Jornal A Ponte | Conectando ideias

Page 1

A

conectando ideias Florianópolis, 10 de agosto de 2015

Edição especial sobre educação

E001

PON

TE “eduquem

os seus filhos, eduquem-se a si mesmos, no amor da liberdade alheia, único meio de não ser a sua própria liberdade uma doação gratuita do destino, e de adquirirem a consciência do que ela vale e a coragem para defendê-la.

joaquim nabuco

o editorial Este jornal nasceu de uma paixão genuína em comum: a paixão pela sua liberdade. Nós, aqui detrás das páginas, acreditamos que as pessoas exercem plenamente a sua humanidade na tolerância com o próximo, permitindo que cada um persiga livremente aquilo que almeja para si com autonomia e segurança. Ao olhar para o mundo sob esta perspectiva, procuramos questionar imposições forçosas, determinismos e segregacionismos. Nos une também a compreensão de que ideias já estabelecidas precisam de constante embate e indagação, para traçarmos com elas objetivos sólidos, justos e eficazes. Encorajamos assim o debate entre diferentes pontos de vista, avaliando humildemente os contrapontos e mantendo-nos sempre abertos a rever velhos apegos. Entendemos que os projetos do estado não possuem objetivos e propósitos além daqueles dos indivíduos que o compõem, já que não existe ação coletiva que não a ação dos membros específicos participantes daquele grupo. E, ainda, que os resultados devem ser avaliados muito antes das intenções, já que a distância entre resultado e intenção aumenta conforme abandonamos o respeito à liberdade de escolha de cada um. Um mercado mais livre é, ainda, o caminho mais eficiente para empoderar o indivíduo, criando um ambiente amigável às inovações, aumentando a acessibilidade a produtos e serviços e melhorando, assim, progressivamente as condições materiais da sociedade, especialmente para os que mais urgentemente necessitam delas. Assim, aqui em A Ponte, queremos compartilhar artigos, obras e discussões que garimpamos por aí, em economia, política, ciência, filosofia e arte, a fim de construir com vocês novos caminhos que nos levem a realidades cada vez mais pacíficas e livres.


Como a universidade pública e gratuita aumenta a desigualdade de renda artigo original de Carlos Góes para o Mercado Popular

Existe um grande paradoxo na realidade política brasileira. Aqueles que usualmente se colocam como defensores da justiça social e dos mais vulneráveis, normalmente também entendem que as universidades públicas devem ser financiadas do modo que são hoje: com dinheiro de impostos. Tentativas de financiamento privado da universidade pública – por meio de empresas e fundações privadas – ou de cobrança de taxas de mensalidade e matrícula para os estudantes mais abastados – como tentou fazer, durante algum tempo, a UFMG – são rechaçados como métodos de privatização da universidade pública, gratuita e de qualidade.

Mas por que essa justaposição de defesas seria um paradoxo? A realidade é que, quando se olha para os dados do conjunto dos estudantes de universidades públicas brasileiras, observa-se que estas tendem a beneficiar os ricos de forma desproporcional. Por causa da alta concorrência das universidades públicas e da baixa qualidade das escolas públicas brasileiras, aqueles em situação econômica mais vulnerável têm pouca chance de conseguir uma vaga para estudar em uma universidade financiada pelo contribuinte.

Os dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios do IBGE mostram a realidade dessa distorção. Usando os critérios de classe desenhados pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a classe alta corresponde a 24,8% da população. Mas, nas universidades públicas, a classe alta ocupa 45,5% das vagas. Do outro lado dessa equação, as pessoas que estão hoje na classe baixa são 23,1% da população brasileira, mas apenas 8,4% da população universitária. Os dados estão expostos no gráfico no topo

>> LEIA MAIS EM WWW.MERCADOPOPULAR.COM

“as

universidades

do governo

são

estatais, mas não públicas.

desta página. Note que esses dados são de 2013 – portanto, após os amplos ciclos de expansão das universidades federais e disseminação das políticas de ação afirmativa durante o governo Lula. Mesmo depois desses processos, a universidade pública continua beneficiando primariamente os mais ricos. E isso acontece mesmo em países bem mais igualitários que o Brasil: mesmo na Noruega pobres têm dificuldade em chegar à universidade pública¹. Como pessoas com ensino superior tendem a ter salários maiores, essa

distorção nas universidades públicas acaba financiando com impostos um sistema de aumento e perpetuação das desigualdades de renda. Essa realidade estatística é algo que quem conhece universidades públicas já percebia intuitivamente. Certa vez, eu ouvi um professor da Universidade de Brasília dizer algo que esses dados confirmam: as universidades do governo são universidades estatais, mas não universidades públicas.

