrenome na tradição cristã, mas originalmente esse é um título

para o Messias. Como título, significava “ungido”. Ser ungido é ser separado e capacitado por Deus para uma tarefa por ele determinada. Em Israel, os sacerdotes eram sempre ungidos (Êx 28–30), os reis eram sempre ungidos (1Sm 9; 16) e, às vezes, também os profetas (1Rs 19.16). O título “Cristo” representa um homem que é ungido com óleo e assim consagrado para um ofício especial. Jesus foi comissionado pelo Pai para uma tarefa especial. É essencial que deixemos que Deus determine essa tarefa. No tempo de Jesus, a maioria dos israelitas acreditava que o Messias de Deus os libertaria do domínio romano e, de algum modo, triunfaria sobre a injustiça e purificaria a nação. Hoje sabemos que essas esperanças estavam parcialmente corretas e parcialmente equivocadas. É fato

O FILHO DE DAVI, A ESPERANÇA DE ISRAEL (Mt 1.1-17) Jesus não é um rei qualquer. Ele é o filho de Davi (1.1). O título “Filho de Davi” parece organizar toda a genealogia. Há 14 gerações de Abraão a Davi, outras 14 da ascensão de Davi ao fim da sua dinastia, quando Israel foi para o exílio, e mais 14 gerações até que nascesse o Cristo, o filho de Davi (1.17). No tempo de Jesus havia grande esperança por um rei que restaurasse Israel à sua glória passada e libertasse a nação da degradação e da opressão romana. Israel fundamentava essa esperança numa promessa feita pelo Senhor a Davi: um dia Davi teria um herdeiro, um filho que promoveria uma era dourada de poder e bênção (2Sm 7.12-15). Esse rei ungido, esse filho de Davi e Filho de Deus, subjugaria os reis da terra e os regeria com cetro de ferro (Sl 2.2-9). Adaptado de A Encarnação nos Evangelhos, capítulo 1, da Cultura Cristã.


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EXPANSÃO

Organização do sínodo de Limeira Clodoaldo Furlan

N

o dia 15 de setembro de 2018, reuniuse extraordinariamente o Sínodo de Campinas (SCP), com pauta para desdobramento do Sínodo e organização do Sínodo de Limeira (SLA), conforme decisão da CE-SC/IPB-2018. O Sínodo de Campinas foi organizado em 1971, e até a data do desdobramento se destacava como o maior Sínodo da IPB, em arrecadação (dízimos ao Supremo Concílio), membrezia e número de presbitérios. A reunião foi realizada no templo da IP de Limeira, cujo pastor é o Rev. Jonas Zulske. Contou com a presença dos presbitérios do SCP, da CE-SCP, e de visitantes. Também presente à reunião Comissão Especial nomeada pela CE-SC/IPB-2018 com seus respectivos membros: Presb. Clodoaldo Waldemar Furlan (relator), Rev. Alex Costa de Oliveira, Rev. Daniel Pereira da Silva e Presb. Sebastião Atadaine Júnior. Ausente o Rev. João Dilson de Oliveira Outeiro por motivo de saúde. A reunião histórica do Sínodo de Campinas e do presbiterianismo paulista registrou a presença dos seguintes irmãos: PRESBITÉRIO DE AMERICANA: Rev. Ailton Gonçalves Dias Filho; Rev. Márcio

Comissão Especial, representantes do presbitérios do Sínodo de Campinas e visitantes

Soares; Pb. Hélio de Oliveira Camargo; Presb. Gilberto Cordeiro da Graça e Presb. Josias Rolf Rocha. PRESBITÉRIO DE BROTAS: Rev. André Luiz Lamano; Rev. Helvécio Francisco dos Santos; Rev. Salvador Pereira Santana e Presb. Nilton Alves de Souza; PRESBITÉRIO DE CAMPINAS: Rev. Jônatas Alves de Oliveira; Rev. Davi Romualdo

da Costa; Rev. Carlos Eduardo Aranha. PRESBITÉRIO METROPOLITANO DE CAMPINAS: Rev. Carlos Roberto Miranda; Rev. Danilo Cassemiro de Campos; Rev. Jair de Castro Araújo; Presb. Almir Gonçalves de Miranda; Presb. Afonso Christiano Netto; Presb. Carlos Cesar Boff Buffon. PRESBITÉRIO DE LEME: Rev. Julia-

no Costa de Souza; Rev. Lacy Vieira de Campos Neto; Rev. Luiz Henrique Fernandes Vieira; Presb. Fernando Gonçalves Sales; Presb. José Carlos Gonçalves. PRESBITÉRIO DE LIMEIRA: Rev. Jonas Zulske; Rev. Márcio Tadeu De Marchi; Rev. Wladmir Moura; Presb. Pedro Luiz Pilon e Presb. Heber Santos Martins. PRESBITÉRIO

Comissão Especial e representantes dos presbitérios do Sínodo de Limeira

DE RIO CLARO: Rev. Eliton José Ribeiro; Rev. Jefferson Costa; Rev. Wagner Aparecido dos Santos; Presb. Henrique Rossler de Moraes; Presb. Gilson Isler Afonso e Presb. Lorivaldo Elias da Silva. PRESBITÉRIO DE SANTA BÁRBARA D´OESTE: Rev. Sidney Raimundo da Silva; Rev. Giovani Ferreira Pereira; Rev. Erasmo José Babboni Silvério; Presb. Mateus Carvalho da Silva; Presb. Sérgio Walter La Luna e Presb. Osvaldo Feltrin. PRESBITÉRIO DE SÃO CARLOS: Rev. Cirilo José Gabriel Nunes; Rev. Jahyr Eliel Theodoro; Rev. José Ricardo Lourenço; Presb. Elilde Marinho; Presb. José Carlos da Silva. A sessão extraordinária foi presidida pelo Rev. Davi Romualdo da Costa, Presidente do Sínodo de Campinas e Pastor da Igreja Presbiteriana do Barão Geraldo (Campinas, SP). O exercício devocional foi dirigido pelo Rev. Silas de Campos, ministro jubilado e de expressivo histórico de vida e trabalho em campos jurisdicionados pelo Sínodo de Campinas. A mensagem, “Ousadia na Vida Cristã” foi baseada em Atos 4.4-22. Em seguida, após recebimento e leitura do documento da CE-SC/IPB-2018 sobre o desdobramento do Sínodo, a Comissão


