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EM Sintonia

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A URGÊNCIA DE REDUZIR O DÉFICIT PÚBLICO

PAULO LUDMER

“G erenciaremos a energia sem ideologias”, prometeu o representante da plataforma de governo do então candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro. Era um debate com seus pares do PT, PSD, PDT, PFL, em São Paulo, promovido pelos grandes consumidores industriais de energia. Na plateia, de pronto, comentei em voz alta, “isso é um engodo, a ideologia é a dimensão política do ser humano na sociedade, na profissão, na família. Não é uma opção. A política é onipresente em tudo o tempo

todo”. Dito e feito, o plano era fajuto, se é que havia.

Auxiliar caminhoneiros com vale diesel é um artifício falso, com perfume de óbolo do Tesouro, que incendeia o futuro. Reduzir impostos federais para atenuar preços finais de combustíveis é outro remendo insignificante diante do que está acontecendo no mundo nesta esfera. Os preços estão aumentando exponencialmente em toda a parte.

Subsidiar o gás de cocção para a baixa renda de novo disfarça a grande crise internacional do gás natural com migalhas para galinhas por tempo curto. O socorro apenas abalará ainda mais a sangria do erário. E, se não subsidiar, explode. Porém, furar o teto de gastos públicos custa bilhões de perdas ao mundo real em funcionamento. Muito além da hipnótica ajuda.

Vender a Petrobrás é assunto sério demais para ser aventado nesta crise estrutural de abastecimento de energia da China à Índia, da Coreia do Sul à Austrália, dos Estados Unidos à Alemanha. Mas o presidente acena com uma idiossincrasia desta grandeza para debelar resistências à sua vontade individual pouco baseada na ciência contábil.

Todas essas manifestações equivocadas custam às empresas cotadas em Bolsa de Valores dezenas de bilhões de Reais, muito mais do que quantias a serem despendidas nos auxílios presenteados às custas do déficit público. Para não falar de renúncias e adiamentos de investimentos.

O caminho indicado por nove em cada dez economistas no País é reduzir o déficit público, evitar os bilhões de Reais mal gastos, mal redirecionados, muitas vezes corrompidos em manobras de toda ordem (vide a CPI da Saúde no Senado Federal).

Diminuído e revertido o déficit público, veríamos que a paridade do câmbio (R$ 6 compram US$ 1) tem potencial para cair 40% se os fundamentos da economia fossem reconquistados. Energia, comida, insumos de toda ordem teriam preço compatíveis com o poder econômico das famílias e das empresas. Juros e inflação voltariam aos níveis mínimos que haviam recém atingido (governo Temer). Há gorduras escancaradas e elimináveis nos três Poderes da República. Mas falta poder e vontade política para agir nesta epopeia grudada no interesse nacional.

Os amantes das ditaduras, sempre atraídos por esmagar seus contrários, espumam de imaginar que donos de poderes absolutos (à moda da China, Cuba, Coréia do Norte) cumpririam esta tarefa. Ledo engano, as suas próprias faturas conduziriam velozmente o país a novas desgraças (Venezuela, Afegão, Iêmen).

O convencimento democrático é o modo mais consistente de mostrar que a Síria, em boa parte, está aqui. Nossos edifícios não amanheceram bombardeados, ainda temos açougues, jornaleiros, bares e barbearias funcionando. Mas milhares pararam de operar, milhões de empregos e empresas foram destruídos pela pandemia e pela inépcia do desgoverno.

Um pacto social federativo precisa romper inércias que nos impedem de melhorar a conjuntura e a estrutura da Nação. Por exemplo, temos 900 MW sem gerar (a no máximo US$ 10/MWh) na Billings, na Serra do Mar, SP, com uma queda de 700 metros, numa hora de verdadeira guerra contra a crise hídrica, numa hora em que ligamos térmicas como a W. Arjona a mais de R$ 2000/MWh.

É preciso entender, compreender e aceitar que a pandemia e as mudanças climáticas nos puseram numa guerra em que os ativos não são fisicamente destruídos, mas a miséria é disseminada. No entanto, prevalece a desumanidade de dirigir o Brasil com vistas primordiais para as eleições presidenciais de 2022.

É iminente novo aumento nas bandas vermelhas dos preços finais da energia elétrica para os consumidores cativos. Tratase de arrecadar recursos para aliviar o caixa das distribuidoras em suas áreas de concessão. Mais inflação pode ser esperada. O grande beneficiário de curto prazo é o Tesouro, pois a dívida pública é comida na base pela sua depreciação financeira às custas dos extratos de renda mais desiguais, mais judiados pela crise, sem conta corrente bancária, sem reservas investidas, sem utilidades públicas, ludibriadas por bolsas famílias, ajudas emergenciais e que tais.

“A pandemia e as mudanças climáticas nos puseram numa guerra em que os ativos não são fisicamente destruídos, mas a miséria é disseminada”

Paulo Ludmer é jornalista, engenheiro, professor, consultor e autor de livros como Derriça Elétrica (ArtLiber, 2007), Sertão Elétrico (ArtLiber, 2010), Hemorragias Elétricas (ArtLiber, 2015) e Tosquias Elétricas (ArtLiber, 2020). Website: www.pauloludmer.com.br.

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