>> CONT.


Elas são universidades que, apesar de utilizarem recursos do estado, beneficiam primariamente aqueles que estão nas faixas mais altas de renda. Existe um problema adicional nessa questão. De acordo com dados da OCDE, enquanto o governo brasileiro gasta cerca de 11 mil dólares por cada estudante de uma universidade pública, o gasto com cada estudante de ensino médio é cerca de 2.700 dólares. Ou seja, para cada estudante que é financiado pelo governo para frequentar o ensino superior, seria possível financiar quatro estudantes no ensino médio. Isso é muito importante porque, como mostram dados do IBGE, a maioria das pessoas que estão entre os mais 20% mais pobres do Brasil sequer termina o ensino fundamental. Subsidiar a educação superior dos mais ricos enquanto os mais pobres sequer terminam os ensinos fundamental e médio resulta em transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos. Por isso, as universidades públicas brasileiras são um dos mais importantes mecanismos de perpetuação das desigualdades de renda que já existiu na história brasileira. Enquanto os filhos da elite são educados com o dinheiro dos contribuintes (no Brasil, majoritariamente negros e pobres), os filhos dos mais pobres terão pouquíssimas chances de conseguir entrar na universidade pública. Uma alternativa óbvia é mudar o foco do investimento público da educaçãosuperior para a educação de base: pré-escolar, primária e secundária.

Enquanto os filhos da elite “são educados com o dinheiro dos contribuintes, os filhos dos mais pobres terão pouquíssimas chances de conseguir entrar na universidade pública. James Heckman, prêmio Nobel em Economia, coletou dados durante cinquenta anos e demonstrou que os retornos ao investimento em educação, em termos econômicos para a sociedade e cognitivos para as crianças, são maiores quando esses investimentos são direcionados à educação de base – em especial na primeira infância. Por isso, no lugar de criar programas que mandem os filhos dos ricos estudar no exterior com o dinheiro de

impostos – com o Ciência Sem Fronteiras – o governo federal poderia recordar de uma promessa de campanha da Presidenta Dilma e pagar bolsas de estudo para estudantes pobres estudarem em boas escolas particulares. Além disso, para horror dos puristas, o governo poderia cobrar uma mensalidade daqueles estudantes que podem pagar – como acontece por exemplo nas universidades públicas

dos Estados Unidos, onde a bolsa recebida é proporcional à renda familiar do aluno – e usar esse orçamento para incentivar a educação pré-escolar, o que garantiria melhores índices escolares para as crianças no ensino fundamental e médio e facilitaria a inserção das mulheres – em especial mães solteiras – no mercado de trabalho. Talvez você tenha torcido o nariz ao ouvir algumas dessas propostas, mas seja pragmático e pense duas vezes. Apesar da sua paixão ideológica, a tal universidade “pública, gratuita e de qualidade”, na verdade, está ajudando a fomentar uma

sociedade desigual da qual você não gosta. Se você, como eu, realmente se preocupa com os mais pobres e com justiça social, você precisa ajudar a mudar essa situação. E, pra isso, precisa mudar de opinião.

Texto disponível na íntegra: http://goo.gl/pkLBCh [1] http://goo.gl/qQlk5I


O liberal na federal

artigo de Gabriel C. de Andrade

É crescente o número de pessoas que percebem a natureza perversa e violenta dos impostos, pagametos amparados pelo uso da violência estatal contra aqueles que se recusam a pagá-los. Contudo, alguns desavisados acreditam ser hipocrisia criticar a natureza dos impostos enquanto utiliza-se de serviços que com eles são sustentados - a verdade é que se existe algum hipócrita nessa história, este não é o liberal. O verdadeiro hipócrita é aquele que, em busca do “bem comum”, utiliza-se da força para moldar a sociedade ao que ele mesmo considera bom. Não defende que cada um seja livre para buscar o que considera bom, mas sim que ele próprio seja livre para buscar o que será bom para a vida das outras pessoas - e para tal, ampara-se de coerção contra aqueles que discordarem de sua peculiar visão de “bem comum”. Em tal busca, chama de serviço público certa atividade que ele próprio considera boa, mas que não se contenta em contratá-la apenas para si: quer que todos sejam obrigados a fazê-lo.

