Linha de rumo e outros escritos (1926-1962), Tomo I

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LINIlA DE IUMOI e II E OtrrROS ESCRITOS ECONÓMICOS


Colecç2o de Obras a2ssicas do Pensamento Económico Português

zo

J. N. Ferreira DIas Jr. UNHA DE RUMO I e U E OtJ11lOS ESCIUTOS ECONÓMICOS

(1926 - 1962) Tomo I

Introdução e Direcção de Edição •

José Maria Brandão de Brito

Usboa • Banco de Portugal •

1998



COLECÇÃO DE OBRAS CLÁSSICAS DO PENSAMENTO ECONÓMICO POR11JGU~ de Investiga~o sobre Economia Portuguesa do Inslituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Têcnic,:a de Usboa). Coordellador Gcra~ JoM: Luís CardoIo_ Consultor Prl"clpa~ ManudJoc\nlO Nu.-. Pmrocfnlo Financeiro: Banco de Portugal e fundaçIo CaIoutte GuJ. COllcepção e rmltzaç(1o: C1SEP (Centro

benJdaJL 1. Memórias Ecotlómlc;as da Ac(ulemla Real das Ciê"clas de Lisboa, para o AdialJlamelllO da Agricultura, das Artes, e da Indústria em Amu8ol, esuascoltquLstas (1789-181S). Tomos 1 a V. Direcção de Ediçio, José luis Catdoso. 2. Joaquim José Rodrigues de BritO, Mcmôrlas PoIllicas sobre as V(.',dadefras Bases da Grandeza das Nações, c prirrcipalnumte lle Portugal. (11103-1805)_ Di~"o de Ediçio, José Estcveo PereI",_

3. José Joaquim ela Cunha de Azcredo Coutinho, /::,JStl(o Econ6mlco sobre o Comércio de Portugal e suas Colónias (1794) . Direcçao de Edi~"o, Jorge: Miguel Pedrdt2_

4. MJ.R_. /lcotlOmla PoIIUca (1795). Direc~"o de Ediçao, Ant12Jtdo Castro.

5. José da Silvtl Lisboa, Escrflos EcOllómlcOS Escolbltlos 0804-1820). Tomos I e II . Dlrecçao de Ediçio, Amónio AImodo..... 6. Manuel de Almeid1, Compêr,dlo de Economia PoJfllca ( J821 ). Direcç20 de Ediçao, Maria de Fátima Brandio. 7. O. Rodrigo de

SouZ.1

Coutinho, Textos Po/fJlCOS, Eco"6,,,lcos e Fi,lOn-

c.,;"" 0783- 181 1). Tomos lell. DireCÇão de ediçao, Andote Mansuy DInlz SUva_


8. Domingos Vandclli, Aritmética PoIillca, Economia e Finatrças (lnO-18(4). Direcção de Edição: José Vicemc Setrio. 9. José Ferreira Borges, Simelologia e &orJomio Politica (1831-1834). Direcção de Ediç;lo: António L SOusa Franco.

10. Adrião forjaz. de 5.'Impaio. Estudos e Elementos de Eco'lOmia Politica 0839-1874). Tomos I e II. Direcção de Edição: Aldoo Pedrosa. 11. Francisco Solano Constâncio, Lei"luras e Emotos de Economia Política (1808-1842). mrecç30 de Ediç3o, José Lui5 Cardoso. 12. António de Sousa trona Sannento Osório, A Matemática "0 /JeJUomia PI/ru, a TI'QC(i 091 1). Direcção de Edição: Manuel Fano. 13. Silvestre Pinheiro Ferreira, Teuâ.'Ç EscolbúlO$ de

Ecoll()m;a Politico e

Socia/0813-1851). Direcç30 de Ediç3o, José Esteves Pereir.I. 14. J.}. Rodrigues de Freitas, Oh"" Económicas Escolhidas 0872- 1889). Tomos I e II.

Direcção de Ediç:lo, Antónlo Almodo..... IS. José Frederico Laranjo, Priucipias de EcouomiIJ PoUiica (891). Direcção de Edição: Carlos Basticn.

16. A. Oliveira Salazar, O Ágio do Ouro e OlltroS Textos Econ.6mlcos 0916-1918) Direcção de Ediç3o, Nuno Valério. 17. José Ferreir:l Mamoco e Sousa, Ciê"cia Ecomjmica (19'10)

Dirccç!.o de Ediç.lo, Maria de Fátima da Silva Bnndào. 18. Anselmo de Andr...de, Portugal Ecem6mlco e Outros Escritos Econ6mlcos e H'III11Celros (1911 - 1925).

Direcç-Jo de Edição: David Justino. 19. Ezequiel de Campos, Textos de Economia e Politica Agrál"ltJ e I"du$~

Irla/(l918-1944). Direcç!.o de Ediç3o, Fernando Rosas. 20. J. N. Ferreir.a Dias Jr.. lh,ba de Rlimo I e 1/ e Outros Escritos &0,,6·

mlcos(l926-1%2)_ Direcç!.o de Ediç3o, José Maria or.indào de Brito.


INDICE INTRODUÇÃO. José Maria Brandllo de Brito ........... Agradedrnenlos ..............................................................................

IX XXVI

Bibliografia de J. N. Ferreira Di3s Jr. .............................................

XXVII

Breve cronologia de J. N. Ferreira Dias Jr. ........ _..........................

XXXII

Unba do Rumo. Notas do EconomIa _ _ VoI. I (1~) Prer~ cjo .................................................................................... ,

Capítulo I - PorltlSal no Europa .... _............................. " .... .. I - In(rodu~o ................................................... ,........ . 2 - O territ6rio ................................................................ .

35 35

3 - A populaç:lo .....................•........................................

43

-4 ~ ~ receitas públicas ................................................... . 5 - A moeda em circulação ............................................ .. 6 - Os depósitos bandrios ............................................. 7 - O comêrcio externo ...

38 49 52 52 55

8 - O consumo de energia eléctrica ............. . 9 - O movimemo ferroviário ..........................................

56

10 - A drculaç:1o automóvel ............................ .. 11 - A marinha nu::rcante ............................................... .. 12 - Suma numérica ........................................................ ..

64 64 67

59

13 - Reflexões sobre a critica ........................................... .

71

!~ : ~:~ôI~~~~ ~~.~~~~~.~~~.::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

81

14 - O nível do sal~rlo ...................................................... .

Capítulo II - Variações sobre I"dústria ............................... . 17 - Indústria e nivel económico ...................................... 18 - Indústria é segurança ............................................... .. 19 - Premissas do exito industrial .................... .

20 - PressOes externas ............................................. .

21-0medo ...................................................... .

74

86 89 89 95

98 109 115


VHI

22 - Os mercados ............................ 23 - A1J exposiçOes ............................................ 24 - A paula ........................................................................

121 126 130

25 - O crédi(o .................................... .. ......................... ...... 26 • Polí(io de incitamento ........ 27 - Inquérito industrial . ............ .......................................

140 143 148

28 - Organi,.aç1o corpo",uva ......

157

Capftulo III -.-I crlaçào de nOW$ Indústrias ........... 29 - O programa das indústrias-base ................................ 30 - O ferro ......................................................................... 31 - O cobre ................ ............................... 32 - Os notados ....... 33 - A celulose e o papel ..............._.................................. 34 - O álcool carburante ..._............ _................................... 35 - A conserva de produtos -vegetais

213

fechar ._.......... _........................................................................

217

A

163 163 173 186 189 196 203


INTRODUÇÃO José Mari2 Brandão de Brito 1. A figura do engenheiro

J. N. Ferreira Dias Júnior nasceu com o século, cm llsbo2, no seio de uma família de fracos recursos. Em 1918 fez

:I

sua Inscriç;lo no Insli-

tulO uperior Técnico onde veio a licenciar-se em engenharia elcctrot(-cnica e meclnic-.. em 1924. No ano seguinte inicou unu colab0r3ç;lo,

a pan.ir do primclro niimero. na revista Ttit;:"Ica. propriL-dade da Assodação dif!: EslurulOlCS do Isr. colaboração que. emoor:l im:gular, prosseguiu pl"'Jticnmeme alê ao fim da vida. Os primeiros anos como proFissional foram ocupados por uma fugaz passagem pela CUF -

Companhia União fabril , onde exer't:eu o

lugar de engenheiro na Secção T("CrUca tcndo-se então encarregado, nUm periodo que vai desde o início de 1925 a meados de 1927. tb montagem de uma f:lbrica de rcflnaç:lo de enxofre em SevUha, da construç:lo de UI1l3 unidade de produ~o de 61eo de bagaço em Mirnndela e , por fim, da execução do projecto da f:1brica de tabacos ·A Taba· q.ueira., Um.1 sequênda de pequenos desentendimentos com Alfredo da Sl~va mudaram completamente o sentido da vida de Ferreira Oias, coca· mtnhando-o par.! uma carTeira de quase 40 anOS aO serviço do ensino e d:J Coisa públiCl, De faao, em 1928 inJciou ti. sua activicbde docente como tO assisteme no 1ST, nas cadeiras de M~quinas. onde substitui o Professor Charles Lepierre , sendo sucessivamenle promovido :1 professor ordinário (929) e professor efectivo (933), posição que man,eve 011: 1940, .no em que entrou J'XIr3 o Governo corno Subsec:reúrio de Estado do Comér· cioeda Indústria', • Entretanto. foi no meado direaor dos Serviços Eléctricos da Administração Ceral dos Serviços Hiddulicos c Eléctricos 0931-1935) assumindo ent:lo a respon.sabilldade da redncç:lo dos relatórios das Eslallsllcas das b,slalaçÔi!S fléclrlcas., onde surgem pela primeir.l vez , CI. l>ldrlo dd Got.om-ro., tk! 28 de AgoNO de I~O.


x

jo!2 Araria Bnu.1ão ik Brilo

escritas, de fonna sistemática, algumas das suas prindpais ideias sobre produção de electricidade e da relaçao desta com a industrialização. É ainda em 1931 que, na qualidade de Secretário-Geral da Comissão Organizadora do 19 Congresso Nacional de Engenharia, Ferreira Dias deixa assi031adas as mais marcantes facetas da sua personalidade, do seu dinamismo contagiante. do ideoirio polilico-econ6mico que o iria acompanhar por toda a vid1 . A sua rnultifacetada carreira floria marcada por um enorme ronjunto de altos cargos que foi sucessivamente ocupando: presidente d.1 junt.1 de ElectriflCaç;lo Nadonal (1936-1940); Subsecretário de Eslado do Comércio e do Indústri:l( I940-I944}; bastoJÚrio do Ordem dos EngenheirOs; procurador do Câmara Corporntiva 094$-1947); vogal do Conselho Superior de Electricidode (1946); primeiro presidenl" do Conselho de Administr.Jç;lo do Metropolilano de Lisboa (1948-1954); vice-presidente do Cômarn Corporativa (948); vice-presidente do Conselho Superior da (ndúslria (1953); Ministro do Economia 0958-1962); presldeme do Conselho de Admini.su:lç:1.o da Companhia Nadonal de Electricidade (v:1rios pctiodos entre 1947 e 1966); presidente da UfrP'TE - União Fr.mco Ibérica para a Coordenaç;lo do Produç;lo e do Transporte da Energia Elêctrica (1966). Tendo desempenhado um papel decisivo no desenvolvimento da produç;1.o eléctrica nacional e no amanque da induStrialização portu· guesa, a seu labor foi reconheddo imema c externamente: Ferreira Dias recebeu"" ho""", de Grande Oficiai do Ordem de CriMO (1942), foi condecorado com a comenda da Legião de Honra, cujas insígnias lhe foram impostaS em cerimónia reali7.3da na Embaixada de França (1948) e fol3gr.Jclado com a gr.l-Cruz da Ordem de Cristo 09(\1). Morreu em Lisboa, no decur.:tO de uma imervenç-Jo cirúrgica, no dia 11 de Novembro de 1966. ;l

2. No principio, a electricidade

J. N. Ferreira Dias Júnior foi de certa

fOnTIa uma flgurn singular no panor.anu culturJI do Escada Novo. Inconfonnista e inconformado com O fUmo que a nossa economia então IOm3va, dele se pode aftn1l.3r que foi. ao longo de toda a vida, coererue 03 defesa de um punhado de ideias que ajudaram a transformar o Pais. Juntando O praganutismo do engenheiro ao espirita de miSs:ão que reilerJ.damenle assumiu , abriu primeiro as port3S ã aceitaç:lo do que Lhe parecia inevitável, ou seja, que 3. vocação eminenlemente agricola ~o passava de um argumemo. de um preconceito vulner.1vel facilmente rebaúvel no plano das ideias; depois, aproveitando:.s oponunidades que lhe foram surgindo, foi COf\S{ruindo a obr3 na qual OUlros an{es dele tinham falhado ';

, CI. EteqUk!1 de C:r.mpas, J'tJ/11iCa, F~ l\úr.lnus. Pono, L92-1. I" cd, 4::. do nld autO(, Paro a lltef.Jurelçdo tk l4mro. Empft!S:lllndU:>lrial Gdflca do Pono. Porto, 1931


Introdução

Xl

lJ'ansfOl"ll).3r a ·hona· a que ponugal parecia irremediavelmente C(Hlden;ldo Nação industrializada, Nada, nem ninguém, o fez desistir nem tão pouco tergiverSar nas suas convicções profundas; pelo contr"ário, com uma persistência que roçava a teimosia, conseguiu uansf01l113r, quase solitário nos seus primeiros tempos de doutrinador,\ um coro de várias gerações de discípulos que a sua função de professor permiliu espaltl'U pelos quauo cantOS do país e que se tomaram acérrimos defensores dessa ideia .simult.anea~ mente .simples e complexa da inevitabilidade eh indusuializaçJo, De res(o. 3. primeira metade do .século XX caracterizou-se pela inexistênd.3 de uma corrente dominante no pensament'o económico ponuguês onde apenas se podem surpreender linhas de doutrina (que alguns procuraram, sem grande êxito aliás. compatibili1..ar com a matriz corporadva adoPlada e conslitucionalizada pelo Estado Novo), e encontrar outras (antas linhas de continuid41de que pennile.m compreender Como os processos, os procedimentos e as prnticas polfticas foram enoontrando supone num conjunto de ideias econ6miClS ou, se.se preferir, numa .ideologia. que gradualmente se foi to m.'1ndo dominante e que pretendeu fazer face a problemas concretos, sugerir soluções, dennir rumos". t essa .ideologia. feita de optimismo, produtivismo, de proCUra de eficiência e de voluntarismo. que por ter tido como grJndes veíru ladores e prOl'.agonistM os engenheiros que. :'l míngua de melhor lesmo, temos classificado de -engcnheirisrnQoS, Ferreira Dias constitui o paradigma e a im.'Igem fiel dessa fonna de pensar e agir; pragmático, acima de lUdo, desde muito cedo que OS seus escritos e t'omacbs de posição se inseriam nessa corrente, S;lo suas as palavras que a seguir se tr:U\$crevem; Pl.40 que me loca, co,U(mlO ronven· ckro. e até proua em contrário, de que os homens valem mau do que os sistemas,' mas "00 det.w de recotlbecer de que os sistemas valem maÍ$ dQ que as nomes que lhes alrlbuem e que estão longe de co,l.S/llulr defitJição.' FrequentemenTe critico, nluitas vezes S3rclstico, sem perder, é ceno, o sentido dos limites e de demonstrar de forma quase sempre paternalista, alguma benevolência em relação aos que: defendi.'Im ideias diferentes das suas, Perreira Dias bateu-se incansavelmente pela concreli7..açaO de dOis processos complementares que haviam de pennitir ao nosso pais u ufruir os frulos do progresso: a electrificação nacional como oon· nUm:I


XII

José Maria Bra,uJào de BrUo

diç'Jo necessária da Industrialização. E Fê-Io desde muito cedo: a primeira oportunidade surgiu.lhe em 1931 quando do }O Congresso Nadonal de Engenharia, onde apresenta a comunicaç;lo Rede Eléctrica Nacional ; logo no ano seguinte, em 1932. redige pela ptimeir.l vez o ' relatório que antecede as Es/atfstfcas das Instalações Eléctricas' relativas a 1931 , e profere nO InstitutO Superior de Agronomia, em 31 de Maio,

uma conferencia sobre os ·Aspectos da electrificação nacional. '. Ferreir.t Dias colocõl-se. já enl:10, na posição do cruZàdo, do apóstolo - Ê certo que nos ú/limos quatro anos se tem esboçado em prol da

electrificação, como beneficio de ordem coleclf.va. um movime"to que, se "ão rem sido Imelmmetlte fndlloso, pode ao mimos arrogar~ o Irl· unfo de ler feito Ua5cer o problema, Mas lêm sido poucos os apóstolos, e,

mesmo muitos que fOSS(Jm, "ão lhes era /rctlo pretender enra/ul" uma doulrina.sem tJ submeter à cadêtu:la lemtssima do tempo 10 - e adopta um estilo de pennanénte exortaç:to; as suas intervenções, co mo esta que acab~mos de ci,ar, s:1o quase sempre recheadas de adjectivos sonantes. passando da dl!núncia da .siluaÇlo existente para 3 proclamaç-Jo das vinudes do progresso fundado na electricidade e na indÚ5lria. Metodicamente propõe modelos e marca etapas. IncallSavelmenlc faz pr<>poSt<lS. A sua tese sobre 3 elcct.riddade é de uma simplicidade lapidar: consLintindo a electridd'\de wn desígnio nacional, se aos privados faltam capitais OU mingua a vontade para se lançarem na feitura do empreendimento. entilo compele '30 Estado LI meter ombros li tarefa de produ7Jr 3 energia e1éctrica de que o pais angustiadamente necessíla - Urge a",ceder a esta (energia eJécuicaI, a[ollametl/c, a dt>sI&naçilo de grande obro ptíbl_ca sem apego a velhas concepções do dever do Estudo, já [om d8 moda. A eleclrlcldade- é hoje a fome de lodns as activftfades; uma linha eléctrica lido é uma propriedade particular mas tmUI fJfa pública de trr.mspone de ePwysia que "ao SetW um ludlvídllO mas. a colectividade. Assim O entendem os Estados de lodos os paÍS("S cullOS ( ...). Anle o quadro trlsJe da electricúlade actual, impõe-se a orle1fUIÇlio superior do EsUulo e ti I"'en~n~ çdo flna1lce/ra do Erorlo para afastarem os espeGlros lia de50rdem e tia pobreza - as dllns sombras que errtrlstL'cem boje a ell'Ctrldtlade lusúlt/a. II 7 Rt'<k Elklrtca Nllckma( ,. COngres..~ N2CKlrul de: tngenh::ui1, h'npn:1\$I UbJnlo <b SlIv:r., lliboa, 193t. reproduzido nt'Sta ed~. Turno III , OutP"O$ f;grlJos f:co,r6trrkos.

pp. 10-20. • ·Reb,órioo. EsIaM~ dif.S "JSlIrkJç6e$ JiJklrlcn.t t!m PI:Jf1/4JlflI. A,IO tHr 1931, Minkrtrio das Obr~ Pilbllc::u e Comunk2çOei:, ~ da.<; &.~ 1lIl!cI~ Impren.q N-adon;J.l, lliboa, 193"2, rqxoduzido nesta ed~, Tomo III, Or#1W Escritos l.:«m6mk:ol, pp, 21-2", , .Mpc::ctQ$ da Elc:ct~C) de P(wIu81I., Conf~ ~1i7.:Kb em l i de M:l1o de 19j2 no Instiluto Superior de A~ . Ú'I t;q,rfori1JCIas /MlllrtldtlS no AlIO I.«lllo u" 19)1. 1932. unlvCB1lbdc Tknla de Lbbo:I, U5bo;I, 1932. pp. ... s-6ot, n:J')roduzido I'I(:6tl ~, Tomo III. OU/rol F.rcri1O$ &cm6M1cOs, pp. 046-61. 10 IdImt, Tomo III, p. 46. " kho. u Idtmt, pp, S8-59.


XIII

E O objectivo 3 alcançar ê tãO simples de fonnular como ;1 proposta de como fazer: c..'Onstnlir linh:ts por onde silenciosamente caminham ;1 luz., ;1 força, o ronfono, a civilização, é , pelo menos, tão nacionaJ, tão útil , tão benemerente, como constru ir estradas." Ainda em 1932. no relatório que antecede a Eslatistiw das Instalações

Eléctricas em Pot1ugal, Ferreir.I Dias refere: Nesta cQmparaçiio do ano qtu! {Ja.Ssoll wm as que o precedemm, 'lada de nOlável se encolJlm que posstJ lazer sair PortusaJ, 110 campo da ek'CtrldtltuJe, da medraI/ia q lle O boIeItm amerlo,. já rt!8istaua. Nenbum esforço rcmooador se manifesta; a t-léctrlftCaçdo lem-se fello ""'" livro acção das amdlções 'Iall/TtJ/s, :1<'1>1 qllalqller orientação superior. Continuam a dispersão dos 6rgãos produtores, a esJmleza da dJstribulçào, a pobreza do amsumo, a desllQcio,UJJl.zaçiio da (!n~la - quatro males que se impõe alacar simultaneamente. C..) 56 Deus é fJt:rfeiJo e e/emo; lião admira, por Isso, qtUJ a nossa eIecIrlcidade seja ,defeituosa e que " sua potE/lea al,ult4 mio tenha uascltlo. I' A medida que os anos passam e OS relatórios se sucedem, os textos renctem como vai clarificando os diagnósticos, como esclarece ideias e consolida opiniOCS e vai elabomndo as estratégias que estariam na base da Lei nO 2002, da Electrificaçào do Pais I~. denunciando os vicias e 3S deficiências da realidade exislcn(c~ aponta ndo saídas e abrindo novos caminhos. É assim que nesta primeira fase da sua vida públil1l, Perreira Dias ganha visibilidade e espessura, emergindo como 3 figura de grande prestígio que se vai lr.lnsfonn:lOdo no mais respeitado e innucn1e ara uto das correntes industri:lliSI:lS. Até :1 entrada para o Governo em 1940, constitui-se, de faclO, como O proragonisl3 de uma corrente -progresslsta-, que passo a passo vai torn.1ndo corpo no imerior do regime: Ora melancolicamente reflectindo sobre o -atraso português, ou apontando soluções. passando por intcl'Venç6es onde utilizando humor e até o Sólrcasmo vai desfuze.ndo um a um os :I.rgumentos dos que se opõem às suns concepções de progresso e vai mostrando a disrânda que então nos separava de outros p'lrses utili?.ados como paddo e modelo de referênda.

3. O após/oIo da Industrialização Entretanto, o pais que pensa e tem O privilégio de sc"poder exprimir publicamente, discute o pcrcurro do futuro desenvolvimento ponuguês, pror.:umndo ultrapassar o impasse enU'c os que o defendiam essencialmente ruml e aqueles que em número crescenle propunham refon:rus

:!

Idem, p. 59. ow",,"~~~~=,(~~:n.ttI,k~JiJklrltmtfm ~''8l,I. Aoodtt 1931. Tomo UI. '" Ld n· 2002, OOrio do Got.'lm1O, I Sbic , Nl'ltUt!fO ~produ:Qcb n<::q.3 t"diç.\o. Tomo III. PI)· 90-99.

28~. 26 de

Dt.ozonbro de 19't4,


jo>é Maria Bmndllo de BrlI<>

XN

industtializaines. É neste contexto que a nomeação de Ferreira Dias para a obscura pasta de Subsecretário de Estado do Comércio e da Indúscri;l

significa, apesar de rudo, o principio de uma ruptura com as ideias ainda dominantes e uma pedrada no charco d.'l iné rcia e do imobilismo. Durante os primeiros três anos , Ferreira Dias adopta uma atitude discreta , gere o d~~a..dia t vai apurando o seu projectO e sobretudo faz a gestão do seu próprio espaço político. Mas, na SU3 primeiro. intervenção pública como governante l &. toma a iniciativa , lamentando que O ambiente nacional não tenha sido 31é ai propic.Io ao florescer da indttsIria. rodeada por prt:co"Cf!Íros da imAabilidade qUê O País ;ncessan/~ menle repele preconceitos que se inscrevem num Irlánsulo que tem por vértiçes o derrotismo de Oliveira Martins, o ox,III~/vlsm{) ClgrllrlO de Anselmo de Andrade e a menltra aduladora dos que fazem, nâo sei com que convtcçào, o elogw da rlOSStl eslnttum económico ,17

Trata-se de um pequeno discurso, de sele ~ginas dactilografadas, proferido na cerimónia da assinatura de constituição da nova sociedade que instituía a Cortadoria Nacional de Pêlo, mas denso e de ataque onde se descortinam si.stematizados OS traços essenciais do posldonamento politico e doutrinário de Ferreira Dias: -

uma convicção inabalável nas virtudes da técnica e da indústria: eslou aqui para vos dizer que /(,''''00 uma fé projtmdCssíffM 110

progressos IndUSlrlal da nossa te1Ta I'; -

um:\ dose elevada de voluntarismo e pragmatismo: se a natu-

reza tem borror ao uácuo (...) a l,uJ,ístria lem borror aos comempiaI/VOS (. ..). Se queremos ler I,tdúslria, havemos de trocar o medo pekJ coragem, o abslracto pelo coustmlivo 19; - um entusiasmo e uma combatividade permanentemente afirmadas: elllre a resignação de um IU8ar medfocre, acelle com o mesmo futaJismo com que aceiJávamO$ o -üéflcil. tkJ orçamenlo, e o optimismo de uma caminhada persistente em busca de melhor vida, não é legítima a hesitação lI)i -

uma crítia apontada ao grupo de poder, de que afinal fazia parte, desa.fl3.ndo-o abertamente: rodos lemos aqui lima parte de

respemsatnlldade de que precisamos pénilenciar-."os, porqtlf1 a NalUf-eza deu-nos reclines para tiOS bastarmos nesles domrniOS com fraca 'menx!tJçào de materiais ulbcios, Havendo talltos par16 .ObcuDO de Su.. Iixce~ o Su~riQ de &t:.du do Comá"tlo C' Indústrb ptOOundado no Porto no db 21 do correnl&, in 80ktrlm da Dlrw;çtJo Gemi dI~ l,uJJbtrla,

MiniMbio w Eoonomi:., Ano VII, n" 329, 29 de: Daembro de 194.3. pp. leo.-1HZ, reprodu· tido netCI <:diç':1Q. Tolt)o UI. Ou/r()$ EscrlIO$ /iCo,léNnk:oS., pp. 63-6S. " Idem. Tomo III, p. 64 , It Idem. p. 65.

"-

" .....


xv ses que possuem indústrias para as quais "do produ.zem mmérlasprimas, dificilmente se perube que nós não lenhamos sequer teruadIJ todas aquelas para que lemos os materiais de base. ( .. .) 1WJs a"as '10 Terreiro do PtlÇO mostraram-me, e "ao rec;efo etlganar-me. que se pode cotrlar cam as recursos e com os Industriais de Pol1ugaJ l1 • Mais tarde, em 1945. um ano depois de ter deixado o Governo, quando publica o primeiro volume da Linha de Rumo, é ainda mais duro na crítica e no desafio. A propósito de algumas comparaçOes inlernacionais e de reacções Susthadas pela apresentaç10 na Assembleia Nacional do que viria a ser a Lei nO2005, de fomento e reorganiZáÇ"lo industrial u : Faço a jus/iça de Supor que os dirlsemes dos organismos que lelegrt'ifaram d Assembleia Nacional a verberar OS princípios malêfjcos da lei de t'0018QtJfzaçdo Indt4sIrlal e todos aI/ueles que se fizeram eco da mesma opinião nUIlCQ Tiveram sob OS olhos os números que aqui lhes apll!Senlo,' parque se tivessem tido ou tivessem sequer suspeitado de que a ferro em que 'wsceram

e çertameme oc>f'eram, que o potJO a que penenamr e certametlte estlmmn, OCUpavam no cemçerto da Europa lugar de tão minguado n?Ievo, sem dúVida temlm posto o civismo de por1tlgllese5 acima de qualquer PreocupaçiJo de In/eresse em rlscó ou idooJismo em causa.:U É neste quadro de pensamento que Ferreira Dias prepara, es<..."reVe e apresenta, primeiro, a proposta da que viria a ser a Lei n9 2002, da electrificação do Pais u e, Jogo após, a da Lei n9 200S. d o ro menlo e reorganização induslrial lS. Em qualquer caso, estas le is constituem as duas faces da meslTtl. moeda - A prese,lIe proposta de lei Wnlém os princlplos que se repu~ la", necessários para levar a sert lermo a obra de eleclriflcOfdo do Pais, base da reo'Xunizaçào e f omento ilulustrlal 'l6 - istO ê. representam, após terem sido aprovadas, a consagração d3 vitória das teses industriah7.adoras filtradas pelos elementos materiais com que caracterizámos acima a de no minada -ideologia. engenheirisla. A primeira passou sem grande controvêrsia, Ião óbvia parecia a sua necessidade, a fim de se lançar as bases da clectrifica~o nacio nal. e de legitimar 3 opção pela produção hidroeléctrica que preco nizava , Toda~ l I/fiem.

n ld n9 2QOS, mario 110

Got1lmJO,

I S&ie, N(imero S4, 1" (k lIbrço de 19'4,. repn>-

du~ ~=~: ~=!:!'~m'::'~~~~~ pp. 120-129.

14 I'I't.>p06U de lei:'«n::I dOA ~leartf.caç1o do Pais. Didrio diu ~ n' 79. de 2" de Outubto de I?«, ~produrida nesta ~o. Tomo III , Oulrr)S EscrilQtS /icOtI6mIcol. pp.

n...".

J5 r~ de lei de rÓlnemo e ~ni1,:lçJo industrbl. Dl6rlodtu ~ nO 8S~ de 2 de Novembro de 19401, tq)fOduzida 0C$l2 odlçt.o. Torno III. Ou/rol t:.suilot t:con6mkol.

PP. IQO.I1 9. lI!i Proposta

~ ki ~ da ClectritlCllÇ'lO do PuEs. ..• Tomo 111. p. 72.


xw via, a segunda. levantou enomle o nda de protestos por parte de todos aqueles que. com o projecto de industriaH7.aç:lo que continha, sentiam

em perigo os seus interesses 3té aí ac-..tutclados pela paura, pelo condi~ donamento industrial e pelo imobilismo tantas vezes verberado por Ferreira Dias.

Não vamos desenvolver aqui em ponnenor o contcúdo da proposta de lei, tema Fi tratado noutrO locaI 17 , Referir~.se~::i apenas O Clructer vital que I:. reclamado poro a industrialização. a defesa que é feita da rul~IiZll­ çào do pats num conjunto rescrito de sectores (no limite restringindo-se :l agrkulturn e a algumas actividades indust.riais colocad1S a juzame) e a necessidade de criar um tecido indusuiaJ imt.'tdependente capaz de propordonar no nuuro um O"eSdmento equilibrado e hann6ni<:o. Defmitivamente, esta proposta, e a lei:;} que deu origem, que o relatório de apresentação classifica como ·Plano de ressurgimento da

indústria ponuguesa., enquadrava-se em tennos gerais, numa política de diversifioçolo induslrial que tinha como fundamentos a concreli1..ação de um conjunto de indústrias-base, a criação de novas indústrias e reorganizaçào dos sectores Ir.Idicionais, prefigurando um modelo lfpico de substítu~O de importações. Como padeci ser avaliado, estamos perame um programa que se propõe combater algumas pesadas ideias-chave que, -e já não s.lo dominantes. ainda têm peso e influência quer na sociedade e m geral quer nos órgãos de ded~o. Em resumo, o texto da propost'3 assume um duplo significado: vlabilizn 3 supe1"3~O pragmática (mas também doutrinjria das contradições e conflitos ainda presentes na sociedade portuguesa fa7.cndo. finalmente, prevalecer :'IS leses industrializantes e configura um compromisso de n:1o retomo - a par1ir da sua aprovação, o C'3minho só pode ser aquele para que a nova estratégia aponta: Vivemos "0 convIuio de owros pouos

C..).

O cam[ubo It-?11 de

ser, pois,

concentrtlr. modernizar e dar base cltmlíflca à i"d,istrla. lI A Lei nO 2005, do fomento e. reorg:mlzação indusmal, acabou por ser aprovada em 14 de Março de 1945, já Ferreira Dias tinha s ido afa.stado do Governo, apesar de Iodas as pressões que se abateram sobre a Assembleia NacionaJ parn impedir essa aprovação e, sobreludo, apesar da objccçe'lo levanrada pelo Parecer da Câmara Corporaliva, de cujo relator foi Ezequiel de C.1mpos, que fez surgir hesitações mesmo nos sectores que grndualmenle se iam nl05lr:mdo mais sensíveis ao desenvolvimento industrial. Se o ambiente já não erJ lotalmente hostil às ideias de induStriali7..a· ~o, se a indústria tinha enfim adquirido direitos de cid:ld:mia, se a guerra mosu'3,ra, como o país se [ornara vulnernvel pda indpiência d3


InIr!lduçào

A'VIJ

sua produçào industrial, um problema flCõlva por resolver e esse era eminentememe $Odal. Já não se relaciona com pn."COncellos mas como urna das pedras de loque da economia do corporativismo português: a paz SOdal imposta pelo Estado Novo aliada :1 uma consequente política de baixos salários19. t assim que a Câmara Corporativa vê O problem:t: a Indústria cba· mará as vilas e cidades e aos ,uwos "úcleos de trabalho fabril nOláue{ qulnbdo da geme nlral C.. ). Por seu lu mo. as cidades de lisboa o Pono com/miamo a aplicar a Ú!i de !tfal"q na restrlçiio da 'totalidade ( .. .), Emào é Proue1/oso. para collllmUlr a baver sente e para lIdo decair a

taxa líquida de reproduçào e para se poder realizar a imenslficaçdo flJJrlcola I,ullspensável, !ome"'ar a mrollzaçào do n~ povoamento: o que $C faz por um plano de lomemo agricolo e agrário ( ...) por umo ampliação 'md/o grande do plano de obras de bldrimltca ogricola.!tJ Compreende-se o temor e :1 intenção da Câmara que só nio lir.. 36biva: ;1 industrializa~o, tal como eSlâ concebida na pro-

COnclus1o

POSU de lei, concreli7..ada, nome-.adamente pé/o r(:'Curso d concentmçdo e ao fomento de novas indústrias, exercecl um grande apelo sobre as populações rurais que assim afluirio aos principais centros urbanos. L"?qul decorrem enl:lo duas outras consequências consideradas potenaalmente negativas: (O despovoamento dos empos, decréscimo da produção agricola. subida dos preços dos produtos alimentares. concomitame aumento generalizado dos s.11ãrios e (ii) elevadas concentrações operárias nas duas prindpais dnturas indusmais do pais (Lisboa e Pano), e COm elas um aumento do perigo de conOitos sociais. Era toda a política social do regime que se via comprometida a prazo J1 • 4. A primeiro Linha de RUm<)

Ferreira Dias. iA Iibeno dos compromissos a que o exerdcio de ruo~ governativas sempre obrigam. procura responder a todos estes tipos de dúvidas e argumentos: r:'i-Io em U"b(,l de Rumo. Nolas de EcQ. "omia Pon1l811esD. que publica em Dezembro de 1945 jJ • AliAs. com a dlV\.llga~o deste primeiro volume da LI"ha de Rumo e em alguns texlOS de imervençao desle mesmo período Ferreira Dias atinge o seu apogeu intelectual e como doutrinador. •

:0'.).M

Bnndiode Blilo. -<hc:ngcnhelros..... art.dl.. p. 224" Eztqukl dr; Campos, .PafK'n sobre li propost:l de Id rebllva :10 (ommao r reor-

~ Indu.'ltrbl .. Dfarlo dm ~ ri' 85. de 2 dr NO\'ernbfO de 194• • rq>mduddo ~ultl de: Campos. TexfO$ tW Economia fi PDIítft:d A,gtdria,. Jruiustrl4J 1918· 19+4. Pon~ CoIecçio dr obrou Clls.sku do Pcnsamenco f.conOmico Ponugub. ~nco de ~Upl , ~ . 1996. p. m ; v tanll..m., no ll1('$mo voIunk. II IntrOduç.lo de Fernando

d:

'g:l'::.1:=I~ dr UriIO..os rngeMelmr:....,anodI.. p. 12$. ~'~It~~~~~iof, Unix' d4t Rumo NoIas IMI Ecott4mIa PorlIlJlI#t'Sa. U\'~rla

E


josI Ma,.,8" ...dàtJ de_

XVIII

o enlUSlaSmO com que ltala as questões e indústria -

induslria1i~~o.

defende 3 sua ideia de associando ambas a progresso e desenvol-

vimenlo, vai sendo substituída por uma atitude mais amadurecida , já

temperada por todas 35 críticas e ataques que sofreu no que continua a considcr.u a sua cruzada: enl:lo, 13mo quanto lhe foi possível , modera o 10m do que escreve, procurando ser insinuante, convicenle Sem extretnar posições que expressamenle rejeita. Começando com uma afirm.tção de principio - Snel sf1Jcero; a 5111-

ceridade, nu!StnO qum,do prrxtsor de ser áspera, "ao deixará de acompa"bar-me como llfr1ude ou de/ello, conscxmJes os casos. COtl/esscrme admIrador de Alexandre Herculano, Intmlls(geme na sua wrdade,

rude sem del..Ulr de ser imesro~ -

esta obra que consdtui sem dúvida

um Ol:Irco incontomãvel na história do pensamento económico pon.u-

guês, constitui também um desabafo de quem, como Herculano, se sentiu incompreendido e injustiçado, Aqui são passados cm revista praticamente tOdos os grandes temas da economia contemporânea, muitos dos qu:l.is constituem ainda hoje problemas fundamentais , embo,... a indústria seja o rema recorrente e esteja presente em todas as páginas. Ferreira Di.as defende e defende-se da critica d.1 Câmara Corpo"l. uva, pos(Ulando a necessidade de modernizar a agricultura, desejável parceira da indústria, exactamente através da redução da populaç.lo que lhe deve esur afecta : boje, .s6 à custa do amanbo de terrtlS Impróprias, da distrlbuiçdo fo'V"da de trabalbadores (...), da rejeiçiio da trabulbo mecii'Jico, da cOllscro"çdo de um n{wl de vida abaixo do miuimo toleráLoeI, se consegue manter a popu/QÇlio rural que já lemas; dimimdla e nilo aumemá-Ia é o problema ti resolver para que melbore o salário, para que se etlln?'8"etlr ii floresta as terras pobres ou motltanbruas que teimosame.1lle lavramos. /X4rtl que se meamlze a lavoura qlle rotfnefm.me"te quase só cOJlbeGe o braço humano como mAqUl'"a mÕIri.z Oll 0peratória - em suma, para que melbore a vida do campo. ~ Por outro lado, afirma, "dQ quer dizer.se com is/o Icom a lei do fomento e reorganização indusuiall que bajtlnl obrlgatorlamenlC de alo.-

jar-se em Lisboa e Porto - os Jl"iCOS grandes centros urbanos de Portll~ sal - OS excedemes demográficos; penso, pelo co",rário, que só bd desva"tagem em centralizar nestas duas cidades, mais do que já estão, os i1lleresses e as pessoas dos portugueses. Sempre me pareceu que a I"dústria, SLllvo 'Illa1Jdo nece;sUe da tllzfubmlça tle um grande porto,

lIdO deve amO"'()(Ir-sc ,'tu/Llfdes dois ce,Uros ( .. ,) tcubo como solução maio~'$ m.idtules fabris se e"coslem ds vi/tIS ou citilldes de proufllCla, para lhes emproslarem um pouco da sua ti/ti" C.,)".

pfPjerive/ que as

Responde assim 30S perplexos ·neoflSicx:rntas- que gradu:llmente, :Jpesar II J . N F~eir.l Obs. UnbadeRulrtO. vol, I. op. d,.. p. 5-cb pmocnl~ edl{llo.

'" hWm. p. 9l iS kkm.


XIX

de pensarem ler :l razão do seu lado, se iam sentindo ultrapassados por dinâmicas económicas. sociais e políticas Oulra$ que se afasLwam das concepções do seu universo inlelect\lal Ji>, Ferreira Dias pretendia melhorar o bem-estar dos ponugueses no quadro dos equilíbrios do regime, afirmando frequentemente que tal objectivo s6 era compativel com uma melhoria da s S\las condições ma1erUis de vida . O desenvolvimento industrial em o meio que permitira atingir aquele obje"ivo. Num detalhado confronto. de uma extensa panóplia de indicadores económicos e sociais, enlre os valores nacionais e os registados pela maioria dos paises europeus, fo-erreira Dias Procura demonstrar 'O nosso aIroso reJalivo, rematando OS coment~rios que vai tecendo com estes irrefuráveis argument'Os: O português h,ték-clualrnente honesto ao ler esles mímeros s6 pode lomar uma de duas POSições: Oli desim~-se. ( .. ,) ou reco"boce qUê é fraqueza co,Uinruu a aquecer-$C Ira"quilame,IIc a esle belo sol de 40 graus de Inlltude. (...)E eue ponu8uês "ão ,anUIrá afazer ( ... ) o elogio biperb6llco di!. uma

Si/uação económica que está longe de merece-Io. (...) QuatuJo leio - e escreveu-Sê sobre a fr,dúslrid - que o bom caml"bo é o de deixar .seguir a vocaçdo da Naçào, como a dizer que é artificio IlIdo que seja etlCOmínbá-la, eil pergunto ansiosamente a mim mesmo se a vocação de Porlllsal é aquilo que estes mímoros apomom e. se é, se a co"hecem 110 sua 'riste 8TtJ'rdezt, aqué/es ql4l.! procurtlm conlimÚl-la (. .. )!J'. <.b ~erreira Dias demof15trn Igualmente :1 sua p~p3Ç41o pelo evoluir dosS'tua~o social, quer se trale da natureza d..'lS ocupaçOes, do nivel salinos ou da distribuição dos rendimentos. Para o provar faz desfil~r um conjunto de argumentos, culminando com uma frase de OUVeltá Salazar, que pr"'dticamente encerrá um dos princip:lls capítulos da Llnba de Rumo I: O problema sodal ~ o problema da tllslribrliçào da que "do tem solllÇlJo rxmtajosa sem o tmmenlo da produçào.

'1::;4eZa. f.()

o caso de parasitismos eCfJ1lómlcClS, que devem ser rutados e Gom-

Sidos, só o Ollm(mlo de riqueza pode favorecer """ta~,.

(l

solução da questãO

.Mas a sua concepção sobre a evolução das sociedades é bastante ~lS dinamica da que acima expressa, Noutro passo da obra, Ferreira . tas faz uma defesa subc:il dos antagonismos de claSSt: gcr.tdti)S peta Induslrialização que, afinal, fazem pane inlegrante do própria pro8resso. É sua e:Ha .-arrojada. concepção se a enquadrannos no conleXIO pOnugu~S da época: a me/borltl de vle/a do OjX.»r(1rlQ, se SI.taflÍZL' as suas aspiraçoes, "do as Slltlsfaz no 1000; fica sempre um flmdo maior 011 ~nor; que tldó SllOO talvez tlefl"lr~se, mas sefoz selttlr; e é /t"'gável que f.J,I. : : Vd.

IntrOc.l~ tk: f"enunclo RClUlI em Ez.equld de C::Jmpos. ThxtaJ dtI &imomla ...

f e.-ndr;a DI», IJllba tlfl Hmrf(), yol. t, op cu .. p. 69th presefll~ allçlo. : J.1:... ........ p . ....


xx

José Maria 8mndào fi< 8rlIC

o proletariado S,uJuslrllJl, mais unido e mais lus/n/ldo que o ",ral, 10111(1 li ofe"s/.KI com mais calor e me/bar estratégia. Rl!(."cmbeço este fOlIo da IntUís/rltl, m(l$1Ulo o conste/era ellmhmlórlo. 7J E, em jeito de condusão. regressando obsessivamE.'nte ao seu tema preferido: porq'41J lenl:101 1l!Y medo da j"d(LSlrla,' Pemme o problema social tdo real como o próprio bonwm, parecem conde náveis duas uliludes.: li de tapar os olhos paro nuo t.'er ou Q de reagir no eslllo de Torque mtula - "a aspiração Insensata defazer recuar o Tempo. .to Em suma, neste primeiro volume Ferreira Dias aposta no compromisso, tentando arregimentar cumplicidades para a sua ca usa. Crítico

quanto baste no que 5e refere ao corporativismo , b mentalid:ldes economicamente conscrv!ldoras, :l pauta, à autarcia , ao condicionamento

Industrial. Defende o papel do mercado l sem liberalismos excessivos,

cncam 3 intervenç:lo do Estado. se bem orientad.'t, com alguma bene~

°

volência , que a certa :altura e m ma is um arroubo de e rudição o leva 3 parafrasear Dante: Por mim se L-JtJ I à cidade do bom co ,JSeI~· tu/ui se Q}"da", os que querem trabalbar. Sou 6rgdo de 14", Estado que me

mantêm para que eu estimule e orie"te as actividades econ6mlcos. EncbeJ-vos de esperrlUça, 6 desanimados portu8ues.."'$ que aqui eturals..'4\ Um2 úl[ima referencia : este livro, no qual o seu auto r tamo se empenhar:a em comb-.ater o que consideíJva serem as ideias conserva· doras e mesmo retr6~das dos -ruralista.$-, acabou por receber o Prémio Anselmo de Andrade em Março d. 1946.

5. A ugunda Unha de Rumo (texto Inédito) OUIr.l foi a hist6ria do .segundo volume da LI"ha de Rumo, que constitui o tomo ri destas obras escolhidas de J. N. Eerre.ira Dias jr. Tendo sido escrito logo após a conclusão do primeiro, manteve-se inédito até hoje, e só agora ê tomado público. Pelas referi?:ncias encontradas no texto, Ferreira Dias andou segul"'Jmente a escrevê-lo e :J emend!i- Io :n é 1957: o tom e a fonna maiS agreste e critic3 ulili7.ados, levou a que virios amigos consultados des.'l· conselhassem o autor da sua publicação na vers.io original. Ferreir,l Dias. contr.lriado. ceria acabado por aceitar a suge5t:lo; O texto dactUografado que tivemos oponunid.1.de de consult.1. r 1loi sucessivamente ~do e parcialmente refeito. Nessa tarefa, levaw ti cabo nos inter-

"'*"'.p 120

"kkM. p. 121 .

"Jd"m. P 14-1 .u E5tt' II volume <b Llllbl,. N"",q, NOka tk

I!a mo min """118'U$1 fn p:!rte dO npOUo dt' fem:.1D DI:.s que l' $;1 viOn, O EJis:llqou " EI>P _ flcctrkkbde de PortLt'" pJ e dÚ dcpo~n:ldo no M u~"U eh &"C1rid dadc cm ~ t:al que k t"1lOOf\lt:I t) Ir.to cbc1~;ado. emctKbdo ~ m:lo por ferrdt:1 Dbs., q~ nos fol acnulmenlc m:Udo patJ «T pubUcsdo nc::iD rokqSo de Obras w.. ."k::;J" do PmJ:Imento &:on6mk:o Purtu~


XXI

valos dos seus múltil)IOS afueres, como O próprio confessa no Prefácio, o aUtor demorou cerca de doze anos e. quando deu por pronta a obra ela estaria de taJ fonna ult:rnp3SS3da que Ferreira Dias resolveu definitivamente n3.o a publicar4J. Que defende ou pretende Ferreira Dias com este tongo e em cenas ITlatêruls exaustivo texto? Ele próprio responde nas primeira.s páginas do prefácio: Multo mais do que Il!SQ/ver problemas, foi ob}f!CIO deste livro etlJ~­ merá.Jos, pam fimr do silêncio e sacudir da poeira, pam dar calegoria e aJ>mseruaçiW aos assumas eléclrlcos e i"dustrials de reiI!tJo "oe/ollal, dos quais a a/ta roda portuguesa sempre desdetlbosameme se desimt!n?SSou COmo de preocupações improprias da sua apurt«Ja Ii"bagem..... Efeclivameme, nesta obra notãvel , apesar de alguns defeitos for~is •.Ferreira Dias não pretende resolver problemasj pretende denun~r Situações, esclarecer m31-enlenclidos, fazer renascer o espírito das

lelS 2002 e 2005 que acusa t'er sido desvinuado. Mantendo-se Rei às .suas ideias. está agota desiludido, mais amargo e mais critico do que h:i alguns anos quando queria acreditar que apesar de todos 0.'" conlrntem· pOs ;I electrificação e 3 industrialização se. acabariam por concrclil.ar moldadas por aqueles diplomas-matriz. Nesta segunda Linha de Rumo surge·nOS O apóstolo magoado com o desprezo a que fora votada a obro da sua vida: Ao reler o texto deste Volume II, depois de o ter deixado uns meses em repouso, pareceu-me semir-Ibe lIm sabor tllJinQgrado'-.f. E, cit:3ndo N\ctzche: Se Sé diz, a ac;dez revela-se, o que é duvidoso sejll m"is condenável que meri,óriO,' se.se ~(JI", todas as ve,.dades caladas se tornam venenosas. Assim falava ~rat'l$lra'"

I Neste co~texto, é um livro de alguma fonna (.."o niuso, porque ao a lerar alguns parágrafos deixando outros incólumes, pode tomar a leitur:a difícil e do pomo de vista cronol6gico pouco coerente. No entanto, estas pequenas imperfeições formais não prejudicam a essência da obra ~e ~nstitui simuhaneamcnte um diagnóstico e uma denúncia do que .ectlvamente se passou nessa, apesar oe ludo, ainda tão pouco conheCida década de 50. fulcral para a compreensão do desenvolvimento ~on6mico e SOCial ponuguês. sobretudo. porque feit.a por um dos ~~ . pensadores oriundos do seio do regime. possuidor de ideias P'V-"'Ila5 meticulosamente aniculadas.

V"lv~Ji ';:!omuç6es recolhidl~ junto de alguns roIabondorcs de Fcmil1l O~!I, :atnc.b HDnlt-ru ti l"Itl qu<, o slgn:n4rio dc-stI; ImroduçAo fe1.. JY.UU! da Com~ o Promc;M.OB d3 e:1lI gt"m nscion:J1 que lhe foi p~(b por OCL~SO do clnqvcnlcrdrio d:t !lua pmntim rec:uth~J;I o Go\'I!:too. nomé2d:unerue o Eng ) M. Fem:11"l do Atn:uul em depoimenlo « ru ~ ta..Q de CUc:l l$cm 3O dc)anclrodC" 1991 ~1ç'io.J N. Perretf"ll D13..$ Júnior, Unbn til! HlllllO, " 01. II, p. 3 do Tomo II da presente

:'-'P.II.

'-'p. 12.


xxn

}05é Ma"" 8mndão de Brilo

Essencialmente descriliva , sem deiXou de ser oítiC3, doutrinária, e

apologética, neste segundo volume da Linha de R,mlo, Ferreira Dias deixou-se por veles envolver pelo -defeito- de que sistematicamente acusou OS outros: sente-se, vê-se. que refreou a sua critica e nào foi tão longe no arrojo das propostas conlO muitas passagens do textO tomariam legítimo esperar. Foi até onde lhe pareceu possivel ir, sem .molestar" sem pôr em risco O que provavelmente pensava poder vir a ser :1 sua eficlda nos tempos que se avizinhavam. De certa manei.r3 o fUluro deu-lhe razão quando, em 1958. foi nomc.<ldo Ministro da Economia (acumulando com a Secretaria de Estado da lnduslria). Só que, ness.1 altura, o seu pensamento, coerente - é justo afinnar-se uma vez mais - e intacto nos seus princípios, pareci3 já não se ajustar completamente à reaHdade dos tempos. É isso que este livro também espelha e que algumas das peças incluídas no Tomo III significativamente

demonstr..1m. A questão básica. o leil-rnotiu de Ferreira Dias. a necessidade de se bater c;:om O objectivo de arredar OS preconceitos e afastar 3S inércias cm relaçio à elcaricidade e :\ indÚ5tria, mantém-se, 53indo. porventura, até reforçad.1 . Mas nesses escolhos esoorrou Ferreira Dias, ministrO, como outros que lhe sucederam na p3St3. 56 com Correia de Oliveira, que trilhou outros caminhas c adoptou outros rumos, :1 questão do desenvolvimemo portUguês ficou , cenamente, adiada que não resolvida. Peneira Dias, procurando razer um pouco da h~óri3 . revela :1 sua amargura a cada passo. E, olhando paro trás, lastima que quer em matéria de e:lectrifK:3çào quer no que respeita ã indústria se lenha feito I;}O pouco. No que se refere ii primeira. lame'mUl que após :1 aprovação d1 Lei nO 2002 apenas se tenha dado corpo ao replIrtidor nacional de cargas, se lenham aperfeiçoado OS cadernos de encargos dos empreendimentos produtores e se emresue a exploração das celllra{s htdroeléclrlCllS restllta"tes dos a{Jr'Oflelll1tnefuos bidroagricoIas aos amcessio"ôrlos dlsIrlbuldofY!S, mediante sujelçdo ao (11a8rama da reg/I . seguramenle muito pouco .". Para fazer isto, conclui Ferreiro Oi~ , não seria necess.1:rio aprovar :I Lei, porque o que se fez movimctUa pequena parcela l/a doutri"a (fUés(! cotl/em "as32 bases del/eI. O reslO "ào scopllca. t8 Quanto à segunda, 3 industrializaçào, o seu juízo não ê mais favoclvel ii obra fcim . Oando-Ihe mais uma vez a palavra , escutemos :, sua sentença: Qua"do Si! olha de rela" ce, mlS dias de boje, o parlorama inlluslrial do nosso PaC$, colhe-se a cel1eza de um progresso ( ...) Mas o observador mais esclt.m!cldo ou mais mi"ucloso ruio 5e dará por satis. fellQ, ndo aceilará Gomo 11m/UI aquilo que se fia mas o que SI! poderá !(Uer( ... )'fJ. E, prossegue Ferreím Dias, em cuja prosa se cru7~m apon-

t

47 /dt.'m,p. 18

"' w...

19 lelem, p. 14 Estes p:uijU1l(as tcr.\o sido e8CriIM em 19";2:. OU nM!Mno ~trionnenlC


XXDI

lamentos crítiCOS com sentimentos de desilusão: Da lei n" 2005, das ruas 29 bases, tluemm ati! agora apllca~ C.. ) tm C,.) principio. que,

Q/Iás, ndo ConstiWem matéria Prova (. ..). Quamo ao que há de 1I0v0 e !tmdametrtal no diploma, isto é, a criação de novas indústrias sob o {Jatroc{nio ou com a colaborrlÇdo do Estado e a t'001]1onizaçâo de Indústrias exl.stemes no senado da sua modernização, "ão e.xfste ne"bllm Caso de aplicação. A1iãs, COmO O própriO autOr reconhece, as empresas de tnQlor grandeza, já. existiam antes da promulgação da Lei " . É pouco. portanto. E para fazer tão pouco qualquer das leis seria

~necessãria. O problema, afinal, refere Ferreira Dias entre o consternado e o conformado, resolve-se no .seguinlé: Em coisas de I"dúslrla lido se faz o que se que,- mas O que se pode, Não devem ler-se ilusões sobre o valor do que poderemos fazer; mas em relaÇtkJ ao que somos e ao que prodUZimos nào é legmma a tltítJfJa sobre o que podim!mos sublr'I, É o pragmatismo 3 sobrepor-se ao voluntarismo noutros tempos eXibido. É :I 3éeitaÇlo de que não basca que uns pouco iluminados queiram (como pensou quando Subsecrelário de Estado), mas que é neces..'<irio ser detentor do poder, A doutrinação noutro tempo feita encontrou, qual semen[e lançada em tem ruím, um povo e , sobretudo, u~ elite que não compreendeu e , como arusa Ferreira Dias, o que é maiS grave, não quis perceber a importância do que estava em jogo: o prog~, o bem CSlar social, a criação de riqueza e a sua dist.ribui~-ão. A causa perde·se não porque Sé IUlou e no C3;mpo da luta se ficou del'rOlado. mas porque quem devia conduzir o combale se furtou a ele, ~ acolheu na facilidade de deixar andar, pennitindo que o vício supe~ Virtude, que a pequenez da dimensão e do espírito, geradoras O1a.1S pequenez e pobré1..'l lriunfassem sobre a dimensão necessãria , em SUma. a confusão salsse vencedora no confronto com uma noY:1

:se

O«lem".

t: por todas estas razões que Ferreira Dias continua a defender o !aylonsmo como métooo mais eficaz da organização do trabalho"" c a ~nt~e~ção est:Ual. É por iSSO que combate as pretensas vantagens das

~ndUSlnas caseir.ls que mamêm legiões de trabalbadores em amble",('S 'tsa/ubres. em condições de vfda abaIxO do ruzoáuel, A Naçào tem O

dever de ext"'8uir tais fomllu de Irabttlbo

{!

de procurar a esta geme

mais re"dosa )4, Passando" crílica. que rre· i;:entetncme assume tomamos ideol6gicos distintos dos dominames, lrtna peremptoriameme que o que Sé legislo u nesta matéria corres· POnde a Um estímulo que I'eprescrna , em simultân,-o. um rétrocesso.ss, O(;U/Jaçào mais digna c

~ Idem. p, I S,

!il t~P . 74 . U cr "/um. pp 59 a 109 '" ,...,.. p. 11 0

" ~.I~~IS,


JC6I Maria Bmndilo de Brilo

XXIV

Defensor do que denomina elc'. .J.çào cultural da cla..tse operária, que só assim poderia absorver conhecime ntos que lhe seriam proporei· onados pela fomução p rofiSSional. Ferreira Dias considera ainda um imperativo o aumentO progressivo dos salários industriais por forma a que os diplom:..dos pelo ensino léolico-prollssional se Sinta m alrJídos pela prort5S~O e não desertem: Oferecer às massas ,rabt,'badoras serofças de carga e de descarga ou outros em que '81101"um1e se embnll€Ç(lm é perder todo a possibtlltúJde de selecçtlo e aperfe içoamento ". M3S Ferreira Dias, em lI"ha de Rumo II , assume-se, sobretudo, como CfÍ1.ico da politit."3 económica dos anos 50 e. em p:trticular, do destino que fOi dado às leis 2002 e 200S. Na 5U3 opinião perdeu-se uma enonne oportunidade. e não se cansa de o repetir ao longo de mais de três centenas de p!igin.1.S que constituem o livro. numa clara alu$1o a Ulisses Cortês ~·, que alegadamente rulo estimava e que a seus olhos, proc1amando-se como um liberal. tinha conduzido a economia portuguesa paro um quase impasse. t a ele que se refere quando 3cima fa l3 de retroceSSOj é <I Ulisses Cortês - e em geral a todo o Governo - que se dirige quando escreve que a falra de continuidade na poIirica l"dUSlrlaJ desre Pa fs ressllma ruM mais jJeqllenO$ pomlellores" o u quando afinna que fazer fometllo I"dustrlal é nmltipllca r Isto lo que se [em feito! por 100 - (J que, mani/estamlmte. se lido rem QUi.7tdo lazer; o m ro são cantigas fXJrtJ embalar" ou quando escreve que o Min istériO da Ec.oPlomia p14blfeo com Impresstonante Ilf!tJllêncfa portarias moralizadoras que IIm(ram o preço dos cachuchas ou das bananas - com ulllidade, com popullllidade, mas sem gra"de glórla M c acreK:enta: lodos estes aspeclOS de lima eco'JOmia desnumdada f! sem tradições - gellle a pender fXJra o comérciO, a ÚlblUar sem esperança tia agriculwra e a di!SllIIeresst1r--se da Indústria - merecem mais ate"çâo cio que a que lhes rem sido dlspetw:uJa. iI

Rematando estas expressões arregadas de s.'u casmo e indJgnaç.1o, Ferreira Dias escreve algumas das mais paradigmáticas expressões do seu pensamento quer no que respeita ã indusuializaç:1.o e :li política industrial. quer quando se refere ;\ e lecuifkaç;to. 1$10 ndo é poIíiica Industrial, proclama , Uma polírlca é um perlMmetUo contlmlO; per1.J(,r aos bocadinhos é jogar a ctlbra-cega ~ ( , ..) lIilo S.I! desoortlno "er,buma /I"ba de co,ulula oflGla~ persisleme e i"'rrmslM ,dem, p. 12S 51 lJliges Con~ (01. mlnistto (b F'.conornb t::nlre 1950 c: I~, ~ lRlb:sdcufdo no cargo c-.xac:wncrue por Pmdr.l ()w.. ~/~p. lSI.

" Idem, P 156 6O /tkm.p

157

61 11.14..",. P 111 6lldtml,p l n.


xxv

IlIIroduçào

gente, 110 semido de levar os portugueses a fabricar o que puderem e a negociar, se passfvel, aquilo que produZirem " . De resto, :1 economia j"duslrlaJ portuguesa é uma orquestra llesafil1ada que ",,0 tem regelUe. &.I Quanto à electricidade, constitu1ndo o seu terreno de eleição, dedica-lhe

3. úllima pane da obra: justifica posições toma.das, defende o CUmprimento integral da Lei nO 2002, discute tarifas, pote-ncias e atê a

independência nacional. Por fim, com indisfarçável vaidade de quem sente a consciência tr.tnquila refere-se a si próprio: lercofl$C8ufdÓ ler;ar Cl5' políticos a discursar sobre electrolise, qutmdo as preocupações oficiais em matéria de i"dústria ,ldo iam) alAm da moagem de ramas. nào é tri-

u,t/o meuOr. Mas Importa com/nuar 1Ia brecha porque a heresia cam,..

J1eU.lfot1e. 61 Regressado ao poder. o seu tempo como ministro d;t Economia foi

recheado de conflitos. Ferreira Dias foi vítima da situação que sempre denunciou: o imobilismo. il hesililção e a falta de espírito industrial demooslr3do por uma pane das eliles ponuguesas. A oportunidade de Iniciar o processo de induslrialização moldado pejas ·suas- dUils leis, 2002 e 1005. linha sido efectivamente perdida. Ferreira Dias tentou recuperá-Ias. Em desespero de causa, desdobrou·se na nomeação de COmissões reorganiz."ldoras sectoriais. Sem êxito. O tempo encarregouse de as tomar impraticáveis. Aquele que foi sem sombra de dúvida o mais importante vulto do indUStrialismo português deste século acabou por ver concret,iz.1das apen3s uma parte reduzida das suas propostas. O seu combale chegou ao fim na m:mh:l de 19 de Novembro de 1966, era então Presidente da CNE - COmpanhia Nadonal de E1ectridd1de.

6j {Mm. p. 178•

.. '''''''' p

.86.

., kllmt, p. 25S.


AGRADECIMENTOS I!stas obras escolhidas de J. N. Ferreira Dias Júnior n:lo teriam sido

publicadas ncSle formato não for.. a prontidão com que o Conselho de AdminiSl:J1lção da Electricidade de ponugat, S.A.• autori7.ou a pubUcação do, alê agora inédito. texto que constitui o segundo volume da Unba de Rumo. Aos senhores engenheiros António de ALmeida e Andmde Navarro,

entlllo, respecUvamerue presidente e vice-presidente do Conselho de Administr.lçào da EDP • • nossa grati&10. Uma pa13vra de agradecimento ao Sr. Santos Nogueira, cúmplice do nosso entusiasmo pelo estudo da figura e da obra de Ferreirn Dias. de quem foi por muitos anos amigo e colaborador; sem as suas preciosas informações rulo lerimos sabido. porventura, da existência inl3C1á deste manuscrito inédito. Uma palavra de agradecimento, também, para os responsávcls do Museu da Electricidade, Dr. Manuel Aparício, Ora. Fátima Mendes e Dr. Femando Paria, onde está depositado o (.>spólio documenl!ll de Ferreira Dias: cedido à EDP pela SrI D. Elisa Dias. vi(iva do autOr, • Referencia , ainda , â ora Paula Borges Santos que, pacientemente, nos ajudou 3 reconstruir o texto fragmentado desca obra a que o público e, em especial, os invesr:igadores, vão poder ter finalmente acesso.


BrnUOGRAFIA DE].N. FERREIRA D\AS]R. 'Esforços de acelenção nas máquinas alternativas (I). ln Técnica. NIt I,

Dezembro 1925, pp. 21-26. 'Esforços de aceleraçlo nas máquinas alternativas (II). in Técnica. NIl 2,

Janeiro 1926, pp. 27-34. 'Esforços de 3cetera~o nas m1iquirus ahemativas OU) ·In Técnica, NV 3. Fevereiro 1926, pp. 30-34. o() problema hidroeléctrico- in Técnica, II Série, Ano I, NO 5. Julho, 1926, pp. 3-9. ·N()(3 sobre a influência do fio neutro no peso dos condutores das Unhas elêctricas- in Téctllca, NO 14 , Ma;o 1928, p. 169. 'Nota sobre a influência das variações de lensão nas redes eléariCàs de ~minação equipadas com contadores de qua,ntldade. ln Técnica, 19, Março 1929, p. 73. 'Um mêtodo gráfico paro a determinaçào do ponto inicial da o.Jrva de fecho c:b gaveta Meye" in Téclllca, NO 20, Abril 1929. pp. 105-106. -Nota sobre OS sislemas de unidades eléctricas- ín Técnico, N" 28, Maio 1930, p. 347. ~o solene de abertura·, in I" Collgross:o NaclonoJ de Enget,barta, LIsboa - 1931. Relatório, Imprell.S3 Ubân;o c:b Silva, Usboa, 1931,

pp. 36-37. Rede Eléctrica Nacional, 10 Congresso Nacional de Engenharia. Imprensa Libftnio da Silva, Lisboa, 1931. ·Relat6ri()s., EstolÍS/(ClI m4.S Inslalaçõe5 E/{!Çlrlcas em Portllgal. A'IOS de 1931- /938. MiniSfl!rio d.1S Obras Públicas e Comunicações. Oire<:~ çio dos Serviços Eléctricos/Junta de Electrlficaçâo Nacion31.

Imprensa Nacional, Usboo, 1932-1939. -some a n.-acçào de induzido das maquinas de corrente continua. in TécNica, r--tQ 36, Maio 193'1 , pag o 138. <Sobre O p3$SO complcmenl.1r d os enrolamenlOS das maquinas eléctri· tas de COrreme conlinua. ln Tt..lc"lca, N9 35, Abril 1931 , p. 105. 'Aspcaos cb elearlnCiÇ!io de Portugal., Conferência re:lllzad..l em 31 de Maio de 1932 no In~Í1uto Superior de Agronomia , ln Co,ljere,Iclas RoollrlJlÚlS fiO Ano LectiVO de 193J~ 1932, Univer:sidade Técn,ica de USboa, Usboa, 1932, pp. 45-64.