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ARTE CRISTÃ

Hashtag – o musical Nos dias 27 e 28 de outubro aconteceu na IP Central de Passos, Minas Gerais, o musical Hashtag

Presb Clodoaldo Furlan, Rev. Davi Romualdo e Rev. Márcio De Marchi

Especial reuniu-se com os irmãos representantes dos presbitérios que passarão a compor o novo Sínodo, a saber: Brotas, Leme, Limeira, Rio Claro e São Carlos. Em ato continuo, passase à eleição da Comissão Executiva do SLA, ficando assim composta: Presidente – Rev. Márcio Tadeu De Marchi; Vice-Presidente – Rev. Cirilo José Gabriel Nunes; Secretário Executivo – Rev. Wagner Aparecido dos Santos; 1º Secretário – Rev. Luiz Henrique Fernandes Vieira; 2º Secretário – Rev. André Luiz Lamano; Tesoureiro – Rev.

Rev. Silas de Campos

Salvador Pereira Santana. Para os cinco primeiros cargos da CE, foram eleitos os Presidentes atuais dos respectivos Presbitérios do novo Sínodo. O Rev. Salvador, eleito tesoureiro, pertence ao Presbitério de Brotas. Encerrou a reunião com oração e benção apostólica, impetrada pelo Rev. Silas de Campos. A igreja hospedeira, ofereceu o almoço a todos os participantes. Que Deus abençoe em sua infinita graça o novo Sínodo de Limeira! O Presbítero Clodoaldo Waldemar Furlan é o presidente do CECEP.

Flávia Gabriela Dias

O

musical conta a história de Carol de Albuquerque, uma garota em conflito com sua própria consciência quanto a seguir os padrões do mundo digital, principalmente relacionado às redes sociais. Em meio a idas à academia e encontros com amigos, Carol quer divulgar, mostrar e postar tudo o que acontece em sua vida, almejando ser uma influenciadora digital. Mas no decorrer da trama, a personagem Consciência vai mostrando para Carol o real sentido da vida, o caminho que Jesus quer que sigamos, e o quanto o mundo digital está borrando a visão das pessoas. Além disso, uma carta da mãe de Carol a faz repensar e refletir na vida que ela está

levando, se ela está dando o real valor para as pessoas ao seu redor. E quando o evento do ano acontece, o casamento da famosa amiga de Carol, Teté Tame, o qual teve o objetivo de promover a imagem da própria Teté Tame, Carol se indigna com as atitudes passivas das pessoas, que dizem ser suas amigas, quando um garçom é jogado ao chão. Todos filmam, tiram fotos, mas ninguém o ajuda. Carol os confronta com tudo o que tem visto e, apesar de muitos não a escutarem e acabarem deixando -a, outros acabam vendo a verdade e o final se revela com a mensagem de que a vida que Jesus quer que vivamos seja real e presente, e não falsa atrás de uma tela que não condiz com a realidade cristã.

O musical contou com cerca de 26 atores e dançarinos e 13 pessoas como equipe de apoio e banda, todos voluntários que dedicaram horas diárias para realizar o musical com excelência. Os personagens principais, Carol e Consciência, foram interpretados por Marina Garcia e Guilherme Gomes. Ademais, a equipe contou com a presença dos operadores de áudio e sonoplastas Omitamar Tolaini e Álvaro Nunes. A apresentação teve a direção musical de Cynthia Marques, direção teatral de Natália Soares e Guilherme Gomes, coreografias de Cristiana Soares e figurinos de Val e Júlia. Flávia Gabriela Garcia Dias é membro da IP Central de Passos (MG).


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FAMÍLIA

Aliança (...) o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, pelo sangue da Eterna Aliança (Hb 13.20). Aldenir L. de Oliveira

A

liança é anel de casamento entre um homem e uma mulher, que indica um compromisso indissolúvel, monogâmico e heterossexual. Significa também acordo, contrato, pacto realizado entre duas ou mais partes. Em 1864, o Brasil se aliou ao Uruguai e Argentina, contra a guerra do Paraguai, na chamada Tríplice Aliança. Em 1Samuel 18.3: Jônatas e Davi fizeram aliança; contras as maldades de Saul. Aliança representa

fidelidade e compromisso. “A aliança usa-se no dedo anelar da mão esquerda desde a civilização egípcia. Os Faraós foram os primeiros a usar um círculo (sem início nem fim, como alegoria de eternidade), porque eles acreditavam que existia uma veia que ligava o dedo anelar esquerdo diretamente ao coração.” No Novo Testamento, a Nova Aliança é a da graça. Deus quem faz tudo por nós, através de Cristo e pela ação do Espírito Santo. O véu foi rasgado de alto abaixo, fomos salvos,

Deus mudou o nosso coração, fez um “transplante”, tirou o coração de pedra e deu-nos um coração de carne. Na Nova Aliança Jesus é o único mediador entre Deus e o homem. Quem participa dela não vive confiado em si mesmo, mas em Deus. Essa Aliança jamais será revogada, cancelada, anulada, nunca acabará ou fi-

cará velha, porque Jesus é seu autor e consumador. Ele fez tudo por nós, sacrificando-se de uma vez para sempre. Em Jeremias 32.38-40 temos uma promessa maravilhosa: Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos. Farei

com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. Corretamente afirmou Samuel Rutherford (1600-1661): “O que levou Deus a fazer a aliança da graça, foi o seu infinito amor e misericórdia. Nós éramos abandonados, rejeitados, mas Deus fez conosco uma aliança eterna. Jamais poderemos estar diante dele em condição de igualdade, somente em submissão, obediência, dependência total e gratidão eterna. Obs: Citação entre aspas extraída do site: pastorwalterpacheco.com.br Aldenir L. de Oliveira é presbítero da 1ª IP de Taguatinga – DF

NO BRASIL E NO MUNDO

Sequestradores libertam 78 estudantes adolescentes em Camarões

O

s 78 estudantes adolescentes e um motorista sequestrados no noroeste de Camarões, região mergulhada num conflito armado entre separatistas e as forças de segurança, foram libertados no dia 07/11, quarta-feira. “Louvado seja Deus! 78 crianças e o motorista foram libertados. O diretor e um professor ainda estão com os sequestradores.