“deve

prevaleceR

Livre

associação

Dos

indivíduos

existe algum hipócrita nessa “se história, este não é o liberal O liberal, por outro lado, sabe claramente a única origem possível para pagamentos dos serviços públicos, sabe que não há outra forma de financiá-los que não pelo uso de violência e ameaças contra aqueles que ousarem deixar de pagar tais serviços. Robert Nozick levanta o ponto chave de que a cobrança de impostos é análoga ao trabalho forçado, uma vez que ambas situações não permitem ao trabalhador

escolher onde gastar o produto do seu trabalho. Stefan Molyneux vai mais longe e questiona: “Se escravidão é tomar 100% dos frutos do trabalho alheio pelo uso da força, em qual porcentagem temos a abolição total?”. É importante trazermos tal questionamento para hoje para termos a clara noção de que nem o escravo de antigamente tampouco o cidadão atual possuíram o direito de usar o fruto de seus trabalhos

como bem lhes fosse adequado. Existiu sempre um ente externo a ambos que tomou grande parte do que por eles foi produzido, restringindo senão total, parcialmente as suas liberdades. Trata-se portanto de um grave erro chamar o liberal de hipócrita pelo simples fato de estudar em Universidade Pública, pois a esta pessoa, assim como ao escravo, nunca foi dada a opção de utilizar os frutos de seus trabalhos como lhes bem conviesse. Antes de chamar um liberal de hipócrita apenas por ele utilizar serviços públicos pergunte

a si mesmo se rotularia de forma similar um escravo que discorda da escravidão mas mesmo assim utiliza os serviços de moradia e alimentação fornecidos a ele pelo seu Senhor. Pela convicção de que tais métodos coercitivos de organização social há muito encontram-se ultrapassados e que sobre eles deve prevalecer a livre associação entre indivíduos, oferecemos ao leitor o presente jornal: o trabalho de um grupo que defenderá a liberdade mesmo daqueles que atacam a nossa própria. Esta é uma defesa que vale a pena ter - e ler.


O direito à educação artigo adaptado e organizado pelo jornal A Ponte¹

Quando há discussão acerca de questões pedagógicas, políticas e ideológicas que circundam a educação, surgem diversos mitos. Parece que todos se tornam especialistas e cada indivíduo possui a solução para os problemas relacionados a este assunto. O mais forte entre os mitos que envolvem esta temática é o de que a educação é um direito e não pode ser tratada como uma mercadoria. Direito é aquilo que ninguém pode retirar de uma pessoa, por este motivo falamos de direito à vida, liberdade e propriedade. Não precisamos demandar que alguém nos conceda direito à vida, basta que não a tirem; liberdade, basta que não impeçam a livre associação; propriedade, basta que não roubem. Com a educação isto não acontece. O “direito” à educação não completa-se quando deixamos de agredir alguém, pelo contrário, demanda constante agressão contra os direitos anteriormente citados – à liberdade, quando impede a livre associação dos indivíduos que não estão dispostos a arcar com a educação alheia; à propriedade, expropria os recursos daqueles que são forçados a financiar tais serviços. Dessa forma, quando o direito à educação é conclamado, esquece-se em que ele se pauta. Nos moldes existentes nas sociedades com Estado constituído, o

No “ conflito

entre individual e coletivo, a defesa do segundo aniquila o primeiro

“DIREITO É AQUILO QUE NINGUÉM PODE RETIRAR DE UMA PESSOA.

direito a algo é necessariamente o dever de alguém de suprir esse direito. Com isto, temos slogans que enaltecem o direito do cidadão e o dever do Estado. Não só a educação, mas também diversos bens e serviços ganharam a conotação de direito, sob a justificativa de serem necessidades básicas que devem ser supridas às custas de toda a sociedade. Entretanto, o dever do Estado recai sobre os cidadãos, que são obrigados, por meio do financiamento compulsório (impostos), a

pagar pelo serviço que será usufruído por terceiros. Superada a afirmação de que a educação deve ser um direito, cabe tecer alguns apontamentos sobre a afirmação de que educação não deve ser mercadoria. Há inúmeros artigos, palestras e até mesmo pichações por todas as cidades alegando que “educação não é mercadoria”. Enquanto constatação de fato, é verdade que “educação não é mercadoria” no Brasil, já que não existe espaço para um livre mercado da

