Capitulo 2 - Hoje é o primeiro dia no Banco

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Para a estréia no banco dei uma mordida no cartão de crédito da minha mãe. Comprei dois ternos, sapato, cinco camisas e algumas gravatas. Não foi muita coisa. Comprei tudo em uma loja popular metida a chic de um shopping perto de casa. Seria o suficiente para os primeiros meses e ainda dividiram em cinco vezes. As prestações cabiam no meu futuro salário. Comecei mal, cheio de divida, mas era uma coisa inevitável. Se fosse demitido nos primeiros seis meses poderia causar uma grande convulsão familiar. O primeiro problema já tinha superado, já possuía roupa para trabalhar sem passar vexame, o pagamento das prestações do cartão seria a etapa futura. O segundo problema imediato era chegar ao banco. Ir esporadicamente era uma coisa. Ir diariamente, de modo cotidiano, seria outra bem diferente. A distância aumentava por ser feita de ônibus. Para não me atrasar teria que acordar as 06:00, tomar banho e me trocar, sair às 07:00, tudo isso para chegar às 09:00 no escritório. Agüentando ônibus lotado com gente fedida. Esta condição vai mudar, assim que tiver uma grana dou de entrada em um carro e pronto, o trajeto fica mais tranqüilo e... Acabou a pobreza. Hoje é o primeiro dia no Banco e ainda não sei como me aceitaram, tecnologia ou chute? Do que acontecia nos bancos só sabia das coisas que tinham me falado na Faculdade, e você sabe nem sempre o que te falam na faculdade é verdade. Às 07:00 horas estava no ponto esperando o ônibus, que Já chegou lotado. Empurro daqui, empurro dali e pronto, me encaixo. Preparado para a viagem até o metrô. No metrô a mesma coisa. Espreme daqui, espreme dali, me encaixo e estou pronto para a viagem. Desço na estação mais próxima do banco e vou para o ponto aguardar o derradeiro ônibus. Ele não está tão cheio, deve ser a proximidade com a riqueza. Desço no ponto, no quarteirão do banco e caminho. Tempo total da viagem: Uma hora e quarenta e oito minutos e alguns segundos.

Chego no prédio e agora me apresento como funcionário. Meu nome está em uma lista e a moça-maquina da recepção me explica telegraficamente que tenho três dias para providenciar o crachá definitivo para entrar no prédio. Agradeço pela informação e sigo para o elevador.


Cheguei um pouco adiantado e a recepcionista, que entra no trabalho meia hora antes que todos pede para eu esperar que o meu chefe ainda não chegou. Mr. Haber, este era o nome do meu futuro chefe. Um típico americano de Nova Iorque com trinta e tantos anos. Era um especialista em mercado brasileiro. Conhecia todos os meandros do nosso sistema financeiro, provavelmente conhecia muita falcatrua. Falava português fluentemente. Algo que invejava, pois o meu inglês nem de longe era fluente, mesmo com todos estes anos de prática. De longe vejo um senhor sisudo saindo do elevador. Com um discreto terno azul marinho e passos firmes. Na mão carrega uma fina pasta de couro.

-

Bom dia!

-

Bom Dia!

-

Você deve ser o novo analista de câmbio Jr. Pronto para o primeiro dia de trabalho?

-

Prontíssimo.

-

Ótimo, vamos para a minha sala.