XXVIII

ftd Morin 8,.",& de Brilo

.A Produçào da energia eléctrica em Portugal. in Revista da AssociaÇtl0 dos E"sc,rbeir05 Civis Portugueses, Ano 0011, N" 682, Abril 1932 , pp. 117-136 (Conferencia na sede da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses em 27 de Abril dê 1932) . •Uma tarifa de portagem nas linhas eléctricas- in Técnica, N" 43, Abril

1932, pagoln. .Produção, consumo e distribuiçâo de energia elêctric-.t. in Técnica, NO

55. Dezembro 1933, pago261. ·Electricidade· in Técnica N'l90. Fevereiro 1938, pago 421 . •Tarifas de energia reactiva. in TéG"ica, NV 94. Junho 1938, pago647; ~TV 100. Man;o 1939, pago 209; N" 103, junho 1939. pago 353 . •Presidente da Junta de Electrificaçfto Nacional, Sr. Eng. Ferreira Dias, fu~ 30 Dfárlo dos Açores imponames declarações acerca da questão da energia elêctriC3. in Diário dos Açon'S, 17 de Maio de 1939. Tarifas de Energia Reactiva, Sep. da Técnica, Of. Fernandes, Usboa ,

1939. ..Qlculo da secção dos condutores segundo o último regulamento das instalações eléctricas de baixa tensào. in Boletim da Ordem dos Engcnbdros. Ano IV. N"s 41 e 42. Maio eJunho 1940, pp. 175-182,

221-229_ -Como devem prep;tr:Ir~se: os rUluros engenheiros> in Técnica. Ano XVI.

N" 121 ,junho 1941 , p. 409. . Uma casa elecuifia(b· ln Boletim dtl Ordem dos Engenheiros, Ano V, N"s 50 e 51, Fevereiro e Março 1941, pp. 33-43, 85-94.

,Discurso de Sua Excelência o Subsecretãrio de Eslado do Comércio e Indústria pronunciado no POrtO no dia 21 do corrente" in Boletim da Direcçdo Geral da Indústria, Minisl:é:rio da Economia, Ano VII,

n' 329.29 de Dezembro de 1943, pp. 180-182. ·A Bomba de calor· in Revistn (/(J Ordem dos E"scnheíros, Ano II, ~ 9, Maio-junho 1944. pp. 165- 189 (Palcsll3 realizada na sede do Ordem

dos Engenheiros). -Electricidade e Indústria" in Téctlica. fi Série, Ano XI:X, nli 149. Julho,

1944. pp. 975-978. ·A Electriflcaçllo do PaÍS> ln O Comércio do Pono, 13 de julho de 1944, pp. 1·2. Proposta de lei acerca da electrificaço1o do País, Diário das Sessões, nO 79. de 24 de Outubro de 1944. Lei nO 2002. Dfárlo do eooento. I Série. Número 285. 26 de Dezenlbro de 1944. Proposta de lei de fomento e reorganização industrial, Diário das Ses· sões, n' 85. de 2 de NO"ombro de 1944 . Lei nO 200S. Dllírlo do Govemo. I Série, Número 54, 14 de Março de

1945. Unha de Rumo. Notas de economia Portuguesa, Vol. I, Uvt'.tria Clàssic:l Edito",. Usboa. 1945.


XXIX

A Ideia e a Acção no Política ltrdt4Slrlal Portuguesa. Separata da Revtsta da Ordem dos Engenheiros, Ano IV. AgostO, nQ 32. 1946.

·E1ectriddade em Portugal, Conferê'nc:ia prorerida na Sab Algarve da Sociedade de geografia (ciclo promovido peja Juventude Universit!iria Católica) em Novembro de 1948. 'A ProdUÇâo Témrica na Futuro Rede EJéctrlca Nacional. Tese apresentada ao 1D Congresso Nacional de Engenhari:l. Tip. Invicta, Pono.

1948. Economia e Potitica· ln Boletim da DireCÇ<lo Geral dos Serviços Industriais. Ano I, ,o 8 , 23 de Fevereiro de 1949. pp. 139-141 . Comigo publicado no Diário de Noticias em 11.02.1949). ·Projecto de alteração do capitulo VI (Ligações ~ tCfl"3) do Regulamento de subestações e postos de transfonnaçilo- in reuisu, da Ordem dos Er'8,mbeiros. Ano VIJI , N" 76, Abril de 1950, pp. 165-180. 'As restrições do COOb-umo de energitl eléctrica e a interligação- in TécIllca, Ano xxvn, N" 206, Novembro 1950. pp. 55-69 (Conferência realizada em 19 de Maio de 19501no 1ST, a convite da As.o;oc.iaÇõ1O de Estudantes do 151). -Economi2 e Política-, ln Diário de Notícias. de 11 de Fevereiro de 1949. o() romemo n3cionaJ no campo iodusuiaJ e energélico-, Qllalro Coulerbu;1as sobre Economia Nacional, Ciclo organizado pela Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico em Março/Abril 1952, Separata da n..ic"Ica, nO221, Abril 1952. . o() novo Conselho Superior da Indústria . Discursos proferidos no acto de posse (. .. ) Do Exmo. Sr. Vire-Presidente. Eng. Ferreira Dias· in 8cietlm da Dil'fx;çtlo Gr=/ de< Se1'Viços IlIdustrials, Ano V. N" 217. 25 de fevereiro d. 1953. pp. 99-101. -Panorama. ln Jomal do Comércio, Suplemento 30 NiI 30.271, 17 de Outubro de 1953 - -A Electrificação do Pais·, pp. 1-2. O desenvolvimento da Rede Portuguesa de Interligação, Separata da récPlica, Revista de Engenh3ria dos Alunos do Instituto Superior ,Técnico. Institu[o Superior Técnjco, Usboa, 1955. "A Instalaçilo da indústria siderúrgiC"Jo in bldllSlrla do None. revfsta da A1sociaçdo IndUSlrlal Portllew;e, Ano 105. NO 425-426. Maio-)unho de 1955, pp. 34-36. • ·A missjo do engenheiro em ponugal. in Téo,ica, Ano XXX, NO 256, Novembro 1955, pp. 59-62 (Conferência de abertura da .Semana de recepç;lo aos novos alunos do lST., realizada no Salão Nobre do 1ST, a convite da A,E.J.S.T.). oApre.scntaç3o- in Electricldlllle, Número de Aprcsemação. Novembro 1956, pp. 9-10. oComuniC'dç:lo feita a Imprensa , em IS de janeiro de 1959, por S. Ex:l. o Ministro da Economia" in Bolell", da DlnrcçãQ Gemi dos ServIços Industriais, Ano XI , N" 525 (Suplemento), 21 de Janeiro de 1959, pp, 1-8.


xxx

Pé Alaria B,.nd<io ti< BrilO

-Reorganização industrial e condicionamentOo. in IV qmgrosso da 1J1liàO Nacional. Resumos das comun(ÇQfcJe.s apresellladtl$ à ~ S<:'cçQo Vida económica. Usboa, M.io-Junho 1956, pp. 2n-278. Companhia Nacional ,te EJeclrictdade, or. d;:a Uto. de Ponuga!. Lisboa, 1957. ·A e nergia e as suas perspectivas actuais· in EJec.lrlctdtlde, NO I, ):meiro-Março, 1957, pp. 10-24. Problemas Téc,Jicos, Eco,,6mlcos e Piuollcei ros na Melr6polc. /I COIl-

gresso do Indrislria Pol1uguesa, Relatório 9.0, Empresa Tipográfica casa Po nuguL'Sa Sucessores. Lda .. Usboo , 1957. ·11 Pla no de Fomento- in Electricidade. NO 8, 1958 Parecer subsid iário d3 Secção de Electricidade e Combusl:íveis da Câ mara. Corporativa , de que foi Relator

·Discurso de Sua Excelência o Ministro da Economia, Eng. ferreil.J Dias, proferido no fmal da sessão de e ncerr.tmen[Q da exposíç:1o ·Ao Serviço da Exportaç;lo. e d o ciclo de pale~lras int egrad o naquela manifestaçào, no dia 21 de Fevereiro de 1959. Ao Serviço da Exportaçdo, Fundo de FomenlO de Exponação. 1959, pp. 13-21. -O MiniSlêrio <b Economia e o Editorial do Século. A Política da Electri· cidade .•, ón O Século. 4 de Abril de 1959, pp. 1 e 6. Portugal 's Six Year Plans for Oeveloprnento in Prosress, The Mag-dzine or Unilever, l\'V 263, vo l. 47, SlImmer/ Autu mn 1959. a convite da Unileve.r Umíted ar England.

·A Evolução da economia nacional. in Boletim lÚ1 Assoclaçào It,dllslrlal ""AnSola, XI .no, Fev.-Abril, 1960, pp. 2 1-33. Nola sobre a evolução da econ omia nac lomli, Conferência de hn· prensa do Ministro da Economia - José do NascimentQ Ferreira

Dias )r. em 10 e 11 de fevereiro de

1960. fFE. Tip. da E,N.P" (Lis-

boal,1960. ·Po litica Industrial· in COlóquio sobre á Posição de Portug,II perante a Cooperaçdo dilS Ecollomlas EIIY"i"' Ias, AJ .P .. Usboa , Julho 1960.

·Posição actual da indústria metalomecânica· ln Boletim da Dfrecçdo G<>ral dos 5eroIços lml"SJriais, Vol. 13, N" 652, 28 de Junho de 1961 , pp. 45s-466 (Conrerêncõ3 em 3 1 de Maio de 1961 no 1ST). ·Entretien sur )'economie ponug3isc avec M . Ferreira Dias, ministre de

l'Economie- in UI Quolidkmne. P:lris. lundi 23 Juin 1962 . •lndlL'ilrializaç-Jo dos ProdUlOS Agrícolas,... conferencia do Ministro da Economia Prof.

Engo José

Nascimenlo Ferreira Dias .Ir.. in jonwdas

dos IndtÍ51rlas Agrlcolas, re.alizad3. no Instituto Superior Têcnico, SNI , Usboa. 1962 , pp. 95- 119. ·Um.3 impon3.me entre\listil concedida 30 Diário de Notfcia!i pelo Sr. Ministro da Econom.ia· in DIário de NOIrclas, 2 de $clembro de 1962 . .sa udação Técmica.. in Técnictl,,NO 325, Fevereiro 1963. p. 299 . .() analisador de redes da Companhia. in Boletim do Clube de PessOt41 da Compmrbla 1\~1(;lo"al de EIl!Clrlcltlade. n'" 13, Julho de 1964.


XXXI

·A nossa Companhia- in Boletim do Clube do Pessoal da Companhia Naclo1/al de Electricidade, NO 15, Dezembro, 1964, p. 3. Grundezas e Desvetlwras da Electricidade, Sepal".lt3 de Estudos Eborrm.... NO 2. 19<>7, Palestra proferida , em 27 de Novembro de 19<>5, no InstitUto de Estudos Superiores de Évora . •lnterligaç3o. in Inlerligufdo, Revista do Pessoal da Comp3nhia Nado. nal de Electricidade, NO I , Fevereiro t 966 . •Rumos de um electrotl.-cnico dê correntes fones-- in Técnica, NG 360. Julho 1966. p. 581 .


BREVE CRONOLOGIA DE}. N. FERREIRA DIAS ]R. 11-10-1900 Nasce em Lisboa. na R. Conceição da Gloria , nO 91- 3 ú ,

Freguesia de S. José. Filho do fe""vlário José Nascimento

Ferreira Dias. 1918 Conduj o Curso Liceal, sccçio de Ch!ncias, no Liceu Camões em Lisboa . 1918 Inscreve--se no curso de engenharia do Instituto Superior Têcnlco de Lisboa.

1924 Conclui o curso de engenheiro-electrolêcniro e mednico no Instituto Superior Técnico de Lisboa, no ano lectivo de 19l1-1924. 1925 É admitido, com o nO 11 018. como sócio da Sociedade de Geograr... 1925 Começa :1 colaborar na revisea Tkn/ca, da propriedade da AssociaçãO de Estudantes do 1ST. Colabor.J.çao que. cmbor'3 esp3Çõ1cb, prossegue praticamente alé ao fim da SU3 vida. OI~2-1925 É admitido como Engenheiro na Companhia Uni:lo Fabril, onde pennaneceu ali: 1928. 1$-01-1926 Encontr:l-se em Sevilha, durnnte 3 maior pane do ano de 1926 e 05 dois primeiros meses de 1927. 3 mOntar ulll3 refinação de enxorre que a CUF linha em constru~o junto do enlroncamcnto de S. Jerónimo (rabrica de .Moliendo de Azurre·). Cargo que desempenhou ate 29 de Janeiro de 1927. 1 2..o1~ 928 t nomeado l° assiscence das cadeiras de Electricid.1de aplicaeb do 1ST, ocupando a v:lga resulcance do proressol" Sr. Charles Lepierre. 1 ~ 1 -1928 Convidado pelo Conselho Escol", e nomeado I'. assistcnte da adei", dc M:lqulnas F.léctri=. no l.S.T. 24...()9-1929 P:lss3:1 Pror....-ssor Ordin5rio. Professor regenle da cadeira de M:lquinas ElêariCIs no 1ST; funç;lo que desempenhar.! atê

1940.

da

t nonle3do Professor da C':Ideirn Teoria Ek."Ct'ricid.3de, Correnle COntinua c COrrente Alterna. no 1ST, cargo que desempenhou :ué à Sua morte.


XXXi" 28·(n ~1930 É nomeado Vogal do Conselho Superior de Electricidade. na qualidade e em represen ta~o do Instituto Superior Téc~

moo.

24-03-1931 É nomeado di ....'Ctor dos Serviços Eléctricos da Adrnlnistração Gera l dos Serviços Hidclulicos e Eléctricos (Ministério do Comércio e Comunicações) (alé 1935). 1931 ~ 1931 e ate 1935, escreve OS relatórios das EsUllístlca das

Ins'tllaçOOs Eléctricas.

1931 t. nomeado Vice-Presidente da Comissão Electrotécnica Por-

tuguesa. 1931 É eleilo Vogal da Direcç:\o da Associaç:lo dos Engenheiros Civis Portugueses e membro da Co m iss~o da Revista da

Associação.

~ 193 1 Sess.lo inaugural do Congresso Nacional de Engenharia. na Sociedade de Geografia de Lisboa. Ferreira Dias, Secretário. Geral da Comissdo Org:lOi7....1dorn do Congresso, apresentou unu lese 5ubordi nad., ao título .Rede e léctrica nacional·, 1932 É eleito Vice-Presidente da Direcção da Assoc.iaç3o

dos

Engenheiros Civis ponugueses. J932 panicipa , apresentando .Aspectos da Electrificaç:lo de Portugal·, na série de conferencias prQmovid:1 pela Universidade Técnica de Usboo em 1931 e 1932.

27-()4...1932.A produ~o cb energia elêctrica em por:tugal., conferência na sede da Associaç:;lo dos Engenheiros Civis POl1ugueses. 1933 ~ e1eilo Presidenl. da Secç:lo de EI",'riddade da Sociedade ?C: l'lL de Geogr.lfla, cargo que exerceu aUt à sua mone. "",",,"193~ Passa a Professor EfectiVO do 1ST. ()I)..os.1934 Panidpa no 50 Congresso da União Internacional de ProdulO"'.. e Dislribuidores de Energia Eléctrica (UNI PEDE), reu2

nido em Zurique. Suíça. 1..()6..1935 Panídpa. como representante de Portugal, na Conferência

Imcmadonal das Grandes Redes Eléctricos (CIGRE) reunida

em Paris e visita o centrO distribuidor de electricidade em 01

Rueyres.

-04- 1936 É nomeado Presidente da Junla da Electrifioç3o Naciona l Criada pelo Decrelo-Lci 26 470, de 28 de Marco de 1936;

09-Q6. 01

targo que desempenha alê 1940. 1936 É nomeado Vog.1 do Conselho Superior dos Caminhos de Ferro, em represenmç:lo da Junm de Ele<trificaç:lo Nacion.1. 1936 É noll1é:ldo vog.1 da Comissao de Reforma do Ensino Téc-

nico.

4.)..1937 Casa Com sua prima Ora. Elisa Brito de C:llnpos Figueira Ferreira Dias. 1938 Manda proc<'der il ,,'Colha de dados pam O eSl.lxleclmemo do larif~rio gCI'31 a apliclr no território português.


josI Maria B"mddo de /IriIo

XXXN

08-1938 Participa. como representante de Portugal. na Sessão Parcial da Conferência Mundial de Energia e rui reunião executiva anual da Comissão Internacional das Grandes Barr.tgens, realizada em Viena . . 28-08-1940 É nomeado para o cargo de Subsecretâ rio de Estado do ComérciO e Indústria. cargo que ocupa até 6 de Setembro

de 1944. 06- 194 1 Presidente de Honra do I Congresso Nacional de Ciências Naturais. organizado peJa Sociedade Portuguesa de Ciências NalUl"ôlis com a colabomção do Instituto para a Alta CulrUr.l c da Assodação Portuguesa para o Progresso das Ciências. 1942 Recebe as insígnias do grande ofk ialato da Cruz de Cristo.

21· 12· 19<8 Profere um discurso na Associação IncluS1rial Portuense, por ocasião da conStituição cU Cortadoria Nadanal de Pêlo. 14-03-19« ·A Bomba de Calor-, paJestr.l prorerida na sede da Ordem

dos Engenheiros. 13-07·1944 Concede uma entrevista 30 jornal O Comércio do Porto

acerca do pro;ea:o de lei sobre a elearificaç:lo do Pais. o&.ocJ..l 944 É exonerado do ca rgo de Subsecretário de Estado do Comércio e lndÚ>lria. 26-12·1944 É promulgada a Lei n' 2002, da eleruificaç.lo do Pais. 1.945 Regressa ao ensino. reocupando o seu lugar de Proressor no 1ST, pa.ssando 3 reger as cadeililS de Mâquinas Eléctricas e

de .~plic:lçóes da Electricidade. J+03-1945 É promulgada 3 lei nO 2005. do fomento e reorganização indusui:Il. 20-04-1945 É eleito Presiden'e do Conselho Directivo da Ordem dos Engenheiros, poslç;lo que ocupa 20 de Março de 1947. BaMonário da Ordem dos Engenheiros, toma assento, como procu",dor na Câmara Corpo"";va (Novembro de 1945). 12-1945 Publica U,1ba de Rumo. NokIS de Economia PI;)"''B'U!5a, Vol.l. 12-<12-1946 ~ nomeado Vogal do Conselho Superior de Electricidade. 03- 1946 E galardoado com o Premio Anselmo ele Andmde - 1946

.,é

(Ensóllio de dourrln3 Político/ Económica), do SNI . pela public:lç:lo de Linho de Rumo.

31·0IH946 E nomeodo Vogal da Comlss:lO Electr(){l'C1lica POItuguesa.

3 1 -1~ 1 946 As5ume o cargo de Presidente da Comissào Naclon31 do.

Conferencia Mundial da Energia. 12-1946 Agregado à Secç:lo de Obras Públicas e ComunicaçOCs da

CàltUra Corpoliltiva, ê o relator do p;tr(."Ccr do proJecto de lei relativo :l refonna do ensino têcnico-profisslonal. 14...()4· 1947 É nomeado Pre idenle do Conselho de i\dministrnçdo da Comp3nhia Nacional de Eleclricida de (conslhuíd:1 nesla data), como representa.nte do Estado (cargo que descmpc.· nlu alé ser nomeado Ministro da Economia>,


xxxv 06-1947 É nomeado vogal da

Comissao Municipal de Lisboa no vm

Centen:1rio da Tomada de Lisboa aos Mouros. em represenração da Ordem dos Engenheiros. 1948 Partidpa no ~ Congresso Nacional de Engenharia, realizado no Porto, apresenundo a comunicação ·A Produção Térmica na Futura Rede Eléctrica Nacional.,

27..()1-1948 Como delegado do Municipio da capilal, assume a presidência do conselho de administração do Metropolitano de u.s. boa (Iug.r que ocupa .té 8 de Setembro de 1954). 06-()4...1948 É condecorado com a comenda de Legião de HonrJ., cujas insígnias lhe são entregues no decurso de cerimónia rC'J.lizacta na Embaixada de Franca. ()8...()?-1948 É admitido como membro da SecÇào POrtuguesa da Sociélé des Ingenieurs Civils de France, 11-1948·h eJearicidade em Ponugal., conferencia proferida na Sala Alg.1rve da Socie<1.1de de Geografia, integrada no ciclo pro-movido pela Juventude Universit1iria Católica . U;·II·I948 É nomeado Vogal do Conselho Superior d,lndústri • . 1Hl2-1949 PubliC'ol .Economia e política. nO Diário de "lollc~ defen· dendo OS princípios polilicos e técnicos da Lei n" 2005, do fomento e reorganizaçào industrial. 24-11. 1949 É.lhe atribuída a delegação do Presklênda nas Secções de Mi. nas, Pedreiras e AgU3S Minerais; Electricidade e Combustíveis; Construção e Materiais de Construção; d, Câmara Corporativa. 1950 Colaborou, COmo agregado às $e(ÇÔC5 de Finanças, Economia Geral, Política e Administrativa. na elabor'.lção do Pare(ler da Câmara Corporativa, sobre a proposta de Lei relativa

a autorização de receitas e despesas para 1951. Foi ainda assessor e relator dos Pareceres Subsidiários das Secções de

Electricidade e Combustíveis, Minas, Pedreiras e Aguas Minerais e colaborou também no Parecer da Secção de Industrias MetalúrgiClS e QuimiCls. :3-01.1 950 É nomeado Presldeme do Conselho Superior de Eloctricidode. 9-O>.195o·As restrições do consumO de energia eléctrica e a Imerligaç;1<>, conferência proferida no 1ST a convite da AssOCiaçãô 22 de Estudontes. ~)9S0 Particip3, em Londres , na Conferência Mundial da Energia. 1·1950 ~ designado representante de Portugal no Comité de Estu· dos das lmerligaçõcs Intemacion;lis da UNIPEOE. 1952 Na qualid:lde de Procumdor à C.1mam Corporativa. é rel~tor do Parecer Geral da 5ecç:l0 de Fin:lnç'dS, Economia Geral e PolíliQ, relativo .10 pmj<.--c1.o de Lei do I Plano de Fomento

(1953-1958).

1952 Panídp3. COmo reprcscnwn1c de ponugal, no lX Congresso

d:& U (PEDE, re;11i7.ado em Roma.


)osé Maria Bmndtlo. Brito

XXXVI

2S41-1952 É nomeado Vogal do Conselho Superior da Indústria I()"()Z- I953 É nomeodo VIce-Presidente do Conselho Superior da Indústria 2O-OJ..1953 É nomeado, por inerência da Companhia Nacional de Elec-

tricidade, Presidente do Conselho de Administraçào da Empresa Termoeli:cl:rica porruguesa , lendo sido cieiro p3ra o mesmo cargo em 19>4 no desempenho do qual se mantém até ser nOllle3do Ministro da Economia. t7- 1~1953

Public .Panorama. como artigo de abenura do suplemento que o fomal 00 Comércio dedica :I -EIet.'rif1C3ç:1o de Portugal· na comemoraç:lo do seu centenário.

1954 Participa na reunião da Conferencia Mundial da Energia, realizada no Rio de Janeiro. tendo sido escolhido para, em nome de todos os delegados estrangeiros presentes. saudar O Presidente da República do Brasil.

02-10-1954 t, nomeado Presidente da Comiss!lo para a reorganiz3~o administrativa do Arsenal do Alreite. 1955 É nome-ado I" Vice-Presidente da Câmara Corporativa. tendo assegurado a Presidência desde Julho de 1955 atá ao flfl31 da ~o legislativa, 18-03-1955.() desenvolvimento d3 rede portuguesa de interligação-, conferencia que realiza no 1ST. 19-09-1955 partidp3 no X Congresso da UNIVEDE realizado em lon· dres, como membro da DelegaÇ"lo Nacional ponuguesa. 11·1955·A miS$1o do engenheiro em Portugal., conferência de aberrura da &mana de recepção aos novos alunos do 1ST·, que profere no SaI:1o Nobre do 1ST, 3 convite da AssodaÇ'lo de Esrudantes. 17-1().19)6 Particip3 na 5' Conferencia Mundial da Energia realizada em Viena. como Chefe da Delegaç:1o Ponuguesa_ 1957 Assume o ergo de Presidente da Cântara COrporali ...... ()S.()6..1957 Panicipa, como representante de Portugal. na sessão da Conferência Mundial da Energia realizada em Belgr.loo. 1958 Na qualidade de Procurador 11 Ornara Corpornlivoa. é relator do Parecer subsidi~rio das Secções de Electricidade e Combustíveis e do Parecer Geral relativo a Metr6pole (Conti· nente e Ilhas) do projecto de lei rcfi'rcnte aO II Plano de Fomento (l95!).196o!)_ 14..()8..1958 É norne:Ido Mini5tro da Economb. Assume tambêm. li'mJ>O'" ranamenlll!. as funções do argo de Secreúrio d~ Estado da Indúsrria. 06-1~1958 Ministro da Economia. discursa na inauguna~o da Confe-renci3 da Un~o Internado"a] para. :1 Prolec~o da I)roprí~ dade lndU5lri.1. . 15-01 · 1959 Rerere·se. numa comunic3~~:lo ~ Imprensa.:l ituação económica nadonal e :l execuç.1o do II Plano de Fomento.


XXXl71

10-02-1960 Conferênda de impre:os:J. que introduz com uma Nota Sobre a Evolução da Economia Nacional. uma conferência sobre politica industrial no 531:10

26-0> 1960 Profere

Nobre da Faculdade de Engenharia do POrlO, a convite da SecçJo Cultural do Centro Universitário do Porto.

04-05-1961 Por ocasião da remodelação ministerial então levada 3 efeito, comi nua como titular da p:tsta da Economia dei ~ xando a Secretaria de Estj,do da Indústri:I, lugar para o qual é nomeado Anl,6 nio Alves Carvalho Fernandes. 22..os· 1961 Reune com os presidentes das comissôcs reorganizadol':1s das vo1rias indústrias, eon'! o objectivo de impulsionar OS trJ·

b.1lhos de estudo de.sus reorgani7..aç6es. 08-1961 É agraciado com a grl-cruz da Ordem de Cristo. 12.()C)-1%1 Preside.) Séssào inaugural da Xli Reunião da Confederação Inlcmadonal do Unho e do G.i.nhamo a decorrer no Pal:'icio Foz. em Lisboa . 14-06-1962 )om3das elas Indú8trias Agrícolas, no Instituto Superior Têc~ nico. Discurs;l sobre o tema .Industrialização dos produtos

agricolas-, 29-06-1962 Reune-se com o sen, em üsboa

S<.~lãrio

gemi da OCDE, Thorkil

Krislen~

QS..1141962 Preside ::ao inicio das Jornadas Vitivinícolas, promovidas pela

)um. Nacional do Vinho.

~ exont!r".Jdo do cargo de Ministro da Economia . ~3.1963 É nomeado pelo Conselho de Ministros adminislrJdor,

04-12-1962

I

por pane do Estado, da Companhia Nacional de Electricidade, a cujo conselho de adminislr".lçolo já presidia , 8-06.1963 t aprovado por unanimidade membro da UFIPTE , em represemação da delegaçào portuguesa, na reu nião realizada em Sami:180 de Composlela. 09-1964 Panicipa ru'I sess.io parcial da Conrerencla Mundial da Ener-

gia, reunida em Lausanne,

~1965 Profere

09-1

27-1

est!itU3

um discurso na cerimónia da inaugurJç".Jo de uma do industri;II Alfredo da SilV".I , no Barreiro. .

J~ 1965 É eleito Vice-Presidente da UFlPTE, na reuni;lO re:tli:r.acla em Madrid.

1-1965 .(J~ nde7..as e desventuras da electricidade., paleslNl que profere no InstilUIO de Esludos Superiores de ~vor.t, 1966 ~ eleilo Presideme da UflPTE, n!l reunião reõlliza.da em

2Q...os. 19

Madrid.

20:::: 1966 Morre em Usooa. 1966 Funeral no Cemitério dos PrJ.ZC!r'CS. 1967 ~ <bdo o seu nome ao (.;11X>t3r:ório de Transrormadores da EPACEC, Empresa F.. bril d e Máquinas, cm 5 , Mamede da

Inf.....



UNHA DE RUMO NOrAS DE ECONOMIA POJmJGUESA

VOWMEI

(1945)



À. MEMÓRIA DE MEU PAI QUE FOI EXEMPLO DE DEDICAÇÃO PROFISSIONAL porque (3n10 que por ele .. ndar achar:I que o leste da :lgulha rUo "ai 03 pl'Oól do $Cu navi<) c andando espaço de caminho: em que 0 '0

diferença possa senlir lu; har.t que vai Já por outro rumo. E por tanto O que goverrt:l sem entender o porque o fa~ emend:l logo de

esti

principio 5U.:I naveg:aç:1o: se quer ir j:\ em unta mesma :ilhuta. E ê isto

por 121 maneira que se govern~mos :1 leste: e il!1ssernos o govema~ lho de sane: que nenhuma mudança fizesse: e o mar fosse tão lran· quilo; que nenhum:! coisa nos emb:uguse no.'jS:l

navevç~o:

e por

dma de ludo isto o venlo nos favorecesse: como quistsscmos: e cor-

resse por :aquel3 pane aodé vai rndereçado o lesu: da agult13: t<Xbvia se IIssim aod1ssemos noc;\ve! espaço de Cl;mlnho e olh:i$.5CmQS a agu-

lha: acharbmos que f;!,1llQ5 fora de leste. c este 6 Outro proveitO de Ir por cIrcl,llo maior que é andar menos C3mlnho: mas quem pOr ele for Saiba que lhe cOIwem mudar li rotJ Cllcb hol"3: segundo a mud1nça que fuzem nos 1n8ulO5 da pos~o 0'0

lu~r~: os novos meridl:lnos com O circulo por que imO$: e .. invenç10 e subCileza distO que 1:1 ê 8rande: {'OnSlste cm S3ber quanla quantid3de crescem ou minguam eslC$ ângulos no processo do caml· nho: sobre :Ii quantidade do "nguJo ou 1'0{3 com que p3rtimos. E quem desI.. maneiro an<br Ir:' caminho direito. Nem 5e pode andar direito se nl0 com e51a mudança de rol3!.

dos

... mas OS pllOlO$ sabem tlo pOuco que podencJo..se aproveitar de muiUl-'i rois:aS! par.a por multas vias buscarem o que dc~m 53ber: não' .s.abem ruer nuis que esperar O meiO-dIa: c se cnl:'lo se lhes encobrir o !iOI: como muit:lS vezes II(.OOtect:: nl10 podem saber onde est:1o: se n~o pcl( :!iua estima(io que é bem (raca: pob hou\'C: entre eles quem (01 .xiI· vezes;:\ fOOla e ao \."200 deste tempo rez a COnta do meio-dia is :WCSS3S. Pedro Nunes. Tmlado sobn! certas dúllldas (Ia navtfJOçdo. E sou tlo escrtlpuloso cm mlstunr COm regro.." vulgal'C$ dcsl:l :ane tcrn'lO$ e ponlO.'J de clênd": de que os pilotos tanto de riem: que andei .sanpre pciado: :n~ oc'er.lraf us COlsall~ cm que quase (orçado: fl:lqucla ptqueru obr;I me entreffi(.'1l. Mas quelrJ Oéu~ suced<:r-. rne lsto de sone: qUe nio scj:I nec:e.sdrio ouetO comento ;I ole comemQ. Pedro Nunes. 'fra/(ldo f!m (hlft.",da", da CQtUI di!

"'""-'0".


PREFÁCIO Li uma vez algures que o prefácio é a pane do livro que se põe

antes do texto, se escreve depois, e se não lê nem antes nem depois. O trocadilho vale como caricatura como o inerente exagero; mas o fen6meno ~o é mal observado. Em boa verdade, pondo de p:ane alguns trabalhos nooveis, é freClUente que o pref:kio, por vazio, sejôl pouco mais que o resumo do

livro, no que é substituível pelo índice, com vantagem; ou que, por muito cheio, nos ofereça doulrina excessivamente apurada , com que o escrno se torrua denso. Em ambos os casos rU;o abundarão OS teilores, o que n10 afectará , em regra, a comprcens1o da matéria, Por outrO lado, a ~laraç:lO, expressa OU implícita, de que 3 feitura do prefácio é pos: ' " 11 do '",balho prindpal, vem confirmar nova pJrcela do asserto; Ya-se com isso a verdade e parece não se ofender o bom senso.

I ,Por mim, decido-me a não seguir O uso, salvo na obrigação etimo~ de antepor o prefácio ao I.e xto. Estou a escrevê-lo, antes me:;mo , fIXar em defutitivo O programa da obra, não pelo prazer de conlrafiar o que se mostra correnle !ruiS por necessidade de rever e encadear os meus próprios pensamentos, alguns já rão longínquos na tempo, em tio vasto e t:lo cheio de maus caminhos como ~ este dos aspec· econ6mkos, hOje tão agitado. dentro e fora da fronteira portuguesa, pOr tanlas palavras sem conteúdo bem pensado as quais, longe de faze~ luz, só velam e deformam as poucas ideias construtivas que parece par;rem a salvo desta onda de confusão e Interesse. Além disso. tomare! 1ev tema deste introito algumas meditações, que procurarei não sejam ~e desmereçam nem pesadas que f~liguem. nas quais tcntarei ender r um estado de espiritO cujo conhecimento ajudará a compre· ~ p;o"tO$ de vi~La que adiante se expõem. n10Sere. stncero; a sinceridade, mesmo quando prt."Clsar de ser 'á.spem, caaos~ de acompanháJ· me como virtude ou defeito, consoante os Da • Conresso.me admirador d~ Alexandre Herculano, inlransigenrc Sua vetdade, rude sem deixar de ser inlegro.

:npo

~ MedltOf&.s

tU um estudante - Filho de um ferroviário. cujo pio de amar :l profissão procuro seguir, desde os meus dei!. ou


J. N. Fermm /);(/$ Jr.

6

on1.(! anos que me eram familiares 3 p:lt1ida do rombóio IS, o desdobramento do 51 ou O 3U'aSO do 206; e, a panir dess;1 idade, nasceu em mim uma predUecçdo que :tlocb. hoje se mantém: ver uma locomotiva. Concluído o liceu. nl31riculei·me em Engenharia sem um minuto de

reflexão Ou de dúvida, como se

:l

ane do engenheiro fosse o único

saber do mundo que merecesse o trabalho de ser estudado. E estudei com enrusiasmo; mas ainda estava longe o fim do curso e já as primeiras sombras me entristeciam.

Não eram dificuldades escolares, porque nunca live necessid.. de de considerar :1 hipótese de perder uma cadeira. A preocupação era mais funda É que eu comeÇ3V3 a perceber que dos numerOSOS produtos sobre que 3ssen~ a vida do engenheiro, de que se fuja todos os dias num curso de engenhana, cujos nomes chegavam em Iodas as aulas aos meus ouvidos curiosos - metais, produtos quimicos, materiais de construção, ferramentas, ffi3lerial elé<"1rico - nada ou quase nada se fabricava em Portugal, nunca uma especificaç-Jo Ou um Clt~logo de fabricante ponugués aparecia entre as dezenas de caúJogos cstr.lngeiros que er.un e ~o . nas aul:lS prátiCts. um dos apoios do estudantei nunca um objecto com marca porruguesa apareceu como modelo de estudo ou como tema de prelecção. Por ess.1 época - anos lectivos de 19l8-19 a 1923-24 - ainda nem o dmenlo nacional alcançara posição de relevoi ainda nos cadernos de encargos de algumas obras se prescrevia o emprego de dmentO estrangeiro. No mar de boa dj5posiç:1o que ê :I vida do estud:lme. eSlas observaçOes fomlavam ilhas, mas ilhas duras como bancos de coral; porque de cada devassa introspectiVô1 a que me sujeitava nascia a cene7..a de n!lo haver derrotismo ou azedume mas a verific:.ç.lo objectiva de factos. Um segundo motivo de tristeza se jUl1t3V'a a est.e 5effi que eu percebesse bem a relaç;1o de ClUsa e efeito que existia enlre eles: :I escassa colabor.apo dos portugueses no progresso cU ciências nsico-quírnk'3S e das suas aplicações. Raríssimas vezes .se topava um nome que não fosse ex6úco: nunca uma experiência ou um tipo construtivo. A engenhari.a ponuguesa perdia O brilho que eu julgara poder atribuir·lhe. Enchiarn·me de desgosto todas estas veríAcaçôes, di:i-a-dia renova· das. de uma inferioridade que magoava o meu pauiodsmo e me des.trufa a aspiração de vir a ser engenheiro como eu imagin:ua - um engenheiro cui<> engenho se utilizasse em projectar e COnslnlir. Algumas urdes. 30 sair do velho edÚido da rua da Boa Vista, que vejo demolir com ceru emoç.1o, 13 fazendo 3 mim mesmo esta pe.rgunt<l :i.marg;a: Except~dos alguns tl"3balhos de engenharia civil. que f~zeOl os cngenheir<>3 em Ponugal? A rt.'SposGI era sempre desanimadora; o curso de engenheiro parecia-me aUnai um caminho por onde se alctnÇ3v3 um titulo honorífico sem grande imeresse social ou econ6mico: o eng(..... nhelro ap:uecia-me com menos prestigio dó que os outros diplOlll."ldOS com ciculos ac-..démicos da mesma otegoria. A desilusão t:f'3 dolorosa.


Ibtba de Rumo. Nolas de

_Ia

Prmug-. 1'01. 1, ""'raelo

Há que reconhecer que a minha fantasia, ingénua mas legitima, t"XageraV1l a inutiJidade dos engenheiros meclnlcos, dearotêcnicos ou qulmicos num país com poUC<l indústria. Há, de facto, uma imensidade ck= funções, forn da actividade re5lfit:1 da produção induslrial, que cabe aos engenheiros e .só :J. eles; rna$ havia um fundo inegável de verdade, uma CJUS3 real e palp:ivel da triste7..'l que eu sentia quando estud'1nte

- e que ainda sinto -

3

pensar

n~1

mediocridade da produção indus-

triai ponugueS;l. Quando, nos últimos anos do curso, comecei

oficinas. passei

3

(requentar fábricas e

medir mais de peno a inconsistência da indústria tnecâ.nlcaj e se nolo posso dizer que a senti mais duramente, devo-o :l feSignaç410 de que j:i esWV3 possuído, porque o tempo não COl"'l.Sente ~8oa sem amonecimemo. Aqui , tinha-se como título de glória a conslrução de uma locomotiva _ uma só! - e mesmo nessa, as peças prinC~pais eram recuperadas de mãquinas fOrol de serviço e que linham :1

Vindo, quando novas, da França ou da Alemanll.3: a lém, conseguira-se o triunfo de conSlruir em série mflquinas de V3por - nus a." máquinas eram de 10 cavalos e a série não excederia a dúzia; mais além rabricava·se aço m~ andõlV:1 no ambiente da oficina cena ralta de confiança - porque o aço nem. .sempre .saía bom. Isto CD do melhor que havia ncss.1 data. quando eu, aspirante a engenheiro mecinico. fazia tirocínio. Oe rudo que então vi - j~ lá vão ~is de 22 anos _ foi o convenidor, COm seu penacho de estreli'ls de ~' onde se elaborava essa prodigiosa mjsrura que ê o aço, que m.e ou a sensação mais forte do poder indu.strial do homem, do vigor tcon6m.ico de um povo. Ficou-me sempre a siderurgia num n..""C3nto do (X)ra~Oi ho;e ;:enho rJzôes para supor que se não olha com entusiasmo an10 j:i fiz por ela, mas continuo :& crer que O triunfo da virtude não exduSlvo dos COntOS para crianças. O que leva é: (empo. Ao acabar o curso. não podendo ir ver mundo por falta de meios, ~_~_i inform3r~rne de como o mundo em. E comecei ... ler livros que

r

O~vessem.

r.

Guardo de algun'j deles uma recordação que se 0010 apaga. pelo most~J"3m enl re a Indústria cm Portugal, pobre . ~gada COm cu 3l":lOOVa de conhecê-Ia. e a t("Cnica vasta e fecunda ind - J>:Ii5es da vanguarda . Os três volume! de Victor Cambon sobre a I ' U"ria . Iemã, L'AII""'''8I1c lravall (911), I.L'$ dOnllPrs pragn's de • Allernag "" (1914), L'AIIe"'"gllc lIouwlle (1923) , e du.s obr.ls sobre A Anlêrica do NOrt,c, L'Amcriqllc (lU Irtuxlfl, de Poster Fra.ser (1914), e .:: pays ,dcs 8""1<-clol, de Je:oo GOOl.rd (925), fonam paro o oriste (~~etro principiante uma espéde de conto de fadas cuja leitum se ~ que não acabasse nunca . I! nascia a pergunta que ficava sem : Porque ser:!. [aO grande :t difcrcnç:a? OUI A par cb.s desventurJS profissionais, sobtepondo-St: e agravando-as, ra que.st~o mais vaSta me trazia de.scontentc: a desordem ger:&1 do eor:t! contraste que me

"ti

3'


J.N._raDlilsJr.

8

Pais, 3 ralta, interna e externa, de autoridade e de prestígio. O falado orgulho de ser português não me parecia evidente - e ainda 030 lera Oliveira Manins; tive a sensaçilo de que éramos uma geração apoucada, perdida em disputas estéreis e em quescõcs de ridículo pormenor. Incapaz de um esforço de síntese que envolvesse. em grande, os gr.lOeles problemas - geração que se dizia. por snobismo, descendente do Gama, mas que nlio honrava as barbas de D. João de Casuo, oferecidas como penhor 300$ habitantes de Goa, fundou-se por essa ahura (925) a revista Téc1JIc:aJ propriedade da Associaç.1o dos Estudantes do Instituto Superior Têcnico; e os seus directores. pouco ames meus companheiros na agitaç:1o da vida académica daquela época, vieram pedir-me um artigo de fundo. Escrevi-o em Janeiro ou Fevereiro de 1926 com O título O problemtl bidroeléctrico; mas a greve académica, que fez interromper a publicação da revista :I p2n.Lr de Março, SÓ pennitiu que o anigo saisse em Julho desse anO. Pus nele um pouco das mágoas e das esperanças. das hesitações e das certezas que linha em mim; e porque ele documenta o meu pensamento de h:1 quase Vime anos, o pensamento de um esludame desiludido que a experiência e os anos não mudaram mas ames consolidam, reproduzo-o adiante em anexo· (vaI. II). Apesar de antigo não o renego~ antes o mostro com satisfaç.lo, porque ele contém o germe. tantos anos esquecido, das ideias hoje (Ornadas ofidais sobre electrificação e indústria; e se esta satisfaç:1o envolve alguma parcela de frJqueza humana, espero que a confissão ajude a tê-Ia como desculpável. No mesmo ano da criação da Téarica entrei para a Companhia Uni30 Fabril. a major O'lI:miz:lção industri3! ponuguesa dessa da'a c de hoje. A atmosfera de 30aivicbde e grandeza que ali respirei atenuou·me OS pensamentos anteriores, mas não os destruiu; nunca me esqueci de que SÓ havia uma União Fabril em lOdo o território português, e pareci3-me pouco para seis milhões de europeus - que tantos êrnmos nessa data. 2. MHJkIç(Je.s de um professo, - Pouco mais de três anos volvidOS sobre o fun do curso, em Janeiro de 1928, encontrei-me de novo na Instituto Superior Têcnim por convil.e do Conselho Escolar. primeiro como assistente e no ano seguinte como ptofessor: más os pesares do antigo aluno, agora com outro aspecto, não deixaram de perseguir o novo mestre. Coube-me sempre, de 1928 até 1940, ensinar Máquinas Eléctricas e ainda hoje. depois de quatro anos de ausência no Terreiro do Paço. onde se aprendem umas coisas e se esquecem OUlrolS me cabe pane desse trJ-

balho. QUls a minha m..1 estrela que :1 insunci&Cia indUStrial ponugue53 volrasse a criar-me dentrO do InstitutO Um.1 SitU3ç!10 de desconfono. • O lt'XCO que o ::autor ~ inc..:v-ar nó Vo!. II di u"bu. Hltmo ~r.. ·:IC rqXU" autrw EscnloS &on6mtcos. pp. 1-7.

du~kIo no Tomo III


9 Pode afumar-se que n:lo se fabricam em Portugal 1lÚquinas eléctricas; nem grandes, o que seria difidl, nem pequenas, o que é bastante mais fácil. Exceptuada uma tentativ2 que n:1o vingou em 1918, apenas em 38 surgiu urna iniciativa modesta pata a conslruç.ão de pequenos molores e transformadores; mas o empreendimento odo tem tido

srande valor sob o aspecto que nos interessa, pelo menos até agora, porque o equipamento é sumário e a lêcnica rudimentar. limitada à

execução dos desenhos fornecidos por uma casa frnncesa . Por OUtro lado. alguns tipos de m:\quUus que não é 3cci~vel passar em silêncio, porque 5:10 correntes no mundo iodustri31, não podem stque:r lTlOSlr.u-se ;lOS alunos porque nào ex.isl:em montados em PortUBal (grupos Leonard e IIgner. lransronnador l.eblanc); de OUlrOS havia lodo o País, pelo menos alé há pouco, um único exemplar (rmos-

:m<>nnador Soou. conve.nidor Arnold).

N:io é de invejar 3. posi~o do professor nestas condições; porque se trata de um curso superior em que o ensino não pode limitar-se a urnas regras de conduç;1o de máquinas. o meSlre é forçado a desenhar COIn O giz o que não pode moscr.tr numa visita de estudo; ~ forçado a t'nsinar matérias que nenhum aluno jamais apliC3rá: é. forçado a descreVer ~quUus que nolo sabe se algum aluno chegarã um dia :I ver; ê forÇado a apresentar como correntes coisas que n<1o passam de rJridades. Estas mesmas circunstâncias afectam ;linda a preparnç:1o do profesSOr que. se tem a consciência do que ê, ou deve ser, um 'professor uni\"ersitjrio. se não sente satisfeito consigo próprio, mesmo quando MO COstume alnlpaU13r-se di3me dos alunos. A sua pritica do cálculo e da ~o das máquinas reduz-se :l aprendizagem livresca - ressalva~umas Dpidas visitas feitas em tempo de férias a algumas fábricas de -Pirineus, na franÇ3, na BélgiC2, na Suíça, na Alemanha. vishas que ~ permitir ftxar um pormenor, mas nào dão contactO contínuo e ::mar~me COm as djficukbdes da têcnica , Como sempre. a obra feita o revela o esforço da cri3ç.to. ,0 prOfessor tranquiliza :I sua consciência com a certeza de que :18 ru\o fólz porque mais n:lo lhe pemlite ii Indústria nacional , onde ~ ir colher ensinamentos e aferir a sua teoria; mas o recurso é porque é um reconfon,o em vez de uma soluçlo. queT~~ pensado nisto muitas vezes e h6. muitos anos; na felicidade Ue trana:l este professor um progresso induStriai, pequeno que fosse:. ~ lhe evitasse, em cenas passagens do curso, sentir-se contrafeito ta nt~ dum auditório que ele p.:lrece ensinar menos para o prep-Jr:Jt na óeyfrf:ira ~ vida do que ~ra cumprir um programa oficial. Ninguêm se e admlrar~M:' de que eMe professor lenha já perguntado a si próprio ~ s~a PQ:Si\'"ào moral é ( o sólida como ;I poslçrlo Jeg:ll. que lhe foi ~rída pelo Dl4rlo do Gowmo. a~professores de Letras ou de Dlreho não conhecem o s:loor desces pc:n.."i3OlCmos ponlue n;lo cncommm na sua vkb posi~


J. N Ferrei,. DIM}r.

10

ções par.llelas; aqueles que 030 530 professores t.11vez nem compreendam que poss3 existir este problema de consciência; por isso ê natural que eu sinta mais de perto - nilo me atrevO 3 dizer melhor - quanto o atraso Industrial se refleac. por tão varw.das form:ls, na vida da Naç;lo. Mas o professor de Engenh3ria lem ainda OUltOS pesares, que lhe ferem o amor proflSSional e O fazem um inconfonnado com a indiferença que desde sempre camcterizou a opiniilo dos portugueses em matéria de indústria. A partir de 1929 os cursos do Insti(U10 Superior Técnico mais ligados :l actividade industriai - Medlnica, Química, Minu - acusam unu frequência baixissima, que poucas vezes excede

três alunos e algumas vezes desce a zero: e esta fuga de estudantes. ffUtO de uma intuiç:lo colectiva. mt."Cle bem a pobreza industrial, que é sua c:msa directa. Estudam-se.: provldt!:ncfas, (tue o C'.tSQ bem as pede;

mas

O

professor, ligado por dever do cargo aos meios pedagógicos,

ouve, enlr'e irritado e sucumbido, defender o critério simplista de C!Xtin· guir OS cursos - a acehação da impotência nacional. felizmente, depois de 1940. as frequênd3.S escolares deixaram de ser uma sombra. mas NO se sabe quanto tempo durará esta re\'oada. que apareceu ao cabo de II ;mos de vácuo, e que se desfa~ como fumo se 3 actividade económica nào der mostras de lhe utilizar os serviços. Se 121 acontecer, aJguns voltamo a pensar, como já pell53ram. que. se nilo há alunos, a solu~o can6niC3 l: que n:lo haja cursos, com proveilo p3ta o Orçamento; e pouCO$ pensa roo que se mostra aí um sln· toma de senilidade d3 r:J.Ç3 que pode afectar mais :I grandeza da nOS$l Hist6rb do que uma grande tareia num campo de batalh2. Por fim, o problema dos tirocínios num pais sem Indústria é OUlra onseir.l do professor que se lembra dos seus infortúnios de estudante e n:1o encontra para OS alunos shuações muito melhores do que encontrOU paro sL Muitos dos esl:1gios, devendo fazer·M:, de preferên· da , em fábricas de coOS{rupo meclnic;f; ou electromecânica, nem sempre do fáceis de c.."Onsegulr por escassez das soluçOes passiveisj ~ é -se forÇ3do a ace:i13r como rc.."CUr5Q fi permanência do futuro engenheiro em pequenas ofkinas, especialmente destinadas :\ repara~o ou :lventur.ld3s em construções onde a Técnica n:1o participa o ba.stanle para haver Indú {ria e ainda menos para haver Pedagogia - um pouco mais senslvel :I falta de luzes. As Comissões Pedagógicas pedem :lOS professores nOV:lS sugestões para remediar este mal; mas as suges· 100 n:lo 3p3recem. não por raJta de boa vontade mas por ralla de lugares paro sugerir. Aind:l ~o ficam por aqui .. mlnlus atribulações. De 1930. 1939 mltei 5e1e ve~ o centro <b Europa , três delas como represenunte ofi· dai em congressos de electricidade. De tcxbs OIS sele vezes·vishei abri· cas e centf'2L$ elêetricas. conheci Ir:cnlcos de variadas naçOCs; e 0.:10 pude pon.a.nlO evitar as pergunw nalur.t!s e infaUveis: Que material ~ fabrica no seu hi5? Qual é a potênda das suas centrais?


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Sei assim, por experiência própria, que não é cómodo para um pro-

fessor ponuguês responder a e."uas perguntas. porque as respostas envolvem - embora muita gente O não entenda - O prestigio do País e do próprio respondente. Tem·me perseguido 3 pouca sone; eu, que tanto sofro e lamento a nossa modéstia industrial devo ser dos portugueses que mais têm tido que confessar aos estr..Ingeiros uma situação que é. aos olhos deles, de quase inexistência. Voho a afim13f que n.~o exagero, que estou a ver a realidade ii luz do sol sem C3mbiantes roxos de dese$pero. A fabricação de material eléctrico em ponugal é insignificante, nilo l'3bendo neste lugar especificá-Ia; a pou!ncia das nossas ceOlrais não atinge 300 MW, Eis a verdade; só te.nho pena de que nem todos saibam medi-Ia em verdadeira grandeza, no que ela contém de insuficiência criadora .

É natural que aquela confISSão deixe insensTvel um laVl"3dor da Cham· panha ou um advogado de Berna, e se possa fa1.er diante deles com o :),. VOntade com que podemos falar ponuguês na ukia j mas não se faz sem enleio num circulo técniCO de Paris. de Uêge, de Zurique ou de Berlim. É ~ sentir esse enleio que me apoquenta, porque ele mo vem da vaidade erida por se moslr:U pouco mas da vergonha de se não faZCf nada. Os regressos do estrangeiro s:1o sempre rodeados de melancolia ~la recordação não tanto do que se viu como da rapidez com que .se Viu crescer. Tenho gravada a fogo, porque mais do que qu:t1quer outra me impressionou, a imagem de uma visita que fiz em Prança, em 1935, ao posto distribuidor de Rueyres, quando se descobrem de uma volla estrada, subindo a enCOSta onde pouco atlles .só havia mato. seis lInpOnemes linhas de 220 kV, panidas da central de Brommat, cuja ~~a~o transfonnadot'3 se aviSla em baixo 3 pouco mais de um qui· VHICU{). Semj.me esmagado pela surpresa; e pensei em ponug;t1 cuj:t el~riOcaçào est.'W3 a meu cargo, teoricamente, mas onde as minhas mcXJe5l3S propostas ni'lo eram consideradas oportunas.

?a

3. Meditaç(Ju de um jJOrluguh - Passei em Sevilha a maior parte do ano de 1926 e os dois primeiros meses de 27 a monfar uma refina· ~o de enxofre que :'I COmpanhia União Fabril tinha em construção

mo do entroncamento de S. Jerónimo. Um dia, porque se me :lC3bam o dinheiro espanhol e o pagador da

~panhia estaY:l 3uscnte de SeviUJ3, resolvi vender uns centos de escu~ de nou.s ponugues3S, que lewra comigo. Corri certa manlil os 000· C05 e cambistas da cidade; as respostas que ouvi foram textualmente:

- No compramos. - No tlm,emO$ cambio. VlfIJsa Ud. por lalartle. Da Ninguém IrOQV3 urna perra ,bica por qulnhenlos escudos do a ~o de PonugaL Humillmdo, de.4iiludido, sem ler conseguido efectuar nsacç;lo, regressei ::\ fábric . E esse dia foi de profunda amargu~ . -


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f.N. Feneim/JIIJsjr.

As coisas mudaroffi. Em 1930 vi nOL'\.S ponugue5.'ls nas montras dos cambistas de Paris: em 1934. em Esp.mha, em França, na Suíça e na Itá-

lia troquei notas ponuguesas com a mesma naturalidade. sentindo a ,mesma confiança no crêdito do meu País, que seme um inglês que vende libras ou um 3meriCJno que negoceia dólares. É preciso ler-se !lido bem infeliz par:t se ler aJegrla por tão pouco~ e eu tive sincéra alegria. O incidente de $cvilha tOm3va o aspecto de uma coisa morta, de uma daquel:Js 3ventUr::IS medievais que :1 marcha do tempo já n:lo deixa repetir; senti como que a repar.lÇ\o de ul113 ofensa - reparação

que se mostrou complcl'a quando. m:tis tarde, em 1937 e 1939, os baga~ei ros de Fuentes e de Irun preferiam os escudos às pesetas. Em 1934 OS portugueses começaram fá :1 parecer-me menos maus, a memória do dercnsor de Diu menos comprometida ; nascia em mim um sentimento de optimismo que me levava a pensar que, saneada :1 vida Onanceir.J. elementodomifumlepam resoIVf!f'osdema{sl , Sê enu':uia sem hesitações no problema econ6mico, desde muito cedo considerado, e

bem justamente, como o segundo aspecto fund.1lnenrol n;l ólrrumação da vida ponuguesa'; e que 3S minhas reflexões de eslud3nte e de professor. fruto amargo de uma pobrez.1. industrial, se começ;triam a diluir num programa modest'o - porque com po1.l<,:0 se contenl'3 quem n!o C5cl habituado a muito. E eu sentir·me-ia enL'\o um ponugues integralmente feliz. porque veria em marcha aquilo que, no limitado entender que a profLS&lo me dã. tem mais marcada imponfincia no prestígio da minh.. lefr..l e no desafogo cb sua gente-: fin.1nças sã.s e economia vigorosa. Pela minha pane, nas funções oficiais a que fui chamado, prestei a mais sincera e e5JX)ntânea colabol'ilç.1o, sem precisar de estímulo ou recado alhel().f); s10 bastante estimulo as medítaçôes que referi e tenhO por sincera colaboroç.lo, mais o :ipresentar de Ideias construtivas nasci· das de muiros anos de concentrada reflexão, do que o aceitar passiva e permanentemente, 30 longo de uma dúzi:1 de anos, comenl:hio$ e demoras -algumas vezes pouco razo;iveis. foi as.5im que c:m 33 tinha redigidos os principios da electrifiC"J.çilo; antes do fim de 40 e.slav;am·no os da reforma industrial: penso que poderiam COm v:tnlagcm ter sido discutidos muito antes do fim de 44, os primeiros até alguns anos antes do rebentar da gúel1"3. E ~ apenas no fi m de 1940 tomei ~ inlci3tiva de rc.'"CI..ígir os critérios basilíl res do fomen10 da Indústria, não se inflra que só l:lo tarde havia pensadO neles, mas que só então me cnrontrara em posição oficial de aborcl3r o a..'i5UnlO com proveito. Até ess,.'1 daCl, o exemplo da elcctricld'1dc n:10 er'J de feiçl1Q a scrvir·me de grande Indtamento para atacar com minClda o caso da indústria, ao qual. p;trtl mais, O Ctrgo me n~o 1i8a",~ , t" onde ":lO I Or OIh'tiD ~Zlll. DWuf'I(JS. vd I, Ed. Co{mlx:t Edllon, 1935. p. ~ 2 (Dbcur.40 nJ

$;Ib

to,:::;.e:; (~::'~~~1i ~I de U.OJ3, an 9 déJ~nho de 1928)


Unb<! de Nu.",. NcIos de E",,,,amio Portug_, Vai. !. Prefóâa

13

passaria de um amador a que ninguém daria crLoditO; contudQ, embora

em linhas gerais, já antes deixara expresso O meu pensamento pela maneirn mais clara que consegui mold'tr na língua portuguesa"; Temos mesmo a convicç:1o de que o defeito é geral em quase tod.,s as actividades portuguesas, pela pobreza média da gente e pelo apego :1 um rúveJ de vida inferior ao razoável - inferioridade que :is vezes se elogia sob o eufC!misOlo de sobriedade. Muiras das nOssas indústrias niJo silo grandes. nem médias, n(..'"ftl pequenas; fommm um siswma abaixo de tocb a critica, que poderemos designar por economia de mo (Ie esctltIa, e o sistema

<:onserva·se e prolifera durante longo tempo porque

h~

uma sim-

palia gemi pelo que é humilde, mesmo que seja francamente mau. Tudo que em ponugal é grande ê olhado com suspicácia; entre uma indústria bem montada e um curioso que lr3balha por palpite, ou entre uma empresa ferroviãria, e um camionism de

letras grossas, o

português não hesita: vOIa sempre pelo segundo. E só O;tS horas de apeno, quando se sente a fal~nda ou a concorrência estrangeira. quando se vê a incapacidade da produção nacional, quando se reconhece que a paUla não t! remédio para lodos os males, quando se percebe que precisamos de trabalhar e não apenas de nos t.'ntreter para n:lo semlos subvertidos pelo avançar d~ estranhos, é que corremos a roncentlflr i l finança e as instalações. 3 gritar pela técnica, a aperfeiçoar os [abrices. E mais adiante4: Pensámos acabar est.e relat6 rio çom algumas reflexões sobre fomento, industrial. Talvez por dcformaç:'lo prorlSSional, temos a impressão de que este assunto n;1o alcançou ainda eOlte 1165 :1 aten~o que lhe é devida. como fó rmula estável pam dar uabaLho c desafogo aos portugueses. A nOticia, chegada hoje, de que nova guerr.t começa, e com el:a todas 3S preocupações que lhe são inerentes. fez-nos desistir do intuito. por inoportuno. E COmo resumo de tudo o que atr5s dissemos, depois de um ano de lrabalho pouco rendoso, igual a (amos OUtros que o ameceder.am. nós, que nos consideramos homens de boo-vonl;ide. Confessamos mais uma vez o nOSSO desconsolo peJa (alm de interesse que julgamos sentir :l volta do esforço que nos foi PL'·(fjdo e COm o qual nlo temos procurodo nem honra nem proveito. Diz-se que lodos d:-m a sua hOr:l ; pode ser que ainda um dia reconheçamos que a nossa descrenÇ'J é infundad.:l, e ouçamos de :uguém 3 frase do EV:lngclho: Homem de pouca fê. porque tlllVklaslc?


j . N. fí'rmm Dias jr.

/4

É possível que eu fosse injusto ao ter, quando estucbnlc, uma opinião pouco favor;1vel da ger.J.ção de portugueses que anlecedera a minhai é muito provável que, a partir de 1934, depois de resolvida a crise dos dinheiros públicos, eu seja ingtam ou esteja em erro por não tne sentir 100almente de 3(.'Ordo com a ordenação dos problemas nacio-

t

nais que aguardam 501ução. o produto de uma maneira de ver, que não traduz hostJlidade, e que nasce do desejo de servir a Nação como ~o digo, como o épico. que esse desejo ê isento de prêmio vil , porque lenho o Imcresse indirecto de valorizar a minha profi.ssào. fora dele, quase só descubro contrnriedades e um pessimo governo de vida para qut'm precisa de a ganhar, A independência tem

sei e posso; e só

oscu preço. Se a formação espiritwl do homem fosse mensumvel, certamente se não definiri2 com fe~o escaLir. mas antes de essênda vectorial; é not(>. rio que cada, um de nós se apresenta polarizado com 3. sua direcção e sentido. e daí o ver cada qual o mesmo problema sob urna luz diferente. Cedo começamos a encaminhar-nos num azimute do pensamento como 3 plan13 que se orienta levada pelo seu fowLropismo. Eu comecei as minhas prediJecções imelectuais pela locomotiva; outros teclo come· çado pelo código de Justiniano; alguns pelo sorriso esfingico da GiOc;o,ada ou da FTor ABres/e de Soares dos Reisj outros, ainda , por coisa nenhuma. A marcha do mundo, em que todos colabol'3mos mesmO inconscientemente, t: 3 resuhante destas polarizações. corrigidas por um meio amonecedor que atenua excessos c ressonâncias, meio a que se chama o senso comum, que Nordmann classificou, nlo sei se em primeira mão. como a caricatura do bom sen.so ~. N:lO ê. por isso, de admirar que o sentido da minha fonnação m& mostre uma iougem real da vida públiC'd e mostre a OU1ros uma imo.gem diferente mas igualmente real da mesma vida. Não é de admir.af que a minha tendência para o t(>cnico--econóntico vc:ia em outros uma ponta de helenismo, um tudo nada anacrónico, nesta épocn em que uma /O,WIadO de catVào e um fardo de lâ silo problemas de I!.swdo ' , nem que estes oultos vejam em mim um m~uerialismo condenável li endeusar 2 rtúquiruJ e a esquecer O espírito. O que. prt.'Clsamos para desfazer esta miragem, que esapa :l n0SS2 r:lÜO porque nasce de 030 ser i:s6tropa a form3~o mental do homem. o que predsamenlos 3inda paro anular cenas defoNnaçOes 3 que nãO é esuantu a dose de livre -arbitrio com que Deus presenteou o homem. é de nos aprox.ill13f1l\05. uns dos OUlros porque a diStância agrava o fentr meno; mas nem sempre o f:nemos. Penso que depois eles1e ajustamco(o de im;agens se nos revel.1ri.a melhor o Clmlnho ttdequado por onde alcançaríamos, com ta ntinl"'"


Unha de Rumo. Noku de fumam .. Pon"8..... VoI. I, Pnfack>

15

probabilidade de erro, .3 regra mais conforme com a veni.1deira finali-

dade da vid3 humana. 4. ltIedllaç6cs de um malerlalfsta - Falei atrás em esquecer o espírito. Duas palavras sobre este tema de r.U3 3ctualidade. VC!ffi nos livros de Mecânica Racional que um ponto material ,

atraído por um centro fixo com uma força propor<:ional i distância,

descreve um movimento vibratório simples; se introduzirmos a coordenada tempo, normalmente à traJectória, o ponto descreverá um.1 sinuSÓide OU, em linguagem mais corrente, uma ondula~o. Este fenómeno fisico tão elementar pode servir de imagem mais Ou

menos fiel

3.

numerosas tendenci.3s psicol6giC'J.s, desde a evoluç:lo do

IJOSIo que define as modas e os estilos alé ã marcha dos mais ahos probIc:mas do pensamento; uma fuse dessa evolução é muitas vezes a reac-

E':.~ontr.l o exagero d" antecedente - e exagera por sua vez. O

' OVInem isolado pesa pouco nesta oscilaç.'1o: a personalidade da época é quase sempre mais fone que 3. do indiViduo. A seguir 3. um período de vida mal ordenada em que se descuidaram os maLs elememares direitos do ser moral, parece que os portugueses querem enveredar por uma ~cção a tender para o excesso: tudo ~ue não estiver contido no círculo de uma definição um pouco estreiL1 o et'Ilr:l no grémio das coisas di.8nas - aS do espírito e da cultur:t, Ponho de pane 3. Religião e a Elica, domínios que se não discutem ~ onde se mio recusa a todos igu31 posição; por unânime consenso, z se - a justiça de considerar que todos somos aí igualmente dignos ou c~le$ de O ser, O ponto que quero 3.bordar e que tem suas ligaçôes vel o excesso de reacção que aponlci, eSl:1 em .se aceitar ceno desniM d~ categoria emre as Ciências físicas de um lado e as CiênciOls e a Estética do outro ou, mudando de palaVJ'3S, cm rena estreique ~ CO~ceitos de espírito e de (.'UltUr:I que ~s veze por ai correm, me 3Z reviver o velho antagonismo do útil e do belo com um pouco ~ di(I; oponunidade do que a que tiveram no seu tcmpo PI:udo e

:a

.:&5

e es. Passaram 2300 anos.

~<>m:>. alguM exemplos:

mUi:' Numa revista de (eiç:io IIlemria, em C'ron.iCl de arte, lia·se. n:lo há ,t:StapaSrS3gem 7: bd Eu sei, que 3 religião da ciência contribuiu muito pal'3 estaeéçr a confus:tO ~ntre progresso cientifico e civilizado, mas seJ também que 3 verdad '1m civillz:tçdo tcm em mesquinh3 COnta o culto da raz-io e o da ciência .