Vamos continuar orando”, disse Samuel Fonki, ministro da Igreja Presbiteriana em Camarões. O grupo da Presbyterian Secondary School de Bamenda (capital regional) ficou por dois dias sequestrado. Esse tipo de sequestro é praticamente inédito em Camarões, diferentemente da vizinha Nigéria, onde o grupo extremista Boko Haram seques-

trou 200 adolescentes de um internato em 2014. Em um vídeo de 6 minutos ao qual a AFP teve acesso, 11 meninos de cerca de 15 anos dizem em voz alta em inglês seus nomes e afirmam ter sido sequestrados pelos "Amba boys" – grupo armado de separatistas anglófonos. As duas regiões anglófonas de

Camarões, no noroeste e no sudoeste, são desestabilizadas por grupos separatistas armados que pretendem proclamar um Estado independente, restaurando assim a "dignidade" de uma minoria que se considera marginalizada pelo governo central, dominada pelos povos francófonos. Adaptado do Portal G1 - Globo


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IGREJA PERSEGUIDA

Condenada à morte, cristã paquistanesa é ouvida pela justiça Decisão final ainda pode demorar dias ou semanas, mas advogado de Asia Bibi informou que há boas chances de liberdade

N

o último dia 8, a Suprema Corte do Paquistão, na capital Islamabad, finalmente ouviu o muito adiado apelo de Asia Bibi, a primeira mulher cristã sentenciada à morte sob a lei de blasfêmia do país. Ainda não foi anunciada a decisão. Disseram que irão "reservar o julgamento" por vários dias ou possivelmente semanas. Aasiya Noreen, comumente conhecida como Asia Bibi, está na prisão des-

de 2009 e recebeu pena de morte em 2010 por blasfêmia, após supostamente fazer comentários ofensivos sobre o profeta Maomé durante uma discussão com uma mulher muçulmana. O advogado dela, Saif-ul-Malook, disse ao portal de notícias Deutsche Welle (DW) que a cristã permanece com uma boa chance de ser libertada. De acordo com ele, esse é legalmente um caso fraco. Também houve contradi-

ções nos depoimentos das testemunhas, de acordo com o site de notícias paquistanês The News International. Apenas a Suprema Corte do Paquistão pode mudar a sentença de morte de Asia Bibi ou ela terá de apelar ao presidente por misericórdia. Durante a visita do enviado especial para Liberdade de Religião e Crença norte-americano, Jan Figel, ao Paquistão, em dezembro de 2017, ele disse a oficiais que a renovação do direito de exportação para a Europa do país dependeria da soltura da paquistanesa. Os cristãos paquistaneses temem que, mesmo se ela ganhar o recurso e sua condenação por blasfêmia for anu-

lada, Asia Bibi será vítima de grupos violentos, já que muitos paquistaneses estão convencidos de que ela merece morrer. Durante a sua audiência de recurso, o marido e a filha de Asia Bibi estavam no Reino Unido. Eles falaram em um evento realizado por uma organização cristã na

Universidade de Lancaster, no último final de semana. Ashiq Masih disse que sua esposa “nunca se converteria ao islamismo”. Ele disse também que ela está psicológica, física e espiritualmente bem. “Tendo uma fé forte, ela está pronta e disposta a morrer por Cristo”, disse ele na última sexta (5).

IGREJA PERSEGUIDA

Pastor Andrew Brunson libertado de prisão na Turquiapela justiça O pastor, acusado de espionagem contra a Turquia e mantido sob custódia por dois anos, foi libertado e está livre para deixar o país

O

pastor norte americano Andrew Brunson, prisioneiro na Turquia há mais de dois anos foi libertado dia 12 de outubro. Brunson, da Carolina do Norte, viveu na Turquia por mais de 23 anos com sua esposa e três fi-

lhos. Ele serviu como pastor na Igreja da Ressurreição de Izmir até ser detido em consequência de um golpe fracassado em outubro de 2016. Na sexta-feira, 12 de outubro, um tribunal turco condenou o pastor por acu-

sações de terrorismo e espionagem relacionadas ao fracassado golpe de 2016

contra o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Apesar de tê-lo condenado a mais de três anos de prisão, o tribunal o libertou por conta do tempo já cumprido em detenção e por bom comportamento. Podendo pegar até 35 anos de prisão, se condenado, Brunson negou categoricamente todas as acusações. Ele havia declarado no tribunal “Eu sou um homem inocente em todas essas acusações. Eu sei

porque estou aqui. Estou aqui para sofrer em nome de Jesus". Depois de ser detido em diversos centros de detenção desde a sua prisão em outubro de 2016, Brunson foi designado para prisão domiciliar em julho deste ano. A provação foi longa e difícil. Relatórios do início deste ano declararam que sua saúde se deteriorou depois que ele passou um tempo em uma "prisão de pesadelo" na Turquia.


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FALECIMENTOS

Eugene Peterson: uma longa obediência na mesma direção A família diz que Eugene olhou alegremente para o céu quando se aproximava da morte, dizendo: "Vamos".

O

pastor presbiteriano, autor de O Pastor Descartável, O Pastor segundo Deus e Uma Longa Obediência na mesma Direção, da Cultura Cristã, morreu no dia 22 de outubro, aos 85 anos, uma semana depois de ser internado devido a complicações relacionadas à insuficiência cardíaca.

Sua família divulgou um comunicado em seus últimos dias alegres na terra. “Durante os dias anteriores, ficou claro que ele estava navegando no espaço estreito e sagrado entre a terra e o céu”, afirmaram. “Nós o ouvimos falando com pessoas que só podemos presumir que o receberam no paraíso.”