Apesar da fluência no idioma, um leve sotaque o entregava. Era difícil sabermos a origem, mas ficava claro que não era nativo. Sua sala não era muito grande. O suficiente para uma mesa, um pequeno armário e três cadeiras. Este era o padrão do banco para um funcionário no cargo de supervisor. No caso específico dele, supervisor de câmbio. Em termos de hierarquia o mais alto cargo era da Marisa, abaixo dela estavam os supervisores, neste caso Mr. Haber, e abaixo dele os analistas. No departamento de câmbio, eu. Mr. Haber teve uma paciência bíblica em explicar-me todo o procedimento burocrático das operações, seus princípios e a forma como nos relacionamos com os nossos clientes. Conheci com detalhes o funcionamento do departamento de câmbio. Este treinamento durou duas semanas inteiras. Todo dia era o mesmo ritual. Chegava, ia para a sala do Mr. Haber e ele me explicava o funcionamento do departamento, as leis, as necessidades de nossos clientes, como o banco faturava e etc. Possuía uma paciência enorme e durante este período distanciou-se dos outros afazeres. Parávamos para o almoço e fazíamos raramente alguns poucos intervalos para um café.


Somente após estas duas semanas é que tomei posse da minha mesa. Ela estava localizada em um salão com vários outros funcionários do banco. A minha baia, era assim que chamava o local de trabalho de cada pessoa, tinha uma mesa, uma cadeira, computador e só. Estava virada para a janela. Achei ótimo, pois assim poderia ver o tempo lá fora e não era tão incomodo como estar virado para o centro do salão e ver aquelas pessoas trabalharem. Eles trabalhavam como se estivessem em um ballé caótico.

O meu trabalho era muito simples. Eu conferia as operações realizadas. Verificava os valores, se não havia nenhuma discrepância e as encaminhava para o departamento administrativo, para o arquivamento ou realizar alguma cobrança extra. Nada de muito animado, não havia contatos com os mercados internacionais ou conversas com grandes capitalistas. Meus colegas de trabalho pareciam estar muito mais interessados em seu respectivo trabalho do que fazer novos amigos. De vez em quando levantava ia ao banheiro e aproveitava para fazer uma exploração na empresa, mas rapidamente voltava para o meu lugar com medo que pensassem que estava bisbilhotando algo. No começo almoçava sozinho, não encontrava uma viva alma para me acompanhar. Sentia-me um pouco excluído. Acreditava que isto poderia por ser novo no banco. Até que um dia tomei a iniciativa e perguntei para a recepcionista:

-

Eu tenho almoçado todo dia em um quilo aqui em frente. Já estou ficando enjoado da comida. Você conhece algum outro aqui por perto?

-

Conheço. Tem um ótimo que fica na rua de trás. É só contornar o prédio. Ele fica em um sobrado e a comida é ótima e variada. Eu vou sempre lá.

Era a dica que eu precisava.

-

Você vai sempre Lá? Poxa!! Amanhã você me leva? Eu não conheço nada por aqui.

-

Sem dúvida. Meu almoço é ao meio dia e meia.

-

Combinado, Combinado?

-

Combinado. Espero você aqui.


-

Ta bom. Não fuja

-

Para onde eu poderia fugir?

-

Não sei, Bagdá ou quem sabe Cabul.

-

Engraçadinho.

Foi mais fácil que eu esperava e as brincadeiras caíram bem. Só preciso me controlar não posso ficar comendo todo mundo do banco. Especialmente a recepcionista, ela está muito à vista e conhece a vida de todo mundo. Pega mal.

No dia seguinte já ao chegar o sorriso da recepcionista já foi diferente e o “Bom dia” mais caloroso. Já ia passando quando resolvi impressionar mais.

-

Olha, eu sou muito mal educado.

-

Porque?

-

Eu esqueci de perguntar o seu nome.

-

Lucilene

-

Legal, agora eu já sei. Eu tô desculpado?

-

Tá, não foi nada.

-

Ufa! Estou mais aliviado. Meio dia e meia eu passo aqui e vamos almoçar, certo? Não fuja, Bagdá nesta época do ano não é muito boa.

-

Certo. Vou me controlar para não fugir.

Preciso me controlar melhor. Deste jeito parece que é uma cantada. Estes americanos são tudo meio traumatizado com assédio sexual e qualquer coisa, pronto, perco o emprego por uma bobagem. Acho que o pior vai ser ela acreditar que eu estou mesmo afim dela. Se bem que ela não tão ruim, melhor, ela é uma delícia. Vinte e poucos anos, baixinha com um metro e cinqüenta e poucos. Uns peitões maravilhosos. Uma bundinha que deve ser uma graça, cabe na minha mão. Ela chupando o meu pau deve ser uma coisa de louco.