OS

~se os cultores da dênda ou, p:U3 uS:lrmos 3 p:113vrn

nefanda.

es do utilhário. n. O .êm em me-squlnha conta OS cuhorc.s da

, 0.:....... .. 60. '1>13. P '56


/6

J. N. Fem!ira DIasir.

arte - e é sabido que ni10 (em - porque n~o h:1.o-de estes, num gesto de urbankbdc, tratar aqueles COm alenç-Jo recíproca, mesmo que continuem, por coerência, a alumiar-se com archotes ou velas de sebo para 0.30 reconhecerem à 1u2. eJ("CtriCà O direito de se considerar factor de dvilização? Ou and3r:i n~e desdém, mntaS vezes manifestado. e sem que ninguém dê conta, vestígio da velha querela entre fé e Ciência? b) Fez-se há tempo a consagração d!l aldeia mais ponuguesa. Con~ lruiu-se um galo de prata e disse,ram-se ou escreveram-se palavras

encomiásticas onde destinguiam, aqui e além, tons de menos apreço pela urbe modema e higiénica; chegou-se à heresia de charrulr a Moo.· santo salão nobre da Beira. A intenção foi cenamenle JouV<1:vel mas ajudou 3 vincar o diferendo

em discuss:lo. Glorificar COmO mais portuguesà, porventura comO modelo de povoado rural, Um:1 aldeia suja e rude (agora, ao que me dizem, muito escanhoada). só porque tem umas pedras de h:1 muitOS sl=culos (e para elas se fizeram os museus) ê de um espiritualismo que eu 030 compreendo, mesmo com esforço. Disso ninguêm tem cul~,

dado que ê pequice minha. Mas porque não se glorifica 3 aldeia maiS limpa, a aldeia mais culta, a í11deia 013L.s benf37.eja, ii aldeiíl mais boni~. aldeia mais produtiva, enfim, 3 aJdei3 que mostte qualquer C3racteristio positiva e boa em oposi~"ão a esta C3r.1cteristica negativa de reproduzir fielmeme, por atraso e não propósito, os tempos de CovadonV c) Como em todas as ciências tlSicas, M. por exemplo. na estrutur,l' ~o d:i Electrotécnic:>, taIh.d:i • golpes de génio a panir do começo do século passado, com Volta, Ampere e Far:1day à cabeça., tanta luz, Ulf'It:J grandeza. tama hannonia. voos elo largos de doulrinaç:lo como nas ciências da Hi5lória ou do Direito; mas para algumas pessoas conhecer escas ê ser um alto esp{rilo e conhecer aquela é ser electricista - o téCnico de ideias acunh.:ldas. Os dois campos têm expall.Sâo diferente, 0cupam no quadro da FIlosofia $eCCores distintos; mas parece pretender•se que :lo diferentemente acessíveis. que hã entre eles uns quantOS degraus de nobre:7.3 que impõem respeitoS:1 dist.ãnci.1; e ê naNl"31 que essa distância exiS'3 porque muitos o anrmam. Eu encontro algu"" dificuldade em compreender; mas cOl1forto~me com a inocênciJ daquele goaTOlO que arriscou a opinião de que o rei ia nu, qu-ando ett timbre de inteligênd3 afmnar o conlrnrio. d) Recordo-me de ter lido h~ muitos anos que alguém , ao descre"<f a visit=- a um museu de pintura, cit.1.rJ o nome de um pintor. acfCSCCl'" tando: 11m nome que nenhum homem CIIJIO {XIilc t:ksco"bccer. por ~ nu~ O Linha nsto e conresso que. porqUê era arrt."Vesado, o esq depoiS de O ler. E. lah ez por isso, nquel a pensar no motJvo que I~ ria a f31..er pane da cuhura o conhecer 3<luele nome e n~o abriS";" conhecer, por exemplo. O de Slcirun(..17.. um dos rund3dores da t nd' cb CONente el€.-'Ctrica, que tevê ;'I P"Jnicubrldade infeliz de ser corcu fIIII e fero, mas que deixou C5tudos impereclveis, retribuídos por u

:I


Ibtba de RI/mo. No/DS de Iilc./Omla PorIl/gl/esa. VoI. I, hPf6c1a

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&rande empres3, america na, segundo chegou 3 dizer~se . com um Ijvro de cheques em br'.tnco. A pag;t, se fOi verdadeir.1 , mede a categoria do técnico - científica e moral; mas como o livro de cheques é o símbolo do mais grosseiro materialismo. aptesso-me a lembrar que os pintOres nào tr.abalham de: g r.1Ç3 e alguns viveram até com merecida abastança . estes exemplos, cada um do quais por si não pesa nada , mas cujo valor reside em se poderem multiplic:u indefinidamente. C'.dracterizam um ambiente que se tem acentuado em vez de se diluir. Nào nego que ~ cena base ftl osófica e a tradição de mais de vinte séculos; mas 1UU0 que há nele um fundo de injustiça, um desprezo pelo utilicário,

que seria bom rever. Espirito limitou·se a ser sin6 nimo de arte; cuhura f POUco mais do que humanismo; tudo o que esteja fo ra disto é de