Entre as suas palavras finais estavam: “Vamos”. Eugene permaneceu alegre até o seu final abençoado, sorrindo frequentemente. No ano passado, em uma entrevista ao jornal Religion News Service sobre o fim de sua carreira no ministério público, Peterson disse a Jonathan Merritt que ele estava mais curioso do que com medo da morte. Os seus escritos sobre espiritualidade inspiraram líderes evangélicos e lei-

gos igualmente. A revista Christianity Today o descreveu como um “pastor de pastor” – um escritor pastoral que visa manter os líderes cristãos fundamentados em uma teologia bíblica robusta em meio as pregações superficiais visando o auto-aperfeiçoamento e campanhas de marketing de megaigreja para “fazer mais”. Foi o autor de mais de 30 livros, incluindo o best-seller A longa obediência na mesma direção, publicado

Carlos Henrique Machado

A

irmã Cira Ester Pacheco Salum faleceu aos 84 anos no dia 03 de outubro de 2018, em Campinas, SP. Nascida em Patos de Minas (MG), no dia 14 de março de 1934, em lar presbiteriano; seu pai, João Pacheco Filho, foi presbítero atuante e temente a Deus e esteve presente desde a

organização da 1ª IP daquela cidade, em 1947. Ela estudou no Instituto Presbiteriano Gammon, em Lavras, MG. Realizou sua pública profissão de fé em 1953, com o Rev. Nelson Armando Bonilha. Membro atuante da Mocidade Presbiteriana, ajudou na organização de vários Congressos da UMP. Em um deles conheceu aquele que viria a ser seu espo-

so, Oadi Salum, quando ele ainda era seminarista. Casaram-se em Patos de Minas em 16 de janeiro de 1959. Acompanhou seu marido em todos os campos para os quais foi designado após sua graduação no Seminário Presbiteriano do Sul, no final de 1959: Piracanjuba (GO), Araxá (MG), Patos de Minas (MG) e Patrocínio (MG). Em 1976, passou a residir em Campinas, SP, quando o Rev. Oadi Salum iniciou a sua longa e frutífera trajetória na docência do SPS. Membro da IP de Campinas, deixou boas recordações, como bem expressou o Rev. Romualdo de Souza Corrêa: “Uma doce irmã.

Adaptado de Christianity Today

Josimar Henrique

Cira Salum "(...) ouvi uma voz do céu que dizia: Escreve: Bem aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor sim, diz o Espírito, para que descansem de seus trabalhos, pois suas obras os acompanham" (Ap 14.13).

no Brasil pela Editora Cultura Cristã, em que explorou o discipulado e perseverança na vida cristã.

Tive o privilégio de ser seu pastor”. Serva fiel, temente a Deus, esposa e mãe amorosa, nos últimos anos não mais pôde frequentar a igreja por enfermidades. E mesmo em seu leito de enfermidade, jamais deixou de dar a todos que a conheceram nessa situação o testemunho de autêntica cristã e de sua fé inabalável. Que o Espírito de consolação e paz guarde os corações do Rev. Oadi, de seus filhos Suzana e Joel, de sua nora, Daniela, e de sua pequena neta, Ana Luísa. Cira Salum combateu o bom combate, terminou a carreira e guardou a fé. O Rev. Carlos Henrique Machado é Diretor do SPS.

"Como tombaram os valentes" (2Sm 1.19).

F

aleceu Josimar Henrique no dia 02/11, presbítero da 1ª IP do Recife. Homem de Deus, empreendedor, generoso, visionário e destemido na obra do Senhor, Josimar ajudou dezenas de pastores e proporcionou a plantação de inúmeras igrejas no sertão. Hábil pregador da Palavra, exímio professor, marido e pai dedicado, Josimar deixa saudades marcadas pela esperança e expectativa do reencontro na glória, no dia da ressurreição. Que Deus console a família.


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FORÇAS DE INTEGRAÇÃO

IP Ebenézer de Taubaté (SP) realiza acampamento com tema NovaMente Tiago Moura

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os dias 11 a 14, os jovens e adolescentes da IP Ebenézer de Taubaté (SP) deixaram de lado a agitação da cidade, reunindo-se em um acampamento realizado pela UMP e UPA da igreja. Tendo como base Romanos 12.2, o tema do acampamento foi NovaMente. Em um sentido mais direto, nova mente deve ser o objetivo de todo cristão: mente renovada pela ação do Espírito Santo (transfor-

mai-vos pela renovação da vossa mente). Além disso, há também o sentido mais amplo, apontando para uma ação repetida: buscar, novamente, ser mais parecido com Cristo. A Palavra de Deus foi pregada pelo Rev. Orlei Humberto, missionário no Seminário Bíblico Palavra da Vida, em Atibaia, que propôs o acrônimo RAIO (Responsabilidade, Autoridade Bíblica, Identidade ou Ideologia e Obediência) para ajudar a fixar o tema de cada

palestra. “Nossa Obediência a Deus nos leva a sermos responsáveis por seguir sua Palavra (Autoridade bíblica) como padrão de conduta para nossa vida, criando uma identidade que reflete a Cristo e não uma ideologia que agrada ao mundo.” Além das palestras, logo pela manhã os acampantes reuniam-se em pequenos grupos para um momento devocional, meditando sobre discipulado, sendo ele uma via de mão dupla:

todo cristão precisa ser conduzido por alguém mais experiente na fé e, simultaneamente, conduzir outro irmão. Além disso, em uma das tardes do acampamento, meninos e meninas foram separados para um bate -papo sobre masculinidade e feminilidade, à luz da Bíblia. Com os meninos, o Rev. Orlei tratou, entre outros aspectos, do papel de liderança e responsabilidade que Deus confiou ao homem, tanto familiar quanto na igreja. Já com

as meninas, a missionária Paula – esposa do Rev. Orlei –, da mesma forma, conversou sobre a ordem dada por Deus de serem submissas ao marido. Com a mente renovada, agradecemos a Deus pela oportunidade de aprender mais da sua Palavra durante esses dias. E pedimos a ele que nos dê a sede de experimentar todos os dias, novamente, a sua boa, agradável e perfeita vontade. Tiago Moura é jornalista e membro da IP Ebenézer de Taubaté (SP).