O que estraga é o nome. Lucilene, que nome idiota, não é nem Lúcia nem Helena. Que idéia colocar este nome em uma menina tão gostosinha.

A manhã passou voando. Fiquei só imaginando aquela boquinha chupando o meu pinto. Que maravilha! Será que ela engole ou cospe? Meio dia e vinte e cinco. Não posso dar mole, vou enrolar um pouco mais e chegar levemente atrasado. Já sei vou baixar meus e-mails. Deve ter muita porcaria e a desculpa cai direitinho. Meio dia e meia. Pronto já posso ir não é nem muito tarde, nem cedo. Vou caminhando lentamente e ao chegar na recepção percebo que ela está um pouco ocupada com dois telefones, um em cada ouvido.

-

Vamos almoçar?

-

Espera um pouquinho que estou com uma ligação para a Marisa. É internacional e eu não a estou encontrando.

Marisa? Santa informalidade. Acho que a recepcionista do banco deveria ter um pouco mais de respeito e chamar a principal executiva da empresa utilizando o “senhora”. Senhora é melhor do que o coronelístico Doutor (a), que no meu entender só cabe para aqueles que realmente concluíram o doutorado. Fico lá na recepção esperando. Dando a maior bandeira. Só faltava escrever na testa: “To aqui esperando aquela gostosa pra ver se consigo comê-la”.

Finalmente ela acaba com as ligações.

-

Vamos?

-

Vamos? Pra onde, Bagdá?

-

Não, hoje só almoçar.

-

Por que amanhã é outra coisa?

-

Não sei, quem sabe?


Podia emendar um “quem sabe um almoço executivo”, mas achei que já seria apelar. O importante é que a porta estava aberta.

O elevador estava cheio de gente e não pudemos trocar uma palavra. Mal conseguíamos nos ver, ela ficou em um dos cantos e eu no outro. A sorte é que ele é bem rápido e o suplício durou pouco, estava cheio de homem. Ao sair do elevador ela desembestou. Saiu correndo que só consegui alcançá-la quase na rua.

-

Hei! Qual é a pressa? Tem pouca comida e quem chegar primeiro fica com o melhor?

-

Desculpe-me. É o costume.

-

Calma. Não tem pressa. O tempo é suficiente para comermos, tomar um sorvete e sobra tempo para fazer alguma fofoca. Adoro falar da vida alheia.

-

Não tem tanto tempo assim. Além do mais estou de dieta, não posso tomar sorvete e detesto fofoca.

-

Desculpa estava brincando. Não quero falar mal de ninguém. Só quero lhe conhecer melhor.

-

Não esquenta. Vamos atravessar a rua que o restaurante é logo ali.

Acho que ela não gostou da brincadeira. Alguma coisa a incomodou. O restaurante era um pouco melhor daquele que estava acostumado a freqüentar. Era amplo, as paredes eram pintadas com cores claras. O cheiro de comida persistia, mas era muito mais discreto. As mesas eram de quatro lugares distribuídas em dois grandes salões, um embaixo e outro no andar superior. Havia também uma espécie de varanda que na lateral do salão superior que comportava mais umas dez mesas. A comida ficava exposta no fundo e estava dividida em duas partes, saladas e pratos quentes. Não havia como fugir. Naquele horário o restaurante estava cheio e enfrentamos uma boa fila para nos servir. Quis impressionar e me servi fartamente de salada regada a molho shoyu, para acompanhar escolhi um filé de frango. Achei que desta forma poderá passar um certo ar de sofisticação, com um prato leve e servido com parcimônia. A minha decepção foi ver o prato da minha acompanhante. Parecia ser montado por um pedreiro em meio a uma obra. Era arroz misturado com feijão, com um macarrão sobrenadante, tudo cercado por folhas de alface e para coroar um enorme filé, que parecia ter saído de um filme dos Flinstones, cobria quase