Segunda classe. Nllo se recusa aos artistas, aos escritores, 30S intelectuais das coisas abstractas o direito - direi mesmo, O dever - de pugnarem animosamente pelo alargamento e prestígio das suas preferên cias espirituais; mas ~ preciso que o raçam em absoluto, sem comparações altivas com as COisas concretas da vida, É preciso que o desinteresse das massas prelos. prodUtos do áipírilo não seja pretéXtO para molestar a Ciência Ou ~har com a Técnica, mas antes motivo para reconhecer que hã euos a COrrigir no espirito ou nas massas. . Se ser culto ~. como julgo. mais do que saber muito, ler consciênCIa, do ~ue somos e do que é o Universo de que fazemos pan.e, com ::":hnomiaS de rlSico e metafisico. de material e mo ral , de luz e o . de bem e mal, não file parece posiç:io com.."Cl3 a de identifica r ~ COm a realidade flSica e jungir a cultura ao semi-rnundo do imada , como a impor-lhe regrA de clausura parJ a livrar das pestilências es ~écula; e por isso me parece Impróprio que alguns home ns do n:~. quando lamcnram - e creio que com razào - a o nda de ~mo da nossa época 0 110 distingam os dois hom6nimos que se tnoraJ rulquela palavra - civilização material e desrespeito cb lei tnou - e se atirem rrequentemente ao primeiro como S. Tiago aos ;::. COm ar de fidalgo pobre que desdenha de vil'o enriquecido. iii l'Oo<t-.,... são um dos preteXlOS P'r.! di7.er m.1 da Ciência, porque e\l'idtm es e ck!struiçOes~ Ol3.S este pa rece- me um dos casos de confusão

~~~u~ .não é a Ciência <Iue prevarica mas sim 3queles que

diriamJte .as lrul>içôc.s da

tr/CI . Apesa r de não haver .Inda aviões nem

a::,~ no ~erco ck: Tróia devem ter acontecido 3S mesmas desgí.1da Olirn no miSterioso Homero. que vivia, no (Iue pa rece. na priV'.IIlÇl ~ pu - ,um:. SitU3Ç':lO qUf,! não dcbcava de me dar jeito; contudo!:t 'Ias, a

ICekar-S: a :~l~ estavalh ainda na prim~ira infJnda, se ê que pode raJ do di ~ e p. tinham n;tscido h:1 3000 allos. Amba.s $lo produto natuCOtn qUe :I~ e ngt!nho do homem, ambas têm a ma rca do int!vitávcl a l'1Jdto vkia :reZ;l assinala as SUas obras. :Imba... ; ~u~vi7..'1m á seu modo hOflleOl~ tê .. las cm menos apreço. prote'itnr COOI !"".! el~,


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J N. _

DiasJr.

procurou aJX'~-bs. pa.rece-me rfto inútil. tão injustiRcado, tão impossh'el como pretender que .. Lua se nos mostre em forma de quadrodo. A Ciênda e a Tk.nio, irmãs mais novas das outras vias do saber

humano, vilo tomando. com a majoridade, o seu lugar na vidai não parece regular mml1-las, por comodidade, o bode expiatório das maleta-

00 que fazem e que n30 fazem. Um engenheiro, um cientista, um fabricante de produtos industriais. nunca ledo o desaoofo de chamar ruído ~ música ou Zé Pereira a um maestro, não apontamo como desgraça que o povo visite museus, lá porque a sua indúsuia não tem :1 aceiLa~o que desej3Ví1m: pensar.lo, mais assisadamente. que ou os artigos que fabricam n~o ~o bons ou o público lhes não d~ o apreço devido porque nao tcm para isso dinheiro ou culrur.l . Todos estamos de acordo em que nem SÓ de pão vive a hununic.bde; todos aceitamos que o homem. embora posto ã C3beça dos vertebrados na taxonomia zoológica. tem sobre os outrOS animais o privilégio de acrescenlar ao espaço físico um domínio psiquico - uma espécie de quarta dimens.1o; todos aceit'OImos ainda que :I frase. de Schopenhauer segundo creio, se lima pedra pode cair também ~ penstlr, traduz uma exaltaç:1o da matéria, que não nega, ames confirma, que o ser pensame é diferente da pedra - diferença que se pretende saltar numa induç30 temerária; mas aquilo em que nem todos estam~ de acordo é em Que o homem se distingtl mais dos bichos por saber a hist6ria de Roma do que por saber as leis da Mednica, mais por ter construído o Pa,n henon do que por ter escrito os Elememos de Euclides. A invem também rulo é verdadeira ; mas essa , que eu S3iba. olo tem insensatos que:l defendam.

Pode parecer, em primeira análise, que tem pouco cabimento neste pref:1.cio aquilo que aabo de referir. Jã vou juslinC3r-me. O meu inrere5M: pelas coisas económicas e o pressuposto em que

vivo de que se lhes MO tem prescado :I 3tenç,lo que merecem. tcm-me I....do algumas vezes a abordar o problema junto de pessoas chamadJ$ cultas. Encontro com frequência a Incompreensão. Replicam-me que o ~tado MO abandonou as coi5a.s materiais; citam-me O Pah1cio di Asstmbleia Nacional, o Estádio. OS castclos reconstruidos. e eu BOlbO por me cal:tr para 030 dar. fals:l impress;lo de que estou a <ksdenhJI a ob<a. Antes de rnals nada, faço a afirmaç:lo de que n~o menospr<ezo ~ tDbalhos nem aceito cena opinclo facciosa de qu~ O luxo inú~ C2,?, conheço uma dGzia de grandes cidades d" Europa. ~ .tra v....... m~ta dúzia de países estrangeiros, e pude verificar qúc as n~ P?"oaçOes e centros de turismo e>l40 longe d. rique7'> .rt[<ti... ~ n~ca e monumental 3 que devem aspirar para MarC2rem que aqhabitll um 1'0"0 civilil:ldo e pr 'pero. Acho meritório tudo que s< ~


lJobo d< Rumo. NoIas d< Eamomla Forlugu.,., Vai. • PrrijíIdo

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nesse bom sentido desde que se n:lo esqueça o ponnenor. a meu ver fundamentai. de cuidar da prosperidade, que ê :1 base do sistema base inconttoversa, pelas r:1Z6eS muiro elementares de que ê o próspero que paga o bonito e de que ainda se ndo descobriu outra maneirn de fazei dinheirol pelo menos legal. Reconheço, sem favor, que a neces.si· dade de con5lntlr edlfidos paro in5l.tlar convenientemente os serviços pCablicO.$ é quase iJimit'ada, por ter sido longo o período em que se ~correu 30 expediente de alugar andares ou ocupar conventos; e ddendo mesmo que o Estado, ainda nas m:tis mode tas vilas. deve ter

nos seus edófidos modelos de tonfono , de bom gOSIO, de construçào nca, não se fazendo muito avaro nem de dimensões ne m de cantarias. . O que nao me parece legítimo é identificar Oláterial com econ().. Dlíco; essas obras materiais que entusiasmam tama geme, e com rn1..3o, ~em para o tr.abalho qu;mdo se aCáb<tm e deixam-nos apenas o rn&ito da Sua beleza ou da sua utilidade. Não produzem riqueza; são, na ~iorU dos aasos, arte materializad.1 pela própria ll;ltureza da ilrtC J>lástica. No fundo , quase nào chegamos a sair do dominio da Estética, ".á indiscutivelmente, e nem podiJ deixar de haver, obras materiais tnteresse. económico realizadas nos últimos anos com uma profuo a que n:.'lo es~vamos h<lbitu<ldoSi mas ê justo reconhecer, sem ~ o n:'erecimento e 3 necessidade de tais obras, que elas têm por si ~ tradição que vem da mais remota antiguidade: estradas, ponos, ulica, povoamento norestal. Os faaores da civilização mecânica,

:m

~ mais directlmeme afectam a economia, que o:lo têm 3

ú!:t

abonã·los o

Ou a história , n:1o foram ainda considerados ou têm-no sido

de-.r. IC1entemente: electricidade, indústria (incluindo minas), caminhos--

Osa ~. A marinha mercante, apesar de tod3 a tradição. e bem glori-

~~a Com estes últimos; fazem excepção os telefones que são

<ou

N 10 do Estado em quase todo o País, uma pubUClçào ofie",1 do Minislêria <1.,. Obras I'úbllcas' justifi·

[) ; : como segue a construção da fonte monumental na Alameda de ,

Onso Henriques: ... Um Governo .. , que .. , tem procurado elevar :t vida dos POnugueses. dando-Ihes penos, vias de comunioç:lo, águas, esgOtos, escolas, energia ,.. parn en,riqui::cer a Economia Nadonal, tem ... 3 obrigaç;lo de traduzir Imorredoiramenlc em pt.-dra • bronze o pe!iodo conSlI\Jllvo que .lnlvessomos. ~. necessório lr.alar lam\>êm do esplriIO ...

~otando a refert;nd3

das ~50 que esta

.

1\ e llergia,

c13r~lInente deslocado

Pa.,sslgcn'I , semelhante a muitas outras

naquela

espalha~

ena de publiC3çôe:~. l em Xl marca do ambiente que i\tris

cw..S;::~"L~ eo",Wdo d. Fu<uUrtlrllo flUI Obms ti, AtKtJtf'lt.lmímlO df1 AJluá () - - . ~ H, I'~ de 1939,


J. N. Fem!i,. DiasIr.

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apontei . E penso também, sem ler a certeza de ser justo, que esle 3mbi· ente e responsável pelos anos que decorreram sem que os assuntos eléctricos e industriais se enC3.rasseD1 com alguma decisão. Há uma n(tida ínsensibilidade para os problemas que locam de pert'O o nivel de vida, chamando-se lodos os dias Econo mia e Fomento a coisas que o não são; julgo que essa insensibilidade ê mantida por certo pedantismo com que se fere e exagera a 1ecla do espiritual só

porque se afirmou, e bem, a necessid'lde de uma política do espírito mas sem se lhe ter conferido, o que seria JIl31. um lílUlo de exclusivo. Mas julgo ainda que procurar maneira de dar p:Jo a um país que o não

tem ou o tem escasso ê. pelo menos, Ião digno de alinhar entre OS anseios cb inteligencia como cenas obscuridades de J'Cn.S3dores henné-ticos. Cuidemos ent}o do espírito; provera a Deus que em todas as épocas a produção Iíterãria fosse tão aha que nunca desmentisse a 3firma· ção: Tbe Portuguese is lhe grealesl /tteralllTe prodllced by a smo/l country wtth lhe exceptfo" 01 anclem Greecc'; ou que de lodos OS séculos se pudesse dizer como daquele que decorreu do meado de 400 ao meado de 500: Hã umo esrola portuguesa de pinlum I'; seria. de encantar O materialÍSlól mais empedernido. Só lamento nào poder dar conlribuiç1o directa nessa tarefa eu, que SOu ClpaZ de sentir o belo, embora muilo subjectivo, numa teoria cien(úica ou numa linha eléctriCl e de colher nelas, em vez do cansaço da profiss:lo. o sentido da harmonia, da delicadeza, da serenidade, que outros SÓ conseguem na meia luz de uma galeria, de museu :1 ver Picasso ou Watteau, conforme 06 gosIos.

Mas n<1:o exage:rerrtO$ ou, mais precisamente. mio sejamos facciosos.... A fome mata o espírito bem mais depressa do que mata o corpO; aquele n30 se manifesta sem o seu suporte material . flçamos. OU melhor, façam os homens do espírito acto de comriç:lo e procurem manler~se num equilíbrio justo, n:lo de prezando aquilo que esteja roroa da sua roda muho fechada - desprezo tão inoportuno que às vezd lembra igoorinci3 - e não esquecendo a sabedoria do povo que é • sabedoria de Deus: prlnwm llil1t!1'f!, deillde pbil"""fJharl. N~o sou b>" tante inteligente para aceitar que se disona CSlC afo rismo.

S. /IIedlltJfWs d<! um rNllslII _ H. llouasse, o esclarecido pror...." de Toulouse. autor de um u:llado de FfsiCl que j;i tem hoje mais d~ 40 VOlumes" , é t:lo notável pela fecundldilde da -sua pena de cientiJl' como pela originalidade dos seus prefádos. O do volume Gyroscopt'StI ProjecJlles contém O com<.-nt1rio de um opúsculo de Anto ine ArnatJkl.

~Audrey P

Odl. Fon-nfBhtJy R#deul, 1.ondra,Junho. 1922. ' . Dr. Rcln:aldo cb 5.tDlOl, Ot PrlmÚltUl Po#1ljB' Wi8, Ed. cicie Centenirlot. Lib'"

1'Ii'J,/,,!19 1 81b1~$dcqt~.' ·I,t,gblieurf1fd.,Pb)lf~P.d IkbMIiI,~.ParU


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teólogo do século XVU, (:om este longo e saboroso titulo: Dissl!rtotlo" IeIon la méthode des géometres pour la jusliflclIlfoll de "!'IIX qui emploiem des lermes que Je motlde estime durs.

Nâo imerdSil acompanhar a dialéctica de Amauld nem 3 palavra azeda de Souasse; basta registar o preceito fundamental que, no dizer do velho doutor (b SOrbonne, toma legítima a argumentação fone: vera dlcere et cum causa. Conheço este texto há uns seis ou sete anos e regozijei-me por tê-lo descoberto. H3via muito que Cu notara a reluttinCia do mundo por aJsumas palavras cujo uso Frequentemente me parecia oponuno, não para ferir Ou fazer polémic;:l. mas para chamar às coisas pelo seu verdadeiro nome, para usar os vocábulos COm propried3de, para definir as ~ COm nitidez. - boa norma de estudiosos e característica, segundo ~. dos mestres da língua , que leio com prazer e gostaria de saber ltar. Jã uma vez c:onfessel a respeito dos meus escritos 12; ... se o estilo é por vezes viY:lz, não é desassombro nem irreverencia; e talvez, pela força do hábito, a preocupação didãcrica de avivar os contomos de algumas imagens essenciais. Os nossos problem>S de produção Industrial an""m há muilos anos envolvidos num semi-romantismo económico, onde Sê r.da do bom tom palavras óptimas, do mau com pal;lvras boas e do péssimo de

OIanelr.onenhuma. Se 010 esquecermos que existe um mundo exterior a eSta pequena

~

que parece andarmos meLÍdos aquém fromc.ira, como se

'IA em sistema isolado foro da Via Uctea, que O Slr'Uggle for ~tença permanenfe e implacável, se generaliza dos animais ~s Iiszno ,havemos de reconhecer que precisamos de um período de ~~ • tio vincado quanrQ tcm que ser fone a re'Jcção a provocar. revw!orçoso passar de Júlio Dinis a Eça de Queiroz, do emolienlc ao a~vo. Oigo isto :i vonrade porque em lilel'3tura penso ao conlr.1.rio; tisnao de ~o estar na moda , prefiro sem hesitar o artificio do roman~ ~ ~CNezas do realismo. Pode parecer extrJvag::mte o que é apefOSse : a I'C2lidade impõe o real, ;1 flcç:1o tolem o fictício. se eu ler .:-paz de escrever uma novela ou um livro de versos procurJria lho lu! ve .~ )0:10 de De",,; mas em questões de técnica e de lrnba~~ 80 lnd15pe.ns.íveJ a verdade que _ desejo acentuã·lo - n;lo cem ~g;lt6ria COm O exagero. Pôr um problema em eqU:1\~O não ~ Dle:1a5 limas; ê COmo é _ ou a eqU:Iç:tO cSlá crmdzL E n:1o pode ~~ das cqU3çOes O Que ;}s VC:7.cS s::al do silogismo: conclusão A de pn:miss:L< r.Is.,5. Jiaa ~~~cia. nacional têm nndado um pouco adormecl<b n.1S coi· "rucas. ,ulgo que sem v:Jnlagl.'m (Y.lr.l n N:IÇoIo. O ensino d3

adnu.:

tI

6Iot&rku daJ. 1rtSJuIiJf.(it!f,.: JktriCJ.1J .AlIo de 1938. P lU


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J, N, Fmrlm DilJsJ',

Hisc6ri:a Pâtria - ao menos o elementar e o médio - limitado ao con· junto de acontecimentos políticos em que 3vuhaffi os feitos heróicos de guerras e descobrimentos, não clã noç10 exacta do que tem sido ... nossa vida hã 800 anos. Nâo quero referir-me .. erro de. faaos ou imerpretaçóesJ nem às divergências. de valor restrito na apreciaç:1o do largo

espaço de oito séculos. sobre se D. Pernando era

estOUV3do

comO

muito tempo se disse. ou ainda se O, Joâo lU foi bom rei e o Marquês

de Pornb'"tJ foi mau ministto - ou vice-vers.1 . O que quc.ro dizer é que se desprezam. ou ~lOles , se menosprezam certOS 3SpectOS da vida naci~ nal que MO ~o despidendos na visl:a do conjunto: OS meios de vida da população. a sua 3ctividade económica. a sua riqueza , a sua cultur.t. a situação do er.'hio público. t.>'lateriaHsmo? Apenas realidades tangíveis, cuja importânda vai em crescendo. Não defendo com isto que se aprove como livro de ensino a História de Portugal de Oliveim Martins, com 3 sua atmosfera negra de

desgraça e vile7..3 ; mas reconheço, porque se passou comigo, que quando se: estuda :I nossa hist6ria económica se fica com uma noçãO um pouco diferente da que nos deixa o programa escolar; OS heróis aparecem menos nobres. 3S emprt!sas guerreiras menos Idea.listas, a Vida d2 geme menos fácil . ada de extr-tordinário QU desprimoroso porque o homem [em e leve sempre ideais e interesses, só mudando com o tempo - quando muda - o alvo de uns e de outros. Seri intendonaJ esta omissolo de cenas facetas para dar :10 povo :I noção de um passado mais belo e grandioso em que só havia prosperid:tde nas vidas e desinreresse nas (menções? Aceít:o que seja. Mas o mal

estA em que a coisa.se genel':lliza com tal força que o manto de f3nt:l~ sia que cobre o passado começa a estender-se sobre o presente:

c.

como quod r.'OIumes jacfle crPdimus. ai estamos todos a acreditar piamente: umas dezenas de n:lo-verdades que nos embaraç:lm ;l reOlcç:lo inovadora. N:lo há quem escreva sobre a terra ponugu~, mesmo entre peS"" $OOS de responsabiUcbde, que lhe n:lo chome, com rara excepçOeSo ubénima. ou feracissim3; ma.s M por aí brgos tr.UQ5 de penedia prin~· ria e de areaJ (erdmo que ~o a arrelia do agrónomo; e chu~s disp:t~· tadas que rUo arreliam ninguém, de tio afeitos que já estamos, DePO~

OS poelas ex:Jgcr.un a not4l , no que não podem ser levados :I mal pOtqUê 011 iillgUm2 COisa Mo-de faJ:tr pãrá quebrarem li monotonia 3"lO"

ro53 da !inca polTlJg\le5-3; mas aqueles que lêem os versos e ainda ".,:AiS OS que chegam :I decor:i·los Vào ficando COn(aminados. Ponugal é

Jar-

di", do Europa à beira mar pkmtado, mas quem faz comércio de flores ê li Holanda~ é lam1Jjal em flor sempre odorallle, mas qu~m vende lar.onjas ê • Espanha E passa·se o mesmo :I propósito do comércio ou da indúscri3, ,dO em poesht, porque o :lClo se n:1o :llusta :l música da rima , maS e(lt prosa, que ê bem nuls rc:spon~vel dos desvnrlos humnnos.


UIIbo ti<! Ru".,. No/IJs de Ea.....1n /\ml/gl/esa, ICI. /, PrrJádo

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Perante esta posição do pensamento português h:i necessidade de falar claro - que o mesmo é que empregar as (ais palavras que o mundo considera duras. Precisamos de começar por nào esconder aquilo que temos de lJlau. Há que o pôr à luz do sol para que todos o saibam e pensem na COrrecção; mesmo que muitos não pensem, livram-se. ao menos, de Uma ideia falsa. Só perdemos em nos enganarmos a nós próprios o u

~larmos com eufemismos tão cerrados que quase dão na mesma. E (: Illgénuo pensar que esse silênciO O exige o prestígio nacio03t perante O olhar do estrangeiro; em matéria de economia, o estrnngeiro que está atemo, as grandes po!:ências que cuidam d:l sua vida sem deixarem de RlOSOfar nas horas vagas, estão bem mais infonnadas do que se pass.1 em nossa casa que a m.:lioria dos portugueses; e o pormos nós próprios ~.dedo na ferida só vem OlOS1ro.r·lhes que começamos 3 ~brir os olhos. &sso 0<10 há desprestígio - antes pejo COntrário. ~~Depoi$, precisamos não elogiar excessivamente o que te mos de para não fazer esquece.r que o bom pode sempre ser melhor. Nâo naoo suficientemente bom - e pensar O c:ontrário é cair em erro Sem remédio. Infelizmente, alguns menos avisados distinguem com difiCUldade a ins.atisf3~o dos bons espíritos da inconslânda dos 10105. I' Mas as palavras chamadas durns exigidas por esta política de rC3lSrno do de estímulo e não de des.1Iento. Longe de me propor repelir ~ Ponugal é um pais perdido, venho antes afinnar que po nugal tcm ~to de mau mas é s usceptível de progresso nO qual creio com fé ina19,;el e parn o qual , dentro da minha esfera, tenho trabalhado desde COm uma persistênda que n:to tcm sido muito afonunada, porque f:ertamente n:to merece mais. 56 lembro uma condição a satisfazer para ~gulr este progresso: temos que ser n6s, ponugueses. que o have~ promover, porque nunca o interesse e a dev~o dos amigos o Suprir:lo nossa falta. JlataE POrque lenho essa fé, n40 me agrad3ria a posiç-Jo de contribuir lho a obra demolidora dos escrito res do fim do século passado. R.1ma· liv' F.ç.. , Fialho não souberam distinguir O riso sa luta r d1 troça agres· ~~ c:aricatura esca m inha , da critica violenta ~I muito do que ê 4eia llável _ obra dissolvente. em que h:i passagens que se lêem com do e que SÓ tc!m como conlrn p~ rtld:l. ncm ~mpre. porventura. CI\Ie (e. o chIste e o esplendor Ilteri.rio. Que 05 seus admimdores, Opi em assomo de (anatismo ousam chamar·lhe djvinos. me perdoem <t ~o COmo cu ~he5 perdoo o exagero. OliveiiJ Mn.rdns, o mais .res-"'ogou\fel porque t,~ha .a gul<1-lo outrn luz nlem da pura anc d~ escruor, <tue a SUa contribulç'lo constnll lva no derrotismo e n:l tristeza em Se de!xO\j Cli r_ do ~~~P<>S~o Colonial do Pono. em 1 93~. num dos topos do salào Poeta CIO de Cristal, esHlVa cscri1a um;! frase do Dr. Oliveira alaz:lr, ali como pal<1.dio do nos...óõO ressurgimento e que reproduzo de

;m

sunc:


f. N. Fem?iro 0IIJs]r

memória: Portrlgal pode ser, se "65 qr4isem,os, um" grande e prósptJrO 'Ulfào. Em 1939 aflJT1lei ter compreendido U que esta frase Olais do que optímist.a, entusiástica. se fosse despida das galas de forma e de vibraç-lo que lhe impunha o lugar onde foi escrita, se deveria traduzir sob esta fonna 0131s modesta e menos elegante: Portugal poderá ser, se nÓS o ffZermos, um" naçiIo bem melhor tio que é. Depois que escrevi isco passaram mais de cinco anos, fe.z-se a guerra com todas as perturbações nas coisas e nos espiri[(>s, passei paI' cargo cm que estive mais em con(300 com os recursos do Pais; e apesar disso não tenho nada a alterar na minha redacção. A tClT3 , o du, OS homens 0:10 autorizam a ir mais longe; oxal1i me n:to obriguem a fiClt aquém. E eu, dcscomcntc desde os bancos d2

escola, já me daria por satisfeit.o se .. fr.JSe se cumprisse ainda que fosse na versão mais modesta - IXira JXXler depois. se Olinda tivesse forças, desej.ar melhor. Quando se quer subir mais alto n:lo se usam degratlS ln3K>res mas em maior número; e subir um degrau pequeno com :a intençi:o finne. o propósito assente, de o usar como apoio p3r3 passar alêm é 0l3.is .seguro no movimento sem ser menos rasgado na COO~ ç:\o do que dar unu só passada paD chegar;1 mesma cota. Dai certO apreço que sintO petos progran\2s moderados - mas programas e 0:10 ausência deles quando estes .se o;Io olham COrno produtos nnais mas como simple:; factores a que se junta por inerência a ideia de multipllC2~o.

De um engenheíto esp:lnhol dedicado às coisas económicaS d~ um compatr'ioul u; ,1$ pUlIIOS de uisla $I! d,1tm apaslonadameme a ,. realldad lJadorlaJ, slq"tera a tlC..'CeS resulle és/a áspera o InSrtJtn, T!O pouco sensível ao elogio como pouco pródigo em concedê-lo. nenhum prémio me seria mais grato do que o reconhecimento de que aquela corresponde, se nlIo :ls mioh:. paJavr.1s, ao menOS :ls minhas

rrase

intenções.

6. M«IItaç(ies d<1 um eng<mbelro - A minha asplraç:lo e as minhJf possibilidades 03.0 vào ao ponto de pretenderem neSte livro um estudO gcr.al da vieb económica ponuguesa. , Nem creio mesmo qu~ tal ~ necess1rio p:lr.l ser úul. H~ quem p3$Se • Vida ocupado em pequenos problemas por incr paddade de :uquilCClaf uma doutrina mals larga , de conceitOS ~ ger.ais e flUls recundos. que dê unldade a um conjunto que: n;'lO p:lrcd' ,.·1• . Estes SlIo OS espiritos de .nálose. d< Outros em posiçao opo!tta. esbo(;;lm pelo largol na preocupJç.'o sujeitar O mundo ou pane apreciável dele ~ unirormidade ~ um flJJ'l"


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rinoi mas na generalização excessiva, o ligurino 0:10 ajusta bem em lodos os recantos c 3 obra ê apenas de superfície, fraca e instável comO estnnura .sem contr:1\'cmamenIO. Estes são os espíritos do mal, porque ru10 há nada tão mau como fazer coisas que n:.lo sejam úteis - sem querer signutear ulilit;irias. Finalmente, rica aos espíritos C:lpazes de síntese, aos que querem

realmente const'ruir, a possibilidade de escolherem. segundo a sua capacidade, uma prudente posição intermédia porque a virtude. como ~pre. CSú no meio. Julgo que as necessidades de produção industrial IIsadas às de (orça mOtriz, <Iuando analisadas nos seus fund.1mentOS e en~deados no seu conjunto, bastam para constituir uma doutrina com unicb.de (one e independência marcada . Delas trJlarei. ~o assuntos em que me sinto à vontade, confesso-<> sem imodêstia, ~udo no que se refere il energia com a qual lidei de perto por maiS de nove anos consecutivos. Conheço dentro do País Iodas as ins~Iaç~. 030 apenas no aspecto mas nas suas qualidades e até em guns dos .seus defeitos; e Julgo que das pessoas quase posso dizer o ~. Conheço a estatistica eléctrica na intimidade e sei de cor, se o centenas de números ao menos a SU;l ordem de gr.mde13; n:\o fui àJ que a criei mas desenvolvi-a até :10 pontO de poder hoie apresentarse ao lado das melhores estatísticas do mundo dentro da sua classe. Andei menos perto da indÚStria porque tcm âmbito mais V3!ito, tive tempo de COntacto com ela e não posso recorrer :\ estatística ~o :3 Iú satisfatória, entre nós. da produção industrial; mas do o ba.st . estudante, como simples curioso, tenho visto e renectido tiro ame para compensar aquelas faltas. medi Estas parecc:m·me razOes suficientes para Que um engenheiro de as.su ano entendimenLO e amante da profiss:lo troga tão dentro de si os !Rl~ da electriddadc e d.1 indústria que os lcnh:'l Jj. impressos no neste lente, mas n.l 0 impedem que outros. cmlx>ra pouco instruídos aos ramo, defendam melhores opiniões. Nem os homens se medem almos nem o S3be.r pelo tempo de estudo; mas o estudar sempre OOS erros de maior lomo. a ma ,problenu dos [idospones - e cspec:i:,lizo OS C3minh05-<.le~ferro e mia e~ Dleréante - liga~se com aqueles pelo que afeaam a econer e combo ~ pelo parentesco que lhes vcm da técnica. Electriddade iSSO , I los, Siderurgia to! n:tviOS silo gntpos de annldade manifesta. Por a ~el venha a dizer tambêm UI11 pouco do que penso dest3S com aas, mas confesso, 3gOl'3 sem f:ds.'t modêstia. que as não domino COm e..,:tensao e 3 mlnudência d1S primeiras. Nunca lidei de peno M • conheço..a nuis pelo COr.lÇ"Jo do que pelo estudo. invest~": assim dellmitado, o campo a explomr ê vasto, porque a se: dev:ar: o n10 pode connnar-se 30 cômputo do que se faz e do que fazer t ater, aos olhos do engenheiro O como se faz. c como se deve orna foros de Inlcrrogação-<:have, avulta como n primeira Incóg-

menos

e\ri:

hlatên


J. N. Fme/raDlmfr·

nita rol guindar :l superficie do nosso conhecímenlo. :10 me proponho escrever sobre tecnologia industrial; não tenho autoridade pam tantO porque n:lo $Ou, proftssionalmeme, mais do que elearicista; e mesmo assim especializado sei menos do que devia. A minha intenção ê de fazer obra mais acessível, que seja menos pesada: mas n:lo me dispen· sarei de ciur números e aspectos técnicos porque quero defender-me

de cair no romance. Sei que é inglório vir desafrontar a técnica num país cm que é preciso espanej2r poeir2s que se deixaram acumular sobre 2 verdade pelo

repetir C3dendado de ce:nO$ bordões que são encosto de falsas realtd200. A [«nica é acusada de coi.s:as horrend3S que 5410 chamadas mons-

truosidades do nosso tempo. sem que se lhe desconte nos pecadOS alguma

r.U3

vin ude; mas os escritores que fazem história e não folhetim

confes53m que as desumanidades, 3S violências. 3S injustiças sociais, OS abusos de toda a ordem erum piores há dez séculos do que h4i cinco e há cinco do que hoje.

05 recursos da agriculrura foram e h:lcxle ser sempre questOes de primeir.a grandeza na vkJa do homem porque se ligam direaarnent'e t necessidade diâri3 de comer e constituem, por isso mesmo. a base Il)2i5 segura das OUtr35 acti"idades económicas. M.. 11:10 ,endo a sensibilidad< que se ganha no longo contaao das coisas p:tr.l falar deles com alguma segurança, prefIrO não dizer nacb OU muito pouco. Nascido e criado n2 cidade. não contando lavradores entre os parentes próximos, nunC9 send de peno os problemas da terra e alguma coisa que lenho aprendido IdO oferece consi.>lênoa que me sa'isfaça; só vejo o Clmpo como um pano de fundo onde 80510 de repousar a vista quando me sinto cansado. TamlXm me na,o abalanço :l abordar matéria financeira por muitO que se pren<b com ii aaividade económica e seja , em certa medida. um dos seus Indices; nem me sujeito a mim nem Imponuno os outr05' oferecer· lhes banaJidade5 ou repetir·lhes coisas que jl1 for.un dita c explicadas por quem tem nuior autoridade. Ao lado dos que augur.1m calamidade como se vissem ~ proJ>O'" us de fomemo o Adamastor em pessoa, sei que ha quem pretenda que o problema da indOSlria n.~o ê dissociá"el do da agricuhur:l pelo que .... pode dar de ma,éri:l5-prinus e pelo que VlIle como pocencial ele consumo quando se mdhore O J>(Xkr de compra dos seus trab2.1hado" ces; sei que M quem lembre que rtle:$m3 Indústria 030 é t!Str.anho o campo do ensino t«ntcO, fonle donde se aliment:Jm os qu::adros dO pessoal especiali2:ldo; $d ainda que mul'as defendem. Ilgaç:Io Ind~ 10".1 da produç:Io de energia com o progr.lIl1' de hid~ullca .grIevcomo forma de melhor usar 3 ~8U3 e os desníveis: e sei aind1, ronclusão. que essas peSS<Y.IS emendem - ou , ao menós, alguma; delas - que esces problern.as devem espcr;.1,f '105 pelos OUtros. que e.5I tm..:lrJnhado de \raMaS quescOes deve marchar a um tempo, locLts elJl muilO t.0C05l3da$ umas 15 OUI.r.lS par.a rUo ~mancharem o conju l1lQ.

corno


t.mbo. Rumo. NO/as de Eall/omia Ftim'8uesu. vo{. /, Pr<ióclo

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Os que assim pensam s;lo os esplrilos ti que atrás chamei esplriros do frull; porque o princip~1 defeito _ Ou vantagem _ das suas Ideias e~ em cOnsHruírem um sistema Ião perfeito que ê insolúvel, uma

estrutura t:lo vasta que n;lo tem rigidez. Os seus raciocínios, teorica1llCnte impecáveis, Situam-se foro da regi:lo dQ bom senso: a f:mlasia de

alguns POrtugueses é t:to ardente que os leva a imaginar que se paSSo' por encamo do n:lda à perfeiç:lo; SÓ eu ando cheio de medo dos atritos que h:1-de ser preciso vencer par.J, chega r ã mediania -

";lo que me

fahe a confiança nas coisas mas porque n:lo lenho conflanp nos

homens.

Tem-se dilo com intdrn jU:ili\ot que 35 propostas do Governo silo modestas; ninguém conhece melhor do que eu essa modéstia, porque, pOr minha pane. nao quis fncr trabalho ruidoso para ficar na Hi:;;t6ri" mas Um progrnrna honesto que se possa cumprir; depois deste cumPrido, algum dos eÓlicos de hoje r:,u-:1 Outro. cert~mênle melhor. Neste desencontro de oplniOes, vou-me ficando limitado aos aspectos restril05 da elearicidade e d3 índ\istrill , que. têm 8Olu\<10 .se lha quifurmo s dar, e nào impedem, an te s facilitam , que outras questões IUras se lhe ad:tplcm com mais ou menOS jeito. E oonlÍnuo, portanto. ~O::,r-me no dominio do que sei e de onde nunca s.'lio por minha

Sou av~sso à erudiçfo no estilo do fIlósoro de Florença,' o ramoso ~ de Mu"andola que 3ceitlva discus.s;\o sobre todo o ~ber da sua 1st a - nem :I julgo parcela essencial do mérito; alguns chamar.lo a PI

ac:~" depredatiV2mentc , o espírito de pormenor dos t("("nicos: Outros cu a~o que é a~n:&S uma fom~t p:lnicular de honestidade que se nflo n;tadece COm ceno saber ligeiro, aprendido l/e QlIlllw. Tenho a TO clara do que pos.'tO discutir com di8nidad~, im er la~guel3 de vistas l! considerado bonito; mas nessa malêrill lyaJ)Ona n;lo CQnrundir o lé<-nico das idela.s gerais. como se imÍlulavu

esp~~(' ~m

o <."Oleccionador das ideias dos técnicos; o primeiro ê o

Um o cn3dor, que amevê 3S COl"3S e constrói um mundo novo com de a:~ ~e aret.1 i o OUtro é o es pírito banal (Iue consegue um punh3do igua de a~nas POrque carK.~U um milhar de gmas que um cu rso de Sem»0:5UOU na margem - às vezes em terreno murndo. ~ envcrg.ldura parn ser dos primeiros. tenho procul'3do n:\o ser C!'m ::"~~os. E quando limito os meus ,,-sentas e dizere-s ~qullo que

110 Princ'

~e conheço,

lembro-mc do que u Serpente disse 3 Eva , logo

I~O du mundo I': pOr

que melhor possas inlelrJ.r-le

~ que meu conselho le merece, n<b que em P<!<luen:t e breve pane. Olh:l O que :I minha indústri:t te ofêrêCc: ...

re,

I) D F'rarw:t&a? Rolam

~ Mbura. DI /lklfWiIHOlIIo Ikm;t'm, Canto I, ~ XXXIX


).N._",()/Qsft·

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Também eu me sirvo do que a minha indústria oferece isso p cada um de DÓS brilha o suficiente.

e com

O exemplo pode parecer pouco edjficante~ mas quem aceita que oos bons só há bondade e nos maus rudo é de rejeitar sem julgamento?

7. M~. um auJor - Decidi-me a escrever este trabalho por dois motivos: para ocupar o tempo que me fica livre das funçõeS de proCessor e p3r:l ter uma maneira de dizer :lOS meus comp-.. trlotas o que penso destas Rtuérias. :Jproveitando 3 ocasião p:lf3 ventilar certOS pontos de vista que correm impressos mas me não parecem verdadei~

ras. Depois que deixei de redigir os relatórios da Estulstica das 1051313# ções Eléctricas - 1931 3 1939 - e tirando meia dúzia de palavras na posse da Comiss:lo de ImerUgaç;lo das Centrais do None. só duas vczes falei propriame:nlt' para o público: a primeira na Associação Industrial Ponuense, cm Dezembro de 1943. ao constituir-se :1 Cortadoria Nacional de Pêlo, e :I segunda numa entreVista que me roi solicitada pelO Comércio ti<> Pano e saiu em Julho de 1944; mas .pesar de te r falado t~o pouco, MO guardo de nenhuma dessas falas recordações felizes. embor::I. te:nJu sabido muito bem o que disse e só enconlre: razões p3r2 o confirmar" , É natural que se encontrem numerosos pomos de semelhança ent.re "" tex10s das proposus de lei sobre clectrificaç;lo e indústri. e as opifÚ' ões aqui exposlaS~ njo se tr.ItI de coincidência fonuita mas de consequmeia da minha panicipaç<1o ne.sses documentos, primeiro co~ vogaI do extinto Conselho Superior de Electricidade 0930(31), depoi5 como chefe da extinl3 Direcção dos Serviços EJéclricoS 0 931-'5) cIepoio como presidente da também extinta Junta de Electrificaç;lo N.cr onaI 0936-40>, e por último como Sub-Secreúrio do Comê rcio e Indís<" tria (1940-44) - quase quinze anos de persislência 1\3 mesma directri'o assistindol vencido mas ~o convenddo. 3 sUCéSSivas refo f1Tl2S em que' "" Serviços mudavam de nome sem que as questões de fundo se ,bOI" <lassem cor.Ijosamente. se

~ô' que dizer e andar ~b,do. manter anOS e anos U~l i~e31 que di' e ve-Io arrascar vld1 latente por IOdlferenÇól

~o ,ulga desam:z:oado

,. O dLtrot50 do Porto, por conter ponlOl de vbt:t gç'rlIlt. \'lI1 rq>rOdurldo ~ (\101. II, ~XOtJ);1 ;. mucvisa. que: l'áInc: ob:!erv;l(ÕCI ~ pormenor ttp:Ilh2dn ...--1CX1O ~ livro. antJlt'-S(' pGI' ~rb. IÜ nQ (nUÓito de!b cn~ mm que o ~I§,u. quermdo.kT :agpd.ivd. me lIIOUrgun.kl :I rida; pcM' posteriormente porClUll'Of tomais ~-mc.- iA. bLu, cmOOn cv.wc:nddo -incpomIno~>1aww rabo> ;" _ "" _ d t Icl '" QÇSo e cb lndll!IutI, que corri;am I'IQI, tt'K'kJ& Int~do!I e II t t em .scrvlC"O"oRctuS.


u.u., dt ' 'Il10. _ de famo",", PortugUi'SQ,

VeI. /, Prefácio

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OUtrem, sem buscar publiddade, sem haver nunca tentado conqujstar :1$ graças da mull'idfto, n:1o digo que seja grande virtude; nelas h;i um i~lCio. ~ nAo de humildade, ao menos de recolhimento, em rejeitar a Yanante, assaz. divulgada, do pensamento a rtesiano: S(1(1>lIo, ergo sum.

Mas como sei que muitos portugueses [ornam por errnda a orien-

ta~o daqueles diplomas sem deixarem esboçawl OUIr.1 melhor, decidi-

me a explicar aos que quiserem esclarecer-se as r'JZõcs fasicas do meu Pm.samento; das morais faz este prefácio suficiente expOSi~o,

No meio de uma Europa que, sob o impulso das angústias, da

miséria ou das pressões sociais da guerrJ. cuida e cuidará com i~tensldade crescente em organizar e desenvolver todas as fontes de nqueza para melhorar em proporções nunca sonhadas o nível de vida dos seus lra~lhadores, penso que ponugal 0:10 pode pcnnitiH;c o luxo de clisse ~ve andar ou nar par3do. porque esse tema perdeu opartU"!~, é P hoje velharia caducai nem lhe ê legítimo pensar que existem

:tir

varinhas núgicas OU invioláve,is defesas morais fora da soluç.1o inflexí· Vel de afastar pieguices ou academismos e camjnh... r resolutamente com o tempo. Toda a reacção anaa6nica é insubsistente. Isto n:lo ê desa· do ~do mas previdência; pensar no futuro não é desrespeitar nossos monos mas antes consolidar a obr.. que nos legaram. nu.!m 1939 já estávamos atrasados; a guerra vai marcar uma desconti· na marcha do mundo - independentemente de cada um, no \Uft da ramitia, lhe chamar progresso ou regresso. Se não dermos ma' ~to em freme aIastamo-nos a perder de vista; aJimú-lo ê dever ~ Orte que o comedimento de continuar em isolado silêncio, aos OS que esciverem de acordo comigo servirá o livro de conforto; fiéis 1~ ~ converterem servirá de liç.1o; para os que se mantiverem valai ideia flS~tica de que :1 sabedoria estã em não fazer, o livro

:or

rema!

etTo. como um documento assinado em que o opositor confessa o por ~heço que vou perder um grau de liberdade; o mundo tem ver:~ q~e o que se escreve é como um sinete llC QUrle/~r, basta o aQ requer.cta com que Q crítica compara textos de épocas diStantes , tOda ~ que .se rebuscam 35 mais simples variantes de duas edições: Cienc~ diferença é fraqueza . Tinha raz:lo o professor americano de ~~s ECO?6micas que pergunrado sobre O motivo por que n;to OJ>iniões,um hvro respondeu não querer perder o direito de mudar de

Por ...,_

nlo tul .. _ .... ~~to Soem repugn!lnci2 vir a ter outros Ideias porque o ~ ~ltmo em (ace da lição dos faCtos: hoje tenho esta... , por· ceS$e q fi ~I fT'Ie conduz a elas c alnd;, n:lo ouvi critiC"J que me pareque o

exc~: IClenle,mcmc scnSat2 para ser atcndid ~l . Sem apriorismos ;Ui2.0 ~ ::~ OS juiZOS, quando JU$tos c não apaixo nados ou v3zios - se

e caraa ZIO ~o COmpatíveis - fonn:Hn.se da jUMaposlço10 de rélaÇ<)cs eres COmo a luz branC'J se obcém pela combinuç. o conveniente


j.,v._mDfas}r.

das rndiaçõe5 do espectro. Mudtm esras r3diaçôes ou a sua imensidade e logo a resultante se alter.l: falam os ~conlecimenlOS e logo a f3Zl10 hum:uu, quando é jU5U, se 3dapt~ a eles. Oi7.ia Bismarck que SÓ n:1o muda de ideias quem nuna as levei mas neS(e panícular as opiniõeS de quem se habituou. como ele, :l elasticidade de manejar dezenas de

anos a diploOláci3 europel3 não me p'lrecem de grande :lUloridade. Posso estar 3 defender erros, porque emir é próprio do homem. A luz

que se obtém <b sobreposiçlo de djferent<'S <-ores resulta sempre COfl1 justeza das radiações componcntb, porque o mundo tisico nUnL'3 se enganaj mas o concei[O que.se forma de um conjunto de faaos e 31il.ude5 nem .sempre ê nítido e nem sempre ê exacto, porque o mundo psiquico• fluluame e impreciso. rt10 comporta O 30oomento e as sujeições dos iw trumenlOS de preci"iào. Já o rei D. Duanc perguntava há meio milénio l1:

Mas qllem b; a Iam acaoodo que lodo peifé.1/ameme diga i!fa~ Ouuo ponlO m~ fez pensar no inconveniente de escrever este livro e. sobretudo, de cbr ii estampa eSte prefácio em que ponho Ioda :1 ver~ dade e tocb a boo. fé: O servir de entretenhnenlO a critiCOS opiniQ.$OS.

:dguns vazios como bug,gang.1 de rei ...I , ou .. purilanos zelosos :1 fareja· rem peC"J.do de heterodo~ia política. O mundo acredita menos n2$ linhas que lê do que nas entrelinhaS que solicharneOlt" lhe apontam e explicam; parece que M um certO pr.17.er em senlír a superioridade. do raciocínio indutivo que eX:lrai dO pormenor que se mo$r.l J ideia base que se presume oculta. :lo me assusta o comentário que, se for malediceOlc morrerá por 51 , se rol erróneo tn:l15.-lo-:1o os factos. se for justo me d;Jr:\ a alegria de o lei provOC3do; só me é desagra~vel que: venhanl ti If3nsferir--se aS qu~ tOes (YJf3 um campo em que obstinadamente me recuso a entrar. ESU" m.:uei. contudo, que a critica, se alguém:. fizer, sej3 séria: e eha critica séri:l i\queb (Iue 300rda questões concretas, que lhes tQC:a fundo. que as anaJls3 nos seus alicerces, que M! abona com documen~

ç.to irrefr.agável. Com o ouvir dogmatismos presunçosos e disc~

superficiais de pala\'r.IS tá Deus me castigou o bastante. Os críticos são, por vezes, ímprudenles. No ,trdor do al3.que esQut" cem-se da defesa; vão mais longe do que devem peJo respeito q merece a probí<bde dos outros e moís longe do que podem pela queza du :armas que manejam, E se provocam a rl'pllca - e 3 répl~

rrr

ê sempre vi\"a mesmo nas pessoas IJ'3dlclonaJmcnle serenas queUc.3Jf1~ de que as palavras sdo dul':lS sem se OC\Jp.lrem de esclarecer se são ,i."':...A 1'3$ e de meditarem na culpa de quem :lS provocou. Devia re<'omeno:arl se 3 tooo os críticos, pára ajulz.:uel1l da 5Itu3Ç':lO desairosa ., q

podem ser redu tidos, 3 lelturn d~ certa:, respostas de Herculano alguns Cúmentldores ""'"Vídos dos seus tr.Ib,lh"" híst6r1cbo " .


lJIIbd dt Rumo. , _ dt Eamomia Rmuguesa. \'01. I. Pnfãcla

31

EnCOntro cm Bouasse esta ciuç-lo de José de Ma iSlre: O" ~I 'a rlan {all COntre fes opinioTlS tar" qu '011 " 'ti pas allaqué Ics pcrsomll!$. Se dLa r.lSe de sabor maquiaveliano não encerra uma verdade, às vezes dlega :ii parecer que 'im: (! daí lalvez a canseir.l 3. que o homem se entrega para ler o que se: n:io escreve. Espero confiadamente a imunidade ao menos pardal.

8. Medil4ç6es de 11m subsecretário _ Os qu::uro :I.nOS que passei no Minlst{'1iO da Economia consagrei-os integralmente _ salvo imer·

~nçOes esporádicas em questões de preços, ~b3s1ecimenlos ou cornér-

:est

externo - 3 prepar.tr estudos e pessoas para pôr em marcha as ões de indústria e electriclebdc, sempre Ião abandonadas, aspirn-

q o ~e~ha em mim e Gnica que me levou .. aceitar O cargo ingr.uo pára ~I~~:. corWidado, como j:1: levara a aceitar os anteriores - que n:1o

c As, ~das do Terreiro do l)aÇQ puseram-me um problema grave de \I'~. Pensei que se n:lo deviam subir de cabeça vazia, na conbem o de que se cumpre o dever que se assumiu perante a Nação de de olhar por ela, com o f37.er do trivial Ou com cen:o furor refonnista qUe~udar o nome âo5 coisas - sobretudo num país como o nosso em Um questões de base a exigir amparo e em que cacL1 u~a delas ê ta~OCeano de problemas: a politiC'J, a economia, a obra socia l, a edu· urna ~i N20 e&30l05 na posição de um3 Sufça, de urna Holanda, de p ~fl'3.

SUbi eJ\se. que podia dar uma colabora~o modesta mas efectiva - e das. F. foi com ardor que me lancei a escrever o pro;ecto d3 que o ç.\o i"~u.5lri31, sem o dizer a ninguém, e foi com entusiasmo P<l3&e apresentei ames de terem pass:!do dois meses sobre o di:. da N~ O da electricidade e~ava escrito hã muito. OU dl~ arrasar os papéis de cada dia , que se ligam sempre a inleresses longe ~O$ de I~rceiro, ê condiç.1o nccess~ri... pam cumprir; Olas est"j nec~rioSCr sufi~ienlc para bem cumprir. Penso de mim que fiz o SUfICiente' que fUI mesmo um pouco adiante, mas que não cheguei aO ~ trori$mo- pOrque o suficiente, em quatro anos. n3.o se content3 <.'Om Infe1itrnen. de umas bases. exige :tlguma coisa de m.ais concretO que p te lhe não pude mostrar.

reor:n:-a

cOm ~iViV~ apagado. Sei, com igual ceneza , que me componei Illt:nte ,3 nla~J(lue nào atingi a ~ntidade: ncm CSl3 pode , legitimaal8U~e~t81r.se aos homens. Não fiz tudo quanto quis e fiz mesmo quaUtaliva:as que ~o quis; creio que istO :1(.'OntceC' :\ tQ(b a geme.

Para ta3Q

"te; :a questlo de quantidade é que ser:1 diferente de caso

tOrna~k' dm:s como estes .s!Io mullo v!lriados e dispel'$OS II medida Tive, n31U~lrne a SUa IntelinA

'. me, cOlaoorndores; 31guns puseram ao meu scl'Viço

o"flCia que ê dom humano; OUt~, 013 b rar05, dcdicarJm·


J.N. Fme/ra Dlasfr·

J2

me uma propriedade que rUo é específica do homem: a inércia. NãO M nisto novidade; o mundo foi sempre: assim. Quando se esboça uma

ideia nova que afecte, por pouco que seja, hábitOS j:t velhos, trilhos muilO batidos, a reacção gerJ-se sempre nos indivíduos menos capôlzes de compreender. Está. cheia destes antagonismos :1 própria história do pensamento dentifico. que seríamos levados 3. supor isenta de lal f1'3queza. Se assim é em t30 ahos dominios. como poderia ser de out:r:l maneir3 em campo de tão fraa sdecção? Jã alguêm observou com jus-

leza tf: Me parece ridículo que mI I",rouador; por modesto que sea, como tal. se queje de no ser entendido. Desejaria poder pôr aqui o nome dos que fonnaram aquele pri-

meiro grupo - industriais. técnicos, funcionlrios - como preito de g""Id:lo pelo en.uslasmo. pela conr.. nça. pela dedicaç.1o Ou pelo conselho com que me ajudaram; mas a lista é numerosa e receio cometer a injustiça de esquecer algum. Condens<H)S no nome dacluele que esl.eve mais pen.o de mim porque foi meu secretário: o Eng. Jooo Maria BarretO Ferre;'" do Amaral. Mas guardo de .odos Um2 recordaç.1o comovida. Segui o caminho de estimular e de colaborar com todas as iniciativas de vulto, que sempre antepus ;l comodidade ronnaHSla do despa4 cho lavrado ex' Clllbedm. Pode-se. com o assinar um ~pe.1. mandar razer um edifício, uma ~rada ou uma ponte; IY.lSt3 que o objecto se;. possível e haja dinheiro no orçamento. Mas ":lo se pode mandar r~zd assim uma fábrica; se achamos que ela é útil e qUelemos que se .orne realidade. há que congregar muit'3S boas vonmdes. que estabelecer lodll Um2 série de COnlaCl,QS, que desrazer lodo um conjunto de dificuldad6 H5 que tomar atitudes que causam o espanto de certas bu.rocrodJ! enquistadas, atidas ao jeito de exíbir despachos com o ar empertipdct da sentinela que apresentl armas. Jã como presiden•• da Jum. de Electrir.C1l~o Nadon.1 .emei oU'"' por dma dos regulamentos e cheguei a escrever »; ... esse ""forço. exerddo a /afere das funçOes pura""",," regulamentares, quase comO aCluaç:1o pessoal dCSl3 JunD e dos engenheiros seus colaboradores, só mostra o pro~

Incero de afinnar. no que de si depende, a obediénci3

rr.tSe de ressurgimento...

A simples ~o do que se pede, como única linguagem dt! qutC' manda. resolve, nus r3r:lmente cria. A sentença é sempre o fiJ1l dfl qualquer coi.s;a e nunal o princípio.

E nós precisamos. dentro dos espaços que aqui interessam. ", COf1leÇ:Ir :a agir por mUÍl06 l:ld06 simuhaneamenlc, não pcE;dendo fctIJ#


LIIIbo ti. Rumo. NoI<IS de E=.om/a /'t)rtI'Il""'" VoI. I, Prrftlcio

33

lempo do que o muito que jã perdemos, Em vez de olharmos um JlOnIO fuco. minúcia ou conjumo, e nos deixarmos narcisar na contemplaQlo da obra , devemos muhiplicar OS esforços. embora com a certC1.a

~6ica de que nem todos serno feIi7.e5. Cada inidaliva que "i'lo vingue seroi Um prejuizo e uma beliscadura no amor próprio, preço falai do q~e se conseguiu lanç;arõ porque O empreendimento industrial - e 01SSO se diStingue da obra pública - é um ser vivo cuja vida implica Um risco - • probabilidade do perigo. Programa industrial sem risco "110 conheço; n:lo vejo forma de afasrã-lo que fÜO seja a de desistir ou tentar a medo umas soluções ~Uinhas - falhas de acÇ<1o como mezinha caseir"d.; mas fugir ao

~go é acção sempre feia, que as necessicbdes de Portugal tomam ochosa no caso em discussão. IiL!~-se dito muita vez que não há verdadeira liberdade politica sem ~de económica. A guerra em que se consumiram os úllimos anos v~~ dar maior actualidade a este principio; nós sofremos restrições e SU~lÇões que um programa Industrial e de elearificaç:lo feito uns anos maIS ~ nos teria poupado em parte. Não é. por exemplo. sujeição ~ tem\OS que declarar a uma potência estrangeira que conSideramos vital p2r:l a nossa L"COnomiõl o importar umas lonelad'ls de arame de cobre, SÓ porque sete milhões de ponugueses não s:Io capade transf?mlar em 00 os lingotes o btidos no tratamento das nossas ale:nlqanas? Eu acho que sim. llterá sempre agrad.1vel ouvir as apreciações que os meios estrangeiros, que rios ou .. fms. fuzem :l vida portuguesa n3 parte que os ínlereSS3 ou aI compreendem; por longa 'r..dlç;lo é-lhes d.1da publicidade, embora vezes fÜo lenham outro fundo além da (.:o rtesia. Mas OS meios OS i pl'Qduçã? industrial nilo têm por nós a mesma admiraç:\o ncm d.m~~omenlâ.nos gozam da divulgaç~o dos primeiros; só os ouve, os ro quatro paredes, O subsccrctário que queira inSlruir-se c que ,,:oque para complememo d1 sua inslruç-do. Deus sabe quantas para o fiZ. e quantas VII!Zes forcei as respostas, antccip:mdo-me :'l elas, N~êrK;er.o retraimento de um juízo dCSF.Jló'or1lvcl. inde o crelo. q~ OS portugueses avancem muilO n;1 conqui.st:\ da sua lison~ndêncl:l ecOn6miC'.J sem perderem o hábifO de acolherem a pU~ tapar\.-m os ouvidos às verdades ~lmarg:l.S. 5:\0 péssimos di.sci~ velho Mestre dos Mornlist:ls. que ensina ....a ~IOS ate nienses: -te a li prOprio.

=tr

li::

:o

As med·.. óeo ~I ç deme prefácio eSlcndem-se por um quarto de sl:culo OSp\rj'o por vOh. de 1920 nos velho,' b;uracóes do Conde llar:1o. O actuar ~ue .se formou oom elas nflo podia ser dlferenlc do que ê ncm Qu OUuu nuneir-... Para o explicar as escrevi. ~as qualro actlvidades económicas :l que 31r:1S me refiro - elec-

, indÚSlria. caminhos de ferro,

m~lrinh3

mercame -

encontrem


J. N. Fmeira DlMjr. o carinho de que precisam ~ O

VOlO desse espírito que nem por .ser de formação t:lo positi\'2 tem menos amor do que qualquer OUlro à terra em que nasceu. C3c.b um ama 3 seu modo. E lennino a lembrof a exortação de camOes, que não perdeu ..

Oponunidade ('):

Fazei, senhor. que nunca os admirados Ak~es,

Galos, haJos c Ingleses

Possam dizer que ~o para mancbdos, Mais que para mandar, os Portugueses. Tomai conselho só de experimentados, Que Viram largos anos, largos meses; Que posto que t.m cienle5 multo cabe Mais em panicular o experto sabe. Novembro de 1944.


CAJ'111JLO I POR11JGAL NA EUROPA I - 1NI1l0DUÇÃO

o ler e ouvir as numerosas criticas que :l electrificaç-Jo e , sobretudo,

~reorganização industrial levantaram no P:lís (no Parlamento e na

Ç6esPl't"nsa) nia Clusaram a m:lis pequena brecha nas minhas convie-

,são bastante sólidas para não ruírem ao sopro de palavras. As

i

;

a

va de que se aproveitasse algum fragmento. Todas me pareceram

~~ ravoráveis deixaram·me ver, com salisfaç.lo, que alguns olhe; na IUSla medid3. a posição que lemos no mundo; 3S contrárias, lrUti -as cuidadosamente por todOS OS lados e n:lo achei matériJ cons-

~aixo!,adas, deformadas por velhos preconceitos ou por noções ~~s do problema versado - em resumo, todas afastadas. em

p ~Ior ou menor mas sempre sensivel, do campo das realidades. este primeiro capítu lo. a que cllamei Portugal na Europa,

dtst. or lSSO,

micalna-se a definir, o mais objectivamente possível, a posição econ6t do do nosso País em comparaç'.lo com os restantes povos da Europa j <lUe resuhado desta comparaç1o nascem, dominadora e justa, a ideia

~.de\remO$ formar do que

nu~boa

bastaria

Torn~

pObf\ '

valemos e de como precisamos orienrar-

razão, poderia parecer desnecessâria a delllonslraç!lo

a que este capitulo se deslil13. por ser legítimo supor que ver para creri mas os portugueses, mai.s incrédulos que S~O nem por trazerem OS olhos cons tanlCmcnle pousados na

~la da sua vida , se convencem de que eStilo abaixo da linha pa~b; e ao in~'ês, animam·se uns 30S outros com tão nuvia-Pa~ o ~ como se a ,lha rabulosa das SereIas, que deveria existir I~

las

Iterrân.co ~ boca do estreito que passa entre eUa e Caril>lU esse aquI a doiS passos, :l vista do semâforo de Oitavos. 0S0 se~t~ ~ Um velho lug-.lf comum , com foros de muito f.,'Onceitu~ndo o q~1 n:1o é de aceitar O comenlário do que ê nosso pan lenno de compara\'ào o que se p3S.~'1 no eSlrangeiroi a

des, est.iv


J. N. _ , . DIas". coisa, aos olhos de alguns, aparece como sub$ervlênda de provinciano embasbacado. Vou incorrer nesta falta mas faço-o conscientemente. por isso mesmo, mais duro devecl ser o justo castigo que me couber. Medir ~ sempre comp3ra~ a Metrologia não conhece o absoluto; e cu 0:10 sei como se há..<Je ajuizar se em ponug:d se vive bem OU mal, se não fizer a comparaçâo com um lenno conhecido. Recuso-me a aceitar :I aJirJ1llç:lo dognútiC'. de que o nosso Pais I: próspero e o nosso povo I! feliZ - só porque uns :acham cómodo que se diga OU Outros pensam que re2llmeme o são.

Julgo que os ponugueses se não semiriam honr.lOOs se os comparasse com os povos da Ási!l ou da Áfria, embora medidos por ~ JXld~o

o resultado n:ao fosse favorável j filo vejo

QUlr.1

maneira segur2

de identificar:1 nossa posiçlo que não seja eSl:3belecer 3 relatividade de cenas índices com os Outros palses da Europa. E se alguns ainda aleg;Jrem que nem

textos os números são perfeilamente comparnveis

~

esa ou aquela razão (e veremos que sào numerosas) rcsponder·Lhes~ que os erros assim cometidos não afectarão. em regra . a ordem de grandeza dos resultados, única noção a reler; mas, se afeaarem. aqui ou além, con(essar-Ihes-ei que nfto me p'.lrt."Ceu fácil nem imptescincUvel maior rigor, porque só nos interes5ári 3 média geral, onde 05 de$" vios se diluem e compensam. Da lista de. (Xlises europeus exclui por não lerem interesse e5t21ittico para :1 comparaçlo em vista: a) as pequenas repúblicas, principados ou col6nías como AndOf'12o

Ueducnmein, Mónaco, Maha, etc. , que consdnlem casos singulares; b) :1 Rússla e a Turquia, que abrangem exfensas zonas asiâtioS j .. c) • Islândia, que é quase desabltad. (1.1 habitantes por km' ) e ,.,. actividade muito prec:\ria, ~ida nos gelos do círculo polar. Restam 26 poises - número suficientemente gronde pal'3 dentro ~ enco"'numos larguíssima escala de si,uaÇÔC5. O Luxemburgo .pa~ sempre ligado 3 Ilélgjca, vislo que nas CliI.ÚSlicas do comér<:io intem2ciO' n:lI OS dois figuram em conjunto JX>r constiluirem unu uni.-lo econ6cfliC" Para que 3.5 comparações a razer Lenham algum sentido, n~ mos reportar-nos a UrD.'\ época de relativa esrobilld~dc de fronlcifSI' Depois que começou a guem actual não se sabe ao ceno onde ~ çam e 3o.Mm os paises, onde se passa de territ6rio ocup3dO pd neccssicbde millL"1.r para territ6rio conquistado dcnnhivamente - ~ menos na Intenção dos conquistadores. Os Anuários EslalístlcOS II Sociedade ,lar Naç6es depois de 1938 são. a es,e respeito, de urna cdT fusão deslninudora: SÓ é de estrJ.nhar que ::lincla seja possível 3P~ lar esraúsocas depois de tanto re13lhar e mnto anCX!lr que ii AletTU",: ILâha e RÚ5Sia praticaram na cas;a dos vlz.inhos m;.is próximos. ~..... locb a ínquk!taçâo te\isionisla que a começar naquele 20.0 C"dr:J(1C(IP'"" O lestC' da Europa , na corda none.sul que v:Ji (ti Ulu~nia :l But~


37

COm J)efTnclocmes rectificações de fronteira (territórios de Vilna, Silésia de Tescben, Eslováquia, Dobrudja, Transilviinia. etc) que representar3m al~mas vezes mudanças muito imponante.s, avaliadas pelas dezenas de ltUliures de quilómetros quadrados. Ve;o..rne obrigado, por isso. a recorrer aos números do período 1936-38. dos quais se poderá dizer com r.t7.ãO que já 0::10 $io realid1de nem tomarão a sê-Ia. Mas é forçoso aceitã-Ios como a base mais razoável de comparação _ eliminada, por pouco sensa ta, a ideia de esperou que a Europa se recomponha das loucuras presentes; demais. o ob;ectivo em visla. que não é de essênda geográfiC-d m;-ts económica. não SOfrer.l com a desactualização. é A regra geral de referir os números à média do trié nio 1936-38 não l"espettada nos casos segui ntes: a) nos números relativos à Alemanha . Áustria e Checoslovãquia.

~!IÓ '1J:angem os dois anos de 1936-37. porque sendo de 38 • ane~o da Austria e do territ6rio dos Sudetas, deixou de haver cantiou!de nos elementos estatísticos daque les países a começar neste anO j 19 b) nos números relativos ;l Espanha. que $.1.0 referidos ao triénio 33-35, por serem desconhecidos ou

anoml~\ls

os que respeitam aos

anos seguintes: ~ nos números em que expressameme se mencione Outra êpoca. C da OS quadros comparativos de que vou servir-me calbJlarei para

~

,pais lIm nOmero-indice por habitante. atribuindo O va lor 100

~ e que OCUpar o nlclhor lugar, estabelecendo os reSlantes propord~ ~ mente e arredondando :ls unidades _ sa lvo nos va lo res mais pa~ em que aproximárei atê:ls dl..amasl. Quando dois ou mais

o

Sli apre~tam o mesmo 'ndice dassif'ic;o.os por o rdem alfabêtic-.I.

lOdíces UlUizados, referentes às matérias segu.intes: b))~ ta'públicas Moeda em circulaç'lo

~ Oepo"llos banclrios ) Comércto eXlemo

Ó~ de electricidade OVttneTllO rerroviário ~ ~~Ia~o aUlom6vel

N

linha mercante

dos ':'~1ex10 se

irá explicando por qlle se n~o estendeu a comp.1raçdO nlo paI:$e$ a maior .número de índices; :llguns, que se poderiam obter, Vant, ~~m de Inl.ere.sse económico directo; OUl fQS, que se deseja-

~~. possível

obIt'-los, pelo menos em relação aos 26 paises

I .. ~

basto rOfllm

~

. (or,un rclu...' Com rqw de dkulo: os \l'3I01'es est:lllstk'f.tS IOflllOOs por nso1!4fO, qUôlk todos a~d06, OJ numt:!JQ5 com mull05 alg;lrismos

PDf

Pdo l'Onlririo,

Contribuc:rn par.l

t (lfl\:l t

m:tb clara n noçio da IIOl 8,..11'1(\('7;1. -

anl~


38

J. N. Fmf!/rafM<Jr.

Nos números 2 e 3 deste capítulo (relativos, respectivamente,

30

território e:l popul3ção) incluem-se alguns qU!ldros que ":lO respeit::un directameme aos indices compar.Hivos mas fornecem bases 1':1111 O seu cálCl!lo e elementos úteis de confronto e de e5tudo: áreas, populações, densidades. taxas de mortalidade, etc. F...ste capitulo parecem, porventul'3, (astidioso com su" insist~ncia de

provas numéricas: mas aqueles que tiverem incem desejo de esruebr hão-de reconhecer que só assün se pode fomlar opinião que " !iO seja leviana; as fanfarronadas ca5lelhanas - ti que sem f:Jvor podemos cha mar ibéricas - não têm aqui cabimento. Nilo dcLxará de ser ioslnniva esla leitura, mesmo que se n:io alente nos números muÍlo demor:ld;1mente; maS atê: os que lerem por alro reconhecemo o tmbalho monó4

tono que aqui se reuniu. a recolher dados e a fazer contas, para apresent2r valores que a gener.llidade dos ponugueses nunC'J viu e dos quais a quase totaUdade n:lo tem mesmo noção - a ajuizar pelo que se lê e ouve.

2 - O TBUUTóRJO

o rerritório melrOpOlit3oo ponuguês (e só desse me ocuparei) fonna um rectângulo alongado na direcçã,Q none~5ul , no canto sudoeste da Península lbéric:l: Limirant-no sensivelmente o paralelo 370 N que paS)'3 em Sagres e o paralelo 42" N que o cona uns 3km ao sul da Valença. O seu ponto rentr.ll, tomado parl origem das nossas coorden;ldas. de latitude 39" 40· N e longj,ude 1° E do Cas,elo de S. Jorge CUsboa) ou se' 7' 54",9 W de Greenwich, fica próximo da pirâmide geodésiC3 da MelriÇ3 (concelho de Vila de Rei, distrito de Ca.'ilelo Branco) . .~ dimensões médias do rectângulo silo. em números redondos, 550:<160 km; o 1Tt3ior comprimento é de 561 km medido no meridiano 0°4' W da /.ielnça ( • Greg6rio, na froOlelra de Melgaço, a Albufeira) e a l1l3iOr largura de 218 km medieb no parnlelo 41 035' N (Parade.la , n!l cnlTada do Douro l",omadon,l. ~ foz do Rio Neiva). t desculp:lvel que se julgue b'lO,IIdade começar pela referenda .0 rectângulo e ii Península, coisas que se presume todos os porrugueses sabem ou devem saber de olhos fechados: m:l.s atrevl·me .. f:1zê·lo sus.peitoso de que possa vir a ser útil, depois que 0;1.5 escol:1s prinúrbs se proíbiu que 2$ c:::u1as geogr:1flCàS estejam pennanememênte penduracb5 nas paredes d3 sala de ~ula Só se mOSlr.lm nos dias e horas que o horirio rTQrca par:a O estudo d:l Corogr.tr~ ; e com 1;10 SUl'lÚrt;.s olh:J.ddas, nJo sei ~ OS ponugueses que rulo seguirem altos estudos chcg3I"'Jo a ler COn.sciêncb d:t fQml3 como 3 sua terra se deSénh~ na crosta do GlobO· Aqui em C'olS3, dianre da mesa em que cscrcvo. lenho pendumtb. dê5de que me conheço, uma tartá hipsomélric;1 de Portugalj e :lquek bocado de papel enverntzado. onde se dCsenh3 uma mancha aca51;lnhada cujos recorre5 ólrompJnho com ~ visw milhares de vezes. u:m


39 pa..ta mim o valor de um simbolo, O valor de um relrmo que nos n~o é indifereme. Quando saímos da dclacle que nos domina e consome, n~ esque~emos das intrigas da vida e olhamos o mundo a perder de vis!... , a Imagem do mapa que se gravou em nós deixa-nos ver para além do ~O~zon,e~ e a consciênda que então temos da ooss.. posição e dos hnuces daquilo que nos penence - aos ponugueses. porque pessoalmente oà,o me pene.nce nada - lrlZ.-nos um sentimento de amor à

terra. pejo menos 1:10 alto e nobre como o daqueles que vivem de amanha-I. ou possui-la. h ,Os ponugueses de amanh:l vão mh'cz conhecer menos que os de O)é o comomo dos dominlos onde se estende o poder e :1 vida dos que falam a mesma língua; lcr menos ideia dos :;eu:); acidentes e valores; m as alguOl3 razão, que não conheço. leva :1 ocultar aos olhos dos ra~zes e das raparigas do meu P:lis o mapa da sua P~lri3 - que 13m ter sempre. na relin~1 como paradigma vivo c sensivel da uni· I' d~ nacional , como projecção da extrema do nosso c:ampo, daque.la inhá de fronteirn que fisiC"dmenle nos u.ne ao resto do mundo e polit i~ am~rue nos separa dele. MlS iStO é seara de pedagogos. de E (requente encomrnrem-~ números direrentcs a exprimirem a área q Ponugalõ pondo de parte OS erros de medida, a dlrerença provém uase sempre de se inclu/rem ou n:lo os estuários do TejO e do ado, ~ COm Os scu,:, 376 km~ jf& pesam no (Ol'3t; outras vez.es ti diferenç:l das lta de se tomarem as ilhas 3dj:lccntes. :administr.nivamcme incluino ~ernt~rio metropoliuno. lrosAssim diSCriminada, :I :irea de ponugal , arredondad:1 nos quí l6meStJ quadrados, consta do Quadro I; no mapa da Europa, essa !\rea l! ~r à de 10 pat~s e inrt::rior :\ de IS , como mOSIf""J o Quadro II.

:V

mm

pejo extremo ocidente os problemas de fronteiras 530 oostante do que no centro e leste eu ropeu, Olas também existem e 11

t'Qm OS graves

~o ~:3. dip,lOmática seo:nidade; ~s preocup3çõc~ ponuguesas -

rront -

POUcas -

não Se Junta , feh7.mente, a de saber se OS nlarcos da

OUveetr:a de~em ser postos aqui ou 1U!lls olc:n'1 - ressalvado o caso de que:a· IriSlt:mcnte nascido em 180 1, e que parece ser. no estado em

tal COmo enmntra. umn injustiça Que o lt'mpo vai cobrindo. pelo menos Ma 3. COl.oça se vê do lado de cl do Guadí:IOJ'. P<>pul s a quest;lo l: olhad~. com ce-n3 indiferença pe.la maioria <1:1 noss=!enta a~o, P3.~dos 14-' anos sobre o tr:.llado de B:l(bjoz. e n:lo apre· q~ ~nem de longe. o nspe<'10 de relvlndiC<l~o n3cional - n~o há , que o d~ste, minorias ()pnmíd~IS a implomr salv~lçõo. é pa rece mesmo de I84H~lIo de Purtugal deiXOU de SCr Invocado pot via ondal ~I JY.l nlr


j. N. Fenri,. /Ji4sjr.

40

QUADRO I

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EsuW1odortoS>do

III

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PORTUGAL CONl1NliNTAL

Anju,,,,,,.,..,. Aço<..

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Afttulptbao da !>bddn

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AREATOTAL

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deO<dem

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~ ·íunero. do InsulUlO <icogr1I')('O CadotMr.II «()!I: cbs IIhl,: do Itínda P«~ E:l&tsnámm.llninCOinddnn ~conl o:s q'lCn8ulVmnot A"lulrlar" d#

nem nos 1h'fOl &~. o cb um .~Q Q:Ii ~us. certamC!nle por trn::"" resuhõJdOq+ mcdidts düocnles ('011\ OII IIX'\'Íd\ tU etn:If. P;I!'rC'e tlue dt-Yerbn' dc:f1nir.JC as tfn'RI dllil ll ftDptqpr un,(onncmrntc' cm IOde» Ql~.


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41

O lr.tlado de limites entre Portugal e Espanha. de 29 de 1864. com seus dois anexos de 4 de Novembro de 1866.

Caia a&>enas a pane da fronleira da roz do rio Minho ;\ connuência do feila COm o GU2dbna, em frenle de Elvas; é fi. demarcaç:lo geomêuica,

em

I': Dezembro lermos do anigo 2-4° daquele tralado e cuja aaa foi lSSiOilW ~ 1906, diz respeito exclusivamente aquele ,troço

de raia.

Princ' ..nela ficoo asstnalada a posil"lo de 807 marcos. dos quaIs 80 1 e 6 duplicado.. niu a f mult~ mais tarde, pelo co~vênio de 29 de Julho de 1926: se defi·

st""

frena

dern:

:uelfa desde a confluência do riO Cuncos com o GuadIa na (em Monsaru) até il foz desle rio; mas a dem3rC3~o correspon·

~se chegou 3 fazer-se. não foi ainda public••da .

do C

assim por definir a zona da fromcim entre a fol. do Gal3 e :l

entreunc~

os

~ regi~o

OIS

fOl

connname com Olivença; a frontciro de facto. 0:\0 há

pontos, tem sido o curso do Guadiana, mas


J. N. _ , . fMsJr.

42

acordo escrito sobre esse limite. O direito a OlivenÇõI continua de pé; de J214 km de fronleira terre5tre há cerca de 60 km sujeitos a revisão,

Nas canas antigas a margem esqueroo deste troço do Guadiana ligura como lerr.:1 ponugues3 i e atê: numa cart'l ~panhola do fim do . século XVII(. que conheço mais de pet10J podem ainda vér·se OlivenÇl e seu tenno a poente da rronlelra , abrangendo a ãrea de 300 km1aproximacbmente 6 • ão inlefCSS3 analisar o m()(ivo porque se estabilizou no ta.manho actual a área do nosso Paú ou porque 0:10 teria ficldo rnarcadalllenle maior Ou menor; nem é talvez tarefl muito f:Seil fazcr sobre este tcl1l!l

renexôe:s acerudas. Cr~em

:tlguns que Portugal forma uma unidade geomorfoI6gi~.

que tem urna personalidade geogrMica que o distingue do resto c:b Península 1, o que corresponde a dar à fronteira , se não como linha aO menos como faixa de contornos esbatidos, o carácter de uma separnç40 natuml que os homens não puderam 3lterar; mas 3qudes que n:10 vivem Cl3 intimidade destes problenus têm certa dificuld3de em co01"' preender que entre o Minho e a Galiza, entre Tr1s-os-Montes e Wo oU entre o Alentejo e a Esucnudura espanhola se pos.'3 ttaç:ar uma divisÓ" ria que não seja convencional. Muito se distinguem entre si as actuaiS provindas ponuguesas e d. vamos vivendo todos em bom entendJmemoj e se às vezes nos desentendemos n:1o por culpa da m5 arruma"'

ç-Jo geogr.lrlC3, ma.> porque somos assom.dlços e lemos arreigado .,... Ideia de que '2 vida do P()\'o ou d3 P!itria melhoram ou pioram extrJot' dina.riameme só com o dizerem-se umas palavras-feitiços: monarquia. república , democracia, socialismo ... Paro a maioria, OS erros ou ex:;tge" ros dos homens n:lo .5:'10 defeilos destes mas das inSlilui("Ocs - ti vezes apenas dos nomes das Inslituições; um simples programa polítiCO que pode MO 5<'r, ~ em gerJl n:lo é. um primor de sentido corre<'" arr:asta os portu~ 305 últimos excessos. Pelo que me tOCl , continuo convencido, e até prova em conu-lriOr de que 05 homens valem majs do que os si5tem:I.~ ; mas n30 deixo reconhecer de que os sbtemas va lem 0l3is do que OS nomes que IhdI atribuem e que ~t3o longe <k constituir dcfinl~o. lio convencem razOes de Geogrnfi.. para explicar o tam:mho di Pon-ug-oll ; nlo sei se o expllcar:1o integralmcnlc r:lZõe5 elnogr.Hict'i penso que se Ocou pequeno roi só porque no lempo <b reconqu'

~.,.,..,.., ti. PtNtUlJiIl wmpn:l~!," JUS Prot;,1dnJ, ~I"'~ Protftldurilt$. Chlleqot. ~ 6(. por()r),. TQm41Lopt!!t. Gqrufo.IoI~~ ~, eMIIQ""" AcademkU d_1a HistrJrlIJ, lk $ A'mI"'úo M ~WfI/lS 1M Snillu . ' de '" $«fftJad &tkOtWMIn de kJI Amfg<w rkI P,dr propOedack dO Joloyrb, "lhmo cU c.c;..u ~ • MUpd

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...l Lbbao. 1900

Fr.ltlP~I'ottuIJIIIIIi'io'Ibrrlc.o.Uv Rodri~I.l!o/)(»,, 1 9.U.


!bJbo .. Rumo.

,VoIDs. Ealllomio Porrllg'lI!SIJ, 1'0/. J, CiIp. /

43

que yonl:tde

faltou fôlego aos portugueses p3.r.l o fazerem maior ~o lhes faltaria.

3 - A POPllUç,\O Data de 1527, no rein3do de D. João UI, a. primeira lent3liv;). de COntagem dos portugueses •. Dos registos dessa época, hoje incompletos ~ dispersos (alguns cadernos foram para ao Museu Britânico) obt~-se por estimativa a população de I 120000 almas no ponugal COntinental Deste trabalho esm(tstico se diz nos Anuários a que recorro que 101 excepção 1M Europa llo lem'po e co".slUtli legítimo líllllo (Ie g/riria e de Jm?ced1h'CIa para Poml8alllo ctlmpo da dewosrofla. Sérni-mc satisfeito quandQ li isto, não tanto pelo orgulho que seria

:rural, tomo por ter achado mais um argumento pat'J. me convencer que ~ não andamos hoje na vanguarda do mundo não será por fraqueza COngénita mas por desvio da eduC3~o ou do miolo - coisas Dlai$ [;Iceis de remediar.

bre,Mas o novo tírulo de glória t..1mbêm me trouxe preocupaç:io; lem-

l-me logo de outros títulos de glória de que temos feito mau uso, e

~u.~ Banolomeu Dias, que até mereceu estátua em Londres. na

dobraw. Arrica do Sul,

mesmo no coração de TrafalgJr Square. por ter do o Cabo das Tormentas, mas que tem o destino infeliz de exci-

lar

t~rtos3a tendência conl,emplativ3 - no que ê parceiro inocente de :I ~ hftÓis de V"lriato li Mouzinho; e 3t~S destas reflexões cheguei a • pensando em certa inclinação dos portugueses ;} qual aplíqU .

ha~' sem 3 ~eformar, uma

ponlinha de exagero. que ainda um dia se de Estatística como inútil banalidade, e dou;;;;~O$ t~r. orgu lhosos ~ nosso gesto. a recordar aOS vi~­ rneiro o acto glanoso de lermos fello n3 Europa do si-culo XVI o pnrecenseamento demognlnco. XVJ~.. de 1527, v~rios apurJmentos se fizeram nos séél,lo XVII , 1864 e XIX; mas o primelro censo ger.!! com bases sólidas foi o de o ce~~ue se seguiu O de 1878; de enta,Q pa.rn cá, 3 começar ém 1890.

nos~~_~~tinguir o Instituto

CQrn

e

·'-se todos os 10 anos (cana de lei de 25 de AgoslO de 1887),

a~~~~ de

1910 em que, cenamente pela agiL'lçâo polIlicn. se

O quadro ..:....,.

Junto c:u .

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tl1~do uos Alludrlos referidos. nooo d2 evolu~o demognlOC:l ponugucs.,

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44

QUAOROlll CRESCIMENTO DA POPUL\ÇÃO EM PORTlJGAL

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A densi<bde média <b popub~o. que em 186<1 era apell3$ de 45,1 habÍlan,es por quilómello quadrado (conjunlo do conlinenle e ilhaS), subiu em 1940IXU"3 84,2 com :l marcha Séguinle: QUAI>ROIV CltESCIMENTO DA OENSII>AOE OE POPULAÇÃO EM PORTUGAL Ano>

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45

A densidade de população das ilhas é sensivelmente dupla da do contineme; o crescimento daquela tem-se fcilo de forma irregular, mas sem reflexo sensivel no conjunto. No tOlal há, essencialmente, dois factos a registar: o frnquíssimo

trescimen.o médio nos 9 .nos do penodo 1912-20 e a subida consider.!vel desse crescimento nos dois 6ltimos decénios. O primeiro facto é cOI\5equência de diversos factores coincidentes: a excessiva saída de emigrames em 1912 e 1913 (respectivamen.e 88 920 e 633), os maio~ números desde 1886; o saldo fisiológico negativo de 1918 em que os ~os excederam os nados vivos em 70 29·1; o pequeno saldo flSiol68l<o de 13 3Q6 em 1919; a emigração .ambem anormal de 1920 (64 651);

n

• disco resulta que neste penodo os saldo líquidos de população foram heg:alivos nos 5 anos dtados. facto que não se repele em nenhum Qutro ano dentro do penodo que a ..... ística regista (desde 18/36). A maior laxa de crescimento nos dois últimos decénios resulta . para

o Ptimeiro, de maiores saldos nsioI6git"os; para o segundo da redução ~"o brusca da saida de gen.e de 1930 pa!ll di, pelas Iimilações poslas lI1ligração em alguns paises.

SécuA Pig. 1 mOStra clarameme como lem variado a população desde O

lo XVIII . De l864 :& 1940 a CUrva relativa ao continente, suposta a ~ geoml.~C3 (curva O. apresenta dois ramos muito. regulares,

7 91lirn~ COm o Crescimento mêdio de 13,14 por mí! c: o primeiro com uoidos por um pat;am.1r quase hori7.ootal, correspondente 30 perí· I 1912-20. Se: prolongannos para 3 esquerda 3 exponencial de base ~1 (curva 1). ela acompanha os números registados até ao melo do riores° passado mas af3M3·se sensivelmente para baixo em êpocas ante~ que sígnifica, :1 dar crédilo :10$ apuramentos de enfolo, que o ft$ de Oto se f:uia em ritmo maiS lenlo, A curva Que passa pelos vlIloII). 1732 e ~8S4 corresponde ao cresclmen.o de 4.02 por mil (cu r'" este ~e mU,no de: peno os valores obtidos entre est.1S duas dal3s; se a 5 m~ ~ It\'esse nuntido, 3 populaç:lo do conlinenle mal chegaria 1940. ~ra o conjunto do continente e ilhas, dada a JX.'"CJuena influências A • OS fenómenos paSS3m-Sé semelhantemente (curvas til e IV). OS ~ n:llalicbdc tem decrescido continuamente em qu:lSé todos 1928 . snuando-.sc no nosso entre os 30 e os 33 por mil de 1886 a lado : dc:crescer1do depois lentamente ate: 23.84 em 1942; por outro e:x~ de rnorulidade diminuiu mmbém man[endo-se, S!llvo rnr'.Is em 1942. ,entre 20 e 22 por mil de 1886 3 1924 e descendo Olé 16,09

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p-ouesetn

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0s6k'

Yariaçto """" dois unos (1943 e 44) mOSI~lIn melhoria demogriln<"3 p"13

oaIdoO flS~!.uas laXllS. respectlvamenle par,)

24.9 e 14,8, originando Cf\Ie ~~ apn:.'éiavelmenre superiores aos valores muito baixos 1940. Inl"". COmo repercuss30 da guerra 1941 OU 6,4 por mil; 81 000 e m 19-14 ou 10, 1 por mil).

(49 000 em • ~r-se desde


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46

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FIg. I - Crddmnuo eh popubç1o ~ Ponupl

Destes números parece poder prever-se que o aumento médio dt 13 por mil dos dois últimos decénios não se manterá no decênio decor" de esperar que 3 média final se n:lo afaste muito de 10 por mil· A desigual distribuiç:lo de goole portuguesa pelo le nril6 rio cooônen" raJ tem sido motivo de largas reflexões de políticos e economist::as; e o censo de 1940 mostr.l que o fenómeno nAo tem tendência para melhOrar, registando os números seguintes: ~Ie; é

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DEN IDADE DA POPllUÇÀO EM POR1lJGAL Núm<n> drOldrm

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:18.1 26~

Os sele distrilOS Iilora i5 de Lisboa P'I".{ U oorte acusam de~:i SUperior 3 100 h3bitante.s por km~ e reúnem , no seu conjunlO, abnaoge 2.l% do supenlCk do Par.. 55% da popul.ç:lo com • dens ~ia de 197 habiUole.; no ..,.10 Ik:a a mêdi. de 47.

.


47

No último decénio 3 laX<l de crescimento foi superior ã média de 13 por mil. por ordérn decrescente, nos distritOS de Lisboa (com o máximo do 17,3), Braga, POrtO, Bragançn , évorn, Setúbal, Beja e Vila Real, e inferior em todos os restantes, com o mínimo de 5,2 em F:lro. Desigualdades de popul.ç~o existem em todos os países, embo.. a di5lribul~o com densidade constante. quando o meio o permite, pareça, em teoria. a mais conveniente; mas as diferenças do clima, do ::. do subsolo, das comunicações e, às vezes, até da tradiÇõ1o, ten· a uma reparução de equilíbrio que rUo é unifonne. No nosso C"d.SO .... tendência só se"; vencida - e julgo que poderá sê-Io embora lenlamente - com um programa vasto de coloniZ:lç;1o nos dominios agri· cola e indu5uúl nas regiOes do Interior e do sul, sem afectar as grandes manchas de trigo ou de noresta . Em definitivo - e ~ o que interessa salientar - a popula~o ponu~esa aumenta de f~cto, como aatnmos de ver, em progressão geoméaoca, ;li razolo de lO a 13 por mil - o que corresponde presentemente daracre.cuno de 80 000 3 100 000 pessoos por ano. a quem é preciso COmer e trabalho. se, <:omo $e diz no relatório da proposta de lei de (omento e reorçl ~o IndU5trial~ o aumento da popula~o contém em si 2 ocupaaUt~tica de novos brnços, e o desenvolvimento da civilização eles ~s necessidades que se convencm em oulr.ls mntas possibilidaPIto trabalho. nem por isso nos devemos consider;u dispensados de ~rar a OCUpaç:lo deste excedente populadonal. >aç1 avanço dos meios de produç:lo, se favorece o homem na humani.iv.~ trabalho e na qu.lidade e preço do produto que o tomam .cescriando g~ndes massas. prejudica-o pela concorrcncla que lhe faz, do si a ideio de que a humanidade é numerosa de 0l..1s para o seMço ..... P<óprb, dentro do condicionalismo que lhe impõem a supenocie da ~f! as riquel:lS naturais. Oesc'e antagonismo, ao qu .. 1 se sobrepõe a ~ sempre varlá\'el, de interesses • doutrinas. r<sulra o movimento <ada Instaque tem sido a VkIa eoon6mic:J do mundo; em Clda ponto e em ~ IlIe, consoante O estJIdo deso" osciI.ç:lo, se exigem acçOes de "'" fQj ...::' busa do equilíbrio. Entre nós, nes<e momento Ce nem semfOnrea do . na nossa história econ6rnic:I), O com:Ctivo tst:I 0.. criaç-lo de ""'" ~' ",ruo mais útel. quanto maior qwntidade de n.:lo-de; e este alvo, ~ pouco desculi»vei que se perca de vista.

ganka cr:;,

::

~ a comparar-nos (,:cm o resto da Europa.

~8Or oe. • dado

de populaç:lO nos diversos palses n~o podem em porque dc-pendem ""'" ~ de h.\)imbllld.,de do território; o, n(, meros mini~ n "OS rnbes mais M:lcntrlonai$ que n!\o merecem os dado. ~por esse facto, .endo. como ~o, modelo> de actlvlmulto

da~ C'Omo indlcO$ de valor econ6mlco,


]. N. Femií", DIas]r.

Os últimos censos de população na Europa an1es da guerra foram feitos. na quase totalidade. e mre 1930 e 1935; prete ndendo obter um v310r mais recente e mais uniforme, recorri :l estimativa referente ao fim .de 1936 que figura no Alluário da Sociedade das NaÇÕéS de 1937-38· Com estes núme,ros se compôs o qU3dro seguinte. que serve de base a todos OS valores específicos por habitante que adiante se calculam': Q UADRO VI

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POPUlAÇÃO E SUA DENSIDADE NA EUROPA PoJo

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As nossas taxas de na12lidade são da mesma ordem de gr.JndeZ'

das da Alemanha. da Espanha, da Itália, e superiores às de grande número de nações; mas as taxas de mortalidade são das maiores di Europa. e eStaS dà~n05 u.ma medida do grau de p rosperidade e chIar porque dependem largamente da técnica das águas e dos eHP (OS, do desafogo económico para bem comer e para bem tr'.Jtar III doenças e do nhrel de cu hura p3rB bem compreender:l higiene.

""'0,

O quadro que se segue cU

3.

média das taxas de monalidade .,.

Europa no triénio 1936·38, segundo o A,wário da Sociedatle tJIII JVQç6es; mas não utilizei estes valores paf'3 .. definição de um núnlCfO' indicc porque sendo 35 difert:nÇ35 entre pa'ises relativamente pequ~ - felizmente para os ultimos da esc.da - () índice resuha nte .sed' •

P:u~ d:u t

den.,âd.wk de popubçtio rN Q Algnlf'bdo ~c:onO.nkú ~-ciC .ti' 1(K;lJ do INb. a 1m d;!s lert.u cultlv.a(bf ou d:tS ICfQ."Ii ~~

nus vt:ZC:S, rm tu...,- da iI~

:o~rro:.e=~~2~~~::"~=~I::~::-"

$kbde I~ dupb cb fftUnlc.. M1s 01 'lõl!lofd que: lIC obcbn J»r.a caw p;ab nJo 8A: " , uam $Olidt.1 'l<mtnlé' ~\'OI p;lr:I podrmn corutJl\llr um indltt mnlJXU'aI l'''O


POUCo signjlicativo. E digo relativamente pequenas, embora a propor· ç:;lo enlTe o mínimo e mo máximo ande à roda de 1:2, porque nos quadros que veremos adiante encontramos proporçõcs de 1:10 a I : 100, QUADRO VII TAXAS DE MORTAUDADE NA EUROPA

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• - AS IlECErrAS I'Ú8UCAS

~ <1n""no Estallslico da SocIedade das NOfiÕl!S rodeia de extrnordi·

&tactosl'eSeTvas os números que lnadulem os orçamentos dos diferenles ao pon e aCOnseltu todas

as cautelas na sua comparação; vai mesmo

to de afinnar que não são comparáveis,

~ .titude da r.l", de homogeneidade das bases Of'\'3nlen"'is. P<lrtAo

Itlis ou = ~

.

e da maior ou menor éX1.cn~o do âmbito estadual. da pro.vel em que se fL-panem as activid1des públicas cenlrá Ls, regioIS. e ainda da diferença entre os mé.odo de oonlabilidade.

CfUe se ere o A',udrlo algumas destas diferenças: a desigU31 dcfintçJo do ~içosentende por receita c despesa em dado pertodo; a exlstênda de

incIUido autónomos Com or'Ç': amcnto especial, que pode Ou n;lo .ser' ~

brul no orçamento geral e, quando O seja , pode entrar COI11 os

val~

dos; 0$ ~i:a rece.i1;J ~ da despesa o u apenas com os resultados Iiqul~ On:lirtirias erenlC$ critérios de c1assIOcaç:l0 das receitas e despesas qUest~ OU eXtr.lordin;jrias; :1 cont:lbillulçào dos empréstimos - mil dif~que ~o ~:lo normalÍ2:lda~ nem l'ert:uncnte o eSl3rno, cuj:.\s rarn 8ensiv!fIUÇOes podem nflo afe tar a Justeza das contas, mas ahemente o monta.me orçamental.


j , N, ferreiro DIas}t.

50

Por OUlfo lado. a comparação dos orçamctltos, expressos em moe-

das diferentes, exige a redução a uma unidade comum, para o que se toma necessário recorrer a um valor médio do câmbio; mas sabido que . os dimbios MO ~o 3 traduç-Jo fiel da relaçílo dos preços, a sua utilização corresponde a nova causa de erro que se innodu z: 03 opemçào. QUADROVlII

---

ORÇAMENTO DOS ESTADOS DA EUROPA N' d<

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lbtbo dt /lu"",. NoIas de Cro'IOII,1a I'orll'8'''"'', Vai. I, Cap. I

51

De tudo istO O concluir·se que estes números não ~o contabilislicarntnte comparáveis; mas a convic~o de que o saber quanto paga em

~ia de tributos ao Estado o ddacao de cada pa1s mede um índice valioso da sua riqueza e da sua actividade económica, fez*me tenta.r essa comparaç:1o, apoiado 1\3 quase certeza de que existem diferenças tio grandes entre os valores reais da capacidade tribut~ri3 dos diversos

:Vos que as diferenças resultantes dos critérios orçamentais ou da

ersidade das taxas do imposto devem passar a ser - ao menos na Beneralidade dos casos - factores de segunda ordem. dobE c.orno eslou longe da preocupaÇllo do guarda-livros que consome dias a pf'OOJrar O erro de alguns centavos, mas antes me orienta Um critério pouco mais que qualitativo, mai me afoitei ã tenl!lliv3; e o faultado obtido jusuncou. em nleu entender. o trabalho que deu. ~este quadro O montante do orçamemo representa o valor das ~en.as elas if'icadas como ordinárias na média do lriénio 1936--38 ~"U4rlo da S.d.N).; a convers!lo das unidades monetáriaS em cêntimos de dólar ~ feita, segundo o mesmo Amuirlo, pela média das cotações Dezembro dos mesmos anos. Sem razermos compar.lçõe5 muito minuciosas e olh;ando apenas A ~o em que cacb país .se classificou neste quadro, lemos de reconhefide~' ressalvados muito poucos casos. essa classincação traduz com De$)de a noç:lo que se tem do nível de riqueza de ada UO\. . OCaçOes que p;""çam sensíveis SÓ vejo :15 da Irlnnda c Hungria ~Igo um pouco subidas; a posiç:lo da Áuslria ..Ivez resulle de ler na ~de de Viena um lerço <1.1 populaÇllo do p'Í5: , Suíça parece-me COnto do lugar que lhe compele, mas a caus.1 deve escar na gronde per8<'m de lribulos cobrndos pelos governos canlonals, O que enfm~ o.~menIO do Governo Fedeml, único considerado: m1S, aparte elo ~livas reitas por sentimento. salta t\ vista que a metade superior Os conlêm :15 naç!)e> ricas e a nlClade inrerior as naçOes pobres. SUpor números. afinal , MO 510 c}o pouco compan\vels como poderill ~~,as gr.lIlde$ diferenças que se registam nos números-índices e " ~ a ~~~ ~.es se acbptanl na gem.T.ilidade dos casos mOSlram·nos ' -~'~de das 00,.,. O<Çlmencals ...0 lem importância rei:l~ ~~r ou, sequer, paro derom",r aprecLwelmenle a grande lei Nl é ~ a maior receit.l do Est::tdo com a maior riqueza colectável. ~ pOIS legitimo concluir que as anom3.Uas de pormenor ilUpos~ ~ a COOlpar:aÇ;1o, porque o fenómeno basilar continua :I ser ver~ e a most~r·se COmo Lat , sujeito :Ipenas :\ irregularid:lde desu.... nkkIe.l ~:::!CUn:.t5. "em o., fenómenos flSlco.. de mais rel'Onhecida 'IUo o cnn_ rtam de cau... de erro; seria prelender O absurdo querer <lo .;.-eu!ssem OS renómenos económicos. nAo hA ~ Ponug:al lU (X)Siç:lo l1lodesaa que neste quadro se patenteia, "'&trn 10 o J')ar.I Supor que melhor lugar lhe dl"Veria c:tber em home-- crédllo exlerno ou '0 equilíbrio ci:ls concas pública.; e da

t

u..


J. N. Fm\?íra Dias)"

)2

balança de JXlgamentos: porque a política de boa adrnlnistrnçào financeira significa ordem e não riQUel2. Crédito e equilibrio, nas nações como nas pessoas, são perfeitameme compatíveis com uma honrada pobreza. E.ssa politica fmanceín - e te m-se confessado muitas vezes - fundamenta-se na 3\risada senlença que, se rUo é de Salontilo, podia sê-lo: onde não há não se gasta. O equilíbrio vem de que o Estado gasta pouco e o País, apesar de es.scncialmente imponador, é fra co mercado comprador para o estrangeiro: e foi para me colocar em campo onde ii politica financeira dos Estados tivesse menor influência que comp:uef receitaS e não despesas. 5 - A MOEDA EM ORCUUÇÃO A moeda em circulação num pais fornece-nos mais um elemento de ordem fmanceira que se relaciona com 3 actividade comercial e, consequentemente, com o pexendal econó mico da nação e o seu nível de vida - excluídos os periodos a nonnais, como o actual, em que a restrição do comércio imp0r!3dor e a valorização dos produ,os exportado! conduzem :ii situações an6mal3s, sobejamente conhecidas e largamente comenladas de hã 'rês anos par:l ci. Mesmo em época de tranquilidade, O nivel do melo clrculan,e, en1bal" adquira uma signiflOlç:lo mais nítid:!, SÓ grosselrame",e mede o mo"" mor\lo das ........ções; a polítial dos Est..dos e o h:ibi'o das populaçOe'o que """"""'" em maior ou menor escala a f6nnulas de crédi,o de prefe' renda is noIaS, afecum o valor d:!quele níve l como índice económicO. F3çamos, apesar de tudo, a sua comparação nos palses da EuropaO Anuário Estalfslico da SocIedade das NafÕl!s fornece os elernenlOf necessários, emborn n:1o inteir3menl,e h om ogéneos porque não !4 conhece para alguns países o valor da moed.:l metllica; mas o erro niO é grande porque esta 1120 excede normalmen,. 10 a 15~ do valor dO' DOIaS. Dos palses em que fal,a esIa indicação, apenas pa., a A1bônJa O Anuário observa que o número indicado não representa toda a órcutr ç.lo monetária. cuja gr:lnde parte é em moed1. metálica de valor desco" nhecido; mas .. correcção deste erro só muho dificilmente poderi' mudar 3 posição re,latIva deste pais, O quadro que segue (IX) foi orga nizado IOrna ndo as médias do ~ nio e convenendo as unidades do pais em dólares pelo câmbiO ~ do Quadro VIII.

6 - OS OEPÓSrrOS BANCÁRIos

O AnHárlo de Genebr.a. ~dém do.., elemenlos (Iue 301)3ffi de: ~ chados (OI'\'3me.nlos c moeda em cir(:uJ:tç:lo), permite aindi. nO ca fin.:lOceiro, ::anaJisar a posiç-Jo dos países no fcspeiBtnte a del)ÓS~ banclrios, teSer'\I"aS de ouro e djvid:J pública. Destes Ifés elementOS

utilizar apenas o primeifo, que tem significado 4I:cmelhanlc :Ia


53

pen-

moeda em d rculaçâo e que está sujeito às mesmas anomalias em

ado pt'rturbado, embora, pela mecânica. do crédito, atinja cifra superior a ela. t conhecido quanto o volume de capital mede 3 prosperidade de Um país e quantO representa de progresso em potência. QUADRO IX MoeDA EM ORCUtAÇÃO NA EUROPA

,''''-

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do

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12,' 12.4

637

II

88,S 87,S 81 67 50

252

99 1050 198

1608

Indi<e

106 26,S

82

-479'1

3905

"'"

40 39 lO 27.7 26,6 25.5 24,6 22,1 17,9 14.5 13,5

ZOOl2 675 7791 241' 138 34581 52 2065 6882 145 7119

00b..,. lubiuntes

272

«

3} II lO

29 28

25 20 16,"

153 14,7

....

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IO,S

9,7 93 8,9 7,5 l, l

o. dOis - I ' ~~ U hmos elementos (rcserv:1S de o uro

II 10,5

10,1

8.5 l ,S e dívida pública)

~. i de p3J'tc por "prescnl;&rem disparid:adcs e lerem signif'iC:ldô Ü\<os ~O:nos nltido, sabido que dependem de critérios adminislr.1I; .

o serão todos

igu~lImt!n IC r.J7.o:\veiS mas que não têm cor-

YaIor~::!: 1OnIou-R: o: m&1b do nlor <bs ~

OQ

uifonlo 19J6.38

1N!t1l50 ma 19-)' por n)o tuVn' nlÍn\('f'()f I)(»lCÓQtO

flW

conlOU...e o


]. N. Fenrilll/J/os]r.

respondênda obrigatória com o nivel de vida do pais . O cllculo das reservas-ouro por h3bilame (compreendidas ou não as dh'isas) dari3 ~ Panugal O 11 9 ou 12' lugar mas com um índice já baixo (6 a 8% do máximo. detido pel. ulça). QUADRO X

--

DEPÓSITOS BANCÁRIos NA EUROPA Número

..."

de oodcm

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J6lnduIdl:»15m~dl:dObrndoluun\bu,SO ~ '" 05 nOmemc cko PomJpt nso a:xnpn!'C!ndcm o 8:1ncó de An~;l r: o 8.;antO

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A Albina n50 I'Iaurt no A4l1no.

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No/a$ ti< F,,,,"omio PortugueMl,

Voc I, cap.I

55

o quadro que vem .. seguir· indiCl a média lrienal dos depósitos em bancos e cnixas económicas, excluídos os depósitos nos bancos centrais e as concas de correspondentes. As contas de depósito n;lo ~o c:las.suk:adas uniformemente no Anuário; as designações variam com os paises, pelo que é de recear que alguns números não selam exactame".., compar.lveJs. A convers30 das unic.bdes monetárias de cada país, para tomar po6Si..,. a comparaç.lo, foi feita em dóla ... pelo câmbio m&llo do Quadro VIII.

7 - O COMD.OO EXTERNO

~ ,COmércio internacional dá-nos outro índice indiscutível da 3ctiviindustrial e agrícola dos poVOSJ do seu poder de comprn, do seu ;:arogo de vida. O Am,árlo Estarísllco da Socli!dade das Nações fad o a enormemente a conlp2ra~o dos países neste panicular, porque ~ta ~ convenidos em dólares-ouro os valores do comêrcio espe· (a...a. de cada país e de cada 3no, exclufdos o ouro e as moedas (impor,,-o e exponaç1o. não incluídos os trânsltos directO e indirecto),

tidos:Umitei-me a somas aquelas duas parcelas (movimento nos dois senpor ), a lomar a m&li;l do triênlo e a calcular OS valores esp4..--cif'ico.o; qua~bitante e os números-índice. A classlncaçào assim obtida ê a do T da página seguinte. <lf...ambi:m ""o " Impeclvel no seu significado • comparação destas res do c:ocnérdo txtemo. Por um lado, varia(3ffi com o lempo 05 valo~moedas em relação .0 ouro, padrão a que estão referidos os nem do qU2dro": por outro, o comércio externo dos diversos paises

~pre

roi livre, sofrendo :ué. em alguns C'JSOS, fCSIriçôcs muito ~ por OUtro, finalmente, o enrrnquecimento do comêrcio mundial

..,. r,!,1929 ""o atingiu por igual todas as naçOes ncm os ,mos mini·

dos l!3candina sIncronos. Se alguns paises (por exemplo, Portugal e os Esta· rt~

vos) sentiram a crise em menor grau ou, se 3 semiram. se em pouco lempo, outros, constituindo fon.e mnion3 ,

Viram ~~

"'BuidQ-.-...r·se 3 desdda at" 193:1. 3'i ou 35 e nào tinham ainda con· .. inf";' na v~pera da guerra.• ungir o nível de panida, e de tudo isto

qu. .. ~o os resuludos desCi comparação dependem da i!poca

"""" .. :no

'-Ias, . ~ se ''''nruou, ""o" por l<so menos legítimo o confronto: os .......... que, entbor. por outra 0«1<:111, conunuam ;I cabeço e à cauda grupos de ll2çOes que ~ se .lOCIc.m nos quadros ant<-riores. ~p-

1"1"';':. 6tt~ ~ ~ ~ '.1Ç\kt, pdo tnenQI lul l publialÇ'So do AnuJ,rio de ~ ~ ~~ (Ontk-ço. nio :I('hQu p;adnloo n\eUM>f que o ouro p;lrlI III medida ~ ri' 19_~"Ót. III Mr fnpdo. o eotbnlC l 4•• ~. rdtrido no.n 2S1 do ~"~k;a""san b tn~ nlab, ~;lda.. nem «mPf(

'T_;;-X.~N poIgIno._""" m.io<~d< Ido ....


J. N. Femlro Dias", Tomei para esta análise a soma das imponações e e:xponaçócs e n~O OS seus saldos, sabido que o V3lor desse saldo e O seu sinal são . pe.... um elemento da balança de pagamentos e MO t.êm, por isso. signifiCl" ,ção de muüo interesse para O nosso caso; e um saldo nuJo ou positivo l até perfeilameme compaüvel com um vida pobre e estagrnJ,da. QUADRO XI

COMÉRCIO EXTERNO DOS PA!SES DA EUROPA N.- de O<dem

1 2

3 4 5 6 7 8 9 10 11

12 1.3 14 15 16 17 18 19 20

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23 24 2S 26

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8,9 7,6 3.1

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8.3 7.1 t9

8 - O CONSUMO DE ENERGIA EÚCTRJCA

A produçâo ou o consumo dos prlncipoi. produtos do 3S;~ ou da indúst.ria sào elementos que ("ham:. 3 alCllç;10 fiO prete um esludo COffip-Jr.Jti\'o do género do que estou razendo. :I)

AnI~ dÓl:uõ-OUl'O. «lUtr.aknlc.<l:l

1.S04 63

sr de ouro fino ~ de !~

J",,"", "" 193<, ' ..... p'-1eg;o1 <lo dóI. • ..d llJacb em 0.8t18 67", de ~~ u O (2QO de tonUr par:a ~ Mp:udu ('Ilj n(1fI~ do tritnlo 19.3.}·3) (Ait ~. posIçSo MSte qwdro; ~ Ido r(l8,K' li gut:rr.I cMl, o romé1'do C:XICtno em 19J6-j8 K1' lpm:bvdmeotC'.JUpMot, dc>1itOrdo Cnm :I «\'olUÇ'~o &mil

J


Uobo de '''Il10, NoIas de Economf<l 1'tH1ug-. VoI, I, Cop, I

57

Um POUCO de renexão faz porem abandonar:) ideia de definir por esta forma alguns índices económicos, por se lhes reconhecer, acima

de tudo, a falta de ceno carácter de generalidade que introduziria na COmpara~o favores ou desfávores imperdoãveis. ~Io que se rerere :l produç-Jo, fácil de recolher das estatísticas. as ~ de cada paIs pesam fortemente sobre o gênero d3. sua activide; e COMo. por outro lado, essas estatísticas, por vastas que sejam, sempre um número resuiro de produlos da terra ou <b indús, COf1'C..se o risco Ou, antes, tem·se a cencza de chegar 3 números sem grande sentido _ salvo se se conseguisse uma 3valiaÇ<1o global, ~ ~u quase. para o que é muito dificil reunir elementos. índices económicos da Sociedade das Nações. baseados sobre a ~"Çilo de 70 anigas (40 agrícol.s e 30 o~o agrícolas), procuram alio-

:'lân Yaj'

com esta multiplicidade. um C".lr.kter verdadeiramente geral; mas os

de ~ publicados, pelos menos os que conheço, s.10 apenas factores

rnenYanaç:lo para cada

país ou para O conjunlO. n:1.o rornecendo ele·

tos de comparação entre eles.

de Se a prodUção poderia medir actividade, o consumo mediria poder dadotompra; mas t,mbém .qui é difícil de atingir a desejada generali. CQn~ Por Um lado, estatíSlicas de consumo s:lo mais raras e é muho Qpeq, gente: p-.anlr da produ~o para calcular O consumo, complicada ;1 ~ COm a mecânica das imponaçôcs e das exponaçôe5; essa País • 56 é passivei enfrentti-Ia sem ost--o de erro grave em cada Çar ~~ ~ lhe conheça bem a língua e a vida, e se possa destrin·

lacdo estatLSUcas as mil rormas sob que cada produto pode ser lran·

COnse:.:do. Acresce que o próprio conheclmcnlo do consumo n:1o

~ ~ alguns casos elementos seguro de comparaç:l.o. s,1bido que ~nl~ se substituem a outros e que nem todos os países têm os

~bilOS. os mesmos gostos e as mesmas necessidades; e d1í O OU pa~úmeros que não satisfazem por serem Inconsistentes -

dlegar

Oeaa -

Sê·lo, o que vale o mesmo páro quem os usa.

aiv~ i~neza resultou a minha decis.10 de substituir (Odos os posde produ~o ou eon!l"Umo por um só que lhe" :lnda estrei~ gado (: Í! unlvcrs:llmente reconhecido como medida de Af)esar e COnfo~ de vi~la: o COnsumo de energia elêctrica.

lamente II

~ OS ~

untvcrsabdadc, não deix:1 de se reconJ1C<:er que nem

~ds palSeS est:Jo igu..lmen1C providos de recursos n :ItUI"'Jis - COm~o 14 ~ energ.a hidmulia; ma s CQrno OS úhimos d;1 tSC313 n~o lerem linda terem esgot3do O que a naturez.,1 lhes deu mas por n:lo o

ga... ~~vei13do. :1 compar,lção dos consumos. como nfvel t.."CO~;: em ~egilimidade, ~I'J d'lil e8tatistk:as da UlIJo" IfII(''1lUJllollale (Ies ProdllcleW's eI 00· ~ c:r.Jo""Ille ElI!arlq"", utlliz:.ndo as médi:ts do biêoio 1936-37 por, Iaka. <orno' ~ ter chegado a publiclIr-se" C'SIatistica de 19J5; f1 0.1 de no quadro b<! Indica. um n(lmero apreci:\vcl de p:tises.

n6rnicQ


J. N.

58

_ta /)/oS"

Os valores que se registam como consumo não correspondem exacta" menl. ao que estI paJaVJ11 significa na Estalística das InstalaçOes Eléclri"" em Ponugal, energia medida no ponlo de allmentlç:lo do oonsumidolJ signiftearn aqui a energia medida :t saída das centrais - produção menOf consumo próprio - somada a que se imponou e abatida da que 11 exportou. O número d4! Porrugal também foi assim estabelecido. QUADRO)(]I CONSUMO DE ENI!ItGIA ELtcntlCA NA EUROPA

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l.Iobo de l1liIl10. Now di! E"",omilJ PorruS""", Vai. I, Cap. I

59

Apesar das interligações j~ muito densas que h:1 no centro da Europa, o trJnslto inremacioOld da energia Ct:1 aLnd:t limilado.antes d:t 8Uerra; COmo principais exportadores figuravam a Suíça e a Austria . a Primeira colocando além fmn'eiro 20 • 25'16 da sua produç;o 'Olal <: a segunda 10 a 15%. O resto quase n:1o contava.

istoOs números do quadro que segue' dizem respeito à energia lotai, . ~. ~ SOma d3 que é produzida pelas empres.ts de se.rviço público mais a das empres.1.s partirulares que consomem no todo ou em parte 3 ~ de produção própria. Este pormenor ê imponante. porque 3S ~bldas que às Ve7.es se nOlam em relaç:1o :t ~I~uns pa~.s res~lrn de uma de duas causas: ou de que cenas estattsllcas oficiais regls~ exclusi\Tamente a energi~, distribuída pel3s redes públicas (50 a do lOtai) ou de que se confunde a produç!o com o consumo separados entre si parlO a 20'16 de pcrd;s. 9 - Q MOViMENTO fERROVIÁRIO

~úmeros da SlatlsJlque bUertu"io~1l1Ie tles Cbc",t"s tle Fer l1 , v:lo

PI'irne' -me olcular três números-[ndiccs da ru.tividade ccon6mjC'J : o

CUlarlllfO referente 30 comprimento das vias, o segu ndo ao ma,erial cir~ e o terceiro 30 lrMego d~s mercadorias. anoO U\(~ de calcular ttês índices nasce do propósitO de corrigir

:13s

que um só poderi~1 lrnzer, sabido que nas K..odes ferrovi~ria$ prOporcionaJ ã quantidade de m3lcrial circulante nem procur:\r-se na diverdo rnov COOlpe1lS:lção, dedu7Jndo destes t.re.s valores um SÓ {ndite tanle dair.r~mo ferroviário - índice que mede 1x:m uma fn.cem impor-

O

este ega nã~ é

sida~ona1 aó comprimento das vias; dai o urna AtI, Vida <'COnOmica deste século.

rrr.~es de ma.is nada , cabe observar que os valores especiOcos a

<IUando: tr:anspones terrestres me n:1o paf(.."'(.."Cnl inteimmenlc justOS ~ ati CUlados por habilame, visto que a extcnsilo t:errilorial do país O v I ecta de cena fonna O número de unidades de trnnsponc.

Paiaes ~ Or e$J)eC:ífko tOlnado por hahl13nte favOreceD ponanto os. ~ e Pt'qucna densidade popuhlcional, pois que para servir a maior ~~o, suposta COm a mesm:I actividade, se~ neccs..~rio ~ :rnento de vias, maior número de veiculos c mais avultado

Por qU~_I.das-quil6me,ros. Por OlllrO lado, O v"lor espedOco dai O haver O qu.drado bencOci.rt! 0<1 p:.ises d. papul:.po densa; c que opI~r por uma desUls soluções, ambas defeituosas. ou


j. N. _ , . Dou/r.

60

calcular um coeficienfe complexo que lenha simultaneamente em contôl 0$ dois faCtores. Pus de: pane esta última ideia pelo que neta se pode

comer de arbitnlrio e dlscutlvel; e eDlre as duas primeiras, opiei pelo índic~

por habitance que me pan:ceu conduzir a valores menOS al3.sta-

dos da medida justa. A estatística que me .serviu de base, embora seja, segundo creio, , mais completa deste I"3mo, não abrange a totalid.1de dos caminhos-de ~ .ferro do mundo lTI25 apenas 35 ~ cuj25 adminislntçÔés 530 membros da: Uni<1o. Por esse moeNo, os números referentes a Portugal não incluem as pequenas companhias que exploram as linhas de via redu-

zida (N2donal, Norte e

Val~

do Vouga) e o mesmo acontecerá em

outros países; mas o erro causado por esta falta nào sem, em regra, muito grande, posto que lodas as empresas de certa imponância fazem

pane do organismo inlem:>donal". Dois ourros factos afectam ainda o rigor da comp3t:lç.1o. O primeiro reside na siruaç:lo de vantagem dos paises mais cenlrais que beneficiam de um trânsito internacional que os paises de extremidade, corno o

nosso, quase não conhecem; tem~se , em compensaçao, um pouco mais de .sossego em ~riodo de guerr.l. O segundo est1i na influência c:b olJo(agem e da navegação in1erior, esta particulannente importante na plankie que forma grande pane do none da Europa, da Biscaia ao Sãl· tiro - circunstância, ao contrârio da anterior, que torna menos mA a f1O;5Sa posiçio; mas. como sempre. a ideia geraJ que se procur... sobres-

sai sem conrestaç.\o, O comprimento das vb.s foi tirado da e5t3tlstka de 1938; compreende as linhas principais e acessórias (desvios, mudanças de vias. ramais ~o afectos ao sen'lço público, elc.), con~ndo-se o dobro do

comprimento »>ta as vias duplas e correspondentemente p3:ra 3S vias múltiplas. Chegou·se desta maneira ao Quadro Xlii. Pelo que respei13 ao m:uerial circulante, os números, colhidos fl3 mesma fonte e referentes ao mesmo ano (1938). foram amimados em três grupos correspondentes. o primeiro às locomotivas e automotoras, o segundo ~ carruagens e furgões e o terceiro aos vagões , Estes dadoS incluem as l()C()f1l()(Àvas e aUIOffiQC,o r.lS de todos os tipos (vapor. eléctri· cas, Oiesel, elc.) assim como o material drcul:lOle que é proprietbde de paniculares mas esa4 inscrito nas redes de serviço públicO, Pensei corrigir o número de vagões lendo em conl3 a sua capacidade expressa lU carga por eixo; mas :1$ mêdias dos países oscilam dentro de v"lores tão próximos que desisti do propósito,