educação, sendo o Leviatã o ditador das regras do ensino público e privado. O problema se encontra no caráter normativo de tais pichações, haja vista a afirmação implícita de que a educação não deve ser uma mercadoria. E aqui surge a dúvida: ora, e por que não? Ter a educação como mercadoria significaria apenas e tão somente que um determinado conteúdo possa ter seu ensino livremente ofertado por aquele que se julga em condições para tanto, em troca de um preço por ele estipulado, ao passo que o interessado em adquirir aquele conteúdo poderia livremente aceitar a oferta se deseja pagar o preço estipulado. Se a intenção em defender a educação se dá devido à necessidade dos indivíduos em se educar, então o que está em voga é um bem-estar

comum. Este bem-estar comum é melhor alcançado de que maneira? No conflito entre individual e coletivo, a defesa do segundo aniquila o primeiro. Em contraste, a defesa do interesse individual beneficia ambos. A educação enquanto um direito e dever coletivo não alcança, nunca alcançou e nunca alcançará o seu fim precípuo. A livre iniciativa somada à não intervenção estatal proverá mais concorrência e mais inovações na área da educação, surtindo maior acesso e melhor qualidade na oferta desta.

[1] Excertos editados de: Mitos da educação I, de Filipe Celeti, via Liberzone: http://goo.gl/9Ako7R e A educação como mercadoria, de Andrea Faggion, via Mises Brasil: http://goo.gl/gCj8ZF


Dados que mostram como a educação no Brasil está pior do que você imagina artigo original de Leônidas Villeneuve via Spotniks

Se você está entendendo completamente o que está escrito aqui, já não se encaixa mais na categoria de analfabeto funcional – aquele que consegue ler as palavras, mas não compreende o sentido da frase. Sinta-se privilegiado, pois cerca de 40% dos universitários do Brasil encontram-se em analfabetismo funcional. Os números da educação no Brasil são alarmantes. Os problemas não atingem só a “turma do fundão”: ela se mostra na absoluta maioria dos alunos. Estes índices, no entanto, são apenas a ponta do iceberg: os números da educação brasileira vão de mal a pior em praticamente todos os indicadores, como mostram os cinco dados a seguir.

73% DOS BRASILEIROS NÃO SÃO PLENAMENTE ALFABETIZADOS Apenas 26% das pessoas que realizaram os testes do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) tiraram nota suficiente para se enquadrarem como plenamente alfabetizadas na última avaliação, realizada em 2011. Além de alarmante, o número de brasileiros plenamente alfabetizados só vem caindo: eram 28% em 2007, caíram para 27% em 2009 e no último teste desceram para 26%.

GASTAMOS MAIS PORCENTAGEM DO PIB COM EDUCAÇÃO DO QUE PAÍSES DESENVOLVIDOS

95% DOS ALUNOS SAEM DO ENSINO MÉDIO SEM CONHECIMENTOS BÁSICOS EM MATEMÁTICA

O valor gasto pelo governo com educação no país representava 5,7% do PIB em 2012. A taxa, apesar de parecer pequena, é superior ao gasto com educação por países como Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Itália, Rússia, Alemanha, Canadá e Austrália no mesmo ano. Mas não pense que essa é uma boa estatística: dado o nosso baixo desempenho em diversos rankings de educação (inclusive entre os realizados dentro do próprio país), é fácil entender como boa parte desse dinheiro é mal administrado.

A ONG Todos Pela Educação compilou em 2013 os resultados do desempenho dos alunos de todo o país em Língua Portuguesa e Matemática - os números são desanimadores. Apenas 4,9% dos alunos do 3º ano do Ensino Médio matriculados na rede pública atingiram a nota mínima para terem seus conhecimentos considerados adequados pelos examinadores – ou seja, menos de 5% dos alunos sabiam o que deveriam saber.

OS RESULTADOS SÓ PIORAM ESTAMOS EM QUEDA LIVRE NO RANKING DO PISA DESDE 2000 No tão aclamado ranking Pisa, organizado pela OCDE para medir a educação em 65 países, o Brasil nunca foi destaque. O problema é que estamos caminhando no sentido contrário de uma evolução. Apesar da nota do Brasil ter crescido nos últimos anos, como fez questão de destacar o então Ministro da Educação, Aloízio Mercadante, em 2013, nossa posição nunca subiu em nenhuma das 3 matérias avaliadas desde o primeiro exame.