REFLEXÃO

Homem de fé “Não temas as coisas que tens de sofrer... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10). Antônio Cabrera

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ocê já deve ter lido sobre a libertação do Rev. Andrew Brunson, preso por acusações de espionagem na Turquia. Brunson é um ministro presbiteriano, graduado da Wheaton College, e liderou por mais de 20 anos uma congregação cristã em Esmirna, uma cidade majoritariamente islâmica. Esmirna não apenas foi o local de celebração dos jogos olímpicos,

mas a Bíblia dedica uma carta à igreja em Esmirna como o versículo de Apocalipse acima. Parece até que o versículo foi escrito para a Esmirna de hoje. Foi escrito para o Rev. Brunson, para mim e para você! Durante toda a provação, o pastor Brunson manteve sua inocência. “Que fique claro”, escreveu ele, “estou na prisão não por qualquer coisa que tenha cometido de errado, mas por causa de quem eu

sou – um pastor cristão.” Pois bem, depois de sanções econômicas americanas sem precedentes contra a Turquia, com a lira turca perdendo 40% de seu valor, o pastor foi finalmente libertado depois de dois anos preso injustamente. Mas o notável é que, na visita ao salão oval da Casa Branca, o Rev. Brunson surpreendeu. Ele dobrou os joelhos e orou com a mão no ombro do presidente americano: Eu reconheço que devemos ser cautelosos ao afirmar que Deus está do nosso lado, mas acho que está tudo bem em continuar perguntando se nós

estamos do lado dele. É isso que percebo em homens de fé como o Rev. Brunson. Eles continuam ao lado de Deus, eles permanecem fiéis, não importa o que aconteça.

E oram. Oração. Isso é o que um homem de fé faz. Ou quando está na prisão ou quando está livre! O Dr. Antônio Cabrera Mano Filho é presbítero da IP de São José do Rio Preto (SP).


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PROFESSOR QUE É PROFESSOR

Nesta edição, colocamos o professor em uma sala de aula, porém, agora como observador e aprendiz. Professor que é professor assiste aulas de outros professores e anota ideias.

De olho nos outros Até respirar, algo tão comum – e vital –, exige consciência crítica do processo. O mesmo se dá com o ensinar. Cláudio Marra

P

ode-se aprender sobre a arte do ensino em bons cursos de pedagogia, com material autodidático e com a prática em sala de aula. Mas muito se pode aprender também observando o trabalho de outros professores. O que anotar? 1. O modo como o professor estabelece contato com a classe. Ele dá sinais de reconhecer a presença

de seus alunos? Como faz isso? 2. Sua disposição para lecionar. Seu preparo físico e seu entusiasmo. Sua expressão corporal. Trate de descobrir seu segredo... 3. O convite para a aula é eficiente? Atrai a classe despertando atenção e interesse? Como aprender com ele? 4. Seu domínio do conteúdo. Parece um equilibrista em uma pinguela

ou avança com segurança? Como esse professor prepara a aula? 5. O modo como administra imprevistos. Aliás, são imprevistos razoáveis ou demonstram falta de planejamento? 6. De que modo o conhecimento que o professor demonstra dos alunos parece ajudá-lo agora? 7. O professor demonstra ter treinamento para o uso da voz? Parece ser capaz

de chegar ao fim com a voz intacta? Como conseguiu isso? 8. Aliás, o professor emprega plano de aula e recursos didáticos que reduzem seu protagonismo? De que modo? 9. Como o professor demonstra ter consciência do objetivo estabelecido para a aula? As aplicações são claras e coerentes? 10. Percebe-se relação entre a aula e atividades

extra-classe? As anotações poderão continuar, mas o que fazer com elas? O professor consciente organizará e planejará a adaptação e uso oportuno das ideias. É muito prudente aprender com seus erros e acertos. Aprender com os erros e acertos do outro é sábio. O Rev. Cláudio Marra é autor do livro A Igreja Discipuladora, professor de Homilética e Pregação no JMC e o Editor da Cultura Cristã

FÉ E CIÊNCIA

IP de Mineiros (GO) realiza conferência científica Christofer Cruz

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o dia 27 de outubro, a IP Central de Mineiros (GO) realizou sua primeira conferência científica, tendo como tema “O EMBATE CIENTÍFICO DO SÉCULO: Darwin pela evolução versus Behe pelo Design Inteligente”. O preletor foi o Dr. Marcos Eberlin, pesquisador da UNICAMP e coordenador do Discovery-Mackenzie, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O evento foi iniciado pelo credenciamento dos

participantes, seguido de uma palestra que leva o tema como título. Nela, o Dr. Marcos colocou Charles Darwin, de um lado, e Michael Behe, do outro, e mostrou evidências de que o Universo possui um Criador, ao invés de ser fruto de eventos que ocorreram em decorrência do acaso. Depois da palestra, os convidados participaram de um coffee break no pátio do edifício de educação religiosa. A segunda parte da conferência consistiu em um momento de perguntas e respostas, na qual os

participantes puderam tirar dúvidas sobre falácias evolucionistas e sobre o Design Inteligente. No dia seguinte, o Dr. Eberlin foi o professor da Escola Dominical que, reunida em classe única, pôde aprender mais sobre a grandeza de Deus evidenciada na Criação. Louvamos a Deus pelo evento e rogamos a ele que nos ajude na tarefa de aperfeiçoar o conhecimento apologético dos seus santos. O Rev. Christofer Freitas Oliveira Cruz é pastor auxiliar na IP Central de Mineiros, GO.