II onU$slo das trb nnJ'ft'$U de vb ~rdu &iwüna ~nt POr1Up uma n:duç;to de: no ~ du vw (~rt'eas. PrelWInO qut' .em reb(So ~ nul.t1Ul dttonebdu-quí~ de Q\('f(:I~ (I erro ./lei;. ~1\Of por Jte Ir.cu <k Ilnhu qu~ todou de mfuzklo tJ1I.(qco. JIi

~ de UM

cuwue ~ :ao nOmero de'


lbrN./Iu.... NoIIJs.üo1lOm/al'l>ml8_ VoI. /. CPp. /

6/

QUADRO XIII

COMPRIMENTO DAS VIAS I'tRREAS NA EUROPA N.·dC'

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AIb1nb" l<boda"

ha Feita a soma dos três grupos e Cllculado o número de veículos por drobttante• determinou·se o indice correspondenre como se vê no qua(j

da págÍ112 seguinle. Para dar ideia da imensidade do lr:Hego, Indica-se a segu ir o

n mero de loneladas-qull6mclros de mercadorias, compreendendo

grande e pequena velocidade. mas excluindo os lransportes de serviço. : ~~~-ms de 19l7. 190 tIlero$de 19'5. 'tio ind~ C'OrrigimQ o númetQ rchtlvl) li Il000ug::a1 $()Il1':II'l(.Io..JI\t Olt no km de vla e9 I"Crn. ~. '''''d05 na estal4tb. I;) no54O rodlcc sublli de n a 26. o que rIJo cht'p li modlfl· ~~ ~n()qu!ldro. A. Alb1nb e :t bl:tncb nSQ Ogulilm ru c!ltiltl"dQ


j. N. _ , . Dias]r.

Os dois quadros anteriores são rereridos a um só ano porque

.se

Ir.lta de valores de in.st3IaÇ<1o que \r:tri3m lentamente com o tem po; no

caso presente , por se w.nar de serviços cuja amplirude fluma de

3 nO

JY.'ra ,ano consoo nte a actividade económica, voltei a recolher a médi:J

do ,,;énio 1936-38 (QuOIdro XVl. QUADRO XIV

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MA1'ERW. ClRCULANl . DE CAMli\'HOS.OE-tORRO NA EUROPA

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Númc.ros de 1937. Jl 'u.mno. de: 1935. • Se adtrucirmc:ls que :I b D d:.u redes ponu~ de vi;1 e.'Itldcl l't'preKntII no tn:alerial c:irnJbnce 2 tnc::'lfIUI ~ di: UM ,'\.'rif'1CIda no cornpritnenco d:u Vb.$, J; ~ fifi subir o ntIMD ~ de> 9 Plra 10.9. o que mo mc:xiiflaI .. pcéiçio ck Portup l no quadrO ,. A AIb!nb. c. hbncb. n}O rlgUQm f\õI ~lb..Ja. .tI

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QUADRO XV TRÁFEGO DE MERCADORIAS 'OS CAMlNHOS-DE·fERRO DA EUROPA

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ComResta compor OS IreS índices ferroviários ani.s definJdos: fel-se essa rné(jJ?OSiçio tomando as mêdias e ca lculando em rel3çlo a elas o índice ~ do movimento ferrovi~, rio como se mostro no Quadro JI.'V1. aa.ividaCOmPOS~o que nos ebr.i mais Adiante (nO 12) o {ndice geral da nas de econ6mic-.. dos pat'ie$, o movimenl'o fctrO\'iário enrrar.\ ape. por tsle indice ml!dio: f31.er entraJ separadamente os índices COf-

r!IIIa:Oo~.~ indialdo plr.l • ~nh~ ~ de 1935. (IIJ~ndo

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J. N. Fmeim DitJsfr·

64

respondentes" via, ao material e ao lt:1fcgo, seria dar aos transportes terrestres um peso excessivo no resultado. QUADROXVl MOVIMENTO FERROVIÁRIO NA EUROPA (MIDIA)

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I O - A C1RCtJu.ÇÃO AlTTOMÓVEl. Seria interessante poder apresentar paralelamente ao tráfego ferrovi" :irio o movimento por estrada que ê, ou deve ser, complemento lógiCO

wquele. Mas a Impossibilidade de enCOntrar um;] estatística inlemacional

que contenha, uniformemente coUgidos, os dados relativos a todos OS patses da Europa, fez-me desistir do intentoi limito-me a apresentar. 00 Quadro xvn , :1 est3lÍStirn do número de automóveis exíst'entes no fipl de 1939. incluindo ligeiros e pesados", e a calcular cm relação a ele o índice cb circulaçdo automóve.L

I I - MARINHA MERCANTE Se entre as :J.ctividades econ6 micas do homem moderno M alguJ1l3 ;I que os portugueses pudessem dedicar~se sem quebr.lrem u continujebdc: W gr.onde obrJ que começou no fun do século XIV e lhes asscgur(JU pos-íç;lo na Hist6ria Universal- os descobrimentos sem dúvi<b. a du marinh:l mercame.

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actividade é,


Ibrbo de RllIIIO. N<II4< de Economia I'onug.....

65

VoI. l, Cop. 1

Infelizmente. a an~Use da realidade n;;lo nos mOStra que estejamos nest~ campo em posiç1o relativa muito superior àquela que se regista ~ quadros precedentes - com a agravante de lennos por nós dois InCentivos que parece n30 nos estimulares: 832 km de COSla na Europa C! mais de 2 milhões de quilómetros quadrados na África e na Ásia sem contar COm a vocaç:lo atlântica , (:lo apregoada por alguns. QUAOROXVII VElCULOS AUTOMÓVE'S NA EURO PA ~

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66

Os números que seguem, colhidos no anulÍrio do IJoyds Reslslerof SbippfllS 'U , indicam-nos a capacidade, em toneladas de arqueaçao bruta. das frotas me.rcantes eUl'opeias em 1938, incluindo todos 05 n~vios

de propulsão mecânica ou à vela com mais de 100

(onelada~

por se U·.... l3r de valores estl\veis ou lemamenlc variáveis n:lo se tomou a

média do triénio (Quadro

xvnO.

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67

Este anuário regi...m não só os naviOS claSSificados pela socie<bde ~ilora COmo todos 0$ OUlfOS de que obtém conhedmcnto, estejam ou rtlo ~incados em sociedades congéneres: daí o conslderar·sc esta PUbbca~o como o o.panhado geral de todos os navios existentes. I Pah::un nesta estatística os valores relativos ~ Albânia l Bulgária, rlanda e Utu:inia, ou porque do nulos ou porque, por serem muito pequenos, foram incluídos na designa~o ger:l! de Outros paises. Por COmpar3~O COm os restantes indices do qU3dro. parece n:lo se come~er erro apreciável atribuindo a estes países o ín<!ice 7.ero. Fiom de or:- nesta classificação OS qu:uro paises inleriores: Ausuia, Checoslováquia, Hungria e Suíça. O quadro apresenta 3 maioI desproporção de índices de e ntre todas i~omparações que fot:lm feiL.1S; o facto resulta da extraordinári:t capaC I de da marinha norueguesa paíJ um país que nao chega a ler 3 mi hOes de habitantes _ capacidade qu~ é. a segunda da Europa e a ~ana do mundo, colocada quase a par da do Japão, logo abaixo da glalerra e dos Estados Unidos. 12 - SUMA NUMéuCA

mr:iClra~. definidos õI

nos quadros ameriores 8 índices relacionados õlolvldade ("Conómica de 26 países da Europa - CJda um d~ sua

maneira e COm fTh1ior Ou menor prccis.-lo,

timo~re e~ precisão, sobre a escolha dos próprios

índices, ~ legípor ~bjecções como, a propósil.o de ;llguns de les, se mencIonou a Impressioll2ntc concordância geral de resultados, se não desaz essas ob;ecçoes, retira-lhes quase toda a consistência, Interessa agora formular uma conclusão. defmir um índice geral que ()ermi1a classificar os países num quadro resultante, que seja como r'e$\uno de todos os precedentes. ma,Daria ,I~gar a diversslSslmos crité~os O pre!~nder-se bu~r,a forma ~ equlhbrada de compor os fndl(:es parCiaiS e :1 medida lusta do sem COm que cada um deles deveria panidp3r no índice geral: mas dos P~ensões de rigor, descabidas até dentro da imprec~o de alguns me numeros, decido-me a preferir", solução mais imples e, por isso a menos. discutível: achar a média arÍlmética . conrerindo o PI. J)e!5O 3 cadas as parcelas. Esla m(''<Ii;t diluirá os erros dos indices reiais. COmpensá.los-~ porvencura. c d;tr-nos--~ uma cl3SSmca~o 5ufi-

r, ma.., '.

rne::.

~ Como ~ Indkou no n' 9. o movln~IO (HTOYt:lrio l

rqxctenbOO podo leU ~ P'lnklp:u TU mldl:.l a~.al os 1.-& lnd~ ferfO\'1iriOs prinloelta· In~ li PQ5iç:lo doJ p:lIJOt nAo v,ui;a,-b lIpr«b.vdmeme; 1'IQ\'t' terbm lIun,ldo

~ .~II~ feilo

o lII:u

~ IlOmero d(' ordem e os !'<".iC;anl(:1 pt:nnullIriam ~nlre 51 05 IUS,lId, Alo se ~o~t!Tn 't"gfa, nub de um ou dobo pontOS l'onug;11 p2.S:Urb do 22' p:lr.a o 24· 1ujflr ~ bqUl'T quI: :tqam as COf~ IntrodulJtb.. nD/C Ind6tt$ ou lU rn:.ndn de 05 • nunca $C' tir.ui Ponug:11 do Oltimo letÇ'O da ~b .


68

j. N. Fmf/m Dkujr.

cientemente justa para nos servir de gujaj será um número convencio-

nai. empfrico, que não dará uma medida t:xattJ mas marcad vincadameme uma poslçto. Procedendo assim e aLribuindo o índice geral 100 :l. maior média encontrada. chega~se. rmalmentet :llo quadro d3 página seguime*'. O índice 8et'J.I, p2ra maior objectividade do confronto, está representado graficamente na Fig. 2.

Faço :. justiça de supor que os dirigentes dos org-.mismos que telegraf.uaffi ~ Assembleia NJ.donal a verberar os prl"ctplos maléficos da lei de reorganizaç.lo industrial t1 e todos aqueles que se fizeram eco da mesma OpinUlo nunCl tivemffi sob os olhos os números que aqui lhes

apresentoj porque se tivessem tido ou livessem sequer suspeitado de que ~ rerra em que nasceram e certameme veneram, que o povo a que penencem e certamente esulTUffi, ocupavam no cenceno da Europa lugar de ~o minguado relevo, sem dúvida teriam posto o civismo de ponugueses acima de qU31quer preocup3çl10 de interesse cm risco ou

idealismo em causa. O tr-.. balho nado031 está doente. Em preseoça das centenas de números impressos nesWs p;'íginas, números que sãO:1 verdade ou, pelo menos, o que de mais próximo da verdade é possível reunir, defender o existeme. reagir contra um:. ten· (3tiva de ascensão - tentativa , aliás. moderada e modesta - parece-me um estigma de mediocridade, de (alta daquela f~lculdade· de apree~o cbs coisas e:ssend3is, que car:u..1eri7..'I as pessoas realmente cultas e os povos realmenlc superiores.


u.v.. de Rumo. NoIas de E"momlll Pottug_. Vai. I, Cop.1

69

QUAOHOXVC Cu.ssI'P1CAÇÀO GERAL DOS PAfsES DA EURO PA

NOm.ro

"".

Numero

'" , ,

N_

Somo

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45/ S'9

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5.1.6 50.7

82

48.3 41.9

74

8

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247.3 ' 50.3 151.3 1<68.2 144,7

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6 7 8

.10.9 25,1 21.6

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18.1

77.8

8 8 7 7 8

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25,1

•• 8 7

4

11,5 10,9

9.5 9.4 9.'

2O.S ' 9.3 16.7

14.6 1-4.4 11. 1

9

1},8

8.'

, ~S

.1.'

4.7

~ POrtuguês inteleauahnenre honesto ao ler estes números só pode r Urna de duas posições: OU desi.nlcreSS<J-se. caso não se sinta predo para distinguir de que lado eslã o none, ou reconhece que ê ;;:t\JeU Coolinua r a aquecer-se tranquilamente 3 este belo sol de 40 Us de latitude; e então lerá o direito de discutir o melhor a minho ;- COntanto que aponte algum. E esse português n;to to mam a fazer, se rna vez o fez. o elogio hiperbólico de uma situação económica que longe de merccê410. J:1. uma vez afirnlei que um dos vénices da ~ actividade Industrial é a mentira aduladora dos que fazem o eloo nossa CMrutura econ6mica~.

rra

e:

t/i

v~. II , Anexo III

la nau (b

~8

28 d;a prt'SC:nte cdlç.lol


] N.fff1eI,. /);os]r.

Fizeram-me reparos à dureZ3 da expressão; ofereço este capítulo como resposta .

Quando leio - e escreveu-se sobre 3 indústria - que o bom cami-

nho ê O de deL,ar seguir 3 vocaç:10 da Nação, como a dize.r que c 311ifi· do tudo que seja encaminhá-Ia , eu pergunto ansiosamente a mim

mesmo se a vocaÇlo de Portugal ê aquilo que estes números apontam e, se é , se: a conhecem na sua triste grande?.., aqueles que procur:lm continuá-Ia; e quando leio aind.'l - porque também est.:1. escrito - que o nosso passado mereceu a admiração d.1S genles sem ter por b:l.se a mAquina nem a liçlo dos outros e nos levou mais peno de Deus sem a op~o dtl mecânica, desconfio, com desgosto, de que a nossa posiçâo. que '3 mim quase me envergonha, é ca,p37. de n:io ser sufidcntemente amarg".1 pata pOr seu tt3VO em bocas habituadas a 130 doces e desmiolados ditir.lmbos. A linguage.m das estatísticas - por muito que OS humoristas se divirtam =- acus:1-la - me~ que 'a lomemOS como lOQue de clarim :I 3<.."Oroar-nos 1\3 luz imprecisa da alvorada; porque a int3gem da nossa mesqui nhez econ6mica é de molde :3: abalar 3 convicç;lo dos outrOS sobre a nossa capacidade realizador.! e :I não consentir que nós próprios gozemos, ru plenitude do seu significado, 3 honra e ~ gl6ri3 que ainda mantemos de quana potência colonial do mundo.

POSIO d/ame des(es números o ponuguês - ao menos se sentir curva a cabeça amargurado e põe no rol das suas aspil1lções - se ainda a rulo tinha I~ - que dentro de 20 ou 25 ilnos as esta(1St1C'olS possam falar melhor d3 pobre terra lusitana do que f:davam nO limiar da presente guerra: e se 3 esse pon uguês \'oharem :I dizer que somos um povo grande porque tivemos uma vida glori0S3. de saberi replicar que lhe parece exces.siva modéslia ou excessiva comodid:lde = Iw a glória dos antepoSS3dos sem cuidar cb própria; que se n:lO prepan! por ~ forma 3 cominuidade da História que nos cabe manter. como .se não teria preparado M 500 anos se os homens de ent40 rUo tivessem petsOnalicbde bastante paf"J criarem a $Url obro sem se limitarem a repetir que eram netos de Afonso Henriques; e, fina lmente. que se já n:lo tú mundos a descobrir, nem por Isso eslamos pri~dOS de Vir a ser gloriosos perante 05 vindouros se formos capazes de ir escalando a um e um - difiál ascensão! - os numerosos dcgf'3U$ que nos afaStam dos povos pr6spe.roo da Europa - única forma de podercomo eu -

l1lQS

dizer sem C3irmos no ridículo que

somos um

paIs próspero.

se alegue que est:Io ! cabeça os países grnndes. que constitu<f1l por si próprios espaços ccon6micos mais vi~\'eis. po" que nos 13 poiS'" que fonnam a primei", mcl3de do qU3dro. h~ 9 com populaç:lo iuferiO' ou sensivelmente igual ~ no:ssa: nem se argumente que nOS falt3m OS elementoo-tx= do desenvolvimento lndU5lri.1 (camo e (erro)". porque t N30

~ Qu;tncOllOnoMOpn:abk:m;I do~~b.br1 noapilulo III,


71

sabido que os n:lo possuem a Suiça. :I Dinamarca, a 1l51i;;t. 41 Finlândia c! n Irlanda; que lêm ferro mas não têm cantao 3 Su("'Cia e a Noruega; que têm

carvão mas nà:o têm ferro :I Bé:lgica" e 3 Ho l:loda. Até 3 Inglaterra e 3Ale:manh.a nt.~itam imponar gr.tndes C\u;mtidades de minério de ferro. Num compêndio de Geogl"3fia usado em escolas estrangeiras vi há anos classificada como ... ooi.xo d e medíocre 3 siru<tç:lo e(.."()n6mica por~ tugucs.a: e OUtros Iívros have~ no mesmo gosto. Não me irritei; apenas:

me entristeci, porque reconheci uma tnSte realidade. Os ponugueses que lerem estes números reconhecê-Ia-ào igualmente; e penSOll"llo em corno será difacíl convencer de que somos algué m, com descrições mais ou menos romancetdas da nossa vid.~ , os povos que acusamos de nos <bconhecerem ou maltratarem mas que o fazem porque têm de nós

rquelc mau conceito. bebido através da fria objectividade dos seus ivros de estudo. Mudemos de vida, e as fUlUr.lS edições destes livros nos Farao justiça automaticamente. O que de tudo i to fica de pé como verd:lde -

que ex.clul

3

men-

~~ nus não exclui evidentemente outras verdades que a OUlros caberá ~r - é que

portugueses do sécu lo XX se :abre o Clminho de ~bir de POSiç3o - caminho t:lo ingrato, tão dificil. tolo perigoso, mas o PI"Ometedor, COmo as rota..i; do Mar Tenebroso se abria m aos portu. 8Ueses do "''CUlo XV. Corno estes se hou\lemrn, como e.nI:lo se criou uma con.sciêflcia naciOnal. di·1o a His.ória: como '"' hao-de pon:1T os de hoje c! segredo de Deus. Se ;\ obra do nQS.so tempo fa ha o estimulo religioso de 400, lcmos ~ue COmpensá.lo com ;I consclCnd:l n..,is perfeita dos oc"\'e.res sociais e ~de r1'l.3ls pretnentc de olhannos ao prestigio da nossa ba~ das - Pn:stigio de Itxtura CQnlpleX~l que j;l não vive apenas da ponta i"'eI~'!:" mas de um mis.o de fo rça, de rique7.a, de o rgan i7.aç:1o, de ~ I&.. ,,~..WI to" de senlimento. E se: podemos deSÇ\JlpaJ~nos de não ler ~, que ~ função do número, nAo sei como podemos airosame nle jus""'r.""" da f.l,a de predicados que SÓ dependem do qualidade. 30S

13 - IlEfLExOes S08RE A CIÚ1lCA

rnel~ h~

Inteiramente: perfeito Ou tOl31mentc bom; :I tentativa de ~ o ni\lel da vida ponuguesa pelo progresso da indústria c da t~ SObr ~o não foge a regra gemi - como l;lJ1tOS medicamenl'~ que loma Ne o O~nismo acções nocivas e ne m por isso deixam de se ~~OS C'õlpllulos seguintt:S, e m que procul':'uei expli'":u o que se ções e justificar o que se propôs, irei r:tzendo rercrência às objec· &ar que eu próprio rorrnulci _ porque tcna sido leviand'lde n:lo PC"· «JtnfIOs P"ntos fracos daquilo que se criou e se conlinua :t defender o ca lOr da primeira hora . • tU \m\:I. \"Xl1»4Jo multo InlportllnlC' <.Si, mlnflm dto rt'tm no luxt'.Dlbur(tO


J. N.

72

_ta

DlasJr.

Mas 3 quase totalidade dos comencirios que conheço não entra no qU3dro do que me parece r.a:z04ve) ; os reparos que me têm sido feilOS desde que me ocupo destas questões e. sobretudo, desde que no Om de 1940 remeti ~ consutlll do Conselho Superior de Indústria a primeiro reda<?o da proposta de lei da reorgoniz:lç;J.o industrial. de que logo

lhe resuhou alguma divulgação. podem agrupar-se em três classes: 1' -EXagero 2' - And-c::orpor.uivismo 3" - Materialismo Incluem-se aqui todos os reparos, mais ou menos dignos de ponde-ração, que poderemos aceilar como possuídos de aJguma l6gica - àS vezes débil; mas M ainda certos p3ralogismos - nflo me atrevo a chamar-lhes sofisma5 - de quem parece desconhecer que a demonSU":lç.J.o é o fundamento suficiente de um juIzo e que quando não é ufieiente ~o ê demonsuaç;J.o. Qullllmi/lm proba/, T/ibll proba/; qui pomm probar, nibil proba/oe conceilo que já vem dos escolásticos. ~o desle lipo afllm2ções como t5tas: -

Em Portugal fabricam-se tecidos, papel. tijolos, chapêu5 .. _ (e

seguem umas dezenas de produtos); ergo, nada há que Impugnar j indústria portuguesa". - O consumo eh electricidade em Portugal tem sido sempre crd" cenle; ergo. Ponugal é um país próspero. - No Canadá exisle UIll2 máquina que r.2 um horror de lonebdaf de papel de jom31 poo hora: ergo, em ponug.1 ~o se pode ruer papel de jo"",L Deixando eslas fulas desatinadas, voltemos ás ues C'dtCgOrias de objecções que acabei de menciOll3r. Duas palavras sobre a primcir:a . Afirmo. sem ncar margem

par'

rq,1ica, que e modesIo. qlWé mesquinhamenle modeslo, .quilo que !C propõe. Mos se • modéslÍ. do que derendo ~o é realrnenle senlido. !C o chamar amerianas :is minhas pobres ideias nao é gracejojO. se o rever com olhar sereno O gdfico da Fig. 2 não lraz .risleza, se o pan"" rama industrial que se esboç.I nos capítulos segulnle8 mo con"ence, resta·me aconselhar ao critico 3 leitura de um anigo recente em ~ Cett3 prudênci2 muito lradi ional é: vista ã luz que merece, e de "t..... reproduzo as úlunw linhas", Detesta\"3 exageros. o vclho do Reslel.o. e tudo quanlo rosse, di' COOlr.UQS COm as ond:a.s, mais que pescar il linhot. em doudice deSCoeD'

passada.


lbrbo de Nu..,.N%s de F.am"mia 1'on,I/l'.... Vai. /, cap. /

73

. A objecção de anti-corporntivismo, que chegou a alarmar-me pela insistertda e que me parecia infundada dentro do que compreendo dos Plincipios corporativos, morreu por 51 quando o Governo perfilhou 3 doutrina; mas não resisto 3 citar o pitoresco de certo reparo, segundo o ~l a COncentração de algumas indth1rias poderia não permitir o funCtonameruo dos órgãos corporadvos por fillta de número pana constituir OS corpos

gerentes R . Finalmente, tenho sido acusado de materialista e n.io me livro de que,se repita a acusação do que 3cabel de escrever. por mais que jure a Dlinha devOÇ\o ao espírito; sinto que muitos não compreenderJo que

eu docUmente a posição de Portugal na Europa e conclua que n:1o ê ~nte. só porque há pouco dinheiro nos bancos. poucos navios no ejo OU poucos caixotes na esta~'ão de Santa Apolónia. Para alguns. porventUra. tudo isto parecerá infantil. da Nas escolas em que se estudam as Ciências Físicas é frequente ajunl r a explicação de alguns fenómenos com O recurso ã analogia mecà~ ~orque , de lodos os domínios da Física, é sem dúvida :1 VOu na ~quele que mais obfectivamenlc nos fala aos sentidos. E eu ~gutndo este hábilo, recorrer a ulna analogia para mostrar o 1""-. do que estou a escrever quando traduzido na linguagem de ~OSdias .

ind:ingUém .COntesta que o ar e a água s:1o elementos igualmente

OUtras~Vels ao ser vivo; e todas as pessoas rêm ouvido dizer a J)essoa.s

estas palavras banais: renho sede.

COm"!" as regras cb lógica, que na vida COrrente são diudas pelo senso estuda~e ~ue as J)êssoa,s apliC".. m sem darem por isso e sem terem

nin &!UOSOf'ta, 030 pennÍlem que daquela simples frase se condua, l~_ conclui de facto, a 0;10 ser que seja louco: lO Que a pessoa devia antes ter dito que tem faJta de ar; A - Qut: :ii; pessoa afirmou que o ar 0:10 é indispensõivel :l. vida. ~Ogia COm O caso presente parece-me clara. Quando eu ~ue Ponugal é materialmente pobre - c creio que ficou SObre se .-: faço uma 3flrmação concreta mas n:lo me pronunciO lt'nho o ;SP1nlualmeme o l!, ou nãoi sou omisso a esse respeito, e dtretto de treito de sê-lo, como a pe8.CiOa que afirm3 ler sede tem o f'espirat6 .se nAo pronunciar quanto ao funcionamento do seu aparelho PI'oe~~ e Q\Jan~ aflrmo que (: necessá rio melhorar o nível de elaj apenas ,olo re,eíto que o nível e pirilual seja da maior impon!inacusar de me n10 .refiro 3 ele porque não é esse o meu objectivo. Ma:, ~ntt: o ma~l~flahs13s - como quem diz Inimigos ou indiferentes acusar a ~lnto - ~ meus pontos de vista. será t:1o Insen.s~HO como rito gabar SSOct que da ter S<.-de de dizer que o ar ê InúliI só por lhe 3$ excelênclaJ fora de lodo o l)rop6sho.

t

"

...

rep;aro flttur:a n:n documc."I'UO oIkbl


74

jN. FermmDiasfr

Por

e5L'lS

razões que me parecem simples, n:lo julgo acertado que

se contrnponham

:I

uma proposta de renovação m3terial do País a

necessidade da elevaÇlo da \rid3 humana, da cultura anística ou da 3SSiStênc.i3 religiOSl nem as e.xcelências moraiS d.1 honrd de ser pobreOs dois domínios 530 irredutíveis. não sào tr:lnsfonnáveis um no ~ubstiruem oa vida dos seres. O m~lIe­ ri:ll e O espiritual devem ser discutidos ('m si sem se embrulharem um 00 OUtro, pQrque da misruí.1 rclo sai nada; o ar e a ~gua . (30 ~veis e lãO

outrO, como o ar e a água não se

O símbolo da inconsistc...~· O mundo é largo ba.st:lme paJ71 nele caberem sem se íltropelarem pessoas e ideias; e a natureza é sábia quando fa2. que umas e outnl não scj3m unifonnes porque assim afnst3 os extremismos invariavel~ mente maus; se '3 vida n::lo ê regalo epicurisCa, como rctoiç-a de irracionais bem alimentados, também n::lo é desapego de anacoreL1 que à .sul volla, como sentença de um destino que n:lo vale :I pena conlJ"ariat,

fones, quando se misturam d:}o !l espuma -

deixa ruir oS' muros e crescer a erva. Julgo que é inju.tiça acusar a proposto de fomenlo industrial de niO COn1er um senlido humano quando ê seu objectivo d1r 1r.Ioolho. que , direilo e dever do homem, e melhorar a vida dos pobres que é prcceilO divino. Sincer.uneme não sei como se há·de defender n dignidade dJ pessoa hUlluna. fuzer 3 Vkb elevada e nobre, proteger 3 fami1i3 c o lItt sem começar pela me:lhori3 das condições rlSlcas de viver; e dai a minh' dificuldade em compreender que o homem perca a person:llldadeque dizem - quando obedece à lécniC-• • que ~ nor de inteligênc12.: não a perca quando vive, tolO e misernvel, numa casa em que O inCÜ'i duo nonnal só enlr.l com desagr.uk> quando não com repu~ncia . Mas, se 3 censul'3 de materialismo vier 3,C\JS3,r 05 meus núm como acusou 3S duas recentes proposta de lei , eu perguntarei

alguém pensa que os p>ÍS<!S que vão à e:'beça desta classificação por esse facto, menos que os da cauda o cuho da mor.al, se neles resce menos o amor da arte e :1 fidalguia das maneir:.\S, se entre eles

menos filósofos, menos poetas, menos santos. Julgo Imprudente que"" afmo. que sim. Estou :I rabr de Cés3r e mo de Deus; e a SCntCIlÇ"J que m.:ancb tinguir os dois campos lem p quase 2000 anos. Respeilcmo-Ia. 14 - O NlvEL 00 SAlÁRIO

Quaisquer qut" seprn os comentários. bem ou mal funcbd05,~ m.:reçam os índice$' al.t'ás propostos, uma noçlo se ofer(:ce: com de axioma; entre eles e O nfvel de vida e.xJsre nt."CêSsarl3menlC' rel~po. em que eles .do ól Clusa e este o efeito, relaçâo que scrt suJeita ~ Innuendól perturbadorn ele CàuS."1S sccundârlas como !I ~o dos própnos índkcs - mas nem por isso menos incomeSl~vel· Resulto . de fucto. do desnlvel de actividade económico referidO n' 12. o desnivd do s:>lirio enlre os p,ises d~ EuroP.1; e 3 .... ",uS'


!lobo dt Rumo

_de ErollOm/Q ~I_ VoI. l. Cop.1

75

iunt.l a que provt!ffi do diverso rendimento da produçi1o. Silo as duas - volume e rendimento _ companheiras frequenles~ pela primeira se

melhora a utilização dos valores imobilizados; pela segunda se elimInam despesas in6teisj pelo conjunto das duas se valori7.3 O mbalho da

~J . Todo o movimento económico se reduz, em Caltimo tenno. a salãrio

- mais O juro do capital que é sali no acumul:ado; mas rcl.o podemos espera" nem de longe, que o aumenlo des,e acompa.nhe proporcional-

':"t~ O daquele. porque concorrem legitimamente com O operário na c hel~ do beneficio de ma.ior produção. a máquina que o ajuda mas se avana e desvaloriza , :1 técnica que assegura a qualidade mas custa

? capilaJ que participa em maior volume e exige o seu juro, a OI'garuzaç1o que coordena as operaçOes tomadas mais complexas e q"" tem seu preço. ~ue ê razo:ivel ê esperar que salário e actividade variem no fosee ~I embora sem a mesma intensidadej porque se ~ssim ~o ~ , faltana o fundo humano C cristão 3 lodo o progresso IOdustrial, lismoesse fu~ existe, por muito que pese aos detensores de ceno bucade econ6mko - que 1U0 deixa de ser simpãtico pelo que representa nicatencirnemo, emOOra com prejufzo do raciocínio: a revolução da téo.... ~ l1aSceu só da ambição mas também do amor ao próximo; e se ""'lO ~ parceb 1U0 é por vezes ~o grande como O COlllçãO pede, Os az boa obra em negoj-Ia mas antes em contribuir para que cresça. nlírneroo Nlo ,que se seguem falam por si. _ Iea da ~em maIOr inleresse lomar as m("tIias de salino em alguns paidos: a difi ropa, redu~las a uma moeda comum ~ CO~p3t3r 05 resull3~erenç. de n/vel de preços não penni'lr.! idenuficar 3 proporção .....Iia~ ,com a proporção dos .limemos adquiridos com elas. """"lido ÇIo ma,. acenada do desafogo de vida em cada pais se far.l ~ CQnvelS<lo dos salários, em vez do clmbio das moe,bs, a ~em qUt". essas moedas sâo C'Jpazes de adquirir OS alímcnlos

C2ra.

Cons' para compor uma ement.1-tipo" . eoo.PQ8ta~ O caso frequente: de uma r:llnília de qualro pessoas,

ª

PIlr dia . : pai, m:le e doIS filhos, O Sustemo desta famma exigir.!

!lia ~ta': a opinl3o dos fi iologisla . uma quantidade de enerPai

em médlZl pelos número.~ M:gulmcs:

~::"':':~ :~: :~ ;"': : ~: : : : :':": ~: : : . ,: : :,:": : : : : : : TOl:lI .... ,.. ,.. ,..................,

~orias

12400


j , N, _mOfosfr,

o que correspondera. às quantidades seguintes dos alimen10s funda-

mentais: Pl'Oleínas " ... " ..•....." ......... "" ...... " ... ,.""" .... " ... "." ... """....... 525 gr Gorduras ........ " .. """ .. "........................................................ 320 gr Hid,,"os de carbono .. ".................. ".................................... 2050 gr Constituída uma ément.1.-tipo (que se supôs unifonne para todos 05 povos) satisfazendo :1 eSla composiç:'lo de base , calculou-se o seu custo, em 1937, nos vários IXli.ses para os qU3is foi passivei obter eIt" men{os~j e conhecido o S3lãrio médio do operário industrial ne_ data, calculou-se a percentagem do ganho diário consumida na aLi)'1'ldt" taçilo - considerando-se como g'Jnho diãrio 6/7 do salãrio, para "" em conta o domingo em que o trabalhador come mas não ganha.

A partir dCS'e5 VOItores e tomando como unidade 3 despesl de :dimenlaç;lo, detenninou-se o número de unidades de sa lário que cadI

trabalhador recebe; e. proporcionalmeme, ~ semelhança. dos quadrOl anteriores. o índice correspondente ao m.iximo de 100. Supôs-se, acHanle se dir.l porquê, que a famíll:t não lem ou .......~ tas além do salãrio do chefe. ParJ Ponugal considem.m·se os salã_ 10$00. 15$00 e 20$00, com • média de 14500, pois que o BoletIm IiIUIO Nocional de Tmbálbo e I'rrMtIérIC/a de 1937 e 1938 nOS mQSIra ....-

do!!

os S3lãrios mosculinos mínimo. dessa êpo<:a se 'grupaY:lm na gra~ maioria entre 8SOO e 16S00.• parecendo poucos enl re 16500 e 2Ó$OO> muito poucos :ldma de 20$00, Tem-se 3 imp~-io de que a ~ derada andaria segul'àrtlenle abaixo de 14500; d.1S indÚ5trias que j; 1611" mais de perto, se algumas atingl:tm O salãrio masculino médio de 1 ou 17$00, oulras não pasS3\'3111 da <aS3 dos 9$00 oU 11S00. O custo da emet\l'a Iipo cm ponug31, antes doa guerra, roi C3ICO~ ....t pelo Eng. Daniel Barbosa entre os Iimiles de 15500 e 18$50; que~ por implícldade, tOmar um SÓ v::a lor. ~do(>(o o número inlermédiOiI\Iti

t...I

4

17$00. A panir deslas bases chegn ·se ao apuramenlo da pi 8-

seguinle (Quadro Xl().

Como nos q~dros :anteriores, Portu~11

1

~ aparece cquipaI'300 ;}

ria... conskJer.1vel disünd:t dos primeiros 8 ou 9 paÍ5CS; ruJo como era de esperar. em pos;ç-Jo relatiV'J 1~0 .(""ada do m. xi"'" tIIIIi no Qu.dro XIX 04,4%); e,",mos em 32'16, mas e"" (racç'o~ pouco mcnos de um terço - revela j1uma quelm de poder de t}o conslder.1ve1 Que merece rcnedo de t..'conOrnL'iU.i e filanuop0:5


IJrrbadtRvlllO. _

de Ft:;momíD fu1uguesa. VeI. /,

cap. f

77

QUADRO XX NfvEL DE SALÁRJOS INDUSJ1lWS NA EUROPA lO

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13.OS

' .98

0.'7

0,22

44.6 44.9

106.00 11 ,75 10.10 • •66 9.53 5,37 43,l!O 33,l!O 5.'3 ) 7.40 14.00

42.90

47,2

'.4.2S94 3.~

49.2 49.2 51.3 60S 73,5

30.82

82,2

Z.OS 4.91

2.24 2,22

2.12 2.'" 2.0<

1.9'5 1.65 1,36 1.22

!n.h 100 99

9S 91 91 f5/

74 61

.. 54

2',so

81.8

1,18

4.19 31.61 17.00

92., 98.5

1.06

l "I.~

0,71

75,20

92.11

143.0

0.70

45 32 31

20.00 IS,OO

17.00

99.2 132.4 198.5

1.01

'5

0.76 0.50

54

10.00

~as COndições de família

17.00 11,00

1,0 1

53

23

que alrns se consideraram, o operãrio

_ su dos patses que vemos:\ cabeça da lista consome na alimcnlaç:lo ltlaio!P<>aa suficiente - cerca de melade do salário (44.6% no caso aVOI'ável), Isto é. 801nh3 aproxhn.1d:lrneme O dobro do que precisa


J.N. ~_,"_"·

par"'.l comer (dUáS uni<bdes de 521:\rlO) 51; nu Bulghia e em Portugal. o

ganho médio apenas dat:1 p2f3 5;1fisfazer 70% das necessidades 3lJrnen~ tares (0.7 unid,des); e o nosso ;ornaI de 20$00. que só uma pe<luef\3 minoria ganhava naquela d:u;t, cobre à Justa estas. necessidades 0,0'1

unid!ldes) em pê de igualdade com a mMia francesa e abaixo de todas 3S

rest:lnt~ ci(rás. O saláriO míodio qu~ nos pOria a pár dos

países d:a

vanguarda andaria por 45$00 para o nível de preços de 1937. ~ interessante comparar estes valores teóricos com 05 resultados obtidos por inquEriro directo jUntO de famílias opernrias; comando" m~i:õl da cepartiçolo das: despeS3s nos primeiros 8 palses do quadro.

obIêm·se OS valores seguintes: Aliment:u;:lo ..............

_,_ ",

Renda de (,.'3.Sa ...... .. ... ,.......................... , •• , ••••••• , ••••• , .......... , .. . Vestuário ....................................................................... . Combustível e iluminação ................................................•.. Mobiliário e instalação ... ........................................... . GaSlos c:livetSOS ....................................................................

44% 16% 11%

5% 4% ~ 100%

As despesas de 2limentaç:lo mo.stram~se um pouco inferiores aOS valores teóricos. pois que li fracção de 44% que nestes nos aparecia como mínima se apresenta agora como mêdia; rrms não ê de estr.lnlulf a diferença em matéria tilo contingente, antes ê de apreciar a concor-

dância.

Se o dlculo do Quadro XX se fizer para condições de famíliót menos pesada:s (operário só ou 5em filhos), OS encargos de :1lirnenlõlÇolo redulem·~ correspondentemente e nómero de unidades de ~ láriO subirá na r.l:dio inversa; mas :l posiç.1.o relatiY:i dos países n:lo se modi-

°

fic:ml. Cabe observar que os S31:\rios industriais portugueses têm subido sensivelmente nos últimos três anos, registando-se j:\ com frequênd9 valores entre J6SOO e 20$00 e até acima de 20$00; m.:JS esse facto, comO é sabido, n~a traduz melhoria de posição ret:tlivameme à que atrás se aponta, pois que o numero-índice t0t31 para os preços de produtos allment:lre:S e: de aquecimento (referido ao conunente) que era de 2 054 na média de 1936-37-38 ....., .. em 3298 em IS de Dezembro de J94< - último míme:ro publicado na data em que escrevo - o que mosU::1 O agravamento de 60%". E cena subida despropositad3 de sa lários agri('olas ola passou de especulaç-lo feita de baixo para dma. S1 No C::uwt:1 ~ ,.,., ~ Unk.Iof tI:& Ambic::I mc:onll':&l'11-.$C núl11a'l;)lS :a1nd3 mclhO' lU (~ivamenk" 31 c 3?tO. lN.'! n:lo InIC~ c;~ . Io$. pot ~ ler liml12do II compar.açto 201 p:I1tes W EotOp;l. 51 8uktl". ..'IVtd41 do Irurf/"ltJ Nacltmdl de &uJJWlM., Dl::ttmbro tk 194.(.


Unbo ./Iu.... _

do Eco,.,mla Portugue,a, VoI. /, Olp. /

xx Quero porém prevenir·mc, c prevenir os outros. de tirar do Quadro

cc)ncJu~ excessivamente dr:un.1Iicas. Por um lado, a insuficiência do salário P"nI prover :ls nC<.."e..~id.'IdéS normais de õlllmentaç:\o ê frequentememe suprida _ pelo menos em

parte - pelo trnbalho de outros membros da famíli ••Iêm do chefe, ou

:r

~ proventos de outra origem, geralmente a pequena exploT'3ç;\o agna; ~ ,se no QU:ldro XX se não COntOu ,,:om isso, foi porque se quis . tn.:J.lor realce ao salário individual como resultante do nível econ6-

:ICO e porque as eslalfsticas mostraram que essas receitas complemen-

res do S3J~rio do chefe 00 famtlfa existem em todos os p:li5es, em Proporções que não diferem muito. Apes.1t de ludo. o equilíbrio ol}3IDt:ntal do nosso trabalhador só pode conse8uir~se ;\ custa de uma alin'lentac,.'1o deOcieme (escassa e pouco variada) e da supressão qua$C completa das restantes despesas; dai." verificação quotidiana de que o operjrio foge do refeitório da fábrica , preferindo comer à sombra de um muro ou de uma "rvore, para n30 moscrar aos companheiros a ~reza das sopas; daí as casas sem ar, o vesru~rio sem alinho. o ··ovvi/i3irio sem confolto. p . Por Oulro lado, O dinheiro. se tem o seu valor facial, (ambém o tem r:1~OI68ico; e se o primeiro cresce , o segundo não varia com igual Pldez, mas ames, como sensaçilo que é, obedecerá com mais ou :~os. rig~r ::\ lei psicol6giC'd de Webcr-Fechner; a sensação de se cer 15 ~lnhelro n:lo subir6. pela diferença mas na propor~'ào do que já se PQssuI; se o valor (adal cresce em progres.s:10 geomêtrica o psicológico ~c.: apenas em proaress;\o arilmêticaj por outrns palavras, 3 alegria receber nilo crescerá com a maquia m:u; com o seu logaritmo. DeSte facto e de. <lue se :.precia menos o que se lem cio que <Iquilo que se deseja , nasce o atenuarem-se as diferenças do que se seme em ~laÇão às diferenças do que se ganha; e disto tudo tem o povo sua IlllUiÇão quando diz que dá Deus o frio conforme a roupa . Não se caia, ~~Tll., ho exage.ro oposto de supor que o nosso trabalhador cem O ~hspens!lvel pat"d viver, nem se eleve a excessiva sobriedade à calegode 81'3nde vinude. ~or~uc um dia se dirigiu urna palavt"J de carinhoso conrono à ~1éI;n13 da vida portuguesa (e julgo que n30 roi lll.:'Iis do que conORo), caiu-se em elegante repeliç:1o que desvirtuou :I frase e a ideia; e pa~ ter-,sc cheg:tdo 3 supor que essa ideia condena toda a evoluç:lo, se aceitasse que a nossa terrJ est~ na cumc.. da m;tterial e esp~ $i I do viver humano. Como n:i.o est~. o apego ao que existe lembm .. t\JaÇão de quem ~asse estar doente só pelo pr,17.er anómalo de OUVir palavrds de compaido. E argumentar _ como já se tem reilO - que o aumenlO de saJ;'irio pOde ~o ~r útil porque alguns o~n1riO$ podem n:10 o gastar com bom tritbio. parece ter o mesmo valor que o propor :lIguém que n;'io se lomé a Semear trigo por se ler reconhecido que alguns gr.los n:to genninam.

:n0


De acordo que o nível de salário deve ser acompanhado do aumento do nível moral; mas eu confesso modeslamenle que rulo sinlO forças para fa.zer tanto e que deixo gost0S3meme a outros 3 glória de proporem. de forma concreta. como se hã-de aumenrar essa moralidade. Por mim, ficaria satisfeito se contribui.s.se para criar uma condiçtO necessãria, como me parece ser o bom sah1.rio; motal e pouca comida. espiritO e llÚ-habi13.ção, nào os tenho por boas ligas. Vai longe - ~o longe nos faccos como no calendário - a époct em que Alexandre Herculano escrevia (t84()'9: Tem-.se ponderado que 3. acç.\o benéfica das caixas ecoOÓ" micas ê impoleme contral a miséria do mh:imo númerO de obreiros, isto é , contra :1 miséria de quase todos OS que pertencem à indústria fabriJ. Nos países onde as grandes fábricas são J principal fonna, o mais comum sistema da indústria. essa obsd'" vação é inf~liunente verdadeira. O aperfeiçoamento das máquinas, :I concorrência dos produtos nos mercados, a despropo~o entre o fabrico e consumo. têm feito descer os saJirios a pontO que toda e qualquer economia é impoSSível paro O oper.1rio, que ganha exactamente só o preciso para não morrer de fome·

t ..)

Os distritos rurais da Inglaterra, nomeadamente os da Irlanda, são vitimas de uma constituiçào d3. propriedade territOrial em que ainda cs"" viva 3 conquist.a dos nonnandos, e n:a.S cidades ITl3nufactoras o excesso dos aperfeiçoamentos medoiros tem gerado o excesso de miséria dos proletl'irios. Para estes. que peJas nUNações do comércio extemo, têm repetidas vezeS largas féri::ls de ttab:llho, e se vêem forçados a ir receber II esmola dos SOCOfJ'O$ põlroquiais; para estes, a quem frequente-mente faltam os objectos de primeira. necessidade, a cam ec0nómica é como se nào existisse. Em tal siluação recomendar aO obreiro a economia e a previsão fôra cruel esclmio. Mas que há entre nós que tenha semelhança com tal estadO de coisas? As nossas f1ibricas são poucas e ;ach;am~se ;aincb longe dos grandes aperfeiçoamentos. Por outra parte, não havendo superabundância de braços, os salfirios são razoáveis. Nu~ nação essencialmente agrícola a ind6stria manufactora dil'icil· mente preponderar.1,sobre :1 agriculrura.

..

(. )

A supremacia industrial dos ingleses devem-na estes, talveZ quase exclusivamente. a que na Grã-Bretanha a lerra, por assil'll dizer, foge debaixo dos pés ao homem de trabalho. País d::\ssiCO dos latifúndios. os possuidores de vastos prl-dios. ou os seus opulentos rendeiros obtêm faciLmente slmpllficar as operaçõeS


LbrIJo.RII.... NoIasdefamootiaPonug_ vot. /. Cop. /

8/

cb cuhuf'óI com engenhosos é potentes maquinismos, dispen. !ando assim um grandíssimo número de braços. que v:Jo aumen~r a ofem dos que :1 indústria (abril utiliza . Essa, forcejando Igualmente paro os substituir pelas m~quin3s. 30 que obrigam as lUlas intennináveis da concorrência, ac:eit3-os sempre, tna$ com a condição inevitável do abaixamento Indefinido do salârio.

...

( )

Para produzir indefinidamente, (a indúsuía)

carece de

uma CQnd~o essencial: é a que a faz triunfar da Indústria das nações riva is, a do preço inferior ao do produto alheio com igual valor da utilidade. A m5quina , ou aperfeiçoada ou nova, e a reduç;1.o dos salários. ou o aumento de horas de trabalho. o que é perfeitameme idênlico. sào os seus meios heróic<>s. N;lo lhe impona se o instrument'o homem se quebra. porque o renovará

sem custo no meio das multidões famintas. Vive de produzir bar.;uo, e 05 seus obreiros hão-de viver de se afadigarem em pro-cura da morte. Cumpre que a indúsuia inglesa triunfe na batalha incessanle que se peleja entre as nações industriais. batalha onde se nâo vê o fuz.ilar da espingardaria, nem se ouve o troar dos canhões, mas descortina45e o revolulear do fumo das chaminés rnonslruosas e soa o murmurar confuso da m~quina e do homem que Iklam: tenivel batalha onde n:lo com: sangue. mas corre o suor do trabalho. e depois o 5uor da agonia . Desta situação, e:xté'riormenle esplêndida e inlerlormente violenta e dolorosa, escamos nós bem longe. Não receamos dizer que em Portugal sem tatO o operário válido que por Illf!lo de severa e in1eligcnle economia nào possa depositar anualmente na caixa económica alguns CnJ7.ados, ou par.1 ocorrer a desgraça impfeVisu, ou para criar um meio de subsisa:ência na velhice, ou rUUlmente para adquirir a independência de proprieúrio. Ver ~ o grande e probo Herculano se havia de penitenciar se pudesse a Si1ua~o como se apresenta um século depois! Como haveria de ~ que a indúSln.'1 das chaminés monstruosas, se tem defeílOS: ludo e todos. se IOmou, afinal. UIU estimulante da alta de So'1lários; e tem ~rio industrial português - o agricola nào lhe vai aonu . menores po5Sibilidades de depositar alguns crur;ados na caOOri "<on6rnica do que o seu ooieg:I inglês de <I<""",i"" algumas Iibr:1S!

Que

IS - VANTAGENS DE NÃO SER POBRE

h~ um lema ingrato. 00 Ev:mgclho

:l lradi~o. do .sentimento dos OU be S 30 eufemismo com que suavizam as coisas que não sJo boas escta las - rudo me é hOStil nesta demonStra~-:to. Mas se 3 lese for bem recilb o acordo vai ser unftnime .


82

o próprio Evangelho. ao :lfjrmar que do bem-aue1lturadoS oS pobres de espirllo 1t4 faz um" restrição que reabilita OS ricos; muitos dOI que sentem e mesmo dos que falam sem sentir da beleza das coisas espirituais n~o sào indiferentes à tolheita da abastança te.rrena; e alguns, embora muito poucos, sabem como foi modesta a minha c:rit. ção e continua :a sê-lo a minha vid3, como tenho recusado aIgurn:d situações rendosas e como a opulência n~o figura entre as min~ ambições -

que n:lo são pequenas. Tudo istO silo (!lClores que me

põem :l. \l'onl3de ne~ne romeLimemo de defender a riqueza, de fazei' quase o elogio dos ricos. Ao focar O meu objectivo 0:.'10 me lenla

:1

visão de milhões acumula-'

dos, mas o ideal mais alto de melhorar ~ vida de alguns ponuguesespoucos milhares (Iue sejam; porque esta li: :3 forma mais nobre de fazei Assisc:ênda. procurnndo diminuir a necessidade de a fa1.er de faao. N;1o tenho a ilusào de extinguir a miSéria que existe em toda a parte corno produto da r:.udidade ou d ... imprevidência; mas julgo possível que of pobres sejam menos pobres, que os que .sào válidos e trnbalhalll tenham menos penúria do que realmente têm. Não é meu interesse directo que os ricos sejam mais ricos; o que pode bem acontecer ê que o <tumemo da rique~ seja conexo com o diminuir da pobreza - e enulo, que ambos sejam bem·vindos. TenhO ouvido defender como progl"3ma que os ricos devem dt.-scer e os pobres s ubir; nus sempre que o ouço, fico teimosamente a medhar sobre qual o caminho prudente: Sé nivel:n os homen!J ou elevar-lhes a média. Àqueles que parece af1igirem.se por haver ricos c passar a haver rn:'lis $C:! o País progredir, lembrarei que o capiml tcm que existir o.a mão dos particulares ou do Estado; que, num caso ou no outro, tetn dua. funções conjuntas. económica e socia l, que o egotsmo do proprl~ lário nâo dc\re esqueçer par.. seu põÓpno bem: que VCr no rico um inútil que se olha com ódio ou inve~1 (se ele compreende 3 função de ser rico) n:to ê sociologia mas baixeu. E afirmar que a obra em projeCto favorece os grandes. prel'c nder, por mal compreendl<b humanidade. proletarit.2r os detenlores do capital , reduzir o potenci:tl de riqueZ#l colectiva que esse capital represem:t. exigir, sem mais an:tl~. que se nivelem pobrd c ricos em vez de se ele\'3rem ambos com suas ine\'lt:í~ veis e necessárias dift..-renças. n}o é economia nem política ma,s ra ll3 ele bom senso; ou, se quiSermos 3teimr com Descartes que este se rcpaf1 e igualmente por todos OS homens. sel'â defeilo de se conduzir o peflS.9.mento por via tOrtuosa - car ce II 'és/ pas assez (I'aVOlr I'esprlt bc>", mais le prl"cipal éSI de /'appllqller blm" . " S. M.:lIaJ" V. 3. POc-.se de p;ane OC"fU IDlrrprt'taÇllo vulgaso que di :,I pobrd di: Ç$pit!to o sencJdodc Kat\h:idoli ~u.b. DeK';ut~. ~r$ dIJ la niJlbotk pt)ti, Mm com/111m III mlllo" rt cberdH' /II &'ériIiMnsStsSCblCe$, Ed. Fbrnn'W'iOn.Puis..p1g..f,

'I


~ minha passagem pelo Terreiro do Paço lidei com

u: nJ

muirOl gente de roi muitos me pareceu que compreendi:J.m hem o seu posto, mas

se~ verdade dizer que foram lodos. em sempre descobri a obra . ustrial ou social (com sua justa remunera~o, bem entendido) como tmage~ puras por detrás de todas 3S intenções; suspeitei de que se ~aram licenças em que :1 minha assinatura se vendeu por cenlen:15 fi contos; COnstOU-me que Sé tentou vender acções de companhias em ;nuçao por valores acima do namioul; vi solicitar apportS cuja justifica. ~me parecia longe de s:Ulsf.u6ri,,: vi pretender v:tlorizaçOes de activos :2i do ra~oável; desconfiei de que alguns administradores negociavam ~ das empresas que administravam; observei com profundo des-

~o f$:a avidez de dinheiro. que magoava o

r.

meu idealismo e me fazia

tnenlar que o Código Penal fosse omisso a ce.nos respeitos,

I Nào esmoreci por isso; hã que aceitar que os homens não s:1o pere tos, nisto como em coisa nenhuma; alguns ricos são ambicioSOS.

::o

alguns pobres são gast:adores, alguns carpinteiroS são desajelta-

mal' alguns médicos ermm OS trnlamentos, 3lguns professores ensinam d" .' alguns parlamemares não :acertam em lUdo a que dizem. Os pro-

~gtos individuais são muito raros; os colectivos sào impossíveis. Noutr:a dânisa. pobre:s: e ricos me pareceram feitos da mesma massa: na concorde qa com que conlrariam toda " iniciativa induslri.d, que de longe ou na~o possa. a(eaar-Ihes os Interesses - qualquer que seja o valor I dessa iniciativa. E ~ ~ assim, se OS ricos es~o demro da regra e têm seu papel na ~nlC3 da produção, paro. que havemos de Fal:lr neles se apenas nos ~ssam OS pobres? E se lodos eSl."lmos Integr.. dos numa cL'Ida ordem ex r' que a lodos p,uece 3. mais conforme com a nature7.3. como se ~ ca qu~ alguns combatam ideias subversivas de mero caroder for_ i~ ~nlft:Stem O receio de que venha a mc-drar o capital panicular esse e~a que é igualmente subversiva, com a agravante de locar a 6pr neta do slsternà e gerar a bancarrOtà da organização? Ter-se-á como devltno fazer disto um país de mendigos? Diga-se antes que 30 Estado ln e taber cada dia m.ds _ e a cvolu~i1o é manifeslá - o direilo de givestig3r o que faz. cada um do di.nheiro que lhe pertence. de restrinos USos e abusos desse potencial cr13dor; e assim como :I proprieq;:l~undiária, sem deix::\r de ser do seu dono, lem sujeiçõcs nalu~is Il\a t! derivam de pencncer 30 JXurlmõnio goográflco da Napo, a ~ha lenta das ideias hã-de ir criando :1 f6nnula que adapte lod~ OS COk:a~:rvidão de aauarem pela maneira mais aíustada ao interesse

cb

-

N Subir a PQsiç:1o de Portugal no Quadro XIX signifiCá ênriquecer a enriquedmcnto que se decompõe em dar lugar :I que haja fUll$ riCOS e em melhorar a vid3 do lf'3oolhador. cuja necessidade se Si dernooSlrdda no número antecedente; e não SÓ do operáriO mas

rr::~o


84

da desgraçada classe mêdia que com uns centos de escudos faz o prodígio de parecer que ganha O triplo - Deu~ sabe ã custa de que privaçôeo. E porque o bom SilJ3riO é (rutO dói 00.. indústria e nâo chega. 3 boa vontade para tirar bom fruto de ruim Arvore, me parece de pouco reO'"

dimento uma política social (sempre precisa) sem base prévia numa melhoria económica. porque repa,n ir mais equitativamente entre

patrôes e opedrios um beneficio magro é uma questão de superfide, sem dúvida meritória, mas que continua a ter por fundo 3 incapacidade geral de melhor vida. A felicidade, na sua express;lo mais larga, n:lo vem do dinheiro dizem-no os moralistas e lodos o compreendemos sem esforço; mas O dinheiro ajuda sub$lancialrnenlc mesmo quando é supérfluo e é quólse decisivo Quando se não tem o minimo - porque não ter o mínimO para viver com suficiência não é cenamente das menores infelici<bdes. Um inglês pobre, oper.!rio ou empregado, que raz o seu wee/Hmfl no campo ou ouve ingenuamente discursos no Hyde-Park; um suíço d# mesma categoria que canta o iodei ou faz alpinjsmo, são certamente

mais felizes do que as populações mais misernveis da Ásia desde o Meditércineo ao Mar da China; porque se (êm mais preocupações, maiS agitação de vida, mais aspirações insatisfeitas, têm, pelo menos, aquele mínimo a que todo O homem que lI3balha devia. ler direito; uma Coisa com certo conforto, comida que sobre, roupa que satisfaça, distr.lcçlO que chegue. assistência médica que seja eficaz. se na Fig. 2 extrapolarmos para. a direita. esses povos da Ásia. que não sao desprovidos de organizaçio e de cenas modalidades de culfura, ted.o lá o seu lugar. flagelados pela fome, minados pela doença. esgotados pelo trab<lllho insalubre. nus. sujos, monumentos vivos de miséria; n3.0 lêem o jom.2.1, rulo d.iscutem politica, não tem aspiraçõeS - vivem e morrem como bichos: mas apesar de tão primitiva pureza. ainda julgo preferível, entre as duas posições, desejar aos portugueses a ela esquerda da figura - ainda defendo que subamos. que busquemOS a riqueza com todos os seus m:ales, em vez de descermos ou rlcannOS par.dos. É quase inútil ac:rescenlar, por evidente, que entre estas duas situações extrellU.$ não rui só 3 direrença de uns tanlOS índices económicos; hoi todo o longo alaVlsmo de uma edUC"dç30 e porvenlura. uma direrença êtniça, que ndo sei õllé que ponto aquela eduação ê capaz de dominar: mas ê inconlestável- basta abrir os olhos c ver o mundoque a economia e a educação se desenvolvem como irmàs gémeas. Espero que não venham comradiI:Jr-me com o exemplo cláss;co dos sangsrers americanos ou outros casos de excepÇolo que nada prov:IJTl contra a regra . MaS outra:; consequências se podem esperar do aumentO da rique1":l n3cional. Se O Estado pudesse avolumar as suas receitaS por


85

habitante pelo aumento da matéria colectável - e n:lo seria extrnordi-

~rio que pu~ chegar ao dobro ou ao triplo - facilit:lr-se-iam inú",'era.'i velhôU quescões que a pobreza cio er:1rio m\o permite resolver 5lntultaneameOle. Escolas, museus, bibliorects. laboratórios. bolsas de ~docs, desportos. hospitais, 3ssistênda, previdênda sodal, manifestaÇÕes cultur.lÍs de Ioda a ordem, que hoje se queixam de escassos =~ para a satisfação das suas aspirações mininus, e que esperam I CSSIVOS anos que o Orçamento lhes possa consignar verba de relevo, passariam vida mais folg2da: e OS ponugueses teriam lar mente posto a matêria ao serviço do espirito, o trabalho :1 susten-

:at: O

Jlensamento.

caf OS problemas por ordem iovem p:ucce.. me pôr o C'drro adiAdosta nte bois: daf a minha tese. aui ~e mesmo caminho, quer parecer-me, se deveria aconselhar ;\s

~idades loais por vezes mais ocupadas em platónicas queslôe$ de .

igio do que em grangearem valor pelo caminho do progresso e da

~ueza. Bragança pretendeu a autonomia do distrito, a Guarcb quer ser

~Pital d:a Beira-Serra, as terras do litoral querem ter todas o seu dda~de comércio, as aldeias querem ser vilas, as vilas querem ser u . E se Procurassem antes engrandecer-se pelo trabalho, aviv:u ~con.omia por vezes quase mona, para que o direito do que se Impusesse por si?

';:0'1 41sei ~ue a vida n:1o é feita só de lógica, de caminhos imposlos "7 CXlgência da matcrJÚtica, mas que há mil aspirações pequeoe':h' ~I qU:lSe inf~mtis, que avultam na imaginaç:1o do povo e a que

pOr

ni

um espírito consegue funar-se. Penso contudo que a despropor? que tem lógica e o que a 0:10 tem pred.s3 confinar-se denlunues para além dos qual.. a boa evolução é compromeckla; e ~mbêm que nos habituámos a exceder largamente esses limites, Se me parece oponuno retroceder. lidade' no fun de tudo, ainda que se n:1o caminhe muito por impossibifl>rn ~ ?,nsaço, alguns pobres passarem a ricos e alguns rit.''OS ficaIndúmaIs nCOs, n:1o comemo por isso dois jantares mas alargarão a :!lua mais5tria, compraclo mais casas, mais aguarelas, mais escultul'3s ou algu aU1<>móveis, com o que só ganharão 05 respectivos anUla,'s; e se que os t>Obres ficarem menos pobr<..~, ler-Ihes-emos chdo, pelo caminho ,,0 Génesis ensina , o pão nosso de cada di.. que se implora a Deus. res obra ~r.1 dlfieil. Na época a que se reponam os quadros antcrioseu'sMll5solmi governava a 1~1i3 havia 16 anos; e se 530 dl5culíveis os eia exagCf'O$ políticos, a sua febre de conquista, a apologia ch violênqueque pôs na.... Suas doulrin!lS, O poUCO tacto e 3 pouca ele~ncia com n6rn~trou na guerra , merece a admimç.lo do mundo a sua obra ecode ~a. Contudo, a It:llia CSt:lvn :lind:. longe de alinhar entre os países cnrlqPnrnei,. plana, porque 16 anos l! multo pouco tempo p:lrn educar e

çi

troO :~

uectr um povo.


86

j.N. Ferrelro/JiaSJr.

A obra se.r4 lenta: nilo tem o brilho das coisas que se podem dizer e fazer dentro do espaço de meia dúzia de anos: sem uma obra de continuidade, de persistência, obra obscura, que terá 3 fé no futuro corno

único estímulo e a critica -

quando

n~o

o insulto -

dos que foretd

molestados em algutn2 posiç.'lo cómoda como única conságrnç.'io iJne'"

diata . Mas não 530 ffi()(ivos para que se não lente. E se n:'lo for este, qual é O programa concreto da vida portugues21 Em que outro rumo poderemos orientar ... 3gulha. da nau lusiada, p que na coisa pública como no mar o aotbr direito pede que se mude ele rota C'dda hOt"J - lal como ensilUV!I aos pilocos o nosso grnnde cosmógrafo quinhentls13?6J 16 -

NOTA FINAL

Se este livro se destinasse a vir ã e.stamp~ acima do paralelo de 50 graus de latitude, onde ficam 3 Inglaterra, a Holanda, a Dinamarca e umas quantas outras terras de gente calma, este <'''apítulo acabaria com o número anterior, e o Uvro pass::tria de percebido como gesto baníllíssimo de um p".lc:ltO senhor que, usando dos .seus direitos de cid,.dilo, vem defender pomos de vista , discutíveis mas legitimos, que julga poderem orientar a opinião pública do seu País; mas em ambicOle mais chegado :lO uÓpico, onde as energias do Sol se desdobr.u" em aze ite, coniça e politicos 2calorados, é preciso acresCentar duaS palaVTas. Tudo ou quase ludo que ficou dito é desagrad<ivel, e eu sim~ duplamente como ponuguês c engenheiro; escrevi-o na convitçào de que é inconven;enle rulo o dizer e de que se aCrescenta O mal quandO se diz. Mas se se pergunrar de qu~m é <I C\llpa de I30 desagradável reali' dade, os polfticos 3cnJomdos dirto que pencllce ao partido oposto; e alguns julgarão fazer justjça vendo n2S palavras que escrevi, escrupulosamente inoolo~ , um:! nOla de colorido. E para que ninguém se c:..nse a fazer conjecturas, escrevi esta nOla final. A culpa da pobreza que deL,<o apon tada, como se reparte por 1000$, nilo é de ninguém. A monarquia , antes e depois da c.'lrta, :a repúbliQ democr.itica de 1910, 3 di13durn de 1926,:t repúbliCJ corpo(.ll· tiva de 1933, nunca tOOUf3m ~ peito, COmo JY.Ircela de programa potítico, o problema tecnológic.''O da produç1io industrial. É possfvel que ele n30 tenha mérito paro t:lo grande honra; m:u eu confesso imodesr.-· meme que na minha bem longa 1n.~iStc?ncia em prol da elect~ficaç::l0 e 6l Ikpob de conclutdo t'3t~ apkulo. Ii com muiLO ~gndo ii illlrod\J(';lO do P'I~ da ComiSSSO mcanqptd;a cko apr«iar as C'Ont;L'i P'lblict... rd:nín... 200 200 tk' 1943. (DiAfiD d4r~ SUpJenw.';l\lQ2Un" 140, dc 17 '2.1945). A. ~ cb tt':M' ~ nu.n.r~ ~ \/UI.1 lOO;t " poUlb que ~o uva por baSe (> 1I~U) de produçto


u.vx. <I< /lu...,.i'IOI4s '" Economia I-lmllgllesa, \'c1. /, Cap. I ~ indúsuia (e quantos anOS me semi

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no vácuo!) sempre me convenci

que ptJgnava por alg\lma coisas de real valor. d Mas se 3 Iodas as situações polÍlicas cabe um pouco da culpa eSle abandono da~ coisas industriais como renexo de um sentir geral, é elementar compf(.~nder que nem todas elas criaram :IOlbienle

para que o romemo da produção pudesse propor-se e menos aind.1

~Iver-se. Limhando-me aos tempos de que tenho consciência. reco~eço que no viver de h:1 20 anos, com :1 discussão caótica, em S.

a t~Ot do regi~e dos tabacos, a desorienta~o em que se vegetava e a ti de crédno à que ;:1 no prdácio me referi (nU 3), numa época Cm que melhorar as eSl:radas era a m~xima aspií.lção malerial dos =:ugu~ses. ~assar a vida a advogar um program;" de valorização . n6mlca se.na loucura sem remédio; mas se o penodo de amnla se ~~u - e oxalá se n~o repita -. .se O pretender que a técnica e O a al~~ em Ponugal mereçam cotação deixou de ser contra-Senso, .se espO 11<."'3 dos últimos 16 anos, com também lã expus, me deu largas q peranças, pesa-me contudo reconhecer que no sector restrito de c:':.c me ocupo fahou alé agora aquela claridade de decis:lo que ~ pa~:ra~~incar no presente um caminho do fUluro. :lo de 1933 eStas

~:lo CSbmos em posiç:\o de ter ~nhos de grandeza. que nO$ cobnriam de ridículo; de muitos lemos 1:1 que nos penitenciar. Mas o relativo desafogo em que vivemos merece ser o lhado sem a descrença de' vencidos Ião afeiçoada dos espíritos falhados; es~mos em muito boa altura de ensaiar uma pont'a de optimiSmo, de aproveitár este balanço com qu"e vamOS a subir para ler e adoptar a Atitude vitoriosa de Swcn M:uden.

~ bi.lanço, afinaJ, não tem sido aproveitado. O Conselho uperior econ6°~mia Nacional 64 não deu (ruto: 3 própria lei da reconstituiç-Jo

de

que ~ ,!UC3 .Oe! nQ 1914) n30 respeitou a generalidade do nome, portões 01 O~lSSa quanto a índúslrla e marinha meranlé - duas que5dev que, lulgo, no estado em que se encontram , se 0:\0 deviam nem e ~~ esquecer em qualquer tentativa de re\·jgor.unenlo económico;

~ COntrárlOJ abI'<lçou assuntos que oito teriam ficado m~1 sob tem o Irere.nte. Temos que passar a olhar a vida mais objectivamente:

r.;ul

!SUrg~ que reconhecer que e. IStem as condições basilares de um res-$e Un':e~o mas que esse n:1.o tornou ;tind:1 COI'pO com 3. largue7.a que

mUi~% injuStiça

negar Ciue .se tem feito. se n:lo ludo, pelo menos que as condições aauais da produção permitem para melh~ ida do trabalhador; que se tem rcconh(."Cid? n necessidade de

f'ar aO v '

~ ~~"~lh$lUl4",Wt SktrlaU.Anodc 19J2, p~g, VIII, ne 20 3-12. de 24 9. 1931 ......... aQ


}. N. _",{)/II$}I·

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aumenlar o rendimento dessa produção: mas a coisa mantém·se ht muitos anos em aftrnlaç:1o de prindpio, como se houvesse pouca fé no resultado OU pouca segurança no caminho. . Para o sentirmos basta reler ese:as palavras, claras como a evidêndJ. indixut1veis como axiomasM:. O problema social ê o problema da distribuição da riqueza. que mIO tem solução vantajosa sem o aumento da produ~o. Salvo o caso de parnitisfTlO5 económicos, que devem ser ev1ta" dos e corrigidos. só o aumento de riqueza pOde favorecer' solução da quest;lo sociaL

São palavras da er.I já longínqua de 1928, que foram submergidl$ pelo uopel de mlI OUt13S aspirações, porvenlur3 algumas mais instantes, mas de certeza todas menos valiosas. Por isso. como última reflexl1o. o português que ler os números deste capítulo e souber reconhecer quanto se caminho já na ordem, no crédito. na adminJsuação, resu(Jlirt em quatro p21avJ'2s lUdo quanto tem para dizer, simultaneamente de critica e de louvor: Quero mais. quero melhor.

Janeiro a Ma~ de 1945.

65 Dr. OIl\'rir2 SQ,lulIr.

q,. dI~ YOI.. I , ~ ...

15.


CAPITuLou VARlAÇOES SOBRE INDÚSTRIA 17 - INDÚSTRIA E N1vEL ECONÓMICO

aue!:bocCi. em tennos concretos, o peso da vida econ6miC3 portupe

de no quadro da

Europ3 de hã 7 ou 8 anos, quando o mundo. se jão

~ . D ~ verdadeira paz. ainda não entr:U3 na verdadeira guerra. cha pi a Imguagem de rodeios e metMoras, usei , possivelmente, das rnasmadas palavras duras, para nl10 encobrir

:1

nudez fon e, dolorosa

~sperança~, da minha tese. algu ve, e terei, a preocupação de n:lo dizer coisas complicadas; se

den mas me escaparem.

alguma afimlaçâo parecer muito transcen-

v~' não se presuma que sou douto, mas que sou confuso. O Unlqu é harmónico e na harmonia se esconde uma complexidade de ~ se não conhecem os limites; contudo. as noções directivas são _ ~ elementares. e só execut~-13S com pred 110 mostra sua subtileza

me:lefist:lnte paro que devamos desconfiar das soluções cxçesslvaDe ac.ei.s. Adiante veremos algumas. mos J:IS,de febo o esboço, claro e rude, do Que somos (! onde estats~ P<>.s de se medjr com ansiedade o declive da encosta 3. subir, alavara •se a pergunta sobre qual o meio que vai servir-nos, como nova eco., nca, de Arquimedes. para mover o mundo quase estático da nossa COn~mla. E. a respostól paira no ar como vapor que aos poucos se s&:ulo~1I~. md6stria. Ganhou prestigio a classe estéril do m~do do

CUIt~s antes de prosseguir quero di7.er duas p:llavr'.lS de justiça ã agri·

tos c~ n~o v;1 S~por·se que caio no exagero de lhe diminuir OS méeiNu ~.e.xtreml5mo elo frequente cbs nossas o pinlôes.

C:Onfes..:~"r:o qu.c me foi oferecido h!\ qu:mo ~,nosl. defende·sc. sob ti

enl~o IOnucnda das doutri~s da NOtKl Ordem que a Alemanha para napregoava, o critério de n.-duzir ou eliminar ti nossa indústria OS tomarmos no estm ngei ro mais fortemenlc compradores e I

M.c.~ ClIN:l OU"dril, PukstrasEamd",lcru, Ed. DakoMôI, I'uno, t941. p. t"c kg


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podermos com maior facilidade vender o vinho do Porto e a cortiça; e se reconheço que o autor trofa as 3ctivid.ades industriais portuguesas rom.durez.'l quase inteiramente merecida , confesso que 3 proposta me parece 31inhar entre aquelas que al~S classinco de excessltldmenre fáceis. É lima soluçilo exuemistn. N::Io sei que relação tcm o auto r corn o vinho do Pono; mas lembro que a Nova Ordem aJemà nào é inteinameme desinteressada, como o 0:10 foi o Iivre-cambismo de Adam Smith

e seus continuadores, numa época em que a Inglaterra nlantinh." por grande diferença, :1 maior força industrial do mundo.

Outro exemplo agudo de e~1:remis.mo me lembro de ter lido, não me recordo onde, quando hã 15 anos se começou á sentir a concorrencia do automóvel ao Clmlnflo.de..ferro; não faltou quem lembrasse que a in[r:Jestrutura da via férrea Lisboa-Porto seria óptima pal'3 uma aUlo-eslrucb· Não ê minha intenção seguir estes exemplos e mandar arrancar soutos ou montados, laranjais ou olivedos, para alimentar 35 fornalhas de urna IndÚStria rnollSlrU0S3. A agricultura é :I primeira de todas as indústrias porque é , por e:xcelênda, a indústria da alimentaÇão e é, portanto, a primc::ír.I c maiS 5ÓHda base de toda a açtividade humana ; OS países em guerra têm-no sentido dUr"3.m enlc. Isto se reconhece sel'P favor; mas aqueles que alguma vez lerJ.m um livro de M:uemática ou, pelo menos, distinguem sem ambiguidade o sentido das palavl"3s. sabem que o necessário nem sempre é suficiemc. A agricullul'"'J é a mais volumosa ocupação dos portugueses; h~ cerct de 10 anos foi alculado que a nossa produção agrícola anual SOIll3V3 peno de ; milhões de comos, não subindo a produção indlJS"" mal (descontando, para n:1o falsear o resultado, o valor das m..1térià5'" primas e$lrJngeira.~ nela iOlégradas) a mais de 1 milh<loj e mesmO aceiWldo, com O autOr da estimatir.t, que est;.t última avaliação estâ coLl' culada por defeito e pode ser aumentada para 1.5 ou 2 milhões de conlOS. ainda :1 posi<.::4lo da Olgricuhura se avanl3ja sem comesração1. Sobre ser a mais importante fonte de produção, ~ agricultura dá-nOS os ntais quanliosos valores da exponaçâo que . na médi:l de 193 1-34, se repartem como segue':

Produtos do solo cultivado ................................................. Produtos tendo por origem o mar .~. .. ......... . ...................... Minerais e metais ........................... ...... OUtroS producos da :actividade nacional.. ...............

60.8 % 20.3 % 7.0 % ~

100.0% A agriculfura [em portanto na economia portuguesa uma po~çAo de destaque que seria insens:HO dépreciar~ mas assim como O EstadO,

'Prol' E. A. lima ~o. Inqulnto 1faJn6mlço..asrlaoia. 4- \"01., P-d. da Univf:11Ikb.de T&nk:Idco u.~. 193-1. p 17eq. , klcm,p. 17.


Ilobo. Ru"",

_de _ia

Pott«gIIf$Q. 1'0/. 1. CAp. II

91

~ o maior comprador de uma nação, não cheg:l para razer viver o ~io; assim como o oxigénio. sendo o elemento Ol."Iis abundante Globo. nlio bas13 para fom\ar :1 Terra e os seres que a habitam; a agricultura nlo ê capaz, por si só, de constituir toda :1 3aivi· de de um pais.

:bn

Para mais, a agricultura em Portugal est1i. longe de trazer 20S que dela se OCUpam situaçôcs unanimemente prospems: O (r..lbalhaOOr rural e o

~.ueno proprietário. se não têm outra fonte de recursos, passam vida ~ ~o de má. E somam milhões de pessoos, N30 sei se ê porque o solo ':'lun, o cHma hostil. a técnica rodneirn.

OS

beneficios mal repartidos, o

~lado do terreno OU a éXtrema divisão da propriedade em boa parte território incompatíveis com a expans.io de meios meclnlcos, a defici· :te organização respons\veJ pela d<..--scid.1. além do razoável , do preço venda pelo lavrador de aJguns produtos da sua colheita.

O ceno é que Uf1l3 destas causas ou algumas simultâneas m\o deixam que a agricultura portuguesa seja UI1l3 actividade suficiente - ao ~ para ocupar I~ 0$ milhões que dela vivem hoje e que moom a cerca de metade da nossa populaç.lo. Por isso, quando se lê que ~ um país essenclalmetJle agricola, tem-se a impres.'ião de que se 1ll.1Í.5 jusco dizendo prl"clpalmtmte agricola: porque esta ç:xpres01:: traduz.lndo uma verdade, pennitiria a legílim.1 dúvida . que a pri('Q Ira n3.o consente, sobre se o somos pOr na.tureza, se reunimos ndiçõcs mesológicas para O sermos por essência, ou se o somos ape: por atraso, sabido que o amanho da terra é herançn Que nos vem homem primitivo. A agricultura ~ a mais elementar das aaividades :onóm1cas; exercê·la em exclusivo ou defender que assim se faça ft'Ce-me um caminho lrmcional. nl Em qualquer dos casos, 3 indústria de hoje, pelo menos enlre nós. ve~ I~ a agricultura como Inimiga. ":lo tem com ela oposição irredutíeh de Interesses. como teve na Inglatefí.l no tempo da Liga de Mana Cster; h.1 os inevitAveis atritos da fixaç;1o de preços dos produtos q~e~las que s:to ITl3téria-prima industrial e dos produtos industriais ~Intcres.'\am ~ lavoura, principalmente os adubos; mas isso dá·se do n6s COmo por toda a pane". como em lodo.';;; os 3<..'OS de comér~ ~ sem que as duas aCllvid3des tenham a ideia reservada de se exclui.

::na

ma uma à OUtr.l, porque os Estados v:lo tomando 3. pouco c pouco

~ COnsclênda d1 sua (unpo arbitral. I)elo contrário. no caso panu· ai

I

_cm. que rUo ê rnoável encarnr de momento outro mercado para

&r:andUStria que não seja o imerno, pode dizer-se que a agricultura é ;I 0rlaJ.~ cI~te daquela, pela sua pMiç:1o dommante na economia n.'ld.. rtlo ~ '! a IndÚSlri::a SÓ tem vantagem em que esta viva pr6sper.a. porque Inleressa .. ninguêm ter frcgue5<."S sem desarogado poder de com·

riQ_~~ts TIU~. Lf.oJ prl..,desnegmU ~ Inl Pn.""., t'llerm I.J(II'WIfOIlJ, Ed. [)ou_illt:, UIk, 1940


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; ,N._DiaSfr,

pra. Um antigo vendedor de automóveis em Usboa registou que se vendiam mais carros nos an os de melhores searaSj e tudo o maiS se pas..~ rui mesma proporçiio. Concordo com o asserto geral de que ~ sodalmeme útil que haja muitos proprneúrios rut'.lis. qLle haja muita gente com a vida ligada :l terra; porque ter um palmo de chão é ter uma amam e o viver na conlemplaç;lo da nurcha vagarosa do reino vegetal toma o home m sereno.

Mas quando se habita em 9 milhôes de hectares. dos Quais, em números redondos, 3 $lo incultos (produtivos ou rUO), 3 de fl oresta e apenas

3 de ch~o arável. quando 70% do território tem no verão um indice de aridez inferio r a lO'. com a con.sequeme baixa de rendimento, quando

o programa da Hid~ulica Agrirola prevê o regadio de 106 000 hectares (cuSlando mais de 1 milhão de contos) nos primeiros 15 anos de trabalho (que múltiplas conlingêndas obrigano a alargar) e limita 3. 400 000 ii máxima oirea reg;\vel '. quando OS baldios reconhecidos não e xcedem 407 000 hectares, dos qua is 332 000 com aproveitamento norestal e SÓ 75000 com aproveitamento agricol3 ", não pode deix~ r de ser limitadO o número dos que deverJo possuir .. lerra co~ suflciênda para viver: ter OUlr.l opin~o equivaleria a violar a Tábua de Pirágoras. E [ambêfO não poded ser grande o nume,r o de assala riados bem pagos. A pr6pria Junta ck Colonização Interna reconhece que do seu tra" balho n20 pode sair contribuição decisiva (XIra 3 arrumaç30 do excedenle demogrãf1CO~ Apura-se que predominam as terras de aptidão florestal, n1ôU a área 5USCepeJvel de aproveilamenro agrkola ê ainda impor~ [ante e , conquaru.o não lenru. a extensão que pennita fo ne aUlÚlio a resoIuç;\o do grave problema demogr:lfico do Conllnen te POrt\lgud, segur:ame:nIC a sua melhor ulilizaçlo muito contribuo ir.i. para maior bem..esur de numerosas faroíUas rurais. O romãnlico problema do reto mo :llerra, que já levo u Anselmo de Andt:ldc:' a crilicaJ" Oliveira Martins de o haver trarodo com mais senti-' mentaUsmo do que ob;ectividade, n;lo passa, pelo menos e ntre n6s, de uma figura Iite~ri3 , porque o agro lusbda j:i tcm hoje a servi-lo maiS do que aqueles a quem pode pagar; e esses que e.st30 em excesso j\.lfl" l OS com aqueles que nascem cada ano nào podem nxar-se 100almet1l ( nele e menos ainda melhorar o nível de vida, porque 530 limitadas sem serem de desprezar - as possibilidade de colo nização interna e , Eng. Ev..-qujeI de Campc;llS. -UnI cbeqt.liJlbrio no amblcOlI:' ~. RmUiO d6 FtlCJJdDdl 1M EntJmbarla, n· I, 19)6. , OOrlo das ~ de 12 ) . 19)8, 4S1 SUpIC.mnllO:aO n" 19Z. ., Junl20 de Coloni:taçlo Intcm;t, Ilw;rmQeclPfH!lIIO dqf btllJit)$ 110 comllUf" '" vai. I. LlY bo;1., 19l9. p. 50. , klilm. Inuodoç1o. 'Pom~F.t,t,ntjm~ F.d FI"'~1'Ç1I Arn;&do, Colmoo, 1918, p. 137 c$Cg.


l1obo II< Ru.... NouJs de _mia Porn;g_ VoI. /, CIIp. li

93

de correcção dos desfavores do clima. nem pode pensar-se que sejam absorvidos em massa peJo pOvoamento africano; e a atracção da Cidade, do centro industrial. sem assim um fenómeno tão irresistível

corno a gravhaçào unjvClNI1.

Não quer diz.er-se com islO que hajam obrig:uoriamenle de alojar-se em Usboa e POrto _ os únicos grandes centros urbanos de Portugcal _

OS C)[cedentes demogr:Hicos; penso, pelo COntrário, que só hã desvanta-

sem em centr.diur nestas duas cidades, mais do que ;5 est;lo, os inte.

~ses ,e as pessoas dos portugueses. Sempre me pareceu que a ~ 'ÚStria, salvo qu.mdo necessite da vizinhança de um grtlnde porto,

o deve amOntoar-se naque les dois centros ou seus arredores imedialOs; tenho como solução preferível que as maiores unidades fabris se enCOStem às vilas ou cidades de provinda, para lhes emprestarem um pOuco da sua vida e receberem em lroca as facilidades de m!io-de-obra ~~ os recursos que um aglomerado facultai mas tenho por fanta· a Ideia de ruralizar a gente com .. transferênda d:a indústria para O onde se reúnem com dificuldade os elementos essenciais de o em casos restritos de actividades caseiras, d.1 preparação simples Os PI'odutos da tena ou da exploraç.lo de matérias-primas do subsolo. d t,:,nspones.:1 água, 3 e nergia, ii nalurcza do solo, os mer~dos, a i~nsl~de de população, condicionam 3 distribuiç~o geográfica da lÍ.Stria; não se lhe pode impor um preceito rígido de geometria. • Sem dúvida, há , como se disse. possibilidadc$ de tornar mai s 'Iltensi\l'o o tr.tbalho agrícola. de tlumcntar a utilização do tr:abalhador ~ral. de O fIXar mais fortemente e maiS densamente à gleba, de lhe r maior largueza de compradorj mas repito que tudo isto me n:lo bastante paro a nossa necessidade, ainda que se pusesse em daetuç10 um vasto plano de fomento agrário devolado ao aumento de:odução especifica. Que alguém o ponha em tetroas práticos, que ~o sei falar. As est~nlstlcas de quase todos OS p<lises mostram como baixa a per~gem da população agrícola mesmo quando aumenta a produção é f~; pretender o contr.irio parece demasiado. porque o fenóme no to ciJ de compreender. O bom em teoria nem sempre é compar:1.vel m a prática _ e esta é a pr6pria vida. r. Ho,e, SÓ ;} OJSla do ama nho de terTaS Improprias, da distribuiç.1o de trabalhadores pelas propriedades 3gricolas corno modali\ta especial de imposlo, da rejeição do tmb:dho mecânk:o. da conserde um nlvel de vida abaixo do mínimo toler.ivel , Sé consegue ~er a população rurJl que i~ tcmos; diminui· la e ",lo aumentá-Ia é o i n....~~la a rt.'SOlver para que melhore O salário, para que se e nlreguem ~'vlesta as terras pobres Ou mo nranhosas <Iue teimosamente lavramos. br:ara que se flleC'Jnize a lavouro que rotineiramente quase só conhece () quYO hlJffiano Como m!iquina mocriz ou operatória - sem suma. p:lra e ~Ihore a vida do (.:a01po.

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::da rnf°


J. N. Fem!fra f)(a$Jt. Como resumo. a agricultura ê muito, é desejável que seja ;linda mais, mas n;1io é ne m secl suficieme . Mostra-o o caso ponuguês e dizem no os eco n o mista~. S:lo inúlel., mais palavr:lS. Por outro lado. o comércio só poder.'í viver encostado à agriculrorJ ou à indústria. dJ.do que não pareçe f:'ki l cria r en lre nós um comérciO de lf'5nsílO com volume bastante para que peses, como nos lempos da pimenta e da canela; e ficam-nos, por exdusào de partes1 abenos doiS Cílminhos paro conduzir OS espíritos ansiosos de prep3r.1r o futu ro: OU 4

decJarnmos

:I

nossa incapacidade para vivermos como pais indepeo·

dente e civilizado, para consttuinnos uma f6rmula que nos permita

chegar onde devemos, Ou abraÇámos a profissão industrial, dando-Lhe lodo o esforço e todo o entusiasmo. Como o primeiro caminho é incompatível com o sent imentO de lodos nós e até - juJgo senti-lo - com a .convicç:lo da maioria , cheg2~ mos, como 5Olu~o única, àquela que atrás se ind icou: o fomento ~ ind(lslria - S<.'m descur.u, como já frisei , a melhoria da lerra. Já apónU' que a obra será lenla; j§. apontei que poderá n!l.o ser vasta; rcpito-D para que se n:lo espere que o ce.nário mude como nO leatrO. Não quero gar:mtir que:1 SQluç:1o é completa; atmno apenas que o aminho me parece o melhor. E se este C3minho ê de salvaç:1o nadonal, se é traidor aquele que prejudic:.t a defesa da SUa (el'l"3 - e a defesa económica vale tanlO como a defesu militar - talvez n1'l0 seja exagero ver·se uma ponta de rraiç:lo em lodos aqueles que por interesse, por Ignorância , por snO'" bismo. por mingua de inteligência, afil1Tl:lm "010 acredita r na melhorfll tb ind(l$Iria, malsinam o que Sé prete nde fazer ou encolhem soben.ln 2• mente os o mbros ao ouvir falar de n oV3S instabçôes em projecto. Mas outr.t via de consideraçilo nos leva:' mesma solu ~o, nos coO"" duz à I11CSnu relaçlo lógica entre a indústria c o nívcl económico. se observarmos a ordem por que os países da Europa aparecem no Qua# d ro XIX, s:aha :\ vista que :ul: ao n9 15 flguram aqueles em que a indústria predomina sobre a agricuhur.t ou (em, pelo nlenos, importânci' relevante; que cbi p3í.1 baixo SÓ aparecem OS palses agrícolas, aqueleS em que a indústria pouco mais ê que um incidente da vickt nadonal: e que os dois últimos são quase d('"Slituídos de actividades fabris. Vista a mesma ques~o por Outra forma , OS primeiros H paíse5 (bquele quadro, excluidõls a Irlanda e a PinHindi.a . nações novas e m ripida evolução, estilO com preendidos IOta lmen te na Europa A de Delalspo - ru Europa do Clvalo-vapor. :I Europ:1 <Iue a indústria e rtl um sL'Culo diferenciou do resro do continente; a (uUia, que l! o IStJ, te,11 naquela Europa um terço da sua :irea (P:If4:1 o norte de Florença); d~ restantes 11 , só três, :I Espa nha , :I Po lón.ia e ~I Jugoslãvla, têm peq u en~ nesgas de territó rio (Cat3lunha, Silésia. Cr.o~cia) abrangidas por aquele!


UII/)Q tk//umo. No/as tk E«momkl Prntuglles., vo!. I, Cap. n

95

li~les. A innuê nch d3 indúStria na o rdenação dos países aparece com

evidência.

Demro do nosso eslreito panorama n~donal o fenômeno rcpete-se i~ a mesma nitidez.. Hã cidades, como Bragança, ~mego, Pinhel, i~Vir;J: que têm o aspecto murcho das coisas sem vida, o ar triste e ~ ~oso de povooç.oes 300ndonadas; hã vilas, pelo commrio. como hVClta de Azcmêis, Fanuliclo, S. )0:10 da Madeira, Santo Tirso, com rumores, modestos mas sensiveis, de mocidade e movimento. que erecem ao viajante uma nota inconfundível de frescura e desafogo. i ~ () trabalho industrial a muhlplictr Q rendimento que na mesma t rea e COm a mesma populaç'Jo seria ca p:J.Z de da.r a agricultura. Na.$ s Com ceno nível induslrial há melhores casas, melhores lojas,

:s

C7

me hores obrns camarárias. maior abundância no mercado. Há mais &ente, mais dinheiro melhor vida . se E se fosse possív~1 acrescent3r o número de povoações em que iS10 pa dã e melhorá-lo naquelas em que já se verifica? Não seria contribuir ta aumentar a dignidade do Homo sapiellS! rn~~to que disto se não iofinl que espero d:1 indústria redenção do

18 - INDÚSTRIA E SEGURANÇA

"guerrn, esse mo nstro de que falava Vieira. tcm sido minha aliada ~ C'~mpanha dc mOSLrar aos portugueses o ça; minho da indústria, ~ ~~ dificuldades que trouxe :1 vida nacional: porque as: dificulchdes ISadas a POSlerlorl ~nham em evidência, embora a análise perc..t Oponunidade, Pa J;\ se tem discUlido esta oportunidade com o Fundamento de que o is ~o suportaria h1i 10 ou 12 anos o esforço Rnanl'eiro que lhe cxi: : Os programas de fomento agom aprovadosi LtaZ-S(! hoje a vista ba ndeada cOm O brilho dos muitos milhões de contos depositados nos 8a1'ICos, como nUnl'3 houve rnem6 ri:J em tcrras de Poltugal. e parece julr·se que sem Isso nos estaria vedado lodo o esforço rcnoV2dor. fe O argumento n30 resiste a uma critica mesmo ligeira; o que não se ~ n~o se fe7. e n:to vale :I pena invent.1r í.l1.óeS, OS progmmas aproYaç de electrificação e indústria prevêem uma imobili1..aÇ'.lO, com pre~ 1936-38. da ordem de 1,4+ ' ,3-2.7 milhões de contOs. que Pon os arredondar paf3 3 milhões. ;t dispender em 8 anos, corresum dendO;\ média de 375 000 contos por ano; e admitindo (talvez com lertaJ>Ouc.'O de excesso) que neste conjunto 50% (,"Orre.spondeln a m3187~ Importar, ficamos reduzidos a um enC'.Irgo médio eX"l,e mo de fi

c:

JVU

COntos.

Pa ?eft'nder que anles da guerra o conjunlo do Estado e da economia qU: 1CU1ar nào supol13Va o encargo de imobilizar 375 000 anuais, ou a baJancn de pagamenlos nilo resisti!!. ao aumento de Impol1açàes


J.N. _ , . f)IIJSjr.

de 187

.500 com05 parece-me o cúmulo da prudência, ramo mais que

as obras a empreender se iriam tomando reprodutivas muito antes do prazo total; e se de facto viesse a Calcar uma parcela para completar o plano,

~o

vejo que mal havia em reconer ao crédito exremo, que se

O(torecia lodos os dias desde que se sa neou 3 atmosfera financeira. Ambas as leis (nesta dara já publicadas em redacção definitiva com OS números 2002 e 2(05) admilem ::I part.idpaç;Jo de capitais estrangeiros. embor:J em limites moderados; e o crédito externo amortiz..ivel,

preciso, n=lo seria desgraça, porque

::I

fosse

boa administração nJo está em

dever nada, mas antes em dever quando nos é conveniente par.' novas criações produtivas, que nos hao--de permitir pagar na altura do vendmento. De contrário. estaria todo o mundo desgr.Içado - o que mo é inteiramente verdade. 0.1;0

Acresce a tudo isto que. se as facUidades actuais de dinheiro crescemm, o \f3Jor das u'ocas em escudos cresceu também; e embora sej2

mubo contingente fazer previsões, porque se ni\o sabe como vai eVoluir o nivel de preços nos anos próximos, n!io sem impro~vcl que ~ despesas subam 5% sobre o valor que teriam h:1 10 anos. Mas voltando ~s dificuldades que a escassez de cenos produtos nOS (fOuxe nos últimos tempos, n!lo é dificil reconhecer que muitas delas seriam supríveis ou :uenu~\'eis pelos nossos próprios meios se noS livés.-;emos prepatoido paro isso; e o índice do COSIO da vida teria sidO certamente menos afect3do .se em alguns producos essenciais tivéssemos podido manter maior estabilidade de preços. Quando se analisam as justificaçõt..-s do ;1ume:nlO de preço dos arti~ 80s industriais ou agrirotas de produção nacional , M cinco verbas que

aparecem quase sempre como principais rcspoll.5ãvei$: elearicidade. ferro, adubos, transportes e combust1veis. Na primeim. que subiu em muitos casos 100 e 200%. se tivéssemoS reila ao tempo uma ou duas gra ndes cent rais hidroeléctricas e 5ua5 \lnhll8 de iOlcrIi8:.1~o, podertarllO!' ter·lhe mamldo O preço sem ;lher,l-

çào de! um centavo; na segund:!, se livessemos pelUiado e execuladO oportunamente a sua

clcctrometOllurgla. poderf.amos ccrtlJ-mentc limita"

a ,o ou 40% o aumento de ~ ou 400% que atingiu segundo as tabel;lS oficiais; na lerceira, poderíamos ler m:.lnLido com pequena aher.ação O

preço dos a7..Olados (sulfato de amónIo. nltr.ttos ou clanamlda) Sê t!vés-" semos insIalado as respectivas indústrias, evilando os 200% a que chegar.lm, mas pouro poderíamos ter feilo nos fosfatados ou pocássiros de que n30 po suímos matéria-prima; nos transportes e combustíveiS .:dgunu: \lanlagcnl se reria conseguido se .3 eleclricid:lde não f()Ji.Se UliU~ zadol"3 de uns e de outros, se o caminho-de~(erro livesse electrificado algumas linhas de nuior trMego (factos de que teria resultado menor especula~o

no preço

oos lenhas e maior disponibilidade de carvoes), e

se houvesse um pouco de qualquer líquido C'.lrburame :& remedí3I ~ blua de gasoli:na ou tivéssemos marinha mercante que comportasse [JêS


lbJba de Ru .... t/oUIS '" &cnom/o Prmuguesa, 1111. I, Cop. II

I

97

Ou quatro bons petroleiros, que evitasse.m () {relamen tO de navios estrangeiros a preços de loucura. Juntamente com a escassez de produtos de que se presume podefl1Qs bastar-nos ou, ao menos, remédiar-nos, sem que o tenhamos [entado em tempo, outros nOS faltaram - e sempre nos fal13r.1o. Estes, ou Ilio os deixaram exportar em quantidade suficiente os países produtores, Ou nào nos permitiram as operações militares que os fassemos busC':I~ Onde existiam; mas paf3 este género de apuros o únko reml!dio é 3 resignaçãO.

Destas fahas resultou aumento do nível de preços acima daquele rninimo que nos impunha a natural dependência ; e nasceu também Urna atmosfera de tnitapo que registo com desgO$lo. porque embora

lenha largo exagero nào é de todo infundada, assente que o h.wcr guerra e o vivemlOS melhor que todos ou QU3se todos os povos da ~uropa define uma rel:uividadc, que alguns negam memindo mas não Invalida a verdade nbsolu13 de que lalvez se n!to le nha feito rudo que 3 Pfevidênda aconselhava e era possive1 fazer. rias Qu.e teria sido da Suíça - bem mais dependente que nós em maté-primas e produtos alimentares - se não livesse a electricidade a a.ssegurar_lhe o trafego ferroviário, a indústria qutmica 3 dar-lhe carour:IInles e adubos e a indústria mecânica 3 pemlitir-Ihe a recuperaÇão de desPt..·rdicios com que conseguiu manter a maioria das suas fábricas e ofICinas? da Há pois um minimo de actividades que um pais nào pode descuir sem deSCUidar o equilíbriO da s ua vid:l , a S(.~urança da sua economia: silo todas 3quelas que res peitam a sectores eSSenciais cuja 5~PrcSSào ou redução afecte t:om profundidade 3 med.nica da sua ~que1..1; e quando 3 iniciativa privada se nflo abalança e encher essas cunas, deve o Estado pens.'1J que nasceu para si uma obrigação mais nobre que a de m7.er de policia: fazer as indúslrias ou promover que j

as fu ..-am , Não preocupa grandemente que o Pais '5leja priv.® dUll!nte U/15

OUIf0:5

anos de auro m()veis de turismo. lecidos de seda, aparelhos de T.S.P, oU charutOs ha ....anos, porque o alX110 t:COnómlco se restringe a um seclor

COmerCial limitado; lIlas a falta de energia, de ferro, de adubos, de

~O$ponc8. de tudo (IU~ h:\ de Indlsf)(!l\S:1vel il vkla , é obrig216rio evlt~.a tempo, tanto quanto pennitam os recurSOS próprios. quaisquer que Sejam as opiniOes que se tenham sobre o papel do Est3do ou qualquer qUe seF' o lex\O d:t COnstituiç:lo . . N:1o se põe um problema de autarquia, de agressividade econ6~; põe·se um problema de legitima Ségur.mça. E como cert1menle ~In(c\lém está convencido, como parece que muita gente esteve em 918, de que esta guerr"J. ser.\ :1 última, é: de esperar que n:1o lOrne 3 I'eJ)et:lr« o improficuo expediente das horas críticas; muita Jament!1ç:lo e algunu improvlS:l~o.


J. N. Fmttra DfasJf.

o que me :lIarma é que o fim d2. guerra parece próximo e :I lembrança das provaçOes passad2s l! muito capaz de se ap3gar na memória dos portugueses quando recomeçar 3 ser rácil mandar vir por le1egr.una aquilo que for preciso; terá desaparec:ido O estimulo actu:lI e h.. ver.1 que desenvolver dobrado esrorço de convencimento p:1ra passar do pouco que já se fez 30 muim que falta fa.7.er. . Temo que exagerem 3quilo que digo tanto como lemo exagerar eu próprio :lquiJo que penso. porque nada há mais prejudicial a uma. causa JUSt3 do que 3present'á-la mais virtuosa do que rea lmente é. Por isso me preocupa o n:to esquecer aqui e além a prevenção de que 30 defender o eStabelecimento de algumas indústrias n:lo aponto f3cilidades de paraiso. Dificuldades em tempo de restrições no comércio externo 1.ê-la5-' cmos sempre; apen.,s as poderemos :llenuar nos casos conçreCOS que foram referidos ou naturos que venham a ser abrangidos pelo desenvolver da produção nacional. Nem OS Eslados Unidos ou a Rússia . que pela sua eXlens.lo e variedade de recursos podem tentar com maior êxito o regime de perfeita autarquia, conseguem viver em economia fechada insensível 30S eventOS exlemos; ncm esSOI é. seguramente. :1 posiç3o que convem :1 est3bilidade do mundo. Tem·se algumas Ve7.e5 levantado em certaS capitais o problema da dislribuiç;1o de matêrias-primas; e os que de longe ouvem estes rumores ficam de orelha desconfiada :l espera de uma concepç3o muho lurídio que permita retocar o arranjo colonial ou mandar n3 casa dos outros. Mas na verdad~ , o problema das m;atérias~ primas é Rrio porque é vital ; elas imcress:am a lodos e 56 exi~'tem na casa de algunsi racuhar 3 sua compr.a faz parte dos fundament,QS da pu e obriga ;] receber em troca alguma coisa; dai a necessidade do comér· do infernadona!. quando nito seja Ce (! sempre) por Impossibilidade tisiCá de viver sobre si proprio; cbi a Interdependência d.1S economias nacionais. Mas que cem que ver es.'ia interdependência, nonnal e compreenst· vel. com a situação inuanquiJa de quem se encontra em sectores vitais a comer e a Ir.abalh:u pela ~o alheia. , com a fundada susfX:il3 de que o está por sua imprevidê,nci2? 19 - PREMISSAS 00

txrro INDUSTRIAL

No tempo em que eu estudei instrução pri.Jnária o tr;atado de Melh-

""en cr.a ainda unu calamidade que assolara o reino no principio do .sêcuIo XV1I(. uma espêcie de segunda flIoxera (cronologicamente 3 primeira), dislinguindo-se dcsla por certa oposição de malefício$; e nquanto 3 praga henüptcm , 160 anos mais tarde, veio al3C3r :15 vlnh:IS sem ptedade. a proposta do ministro britânico trouxe ri eStas reforçado viço por assegurou aos vinhos portugueses em Inglatem posiç;1o pauml


l.htbtz -Ilumo. Notas de EanK»n1a PorlU8,ueJa, vot.!. Cop. 1/

de favor relativamente aos simiJares fran cesesi mas, dizia o livrinho de História, a coberto de Ul0 aliciant'e v.... ntagem 1r:t7.ia nas entr.Jnhas o proPÓSito de destruir a nossa indústria , sobrerudo :'1 dos hlnifícios, já ent.;o acamonada como hoje em redor da Sefr.i da Estrela, e roeu·a com {aI sanha COmo se fosse traça . ,As ideias a la! respeito (êm sofrido cena mudanç'J no sentido de mator íusriça. Quem leia os três singelos artigos do famoso tralado ", quem conheça 3S críticas que leva ntou na própria Inglaterra, quem lenha alguma ideia sobre o b-.tixo nível da nossa indústria de lanificios ~ séculos "XVLI e XVJJl, lem que concluir que o tmtado de Mct.hwen ,01 Uma esplêndida desculpa 3. que os portugueses se agarraram para Iusuficarem a insuficiênc ht d:a sua produção lêxtil; e 56 assim se explica que ainda faça sombra dois séculos depois da assinatura (1703) e um século depois da sua revogação (1842), um modesto tra~ lado pelo qual os portugueses n:.l0 davam ;105 p:lOOS ingleses nenhum tratamento de favor mas apenas se comprometiam a revogar a proibiÇão de os imponar. As sucessivas pragmáticas deuetadas nO fim do st"CUlo XVII , com o ob;eaivQ de limitar o luxo dos veslU:iriOS, proibiram mais ou menos CkPressarnente o uso de panos estíJngeiros, m:Js a proibição ,";lo era ~rupulosamente cumprida, a ajuil..ar pelo número de leis e por cena a InnaÇão do Padre António Vieira: Depois da PM8mõllca cresceu tudo uqullo q"ese proibira 11.. Por isso 3 lei de 28 de Junho de 1698 (4- prag~tica depois de 1668), que repetiu a e"du.s.~ó de panos cStr3ngeiros e rxou Um figurino oficial. chegou ao ponto de punir os :tlfaiates ttans&rcs.sores COm degredo pam Ma7.agão lJ, Neste ambiente de longo e feroz proteccionismo anlerior ao tratado (prolecção em que se adivinha quanlo se riam. melho res 05 panos ~~geiros) :t indthtria pon.uguesa n:lo cumpriu; :as pr6prias entid'ldes :;1315 que a defendiam, re<:onh('''Cér.tm, no Regimento de 7 de Janeiro 1690, que os (Y<lnos ruJdonais eram mal obrados efa/siflcados, assim ~ COnta dos /los como "a Impropriedade das limas. As peças não hnham Ocomprimento indicado nos rótulos e n:1o raro se encontravam nódoas. farpas e atê buracos, Algumas de7.enas: de anos mais tarde, no I~po de Pombal. o crédito das fazendas r1.1donais n10 melhora apreCiavelmente l • . Deixemos pois em JY.IZ à memória de Methwen , a do Marquês de Alegrete, negociador português acus.1do de se ter vendido, e assentemos em que o tnuado está complcro.menle inocente do atraso da nossa l'Iill ~ Prd. PrmctK'O AncÓf'lIo Com:b, /I1Stt}rin 6ccm6",ica do ~ Empn'$:l Nlol00. n Pubtkkbdc, ~ , 1930, \'01. 11, p. 44 . boca J~o lJ.i(k) de Azevedo. Êpow$ i/Q Ptm/wu f:eo'lÓInlco, Ed. Uvruri.a ruMiC2. lli· l~m, p. 423.

,

11

~::: ~' ~~j c 418.


j . N. _ " ,

100

DIas".

indústria nos dois séculos que antecederam o actual, atraso que mais se funda, pelo pouco que'!: se deixa dito, na falta de cultura dos industriaiS da ~poca. No fim do século passado, publicou Olivei.ra Martins 20 p.íginas ptimorosas tendo por título O Imlado de comérç(o com a Frtmçl4 e por data 7 de Fevereiro de 1882 1) . Fazem a defesa calorosa da necessidade do amparo à indústria; e embora. sob :1 Innuênda das ideias da época, vejam ainw no:ar O espectro de Methwen. contêm tamo conceitos hoje pleJ\3mente válidos que me dari.3 vontade de transcrever na íntegra, se "lIo fossem a extensão e cenas passagens mais do que duras, lomad3s ce:rtameme por agressivas. Mas copio as linhas que seguem, as que mais interessam ao pomo àgora versado:

A âncora doutrinal dos livre-cambistas é O seguinte axioma: o produto liquido e dai a criação de riqueza é l:tntD maior quanto :1 ~plioção do tr.tbalho é mais aclequ,da. Nestes lennoS. com efeito, o principio é. incomestãvel. Resca-nos porém saber em que consiste o adequado. A nosso respeito, djzem que somo essencialmente agricoJas, que n30 temos Ol3térias-pri.rnas. nem caMa, nem ferro; que a indústria portantO é um.'-l planta ex6t.iCl entre nós, apenas susceptível de adimataç.lo :lo aJ513 de sacrifidos graves do consumidor. Parece-me tudo isto uma série de afirmações no ar. Mal do país que estivesse em tais condições. pois ti sua própria existência nadonal estaria condenada. A história mostra-nos que [odo o pais cuja ocupaÇ<lo .se tomou exclusiw. de um ramo, ficando assim vassalo do estrangeiro em coisas essencictLs, cedo o u 13rde sofre na dependência política a consequência da dependé ncl:J. económica. O camaer sintético que :1 educação procura. hoje imprimir no homem. é o carácter económico das na ções - que são grandes animais colectivos. Sem porêm t<lo claJ3Jllt.>:nte provado que o facto da au$ê:ncía de cenas matérias-primas entre nós crie em nosso desfavor unlól causa mortis lndU5lria.l? Nilo lT1é parece. Será O algodão indígen.1 em Inglaterra? Será acaso indígena da Inglálernl OU da A1emanh3 o (crro que ambas mandam buscnr à Biscaia para dar fundido o Bessemer? Sedo indígenas das naçOes fabris da Europ-J. a.s Ills que importam eh Austrália . do Rio da Pr-J.13? Será criado em Inglaterr.J o cauchu que vai p3J'3 lá da África e do Brasil? Sem fin:llmente indígena ru.s ilhas britã.niClS a cortiça que nÓS lhe rnlndáva'1llQ.i de cá , p:tJ'3 eles no-la devolverem sob a forma de rolhas? Assim o livre-dmbio do século XViU levou ao estabelecimento das Indústrias 'UlIurtds" nas relaçOes cb Ingl31Cfr:1 para conn05CO.


!iliba de l1li .... Notas de

_Ia

Ft>nusuestl, VoI. /. Olp. //

/0/

..

(. )

Não concebo interesses de classes, nem de regiões: vejo apenas imeresses nacionais c sodahi; c. como entendo, no meu

fraco modo de entender. que 56 se é uma sociedade e uma naç:lo quando se possui o sistema de órgãos essenciais no seu conjunto da mesma (onna que só se é homem quando se posSuem os membros e faculdades humanas; como emendo que uma região exclusivamente agrícola, exclusiv3menle colonial,

exclusivamente fabril, pode ser uma provlncia. uma fazenda, uma colónia, uma gr.mja, uma fábrica opulentíssima, sem atingir

O carácter eminentemente orsâll1c.o de uma nação; como

entendo assim. e ainda n:to vi t:lZÕCS que me levassem 3. mudar de parecer, entendo também que o liberalismo português ê réu do crime de ter 3bandonado a uma sone miserável todas

<iS

indústrias históricas nacionais, de ler deixado perder o mercado

brasileiro que a nossa história criara e a velha monarquia nos legou, de ler regateado as migalhas dos banquetes em que devorou quinhentos ou seiscentos mil contos de reis de emprés-limos a umas indÚ5Uias nascentes e raquíticas. por isso mesmo que foram mal amamentadas.

Fala aqui o economista imeligente, que observou um fenómeno, que o aplicou ao nosso caso, mas que sentiu a inscabilldade da constru· o , e não enoonlIOU fórmula de assegurar o êxito seni'lo no ataque ao ~~-QmbISmo - no recurso à p3ut3. Faltou-lhe o sentimento do prolonal a lembrar a lecnologia. do Mais tarde, j~ no nosso século, Anselmo de Andrade. o doutrinador exclusivismo agrário, afirmava I':

r

Onde as malérias-primas faltam, onde o carvão de pedra não existe, e onde 3 hulha branca é ainda um problema, as indústrias SÓ podem medrar à sombra de prolCcçõcs caras.

..

(. )

Deste modo não Sé pode pensar em fazer de Ponugal um país de indústrias, que nunca poderJo competir com as dos países estrangeiros. É a agricultura a nQSSl legílirrul função de trabalho.

..

(. )

É perigoso erro económico f37.er a Industrializ:aç:lo de um pais. quando lhe faltam 35 apropriadas condiÇÔ(.."S. Ao claro espírito de Anselmo de Andl'3de o recurso exclusivo ã

:&rk:ullur-..

n<lo

se apresentava como orná

soluç:lo óptima mas como

atallcbde resuhante de causas que ele supunha insupriveis: parece que 16

Cp, dI .. p. }42 ~ st'g.


102

nunca o compreendel'am muitos dos que o têm seguido no hino :\ 1erra

e no desamor 3. f.1brica. J~ antes das linhas aci~ reproduzidas h;l vi:J escrito, na esteira de Oliveirn M:U1ins. eS[3$ palavras que esclarcçem o

seu pensamentO 17; A nação nonn:.1 n30 d<.."Vc ser exclusivamente agrícola OU manufacrureira . Tem que se.r ámbas as coisas. Fornece a agric\JI~ [ura :l indústria uma gt'3nde pane das matérias--primas, que eb uansfom13 . Assegura :1 Indúslria à agricultura O mercado par:t essas 0l.1lérias·prima . É 3 feliz interdependênda das duas nalU· rezas de produção.

Isto foí dilO há muito anos e está aceite. Mas continua hoje a

repetir-se como novidade opaz de abalar as novas aspirações indus' triais, CQmo se estas fossem desmedidas; julgo que se cmpregari o1 melhor o tempo perorando ao portugueses doutrina de maior actualidade. As premissas de Anselmo de Andrade (falta de Clrvào, de hulha. brana e de matérias~primas) estão longe de conduzir obrigatoriamente ao abandono de Ioda a ideia industrial na met:r6pole ponugucsa. Veja ~ mos porquê. A noção de interdependência e ntre indúslria e caMO nasceu sobrerudo da necessidade de produzir energi::a com :1 máquina de vapor. criada nos primeiros anos d o século XVIII por Papin e Newcomen, aperfeiçoada por Watt , 50 anos mais tarde, e que se manleve até ao fim do .século XIX como a únia fonte induscrial de rorça mOl'riz - :1 qlle se juntou 3 lurbina de v:1por a partir de 1884. ano de montagem d3 primeira Parsons. Só no último qU3f1el deste século o motor de oombuSt:to inle nl3 começou a ter valor pratico, depois de criados os ciclos rcrmodintimicos de 8e'oJU de Rochas-Ouo, de Clerk e por último de Diesel; e a ener~ gl3 hidrnulica, apesar de se conhecerem as rurbinas de água desde 1824, só pode Sér aprovelrad'l depois de nascidas as mjquinas dina.nlO" elêclricas e conhecida 3 sua re.versibilidade (exposi~o de Viena de 1873) e quando se soube fazer o transpOrte: b:lr3lo de energia, experimentado pela primeir.:J vez na Unha e.ntre Laurcn e Frandolt, a 15 000 VOILS, em 1891. Mas a verdadeiro. c,'(pansão da hulha branca é já obrJ do século xx. Quando me lembro de lodo esle esforço prodigioso e do yast O 1300r científico que o antecedeu, sinlo fallar· me o respeito por ~qucleS que apregoam a estupidez do século XIX: m.1.S pode ser que eleS tenham ra~o e que tudo isto não valha nada nó aclivO da cultura humarul.

I?q,

d t , p. 140 e 111


/loba di! /lu .... Naas de !i"",,,,,,1a Fonllg,""",

Vo!. /, CiIp. li

/Q3

Com o desenvolver da hidroeleccrícidade, o dominio do carv~o seC1.0r da rorça motritõ e no aquecimento reduziu-se em apreciável proporção, porque OS Usos el~aroté, rmicos se espalham cada dia e a mecani7.aç:1o dos tr:lnspones, constantemente aperfeiçoada. permitiu :l hulha um raio de aCÇão que n:lo tinha há um sécu lo. O habitai da indústria , de confinado que CSf,ava ;l boca da mina , alargt>u_sc de maneira imprevista, uhrapassou a fronlCira dos países

SObr~ a indústria desapareceu quase totalmente no

carvoeiros; e o próprio C3 rvllo está numa fase de metamorfose, em que

~me~ :3 passar lentamente de combustivel para matéria-prima de 1~Sl:nas quúnicas. A premissa da falta de carv'o como illlp<."Ctitiv3 das rabris n:lo parece de mamer. ~ tese deve porém ser aceite com modera~o. Ter hulha deixou de ser mdlspens5vel mas h:i..cle ser sempre uma. situação de vantagem porque a e1ectricid:lde n30 pode substhuir o carvão em todos os usos: pro~~o de n:lvios, reduç;io de minérios, indÚStrias químicas UI. Mesmo a ~indo destes casos, uma conta muito simples mostra que n:lo c: el , por cS<"assez de recursos, substilUir por hidroclectricid:-de o o consumo de carvão tecnicamente su~ltuíveL Ant~ da guerra , a produção mund ia l de carvões mine.rais podia :;~nlar-se. em números redondos, por 1 500 milhões de toneladas UalS, aSSim repanidas I':

::Slv