NÃO CONSEGUIMOS COMPLETAR 4 DAS 5 METAS PARA EDUCAÇÃO QUE NÓS MESMOS NOS PROPUSEMOS Durante a fundação da ONG Todos Pela Educação, em 2006, foram estipuladas 5 metas para melhorar a educação do país até 2022: toda criança e jovem entre 4 a 17 anos na escola, toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos, todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano, todo jovem concluindo o ensino médio até os 19 anos e ampliação do investimento na educação - apenas a última vem sendo concluída como esperado pelo MEC. Texto disponível na íntegra em: http://goo.gl/LW9Cbm


Educação à distância no Brasil: liberdade já! artigo de Renata Calippo

Nos últimos vinte anos muitas mudanças ocorreram nos paradigmas educacionais e um deles emergiu paralelamente com a introdução das novas mídias de comunicação e tecnologias de informação, que é a modalidade de ensino que chamamos de Educação à Distância. Pois bem, caro leitor, essa modalidade basicamente nasceu para atender àqueles que não possuíam fácil acesso às instituições educacionais. A priori esse tipo de ensino era utilizado por oficiais do exército para atender as suas necessidades e flexibilizar as rotinas de estudo. Com a explosão da internet, e a acessibilidade das ferramentas tecnológicas, essa necessidade repercutiu para o público que necessita estudar, porém reside em regiões extremas ou que não possuem universidades e faculdades próximas. Acaba-se a era dos cursos por correspondência e entramos em cursos mais refinados que são produzidos com esses recursos avançados. Nesta última década muitas universidades, centros universitários e faculdades começaram a criar seus cursos presenciais para a modalidade EAD, e o MEC (Ministério de Educação e Cultura) tem se preocupado em gerar leis regulamentadoras, principalmente para as instituições privadas, que justamente foram as pioneiras em ofertar tais cursos e são as que mais sofrem com o peso de uma burocracia cara e interesseira por parte do estado. Em muitos lugares, vou citar aqui o exemplo de Málaga, na Espanha,

em muitos lugares o ensino “ ead é livre e também referência mundial em qualidade pedagógica o ensino EAD é livre, e referência mundial em qualidade pedagógica. No Brasil, no entanto, aprendemos que este tipo de curso é para pessoas que “não querem estudar” ou “querem diploma fácil”. Provavelmente você mesmo já tenha feito esse julgamento. Se por um lado a figura do professor no ensino básico foi diluída a ponto de perder o respeito, no ensino superior o professor tornou-se o único detentor do conhecimento científico

e capacitado para reproduzi-lo (sim, reproduzimos esse saber), até o dia em que tenhamos nosso doutorado para poder dizer ou pensar alguma coisa. Em contrapartida o EAD necessita que o aluno se dedique e tenha uma série de competências em seu perfil para estudar, é ele quem determina suas horas de leitura e como é a melhor forma de trabalhar o conteúdo que o professor indica. Portanto isso torna-se aos olhos daqueles que

ganham dinheiro com os alunos presenciais, uma situação muito incomoda. Se trabalharmos por cursos de boa qualidade, se nos qualificarmos para essa nova geração que está aí, acabaremos com os tabus que cercam o EAD e faremos a diferença tão mencionada pelo discurso político da pátria educadora. Sei que muitos colegas professores e outros em geral irão desgostar-se com isso que lhes digo, mais eu sei que cursos são bons ou ruins não por uma instituição, mas pela vontade de seus profissionais e principalmente pela dedicação de seus alunos.

A educação deve ser libertadora e não limitadora, educar-se é uma questão de escolha pessoal. Investir acreditando no indivíduo é o primeiro passo para a mudança real, e mudanças sempre geram tabus e preconceitos por parte daqueles que possuem menos informação e formação.