totalmente os outros ocupantes do prato. Fui educado e não fiz nenhum comentário a respeito, mas tive vontade de perguntar em que obra ela havia trabalhado e coisas do gênero, mas me contive e apontei uma mesa que estava vaga bem perto da varanda. Desta forma ficava longe do burburinho e a janela fazia o ar circular melhor, diminuindo a intensidade do cheiro da comida.

-

Realmente este lugar é melhor do que o outro que eu estava indo. A comida parece bem melhor.

-

E o preço é o mesmo.

Que desastre. Com apenas uma pequena frase já pude ver o arroz e o feijão remoendo dentro da sua boca. Fora os estalidos que vez por outra fazia com a língua dentro da boca. Tentava desviar a minha concentração olhando para o lado e pensar em algo diferente. O duro foi vê-la cortando o bife, ou melhor, atacando-o, pois foi isso que ela fez. Pôs o gafo na vertical e partiu para o ataque com a faca, parecia que o pobre pedaço de carne iria sair dali correndo.

-

Você ta gostando do trabalho?

-

Estou. Tem muita coisa nova que preciso aprender, muita novidade. Mas parece que estou indo bem. Pelo menos até agora não levei nenhuma bronca o que já é um bom começo.

-

Meu filho você tá com a bola toda, tá abafando.

-

Como assim?

-

Estão gostando muito do seu trabalho. Já ouvi alguns elogios da Marisa e além do mais ela te acha um gato. Só ela não, mas como quase todo o mulherio do banco.

-

Para com isso, me deixa envergonhado. Você está exagerando.

-

Exagero nada. Existe até uma aposta pra ver quem vai te comer primeiro.

Aquilo num primeiro momento me deixou assustado. Senti um peso enorme no estômago, era como se o alface pesasse uma tonelada. Ser o objeto de uma aposta era uma coisa inédita e a reação que me venho à cabeça foi, de início, rechaçar toda e qualquer pretensão daquelas mulheres. Mas... Aos poucos, aquilo foi me excitando.


-

E o que eu estou valendo?

-

Uns duzentos paus mais a conta do motel.

-

Poxa! É muito pouco.

-

O que você queria um milhão de Dólares?

-

Mais ou menos.

-

Eu também queria, pelo menos era um jeito de ficar rica rápida.

-

E quem disse que você vai ganhar.

-

Eu? Eu tenho a certeza que vou ganhar.

-

Como você sabe isso?

-

Eu sei, eu pressinto.

-

Então vamos fazer o seguinte: Você fala pra todo mundo que saiu comigo e dividimos o dinheiro. São duzentos reais do prêmio mais uns cento e cinqüenta do motel. Bingo! Uns cento e oitenta paus para cada um.

-

Não vale.

-

Como assim?

-

Posso até dividir o prêmio com você, mas quero fazer jus a ele.

-

Ainda não entendi.

-

Helloooo!!!!! Amor presta atenção. Qual é o desafio da aposta?

-

Transar comigo.

-

Então. É isso que eu quero.

Engoli seco, nunca uma mulher tinha sido tão direta comigo com relação a sexo. Para ser sincero eu estava adorando.

-

Esta bem. Quando? Agora?

-

Não. Pode ser hoje depois do trabalho.

-

Ah! Que susto. Pensei que ia ter que chegar atrasado no trabalho.


-

Bobinho.

-

Tudo bem eu aceito, mas...

-

Mas o quê?

-

Eu tenho que fazer uma exigência.

-

Que exigência?!

-

Você tem que me contar aqui, agora, tudo que vai me fazer lá no motel.

-

Isso é fácil. Já venho imaginando isto desde o dia que você chegou.