~~~: ,~.~~~~~~,.:::::::::::::::::::::::" "" .. .. ,

1250 milhões de tono """ "

250 1500

Convenendo a lenhite em hulha n3 proporçao de 3: I , :\ hulhll o

:;:r calo~fico mécIJo de 7000 calorias, supondo que ela ê ulili7.ada ~

o rendimento médio de 50 %, e admiti ndo que 80 % deste c.'Jrv:lo

~~tu~vel,:t energia eléct rica capaz de fazer ess.1 subslituiçolo ~riá

em

blllOes de kWh por ano, necessitando para 3 produz.lr, mesmo til hboas Condições de UtiIi7..aÇ:lo, terCI de I bilião de kW, número c U o superior ;J. tod15 as reservas mundiais de energia hidroeléctrica, ~mpUtad3S t:m 350 mllhOes de kW lO, Concadas s6 em relação à COpa e Amêri~ do Norte, onde se concentra o grande volume de ~urno de: carv:lo. 3S d isponibilid1.des hidroeléctricas n:lo excedem mllhôcs de kW - cerca de 1/ 10 do que Séria preciso. "endo COnta as necessidades sempre cre$Ccnlcs de hidrocleClridclade, mesmo 2() ... O a1lprego

do5 61C()5

~ ~ n)C)lOlo 00 oldelm IOOl(JIU, l'I(Jf tlltlf1l()!.

IS 00

~ Um descnvoh'uJlC!nlO corukkr:lYeI em dcuíntenlO do ouvia, ~"ctudo -,,:C!ltnaódll108 lO Anudrlu &taIl«kQ (la ~I(k daI~ II ~nlC;f OIl'Y"" t" Vidal Surdils. UI ImtflSlrll, el&lrk"

SItnor.

,

f\."dona. 19'" p_601

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&pt'Rt" Ed

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104

j .N. _ra/JlaSjr.

fora do obtcctivo de substituir o caMO. é f:icíl formar ideia da impoS· sibilld;tde em que se encontra a técnica actual de amojar substitutO para :I energia dos combustíveis - ainda que não esqueçamos o Iirnj· lado rigor que pode 3tribuir·.se às estimativas de energia potendal da hulha branca, sempre fcitas sobre apreciações superficiais da rea· lid1.de. Calculadas ::IS existências mundiais de ca.rv10 (incluindo reservas :1pl!nas prováveis) em 4,4 x !OH toneladas de hulha e amradte e 3 x lO!! toneladas de lenhite 11 • os consumos at.r.is previstos poderão man· ter-se durante 3 500 anOS para 3S primeiras e 12 000 para a segunda; e embora estes prazos, por muito largos, estejam longe de ser alaml3nle5. muitas bacias c-.uboníferas se esgotamo majs cedo do que deixa supor o pr:azo médio, Mas muitíssimo ames de acalY.tr o carv:lo, porVentura já esgotado o peu6leo, de prognóstico menos oplimisl<I, novas fontes de energi:l renovável ou quase inesgotâvel, hoje a ensaiarem os primeiros pllS· SOS, vir.lo salvar 3 humanidade: energia at6mic-ol u, energia das maréS. energia d.1S ondas. energia do vemo, energia do sol - 3S quatro últi· mas postas em evidência hd pouco tempo depois de longamente abandonacbs. COmo conqui.stas da Tennodinâmica, as diferenças de temperatura da "gua do mar, aproveitadas e.:tperimenlalmente h' cer{';] de JS anos por Claude 03 ilha de Cuba 'l), e o pamdoxo de Lord KeJvirl, m3teriali~do n3 bomba de calor2~, são novos recursos a que lançar mão no aproveitamento das energias da Terra. A indcpendên· ela da indúslna quanto aos meios de produzir calor e energia tende :l aumentar. 11 7btt CoaI ~n:Jt$ of IIN Irorld. An inqulry made UPQn lhe' inlci;aliff 01 lhe [XeCUIJ'IC CoulrrUnee oe tht- Xlllnlnnational GeoIogicaI Congrcss.. Ca.!u(Ü. 1913. \'01, 1. U O aproveiamrrno cb ~ 1u6mb p:ut'«' f!'IlI.Js ptÓxlmo do que! C!U illUlg inl\'J quando C:SCrC"'II ~ linha!. Um bbonlôrio arnttlnno. q~ j:j ~Ie& da gue.m. .se ocuJlCl"l;l da de5in1egr;tçlO dod oilornos de urink>. ~ em 1919:Th:.r.t I$, ir a wkable mdhod could bC! found 10 aMihllatC' One pound 01 nutlcr, " $hould Ix po55lb1~ 10 obcaln rrom it 1010 k.iIowan·hóu" ol ~ l'Iergy . l'Ie~ Indced ",oV ~ on :I stupendotd 5C25e, boi onJy thC' pQMI'bIl!ty W'U envisag«J. ncx lhe pf(JCdS( ..) WhUe It ~s unlikel)' INt thb rnC'1'I)' ~rcc: wlll dJsplaCé our prdml tnearl$ ri ~ pgwc:f. a Clnrl(lt be denioed (}uI sucl\:I toUrce shoukl ha\'C: Impc:wt:lnt :lppl.iatiQrlS, :l5 it b t'!tim:u«l dut .5eVrnl miDioa tilne$ as such fXW"C'f coold be obt:Ilned (mm U-2JS ;1,," rrom :ln equ2t1 wdght 01 o:a.l (Dr K. H. Klngdotl. A,IOIber' SIt'P IOU.rarrl monde 1!Ofl~ Genenl Ekctric RcYkw',Junho, 1940), Nenhurn;I 001 ... rd~ .sobre e:Re llSSUnto IOmou li aJXIr«t1. dC'pols dt-$!:a d,lP. Oll ~bu duaotb: eb prOpfb deixou de' lIpuC("ef li panlr de' M:.u"tc) lk 1942~ ~ no prio& pio de Agosto de- 45 apmn, muko nu~ n.odo do q~ quUe lodoIc ~puntwn. a boftIb:l IU6mk.:l Nlo ~ aninudor.t a primc'lf' aplioÇSo pt1I:iaI da n<w.iI foote de' C'flC:rgla. U Ceorye5 Cbude, .L'utlll$:.lti(Jf'l de' l'e'nefsift the rnlique da me!f~. Lu ""(III;ft,

z.:?~ !!;;:,9~~.!! ~tar., R4if1d da Onkm dasl;"'l8Cflbftros. Ma!Q.Junho. 1944

.. 1


lJobo de lu .... """" de E«",.mla Ponuguesa, Vai. I, Cap. II

105

Pelo que se refere ao nosso País, OS 1100 milhares de toneladas de <::ilr\'~o que importávamos antes da guerra tinham a seguinte aplica~o, ~ números redondos:

Navios ................. ...................... ......................... Caminhos-de-fem> ............................................ Produ~o de electricidade .. .............................. Indústria (aqueômento) Z5 ., ••.. ,.....,." ...... " .........

200 000 toneladas 300 000 150 000 450000 1 100 000

Pondo de pane a primeira parcela, as restantes poderão substituirae por energia hidroelêctriCl nas concliçõt.-s aproximadas seguintes: 300 000 toneladas tom o rendimento de 6% .... 150 milhões de kWh ISO 000 toneladas com o rendimento de 16% .. 200 450 000 toneladas com o rendimento de 60% .. 200 2250

Estes númerO$ reJerem-se a possibilidades teóricas, sem preocupanatureza económica que nem sempre aconselham a substitulo; mas moslr.lm _ e só isso.se pretende - como é difícil, sobretudo nos st;rviços de aquecimento, dado o seu melhor rendimento. encontrar ~ eléctrica em quantic11de suficiente pal'3 tomar o papel do arBastaria que o nÓ$.SO consumo de carvão duplicasse (e .seria nora~e rOSSe 3 ou 4 vezes maior) para que a sua substituição quase esse Iodas as nossa:; disponibilidades hidroei{'elricas. re~as minas portuguesas não podemos esperar contribuiç:lo de o. As pesquisas realizadas nos ClLlimos 10 anos não têm revelado o ~ue seria de desejar; por isso as existências. mesmo contando com ~ margem de reservas apenas prováveis, não devem computar-se :.uno além de 50 milhões de toneladas, como se menciona no relatório J)rQpo,;,. de lei da electrificaç;lo. l . No parecer da amara Corporativa sobre a proposta de lei reJ.niva e~pOnaÇâO e destilação de petróleos brutos e seus derivados lll , rniJ~ a estim:tti";l d .. existência de c-.uvôes a valor entre 100 e 1)0 diz de toneladas, embora sob cena reserva, porque, como 1:1 se ". • o recotlbec-lmemo dos Jazigos já rec;euseados aluda se e"cotllm ~'lo a1rustldo. Passados 9 anos, não part:cem prudentes avaliações COn raVOráveis, em face dos {'ônhecimentos actu:lis; mas a afirmaçdo sat>!inua :a fazer-se sob réSCJv.l, porque não ê ainda definitivo o noSSO r na malêria.

~ de

re:.


J.N._,.f)/QSfr.

106

A extDcç.lo de ClrvOes portugueses roo deve por isso, no futuro. eXceQer o nivel presente de 400 000 a SOO 000 tQnelacbs anuais. corre~ pondendo :I cerca de 150 000 toneladas de bom caMo inglês - unt2 parccla modesta das nossas ~ mooesw necessidades. E as lenhas. de

que temos fe.ito nos últimos anos consumo excessivo. também não representam solução s.1tisfató ria, salvo em casos restritos; :I sua in:ldapt:IçaO:1 alguns usos e o gr:tnde peso (4 a 5 vezes o do bom caMo p3J2 o mesmo efeito útil) desaconselham o seu emprego como grande solu~o

nacional. Felizmente -

penoso quadro -

e sirva de alguma compensação neste

lcnh:3s e c:trVôes têm ho;e uma técnica de queima

suncientememe conhecicb.

O problenu dj, completa liberdade da indúslria perante o carv:10 imponado. quando não fos.se insolúvel por lllOI:ivos econ6mkos sê-IO"ha,

como se 3C300. de ver, por motivos técnicos. Nem o carv:1o nacional. nem as lenhas. nem a hidroelectriddade, podem suprir totalmente a sua ful12: mas podem. em colaboração inteligente e com o prop6sito decidkJo doO portugueses conscientes. da, :l indÚSlri> Um:I pos;çlo de rel3tiva iodeI""'" dênci;. que lhe permiUl v1\'er sem receio fora du grandes zonas hulheiraS; cbí :1 prevénção que foi feira. para evitar opeimismos tão prejudiciaiS como certos desânimos. de que ess3 independência deve ser vista COf11 justa modemçào-a independência de quem é dientt! C n:toser\'o. No tempo de Anselmo de Andrade. j1 o Eng. Ezequiel de Campos escrevia sobre hldroelectrlcldade 27 , e :I edição do Porlugal Econ6mlCO de 1918 refere-se ao faclo num" noca llll, embora escrita com ar de

pouca convicção. D("SS!l pouca con"ic~o de h:t quase 30 anOS paSSOO· se :l certeza: mas se hoje estamos ainda quase sem energil. a aval~r por aquela que nos é precisa e n~o temos. n:'lo é Isso por falta de recursos. mas por f31ta de qualquer outra COLsa que n:lo interessa apre-ciar agora; tantO OOSl3 p'U'3 que consideremos sem valor a segunda d3S prem~ em exame. Finalmente, :l carênda cLu Il\.1têrias-primas responde Oliveira Martins com o trecho que se lt3nscrevcu e :1 que .'Se podem juntar numerosos Oulros exemplos. A Sutça, 2. 1t:1.lia. a Bélgica, a Holanda , faletn metalurgia do ferro; quase todos os países da Europa têm metalurgllil do cobre e 0:10 produzem cobre, que recebem da Africa ou d.1 Améria ; :t lnglaterra, 3 Alenunh2. 3 Noruega , ti Suíça, fazem e exporUfI'I alumínio mas n:lo produzem lxtuxite, que \'10 comprou :} França OU :) Hungria: a Inglatem, a França. a Holanda, fazem :1ddo sulfúrico e sol(atos mas impom.m de Portugal ou EsPlnha 3 maior parte das picites ou do enxofre; a França exporta sedas de luxo mas recebe do ExtremO l 1A Consm.O(do

,

P of7lck&J8 P){l.

da RIqI~ ' '#CkIna~ CornJKlnhla PonUJCUCSOI &:Uct;lnl. Peno. 191'.


107

~riente parcela importante de .seda crua; quase todos os países da

cb ropa fazem superfosfatos mas nenhum produz fosforites em quanti-

de aprecibelj alguns fabricam e exponam p.'Ipel e pasta de papel

Illa$ nào têm madei~ .

De urna forma geral, em lodos os países industriais ce,rca de 40 a ~ das importações representam matérias para a produç.lo indUSlri31~i e se rulo fosse assim, o que compravam eles 30S outros países? O trânsito de matérias--primas ê e foi sempre volumosa parcela do C:~rciO mundial; apontar a sua f3ha dentrO de um país como insanfi.· :e lhaobst,kUlo ao estabelecimento das indústrias tem o sabor de uma lend~ Com que se lapa a Inêrci3 nacional.

e

1:: certo que somos um País sem condições narur"'Ji.<;

panicularmenlc

~rias para o trabalho. e registo como progresso que nos úllimos

~ es.S3 afirmação tem aparecido a dar combate ao efeito estupefaCdt te da Ilu$âo conmria; mas nada se ganharia em sair de um preconQ para se cair no preconceito oposto de que havemos de se sempre essencialmente pobres.. O solo, o sub-solo, :1 orografi::a, a hidrografia do ~enil6rio n:lo .são primores paD as lides da agricultura ou d:1 tUtna, ruas também o nilo são em outros palse5 bem mais pr6speros ~.. ~. Medite cada um sobre se i~ hoje aproveil<lmos bem todas as .~ nta1érias-primas, sobre 05 exemplos que acabam de se citar e ~estas palávras de Oliveira Martins que, apesar das reservas que levamar. merecem alguma renex4loJII.: •

:.so

'" e onde a natureza é ubêrrima , o homem por via de regr:l embriagado pelo clima, não sente a espor.1 da necessidade, I1\3ntém-St! num estado paradisíaco, n:lo enlr'J nessa carreira vertiginosa de ambições cujo p rimeiro passo determina os SUcessivos. Não e pois n:iS reglOes fecundas. no seio da veget3ção luxuriante, ai onde OS frutos fazem vergar 3S ãrvores e 3 fOlhagem defe.nde da chuva e do sol, que a riqueza se forma: t:1o pouco amadurecem ai as sociedades. Os homens. como selvagens, ficam elem:unentc cri:tnç:&s. (...)

A uber<bde da tema só se loma , port:lOIO, um e lemento de riqueza - Isto é, de desejos satisfeitos. de ambições realizadas, de objeoos apreciados pe.13 sua est."3SSCZ - quando, por 0:'10 ser exCt:SSiva, determina o acordar desses desejos que lambém St; atrofiam ii nascença nO meio de URla natureza rebelde a retribuir com produlos os esforços do homem. O dt.-senvolvimento da riqueza procede, pois. d:t pere<luapo entre o tmoolho Intenciona l e 3 terra fecunda Sêm ser pródiga. : Ahudrlo IfsJnIWIaJ da $otkdalk! dM ~ II O IUxf".. das Rlqfwnu.. &I. António Mub, P~rdf'1l, Usbo:l, 1894. p. S to 7.


/06

J. N. Fem>iro INJsJr·

A alguns que não discutem a legilimidade das indústrias já montad'lS mas põem severas reservas :l insrolação de Outras a cujos nomes e~ão habituados porque não .são tradicionais etllre nós, ofereço

não

nO\o'3 série de exemplos tirados da nossa vida presente e passad... Temos indústria algodoeira. mas o algodão foi desde sempre escn")gelro (na maioria dos Estados Unidos c BrasiO. porque as nQSS3S colónias só come~ram 3 produzi-lo em quantidades apreciáveis a panir de 1936. concorrendo até este ano nO abastecimento d3 metrópole corn menos de 2096 do consumo; lemos indústria de lan ifidos, mas :1 1:1 de qualidade vinhá inleir.lmenle de fora • .só hã poucos anos se cuid::-lndO do melhoramento da li1 nacional que. 3pes;tr disso, estã ainoo longe de ser suficiente; U::m05 indústria da seda tn.'lS a produçi\o de seda natural é muilo pequena e a de seda aniricial anda por 1/3 das necessidades; fa7.emos tecidos de JUI3 e:1 juta vem da Índia inglesa; fabricamos super" fosfa los com fosforites da Tunísia e de Marrocos; fazemos su lf:lto de cobre com cobre da Rodé.'iia. refinamos enxofre, mas este vinha em brulO da índia antes que a mina de S. Domingos o preparasse, a partir de 1934; fabricamos papel. mas compramos a pasL1; fazemos cigarros mas importamos o tabaco. É preciso continuar a IÜila? Ê preciso lembrar o caso, bem digno de nOla. de exponannos limas in\porundo os aços? Estamos, afinal, respeitada a proporção, como lodos OS outroS p:lises. Compramos onck: existe aquilo de que pr<..'Cisamosõ e. sempre que podemo.'t, damos prderéncia :l matéria-prima sobre o produro fabri'-'ado. A úllima premiss.-l de Anselmo de Andrade cai como 3S primeiroS; caem pOrtamo as suas conclusões. Como, para findar, a mão-de..abra ê t37.oãvel e os tribu los n~o n~iS pesados que algures. como o equipamento se pode comprar onde o compram os outros, como a lécnica, se n:lo .. h:1 se ;Iff:mp. Iodas aquC' las indústrias que possam montar-se adequadas à extensão dos merc3' dos hilo-de ter condições de vida: o comrário s6 por mágic<l se: consegue expli<''3r. No fundo, par..! razer indústria só h:i verdadeiramente dois prediQ~ dos indispe:nsáveis~ tcr cabeça e n.ào ser cábula. Quanto ao primeiro, talvet mereç3mos ler os 10 valores da médi:.l ou um pouco maiS; quanlo ao segundo, classifico com 7 valores a generalidade dos portU' gueses - só contando os que sabem ler. O resto é acessório, é suprí' vel com major ou m.enor engenho; dizer O conlrário é um elegantt eufemismo.

Para maior sossego de alguns amedrontados portugueses, qtie falam da j"duslrlQ/izaçdo como do nono circulo do inferno e se vêem atr',1' palhados como o pobre Dante, que n:lo conseguia perceber se o diabO linha OS pés para baixo ou para dma , acrescentarei duas linhas. InduslrialiuÇllo é palavra solene em demasia p:ml Ir.lduzir o qo<: penso e o que pf'OC\Jrei fazer: juro que n:to fui eu que a Inventei. O


109 que tentei, e julgo deverá ~minuar a tentar·se, ê procurar um mode-

~ equilíbrio, Que os dois mestres que citei deJenderam como doutrina, mas que nunca ninguém teve a convicção ou oportunidade de ~et.izar. A nossa actividade económica vive em desequilíbrio, em lllStabilidade. c;m crise, com fone saldo negativo do lado d1 indústria; o

que se pretende é apenas a moderada tendência para corrigir esse ....do. O programa previsto p3r.1 OS próximos 8 anos, ainda que fosse inte~Imeme cumprido, aind.1 que consumisse os 4.5 milhões de com05 (3 milhões mais 50%), seria pouco mais que uma goca de água em 9 rnll~Oes de hectares e quase 8 milhões de habitantes; mesmo que e m J)etjodos Sucessivos outros programas de igual amplitude se fossem ~Iando. a palavra induSlriaJiz,,:tçào só poderia proferir-se sem rubor para as últimas décadas do século. I Transcrevo uma descrição de Hambom, margem direi1a do Reno, a SUn.s quilómetros :1 jusante de Duisburgo' l; Tout de que vous voyez à I'horizon, :lUX qu:ure poinlS cardi· naux; ces chemin(..aes, groupêes OU isolées, ces [reuils de houillêres, ce port nuvial , ces vaies rerrécs, celle gare de march'andises immense, ces c1ocheno, ces maisons innombrables, tcul cela est chez 111ysscn. j'ess3yai de compter les cheminées. Quand j'arrivai ã deux cems, te n'avais pas scrulé le tiers de I'horizon; je m·:lrTl...~it ; elte;; êtaient trop. O3os 13 direclion du sud-ouest, :l 3 kilomêt:res, elles apparaiS&:lient lellement pressées qu'elles barraienl presque total emente I'horizon.

C..) Et ce que Pon voi! S Ul" quelques milliers d' hectares eSI I'image en reduClion des 1500 kil()mêl1es carrés qui ronnent le bas::;in houiller el mélallurgique de la Ruhr.

Ter~se·á medo de que com -4 milhões de ('OOIOS passe 3 ver-se este pa nOr:U1l3 do alio de lodo.oi OS castelos de Portugal, de Guimarães a Silves?

2O-PREssOESEXTERNAS A rotina é cheia de engenho. Parece paradoxo o que é realidade;

rrcebcndo que ê madraceira e amipáliC'el , a rolina desfaz-se em subllel.a,s par.! se desculp3r, e o (ale mo que põe nesse prop6sito. se fosse

canalizado no sentido do progresso. seria uma revelaç!lo. ln Depois de Me[hwen e da ra lta de tudo o que ê ou p:trece preciso. venlou as pressões extema.s: o mundo I,nfeiro est~ de binóculo em '" Vk10r Cg,mbon. L'AJItm'"8n4t ' III ImmJl. &I. R~r, PõtriJ, 20" ed.• p. S7 e SS.


1- N. FerreIro {)1m]"

110

punho. promo. a intervir, logo que veja que pomos um tijolo sobre outro para conslnlirm~ um edifido indu.suial~ ou ainda. segundo outrol versão, vai haver, logo que 3 guerr.t 3C".1be, um livre-câmbio tão rndical

que

'3

palavra paUla sem um arcaísmo dentro de meia dúzia de anoS.

Não é dado a n.i nguém adivinhar o fUfuro, ma.~ a qualquer é legí# timo dizer o que lhe parece sobre o que vicl a acontecer; e a mim parece-me que aqueles dois Vllicínios são duas reais tolices. É possível que o fl1Tl da guerra vá dar-nos. ao que se diz, uma colaboração internacional mais estreita derivadá, por um lado, di necessidade real de evilar causas de: (undamenudo atrito entre nações, e, pelo OUlro, da insístênda com que muitos se propuseram 5.'tlvar o mundo e que levará os venredores, um pouco :1 IlUIneira de fOrç<l viva. a len~· rem algunu coisa pal'3 o salvarem de facto - sem se esquecerem de si próprios. Mas colaboração ê uma coisa e abandono de interesses é Outr.l muito diferente. Parece evidente, nest'e fun de MatÇo em que escrevo, que 3 vitória penencen. às N3ÇOes Unidas; tenho Ijdo tudo quanto dizem ao mundo as pessoas respons.1veis pela conduç.lo dos at:omedmentos, desde ~ Carta do Atlântico :ué: ao comuniC3do da Crimeia; e se não se pode diler que no ampo político ~es dois documentos se ajustem maravilhos3# mente, apesar das explicações que logo :I seguir fO ....dm d-tdas, o ceno t que nunc encont.rel no campo económico, e, sobretudo, industrial, afir· mações restritivas da .soberania doei·pOvos. Das intenções ruJo sei nada. Pelo COntrário, são unânimes 3S afim13çOe$ de que impona para bem de todos, faz.er subir O nível d.as populações m;-Ils atrasadas. pelo recurso ao desenvolvimento met,ó dlco das possíveis fontes de riqucz;l; e aceito que sejam sinceras esl3.S palavras. porque 05 grnndes paÍ5CS SÓ podem encontrJr aumemo de merC3dos entre populações que vivam com desafogo. A divisão dos pai.ses em agricolas e industriais. atribuindo aos pri· meiros a produção de matérias-primas e alimentares e aos segundos ti de artigos m:tnufacturados, terá sempre de existir com maior ou menor nitidez: mas a renúnda dos primeiros a toda a actividade industrial. mesmo que não tivesse OS perigos: que nos $:10 eoslnadO$ pel:l experi~ncia da vida e pela psicologia dos homens. conduziria sempre a 0111 desnível de riqueza e de populaçlo, tulvez sem vant~gem par.l 3 eCOnomia do mundo. Se em ponugal se faz rolh::. de Flandres, pasta de papel ou danmnida cllcia. os antigos imponadores pcxJem .5emit-se feridos no seu bolso p3rtk.."Ular e fazer barulho; os exportadores estrangeiros directamente ',nteres-sados na lran.sacçlo pock.."Ul mover-se junto dos: $eU5 Governos; o 7'ndl do Ferro ou o SlndlcalO do A.iOlo podem pôr em ncç.\o as suas rortes e por vezes escuras influências; aceito aincb corno limite que um agente diplomático. platonicamente. peça esclarecimentos numa nou. verbal; mas n:10 ~credito em mals coiSa nenhuma, porqUI! o problem:a tem C.llJê!


!bobo dt I/woo. NoIas de Eccnomla PrJ""8""'4 vot. ~ Cap. 1/

III

viSto ue mais .. 110 - ou "ilo ê visto inl,eligenlemenle. E à ofensi ..... exportadores de bens de consumo pode .s<:mpre opor·se o inICres.'iC antagónico dos exporudores de bens de produçilo. peI Um ~is que se orienta para cL-u :llemo à i.ndústria começa sempre Os 3rtlgOS simples - ou começa mal: o antigo país exportador, em

:

vez de vender esses artigos que em geral pesam muito mas valem

pO~co, passa 3 forne(:er~lhe coisas que pesam pouCO e que valem m~lto: rnãquinas, capilal, técniça , acessórios de Ioda a ordemj e o novo paIS Industrial passa :I compr:u. além disso, mais matérias--primas. mais material de transportes, a pagar mais dividendos no e5lrangeiro. e a ter

no C'onjunto <b sua populaç-Jo maior poder de compra, que aaiva o COmérciQ de milhares de prodUIOS vindos de forJ: <b navalha de barba ao autOmóvel, dos óculos escuros :tO C'Jsaco de peles. O que M eviden·

temente, é mudança na n:1lureza de alguns v:llores troc:ldosj mas as per1Urbaço,es que daí -advêm - e s:lo ineg(iveis - (azem parte das ~UtaÇÓes nalui.lis da vida , que ê preciso aceitar sem pr()(cslO; nessa Yi~m incessante, j1 o automóvel substítuiu :I sege, 3 lâmpada e léctrica Su 'ruiu O candeeiro de petróleo, o oontrapbCldo substituiu ;I t'31h~l. habiOs países que m;)u; produzem s:1o aqueles que mais importam por n1' ~nre; Supor o contrário, imaginar que um certo desafogo econólto Implica menor volume de lransaçOcs é um desatino, Os números ~uadro XI (ajam clammcnte; e embora representem a som do moviface lO COmercial nos dois sentidos, pode supor-se sem grande erro, em meta das enOrmes difcn:nças entre os índices, que :I importação vale ~ de do t()(al, por serem sempre tU duas parcebs da mesma ordem gr..ndez.a. ~:i () ano pass.'Ido alguém escreveu muito acen..'1d.1mentc, p:lrecendo ter doutrina oposta que n;lo sei se (oi defendidajl; ... o fomento industrial do P:.i.'5 ralvez. fosse mais eficiente

~

tomasse como objectivo produzir mais para import:1r mais enio Produzir mai.~ para importar menos, na Visto o problema por outro Jado. (; de desejar qUI;: restriç(')e$ de patun:i'.a financelrn n~o venham a impedir a livre troca com o exterior; a ta ~ E indispe~vel que a n0SS3 capacid:ldc de vender cresp com

necessidade de compl'3r. lê preciso 3cresce.ll!:lr a diversidade da nossa

~u~o e dar-lhe mérito para ser ve.ndida . Ainda h:1 um ano o direcr geral do Crtdit Suisse reconhecia que as únicas moedas estrangeiras

~se, mantinham mais ou

menos livres eram as de ponugal, Suécia e

nUna Jl; n:lo parece (eio nem dcsv-.•IOtajoso m.'IOter I;:$ta ~iç'lo.

16.3.~~~

llO\';U

Indru4ri.u r

»Crêdll SUlsse.

11

rrr()ffN c:conOmic:t n:il('k)na l,. Jom'" do Gi:.I,,",n:Jo.

B,,/Jm'J P;IW1Jdt!r,

M:uÇ'U, 194", p. 14

d~


112

Quando estavam para se publicar as liçenças paro

O

fabrico de sul-

falo de amónio (1941), foi-me pedida uma nota comparativa entre

ri

receila que davam ao Estado os direitos de importação cle~1e adulx> e:a que resultaria da contribuição das futuras fábricas; e o erro que julguei ver por detrás desL't preocupaç:lo pareceu-me tão grave que tive vontade de me esquecer do pedido. felizmente, os dois valores mostraramse muito próximos.

