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Luciano Isolan* e Tiago Crestana* entrevistam Marion Minerbo

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Valores Congresso

Valores Congresso

Luciano Isolan* e Tiago Crestana* entrevistam Marion Minerbo

1. Quais aspectos você considera mais relevantes na sua trajetória pessoal e profissional?

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2. O que você considera essencial na formação dos jovens psicoterapeutas nos dias de hoje?

Formei-me em medicina em 1980 pela Santa Casa de São Paulo. Entre 1985 e 1989 fiz minha formação na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Em 1997 defendi meu doutorado no departamento de psiquiatria da UNIFESP. Depois da minha formação, dois acontecimentos foram fundamentais para ampliar minha visão de mundo psicanalítica. Um foi o meu doutorado, em que estudei as relações entre psique e mundo para entender a compulsão a comprar. Outro foi o trabalho institucional com adolescentes com transtornos emocionais graves.

Em seguida me voltei para a psicopatologia psicanalítica, entendida como formas de ser e de sofrer e sua determinação inconsciente. Em Neurose e não neurose (Blucher, 2019, terceira edição) procuro discriminar, do ponto de vista clínico e metapsicológico, esses dois grandes campos do sofrimento psíquico.

O adoecimento psíquico se dá num vínculo intersubjetivo, e é em outro vínculo intersubjetivo – a situação transferencial – que este poderá ser tratado. Escrevi Transferência e contratransferência (Blucher, 2020 segunda edição) para transmitir o desenvolvimento dessa ideia.

É fundamental desenvolver e se apropriar de um modo de pensar propriamente psicanalítico para melhor conduzir uma análise. Os/as jovens colegas conhecem muita teoria, mas é comum que esta permaneça menos ou mais dissociada do que praticam. Em dois livros (Diálogos sobre a clínica psicanalítica e Novos diálogos sobre a clínica psicanalítica, ambos pela Blucher) encarei o desafio de transmitir conceitos e teorias de forma encarnada na clínica, mostrando como a teoria ilumina a clínica, e esta, por sua vez, torna os conceitos necessários e vivos.

3. Poderia nos contar um pouco a respeito do tema de sua conferência?

Vou falar sobre Depressões dentro de um recorte psicanalítico. Começarei reconhecendo três tipos de infelicidade. 1. infelicidade difusa, mais próxima do tédio; 2. por desempoderamento generalizado; e 3. por autodepreciação.

Cada uma delas está relacionada a uma forma clínica de depressão: 1. sem tristeza, tamponada por defesas do tipo comportamental; 2. com tristeza, por falta de autonomia em relação ao objeto e impossibilidade de viver para si; e 3. melancólica, com microdelírios de perda do amor do objeto.

Em seguida, passando da clínica à metapsicologia, proporei a hipótese de que os núcleos inconscientes subjacentes às três depressões se organizam em resposta a modos específicos de presença do objeto primário: 1. operatório; 2. em codependência; e 3. por desinvestimento / ou investimento negativo do sujeito.

Por fim, retornando à clínica, procurarei mostrar como a compreensão da metapsicologia nos ajuda a reconhecer as características do campo transferencial-contratransferencial, e a conduzir as análises em cada caso.

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