EM - Julho | Agosto - 2021

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EM – ATERRAMENTO SEGURANÇA TEM CUSTO E INSEGURANÇA TEM PREÇO SERGIO ROBERTO SANTOS

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ma instalação elétrica tem no seu sistema de aterramento um componente, ao mesmo tempo, de muita importância e abrangência. Mais pelas suas inúmeras atribuições do que complexidades a ele inerentes, o aterramento é alvo frequente de equívocos que impedem que ele atenda as funções que deveria de fato desempenhar. As finalidades de um sistema de aterramento são: controlar as tensões de passo e toque, permitir a eficácia do seccionamento automático da alimentação, limitar sobretensões e fornecer uma referência de potencial para a instalação. Para que o conjunto desses objetivos seja alcançado é necessário que o tema aterramento seja estudado em todos os seus aspectos, teóricos e práticos, conhecendo-se todas as normas sobre esse assunto. É necessário ler as normas sobre instalações elétricas completamente, compreendendo assim como o aterramento influencia a segurança, eficiência e confiabilidade da instalação. O subsistema de aterramento é o componente do sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), que tem o objetivo de conduzir e dispersar a corrente do raio no solo, sem causar danos para seres vivos ou instalações dentro da estrutura a ser protegida. Já para instalações de média ou baixa tensão, incluindo os arranjos fotovoltaicos, o aterramento é fundamental para que seja garantida a segurança das pessoas contra contatos indiretos. O ponto fundamental aqui é compreender que, qualquer que seja o requisito ou a atribuição considerada, a infraestrutura de aterramento para a proteção contra descargas atmosfé-

ricas ou para a segurança das instalações de baixa ou média tensão deve ser a mesma, algo bem definido no item 6.4.1.1.3 da norma técnica ABNT NBR 5410*: “Como as opções de eletrodos de aterramento indicadas em 6.4.1.1.1 são também reconhecidas pela ABNT NBR 5419**, elas podem e devem ser usadas conjuntamente pelo sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) da edificação, nas condições especificadas naquela norma”. Já o projeto do sistema de aterramento para uma subestação de energia elétrica tem como objetivo dimensionar os condutores da malha de aterramento e a geometria desta, de modo a que os condutores suportem os esforços térmicos decorrentes da circulação das correntes de curto-circuito e que o desenho da malha contribua para limitar os potenciais de passo e toque, durante a dissipação das correntes de falta no solo. Através da avaliação dos valores da corrente de curto-circuito, tensão de passo e toque, tempo de atuação do seccionamento automático da alimentação e resistividade aparente do solo, é obtido o valor da resistência da malha de aterramento necessária para garantir a segurança durante o funcionamento da subestação. Dessa forma, podemos perceber que um único sistema de aterramento deve atender a diferentes requisitos, mas que dificilmente eles serão conflitantes entre si. Cabe ao profissional responsável por gerenciar todo o empreendimento, coordenar diferentes equipes profissionais, incluindo de arquitetura e engenharia civil, para que o resultado final, o sistema de aterramento da instalação, seja o mais seguro, eficiente e econômico possível. Como em outras áreas da engenharia, o conhecimento sobre aspectos importantes do aterramento, como o comportamento do solo em baixas e altas frequências, técnicas para medição de resistência e resistividade e como evitar a corrosão de materiais,

evolui. Por isso conceitos equivocados são abandonados e novos procedimentos são estabelecidos. Várias questões relevantes da engenharia elétrica podem ser discutidas, tendo o aterramento, com perdão do trocadilho, como fio condutor. Nos próximos artigos desta coluna que agora inauguramos em EM, abordaremos a relação entre aterramento e segurança das pessoas, a proteção contra surtos e a propagação de ruídos. Esperamos assim, por meio dessa interação com os colegas profissionais da área elétrica, contribuir para que tenhamos instalações mais seguras, confiáveis e econômicas.

* ABNT NBR 5410:2004 – “Instalações elétricas de baixa tensão” ** ABNT NBR 5419:2015 (série) – “Proteção contra descargas atmosféricas”

Engenheiro eletricista da Lambda Consultoria, instrutor da Termotéc­ nica Para­Raios e mes­ trando do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Sergio Roberto Santos apresenta e analisa nesta coluna aspectos de aterramento e proteção contra descar­ gas atmosféricas e sobretensões transitórias, temas aos quais se dedica há mais de 20 anos. Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões ao especialista pelo e­mail em_aterramento@arandaeditora.com.br.

JULHO/AGOSTO, 2021 EM

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