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EM Aterramento
from EM - Dezembro 2021
SERGIO ROBERTO SANTOS
Uma instalação elétrica tem como objetivo conduzir correntes elétricas de uma fonte para uma carga, onde a energia elétrica será transformada em trabalho. Como existem correntes provenientes de faltas ou descargas atmosféricas, a instalação deve estar preparada para dar um destino seguro para essas correntes indesejadas, o que normalmente é feito através do sistema de aterramento.
Um sistema de aterramento, composto pelo seu eletrodo, condutores e o solo, não é algo independente da instalação, devendo ser projetado para limitar as tensões de contato causadas por correntes de falta ou descargas atmosféricas. Como a diferença de potencial no sistema de aterramento é o produto da corrente que ele conduz pela sua resistência de aterramento, quanto menor for essa resistência menor será a queda tensão no sistema e mais segura será a instalação.
Nesse caso, então, o valor da resistência de aterramento é um parâmetro fundamental para o desempenho do sistema de aterramento. A questão que se coloca é: Qual o valor de resistência de aterramento necessário para que as tensões de contato e o tempo de seccionamento automático da alimentação tenham valores seguros para as pessoas e os equipamentos que estejam na instalação durante um evento perigoso? A construção de um sistema de aterramento envolve tempo, espaço e capital, recursos escassos em qualquer empreendimento. Por isso o projeto do sistema de aterramento deve ser bem executado, para que a utilização dos recursos citados seja a mais otimizada possível.
Definido um valor para a resistência de aterramento, devemos então construir a malha de aterramento e depois validá-la. Sem esse valor pré-definido, qualquer medição nos fornecerá um número, mas sem qualquer aspecto prático, já que uma medição é meio e não um fim em si mesmo. Quando nenhum valor de resistência foi estabelecido em projeto, nenhum valor necessitará ser medido. Os profissionais não estão proibidos de medir a resistência de uma malha de aterramento. Quem quiser que o faça, mas provavelmente sem nenhum proveito prático.
As normas técnicas não determinam explicitamente quando medir e quando não medir a resistência de aterramento. Cabe aos profissionais da área elétrica interpretá-las e analisar qual a finalidade do sistema de aterramento naquela norma e se existe algum valor a ser conferido. Mas independentemente da necessidade ou não, toda a medição deverá ser feita através de um método definido em uma norma técnica.
Quando necessário, a medição da resistência de aterramento deve ser feita com base na norma técnica ABNT NBR 15749:2009 – Medição de resistência de aterramento e de potenciais na superfície do solo em sistemas de aterramento. Publicada em 2009, essa norma estabelece os critérios e métodos para a medição da resistência de sistemas de aterramento e de potenciais na superfície do solo, além de definir as características gerais dos equipamentos que podem ser utilizados nas medições e os conceitos para avaliação dos resultados. A existência dessa norma evidencia que pode ser necessário medir a resistência de aterramento, mas para objetivos específicos e em condições muito bem definidas.
Existem diferentes métodos para medição da resistência de aterramento, cada um adequado para uma situação específica, sendo o mais utilizado o método da queda de potencial. É fundamental para o sucesso da medição, que objetivo, método e instrumento sejam previamente avaliados, para que a medição seja realizada com segurança e os resultados obtidos representem de fato a resistência do sistema de aterramento.
Conclusão: só é necessário medir o valor da resistência de aterramento quando este valor foi previamente determinado em um projeto e se deseja conferir se no sistema de aterramento em questão o valor determinado no projeto é o existente.
Engenheiro eletricista da Lambda Consultoria, instrutor da Termotécnica ParaRaios e mestrando do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Sergio Roberto Santos apresenta e analisa nesta coluna aspectos de aterramento e proteção contra descargas atmosféricas e sobretensões transitórias, temas aos quais se dedica há mais de 20 anos. Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões ao especialista pelo e-mail em_aterramento@arandaeditora.com.br.