-

Então vamos lá.

-

O motel que está valendo a aposta é o Paradise Island. É bem perto daqui. Ele tem umas suítes super transadas com piscina, hidro e teto solar. Você conhece?

-

Não, nunca estive lá.

-

Vai me dizer que é virgem?

-

Bahn! Claro que não.

-

Deixa-me ver.

Por baixo da mesa ela estica a mão e começa a passá-la em minha perna. Com estava excitado logo ela encontra o meu pau, que já estava a todo vapor. Com o polegar e o indicador ela vai passando por toda sua extensão. Sentindo cada milímetro de sua extensão. Aquilo me deixa maluco, quase chego ao orgasmo.

-

Nossa como é grande!!!!!. Deve ser uma delícia!!!!.

-

Muito melhor do que você imagina.

-

Para, senão você me mata de tesão. Já estou toda molhadinha.

-

Que delícia!

-

Bom a conversa está boa, mas precisamos ir por que você tem hora para voltar.

-

É isso mesmo. Vamos logo senão tomo uma bronca.

Foi um banho de água fria. Que no fundo até gostei. Não saberia como controlar a situação se continuássemos a conversa.


Voltamos para o banco em silêncio. Estava indeciso, não sabia se gostava de ser troféu, ou o simples fato de comer aquela gostosinha já valia a pena. E as outras do banco, será que poderia conseguir algo melhor e ainda faturar uns trocos. Poderia trocar a gostosinha por aquela morena cavalona que trabalha na minha sala ou por uma loirinha maravilhosa que já cruzei algumas vezes nos corredores do banco. Sei lá!!! A melhor coisa é deixar as coisas rolarem para ver como é que ficam. Ao chegarmos na recepção o silêncio foi quebrado.

-

O que foi?

-

Nada.

-

Eu não mordo, viu? Ou pelo menos não pela boca e nem tira pedaço.

-

Ah é? Pelo menos assim fico mais sossegado.

-

Você tem uma cara de virgem, mas quando se liberar trepa até no lustre.

-

Pode ser... Tenho o benefício da dúvida.

-

Vamos ver...

-

Você verá quando quiser...

-

Oba!

Chegou mais gente na recepção e eu estrategicamente cortei o papo e fui para a minha sala. Aquilo era um pouco estranho para mim, mas eu gostava. Peguei na gaveta da minha escrivaninha uma bolsinha com a escova e pasta de dente, tinha um amigo que chamava isto (a bolsinha com pasta e escova de dente, fio dental e coisas do gênero) de banheraits, e rumei para o banheiro. Escovava os dentes, olhava para o espelho e pensava: Comer ou não a baixinha poderia ser uma ação estratégica, poderia ser a minha afirmação ou derrocada no banco. Mas e se fosse tudo mentira? E se ela estivesse inventando tudo aquilo para resolver o seu problema sexual? Era uma decisão difícil. A solução seria uma só. Vou postergar esta foda o máximo que puder. Preciso de tempo para analisar as ações e respectivas conseqüências.


Quando cheguei a minha mesa encontrei a resposta. Haviam colocado sobre a minha mesa um panfleto de um barzinho próximo ao banco convidando os funcionários para um happy hour na sexta –feira. Haveria um belo desconto nas bebidas e uma sala em separado para o pessoal do banco. Esta é minha oportunidade. Ficarei na vitrine e analisarei as consumidoras. Mas para isso teria que ter maestria e adiar a foda com a baixinha. O ditado “uma foda adiada é uma foda perdida” não poderia valer. Pelo menos não nesse caso. Seriam apenas alguns dias a mais. Mais do que o acontecimento a sua realização já era um motivo para levantar maiores informações e então fui a luta. Levantei a cabeça e procurei um alvo. Nada na minha esquerda, na minha esquerda... É isso aquela grandona, meio desajeitada com uns peitões maravilhosos. Boa hora e motivo para um papo exploratório.

