Capitulo 7 - Luisa

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No dia seguinte ao jantar de encerramento do programa de estágio, quando fui agraciado com os prêmios prometidos pelo Mr Watt, retornei ao Brasil. Cheguei em uma quarta feira. No aeroporto estavam os meus pais que receberam com muita alegria apesar de terem chegado as seis da manhã no aeroporto de Guarulhos. Ao chegar em casa encontrei uma faixa me saudando e dando boas vindas. Uma horda de parentes e amigos que haviam organizado um café da manhã digno de um rei. Naquele momento era o Rei do quarteirão. As pessoas foram muito educadas e rapidamente se retiraram, deixando­me a sós com meus pais. Não resisti e fui direto para cama. Dormi de roupa e tudo, nem tirei os sapatos. Acordei eram aproximadamente duas da tarde. O cheiro do almoço tomava conta do ambiente. Levantei e segui direto para o banheiro, necessitava de um banho. Quase recomposto fui direto para a mesa do almoço. Apesar de estar com fome não comi muito. Sentei por uns instantes na sala. Não agüentei, levantei fui para o quarto e coloquei um terno. Segui direto para o banco. Precisa rever as pessoas. Agora as coisas tinham definitivamente mudado. Fui para o banco de táxi. Fui recebido com espanto. Não me esperavam lá, pelo menos não naquele dia. Segui direto para a sala de Mr Haber. Queria agradecê­lo pela oportunidade do estágio na matriz. Fui recebido com uma saudação em inglês, respondi­a e permanecemos conversando em inglês. Ele já sabia da novidade e disse que estava muito feliz por mim e disse que sempre acreditou na minha potencialidade, desde o primeiro dia. Ficamos ali conversando por aproximadamente umas duas horas. Contei as minhas impressões sobre Nova Iorque, o modo de viver dos norte­americanos e sobre as minhas perspectivas sobre a minha carreira. Não quis incomodá­lo muito e me despedi dizendo que poderíamos marcar um jantar para conversarmos melhor. Da sala de Mr Haber segui direto para a sala da Marisa. Da mesma forma que entrei na sala de Mr Haber entrei e a cumprimentei­a em inglês. Para meu espanto ela expressou um sentimento quase irreconhecível de surpresa por me ver ali. Ela levantou­se, fechou a porta da sala, chegou perto de mim, deu­me um beijo na boca com direito a língua e tudo, abraçou­me e agarrou meu pinto. Sem dúvida era uma recepção inesperada.


Delicadamente me afastei e disse que poderíamos matar a saudade mais tarde no clube. Naquela hora não seria possível, pois teria que ir embora cuidar de algumas coisas. Ela disse que poderia ir e que não era necessário voltar no dia seguinte. Poderia tirar uns dias de folga e só retornar na segunda. Na verdade só voltaria na segunda para realizar trabalhos burocráticos da minha transferência para Nova Iorque. O meu posto ali já estava vago. Não tinha nem mais mesa. Em dez dias estaria mudando definitivamente para Nova Iorque. Passei por alguns departamentos, bate um papinho com o pessoal, eles estavam curiosíssimos sobre a minha estada na matriz e o prêmio que recebera. Tudo foi muito rápido e prometi contar mais detalhes de noite no clubinho da empresa. Voltei para casa de táxi. Fui direto para o quarto, tirei a minha roupa, coloquei uma calça de moletom, deitei e voltei a dormir. Dormi até às 20 hs, jantei, sentei por pouco tempo na sala, assisti um pouco de Tv, matava a saudade dos programas. Lá pelas 23 horas voltei para o meu quarto e dormi. Até tinha vontade de ir ao clubinho da empresa, rever o pessoal e conversar mais descontraído. Mas estava cansado e queria manter uma certa distância de fofocas e panelinhas e me focar no meu novo desafio. Dormi o sono dos justos. Acordei por volta das 10 da manhã. Sem ter muito que fazer coloquei uma roupa e fui dar uma passeada pelo bairro. Era um belo dia de sol, bem propício para caminhar. Sai de casa, olhei para os dois lados e resolvi subir a rua e virar à esquerda. Um caminho totalmente aleatório. Na esquina seguinte havia uma padaria. Não resisti e parei. Fazia tempo que não sabia o que era um pingado com pão e manteiga na chapa. Sorvia aquele pão com se fosse um manjar dos deuses. São estas pequenas coisas inexplicáveis que nos fazem sentir o prazer de estar em casa. Estava entretido com a minha “refeição” quando entrou na padaria a Heloisa. Eu a conhecia desde pequena, era uma bela morena, os cabelos bem escuros contrastavam com a pele clara. Apesar de conhecê­la há tanto tempo pouco conversávamos. Ela me cumprimentou e perguntou como fora a minha viagem. Esta era a senha para engatar uma conversa mais extensa. Fomos para a parte de fora da padaria e sentamos na muretinha lateral Conversamos por mais de hora. Era muito bom estar ali. O mundo poderia acabar que não sairia dali.