F1

Há cerca de dois anos, um políticO norte-americano, de cujo nome não me lembro, punha 3 questão do comércio externo no seguinte

1*: a Ingtale.m, país com 40 milhões de habitantes e fOl1ememe indw triallzado, E o maior cliente da América; a China, com 400 milhões mas sem indl1stria. quase nào compl'3 n3d1 ; se a China .se desenvolvesse aO nível da Inglaterra, seria um compr.ildor formi~veL Logo, o interesse da América é industrializar os outros pa1ses.M, Seja por esta r.tzão ou por qualquer outra, os ;ornais naliciaram h5 pouco" que tinha seguido de Washington para Xung-King um projedO de indusutallzação da China para depois da guerra, prevendo a coo!'" truç,lo de cerca de mil fábricas com o custo de 1 bilião de dólares (Z, milhões de contos) e recomendando um programa de transportes intet# nos orçamentado em igual quantia. Para a vaslÍdào da China, 50 milhões de contOS é muito pouco; mas como primeira fa.se e comO sts-tema não.se pode pedir melhor. É claro que o problema de comparar o que compra a fnglatel11 com o que compraria a China quando se elevasse ao mesmo nível, n~o é solúvel com uma simples regra de. três, porque para atingir W nive1 a China precisólria ser também um fonnidável concorrente doS Estados Unidos nos mercados externos; mas parece-me claro que o progresso da China, feilas todas as contas, dá 53,l do posirivo para ambos os lados. A quesc:410 está longe de evidente, e o excesso de indústria é tidO por muitos como responsável pelas crises económicas sobrevln<b5 enlre a guerra passada e a actual com seus acessos de desemprego resultantes do desnível entre produção e consumo; reSta demonstO" que as mesmas ou maiores inflexões de actividolde se não dariam se o desenvolver cb indústria rulo absorvesse como realmente tem feito, um número crescente de braços. A oscilação l: banalidade no mundo físiCOi seria de admirar que a desconh<.'CeSSe O econó mico. ~ porém quaSé descabido :abordar o assunto 010 focar aspectos (b economia portugUes.1: esta niJo pode deixar de reflectir a economia dO mundo, de usar, como pane minúscula do lodo. 3S meSmas regr'JS de


!brbo de Rumo. Now di! liamomio 1l>t1ug_, voI. /, 1Ãp. //

113

Iraque e deresa _ sem querer dizer que deva s.'dlar sobre :I moral. O ~ é platonismo _ e :1 vida não se governa hoje com o idea lismo do .....'1'.110 de S6cnll... , O cena é que parece começar 3 diluir-se a velha ideia de que o ~ dos países industr"üs está em manter o auaso e a pobre7.3 dos P2ises agricolas; mas a mudança de critêrio há-dc sempre enCOntrar a

~~ dé interesses já criados, incluindo, um pouco paradoxalmente,

OS

Imponadores do proprio país que procura desenvolver-se.

fala O

mau é que os grandes paises, apesar do que fica dito, qU3ndo e m no futuro, parece pensarem Ill3ls em vender do que em comprar;

nao sendo de crer que desconheçam

3. impossibilidade de razer SÓ num sentido, sou levado a supor que a ânsia de e a faha de entusiasmo nôl compra resultar.lo de reais dillculdaque o estado de guerra lhes tenha trazido. ind A.l\3lisada a quesü1.o sob outro aspecto. a restrição cb liberdade ~ ustrial dos povos, pondo de parte as questões emergentes da guenõl OS re~o aQS países venddos, apresenta algunus dificuldades, a que _ pOhl~ chamariam técnicas e a que os técnicos ctunum políticas de I1ascidas da fragilidade juridica de tal doutrina e da impossibilidade a aplicar Justamente, se fosse definível. (~ondicionamento industrial quando se aplicá a um s6 pais QUezas pequeno como um ceno que eu conheço) ji tem t~o sérias (raÇas q~e a organização mundiaJ não proporciona grondes esperanlaços~ êxu~; antes, aó cooll1\rio, onde os interesses sào maiores e os de solidariedade mais frouxos a justeza ~ menOS assídua. ro, As ~ações Unidas andam por três dezenas, c tendo 2S maiores tan1\10 J>roiect,os c tantas aspirações lndustriais - que nào escondem delas~nam legilinl.2mente restringir a actividade das OUlJ'3S, algumas Cria . atROO bem pouco d()(adas nesse dominio. porque se re.scringisse:m de ~ um fermento de guerra. Ninguém aceitaria sem um sentimento bJ ódIO - enquanto não pudesse ser de revolta - lal imposição e 1.11 ~~ISia , E o mesmo quanto aOS nculrOS; por serem, sem favor, lheS amatlleS da paz ago1"3 se diz, têm certo direito de pedir que Rov ~o dêem louros nem proveitos mas que os deixem em sossego ~ a vida: e esta é a melhor liç.lo de democ:racia que o mundo cha da guerra e do preg:lo constanl,e da excelência das COL'$:ôIS que se ~ ~oc~1icas - mesmo sem se averiguar ~ realmente o são, ins' ma unidade industrial que Sf! monte num pequeno pais é sempre ind'8nlfic.amc em CQmpar3ç:1o com o que ii existe nos grandes países Pró~rialS e :né com as õunpliaçôes que esses p:líses fizeram nas suas Ia~a~ fabrica no espaço de tempo daquela mont3gém; há-de ser ~I OSO demonst,r:u que ~ mais legítimo deix.u ().'J grnndes cullh·ar o ~SSUI - que n~o t'! exclusivo germ1\nico - do que deixar oS in.i.~~~os panlcip:lr, nos limites da sua escal3, na ure(a da produç30

:::;CiO normal eles

·~al.


j , II, Femlrrl D/oSfr,

1/4

ACresce que os homens têm o poder de mudar muita coisa mas 0:10 podem mudar-se :1 si próprios; serão sempre os mesmos, sempre domi-

n;ldos por certas ideias ímUláveis - ou quase - que lhes definem aS aspirações e a élica. Por muito que se escreva, por muito que se aponte de novo e sensacional, o mundo de amanh:l 0:10 podem ser essencialmente diferente do que (ai O mundo de ontem. Havern desvios c.b

média - alguns dolorosos - mas, como sempre, lanto mais transit6rios ou, pelo menos, tantO mais condenáveis quanto mais se afastem dos princípios eternos da momL A necessidade de colaboraç:lo mundial

na obra d'l paz, a noção dos grandes espaços económicos que todos oS palses fortes procuram cri.u em tomo de si e que todos censumm 'OS OUtros,

:I

urgênda de uma ger:tl melhoria econ6mk"'3 como (101('3 forfl\#

de cumprir OS programas sociais em toda a pane prometidos, hão-<le enCOntrá r um caminho que respeite as independ~ncias nacionais. t Ião n:uu~ 1 haver nações como h:wer ilhas e oceanos. Encarada a coisa pela versão do livre-ambismo - proble.m..'\ 120 velho corno

:l

Economia Política -

O racíodnio orienta-se de rnaneil'2i

análoga. É preciso, anles de mais nada. que os 818 7bff!f! se ponham de acordo, o que" primeir.t vlsla n:lo parece fácil, porque em algulTl ponto brigarão OS seus interesses; é preciso depois que as restantes Nações Unidas o estej..,m lambêm. o que parece ainda menos fádl porque cada Ufl13 debs tem os seus problemas económicos (e até Osc;aiS) que não são compatíveis COm a abolíçào radical de barreiras: f!

enquanto ludo islo se acena têm tempo os neutros de ir rr.uando de si. O que julgo natural - e creio que toda a. gente - é. que se caminhe no 5emido de 3lenua.r cert3S disposições agressivas (contingentes, discriminações. taxas proibitivas); isso não sem cair no Iivre-dmbio mas no proteccionismo moderado. Paro isso devemos nós prepa~r, refundindo-o com precisa. todo o nosso equipamento produtor; e observo que há mais de um ano a Associaç:to lnduslria l Portuguesa. enl e.'<posição dirigida ao Presidente do Conselho, deu o alamlc de duas questOes que j:\ 3 preocup3vam: o desemprego e a conservaç:lo de ull'l regime satisf:1l6rio da 3cti\'i(bde fOlbril nas empresns éxi.slenles" . Até mesmo em Portugal, que não pode - como n:lo pode nlngué.'" - dispen5.'\I certa defesa para algumas 41divid'lde5! o nível eh p::tUl.'l ~ coisa a pedir revisilO; menos por amor de doutrinas ou d-. politia lnle'n;adon:d, mas porque tert:lS protecções de 80 c 100%, feitaS em non)(:

odo sei de que princlpios, brigam L"lntQ com o decoro mlcional como a desordem na rua - com a agroV3nte de que a desordem é feita em ger..1 pelos de ooixo e ;I pauta féita pelos de drna. N:lo afinno que estas nll:lS protecções sejam exclusivo nOSSO; maS é o caso de dil.ér que cada um sabe de si e Deus sabe de todos. Adiante (nO 24) se volta a este assunto. J6 A ADod.açto 1ndu5ub1 PoftugUC$l c 08 prolxTTt:l~ W :1,* \I gucm., Indtlstrld fbrfu,gtJCSQ. Ft:\'efdto. t9'W_


115

r

Aqui fica o que me parece valerem os famigerados argumemos

e ii rotina nacional criou para continuar a 030 fazer nada; e se inte-

ectualmente me não part."'CC.ffi bonilos. moralmente parecem-me feios.

Po~~e quem se amedronta com uma violênda que ainda se não :""'\ou e parece disposto a a~it4-la perde a noç§o da verticalidade homem e lembra o perdigueiro encolhido com medo da chibata

do dono.

Alguns países que eSl:1o a cuidar seri;lmente dos seu desenvolvimento industrial (entre outros a Espanha, o Brasil e ii Turquia) devem

esur a suiddar-se no pensar daqueles que parece lerem nascido com a VOca~o de escravos»,

21 -0MEnO

A timidez é uma velha caractenstica do capital nos p:liises pouco desenvolvidos. A falta de h:1.bilo de colocar dinheiro cm certo ramos de

~ividade, o ouvir falar em coisas que se n..ão sabe bem como são, :l :n~nÇD de alguns fracassos sempre mais frequentes nas primeiras iaatavas, criam um ambiente de desconfiança n que se não pode Ilegar l'Crta iustifiCl~,o. CUbMas na. minha experi&tcia de estimular iniciativas, n:1o é em parti~ Vi r dos capitalistas de quem tenho ral1lo de queixa. É de um ceno i 1lUs de prudência que anda no sangue deSta ...d.ça como o sal anda na ~a do mar; e ainda não percebi se isto (: assim por at:ivica reac~o da ~Igallte avemul"'.il das navegaçOes ou por ser a atitude Intelectual exigente - consequência da cabulice de que falei atrl.s. No , é nova manifestaç.\o de rotina: ~ medo. k\l-~~tOres, políticos, funcion~rios e até engenheiros, aconselham ~ltcmeme prudência, no que só ajud.'lffi aquela rodna que tinham lhe ga~o de combaler. Um, se lhe faJam em folha de Flandres, encoOS ombros misteriosamente; outro, se lhe (ajam de celu lose, diz IJ que n3.o pode ser, sem saber porquê e sem saber muitas vezes o ~e e; ainda OUtro avança dogmaticamente que ndo acredita no fabrico p motOCicletas; e ê uma onde de psltacismo que cansa e aborrece. piOr~1J~ a \fcrdadc\ e é isso que lamento. é que tudo isto é apenas pai. nlngu~m estudou nad'l :l sério. E eu Oco Sént saber harmonizar excesso de prudência com O desejo de criar riqueza. O hJentifiquei at~ agora três modalidades de medo: a primelrn dê que I dinheiro n;lo renda: a segunda das responsabilidades do Estado; ;t

run:;: Ioao

es!:'

Itrceira de que se :agrave- o perigo social. tItI no tlbrul'llQ de 1kv1n.. MInbtro do!! Negôcló8 Qtr.. ~ltOf de InJel:IICrrI, proferido tiro 20 de: Agosto (qualJO ~ paMOlebl. ~ o dau <ksca. UnhoU), cm~ n\õlb" poli· ~~que «on6mk.O, ~·c ter tKJo ~ peMOI&5 II:unudas uma "('Çio ~'mlef1t('

li'


1/6

J.N. F..mraDWJr·

Começo pela primeira . Já me têm perguntado, a propósito de ind(lslrias novas. Sé eu gar.1.nIO o bom êxito; e tenho, nalUralmenre. pondido Que não.

res-

Levam-me duas razões 3 esta resposta. A primeira, porque n:lo sei de f:tcto se o resultado é se8uro~ uma convic~o, mais do que isso.

uma probabilicbde, nilo podem honestamente apresentar-se comO certezas. A segunda está em me ser vedado por lei (omar um com'

promisso deste género. ainda que me fosse dado adivinhar, porque isso equivaleria (salvo o caso de garantia do Estado) a flxar um rendimento A opelOlç;lo, em contravenção do artigo 192 do CódigO

Comercial, que pretende ligar O rendimento das empresas

a sorte

efectiva do negócio e n;lo a presunções bem ou mal intencionadaS.

Diz ele: É expressamente proibido que nos eStatutos se estipulefJI

juros certos e determinados para as acções, as quais s6 dão cUreito i pane proporcional que lhes caiba nos luaos líquidOS que efectiv;unente resuhem das operações da sociedade, comprovados pelos bahnços. Quem garantiu o êxito a Alfredo da Silva Quando em 1907 empreendeu a grande obra do Barreiro, a maior unidade induslfiaJ port u· gues:., que hoje dá l ..b.lho a 5000 pessoas? Quem garantiu o êxitO a Narciso Ferreira quando em 1900. com a primeir.a fábrica algodoeira, lançou OS fundamentos do que é hoje , risonha povoação de Ribo d'Ave? Quem garanliu o êxito a Henrique Sommer quando em 1920 pôS de ~ a admi.clvel ob... eh Maceira? Quem levou estes três homens (para só falar dos que morreram);\ situação de merecerem o reconhecimenlo dos ponugueses pelos inSlrU' ment05 de riqueza que crianun? Levou--os a sua intuiç.1o. esta guarda ílVíll\çacb do radocinio mais lesca e mais segul'2 do que ele. Por nosso mal nem lodos ii possuem; por isso aqueles que n:lo $lO do of"tdo, que nunca pensaram nestes problemas spollte sua, mas n~o apanhados de repenle por eles, aqueles que nao os estudam com o fazem as pessoas vulgares que querem aprender, nem lêm a sua inWi· ção como 3S pes$04lS superiores, se aspiram a ter um dia o reconheci· mentO da Pãtria pela sua obra no campo econ6mico. s6 pode'" consegul·lo guardando .segredo das suas preciosas opiniões sobre oS problemas da indústria. Oe conceitos 3ClCi.anos and.1.nlQS lodos fartoS; talvez isso explique porque somos t:lo miseráveis. O hábito velho de Importar certos anigas criou :I psiCOSé de que as.~im tcm que ser para todo o sempre, porque aquilo que OUlfOS n:lo flzcr:lm ames de nós ganha r;tma de se n;lO poder fazer - e ;t fam, é como o arpão de caçar baleias: qU:1nto mais se puxa tn:lls abre.


117

Vou referir três exemplos já passados (mas é fácil arranjar o utros) que rnost:rnm como fOi possível - e hoje parece simples - substituir um artigo imponado pelo mesmo artigo de produç;10 nacional. dro O primeiro exemplo refere·se à fabricaçào de superfosfat05 (Qua-

XXI).

QUADRO XXI IMPQIITAÇÁO E PABRlCAÇÁO DE SUPERFOSFATOS F.M " ORruGAL

Ano

1907 1908 1909

r--

I mpotb~o

1(,."..... 123000 24000

F;lbric:Io~o

","""'I ,C><>cl>du 8000 8000 8000 8000 12000 12000 • 111000 111000 105 000 121 000

1910

103000 ISI OOO

t--

1911 1912 1913 191" 1915

143000 138000 104 000 97000 79000

t--

1916

6SOOO

...

...

1935 1936

3400

235000 186000 293000 '48000

t--

r--

t--

r--

...

rt-r-

t-........

:se

4400

193'

3900

1938 1939

S600 000

2~5000

Os números deste quadro representam, cm valores arredondados, o dos

SUperfo~Jatos

reduzido ao tipo de 12% de P1 Os' Até 1912 a

doP<>ruçao excedia 90% do '0<.1"; em 1913, coma I.bor.çao da fábrica li !:.rrelro. deu-se um sa ho formid5.vcl da indústria nacional , redu,;

se rapidamente de ano para ano os fornecimentos externos. A

~ de 191 6 os n6meros deixaram de ler significação, porque a veio limit:l r bruscamente os valores de ambas 3S colunas. Os Para da r ideia d;I posiç:1o nos últimos anos de paz, reproduzem-se

r~er05 1935-39i o consumo subiu , ime imme ntc satisreitos pelas !j: ponuguesas, quase se anulando a imponaçâo que ficou :1 redu· a cerca de 2%.

lida

~AlE QaJ

1922 :lo t'$all~ka de lmport:aç:1o nao d btingult ~ .5U~crI:alQ.'j doi re'!t'.Inle5 . ftU.'i COl1l0 a:lC"!II rept'~"' UIlU pc:r\":Ienl;liWn'l pcquén:l 00 t<Ul. lo)fTl()O«! este ~IK"ndo Ope$Odo$l.l pm-oYAlo reduzido~ 1l9l •


J. N. F<m!I", {)/M/'.

//8

o

segundo exemplo refere ...5e ~ fabricação de cimento (Quadro

XXJl).

QUADROxxn IMPORTAÇÃO E FABRIC.W.<O DE CL\lENTO EM PORTUGAL

Ano

'907 '9<l8 l\lO9

I!n~o

-""" Z0200

17600 191,0 0

2)100

1910 1911 1912 1913

26300 3' 000

I!U4

2.1600

_.

35900

...

F""""~ nadonal """,b""

5800 7 800 5000 O O O

3600 9 SOO

...

'922

2S000

8200

'923 1924

34 ' 00

26 SOO

8700

"700

'925 '926

II SOO 10600

48600 60300

'935

'280 !l8O

24S000

-

'936

.-

'937 1938

"30

'939

1170

1150

213000

254 000 269000 291 000

Até 1914 a importação de cimento representou par... cima de 7~ do consumo; a partir deste ano 11 impol13çàO caiu bcuscamenle e OS

números deixaram de ter interesse. Em 1922 estava-se na shuaç:lo ante-riar d guerra; mas logo no ano seguinte. com a labol'3~o d'l rábrica da Maceira, a produç:lo nacional começou a crescer rapidamente. baixando o nivel da import:lÇ'io. No últimos anos de paz o consumo linhól subido vertigin~meme .sendo:il imponação quase nula . O terceiro exemplo refere--se :i fabricaç:to de enxorre (QuadrO

=m . Os números da irnport3ç:ilo de enxorre representam a sorna do

enxofre em bnno. em pó e em canudos, e n:lo espcdficado ( respec1iV""~ men'., artigos 126. 127 e 128 d. pauta). A.ê 1933 3 produç:lo portu' guesa foi nula e a impomç;1o média no período 1930-33 subiu 3 10 ()OO


Ihrbo de /lumo. NoIos de _mlll I'orfllJ!lWSIJ, voI. /, CiJp. /1

1/9

~neladasj em 1934 <I minól de S. Domingos começou a produzJr ~nxo­ n: ~ panir das pintes. e :I ~-ua posiç:lo no mercado nacional fimlou·se ra~mente. Nos últimos anos antes di guem. (1935·39) a produç-Jo ~ nadon,l! foi de 10 000 toneladas. descendo 3 Impon.açào para 2 - apenas 20% do 10UI. QUADRO XXIII

-

-

---r---

---

IMPORTAÇÃO E FABRICAÇÃO DF. ENXOFRE ~1 POR11.JGAL

Ano

Impo":açlQ toneb<bs

1!>30 1931 1932 1933

6677 10247

8201 15280

1 9~

13294

1935 1936 1937

3258 -t12

1938

2373 }SO,

19,.

n06

F:abtic:açio

",""""I lonebdu

""

O O 1-433

8700 •

9531 9798 Il S38 11 101

Os três quadros não precisam de mais comentário. Mas autorizam ~rgunta : porque se dUVida, porque Sé julga. Impossível que o \I

la.

fen ómeno $e venha a dar com a folha de F!andres. os ferros a::::udos. os adubos azotados, 3 celulose. o papel de jornal? Nunca ~posta séria a esta pe.rguntl. Satu':::;o estes artigos terão nascido sob ti innuêncla funesta de Passemos ;\ segunda modalidade do medo. OU Tern.sc dito que a nova poslçao criada ao Estado de impulsionador e reotgani7.ador de indóstrias lhe traz nova c gl"'JVC respollS3biJidade; e :rece que alguns ganharnm medo :\ larefa, :t ajuizar pelo que dizem, OUtros se adivinh3 que assim pensam mesmo .sem o dizerem. da Perante uma naç:io industrialmente abúlica - e a nossa, (alando e rCSS:alvando alguma.. excepções, é pouco mais (Iue isso - o Ptl do, ,,oIens vohms, tem que ser respons:.1:vel por algunla c.-oisa: ou se ~&!~e se faz no caSO de inte rvir, ou pelO que se nAo faz no caso de IDe:~r - por faCto ou por omiss:l0 de facro, pata usar a frase que ~ de ter lido uma vez no Código Civil. a~ intervenç!lo n:lo nasce uma responsa bilidade nov a, 0 :10 ta ncm diminu i a responsabilidade anterior de não intervir; ape- •

r.::


J. N. FerreIra DIas]r.

J2Q

nas muda de aspecto, toma-se nuis evidenle, como um objecto

q~

passa da sombT'3 pan a c1arid.1de se vê melhor .sem (ér aumentado de lamanho.

Estimular uma actividade que depois não se revela prospera oferece-se à critica do mais rúslico; co ntinuar a transigir com loebs as ofensas ii regra de bem produzir, manter a tradição de pobreza. ababo poucos t: até parece bem a muito letrado. Tomar e SC3 última atitude t porém menos nobre; n;lo se ê menos responsável mas expõe-se menOS o peito. Forçado pela necessidade a abandonar o redUtO, os polítiCOS

que se defendem e os funcion~rios que tenham paciênci3 j é a lei suprema do saf"s populi, que alguns, por desabafo. querem injuriar dizendo-a socializame. Passemos à terceira modalidade.

A ideia de n:lo fazer indústria para ":lo acirrar o perigo social parece-me divorciada do senso comum ~ faz lembrar aquele velho gt2cejo do doente que morre da cura. Assentemos em que o problem3 social não tem ilpenas um3 causa económica; é inerente ii psico logia humana , é JXlr isso tolo antigo come> o homem. As reivindicações do plebeu da velha Roma ou do burguêS da Idade Média, em antagoniSmo com os privilégios da nobreza , constituiram fases de uma formidável evolução social com periodo de claf1lJ e de agicaÇ\o. E assim h:i-de continuar:1 ser enquanto hoU\'er mundo: J Estática é uma abstrncçâo. Se tom os séculos aumenta ou diminui a violênda dos meiOS t consequt!:nda do ritmO e da ética da vida . Desta maneim. :1 melhoria de vida do operário, se suavi7.a as su;l.S 3Spir.lçõcs, não 3S satisfaz no todo; fica sempre um fundo maior 00 menor, que não sabe talvez definir Sé, mas se faz senlil'j e é inegável Que o proletariado industrial. mais unido c mais instruído que o rur:a l• torna a ofensiva COm ma.is calo r e melhor estratégia. Reconheço eslt fruto da industria , mas não o considero eliminat6rio. Uma primeira conclusão me p:1rece resultar evidente da marcha doS f3ctos: é infantil perder O benefido que a indústria pOde ttá.Zer a [()(loS nós em troca da Uusão de que nos desligamos da marcha social dO mundo. Esta é cada vez rn3Í5 unitl'iria.; e o caminho alilado parec::e-nK' Ser o de cri3r condições que permitam ncompanhar os progr:unllS soc.iais que se anunciam - de que o plano Beveridge ê o lermo fT\3iS co nhecido - e nunC\ o de mnnter um regime de produ~o. corno O actual , que 3inda que muito espremido (com beneficios inegáveis) ~ política dos $á,l ãrios minimos e dos conlt"JLOS colectivos, nuncn darf. modifiC'"'ç'Jo que faça urar o pé da lama , como diz o vulgo. N:lo asse"' gurO que pela 0011'3 fORna .se chegue cá em grande CSC".ala o u mo ilO depressa; mas pelo menos n:lo se impede que se chegue - o que jj l. um gr.mde .. \I<I:n\:o. 4


UobodtRu""'.N<JIos.EamemioFonuS_, vot. /,iAp. "

/2/

Uma segunda conclusão, igualmenle evidente, conduz ao mesmo =ado; a agitaç:Jo social depende mais da raça ou cultura dos ns do que do desenvolvimenlQ da indústria, Vejam-se os paises ~icos. intensamente industriais mas socialmente serenos: veja~ a nglaterra , que é entre as nações industriais a primeira no tempo e uma das Primeiras na categoria, como manlém ordeiramente as organi7..aÇÕt!s trabalhistas arastadas de uns sujeitos - aliás poucos - que se dizem COmunistas mas que no rundo t31vez n:lo saibam o que sào ou o que qtJe~; vejam-se por outro lado a França, a Itália. a Espanha, os Baleis, rormando uma csola industria l decrescendo quase até ao zero, mas, onde se encontra sempre um fermento desordeiro, destrulivo. iMor8ân~. à verdade de que o desenvolvimento da indústria afecta a tranqUilidade social sobrepõe-se e~Ha OUlra verdade: h:'i povos mais ou Illenos desordeiros. Porquê ter medo da indústria? Perante o problema social tão real COmo o próprio homem, parecem conden~veis duas atitudes: a de tapar 0$ ?lhos para n;lo ver ou a de reagir no estilo de Torquemada - na Up1r-.t.Çilo Insensata de fazer recuar o Tempo. • Marchemos com a época. fujamos dos anacronlslTlO5. Melhoremos O

~1S ~través da

indíistria; melhoremos:1 vida do trabalhador aU'3vés do ~no e da justiça social, porque ISto, se não é ludo, é reconhecida?"tnte muico: acompanhemos compreensivamente HXIaS as pretensões

rustas - que são numero5.1S - Sém dei;(arrnos subverter a ordem e a ~I; e desta maneira teremos trabalhado para trazer a paz aos homens

boa Vontade - mmo quanto s.io conciliáveis os homens com a paz. . Que o panicular se afaste com medo de perder dinheiro ou de se

~r ao Contacto de elementos socialmente insatisfeitos ainda tem ~ defesa; mas esta al'itude em entidades oficiais lembra a figura do O medroso no FeittceirfJ de az. 22 - OS MERCADOS

ca Ao C'apacidade consumidora do mercado que uma dad..l ind6suia é c:J:Z de a,limCnlar é urna das qUC-SlOeS que podem ser postas com seri&ra de e devem ser consideradas com atenção 30 eJilbor~r um proma , POrque o preço de custo de um produto é função. entre oulrns ~. do tamanho da unidade fabril e da sua utiUzaÇo'o, e estes facto.. ~o condicionados pelo poder de absorção do meio. ~I Analisemos orde.natbmen lc estes dois aspeaos, começa.ndo pela

aro

entre O preço de custo e as c:U'3c:teríSticas do 6rgão produtor, sabido que o preço de custO de qualquer produto industriá! pode, primeira aproximaçolo, c:.:onsiderar-se corno a soma de duus parce~das quais ao primei;.! corresponde aos encargos de exploraç:lo. Pon Ximadamentc proporcionais no volume: da produç:1o. e representa. anto, uma cifrJ constante por unidade produzida; laLoe; $.'10 as despe-' ~

las


122

sas de

f-N. re.-r.lrrl[)iIJSJr.

ma(é:ria~prima,

de energia, de pessoal directamente produúvo.

e(c~ A segunda parcela corresponde aos chamados encargos fix9$

da

inSlalaçaoj o seu valor global é quase constante, sem dependêndJ aprcc.:iável das quantid:1des produzidas e , portanlO, a cifra que pesa por unidade varia na ra210 inversa do número de unidades fabricadas; (:ais são as despesas de juros; de arnonizaçôes. de reintegrações, de gastOS gerais, de pessoal não directamente produtivo. etc. Para uma dada instalação, o preço de CUStO dos produtos varia por. tantO segundo uma curva (hipérbole equilálcra) como mostra a Fig. ,; f.. bricando uma quantidade represencada pelo ponto A e o preço de CUSto será P: se aumenlannos a utilização da fábrica e produzirmOS uma quantioode major. representada por B. o preço descerá para pt, A percentagem de V3riação do preço em função da udJizaçào depende, claramente, da maior ou menor impomncia relativa das parcelas rllC'a e vari;\vd. isto é, depende da indústria que for consideradaj mas , n,s linhas gerais, o fenómeno passa-se como fica dito e justifica por que motivo nas ind6strias com fortes despesas de ins(ala~o (parcela variA· vel muito elevada e, portanto. descida da curva mais pronunciad.'t) ~ melhoram apreciavelmente as condições de exploraç:1o quando se passa do regime de 8 horas di~rias para o de 16 ou 24 (dois ou três lU"" nos de pessooJ) mesmo que a IUtureza do lr.tbalho n:1o exip labor.a.ç1° continua. Em alguns países tem-se recorrido por vezes a este sistetnll de bara'ea r QS preços. Analisemos agora o CiSO de Y.irias fábricas relativas à mesma indÍJSo" (ria, tendo todas a mesma ulilizaç-lo mas capacidades diferentes. se observarmos 3 formaç::lo dos preços de custo, podemos ainda decompõ-Ios em duas parcelas: uma que. por unidáde de produto. ~ aproximadamenl'e a mesma para todas as fábricas e que resulGl doS encargos Que dependem da C3p:lodadc des13s e portanto. também. dO número de unidldes produzidas (juros, amortizações, relntegraçõe5· força mouiz. maléria-prima. pessoal directamente produtivo, etc.); outt' que resulta de encargos constanles, independenles da capacidade da fábriC:l (gastos gerais, pessoal n:lo dlrectamenle produtivo, etc.) e que ponamo tem no preço de custO uma innuênda inversamente propal'" OOMI a essa capacidade. A variação do preço de CUStO se.cl entilO lJ representada na Fig_4 (OJr.'3S a cheio). H:1 porem uma correcç:1o indispensável: :l parte do preço de cost° que. em primeira aOlUisé, se considcr.. CQnstan[e não O l: em rigor per. que as despesas que s30 funç:lo da capacidade c.L'l flibrica 0:10 proporcionalmente a esta trulS mais lentamente do que ela: as mãqui~ maiores. consideradas proporcionalmente â sua capaddade de prod uç:llo, cust3m mais baratas que as mais pequenas. ocupam menOS espaço. 1f.Is1ám menoS energia, exigem menOS pessoal; é por1an10 ôlquUO a que chámámos parcela rum do preço n:to e: realmente frxa nlJ$ um pouco decrescente quando ti capacidade aumenta, sofrendo a C\JrV'

crescem


Iiobo. /lu"",. Notat. E"mom/(J 1tlrtuB...... voI.1, Cap. n

123

~ o deslocamento correspondente para baixo (curv~s a pomo e ~ Note-se ainda que nesta figura se desenhou a parcela flxa rel:uite mais Importante do que na Fig. 3, como é evidente pela com-

J>alaÇào dos encargos. f~ ~nsiderados agora dois pontOs C e D. correspondentes a duas bocas de capacidades diferen les, o preço de CUSIO PI sed mais alto que O valor P2; rt13S O pequeno valor relativo da parcela variãvel rem como C'onsequéncia _ e este é o aspecto importante - que pa ...

tl

~

1

! NÔI_H ~",06.1,'"

fig. 3 - Vati2çlO do pn!ÇO de: C'U5lO oom I. udllza~o da fibria

1l 3

,

j C

C.~IIII. ""'oCot

Plg.. 4 _ Varb(l1iO 00 preço de 01$0 rom:ll Clp:lcidadt:!tI: (4brics


J. N. Fem!I,. D/IISJt. capacidades acima das que ficam situadas n3 zona do ponlo O o preço já mo desce sensive.lmenrc; nOla~se mesmo na pl'õ'itica que :I partir de certo ponto nilo desce absolutamente nada, porque .. pe<luena descid2 que o gráfico aponta é compensada pela maior de5'" pesa de gaslOS ge~i.S , ine'litivel quando a unidade fabril cresce aléfll de certo limite. Por estas razôcs, que são muito evidentes mas me pareceu conveniente acenl,u ar, me permiti atrás chamar paralogismos a certas 3fi~ çõcs como as duas seguintes cuja autenticidade asseguro: em POftUP

não Sé pode fazer folha de Flandres porque na Alemanha há fjbrica5 que fa;,.em num dia O que nós vamos fazer num ano; em Ponugal IPO se pode fabricar papel de jornal porque no Canadã momou-se h:1letn" pos Uf1l3 máquina que fa.ria numa semana o que nós consumimos "udl seme5lre. Os preços de CUSlo, ao contrário do que se pretende insinuar ne.SCe5 pseudo-argumentos. n:lo descem indefinidamente quando aulTténl2 o tamanho das moiquinas ou das fo1ibric3S; o estudo sl!rio da questãO re.o;ide em procuro! onde escá O ponto 0 , isto é, .. opacidade mínima que, com boa uliHzaç-.lo. lll3.tC3 praticamente o limite da desdcb: efll veriFicar se essa capacidade e essa utilização se ad.'1pmm convenientemente As necessidades a satisfazer; em ajustar 3S contas às condiçõeS da nossa vida - e deix3r rranquilameme em paz os monstros indusui"' ais da Alemanha e do Can.1dá. Seria pitoresco ver aplkar este critério da virtude das fábricas gigôlrt· tes a 99% das instalações industriais hoje existentes no nosso País; e ~ igualmente pitoresco registar que os defensores desta tcoria no que se refere a indústrias novas não vêem com bon.'i olhos a concentração cW unidades existemes - que nem chegam a. ser p<.-quenas porque njO p>ssam de poeir.l industrial. Nos países do centrO da Europa, ao contrário do que alguns a.pa" ren13m pensar. n30 hã só f:\brica.s monstruosas; há tambêm f;1bric:aJ médias e pequenas, e todas conseguem viver demro do mesmo mercado, basta que se não afastem muito para a esquerda do ponto O di Fig. 4. N;lo ê mesmo I'2ridade que unu fábrica de modeC'ddo 13fll3.nhO consiga melhor preço de custo do que OUlr.1 de larga capacidade: b<lst' que a c('~iC2 seja um pouco mais apurada. 3 organiza ção mais perfeita, a mão-de-obra lTI3is diligente, a fabrica~o menos variada. a localizaçao mais convenjeme; com o que resulla de qualquer destas conquistaS efII melhoria no rendimento ou no preço d3 instalação e dos transportes SJ! compensa muitas vetes "om folg::a a dC5vantagem da mais limitada produç-Jo.

Mas h~ pessoas que qU;lOdo fiJosofam sobre indústria fazem leJIY br.u o equilibri,sta que passeia no arame e acab-J. por lombar. com i80111 probabilidade, p3r.t a e5querda ou parn a direha ; :tquelas só enconlr:Jf11 salvaçlo, indistimame.me.. no Krupp ou no vào de escada.


!lobo .. RulflO. NoIas di! Economia Ponuguesa, VoI.'

Cop. II

D!8~mos agora duas palavras sobre o segundo aspecto focado no

~PIO deste número, e que se refere ao poder de absorção do mf;:r~ ~egar numa estatística e verificar o consumo registado até :l data ê a du .eira atitude de Ioda a gente; mas este númt!ro, só por si. pode conli'

a conclusõc.s erradas. Ocorre-me, por ser a mais curiosa que

conheço, aquela opinião de que a via férrea Lisboa-Porto não se deVia

~ruir porque a estatistica da maJa-posta acusav.1 a média diária de meia dúzia de pass;ageiros em cad1 senddo.

A montagem de uma ind6:,Lria tmz sempre sobre o consumo um3 :",CÇ1o que é t:lo inconveniente estimar de mais como de menos; não

n:nter.ua$ as unidades fabris que. sem serem velhas, estão profunda-

anacrónicas e incapazes de bom serviço porque construídas ini-

tia)

mente sem largueza. são hOje uma justaposição de pequenos

~~ntarnentos acanhados e defeituosos, que só esperam o dia da ......ulObção -

único destino que lhes resta.

~or via de regra. a montagem de novas indústrias em Port.ugal não COntar Como elemcnlo primãrio de vida com OS mercados exter~ los' etnborJ, ao COntrário do que tem acontecido, n:1o deva e:-quecê· rn-...-:- ('orno inlr3nsigentemcnte se preconiza adiante (nO 23). Mas o ··•...·qdo interno, se quisennos cultiv:i-Io, é largamente prometedor, ~ue do baixo nível econ6mico Tcgistado no capitulo antecedente de a um consumo (raquissimo de todos os anigos; os quase 8 milhões ~nugueses não são. infelizmente, 8 milhões de compradores. adu.:mos Ou melhor, usjvamos antes da guerra. 3 média de 25 kg de llQs

OU 1

aZOtados por ano e por hectare cuhivado. rnáS podemos usar 7S

00; 8"Slamos S kg de papel por ano e por habilanle. mas se gasms-

::::: 15 ou 20 nào farfamos nada que muilos outros não façam jã;

ga~

.....,,_ <coca de 3 kg de algodào, mas as necessidades de uma população

···lIlQda sobem a 6 OU 8; consumimos 10 kg de açúcar. mas h~ quem ~.,. 30 ou 40, consumimos. roda de 18 quilos de ferro por cabeç:!, sena lll.3is razoável que consulTÚSSernos 60 ou 80; e qualquer outro o que se L"OnSldere leva-nos às mesmas proporções. Um programa sistcmático de novas indústrias e do aperfeiçQ:t. t ef; ? ~ que existem pode alargar os mercados como se fosse causa rios euo slmultancameme. porque toda a indústria, por si e pejos 531:1· f: que paga. e forte consumidora de outros produt:os industriais v~ de aUlo--exp'.1nsâo que faz CTCscer em moviment'O 3celerado O Um.: do oomêrcio, ~ndo. h!i cert":l de 15 anos, visilei 3$ gr.lOdes fábric-.J.S Siemens, de Rra ,onde .se produz toda a espécie de lTIa1erial eléctrico. desde as IllkI4l\dts máquinas ao balão de campalnh:l, averiguei que, d:aquc:la for. nas vel procluç!lo, o me rcado intemo lomava 70% e a exponaç'Jo ape· OUI OS 30 resUntes. E como sabia que existiam na Alemanha numerosas ~ f:1briC-olS de materi:11 dêctrico . a que corre ponderia, prov3vcl- '

Produ.

me:


J. N. _ , . DiaS'

126

mente, posição semelhame, nào foi sem espanto que fiquei a

pe~r pi!

imensa capacic:bde de absorçoio que a massa industrial alemã represefllJ para si própria . Nunca rnílis perdi esta noção de que o consumo somos nós que o

fazemos n.:l medida da diligência com que troloolhamos, entrevi qt)t numa organização em que a solidariedade n:lo fosse palavra oca, o consumo cresceria indefinidamente. n:\o conheceria as crises que o

fazem

retrocedc~

mas fora do caso teórico perfeito, ainda tenho que o

produzir é a fomt3 eficaz de fazer conSUlno. E chamo prodUZir à zon'

compreendida enlre o não f3zer nada e o fazer excessivas colicelt sabido que nisto como em rudo há uma linha - praticamente urra fal..,(3 - de posições reais. possíveis, lade'dda :l esquerda e :l dire itt pelo mundo inconsistente do imaginário. De um lado ficam os tolOS e do OUtro os muito prudentes - irmanados na meSma inferioridade de crialur.ts inúteis. 23 - AS EXPOSIçõES

Nesta sequência de pequtnas nOCas de que procuro nào andt: I lógica muito afastada, 0:10 fica mal pôr 3S exposições a seguir aos mer" cados. sabido que aquelas .são uma das fornus do alargamento destes. Na.o; grandes exposições intem<tdon;tis dos últimos anos PortU~ tem comparecido; ocorrem-me:3 de Sevilha (927), a Colonial de J>3ri.i (1931). a du Artes e Técnicas na Vida Modema, também em PariS (1937) e a de Nova-Iorque (939). Pondo de pane a primeiro e • últinu , que n!lo visitei, e 3 seguncb que tinha ca.raclerísticas ~aiS, vou dizer sobre li terceira algumas palavr.l!'i que se prendem COI11 I maléri.'I desre livro.

No meio de numerosos pavilhões em que lodos os países do mundo expunham as últimas criações da sua lêcnlC"J. e das suas arteS aplic:!.das (como o nome da e."<posiç-Jo pedia), Portugal construiu lUIl põlvilMo pOlitico - aliãs interessante: e eu interpretei este desvia cOmO maneira de fugir :\ dificuldade: de reunir mostruirio que se julgólsst' digno da competição. ~1as em dois pomos desejo manifestar o meu desacordo. Ao enUlr numól das salóls cait2m·nte OS olhos sobre ;tlguns produtos de ,,ce popul:u: bordados rústicos, bilhas de Estremoz, cer5:mic-d de feira: e com' viS(3 ainda areila :lOS requintes da Ciência c do Bom GostO qut 3000va de ver nos mostruários de outrOS povos, senti uma dece# profunda ante aquelas rormas toscas, tão desl0C3das naquele ambiente, símbolos de uma ingenuidade primitiva que ali tomavam o aspecto de documentos de uma ch'ilizaç:Jo inferior, pr6priá de gentes de pele piB" mentad:.. Se n30 queria; d:ar~se ao pavilhão ponugucs o carlkter induslti:al ""; e aceito esse critério - deveria ler~se-Jhe m:tntido sem enxertOS O


127

~l'1er documentário de uma renovação politica. A exposição de Paris

s::.aera, de atte popu1ati e .só se fosse, leria cabimen to aquilo que se e.'<p6s.

n3

ma rgem do

O meu segundo ponto de desacordo está no Clnaz de propaganda que as autoridades portuguesas mandaram imprimir em péssimo frao~ t onde leIo cam sincero desgosm, sob o l1[uJo Porlugal-lllduSlrie Toutes les industries s'y lrOuveOl répr(~nlées. EI ii convient

de remarquer. que "Indusuie portugalse. même la plus modeste. p~rfaile daos soo rravail.

est

..

(. ) Le Ponuga,1 esr au point de we inoustriel uo pays complet. Sicn pcu de choses lui manquenl. Pt~he el (ait de )'l!leV<1ge;

produil du la ir, du fromage, du vio eI du miei; possêele plusiCurs des mines; (aíl eles locomolives et des bãtiml!nts de guc:rre, en est fabrique du verre. de la coutellerie. des meubles de bois et de Cer; produit le marbre et moule des briques; fabrique du Savon et de I'encre d ' imprim~rie; possêde du sei d du blé; f3brique de la poudre el de J'amadou, des chapeaux et eles chaussures. de... habits el des annes. Produ ii du culr, de 13 soie. le 837. et I'clectricité, le p3pier etc. te Portugal. ce p3YS channant, si :!Clt"ueill:ml I>our les étran8Cffl, ~e tOUI à pleines mains .

o lsco e muito mais, que peb eXlensào nao posso reproduzir. excede ~e é legítimo dizcr.se mesmo com moderada probidade. Noutro llo gem do mesmo documento explica-se que o pono de Usboa est..1 AlIabem equipado que até o paquete LlI/c'1'Iel aqui foi reparAdo e o PiI ..~ ~tracou ao cais; e isto faz. lembrar certos reclamos d~ decré~~Oté,s de provincia que apon tam como provas de conforto .~ o há\~er luz. ell--arie'l e casa de banho. ~ literatura de exposições só deveria ser escrita por quem I1vcsse ~ te cultura pal'3 saber o que ê Ind(lstria e o que s:lo ponos. c ~CO~fundiSSe URla exposição intemacional com Uma p3C312 fest'3 de sal llCia. Pelo menos neste r.. mo :l represenlàÇlo condigna de Portu't~ pode esta.r só entregue ~ Ane; precisa de ser flSCllizada pela ~ . ' st' nào queremos ser tfatados com um sorriso de condéscen~

caa "Pane estas exposições de gra nde estilo e algum.1s missões anlsli-

~. Espanha, Portu~1 0:10 comparece 3lém-fronteirns com rnHos lS,do Seu trabalho. As feims de amQSlr.ts nunca interessaram 30 OU ll<1 PaiS: e dai é (orço:;o ronduir que ele não lem nada que mostrar 't o I(-m necessidade de vender. ~ Odos os anos. quase todos os meses, chegam :'Is repartições públi • . Ponuguesas as nOl.ídas ofidais das feiras que se fazem pelo mundo;

lloeeto


128 põe·se um aviso no Diário do Got;en'o, ofida-se às associações económicas a dar notícia do acontecimentO, lavra-se um despacho a dizd que Ponugal não concorre oficialmente, e arquiva-se o processo. Vj~ se neste regime, cumpre-se este rito. desde que se instituíram 3S feiOS de amostras; e a nossa ausência SÓ não será completa quando apareçt. a titulo particular. o m05UUário de algum exportador. É necessário :lcabar com esta inércia; é necess.1rio que nas feira.' periódicas de cen o renome (por exemplo, Leipzig, Milã.o, Basiléia. UJO. Barcelona) Portugal apareça por sistema, com caraCter oflCial, e sem se confinar na velha triade do vinho, da coniça e das conservas. A despesa n30 é grande; pretende-se expor alguns anigos como na montra de uma loja, com aspecto que sej3 e pareça comercial. com t)()I11 gosto mas sem preocupações de arte ou mundanismo, que são aq..P descabidas e custam, pelo bara to. alguns milhares de contOs. Alugam-se uns metros quadrados de terreno, fazem-se umas CSl;Jntes. despacha Jlt .se pelo <.:omboio ou pelo vapor uns mostruários e dois ou três fund~­ rios, imprime-se em duas ou lrês línguas um '-"3tálogQ sêrio - e é rudOO Estado. OS organismos corporativos e os expositores podem t)C!I1I com os encargos desw. representaç:lo. repartindo-os entre si - e nJo devem furtar-se a eles. E que vamos expor? A coisa tem que ir por partes e que evoluciO" na! lentamente. Em primeira fase e durante alguns anos não podererno' sair dos produtos cI:1ssicos da noss.'l exponaç;lo, sem esqu'-"Cer OS artigos coloniais. porque nada mais teremos digno de ser mostrndo; e o ser digno significa nlIo só ser bom (se possível. original) mas ter preÇO que interesse o provável comprador. Depois, com o tempo, se alargad a Iis13. t necessário, como condiçlo fundamental de vida, vendernlOS mais para comprarmos mais; 00 aumentar da produç.lo nacional, como já se disse e agora se acenfUS. não basta ler em mira o mercado interno mas e imperioso indoU' alguma parccla que possa ser exportada. porque ao fatal aumento dJ5 importações há-de corresponder o aumento dos meios de pagarnen1o. A tomar mais viv" esta necessidade está a conhecid:1 descom~ ção do nosso comércio c;(temo: um déficit crónico da ordem do milhJO de contos (ressalvado o triénio 41-43 com o volfr:\mio e o esmnho' preço de guerra) embora 31enuado por ceno h:'ibho (l'3diclonal dt declal'3r os preços de exponação inferiores aos verdadeiros. Se nJO devemos perder nenhunu ocasião de inlcnsilkar ;l vcnd41 dos produtOS tradicionais, devemos 830h3r o h~bito de procuJilr comprador ~ novas mercr.dorias. É mais uma condiçao de segurança; é mais o"" liberdade com que nos :1presenuremos a negociar convénios sobre o comércio e"terno que hoje são bem poucas, porque f restrito O número dos nossos produ tos capazes de expon:.1ç50 quantiQS:l. Em todas as noV3.S indústrias. cm todas 3$ que venham a ser a~ feiçoadas. a preocupaç:\o de obter produtos dignos de uma feiro ctt


----~----------

lbrho de Rumo. Nelas de ["",,,,,,Ia PotIu,!..... VoI. l. o.p. /I

129

Itnosc:.ras, capazes de merecer algum apreço além~tTonreirJ.S. não pode ~ecer um momento; e nem só como defesa económica mas afê de' defesa moral. porque o nào :lp.. recer nestas competições em pê Igualdade com os restanles povos, não deve ser olhado como

~ .~3gradá\1el do que o mostrar inferioridade em competições -PUflIvas. Em mUil,o s casos não vai conseguir-se re.~h.ado posit'ivo, ::;trevo-me a [omar por excessivo pessimismo o supor que será em

Só se enCOntra quando se procura; é n6s. salvo excepções de ~ raridade, n~o temos procurado nunca , acidos a esta confortãvel ~o de que razer um produto pelo dobro das cotações mundiais j:í e tuna comenda de mérito industrial. . Arredado este conformismo, criada uma nova aspiração, tomados :::nsigentemente insatisfeitos - havemos de conseguir algum resul· ha ,~o fim de umas dezenas de anos. havemos de descobrir alguma ~~de ainda 0;10 revelada para fabrkaflnos qualquer coisa que Icrtsc 111leressar os mercados externos, qualquer artigo que ~mos ir ~eotando aos nossos moslfu:1riOS. Enqu~nto não fizemlos ;t cxpedispostos a n:io recuar :mle a ofensiva de pequenos inleresscs, ~n(o andarmos presos :1 ficção de uns temas oratórios muito b:lli~ enquanto 3S autoridades mantiverem a tradição de ficarem milito ~17Ip1V!SSlOtladas com todas 3S visitas que fazem .\ ind6stri3, não ~ direito de nos considero r, no campo industrial, mais do que batráquios a coaxar ao sol. f.&taO arranque desta obra, se cabe aos industriais não <::lhe menos ao do. Nilo se cril uma aspiração. não se lhe ~ re-dlidade, nào se :r~ilam mostruários nem se fal.em seguir pelo mundo, sem uma noto~de suficientemente fone para que não lhe neguem colaboroÇólo, COm ,regateiem o dinheiro, nem se atrevam a misturar-lhe indústria CUOOsidades de pass.uempo. tra~1 renOV3~O industrial portugues~, precisa ainda, como <."Slímulo do ~ ho obscuro dos seus executanteS e como manifestação visível que .ao ~vo e o inlegre na obra, da I'C:lliza~"ào periódica dc exposições ~l$. Só vive o que enl'3Í7..3 na alma do povo. o que este sente e <::on .n~. Q que ele aprecia ou critica; só assim ê possfvel manter uma co.!lUdade, criar um objectivo nadonal. uma asplraç.lo persistente ~ Ill4Ircha de um giroscópio, insensível ao erro dos homens que l' OU :\ pal.:clo da poUlica ctema. ~ê:rn sido escassas entre nós as m.lOifcstaçOes deste género; e na dadr ~o dós objectos expostos tem-se sacrificndo por VCl.es a qualibro ;\ quantidade. Como exposl~o nitidamente lnduslri;1I só me lenl-

~~

que Se efecluou em Lisboa . em 1932 , sob o patrocínio (13 ~~ç~o Industrial PQnugues"'i postertonnente aparec:crnm secções

1936 naL~ na Exposiç;io do AnO X. promovida pela União Nacional em. • na Exposiç:\o do Mundo ponugue. em 1940.


1311 Penso que .sob o palrodnio ofidal se deveriam reaH1.ar todos os 10 anos exposições indUStriais. alternadamente em Lisboa e Porto; que esses certames deveriam ser exigcmes, razendo cuidada sclecç:io doS

moslruários e dos expositores para que lá figumsse apenas O que fosse realmente indústria e re:tLmente nacional; que deveriam ter O ar solene de comemoração ofidal de uma vitória, <:orno O merece uma consag"" ç:io do lf3balho. empenh:ldo n3 campanha de uma renova~o nacioOalo

que para elas se deveriam analizar através de excursões

3S ITUISSóIS

escolares e opedrias. para lhes fazer compreender tOdo o significado daquele ambiente festivo - um pouco fora do trivial ponuguês. Nessas exposJçõe:S f3ntasio três pequenos pavilhões centr::lÍ..s: no dJ direit:l mostrar·se-L1 em quadros luminosos o progresso da rede el~ lrica: no da esquerda, em quadros semelhantes. o da rede de ti.lnspc* tes j no do centro os produtos industriais que tivessem nascido no Oltimo decénio. E quando eSI3 obra e tivesse cm marcha caJ\fe! pudesse tomar a dizer-se com verdade, como já se disse, que havia cOI'" S3S noV'.LS em ponugal; 050 pelo aspecto material de parque de diversões com fachadas de gesso e lona, porque isso vale pouco mesmo quando é bonito. mas pelo espírifO novo que se cri:Ir·.. com o arnnC" os portugueses aO faulismo da sua impotência indust.rial, :.\ recordaçãO lacrimogénea dos horrendos m.1ldicios de Melhwen.

Fanwiar ê barJ'o e nio ofende ninguém; e quando se n:lo têeO muitas iJusões, é inofensivo. Ocorre-me que já em 1930 se fantasiou O InaugurJr em Sagres a rede eléctrica nacional " . que hoje (Abril de 1945) ainda está como.se sabe. Se o local seria geogrnficameme arreve"sado para o efeito. teria sígnificaç"lo história de alcance; mas os portO" gueses entenderam - C' porvemura bem - que mais cómodo qtJC imitar o Infame ê viver :}; sombra dele, conlempl.mdo-nos a nóS próprios, como seus herdeiros, com um bocadinho da sua glória _ fn.d° da iniciativa que ele teve e nós 030 temos. 24 -

A PAlTTA

H:5.-de h.wer uns três ou quatro anos, em conversa vaga sobre , reforma industrial. aventei que o mJnislério que oriem3sse as questOd da indústria deveria ter competência ofidal para trata.r junbmenle cot' o das finanças do problema eh p:lUl3. M~1.rarn os factos que 3. existéft'" cia de uns fundordrios lU ComlSS:1o de Pautas ou a troca de oCtetoS entre minisuos n:lo são suAcicntes. . O alvitre roi recebido de n13neir.l pouco ravorável e quase me coft" venci de que Linha dilO rone irreverênci.. ; "taS como sou persistente: e 030 me convence o parecer das pessoas que n:lo têm mz:\o, resolvO explicar aqui O porque do meu asseno. E com isso explico 13mbél11 -


Il060 .. Ru.... No/ar di! Economia Pon1l8_

:ai: O que interessa agora -

vot. I, Cap. II

131

que relação há entre a paUl:1 e a reforma

lndÚSlria

~ sabi~ qUI! 3S alfandegas s!lo instrumemo simuhane;unente

t

f1S<..-a1

lIdeton6nt~(.~; e se a primeira (unção é importante e n:to pode sllir da

rh::_~ MlnISUO das Finanças. a segunda, corno reguladora do lr.tb-.dho

---"-"lal. n~o o é menos.

~ nosso País, nos últimos anos antes da guerrn, o orçamento do

Çio

00013\'3 como rect:ita dos direitos de imponaç:to e de exportacerca de 29 % da receita ordinãria. percentagem que subia a 36 %

~ndo Incluída

a taxa de saJvaç,lo nacional; e eSles números mostram txtraordin:1ria Importância rLSC'31 desta cobranç:L Mas o valor eron6paUla eleva-a :l posição de um dos problemas rn:tls discutidos

~da

. onomia Política , e dai resulw haver em alguns patses -

onde

~ se inclui a vizinha F.spanha - no ministério que t.nua da indós--

q • um sc::rviço de politica aduaneira por onde correm estes assuntos, ~ OS doIS ministros ou o Governo rcsolvcl"'Jo em última instância. A

~~ SUgL"Sl:lO não estaria inte.iramente desacompanhada; mas não roi tn\ita~o que me induziu.

~m primeiro lugar. estou convencido de que n:lo h:1 no 'mundo

tria . Um ~iniSlério das Finanças cutos 6r~os sintam o problema iodus-

tat I, aqu,do que conheço e as conv~s que lénho Lido com alguns u rangelros não me deixam dúvidas, Quando digo não

~ro dizer

semir não

n:lo compreender, porque são aspectos diferentes. Eu ~ ~vido falar da refonna do Código Penal, li que ho'i meses se lUlU uma ~o de jurisconsuhos para rever o Código Civil e

~ndo com suficienlc clareza que uma sociedade organil'.ada presas ter as .suas bases jurídicas e precisa adaptã-Ias ~ evolu~o das coi-

\'~ das Ideias; mas se eu disser que sinto o problema, não direi a se ~. Cada um no seu otlCÍo parece-me uma grande regra ; cada vez rtaafs ~ apresentam menos consistentes as decisões de amadores e, com cne razão, as suas ausêndas de decisão. Iltiro~o-me com alguns exemplos relativos ao nosso regime adual'Oi a) A nassa p"JUla de impon'aç:lo classifica os automóveis de {XIssagei~COmpletos, cm dois grupos: ClN'0Ç3dos e 0.10 carroçados; e cada um • 738)é dividido cm 4 escalões COns(Xlnle o peso do veiculo (artigos 731 ~ . Em cada esaUo a taxa por quilograma e OOll.SUtntc 1ll2.5 :aumenta te sea ordem dQ6 escalões. isto é , COm O peso, O que tem algunu. lógica llI--.~iderar que o aumentO de peso do veiculo tcm cena feiç.1o

~'PtU3ria a que r.l1.oovelmente se pode impor ma.ior tribulo. As duas

Pa cJ~ ~xa. são respectJv:lmcmc, em escudos-ouro por quilo, na . . : m'noma , $22, $33, $44, $48 c $20, $28. $36, $39. A primei", obser~ ~ a de que:1 pequena diferença entre os v:tlor<.'"S das duas .séries <:rue estimula o fabrico ou montaKcm de orroçarias de pas:kl~iros, por-o a 100pOnaç'lo de carros não carroçados é nula OU CjU35t!.


J. N. Fem/m [)iJJSJr.

1]2

Como haveria :I tendência de retirar peças dos autom6veis 5ujeit05 a CJespacho, para os fazer incluir na classe inferior e, ponanlo, de menor taXa, criou-se um artigo para aur.om6veis incompletos (739) cuja taxa é sempre iguaJ à da classe imediatamente superior a que correSo" ponderia ao velculo .se estivesse completo; e por OUlro lado. as peças soltas üu'[igos 745-A e 764-A) pagam mais que os automóveis montadOS de pequeno ""'" ($30 ouro). Vários outros aspeaos mereceriam referenda se nào devessem !d omítidos 11 bem da amenidade do rextO; mas do que se dtOU conclui-se:

19 Dois automóveis com diferença de peso de alguns quilOS podem pagar diferenças de direitos da ordem de alguns contOS; basta que caiam em escalões diferemes, lO t praticamente proibida :I imponaç:1o de aUlom6vei5 incompletos e , portanto, 3, inclusão de peças ou acessóriOS de

fabrico nadOO3I.

31P É pralíC-oImente proibida a indústria de mOntagem (k: automóveis com peç3s importadas no todo ou em pane.

As soluções nao são dificeis. O primeiro e segundo inconveniefl 1es resolvem-se elegantemente, mesmo mamendo a progrcssivid3de (i:I taxa se se julgar útil. com o estabelecimento de uma lei contínua de variaÇío com o peso, ~ semelhança do que já se faz para as máquiJl3S industriais~. e abolindo 3. distinção e ntre automóveis compleloS c incompletos, que deixaria de ter justificação. O terceiro resolve-se, 0'1 facilitando a imponação de automóveis desmontados ou estabelecendO as oficinas de montagem em annazêns alfandeg:ldos; neste último (",aSO. os direitos seriam cobrados;l salda dos C31l'OS e g07..ariaOl de um benê' tido em fun~':lo do peso de peças nacionais inlegf3das no veiculo. lo Espanha resolveu o problema por esta última fómlula, Estas reflexões foram apresentadas por mais de uma vez pela Fotd 1_14,sluma::\s entidades oficiais 3 panir de 1934; eu próprio. em 1942 oLl 43, no meu propósito obstinado de criar actividades, fiz um pequeno relatório em que retomei este assunto. documentei-o com números ,e gráficos. e mostrei o interesse de nacionalizar um pouco a indúsUil automóvel com facilidades conc~didas à mOOlagem e à Inclus30 : : peças nacionais. seguindo o caminho de muitos outros paises de nf industrial bem superior 30 nosso, na imJXlSSibilid~de actual --: e (lI(l.1!' por largos anos - de tentar oulra soluç.lo: referi que se nlo pretendi' reduzir a receita do Estado 03 imponaçào dos automóveis (:;) rocb de 25 000 contos por ano :lntes da guerra) mas apenas 3jusl3r as cotsP .fi) AniSO 6S7 doi p;tU~ de ImportllÇ'50. Só ~~ I"q)3IO o lldopur-se p:al? :I r.aP unu expres.$iO de: ~ndo pau, qu;u:d) lt':1Ú UdI 'Un.QÚ' qu:uc 0$ rtldmOS fL~tpdOf com Urnl k!l1inC'~r.


'*'

lJnbo Rumo, lIoIas de &onomia Ponuguesa, Vo/.I, Cap, U

133

::: evitar os lrês Inconvenientes apontados acima e outros que não a pena citar; mostrei 3 vantagem de se andar depressa para que, iO recomeçar a importaçilo de C".lITOS depois da. guerra, os importado~ que quiressem aproveitar-se das novas facilidades pautais tivessem

~~po de se

preparar; contudo, até hoje, não se tomou nenhuma

b) Os condutores de cobre nu são Imponados por três artigos da pauta: pelo número 155 se são unifdares e têm diâmetro igualou infe~ a 5 mm; pelo número 157 se são unifilares é têm diâmetro superior ~ mm: pelo número 860 se são muhifilares. A taxa minima do priro é de $03 ouro, ii do segundo SOl ouro e 3 do térceiro 506 ouroi mas a grande diferença enrre o terceiro e o segundo nilo tem explicamuito plausível, dado que nenhum dos dois produto... se fabricou até agora. que ambos têm aplicação e sensivelmente o --'''P<eço, POr motivos técnicos de segurança, OS condulOres multifilares são ~~veis. em algumas ... plicaçôeS, aos unifl1art!s. mas as empresas dis:--idoras de energia elêct:rica davam muitas vezes preferência a estes ttJ. Rlos, por pagarem menos direitos; numa merc-ddoria com o preço ~nles da guerra, à roda de 7$00, o direito do número 157 pesava ""-' de $30 (4%) e o do número 860 GerCd de 1$80 (26 %)", ~ no fim de 1934, por propo5(3. da éXl.inta Direcç:lo dos Serviços Pina COS, O Ministro das Obms Públicas, se dirigiu ao Ministério d.1S nç.as a dar conhecimento da situaçilo e a pedir, não que se favoredeterminado .migo, mas que os dois produtos pagassem a mesma Na ! dois anos mais tarde, a também extinta Junta de Electrificação nu clOnai dirigiu-se à Alfândega a relemb.rar o caso; mas a petiç:lo nca teve ao menos resposta. ~m a publicaçào do alvará nO 6 (metalurgia do cobre)<42 e para lidoS rar:l nova empn..osa igual protecçlo em todos os produ lOS abran~ pelos artigos 155 e 157, o Governo comprometeu-se a igualar ~namente pelo nível da maior a taxa dos dois anigas_O direito do ftaJ""eV 860 ~o se modíficou; mas, no caso do cobre, a fabricação nadoviD reduzir a import.:1ncia do assunto. bn c) Atê há pout os anos, o ãcido fénico, o fomlol e a urolroplna eram f4UePórtados exclusivamente como produ lOS famlaceuticos. mas desde PassaCOmeçaram :1 fabricar-se cnrre nós as resinas sintéticas, estes artigos mas mm ~ser também m~uéria-prim3 industrial. Ouvi contar qu~ 318~· tentativas se fizeram - sem êxito - paí.1 que 3 estas maulrias-pn-

:'m.!:':_"6s 0

=:

ado 'I Em ltlO!;:(b COfT'enIC. o valor do$ dl~llO$. incluindo o lIdki(m;ll de 2O'H. ~bde­ ~Pclo cIcnao n9 !O 93:50. 05 emolumentos gcn l'l C' 11 ~Io, pode c kul;ar4C grO$Sdr.l.

~ n1tJlllpli~r\do por J() li tllXa cm ~os.-ouro. Todos 05 direitos IOtnc:i()fl3<.1o$ '-' ';:':ulo. qu;ando n!t) tenh:am a lnilleaçlo de ~rem expr\.'"$:IOS cm ouro, rcpt"CliCf\-

q~~~~~=.I:;~~~dIIQ.

.


134

'n:tS fosse aplicada taxa mais redu7Jda que ;10$ produtos (arm3céudCOSt m.::as emoor:a. .se compreenda que neste caso houvesse o receio do desat" minha de direitos. se os problemas industriais falassem ao coraç:lo daS pessoas que tr.Jtam disto, algum., solução se teria 3ch3do. Estes três exemplos bastam para documentar a afirmaçào de que o assunto não é sentido por quem tem de o resolver, porque há oottl fOrTrulçào PrQnSSiOn.1J. QUtl'3.5 preocupações lidas por essenciais. No q~ tú que meditar é: no fundamento que 3ssiste à idci;l conlid'l nas prh.net" ras Unhas deste número; e na impaciência, no C'dnsaço de C5pe~r debalde, de quem formula esL1.S questões, se não com intelig~nd;l certamente com boa vontade. e se vê impossibilit:ldo de promover ou. ao menos, O esdan.-dmento da .sua rejeição.

3.

su.a

cxecu~o

Um segundo mocl\'O me leva a manter:l sugescão: o grande número de alteraçOes que :1 rerorrm. industrial e~ige na p'.lUt3 c que n30 podem ficar sujeitas à sane dos casos apontados . A primeírn C3tegoria de aher:tçOcs consiste no desdobramento de alguns artigos gJobais, por onde se despacha certo número de prodúla5 diferentéS; esta (:t1r3 de diferenciaçào impossibilita por \'ezes os esrudOS econ6mlcos. COntudo. :1 objecção jâ tem hOje menos fundamenlO dO que linha na data a que se repormrn 3S primeiros linhas deste númeroA EslaJÍSlica especial do Comércio e Navegação, que assim se cham..'" a nossa <.--statistica comerdal no princípio deste sl."CUlo. continha ape0a5 592 artigos na importação - OS da paula :Iprovada pot lei de 10 de Maio de 1892. Este número manteve-se até: que em 1923. p mud!ldo O nome da publiC'oIçlo ~rn Eslalística ComerciaI, nos ~Iparece a importJ'" çâo repartida por 861 artigos. de acordo com a pauta aprovada pO' decreto nO 8741 . de 27 de M3'ÇO de 1923; e só em 1930. depois dS

publicaç:Jo do decreto n' 17 823. de 31 de Dezembro de 1929. q"" aprovou ii paUla actualmente em vlgOt, o número de artigos subiu p"" 1092, alguns dos quais j:j têm sido postenorment'c desdobrndos. Mas um milhar de anigos é :dnd<1 pouco para classificar e di(e~ dar lodos OS produlos que hoje se comerciam, de forma a ter-se ictei' exacta da c.omposição das correntes de tr.ifego entre os p:tíscs; daf , minha aspiraç:1o. por volta de 1941. de Que nova mullipli<'''3ç3o dos artigos- paul'ais se fi7.esse sem detença . Não se fez, mas registo com sadsfr ç:1o que se adoptou providência equlvalemé: a partir de 1942," esl:nislica, cujo nome enltetanto mudou mais uma vez p'JC3 Eslfllfslid do Comércio E.'demo, decompõe O:l$ suas principais parcelas OS arti~ que englobam matêri3 hetcrogên~. Há porém necessidade de af11l" nhar m;1is longe. A S(,"8unda c:negoria de altet':Jç6es consiSte na revisiio das (3X3S. • A nossa pau{;I actu;al O1;tntém, emborJ com numero$.'1S e n:HUr2 iS 3heroçôes, 3 feição pl'Ow-ccionista da pauta de 1892. apresentad:a jJ Qinu,1'aS por Mariano de Carvalho e publicacb pot Oliveira Mani05 J10f cunos meses d.1quele anOJ em que foi Ministro da Faz.enda.