Como não havia me sentado e estava lendo o folheto de pé me virar e perguntar poderia parecer algo casual, não forçado.

-

Oi, tudo bem?

-

Tudo.

Que jeito mais idiota de começar uma conversa.

-

Eu sou novo aqui na empresa...

-

Eu já percebi.

-

Então eu recebi este folheto e queria saber se o lugar era bom e se valia à pena ir lá.

Falei tudo muito rápido, quase perdi o fôlego. Não queria dar chances a nenhuma resposta que me embaraçasse, mais.

-

Depende.

-

Depende do quê?

-

Se você for lá já terá valido a pena.


Pronto, pouco tempo no banco e já sou o objeto do desejo das mulheres da empresa.Não sei se isto é bom.

-

Mas... Eu não posso ir sozinho...

-

Vem comigo e não se arrependerá

-

Mais eu ainda não sei o seu nome.

-

Mara

-

O meu é...

-

Já sei. Ou melhor, quem não sabe?

-

Não sei. Sou assim famoso?

-

Muito mais do que imagina.

Aquele dialogo tinha um ar de mistério e a Mara fazia o possível para torná-lo o mais intrigante possível. -

Legal...

-

E então vamos ao Happy Hour?

-

Vamos. Saímos daqui do escritório?

-

Sim, venho te buscar aqui na sua mesa.

-

Cuidado não vai se perder. É muito longe

-

Pode ficar sossegado.

-

Então tá combinado.

Disfarço e saio estrategicamente para o café. No caminho penso. Eu sempre quis comer o maior número de mulheres possível. O meu sonho estava se realizando e eu ainda reclamava. Mas eu não estava confortável com aquilo. No caminho para o café resolvi dar uma volta maior e fazer uma exploração pela empresa. Andei sem destino e todos me pareceram austeros e compenetrados naquilo que faziam. Não tinham cara de atletas sexuais ou ninfomaníacas.


Ao chegar na copa encontrei com a Marisa, aquela que cuspira um monte de palavras na minha entrevista. Esta seria a primeira vez que nos encontrávamos.

-

Boa tarde

-

Boa Tarde

-

Está gostando do trabalho no banco?

-

Estou. É muita informação nova, espero estar assimilando-as rápido.

-

Está, está sim. Esta indo muito bem

-

Obrigado. A senhora está acompanhando o meu trabalho?

-

Tudo o que acontece aqui eu sei

-

Claro, como sou estúpido como country manager a senhora tem que saber de tudo.

-

É verdade, mas não só por isso... Não só.

Ela virou as costas e foi embora. Mais mistério. Preciso relaxar. Vou voltar a minha mesa e enterrar a cabeça no trabalho. Preciso tirar estas bobagens da cabeça.

Na minha mesa os processos se acumulavam e eu freneticamente tentava despachá-los. Tudo muito rápido e extremamente concentrado. Não poderia perder este emprego por pensar bobagens ou por causa de uma boceta. Afinal de contas, boceta é boceta e se encontra em qualquer canto, emprego não. A maré tá difícil e outro igual a este, nunca mais. Se bem que a boceta daquela Mara deve ser maravilhosa. Peluda, grandona. Maravilhosa. É melhor esquecer e voltar ao trabalho.

Processo, processo, processo e conta, conta e mais conta. Esquece o resto e se concentra no trabalho.

Três horas. Este dia não acaba.

Quatro horas. Já fiz tudo que devia por hoje. O que posso inventar. Nada. Não vou fazer maluquices. Pense no trabalho, seu idiota. No trabalho, só isso.


Vou tomar um café. Há essa hora deve estar tudo vazio. Não encontro ninguém e relaxo um pouco.

Olho para os lados. Ninguém. Levanto-me e sigo para a copa, com sorte não encontrarei ninguém, tomarei um café para relaxar e farei um pouco de hora para o tempo passar logo.