Dr Marcos Eberlin durante palestra


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MEDITAÇÕES

Conhecer melhor a Jesus Frans Leonard Schalkwijk

“… para O conhecer e o poder da Sua ressurreição...” (Fp 3.10). Paulo já conhecia Jesus havia 30 anos, mas ora com Oséias: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR” (Os 6.3). Preso em Roma, Paulo está pensando sobre o poder da ressurreição de Cristo. Olhando para o passado, aponta para o dia da Páscoa; olhando para o futuro,

aguarda a última trombeta. Mas sabe que também há poder da ressurreição no presente. É como ele fizesse com seus dedos um sinal de vitória, como Churchill fazia um “V”: Vida, Vigor, Vitória! Temos dois tipos de vida: vida biológica pelo nascimento e vida espiritual pelo novo nascimento. Mas, às vezes, essa é fraca. Quando morávamos em Campinas, um dia faltou água na casa e não podíamos descobrir a causa, até perceber que

meninos de rua tinham fechado o registro principal. Satanás tenta impedir o fluxo da água da vida na nossa vida. Qual o grau de desertificação da nossa vida espiritual? Se for assim, precisamos muito do vigor da vida nova. Será que os olhos do nosso coração estão cegos? Ele nos restaura a vista. Somos uns aleijados espiritualmente? Ele nos faz andar no caminho da vida. No interior do Paraná, na hora de escurecer, a ele-

tricidade era bem fraca e havia somente uns 60 volts numa lâmpada de 220; por isso usávamos um transformador para melhorar a iluminação. Deus quer que brilhemos! Usando o transformador espiritual da Palavra de Deus voltamos a ter vigor para alcançar vitória. Mas para isso precisa-se tomar uma decisão. Durante a guerra, o “D-day” (dia da decisão) era o dia da invasão dos aliados na França que finalmente levou a

“V-day” (dia da vitória). Mas dependia muito de uma correnteza constante de reforços. Deus nos garante força espiritual constante, pois “recebemos da sua plenitude graça por cima de graça” (Jo 1.16). Não vai faltar, nunca! Somente, fique ligado, ouvindo sua voz, lendo a sua Palavra, para O conhecer melhor, inclusive o poder da sua ressurreição (Jo 15.5)! De Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.

PROJETO SARA

Deus os conduziu à manjedoura "Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda população para recensear-se. José também subiu da Galileia, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. E ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria" (Lc 2.1-7). Raquel de Paula

A

manjedoura era um lugar próprio para colocar comida e água para o gado, que geralmente ficava em lugares abertos. O fato é que Jesus era o cordeiro sem defeito e sem mácula, conhecido antes da fundação do mundo, que

deveria vir ao mundo para derramar seu precioso sangue, para que, por meio dele, tenhamos fé e esperança em Deus. Ele não poderia nascer na hospedaria, mas sim como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (1Pe 1.18-20; Jo 1.29). José e Maria talvez não entendessem como Deus

poderia fazer isso com eles. Maria achou-se grávida pelo Espírito Santo, mas José sendo justo e não a querendo difamar, resolveu deixá-la secretamente. Mas o anjo do Senhor aparecera a José e explicou tudo. Agora eles têm de viajar cerca de 140 km e ainda não encontravam lugar para se hospedarem? Poderiam murmurar diante da aparente falta de providência de Deus. Entretanto, eles conheciam ao Senhor e descansavam nas promessas de Deus. Tudo estava preparado para a vinda do Messias (Mq 5.2-5). A segurança do crente está em saber quem é o

seu Deus, fiel, justo, misericordioso e bondoso. Ainda que tenhamos de passar pelo vale da sombra da morte, o Senhor é o nosso pastor e nada nos faltará (Sl 23.1). As intenções de Deus a nosso respeito são as melhores: "Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais" (Jr 29.11). Que possamos avaliar o ano que passou e dar graças a Deus por tudo, pois todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. E agradecer por tudo o que ainda nos acontecerá no próximo ano.

Paulo não sabia o que lhe aconteceria em Jerusalém, senão que o Espírito Santo lhe assegurava cadeias e tribulações. Porém, em nada considerava a vida preciosa para si mesmo, contanto que completasse sua carreira e o ministério recebido do Senhor Jesus (At 20.22-24). Que Deus abençoe nosso Natal com ricas bênçãos para nossas famílias e que no Ano Novo andemos edificados, confirmados na fé, amor e esperança em nosso Senhor, para honra e glória do nosso Deus e Pai. Raquel de Paula é membro da IP Praia Grande, SP, e colaboradora do Brasil Presbiteriano.


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REFLEXÃO

Aconteceu em Dezembro

Israel

08/12 – Dia Nacional da Família 2º Domingo – A IPB celebra no 2º domingo o Dia da Bíblia e o Dia da Mulher do Pastor. 17/12 – Dia do Pastor Presbiteriano 336 – A primeira celebração de Natal no dia 25 de dezembro ocorre em Roma. 1577 – Sir Francis Drake inicia sua pioneira viagem ao redor do mundo. 1879 – Thomas Edison faz nos Estados Unidos uma demonstração pública de sua lâmpada incandescente. 1944 – Inaugurada no Rio de Janeiro, pelo jornalista Roberto Marinho, a Rádio Globo AM. 1948 – Os irmãos McDonald abrem um negócio de venda de hambúrguer nos Estados Unidos. 1951 – Getúlio Vargas envia ao Congresso o projeto que cria a Petrobrás. 1964 – Martin Luther King é a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz. 1970 – A construção do World Trade Center, em Nova York, atinge 411 metros. O complexo incluiu duas torres de 110 andares. Ambas viriam a ser destruídas por um ataque terrorista dia 11 de setembro de 2001. 1983 – Ladrões roubam a taça Jules Rimet da sede da Confederação Brasileira de Futebol. O troféu pesava 1,8 kg em ouro puro. 1988 – É realizado em São Paulo o primeiro transplante simultâneo bem-sucedido de coração e pulmão em um único receptor. 1980 – O presidente João Figueiredo sanciona a lei que considera crime a reprodução ilegal de obras literárias, artísticas, científicas e fonográficas. 1992 – Fernando Collor de Melo sofre impeachment e Itamar Franco assume a liderança do país. 1998 – O filme Central do Brasil ganha o National Board of Review, primeiro dos inúmeros prêmios de cinema que prestigiaram o filme. 1999 – Milhares de pessoas preparam-se para comemorar a passagem de ano dentro de escritórios por causa do Bug do Milênio, que diziam poder afetar os sistemas informatizados. O medo não se justificou.