No meio da conversa comentei que fazia muito tempo que não ia para a praia e estava um brancão e foi daí que surgiu a idéia de irmos para a praia. Até aquele momento não tinha pensado em qualquer envolvimento emocional. A partir deste momento esta me pareceu a melhor idéia do mundo. Ela me ofereceu a casa de uma prima na praia grande. Eu queria algo melhor. Sugeri um hotel ou pousada no litoral norte. Quando falei a sua surpresa foi enorme. Parecia que ela estava louca por aquele convite, mas não acreditava que poderia acontecer. Só que como toda mulher fez uma frescura e se fez de difícil. Não foi difícil vencer esta resistência. Combinamos ir viajar naquele mesmo dia, de tarde. Despedi­me dela com um leve selinho. O coração pulou até a boca e voltou. Parecia um adolescente de 15 anos saindo com a primeira namorada. Fui para casa, fiz um par de ligações e descobri uma pousada descoladissima na praia de Camburi. Fiz as reservas e liguei de volta para a Heloisa. Combinamos de nos encontrar na esquina de sua casa. Fiquei com vergonha de seus pais que me conheciam desde criança. Não tinha o que esconder, mas isto dava um sabor diferente, um sabor de aventura. Na hora e local marcado ela estava lá. Linda e maravilhosa. Para descermos aluguei um carro. Acionei a agência de viagens que presta serviços ao banco. Além de providenciar o aluguel eles mandaram entregá­lo em casa. Além do upgrade, pedi um carro simples e me mandaram um de luxo, pelo mesmo preço. Quando cheguei na esquina para pegá­la com aquele carrão foi um susto. Quase não me reconheceu. A viagem para a praia foi tranqüila, demos muitas risadas. Não lembrava do caminho, fazia alguns anos que não passava por ali, e me perdi. Na verdade entrei em uma saída indevida. A viagem aumentou em pelo menos meia hora o que não foi nada mal. Pudemos conversar mais e rir mais ainda. Ao chegar na pousada a duvida crucial: pediria um ou dois quartos, se fosse um quarto como seria? Uma cama de casal ou duas de solteiro? Momentos de indecisão. A indecisão acabou com a ação espontânea do recepcionista da pousada: -

O seu quarto já está pronto, por favor, sigam o rapaz que ele mostrará onde fica.


Nos olhamos, demos uma risada e seguimos o rapaz. Ele colocou nossas malas em cima da cama, virou as costas, fechou a porta e foi embora. Fiquei olhando para ela, um silêncio. Dei dois passos, abracei­a e começamos a nos beijar. A cidade, o planeta, as galáxias giravam e nós estávamos no centro. Transar com a Heloisa foi a melhor coisa do mundo. Nos dias que ficamos na praia praticamente não saímos do quarto, era como se quiséssemos recuperar todo o tempo perdido. Estávamos aproveitando tanto que ficamos mais dois dias, apesar do protesto dos meus pais. Foram, talvez, os dias mais felizes da minha vida, mas como o que é bom acaba logo voltei para São Paulo. Voltei para arrumar as malas e voltar para Nova Iorque. A lembrança daqueles dias ficou para sempre na minha cabeça, principalmente porque foi nestes dias que foi gerada a minha filha Luiza. A quem só conheci com cinco anos de idade


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