Quem é o melhor professor para o seu filho? artigo adaptado e organizado pelo jornal A Ponte¹

Na época de estudante, entre um dia de aula e outro, perguntávamos aos nossos pais e professores: “para que vou precisar disso na minha vida?”. Geralmente a atitude dos nossos pais e professores era afirmar que “quando você for adulto, você entenderá”. Porém, eu nunca entendi e suspeito que todo aquele que realmente refletiu sobre o assunto também nunca entendeu. Afinal, para que serve tudo o que você aprendeu na escola? Você provavelmente já esqueceu praticamente tudo aquilo e, mesmo que você se recorde do que foi ensinado, para que você usa esse conhecimento? Além de talvez ter ajudado você a passar no vestibular, desconfio que não lhe tenha acrescentado em nada, a não ser que você tenha contato com um assunto específico até hoje em seu curso universitário ou no seu emprego.

“o melhor

professor

para o seu filho

é você

As principais justificativas para que as pessoas sejam obrigadas a se manter em torno de 12 anos numa escola são: (1) há um conteúdo básico e universal cujo conhecimento é necessário a todos, (2) a escola serve para ensinar a viver em sociedade e (3) a escola é um instrumento de socialização. A primeira justificativa é falsa. O único conteúdo educacional estritamente necessário aos indivíduos é o domínio básico da língua e de algumas operações matemáticas. As outras matérias são, no máximo, um complemento.

A segunda justificativa demonstra uma visão totalitária da sociedade, em que as crianças são vistas como seres que devem ser domesticados e os valores que devem ser transmitidos são pré-selecionados, como se houvesse uma moral superior. A terceira justificativa é a única que pode realmente ter algum fundamento, mas não justifica uma pessoa permanecer 12 anos num ambiente escolar. Mantenho amizade com pouquíssimos colegas de escola. As pessoas, em geral, se tornam amigas daquelas com quem compartilham interesses. Na escola, os estudantes

têm em comum os professores e as provas. Finalizado o período escolar, pouco ou nada em comum permanece. Trancafiar crianças e adolescentes por várias horas num mesmo local não atinge os objetivos do modelo escolar, devendo-se pensar em outro modelo para educá-las de modo eficaz. O homeschooling, a educação doméstica, é uma alternativa para desenvolver as potencialidades dos estudantes. Os próprios pais podem ensiná-los e esse acompanhamento próximo permite a adoção de um currículo adaptado para cada estudante.

Existem críticas a essa alternativa. Uma delas é a de que nem todos os pais têm condições de realizar a função de professor. De fato, alguns casos são justificáveis, mas há outros em que a escola é utilizada como álibi para se livrar dos filhos por algumas horas. O abandono da crença na educação escolar é um preço que alguns não estão dispostos a pagar. Outra crítica é a de que o homeschooling não propicia a socialização.

>> CONT.


Entretanto, esse modelo não impede que as crianças e adolescentes se socializem em escolinhas de futebol, de balé, de guitarra, de desenho, etc. As chances de elas criarem laços de amizade duradouros ao aprenderem algo em específico seriam maiores. Há, ainda, a crítica de que os estudantes poderiam ter visões distorcidas das coisas. Mas esse risco não existe nas escolas? No homeschooling há a vantagem de o estudante ser estimulado a buscar as respostas por si, sem a imposição de uma “versão oficial” predeterminada. Os brasileiros conhecem bem a doutrinação. No período de ditadura militar, estudava-se uma disciplina chamada “Educação Moral e Cívica”. Somente um Estado doutrinador demandaria ensinar aos seus súditos a moral e a conduta que espera de cada um. Todos decoravam hinos patrióticos. O culto ao Estado estava realizado! Com o fim da ditadura, os novos poderosos não perderam o monopólio da doutrinação. A Constituição de 1988 tratou de conceber a educação básica como um direito, podendo a iniciativa privada atuar na garantia desse direito, desde que submetida às regulamentações estatais. A família ficou obrigada a matricular seus filhos, o Estado a educá-los e a sociedade a pagar a conta.

Infelizmente, o homeschooling não é reconhecido por lei no Brasil. A Lei de Diretrizes e Bases e o Estatuto da Criança e do Adolescente obrigam a matrícula de toda criança e adolescente na escola. Em 2011, um casal mineiro foi processado pelo crime de abandono intelectual por retirarem seus filhos do falido sistema público de ensino e passarem a ministrar aulas em casa. Quando o ensino é privado, os pais conseguem reivindicar a alteração de livros didáticos e até mesmo de professores. Ocorre que existe um abismo entre a posição ideológico-pedagógica de uma escola com a prática docente. A questão não é privar o professor de sua liberdade de cátedra. A pergunta é: quem é o melhor professor para o seu filho? O Estado nunca deixará de tentar doutrinar o povo. Exigir uma educação estatal plural não é a solução. Sempre haverá demanda por mais burocracias. O primeiro passo na direção de uma separação entre Estado e educação é a desregulamentação desta, favorecendo os pais, os reais interessados no aprendizado de seus filhos. O melhor professor para o seu filho é você!