Ao chegar na copa vejo que terei compania. Uma loirinha de olhos azuis maravilhosos, baixinha. Vestia uma saia e uma dessas blusas de gola olímpica. Fico imaginando ela pelada da cintura para baixo, com esta blusa roçando os seus pelos. Que tesão!

-

Olá eu ainda não lhe conheço eu...

-

Eu sei. Você é o novo analista de câmbio.

-

Poxa! Acho que estou ficando famosos por aqui

-

Você não sabe como

-

Que legal, eu adoro isto.

-

É? Gostosão!

Confesso que não gostei do jeito debochado que ela me respondeu. Mas tentei encarar.

-

Até a pouco não achava isto, mas depois de falar com algumas pessoas...

-

Tá se achando o máximo, né?

-

Mais ou menos

-

Eu não acho que você deva ser isto tudo. Deve ser propaganda enganosa.

-

Como posso provar que é mentira? Não vejo a hora disto.

-

“Vem vamos embora que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora não espera acontecer...”. Cantarolou.

-

A é? Então você vai ver...


Aquele enfrentamento me deixou com muito tesão. Saltei em direção a aquela gostosa e dei-lhe um super beijo, na boca. No início ela não me correspondeu, mas aos poucos fui vencendo a resistência até que a abracei e a trouxe bem perto do meu corpo. Ela rebolava e esfregava aquele corpinho contra o meu. Fui ficando maluco de tesão. Minha mão esquerda foi descendo até a sua pequenina bunda, apertei-a contra mim e a menina enlouquecia. Beijava-me freneticamente.

Sem perceber ela me levava ao banheiro masculino. Quando chegamos lá:

-

Você é louca? Vamos ser despedidos.

-

Não esquenta. Vem cá.

Puxou-me contra ela, deu-me um beijo inesquecível, afrouxou a gravata e começou a abrir minha camisa.

-

Espera, para, ainda não.

-

Mas, como? Não quer?

-

Quero e muito, mas não aqui.

-

Brocha

-

Não ofende não. O que você pensa que é. Acha que é só passar a mão e ir levando?

-

Engraçado. Acho que este dialogo está invertido. Bye e cuidado.

Em dois movimentos ela se recompôs e saiu do banheiro me largando quase imóvel. Fodeu. Era só o que eu poderia imaginar. Ficava com medo só de imaginar a vingança de uma mulher contrariada. Respirei fundo, me arrumei e lavei o rosto. Peguei o papel toalha, coloquei-o no rosto e fui lentamente abaixando-º Desta forma tentava me secar e o mais importante me reencontrar no espelho. O que vi foi o rosto de um menino perdido, sem ação. O que faria agora? Ignorava o acontecido, partia para o ataque ou deixava as coisas rolarem para ver onde iriam chegar. Que dureza!


Mais uma vez respiro fundo, tento aspirar o máximo de oxigênio possível e saio do banheiro.

Olimpicamente atravesso o corredor em direção a minha sala. Do meu lado direito a sala do café permanece vazia. Um, dois, três, quatro... Uma eternidade... Cinco, seis, sete passos e finalmente chego à minha mesa. Meu porto seguro.

Não consegui prestar atenção em nada. Impossível saber se era espionado ou ignorado.

Voltei ao trabalho, tentava me concentrar ao máximo, mas não conseguia fazer nada.

Só havia uma solução. Fui até a sala do Mr. Haber e pedi para sair mais cedo. Inventei uma desculpa. Um compromisso de família ou algo do gênero. Ele concordou prontamente, afinal de contas uma ou duas horas não fariam diferença.

Voltei a minha mesa, arrumei minhas coisas rapidamente e segui em um passo acelerado rumo a saída. Ao passar pela recepção já visualizo que o elevador está chegando, aumento o passo, chego a correr para alcançálo. Não vejo nem percebo nada. Só escuto uma última frase dita pela recepcionista quando eu estava entrando no elevador.

-

Vai foge, bobão!!!


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