“(...) Jerusalém será pisada pelos gentios até que os tempos dos gentios se completem” (Lc 21.24b). Frans Leonard Schalkwijk

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om muita razão, a maioria dos teólogos reformados interpreta muitas promessas para Israel também como promessas para a igreja de Cristo. O apóstolo Tiago apontou para esse significado durante o primeiro sínodo em Jerusalém. Falando sobre a conversão dos gentios, ele enfatizou que estava acontecendo de acordo com as promessas de Deus: “Eu reconstruirei o tabernáculo de Davi” (At 15.16). E o apóstolo Paulo escreveu que os cristãos gentios haviam sido “enxertados” na oliveira de Israel (Rm 11:17). Mas isso não significa que não há esperança para o povo de Israel, pois,

no mesmo capítulo, Paulo escreve que "o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Rm 11.25). Essa é a mesma expressão usada pelo Senhor Jesus em seu sermão profético (Lc 21.24). Poderíamos ainda estar vivendo nos “tempos dos gentios”? O Senhor Jesus disse que Jerusalém seria pisoteada pelos gentios "até que ..." Quando ele disse essas palavras o poder político sobre a terra santa estava nas mãos dos gentios, neste caso os romanos. Porque, após a captura de Jerusalém (586 a.C.), o domínio estava nas mãos dos babilônios, depois dos persas, dos gregos e depois dos romanos. E após a queda da

cidade santa em 70 d.C., a situação não mudou. Até o século 20, a Palestina estava sob o poder dos turcos e ingleses até o fim do mandato do gentio Nações Unidas em 1948. Foi nesse ano que Ben Gurion proclamou o Estado de Israel. E foi quase duas décadas depois, quando as nações árabes decidiram varrer Israel do mapa, que outro milagre ocorreu. Durante aquela guerra de autodefesa, os judeus capturaram Jerusalém e o rabino chefe disse ao pé do Muro das Lamentações: “Nós capturamos a cidade santa. Entramos nos tempos messiânicos” (1967). A melhor interpretação de uma profecia é o seu cumprimento (Jo 2.22). Por isso, é bom prestar atenção às notícias, mas não para desenhar soluções rápidas. Vigiai e orai (Mt 24.42)! Frans Leonard Schalkwijk é colaborador regular do Brasil Presbiteriano

NOTAS

Congresso APECOM – 2019

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om o tema Minha identidade como discípulo de Cristo, as inscrições para Congresso Nacional APECOM 2019 já estão abertas. O encontro acontecerá de 14 a 16 de junho de 2019 no Hotel Monte Real, em Águas de Lindóia, com a preleção de Lee Seung Hee,

Roberto Brasileiro, Hernandes Dias Lopes, Jeremias Pereira, Paulo Júnior e Rosther Guimarães Lopes, além de oficinas com Marcelo Gualberto e Mauro Meister. A programação musical do evento será de responsabilidade do Projeto Sola,

enquanto atividades especiais para as crianças serão ministradas pelo Palhaço Girafael. Para informações de programação, acomodações e inscrições acesse congresso.ipb.org.br ou entre em contato através do e-mail congresso@ipb.org.br.


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MISSÕES

Programa Missão Mundo – Rádio IPB Cornélio Martins

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m programa que aproxima a família presbiteriana dos nossos missionários espalhados pelo mundo e também aqui no Brasil. Missão Mundo é uma realização da Agência Presbiteriana de Evangelização e Comunicação – APECOM, sob a Coordenação Geral de Artur Mendes (Jornalista; Profissional da Comunicação e Marketing; Compositor Cristão). O programa vai ao ar pela rádioipb3 – a rádio com imagem, toda terça-feira, às 12h (horário de Brasília), no Portal da IPB, Facebook, Youtube e demais mídias sociais. Rodrigo Leitão apresentou o primeiro programa em 09 de abril de 2018. Em seguida, Gilberto Barbosa, pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Ermelino Matarazzo – São Paulo/SP, passou a ser o apresentador. Juntos temos tido o privilé-

Bastidores do Programa Missão Mundo da Rádio IPB3

gio de produzir programas com a divulgação da obra missionária, abrindo portas para as igrejas, entidades e agências afins, divulgando as diversas ações missionárias. Foram até agora abordadas atividades missionárias no Paraguai, Chile, Peru, Panamá, França, Albânia, Romênia, Timor -Leste, Senegal, Guiné Bissau, Malawi, Moçambique, África do Sul, Austrália, Oriente Médio e Brasil. Temas como: Forma-

ção Missiológica; Missões Urbanas; Homens em Situação de Rua; Cracolândia; Despertamento Missionário; Família; Ramadan; Tradução da Bíblia; Missões da Sociedade Bíblica do Brasil; Associação Evangélica Beneficente – AEB; Desafio Jovem; Amazônia; Ribeirinhos; Indígenas; Refugiados; Grupos Minoritários, Missões por meio dos Esportes; Capelania Hospitalar, Militar e Estudantil; Refor-

Produção do Programa Missão Mundo

ma Protestante, APMT, JMN e outros, tem sido abordados nos programas ao longo deste ano. Destaque para a satisfação em participar, por áudio ou presencialmente, dos convidados envolvidos com missões. Homens e mulheres, pastores e demais obreiros que atenderam ao chamado de irem por todo o mundo e pregarem o evangelho a toda criatura. Lindas mensagens e projetos desafiadores.

Muitas bênçãos, alvos a serem alcançados, dificuldades e oportunidades. A visão e apoio da gestão da APECOM a esse Projeto veio fortalecer a obra da Igreja Presbiteriana do Brasil e ajudar um pouquinho mais as igrejas locais e seus enviados aos mais distantes campos missionários. Que Deus nos use e abençoe. Presb. Cornélio Nogueira Martins – Produtor do Programa Missão Mundo.