Exigir uma “ educação estatal plural não é a solução. Sempre haverá demanda por mais burocracias. O primeiro passo na direção de uma separação entre Estado e educação é desregulamentar, favorecendo os pais, os reais interessados no aprendizado de seus filhos.

Texto disponível na íntegra: http://goo.gl/pkLBCh [1] http://goo.gl/qQlk5I


Em defesa das cotas artigo original de Pedro Menezes via Mercado Popular

Considero-me liberal e sou a favor da política de cotas. Meu argumento é simples: se o governo vai custear o ensino superior de alguém, que o escolhido seja um estudante que não conseguiria chegar à universidade sem esta ajuda. É impossível julgar com perfeição quais candidatos teriam condições de cursar o ensino superior de outra forma, mas parece razoável supor que a renda seja o critério mais óbvio. E por que seria melhor que o governo destinasse as vagas em universidades estatais para estudantes pobres? Os motivos são muitos. O primeiro, é que isso aumenta o número de pessoas com ensino superior sem aumentar o orçamento destinado à educação superior. O custo de um estudante é o mesmo, não importa qual seja a renda de sua família. A diferença é que quando um estudante de família rica perde o vestibular da universidade federal, ele provavelmente procurará uma faculdade particular para seguir seus estudos. No caso do estudante de família pobre, esta opção inexiste. Quando o estudante rico vai para a universidade estatal, o dinheiro público é gasto sem que o número de estudantes com acesso à universidade aumente. No caso do estudante pobre, a história é outra – a ele, sem o subsídio, quase sempre restaria a opção de procurar um emprego compatível com sua formação deficiente. A partir daí podemos derivar um outro argumento, mais humanitário. Todo imposto retira das famílias uma possibilidade de consumo, dado que o dinheiro que foi para o governo certamente seria utilizado em outra coisa. O efeito não é o mesmo sobre todas as famílias. A família pobre deixa de comprar

carne por conta do imposto; a rica talvez deixe de gastar com lazer, viagens, etc. Tratam-se de fins legítimos, é claro, mas não de mesma urgência. De novo, se o dinheiro dos impostos será investido na educação de uma pessoa, que seja com aquela que mais prejudicada pela cobrança. No caso da família pobre, este dinheiro provavelmente seria destinado a suprir uma necessidade mais básica do que a da família rica. No Brasil, onde pobres pagam mais impostos do que ricos, esta equação ganha contornos ainda mais cruéis. O governo brasileiro atua rotineiramente como uma máquina que transfere dos pobres aos ricos, lhes negando qualquer possibilidade de ascensão social. Vejo como inteiramente legítimo que, neste caso, os mais prejudicados por esta dinâmica tenham preferências nas vagas de universidades estatais. A rejeição dos liberais contemporâneos à política de cotas é estranha. Durante anos, o debate sobre políticas sociais se dividiu entre defensores de políticas focalizadas e universalistas. Como diz o nome, uma política social focalizada é aquela que foca a distribuição de seus benefícios/subsídios em apenas uma parcela das famílias, quase sempre as mais pobres e vulneráveis, enquanto a universalizante beneficia toda a sociedade, sem olhar a quem. A imensa maioria dos liberais, mesmo os mais radicais que não enxergavam legitimidade em nenhuma política social, sempre reconheceram a superioridade de políticas focalizadas. Milton Friedman, que por tantas vezes adotou uma retórica proto-anarquista, reconhecia isto. Quais as propostas mais importantes de Friedman sobre políticas sociais?