HISTÓRIA DE MISSÕES

150 anos do presbiterianismo chileno Marcone Carvalho

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o dia 26 de outubro foi lançado, no histórico templo presbiteriano da capital chilena, o livro Meditad sobre vuestros caminos: reflexiones en torno a los 150 años del

presbiterianismo en Chile. A obra reúne 16 artigos e conta com a participação de alguns pastores da IPB (Alderi Matos, Hermisten Maia e Carlos del Pino). Organizado por Marcone Bezerra Carvalho, pastor da Primera Iglesia

Presbiteriana de Santiago e colaborador no BP, o volume guarda relação com o sesquicentenário da denominação celebrado nesse ano. O prefácio é assinado por Frank L. Arnold, missionário estadunidense que serviu por muitos anos no

Brasil e autor do livro Uma longa jornada missionária, lançado pela Cultura Cristã. Um dos capítulos historia o ministério da primeira geração de obreiros brasileiros que serviu em terras chilenas (Rubem de Souza, Nephtali Vieira, Anísio

Saldiba, Odayr Olivetti, João Emerick de Souza e Sylvio Pedrozo). Os interessados em adquirir o livro podem solicitar informações através do email editorial@primeraediciones.cl. O Rev. Marcone Bezerra Carvalho é pastor da 1ª IP de Santiago, Chile, e colunista do Brasil Presbiteriano.


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Boa Leitura Morte na Cidade – Francis A. Schaeffer

Em um tempo de decadência moral e desumanidade brutal, Morte na Cidade fala corajosamente sobre Deus e suas verdades absolutas reveladas em sua Palavra. Escrito no contexto da contracultura dos anos 60, o livro de Francis A. Schaeffer nos apresenta a partir de um toque profético e sensível preocupações morais, espirituais e intelectuais do autor em relação aos nossos dias, revelando como a mensagem à cultura e à igreja deram as costas a Deus e seus ensinos. A obra aborda como a morte moral e espiritual sufoca a verdade, o significado e a beleza da cidade e da cultura em geral. Graça Comum e o Evangelho – Cornelius Van Til

Organizado por K. Scott Oliphint, com apresentação e notas, Graça Comum e o Evangelho nos apresenta ensaios que abordam questões sobre graça e sua relevância

para o evangelho. Essa edição recém-lançada pela Editora Cultura Cristã restaura o texto completo da publicação original de 1972, em que Van Til expõe uma filosofia cristã da História, examina as perspectivas de Abraham Kuyper, Herman Hoeksema e outros no debate sobre a graça comum e responde críticas, tudo a partir de apologética pressuposicional. Cornelius Van Til apresenta uma posição sobre graça comum que é considerada por muitos controversa, mas de grande relevância. Afinal, para quem deseja entender um pouco sobre a apologética e teologia de um dos apologistas mais originais e brilhantes do século 20, deve acompanhar seu pensamento sobre o tema.

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Entretenimento e reflexão O Brasil Presbiteriano não necessariamente endossa as mensagens dos filmes aqui apresentados, mas os sugere para discussão e avaliação à luz da Escritura.

Para a Glória de Deus – Daniel I. Block

Para ser aceitável a Deus, a adoração deve ser experimentada nos termos de Deus. Por isso, Daniel Block examina a adoração na Palavra a partir de uma base bíblica abrangente visando resgatar uma teologia bíblica do culto. Em Para a Glória de Deus, Block enfatiza a questão crucial da adoração: devemos nos questionar se Deus está satisfeito com ela, e apresenta aos leitores diversas questões relacionadas ao culto e a verdade adoração, que no caso, é a nossa resposta à revelação graciosa de Deus. Visando um melhor entendimento, o autor utiliza diagramas, gráficos e fotos que beneficia professores e alunos em adoração e cursos bíblicos, assim como pastores e líderes de igrejas.

Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963

Pais e Filhas (2015)

O mágico de Oz (1939)

Viva – a vida é uma festa (2017)

Jack Davis é um escritor vencedor do Pulitzer que lida com uma doença mental após a morte de sua esposa. Durante a década de 1980, porém, ele tenta, apesar das adversidades, criar sua filha Katie, tentativa falha que fez os tios da pequena entrar na justiça pedindo sua guarda. Pais e Filhas retrata como a Katie adulta lida com o passado conturbado sob o cuidado do pai, e as cicatrizes que isso deixou na sua personalidade: inseguranças, incapacidade de assumir o compromisso de afeto num relacionamento, busca por prazeres carnais descartáveis como forma de satisfação. Com um elenco talentoso, com Amanda Seyfried e Russell Crowe, o longa está disponível em serviços de streaming, como o Netflix. E é ideal para quem busca analisar e discutir sobre como o perdão e as relações afetivas influenciam as escolhas de nossas vidas – tanto de uma maneira positiva, quanto negativa.

A história de Dorothy já é famosa, nós sabemos. Mas o convidamos a voltar seus olhos mais uma vez para a impressionante terra de Oz, um mundo de sonhos que viram realidade, de florestas encantadas, espantalhos dançantes e leões cantantes, uma mágica aventura recheada de maravilhosas canções. No longa, nos deparamos com personagens insatisfeitos com a realidade e que iniciam uma busca cheia de dificuldades e provações para alcançar os seus desejos. Enredo que em muitos aspectos lembra nossa vida, não? Por isso, recomendamos assistir o filme “infantil” para recordar uma mensagem de ternura e bondade, lembrando que não há lugar melhor como nosso lar, a casa do Pai. Além é claro, da ideia de que às vezes nossos desejos estão muito mais pertos do que imaginávamos, mas que não percebemos, pois estamos focando nosso olhar e alvo nas coisas erradas e não em Cristo.

Como cristãos reformados, devemos sempre questionar como a sociedade enxerga e expressa nas mais diversas manifestações culturais e artísticas os assuntos que para nós são muito bem esclarecidos à luz da Palavra, como a questão vida versus morte. Afinal, para nós “o viver é Cristo e o morrer é lucro”. Em Viva – a vida é uma festa, conhecemos a história de Miguel, um menino de 12 anos que deseja ser um músico famoso, mas que precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A animação da Disney conta com músicas e cenários encantadores, nos leva a refletir sobre ganância e importância da família e, principalmente, nos mostra como em muitas culturas (no caso do longa, a mexicana) a vida e a morte estão focadas na satisfação própria e não em Cristo.

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