A implantação do sistema de voucher educacional, um “valeeducação” como o ProUni, e a transferência direta de renda (ao invés da provisão de serviços públicos), como o Bolsa Família. Duas políticas sociais focalizadas. O insuspeito John Kenneth Galbraith, com suas inquestionáveis credenciais de esquerda, considerava o pensamento de Friedman como “a proposta previdenciária mais radical apresentada depois da Segunda Guerra; poucos economistas de esquerda podem ostentar a proposição de uma inovação tão impressionante”. A ideia é simples: se você quer que o Estado garanta o acesso de todos à educação formal, não é necessário fazer com que o Estado construa escolas, basta subsidiar aqueles que, hoje, não têm acesso à educação formal; se você quer que todos tenham acesso a uma renda básica, não passe leis que garantam um salário mínimo, mas complemente diretamente a renda de quem ganha pouco ou nada; se você quer que todos tenham acesso a saúde de qualidade, não construa um SUS com sua burocracia jurássica, mas subsidie apenas o acesso de quem não o tem hoje. Se você acha que não cabe ao Estado promover nada disso, reconheça ao menos que nem toda política social é igual e algumas delas são, sim, melhores do que outras.

Texto disponível na íntegra em: http://goo.gl/gmCJbh


entretenimento

O

afresco ‘A Escola de Atenas’ foi criado pelo pintor renascentista Rafael, entre 1509 e 1511, no Vaticano. A pintura mostra um grupo de filósofos de várias épocas históricas ao redor de Aristóteles e Platão. Mais de dois terços dos pensadores retratados não eram atenianos. No entanto, a importância do conhecimento desenvolvido pelos antigos gregos os coloca no centro das atenções e os dedica o nome da obra. Na Grécia Antiga tivemos a primeira sociedade em que os estudantes eram ensinados a pensar por si próprios - a discutir, debater, argumentar e criticar. Isso levou à mais rápida expansão do saber, que jamais houve, e à ideia de que o conhecimento pode realmente crescer por meio da crítica.¹

autor não encontrado

[1] História da Filosofia de Bryan Magee

T

odas as manhãs os pais ao redor do mundo mandam seus filhos para escola com as maiores e melhores expectativas. Infelizmente uma parcela descomunal desses estudantes frequenta instituições onde não há quaisquer chances de se aprender efetivamente. Nesse contexto, o excelente documentário Waiting for Superman traz a história de quatro crianças norte-americanas em condições de vida e localidades diferentes, mas que possuem um desafio em comum: a busca por uma qualidade de ensino melhor. Em sua análise sobre a crise no ensino público nos Estados Unidos, o filme apresenta dados e constatações preocupantes, mostrando como é perniciosa, por exemplo, a proteção garantida por leis de estabilidade profissional, que mantêm maus professores em atividade sem que possam sofrer sanções. autor não encontrado, edição posterior por Clube Austral


dom

seg

ter

qua

qui

sex

sáb

6 Palestra 7

8

online¹ Liberdade de expressão

9

16

23

10

Início das aulas na UFSC

17

Palestra Andrea Faggion 19:00h CSE

24

11

12

13Palestra 14

15

online¹ O Liberal no Movimento Estudantil

18

GEDLib economia 18:30h CSE

19

Nozick vs. Rawls 10:00h CCJ

20

21

22

27Palestra 28

29

Fórum Liberal 19:30h UDESC

Liberbar 20:30h

GEDLib jurídico 17:00h

25

GEDLib economia 18:30h CSE

26

GEDLib jurídico 17:00h CCJ

online¹ Jornalismo e a Patrulha da Esquerda

INFORMAÇÕES 17 Segunda - 19h auditório do CSE: Palestra com Andrea Faggion (UEL) 18 Terça - 18h30 CSE: Grupo de estudos e debates sobre liberalismo econômico 19 Quarta - 10h auditório do CCJ: Confronto de Nozick vs Rawls com Alberto Oliva (UFRJ) e Andrea Faggion (UEL) e 17h CCJ: Grupo de estudos e debates sobre liberalismo jurídico 20 Quinta - 19h30 UDESC: Fórum liberal 21 Sexta - 20h30 bar a definir: Liberbar - confraternização de início de semestre 25 Terça - 18h30 CSE: Grupo de estudos e debates sobre liberalismo econômico 26 Quarta - 17h CCJ: Grupo de estudos e debates sobre liberalismo jurídico

Palestra CALE

A dívida pública com Felipe Camargo

as atividades deste jornal recebem o apoio de alguns colaboradores

Bar El Campeón

[1] palestras do Conectados pela Liberdade https://goo.gl/ugnmPp + informações Grupo Henry Maksoud https://goo.gl/ut9xr8

Grupo Henry Maksoud


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.