,.... de Ru.... NoIas de

&;O,.,"'"' Ptmugllesa. VoI./. CIIp. U

135

o .Estava·se no periodo de reacção em muitos paises d1 Europa contra ma1ivre-<am~ismo dos industriais ingleses; apesar disso, não l: fácil, a VJ:ab de meiO século de dist,lncia, avaliar ql1anto deve ter havido de de ndeza e des3SSQmbro nesta ideia de lançar a indústria como recurso salvaÇão. numa époat agiwda e lri..te da vida de Portug:ll, em que des~raças caíam como m:t.ldiç.1o; o ulllmato, a revoluÇolo, a banC'.u·

:..a:~~~nda hoje ift..I.. -0UU&Tta

e 3S condições s.lo bem diferemes -

o falar em

desperta n.. popula~o o sentjmenlo de descrença e incom·

~o de que as discussões na Assembleia Nttcional d:lo prova; mas t\I exemplo

não mostra toda a verdade do que pensa ;1 média dos pOr· 8Utses, quando discorre sem responsabilid'ule. A nossa paUta _ e analiso apenas o domínio da indústria - apre· :ua,um desnível muito grande no V'Jlor dos direitos, em obediênda

~OCípio de que a infonna. Pondo de parte os produtos com taxas

Una das ou sujeitos a

imposlos especiais por necessidade fiscal (gaso-

~ aUlomóveiS e, de maneira geral, todos os produ lOS Cáros ou consi·

C!rn..~. de luxo), encontl'3mos. encarJda ~ P<lula como instrumento .n;;IUITlICO, os dois exlternos que seguem: de um lado. as ma,lérias--pri.

que n~o produzimos pagando, pela pauta rnlnima , direitos com· :endldos em geral entre 3 e 1006 do valor cl/ da mercadoria em ~ normal (carvilo. adubos azotados, pasta de p:lpel, fosforitc. ~ ).is em bruto ou simplesmente laminados - exc..""eplo chumbo ~. ~ outro lado. cenos produtos indusniais ferozmente defendidos, " direitos, também na paUla mínima, da ordem de 70 a 100% e às

tk: Ola Is (alguns tipos de papel, alguns .ecldos de 1:1 e algodão,

etc) I Induslrhll. carboneto de cálcio, vidraça , isoladores, chapéus, .. Bm POSiç3o inlerm{"(Iia, :t grande mass;.1 dos !utigos. PI Os homens de 1892 viam na sua frente um só meio de defesa: 3

~i E~. mais ambidoso, talvez mais insenS:Ho. vejo dois; 3. p:mt3 e a

agia; e vou mesmo 30 ponto de pôr esta na vanguard.1 e conside~ ~uela como defesa de segunda linha. Cá tenho as minhas razOes; o tnt-lh alraso (: tllo grande que ponho na melhori .. da técniO:I as minhas rtaeruore~ esperanças, não por paixi10 profissional mas por conhecitoa i O directo do estado de muitas ind6sltias e da idoneidade de mui·

rar

lraeitdus~riais; e

3 vlt6ria ser<1 ma.is honrosa se for ganha com &ência do que com o tr.mClf da porta.

3

~.$ Só como milagre se poderia <:lI:igir que as indústrias novas ou Com a~ suportassem em todos os casos pelas suas próprias forças ti

~enda cst.rnngeira. Temos mercados no gemi escassos e já yin\OS

lIIaa essa CSC'.tSSeZ se faz sentir; lemos uma m!lo-de-obra adaplãvel Ietnosinc:uh3.; ternos que p~83r 3. técnlc..'n que ainda ndo possuín~os:

mos

que vencer a fal13 de lradiç:1o e, porventura, de v0C3Ç-JO; lere-

~ aqui e alétll , f'3C1ores naturais de-vantagem ou desfavor, Temos, ~ tudo isto. que c:onsideDr :a posl~o de certos elementos gerais, .

~o armam igualmente Iodas as indústrias

m3S

t."ufa inHuêncla na


136

J. N. Fetrelra[)(4S"

n;tédia não é de desprezar: o preço das malê rias-primas (por vezes 0neradas com lribut'o s que oulJOS países nào têm), o preço da energia eliC' IDea, o preço dos transpones. Daqui se conclui que a liberdade aduane ira nlo pode ser compleCJ - por muito que U"3dicionalmente o desejem os <.irados comerciais de

todos os países: e eu penso que uma proteçção até 15 ou 20% esai dentro das ~luçôes que poderemos conside rar boas. Quando tivertnO' de ir acima d isso, passan:mos ao suficiente e aO medíocre; alé m de .ou 50% estende-se sem esperança o domínio do mau.'.

Resulta destes números que h~ Que fazer na pauta dois grande' movimentOS de sentido conldrio. O primeiro. a aplicar eventualmente' novas indústrias ou 3. novos proch,.lto:s hoje quase livres, consiste nO esIt" beledmentO de uma protecçio model11da - lO, 15 ou 20% _ mas ri> onde e até onde for preciso. Os preços que se flX3!3m em algumas licenças ultimamente concedidas - sulfato de amónio .... fo lha de flandreS"" celulose'" - e a ausência de qualquer promessa de prorL-cçãO em IodI' as outras Jjcenças de novas indústrias importantes mostram a preocuP'" çào que houve de manter tanto quanto possível as corações intema~ 02Ls. Há apenas 11 excepção do cobre já aponlada e explicada; mas ~ essa nào sai da regra. porque o direito correspondente à laX3. do 155. a que .se prometeu igualar a do anigo 157, é da ordem de 15% c'IJ valor médio do cobre em bruto em rempo nonnal (ã roda de 6S00!l<8>' apenas 13% do valor do cobre em bam ou em fio (à roda de 7SooJkslAo conceber·se. e executar-se qU:1nlo se pode, o programa dr desenvolvimento industrial não se fugiu do principio auis e nunciackJ contou-se com :1 técnica anles da paUla. Há até :1 registar o caso espt" dai da indústria de nação de linho" , inexplicavelmente desc:onheddl entre nós 3té agora , salvo na insuficiente mod.1 Lidade caseira . Ião insP" radora de poesia corno incapaz de bom produto. A ela se promd~ uma procecç3o se a palha de linho nacion:lI ror mais cara que a estrJll' geira; :1 protecç;\o é. portanto, para a lavourÁ. ficando 3 indústria sd' OUtr2 ddes3 além do direilo ~ existente na pauta aClual para os fiOS cte linho (cerca de 10%). E n:lo se julgue que este e outros aspectos pi" bis do problema das novas indústrias ficaram assim resolvidos ~ esquecimen10 ou por siJêncio premeditado da minha parl e; fora&'

3*

iJ Como

~ rOi d ito. ~lltO>~ aclusiwn'lenlt :a

prortt(.lQ de produtos IDChJ5UiJ: ' :

=::~~':::~~~$:n=;:=:~~~::C:=:1tSS1

tndka, um suplemenlQ ~ S:& 1(\I'K do v;Uur mlodlo cif, 11 num~ peJo pt'3lO m :b:imO ctt :r. 6:UKd • ... DídrlOdQOoU'!nl(;\ " Sêrit-. de! 11 .8. 1941 (dua, 11ttnçu) e 19.6. 1942. A$ (.'u~ de preço tb.s duas primdr.n for.lm reY"OS'IW por desp3cho publicado nn 1 8.6. 1 ~1 ~ncb d:l5itua~itllenudocW .

i1 DidmllQGouomQ.II SbY. dt-1,8.J9't2. cljusuhl9'. OIdrlodoCown.o. 1I S&ir. dr 14.' . 1942. d:l u,sul:. 10'.

.Mo

41 OOriOllo Goc.wHO. II Shie. dr 29A. I943, d:li usub 1:Y


137

::::'0 aoe:

de larga troca de impressõcs com os industriais, aos quais o meu propósitO e dos quais. com taras excepções . .sem· an rm3~o espontânea do meu pensamento - a técnica da pauta, como limitc, a técnica sem paula - ou, pelo menos, a çio compret."'nSiva das minhas I"3zões. ~ se sabe se ao voltar a estabilidade do mundo vollam a haver os houv.;S de agressão económica que produziam o dllmpl',g; mas se a alB. ,estes novos produtos sedo naturalmente os mais ameaçados e do ndega ted de reagir sem demora dentro d3 doutrina do artigo 4R tlncia~~ nO 17 823, que manda cobrar. alêm dos direitos, uma impor. de Ori equivalente ao prêmio de que as meradorias beneflCiam no pais C sem. Igual doutrina vinha j;\ do artigo 7'l do decreto nO 874 1. A ilO e~e princípio sem grande convicç.lo na eficlcia do sistema. ~}pllcação é dificil porque muitos produtos são oferecidos nos ~ndi

Pte

anc

OUVI :Ii

..

q;;"~ externos a preços inferiores aos do mercado Interno. sem Dho-.I~ICiem de prémio de exportaç.lo; é O próprio fabricante que ~-UlOC de parte do lucro p3rJ se compensar com a maior utilização

as ~ f:'bricas. O que nos interessa fundamentalmente nao ~ forçar e.;:~ nacionais a aviltarem os seus preços. cedendo à pressão ar;;~ra; ê procurar que eles se n13ntcnham em nivel que se não ria dos preços internos dos países exportadores. Potra isso ê nec~~ .Iastiddade superior à que nos " habitual. ~ a redsegundo grande movimenlO a rea li7.ar nos direitos de importação lloIIh uÇio gradual das protecções exageradas. de 60, 80 e 100%, que ~llIna ra~o séria justifica. pelo menos cm muitos casos; e não há ~ra aJannes no campo fiscal porque a. redução ICr:i que ser Çio da e porque estes valores correspondem quase a uma proibi~endo os respectivos artigos da pauta, na nuloria. fraco movi~. 1::. por OUlro bdo. nào deixar:i de pondcl'2.r-.se o que o caminho ~aos olhos da economia - e certamente do rISCO, que n:lo des· t ni a beleza - é o de ir trocando o imposto indireCl:O pelo dircccoi ~ esqueceri o que ficou dito no nO 20 sobre o aumento do t ~xtemo correlativo do aumento da riqueza Imema. das natural qUe! par.a e5<."OfVar uma actividade nova em épocas ret.'U3· ~~ o capital era escasso e :I indústria uma inl'errogaç;lo para o lasa Suspicaz, fosse necessâri3 a garantia de uma prot~o. alt:l ~ tnuros de castelo. Mas qU3ndO 3 indústria existe e criou a lgul1l3s ~ tern a Sua m:lo-de-obra e os seus mercados e ~s vezes até a sua ~ • e5Ias ahas procecções slot além de dcsnect.."SSári3s, conlraproIrias l~, porque geral a rotina por falta de estimulo. As nossas indúsdas ratnaLS alr.l.sadas C:ontam-se entre as mais protegidas; c ê essa um3 A ~ por que conseguem viver cm tal estado_ ~~tes::t8a~iz.,çAo das indúslrlas exiSlcnlCS (tm que .ser acompanhada ~ amemc de uma lxlixa progressiva dos direítos de Import:lçào: • que 3e pôr essa.. Indüslrlas _ mesmo conl.r:I sua vonwde - em

co.no


138 condições de produzir melhor e mais barato, para que se pos~ 5I!!fI' perigo bajxar·lhes os muros do castelo em que vivem enconch~dIIi porque é preciso que se "<10 esqueçam do inimigo e n;lo adorm~ de novo no mesmo sono, de que algumas ntlo querem agora ser 2c<J1' d>das.

Mas a necessidade desu redução é mais vasta; ela é a fonna mtI simples e mais eficaz de baixar O nível de preços 31é onde a reor82'* t Z3ç:lO permitir levá-lo, condiç:lo essencial para aumentar o consurno p3r.1 pl"3licar aquela parcela de justiça social que ê, no fundo, o ob~ de todo este tr.lba1ho. Se algumas indústrias nao aproveitam nOS preÇO' todo o desnível paut.al, muitas o fazem em escala suficienlemerJIC pesada para justificar qU3n10 se disse. E se alguns. levianamente. voltarem a afiml.1r que a concentr3çiO industrial. criando o monopólio de um Ou de muitos poucos. dá lu~ especulações ilegítimas. poder-se-Ihcs-á então responder que maiS gítimo ê dormir ;i sombra d.'l pauta e que o ruvel de preços no l'aÍ5 olP ê lll3is do que o reflexo dos preços mundiai!). com a margem que o Governo - que se presume sério e S3bedor - acha conveniente ~ lhe. O verdadeiro monopólio, com algumas odiosas consequêncl~ existe como resultado de conchavos mundiais; mas contra esses P"'""'" pouco O Terreiro do Paço. Na proporç.lO em que pudermos descer as nossa mais a lias [3Jif11f aduaneir.Ls ganharemos vantagem na política econ6míca mundial, Ii~ tando-nos da 3cusaç:lo de embaraçannos com as nossas barrêir,l5 trocas ínl'emacionals: e se é verdade que sempre precisaremos de ~ tecçào, podemos consolar-nos com :I ceneza de que nenhum pa15 mundo poderá dizer o oonlclrio em relação a ludo o que produz. , Além dos dols grandes movimentos pautais que ficaram definidO'", juseiAcados. mil problemas de pormenor sào arrastados pela criaçãO novas indOstrias. Vou citar três. a) Foram concedidas licenÇ3S plir.l a fubric.lçào de sul/talO de 2~ nia (~ mendontaoos) e mmbem para cianamida cálcica fi. 530 dois bos azolados de aplicação semelha me, com o mesmo teor de 2:; (cerca de 2(96) e com preços no mercado mundial quase iguais (3 de 800$00 por lonelaeb anteS da guerra). No entan10, os direitOS sIIJ diferentes: o suJfJIO de am6njo paga, na taxa mínima , 36$00 por ~ !ada e a cianamida 6S00. respectivamente 4.5 e 0,75% do preço ~ apon1ado. Enqu:mto M: 1ratava de prodUI,OS de imponaçIio n difc:~ não tinha importlnda; quando passarem a ser produtos nado haverá possivelmente que faze r um ajustamento. IJ b) A cI:lflamid3 cálcica tem uma f:lbrica~o mUÍlo semclluUllt ~ C".ubonelo de cllclO; OS dois prodUI,QS tinh.1m antes da gUCrr:l COC-II ofJ. pouco diferentes: mas enquamo n c:ianurnicla, como acabamo.'> dt .. .. OOnodQGoI~ II Sbic. ck n .l l.I943


139

a:

ftltrava quase sem direitos (6$00 por tonelada), o carboneto de dlcio um produto fortemente protegido (1 300$00 por lonelada), O que J)ermitia manter o preço de venda interno quase duplo do preço ~ Quando :I cianamida se fabricar em ponugal. a disparidade de da' to dos dois produtOS n;lO poderá manter·se; e como O preço ~namida não P<XIe subir muito, sob pena de se ver substituida por Itrto adubos azocados. O preço e, portanto, OS direitos do carboneto que se revistos. ~ A Compagnie Ro)'ole Asturúmne fies MInes, o maior produtor de PIJersn.da Europa, com fábricas em Espanha, França, Bélgica, Noruega e en:. elmente noutros paises, foi concedida licença para a montagem t1n Ponugal de uma lamlnagt:m de zinco", Como O zinco em Iingole e ~hapa são despachados pelo mesmo .rtigo (1&1) e pagam o mesmo ~ (S15 por kg). a companhia prelendeu que o anlgo fosse desdeCIUtJo • aumentando-se para uma valor a roda de 1$00 o direito por nIo de Chapa. foi uma das excepções, que aponto atrás, ~ regra de se COntar muito coma ~uta como sistema de vida. Pi-~cusei-me a defender essa precensão junto do Minisc~io das ~ POrque a requerente rulo iUSlin~va satisfatoriamente, em meu lIaiaso r. o aUmento pedido; mas decJarei-nle pronto, sem comprodiretc da minha pane. a solichar daquele ministério a. passagem do -...,')<b chapa para $50 (m.is $35 papel por kg do que anteriorIt; ~~~erentc nao achou baSl3ntc e as negociações interromperam-

se, mesmo se prosseguiu a insl3lação do laminador.

~~ algum

tempo depois verifiquei que embora o direito do lin'C:humoo seja pouco superior ao do lingote de zinco (S36 por

k&)

~entbora o chumbo e o zinco em bruto sejam metais com preços cio 1$ próxlmos (:I roda de 2$00). o direito do chumbo em chapa é

0\ ~r quilo, quando eu recusei lS00 para 3 chapa. de zinco. lItata la merece, sem dúvida, ser retomada e discutida em campo

Do '80.

ltauemPl'Oleccion~mo espanhol se escreveram h:\ pouco as linhas que to que não será descabido recordar em Ponugal ~

Por eUo la polido proteccionista ha ido reflejando r.ariacio-

na,. cambias de rumbo y sobre todo la tOlaI C".renda de una

inlc:tauva estat31 que predeterminase la ttayeaoria a seguir en 13 ~oIUd6n económica. Han sido las presiones dei momento. Ia ~sldad de resolver problemas apremi:mtes y los tiron<.."S de ~ *!<:tores intcresõldos los que h:m ido arrancando ai Est2do ... medidas dk,.das .

• ~doGot't'n.lo. U~. de ti

10.08 1942.

lobtn. cp eu. pp 48 c 49


/40

j . N.Fme/roo;asfr·

Acabo como comecei. Quem tiver que meter ombros à reforma industri<ll ":lo pode deixar inleir:arnenle <IO arbítrio de outrem nem à le.n-tid10 lr.1d1cional o ajustar dos problemas pautais de feiç'Jo econ6mlCt: o que deixo escrito parece-me escudo ba.sl:ante para aguentar as reacçõeS. que já senti, de uma tradição que nunca foi contestada. E quantO nuaiS haverá que respigar nos 1092 artigos da paum de imponação? Respeitador profundo da lkniea, sempre desconnado do amadorismo, rulo pretendo sobrepor-me à técniCOI aduaneira. que tem os seUS cultores e os tc:rã certamente distintos, Penso que um prograll'l;l indu~ lrial. com o dizer o que pretende da pauta. não invade domroios alheios; e com o n:lo conseguir delong-JS n:lo impede os técnicos de colaborarem como (: devido. 25 - O cRÉDITO Pela Base V da Lei nO 2002 (e!CClrificaç:1.0) e pelas Bases IV e XV1 cb Lei nO 200S (reorganização induslria.l) o Governo assegura às fulU(3S

empresas. entre oUlras fucilidades, a concessão de creditas por intermédio da Caixa Nacional de. Crédito. Nenhuma das lei foi ainda regulamentada e não se sabe. ao certO. como se efectivam estes créditos; se nos termos do regulamento cb Caixa, sob responsabilidade desta, se C!01 OUltaS condiçOC's mediante aval do Estado. Na segunda lei. o afirmôlr~se que cenos auXílios :15 indú mas. entre eles '3 concessão de créditos, dependem de deciS:1 0 tomada em Conselho de Ministros faz pensar que esl'e se re5pOns.1biliZill pelo risco do negócio. Oxalá que seja assim. O probleou é de prime.ird grandcZ3. Julgo que foi Napole-Jo quem disse serem precisas três co~s p:ml f~zer a guerra: ;1 primeiro dinheiro. a segunda dinheiro e a terceira dinheiro; neste panicu lar, enlrC:1 gue(f2

e:l Indústria há uma semelhança: surpreendeme. A caixa, como organismo de cr«..'dito. vê acima de lUdo. obrig3t0ri3· mente, a garantia dos capitais que empresta; e o fomento d1 indústria. se pode ser simpático aos seus dirigentes, não deve afeL1ar ;1 objectividade das suas decisões. Lembro-mc de que por volla do fim de 1941 , num re latório enviadO ao Ministério da Economia 3 prop6silo de uma ope~ç:to que não repU"

lava muilO segUr.l , õl Caixa afinnava, reproduzindo O diz~r de UIO autor estr.lngciro, que o crédito se baseia $ur (/es hipoteques et pas $'" ~ blpoti!ses. O trocadilho, proV3velmemt' muí(() conhecido dos presta01l:Y tas. ê de 1'31':1 eloquc}ncla; por isso o fixei. Mas surgem duas posiÇÕC5 inoomp;1tíveis. O crí.>d ilo industrial, pelO menos 030 fase de montagem de novas empresas, só dlfidlmente poete ser robeno com hipotecas que ofereçam gnmntia sólida; serl1 selnpre um capital sUJeito ao risco do negócio. um t..'apital rnto rendimentO se apoia numa hip(xcse mais ou menos segUf'3, Il\aii sempre hipótese. O


14/

instituto de cr{.'di(o que trabalhe sobre garantias em moldes clássicos é assim incompalível com as funções que o estado presente da evoluç.:lo industrial pede aos seus financiadores; interesses no (o mento e patticipaç:lo no risco. Dois exemplos documentarão o meu saber.

a) Nos últimos meses de 1940, por falta de exponação das pirites e

das lousas, deram-se graves crises de trnbalho nas respeaivas zonas mineiras: AJjuSltcl. Lousal e Valongo. Recebi instruções superiores para estudar a rOntla de assistência financeira que pennilisse às empresas manter o trabalho, se não parJ a latalidade. ao menos para pa ne do pes.5O'J I; e 3 minha proposta, depois de longas conversas com as adm iniStrações, resumia-se no seguinte: o

Estado adiantava, mediante penhor dos produtos extraídos . .3 importãnCia COrrespondente is despesas directas de extracção. e seria recml:X>l-

aado depois da guerra :l medida que as reservas assim constituídas se fOS$em vendendo. As empl'eS3s pagariam furo por este empréstimO; IDas Como não havia 3 certe,ta do tempo de imobiJizaç.lo, e a acumula~o indefinida de juros poderia representar um encargo incomponável, COrno, por outro lado, o interesse de manter o trJoolho existia simulta~~ente nas empresas e no Estado, sugeri esta mod:alidade que ainda .....,,: me parece rácil e razoável : para cada lote de mercadoria a soma dos juros acumulados n:lo poderia exceder )0%; atingido e.o;te limite o

empréstimo consider.lva-sc: sem juro. Quer i.sto dizer, e feitas as comas, por l.'Omodidade. com juro si m· lote de mercadoria pagaria juro d urame 3 1lOs; .mas se :I ímobiliz.ação fosse de 4 anos tudo se passaria como.se o lO tivesse sido reduzido a 2.5%, se fosse de 5 a nos a 2%. e assim ~SSivamente. O limite dos 10% é discuúvel e aceito que rosse 12 ou . i rna.s o que imcressa é a ró rmula, que me pareceu conduzir 3 uma distribuição de encargos equitativ3 enLre 3S empresas e o Esmdo. Pelo ninguém sugeriu outrn melho r. iuJ POsta a q uest:lo à Caixa Geral ele Depósitos, esta respondeu - c ~80 que bem - que ,nos termos do seu regulamento n:lo podia decr a Operaçllo por dois mo tivos: 3 Import:inda a .. dianw.r sobre o t:h? f .dos m inérios excedia o limite normaJ de g'Jr.lntia ; o sistema do limitado 01'10 estava previsto. da Corno ninguém tomou a n:.-sponsabiUdnde é eu ~o linha competênrniopa~ o fazer, o assu nto rUo teve St..:oguirncnto. Em Valongo () vol r~~ tem VeiO, pouco depois, resolver a situaç.'lo; mas em Aljustrel e Lousal t'IQ .~ aIT".J.SI3do há anos uma penosa miséria. E eu, que tive com as ~ e COm os serviços do ministério demor.lws discussões para se dado a números e cI:1usulas que parecessem JUStos, n!lo fiquei 38m" rt.- __~l a soluç.l0 de se nJo resolver coisa nenhuma - o destino ---10:$ nobre q"le pode dar a um assunto a enlidade que o lev;mta.

tP'es, que à laX3 de 3.3% cada rnenos,


142

J. N. Fmeim ()IJJSjr

b) Um pouco anles da ép0c3 3 que se refere o exemplo anterior, a Caixa Geral de Depósitos linh~ negado :l Empres3 de c.'lrvOes e ClmenlOS do Cabo Mondego um empréstimo para a montagem da fábrica de cimemo.

Resolvi r'etornar o assumo pouco depois de chegar 30 Terreiro do Paço. A empresa tinha , pura e simplesmente, pedido dinheiro; a Cab"2 tinha. pura e simplesme,nte . respondido que ndo dava . Convencido jj nessa :iIIhura d3 necessidade de aumentarmos 3 capacidade das nossas f:;1briCJ,s de cimento. deseJoso de criar no Caoo Mondego um cenUo industrial de ceno vuho, chanlÇi a empresa e pedi.lhe que me envi:.aSSC Utrul declaração em papel selado, devioomenlc reconhecida , em que se compromeles.se :I obter por i unta qU301i:a igual 3 melade do valor da (;1btica em projecto. e a aceitar:il. flSCllização da C..,ixa no sentido de se verificar que todas as despesas de instal3ção seriam paga!!; em partes iguais com o dinhe,l ro das duas origens. Veio o papel sel3doj junl'c i-l he um pequeno rehu6rio c: 3 operaçao fez-se; só não se montou a f5briOl por fall:2i de quem vendesse 35 máquinas. E se õl coisa tivesse C3mi~do <b primelr2 vez, se o material da fábrica pudesse ter sido comprndo antes da guerra, não teria havido vanlagem? Estes dois exemplos documentam as (unções que atr:1s aponto p:atl o crédilo industrial: preds;i correr risco e ser manejado por quem te~ amor 30 fomemo cb indústria. Caso contrário. com garantias muUo apenada$ rüo se fu nada. COmO no primeiro exemplo; é sem amor j ClUS3 também se não faz. COmo o segundo ilUSlrn brilhantemente. lmporta esclarecer que a Cai.'C3 Nacional de Crédito tcm reifo crb dilO industrial, embora em volwne que reputo modesto, pols esta\'1l efP 185000 contOS nO fim de 1936~1 e. p:1s.sada celU subid'l nos primeir<:JS anos de guerra. não deve andar hoje muito longe dos 200 000; e dlo OS números para pôr em e\'idt:ncia que o meu propósito n:lO é negou que esse crédito exista mas afinrnlr que não é suficiente. Há entre nós delll3siado amor:1O dinheiro paro lhe. permitimlOS coft1 afOileza as liben:bdes que o fomento Industrial exige; e não vejo cof11O aumentar a produç.1o oU o seu rendimento sem pôr O dinheiro adiante. A panicipaÇ1io de organismos corporativos. delenlOres de 3vuJt:ad05 ruodos, no capital de algumas empresas industriais conslituícL1s ~ ~~ 3 anos paf3 3 produÇ'"lo de amgos intere5S"Judo dtK"Clame:mc ~ acli" dades neJes agremiadás. n;}o se rez sem algum3s hesitações: 15&0 me' leva a n:Io saber se essa panidpaç;lo teria sido aUloriz.:.tda sem 11 i~ lenda com que advoguei o JuS1.e za e a legali(L1de de dar csta npllcJçio a pane de tais fundo$. Quem 3dtôlr que estas ideias são ruln05as tem on<k se apoiar. occt' rem logo OS 20 000 COntOS empresrndos :l antece.'SSQra da EmpreS'


linha de Rumo. Noios de E"m"",flI _ugtl<Sa, Vai. I, Cap. /I Mineira do Lena para explorar minas que ni'lo existiam -

143

pelo menos

do pujantes COmO se supunha.

Oponho duas objecções. A primeiro reside em fazer oocar que, se se fez mal , a correcçâo do mal consiste em passar a fazer bem e não tnJ pass.... r a 0;10 faZêr nada i as soluções negativas têm valor em Mate· tnática, lem-no ainda cm L6gica , mas não interessam à economia; esta

Só trabalha acima de zero. A segunda objecção e ú em lembr.u, :\queles que possam esquecer-se, que :1 dcfiniç-lo de risco é Ião basilar para um in.'itltulo de crédito como a do melro para um laboratório de pesos e medidas; e se ainda ê aceitável que algum menos entendido já não saiba hoje definir

o metro por ter dci..udo de ser a décima milionésima pane do quano

do meridiano terrestre, como mdos aprendemos em instruç-lo prim~ri3, ~o há para a definiçi10 de risco igual desculpa porque ela conúnua

3

~ a mesma que era na idade da pedra quando, pela primeira vez, um

homem rude e gadelhudo emprestou a um vizinho 3 sua faca de sílex. JlIIgo que estas objecções lomam claro o mOlivo por que não pode Contar-se um crédito incobrável Ou duvidoso como base de alaque :l Pr6pna instirui~o do crédito. R n~o digo mais nada: indicada a necessidade económica têm a Palavra os peritos tb nn~nça . Só lembro que o pedir-se crédito industriai mais malclvcl que o crédíto hipotecário (: toada já velha mas semPre renovada .

26 - POÚTICA DE INCITAMENTO Ponllgal, deddid3menle. n:lo é um pais Industrial. N:lo sei .se ê agrf:::' nem afirmo que possa vir 3. ser uma ~'Oisa ou OU{r3: mas julgo que emos procurar que seja 3S duas cois..-.s medianamente. A organi7.açào industrial nunC3 foi grande preocupação dos panu1Utses, cuja história económica sempre oscilou entre a agricuhura e o Cornêrdo; a u-adiç;lo m.'Inufactureirn, tir:ldos pequenos cenlrU!i resuitos, ~_ ~ê':f1 entre nós ra.izes prorundas. Portugal precisa de uma política -""'USUiaJ forte. PretQuer iStO dizer que uma m\ld,mça r!ipid::1 de situ:1çilo - como deve II ender-sc. sem esquecer as reserv3S :Interiormente (eil~s quanto :10 .,!I~~ricado desta r:1pidcz - dificllmenl.e padeci ser auto-exchada; -'POe-.se um estímulo exterior ~ indústrln. que. só pode vir do Estllclo e p:..ra ser eflcn, precls:1 ser multiforme: facilidades que captem, aJUdem, que Impulsionem, e , sobretudo, um npoio amigo que coo~ - independentemenlc de 0.$ ca pital! t:t~ screm boos ou 01:\$ pes-lInl . Nllo inrcres...n analisar os homens - e ti pai.x:\o de o f:lzemlos é • tas dos nossos defeilos; interess., apenas levd-lo.."\ :t criarem ln trumende riquel..a - e se o conseguem l!'i merecem algum rcconhc..--cI~to. nlnd:t que sejam pesso.11mente discutíveis. Quem não entender


144

' .N. Femrlm[)fas}r.

assim, ainda tem abena a variante de se declarar socialista; 0:'10 fazer nem OUUil é estreiteza de entendimento. O cena é que a poUtica de indtamento nem é est3tismo. nem socialismo. nem nada que o renda os cãnones de qualquer matizj é um dev~ que toda a Constiluiç.lo impõe, e o calor com que alguns discordam dO cumprimento desse dever faz pensar que a Constituição poderá não ser p3Q cumprir naquilo que for desagt'Jdãvel a cada um. O Escado-polída e o Estado-cobrndor são instituições vitais e der· nas, indis.sociáveis do conceito de Estado; mas na rudeza que o mester Um3 t'OLsa

lhes impõe, elas rulo se ajeit:un na funç:lo de Estado-colaborodor,

moiS

subtil e menos autorilãria. J~ Agostinho de Campos nomva que o povo encontra fones motivos na delicadeza do órgão da visrn para compaf9.f a sua pane centro I n uma menina e n:1o 3 um sargento de ClvalarbSl; e

isto não mostra menos apreço por qualquer das duas pessoas em

con--

fronto. mas regist3 cena diferénça~ que n~o interessa aqui escl;uecd'· posto que lhes conflta aptidões nitidamente distintas. Assim aCOntece com 3S personalidades que o Estado revestej tn2S o mau ê que as funções mais rudes, por mais difundidas, destinguelJ1 sobre as outras - e 3 custo se executam estas sem arreganho de c;ér. bero 1'n31 escondido. Sei, JX>r eXpêriênda própria, quanto custa tapar os colmilhOS daS uês bocas do monstro - muilo convencido, o bicho. de que SÓ quando os mostro cumpre com isenção a tarefa de guardar o erário e I moralidade; e renho pensado muitas vezes no t.mbalho de educari° que é necessário para que o Esl3do se livre deste preconceilo e ajudr ~

Com equidade e sem picuinhas a criaç.io de riqueza .

Para alguns serviços públicos. o particular é quase o inimigo que p.redso abater: o criador de unu 3(.1.ividade ~ o aventureiro que .ê_~ aso coolro.riar. Oir-se~ia que em 3lgumas portas está esc.riUl a coflllC\-~ frase que encima .. pona do inferno; mas penso que a lrngio legeOÔ' ~ negra deveria subsfituir·se por estas palavras em letras de ouro: Por mi", se vai d cidade do bom cmlSl!lbo; lUI'" se ajudam OS .,..qturrtml trabalhar. Sou 6'1lão di! um Eslado que me ""mtl..", /X,ra qui eu estimule e orlellte tIS aClivldades eco,,6micos. E"cbei-VOS de esperan;a. 6 desanimados ponugueses !file o/fl/I <mtrals! Em contmponida. bmbém sei por experiência própria que hll ~.,.,. sOes que

.senso

n~o são razOOveis. que.., hll cont.r.lrias ~

lei,

~

justiÇ>, .0 :::;

ou aos programas em cursai mas 5."0 numerosos 05 peqtJ . casos de todos os di3S e m que .se criam por sistema. qu:.se por dout~ d~tCUl~des sem ~ s:'io numerosas as coisas que se nJ.o fa7.etn ()lJtJII' nJo deixam fazer em nome de Un\J mOr.t1 muitO SUbjectiV3 ou ~ regulamento muito discutível, sem se pen.-eber que essa pretef1.Ç'l dt ou esse regulamento esdo sempre SUteitos a revis.-lo enl fuce d:l pedt2 §l

QouàrlO, &:I.

B..-nn.nd. l.bIbo., 1-",. P. 17-'1


Urrba dt Rumo. N«as dt F.c"""",iQ Pottuguesa, 1'01. I, Cap. II

145

lOque que deve ser a alia finalidade do Estado, Tenho 3. certeza de que

algumas veí'..es se ler:1 cortado o pescoço ;;l. galinha dos ovos de ouro. A,é em documentos de certo vulto, relativos a iniciativas nascentes, se enconlra uma dureza, que não digo indevida, mas me parece inopor· tuna . Ooorrem·me dois casos: o do concurso para adjudicação da núna do Cabo Mondego (decreto n' 23 025. de 15 de Setembro de 1933) e o COm:r:Jlo P.1ta pesquisas mineiras em Angola com a Empresa do Cobre de Angola (Diário do Governo, 1\ Série, de 12 de Fevereiro de 1945). No primeiro documento tratava-se de adjudicar uma concessão mineira, já explorada por um concessionário anterior; 1l13$ o conteúdo

da mina era uma incógnita e as instalaçOcs exteriores uma ruína . Apesar disso impôs-se ao novo concession~rio o pagamemo da divicbs do antigo. no tOlal de 7 604 contos. com o juro de 6% para o que não fOSSe 3. prontO; e if::S(3 exigt-ncia sempre me pareceu excessiva desde o dia cm que veio publicada, M quase 12 anos. No segundo documentar apesar de se troltar de uma empresa em foa.se de pesquisa , fazem-se duas imposições que parecem dcsloddas: o pagamento de 5 649 contos de despesas anteriormente feitas pelo 2stado e a entrega de 10% de acções à colónia de Angola; e emborn em troca da primeira se dê o direito à explora~o dos jazigos estudados e i propriedade das rnãquinas existentes. tem-se a sensação de que o ~ nào está na proporçlo do beneficio. Em ambos os casos. hã OUI13S obrigações, brandas Oll duras. mas ~les; aquelas Que :apontO não me p.1recem lógicas. se o obtectivo ncbme:nlal é criar um novo instrumenlQ de riqueza em vez de .ser O achar quem satisfaça um créditO do Estado cm riscos de incobrável. ~sa8radam-me. sobretudo no lançamento de uma iniciativa cujo ''''uro é sempre inceno, todas as imposições que se dirigem ao capital ~~o _ao rendimento. porque ofendem o senSO comum, a teoria do -POSto e a viabilidade do negócio. A receilt. do Estado, que n:lo pode -.. descurada. n.;lO me parece dever pôr-se nestes casos como prel11issa I diflCUllar a obra, mas dever antes nascer da riquC7.3 criada por esta; e ai l4:m a seu favor O poder ser um inStnJnlcnto de justiça social. .o favor do Est:Ido. olo desej.do c tão dlsculldo. não deve mOSlr.rIt ISUaJmenlc fãcíl em toda... as conjunturas. porque o mctt."Cc pouco ~o que iii deu prova de inviável ou anacrónico; penso que em Um caso esse favor pode ser mais fecundo do que a aludar, :t aC!l· ~r. õI Incutir alemo ~qullo que começa - :I tudo aquilo que :Iinda em 51 a virtude cb t..·spc.rnn,oI. t.w,.~~lO política de incitamento. :.lnd:1 cnbc lQ Estado defender a -..usui.a do de:samor <b popula~o. O povo ponuguê:; n:lo sente o valor ~l da indústria , não vê nela um possível motivo de orgulho. ":'lo • ~reende como dlrt.'Ct:t ou indirecHuncnle ela C'onlril ui paro lhe ~fOf'.u a vida; habituado a ouvir rabI' em urbanismo (as VC1-CS confuntom C3.fitlsI1l0), lendo sobre lurismo ~Iqucb noçi1o r~ullasj~ que Se:


146

J. N.

_ra

DWsjr·

tem das COis.1S que .se nilo sabe o que são mas se presumem 3dmir:iveis. o povo del:esta as instalações indUStriais, mesmo que se~1n1 inofensivas. São curiosos primores de engenho os malefícios futuros que toda ii gente aponta a um esubelecimemo industrial em montagem; nisso se :-COf1\p3~ nh<l o centro ela Eur0p3 - com 3. diferença de ser com um séaJlo de 3ll'35O, quando p está fom de moda. Lã nesse centro d, Europa ê que td as grandes cid:l.des indUSUiaisô nw nos paises princi(XIlmeme agricoJas t que há os maiores indices de mortõllidlde (Qu:tdro VIl). Como não gOSlo de ser Incom0d3do em minha casa, compreendO como é preciso defender as habil3çOes de ehei...,., ruldos ou trepidaçõeS industriais; rompreendo ajnda que se exip a um esL1.beledmento rabril.

quando integrado numa zona urbana , que ponha um ar gracioso. um dedo de ;uquitecto na (romaria. que substitua O IOSCO ~o da quinu por desenhad.."l, que reserye até um ped.1ÇQ de lCI"r.l p;tr.' uns C3nleiros de Oores - porque isto não pesa no custO fOfal d'!l obr'. Mas a repulsa com que se olh.1 par.l todas as indústrias sem averiguar da sua boa ou nú. vizinhanç3. o desembaraço com que cert:Js entid'tdes dais e particulares Limitam e -apontam as zonas industri;tls, como gafariaS em ilha do PadfKX>, é poliLicJ. de que sou partid1rio muito moder.Jdo. t por isso que, quando escuto 05 3V!1nçados nesta matéria , me rtcO a recordar com um SOnlso a Uter.tturJ. indignada em que M pertO de fIJ anos se aFinnou que a torre Eiffel seria a desonra de Paris: ou o receiO, que nasceu com 0$ primeiros carros eléctricos urb3no ·. de que ti~ UOla entrada bem

or. .

sem grave consequências os campos magnéticos prodig'.unenle Ia~­ dos no espaço; ou ainda a preocupaç;1.o puriLana de evil<;u que os DiaS X revelassem 3 nudez das pessoos. :llrnvés do ve.sm:irio mílis rec:lt3 dJ mente impermeável às radl!lçOCS do espc:.'"ClfO visível. fm nume.rosas vilas ou cid3de!l. em locais onde a rua é m:ll mentada. os muros IOnuosos ou de pedra solta e aS casas abarracacb5· Oelemento que sempre rere a Estética indige.na é o poste de urn3 Iinh' eléctrica; e eu sempre entendi que esce SÓ deve desaparecer quandO o pa\'imenlo for impeclvel e as casas tiverem linha arquilect6nica que justifique a dcfer€:ncia e o ~ncargo, . Mas o incitamento do Estado. um dos apoios da politica de rea~ çOes económicas. não precisa apeMS de .ser .sentido JX!los que hã pr.lliC:\.lo; precisa, ames de ludo. de ser possível Ou. pelo menOS. tI~ ni5lrauvamenre fádl. E não o é quando os seus agentes 0:10 tem. ll~ dade de dedslo sobre o conjunlo, suleitos aqui e além n Ctltéri alheios sobre o que ruI,o podem saltar, Sé um exemplo ilustr:l uma doutrina . esclareço CSle pen~~une: com um aso oponuoo: a expl0f'3ç3o elas minas de lenhJte de Rio-M:I o ~\'amos no rim de 1941 ; certn manh~ passei em revISe:. coff1 preSidente da Com~o Reguladonl do Comêrcio de C:,rvôe>" a sitU'"

JJ2"'-


147

çlo do mercado de combustíveis. O abastecimento de carvão estr.tn· Beiro n;lo se mostrava animador; o aumento fone de extracçào das

lIlinas nacionais em 3ctivi<fudes apresentava dlflculdades quase bwenci· ~i.s;

ofereciapse como única via promctedora a exptotilç:\o da mina. de

lio-Maior, quase paralis..'lda, para o que se lmpunham duas providências: conslruir 30 km de caminho-de·ferro e equipar a mina. M:mdei fazer o pro;ecco do caminho--de·ferro por despacho de 10 de Janeiro de 1942; mas o primeiro combóio só veios a drcular 3 anos t 3 meses depois dess.1 data - demora com que me não sinto sobre· Dtaneira honrado. Houve COfltr.llempos de natureza t("Cnica - e o m3is 8ra\'e foi :1 falta de pessoal com que se lutou na construção; mas houve ~~ dificuldades não técnicas, como 3 ideia inacredit!ivel de fuzer a ---ma cm via estreita, a .supressão das passagens de nivel, a pris:lo do empreiteiro, a recusa de compromissos para compra da lenhite S4, a opinl;),o, ali~s douta , de que 3 obra em insens.:tta , :J paralisação dos traba~ durante Irês meses por falia de dinheiro (t1czembro de 44 a Março 45) - uma série de atritos de que enumero OS mais Salienle5, que COnduzi~m 3 este lriste resultado que nAo seria mau pôr em confronto COm a l'3pidez inconceb{vel de a lgumas produções de guel'f'd em outros Paises: o caminho-de-(erro de Rio-Maior, apesar do .seu ~dl u'3çado e das ~$C3ssos meses Ol:upados pelo projecto, ava nçou à velocidade ~ ... de 750 melros por mês. A colabor'Jç.1o é uma lind~ palavr'.l. ,Ainda que o raro da guerra se antecipasse e a linha não viesse a ler utilidade (abstraio do papel de ligação entre as vias do norte e oeste ~,há muitíssimos anos considero essencial) nem por isso teria sido contrariar a obra ou classificl·l.. de disparate. Por 4 milhões de ~ OS andou o rearmamento do exército mais a mobiliZ3ç'Jo - e não rnOlivo de censura apesar de se não lcr chegado, felizmcnte, a Umltro. O aceno MO reside, como â vezes ap:m: nla l em esta r prep3r:ldo ~ca.so para tiS coisas imprevisfvcis. mas cm o estur premedimda~. parJ aquelas que. com certa probabilidade, podem vir n "COnte.~ se 0:10 aCOn tecem, a precauçilo brilhou menos mas n:lo teve ftIIica valor. P:uece que O homem se esquece com frequênda do $18· do de um premio de .segu ro . ~ hoje COntinua :I haver elewiddade no distJiw de Sc1úb'JI c um ~L de. segumnça quanto a Usboa, talvez a mina de Rio-Maior e o.seu .Qd;"l().(Je..fcrro NO 5efam inteirartlenle estranhos ti tal (3"10, que só MO ~ """'betas da f3ma porque ninguém pensou no que seria o facto baI;; ; e ~ lllrl !1pontéi O norne d:lquele (Iue COmigo ioc--ou este tra~ 0:10 fOí par.J repanlr com cle 3 rcsponsabili<i1de do erro - que é - nus (X1ro1 lhe dar a parcela de louvor que !uSUlnlCntc lhe cnbe .•

;:uno ,,-"ê


l .N.Femlm D/IISJr

148

A necessidade de comando único - respo~vel mas livre - par.l levar a bom termo uma política de renovaç;1o induslrial, coma ndo :l quem todos os interessados ou entendidos possa.m fal:u- mas :1 quem nenhum possa parar as decisões. faz-me olhar com melancolia p3t:1 o decreto-lei nO33.5.46, de 23 de Fevereiro de 1944, que dividiu ;1 electricidade por dois ministériosj quando o leio lembro-me daqueles pinhei~ ros da beira-mar, que nascem h'Jtidos pelo vento e ficam para sempte com o tronco torcido. ApesaJ de 3t'enuados os efeitos da divisão por posterior regulamento (dee,eto n V 33.576, de 15 de Março de 1944), tudo se p .... como se SÓ o primeiro texto existissei e vejo fraccionada, sem oro esteio fone e protector, aquela electricidade a que dei, durante 9 anos. toda

3

minha dedicaç:lo.

Deus Lhe ponha a virt,ude, que não pôs no caOlinhCH1e-ferro de RiO

Maio com

um ra.maJ de 30 km que fez pensar e discu(ir os ponugueses

se tivesse 3000.

Faz.gom 14 anos que na sessão de abertur:l do IVCongresso N.aonol de Ensenharia, de que fui secretário gemi, manifestei a aspi",ç:lo de que tornas.e corpo e unidade um pensamento portUguês capa. de nos condU" lJr ao periodo construtivo de que 3. nossa economia carece". A polítiCa de incilal1lento de que fulo neste número tem que ser o n(icleo desse pe~ mento, cuja definição este Uvro singelo pretende esquematiza,. 27 - INQUÉRITo INDUSTRIAL

Tem mais de um século :I ideia de fazer em ponug;tl inquéritOS Industriais; e embora frequentes vezes felOOl3da neste longo peri()(lo. com o louvável intuito de orientar a política industrial do Estado. nJO creio que dela tenha saldo até hoje um resuhado francamcnlt! útil. Por despacho de 17 deJunho de 1907, fOr:lm mandadas el.bo""" !»ses de um Inquêrito geral económico; do rei. tório deste trabalho ~ pigo algumas referências 30S trnlxllhos da mesnt.1 indole anleriOrm~ tentados": Do resumo do inquérho indu trial de 1881, feitO pelO di5'" tinto fun cionã.rio da amiga Repaniç-Jo de Est.'nísrica . JO~~!. CosIa Terenas. vou tXIr:aCtar lima notTda hist6rica dos inq~' tos, (eorados no nosso Pais, 3n1t.'S d3quela era. . o Em 1814. já serenada 3. lUla da inv:LSào franceSôl, lentOU"'se primeiro inquérito com aspecto ondal. Foi este t.r:1balhO de in~ ligação executado peb Rt.~l Junta de Comercio, AgrlcullU~ "

pp

V~urnc II, Anexo II

rrcxtO tqJrodu7Jdo f'I() Tomo III Om ros F,.scrlKJI6t;Ql~

~ En.@.. .t\drgno AuguMO t:b Silw Monteiro, ·Pbnn de 1n<1ub110 geral ~

lJo4.'f/".do Triibcúbo ludUSlrlaJ, n"S

130, 132 c 139. " JUnt', p. " e 1k'",Il.


149

Fabricos e Navegação destes reinos, instituição que tinha sido criada por D. M.ria I, pelo alvar.\ de 5 de Junho de 1788. O resultado do inquérito consubstanciou·se numa espécie de arrOlamento de fãbricas, com o seguinte título: ·Mapa geral estatistico. que representa as fábricas do reino, 00 esudo em que existem nos primeirOS tempos, depois da última invasão francesa·, Esta aspiração de tentativa de inquérito deu. como era de esperar,

Iimitadiss!mo resultado. pois que não colheu ciemenlo alg.'m a respeito da técnica. da economia da produção fabril ncm l ao

menos, recen.seou '3 população ope:rãria apesar do extenso título que deu a um modesto cadastro das fábricas do reino. ( ...)

O decreto de 19 de Abril de 1839 ordenou que se abrisse. um inquérito em lodos OS distritos admini$lralivoS, dirigido superiormente pelos respectivos governadores civis, então denOminados 3dminislradores gerais. O inquérilo devia compreender a indústria agrícola, fabril e 00merci31, o que sígnlfica que, naquela época, houve um pensamento superior de admini<tr.lÇ>1o pública, semelhanl' ao que se comêm nesu nova lentaliv:l de inquêrilo econ6núco dos nossos dias. PaSS2ram seis meses da pubUcaçdo cbquele decreto sem que os administradores gcrnis o cumprissem. Em 17 de Outubro do mesmo ano foi expedida uma portaria

circular. em que se davam instruções aos funcionários admi nistrativos pata organi7-=t~o e execução do inquêrito em cada con-

cel ho. O result.. do foi um completo fracassos. especialmente peJa ()rganiza~o e execução purameme administrativas do inquérito. N.ad3. se apurou: diz. O autor de cujo escrito estou fazendo este extracto que apenas a li RuvIslo lh,lversaJ Lisbonense arquivou aJguns mapas de mínimo vaJor est31íscico. Criado o Ministé.rio das Obras Públicas em 1852 ten l ou~se

Outro inquérito :is lodú trl:IS I I.neramenle de gabi ne te. Deu, COmo Cm de esperar. limitadissimo resull3do. O que sem pre Sucede quando se pergu nm por escrit.o :1 alguém aquilo que n!lo

queira OU n:10 S1ioo responder. Somente se organiz.aram alguns

quadros esl:utstlcos. cujo valor fácl l é presumir. Em 1860 roi crlada :1 Rcp:In. I~o upenor de Vesos e Medidas ê colocado ~ sua frenle, como inspeCtor ger.tI, o preclaris.-

sbno rundon~rio Fradcsso da Silvcirn. que leve :ls suas ordens o J)eS..~1 ~I.im.tdo a pôr em execução O novo SiStCI1l3 mélliço. l("ndo, por isso. necessidade de visil:lr lodos os estahelecimenlOS induStriais que empregassem ~que l ns unid:tdcs métrlc-.ts, 15m é, a Sua quase 1(){3lid.'lde dos esmbclcchnenlos Industriais do País. Oecrl13r.Jm-se no mesmO ano algumas leis de contribuiÇÕes induslri.:'li$. que ClI'edam, p:UrI ti .iU3 apllcaç4o, do Invent:1-


J. N.

/5iI

_,"/)(aS".

rio gentl das indúsltias exercidas no Pais. EsL1va naturalmente indicado o emprego do pesso:lI dos pesos e medidas pOlra desempenhar esta grnve missão. Assim se rez, pondo :\ sua (renle o ilustre e escbrecido inspector geral. O inquêrit'O foi todo directo, o que o tomou particularmente produtivo. foi vítima de um gr-Jve inconyenieme; foi muito demorado e, por essa causa essendal. muito disperSO no tempo e no espaço e, :ainda pelo mesmo motÍ"o, n~o leve o apur".Imento unitário que devia ter. sendo conseguintemente muito pertu rbada a 5U' publicação. f: cena que serviu, ainda assim, pal"3 (undarnent:Uos trabalhos preliminares da negociaç.'io do tratado de comêrcto com 3 FranÇ':1 em 1866. Durante vinte anos, de 1860 a J88O. nenhuma providêncb se decretou pa.l"3 conhecer do estado das indústrias.

Em 7 de Julho de l881 (oi decretado um inquérito gerol ~ indústria fabrIS, O13nufaaureiras e casei.ras, Dirigia-se esra t3~ investigação 3ind3 a serVir de fundamento e negociaçãO do novo tratado de comércio com a Franç:a por eSCIr ;a expif'3 r " úhl"" prorrogaç;lo do de 1866. ( ...) Nesce trabaJho sintético diz o iJust:re fundon~rio que O apuramento dq inquérito de 1881 rUo ~ a verdade dos factos, enGO'" be:rt;I sempre pelos inleress.~dos mal lntencionados, nem concede possibilidade de tofllp3r.1ç;lO tom os Iimi,ados resul.. dos das ,.... t:'(IV3S de inquéritos anteriores, principalmente pela fal13 de hornogeneicbde dos termos :3 comparar, originad1. essencL11mt:flle nas díferenç.:as de organjZ3po de cad;!. inquérito, Acrescenta. porém, o autor da inlese do inquérito de 1881 que ficaram tr.IÇ2~ dos OS moldes cieolíftCOS paro corrigir OS seus resultados. cojoS maiores ddeilos se devem atribuir :l falu de tempo, o que nJo quer dizer que se não produzissem primorosos lrobalhos, dOf quais desuco o da Comis!<lo Dislriml do PORO. que '''''e por "" relator o brilhante e ;5 faJeddo escritor Olíveir'.l M~rtin..~ .

...

( )

Naturalmente, para estuda r 3S báses da revÍ5~o da p3~'J geral cbs nl.f3ndegas, decretou-se cm 1889 um nOVO Inqu~ gemi às Indústrias. que se exeeu,ou em 1890. É a segunda desta ordem de trabalhos ccon6mi ;os ondais nO no:;SO pa Vou , por esse motivo, fazer o extmcto da sua org:aniz.:.çi; embo.. ele n30 desse elemonlos de ""'udos para diScuss'l°

r-::

pauta votada pelo

l~rlamenlO

em 1892.

C) Continuando a US3f da mesma forma de expo.c;içao daS d""'_

.en.. ,ivas lnfru,ífe". dos ül' lmos Inqué"'os IndU51ri,ls ( rulO ~ que seta de<;pfdo de valor o que chegou a razer-se, m3S .,---


/lobo de Rumo. No/as de Eamomlo Portuguesa. Vai. I, Cop. /I

151

impossibilidade de aprovci13menlO de resultados inconlpletos), farei ainda a comparação dos dois e.xtrnctos:

(...1 Se os inquêritos ~nteriores tivessem dado resuluados comple~ do plano do inquérito económico geral, aconselhada pelo imples bom senso, encontrava·se na unificaç30 e aaualização dos planos desses inquéritos. Não tendo assim sucelOS, 11 solu~o

dido, melhor ê. em harmonia com 05 preceitos consagrados,

estudar um novo plano que pOSsa abranger Ião vasto (.-ampo de investigação, fundado, quanto possivel, num critério pr.íci{."O,

fi'orçou·se a esta longa II'3nscri~o o pretender que fosse pena dife-

rente da minha a descrever o insucesso destes trabalhos a ntigos, Da sua

~~!cipaçâo no inquérito de 1881 escreve por seu lado Oliveira

"-.runs ?: '

... e posso felizmente neste caso dizer que me: não 'abstive, porque dei quauo me.ses de um trabalho tão aturado, (llo grntuho, qU~lflto menU, ao inquéritO industrial. Convidado para fazer pane da comissão distrital do Pono, colaborei no inquérilo, posso dizê-lo com um cen:o orgulho desculpável. com dedica~o e amor. Nada prete,ndia, porque ncm me ocupo de política, nem sou fabricante: nada queria para mim, desejava apenas .ser

de algum modo útil ~ minha infeliz lerra.

...

( )

Doeu-me pois, e nem

ii

mim SÓ, quando se disse lerem-nos

pago n!lo sei quanw libras 30 dia - a n6s que n:1o recebemos um ceitil; doeu-me ainda mais vcr que OS fábricanl,éS, ou alguns fabricantes pelo m(:n05, ou antepunham as suas rivalidades mesquinhas ;lOS legltimos interesses da dasse, Ou não tinham juizo bastante para ouvir com agr:1do verdades amigas. Se eles ~o :lcOSlumados ii ouvir apenas adulações e promessas de rodos os que para nos explorarem os exploram a eles!

iI:OItaI>isPQsIo a estudar um novo plano de Inqu~ril(). lançou-se ã taref:l, ~I':I persistência. o Eng. Silva Monteiroj e no espaço de 5 anOS OS rc.lal6rios das tr{!s panes em que dividiu

Otraba too ucesslv.unente

~ lho que lhe fora cometido (~gricola, indu~lrlal e comercial). O tem 3 data de 23 de Abril de 1912, e le rmlna tom esta n0l3 111:

Comeecl <::ile lr.Jbalho em Julho dé 1907 e aO'.I»o em Abril 40 consumi todo O (empO, cnne as duas datas , na-

de 1912.


j. N.

/52

_TO

Dias}r.

sua organização, porque obrigações oficiais por mim voluntarbmenle tomadas (pois estaV-J dispensado doutro qualquer serviço PÚblico) me lcval'3m a abandoná-lo. repetidas vezes:

...

( )

Calculo ler consumido qualro anos de lrabalho normo!. ~o sei se ele servi.rá para alguma coisa, Tenho receio de n30 ler presudo bom .serviço ao meu pais, Il\:.lS afirmo, sinceramente:. que fiz ludo que pude para acertar e produzir obra, mio digo aceh;ivel, mas digna d:l generosidade da critica jUSl3 das t!SIàções

ofici3Ls superiores e dos leitores destes temerosos empre-

endimenlos. se. realmente, os houver. Saiu certo o palpite do :Jutor. O trnbalho n<1o serviu jXlrd nada; , temativa nao foi mais feliz que 3S :1O[criores e (aO extenso lrabalho só avolumou o arquivo.

Ma,s pcrguntar-se-:i: poderia servir? Julgo que não. Presto honlell2-

gem ao labor. :} perseverança, :l capacidade do 3Ulor; não sei se o erro ê seu ou de quem lhe deu a incumbência; mas n:lo posso deixar ck chamar erro ao propósito de fazer um inquérito de Que só o plano ocupa 900 p;'iginas impressas de: razoável fonnato. com algumas centenas de enormes quadros! Esmagadod Quatro anos durou a elaboração deste programaI e não me pa~ muito. Quantos levaria o inquérito? Quantas páginas ocuparia? COmO se faria de rudo isto. (;10 vasto e t;lo demorado, umã ,o;{ntese Inteligfvel e com alguma actualidade? . foram pássando os anos e. :\ parte 3Igun.~ elementos es{~lllsticOS ~iS" pe:rsos. contidos nos relat6rios das Circunscrições lndustriais e pubhc.il' dos de vez em quando no Boletim do Trabalho Industrial, nenhum raSto se encontra de aproveitamento do volumoso progl'3ma cl:JborJdD de 1907 a 1912. Em 1916. j1 criado o Ministério do n"balho. um despacho de 21 ::: Dezembro rT1:3nda proceder :I um inquérito ind~1 durante o:.mo .

1917; mas os seus result.;ldos. acompãnh..,dos de unl..'l nOla inlrodulóriI com da •• de JuLho de 1922. !Ó vierllm a púbUco em 1926". ()as in..«J'UçõtO dos Inquiridores, cl1el3s de boas inlcnçõ<..., reproduzo du"" passagens: ' .. IOma-se indispensável a colaboração activa de lodos ~ llgenfes das circunscrições Industriais. p3rá que estCS, ln~ gando bem :l fundo os recursos da Indústria , as suas necessidr des e defidê.nclas. e os elemenlos do ~u fomento e prog~ possam rornecer indIcações que sirvam ao poder central p3r:a estudo e prornulgaÇ'llo das medid::as e di.sposições 3c1eQu~d;t! para o aumenlo d3 riqueu industrial do pais. " .E,mÚ§tlC.1:

IndusriaJ. Ano dt 191 7·. 1kMtt", d(J Tmbalbo b,dll$lrlnI, tf' '16


153 ( ... )

Desta ronna deveri, no fim de um :mo, ter·se um trabalho de est3tistica valioso. e que serã aproximadamente completo e

exaClO se lodos OS estabelecimentOS Industriais da ãrea de cada circunscriç:lo forem visiL1dos, pelo menos uma vez, durante este

penado. Nos anos imediatos o apuramemo de dados estatísticos servirá de precioso CQnfronto com OS anos anteriores e para o estudo do progresso h~vido no desenvolvimento industrial.

O propósito de repelir o lr:lbalho anualmente não foi diante, e Ctlmpreende·se que n:lo fosse; a colheita directa anual de dados estalí$-lItos pelos funcionãrios das circunscrições, como se pretendia, é manjo fescamente inviável. E o único volume publicado (referente a 1917), ~ ter o 31r.lSO de alguns anos. não me parece satisfat6rio. Trata·se Um simples apuramento numérico sem comentários e sem grande

eqUUibrio: em 563 páginas. há 382 t"Om médias de salários. N."\o se vê

COrrto poderia o poder central extrair desta aridez medidas de fomento ;:a ~o ser que tivesse dons divinat6rios ou jã soubesse, antes do

"~Uérito, o que precis;IYa 5.1be... E a verdade é que não eX"tr.liu. ,Bastante mais l:arde, o decreto nO 19.353, de 9 de Janeiro de 1931, ~ retomar a troldiÇâo de mand:lr f:azer um inquérito industrial que se """ f~, o decrelO (i5 pormenores de carácter a(iminislr~tivo e promete ~~lamentos que. creio. não chegaram ~ ser publiCõ'ldos. N;1o sei

--ltO.se chegar.tm a ser escritos.

IdeiaDesta

longa e infeliz história dos inquéritos industriais ressalta a pretender um apanhado de conjunto, pesado c Vôlsto, em interpcnctl"dmi e como para cada uma c:o.n ~ que achar um.-. solução distinta. o problema tem fone analogia Iiat a feSoluç'Jo de um sistema (por hipótese. comp;uível) de equações ~lâ~C!'a51 como ~ se escreveu no relat6rio da proposta de lei da

CiUe de

$e

detas~ variadas actividades se --lfoIruzaçào indUSlrilll.

COmem algumas Ic.mtativas atr:1s referid1s foi·sc ao ponto de aumentar a d.....'pleltldade do tmbalho. 030 o confinando il indústria mas esten· -'1QO.o a Ioda a vida econ6mic~l. ~ dado que é possível3nalisar sep:lrndamenlc cada í.lmo industrial. ~ a rone coes.-\o dos seus 6rg!los prevalece. quase scmpre por "- I dU'~. sobre as (mas IigaÇÕC'S que esses OnlOS mantêm entre PIna ~~ elt'tTlCnlar, COC\.'ic..."qucntcmentc pr:hica e útil, est.1 em dividir ~ -...·..,...IC.U. base (.'tema de tod.1 a classifiC3ç.to clcOImo. O inquérito ....1I~ feito por indúslrias. t'Om a única rescrw de que lenha em toclóJs ~ homólogas. Tudo se passa como se 3 um siSl:cm:l de eqU.1çOes ~ Sé subsdlulsse um oonjunlo de eqU:l\.'ÓCS In<k"pcndentes coni ~

Iguais OU ll1uilO próx1m.1si ~qucles que p:l$$ar.Ull pelQ liceu e ~ se lembram <bs comr>licaç~ da regí.l de Cr:l1ncr. podem (3Zer Por esta Imagem algébrio. da simpllf'JC3ç;.lQ que se procuí.&.


J. N.

154

_m DiaS;·

Só depois de escrito o relatório da lei da reorganiza~o , em que este principio se defende, tive conhecimento de que doutrina .semelhante havia sido expos1.3 alguns anos atcls. Refiro-me ao re13rório da

proposta de lei sobre condicionamento industrial. onde se lê60:

Teremos de substituir 3 ideia de um inquérito geral ,.. peto sistema de inquéritos pardais ... e sempre com âmbito de acç.\O limitado, procurando-se ganhar sobretudo em actua li za~O e objectividade dos resulmdos. Porque me escaparam estas palavras e se escreveu o relatóriO d2 lei

da reorganizaçio, como se elas mo tivessem sido escriras? Porque tudO se passou como se assim fosse; porque a ideia que elas contêm 01° leve vigor para frutificaI.

t: necessário dizer aqui algumas palavras que aproximem mas diStingan] estallstia de inquérito.

Tenho como est:llLstica industrial O cômputo quantitadvo de tocJlS as variõ'iveis que definem a vida da indústria; tenho como inquêriC° industrial o estudo qualitativo, isto 'ê, 3 definição esr.átic3 de um ~

económico e a definição dinâmica de uma politk"a de reconstruç3o. inquérito é, assim mais geral do que :l estatística - e é t3J1lbém diftcil.

mi"

Esu segu nda parte (definição de uma polftica) não aparece nOS (Ja" balhos que conheço; como rUo havia estatística regular. deu.se udI abastardamenlo da noçâo de inquérito, que o tl'3osformou em sitJlPle' recolha é compilação de números, isto é, que lhe imprimiu uma r~ quase puramente esratislic:a, embora, gerA lmente, de grande pormenor' E quando os inquéritos saem disso, quando e mrJrn na análise quandl'" lh'3, limitam-se a descrever as miséri~ mais salientes. ti expor froU%'" mente algumas aspirações, e:1 concluir uma coisa que já se sabia: que a indústrul neces.it. de cuidadoso estudo. Só ~ panir de 1931 o A"uárlo EstlJtístlco começou a ebr a e~ uma secção de produ~"o industrial, de prlnc1plo multo result2. (IlIti ampliada de ano par.l ano; e h~ poucos dias (Junho de 1945) "pa';::; r2rn pela primeira vez e.m \'olurne separado, com o titulo Eslo f1uJustrial. os números relativos a 1943. . Julgo que este lraoolho n:lo é 3inda $ufic:ienle por dUis mzoe::';:' ser pouco desenvolvido e por inspir.J r poUCI con nsnça . Tendo di li"" dUr.ln •• 9 anos a ErtalísJ/ca di.. 1r14/alnçiJes f:Jéclrlcas, conheço pr> ..d

mente o que Se p3.5Sa. Por negligên.ci3. 31gumas vezes '3.I~

r... ude, mas sobretudo por Ignorância, os bole' ins c'[;ltis.i<'OS ré . pelos induslJt:lls

e5L'\O

.. 00"" .... _

~

frequentemente errAdos. H:i 15 anOS que dtJI

Serviços Eléctricos. dumnre algUM meses em cnda nno, um 00 '" 114, de3.2. '937.


uw.. de Ru.." Now de Economia PortIl8"""" 1'01. 1, Olp. n

155

engenheiros conhecedores da matéria recebem esses boletins e paslam-lhes uma rev~o cuidada; n:lo, evidentement e, porque se espere que adivinhem OS erros. nus porque lhes é possível descobrir inrompa1ibUidadés de nCimeros que revelem alguns deles. O g3stO de combuslÍ~I ru\o condiz com a energja produzida , a potência não condiz com o COnsumo, :1 ponta de ca rga não ;aga com ~t utilização presumível lUdo isto revela a e.x,i slênci3 de erros (e às vezes bem grosseiros) que obrigam a devolver para correcção cen:a de 30% dos boletins recebi-

dos.

Se a este nOmero jumarmos o daquel es cujas incorrecções, por

lIAo serem tão grandes, 0:10530 descobertas, chegaremos a um número Iss:u.~dor que faz desmerecer aos nossos o lhos o valor da estatística; lhas no caso da electricidade o problema nào (em 8~nde importância pOrque. estando

90% da produÇ!lo nas mãos de entidades id6neas o

erro final será sempre muito pequeno -

l

desprezável no seu deito.

Ao pensar em tudo isto, ava lio a dificuldndes, mesmo com a ajuda

~alguns o rganismos corporativos, do apUiJmemO da estatístiC2 indus·

de do Instituto Nacional de Estatistia., que funcio na , e não pode ser OUtra maneira, na presunção de reunir boletins correctos. Os fundo-n:1.o ser de no me) as insta la· ~ que eles dizem respeito. nem n técnica minuciosa da indústria

~ que os maner.1m nem conhecem (a

incornPOndentc t pelo que dispõem de nlt!ios restritos para descobrir como c m grande pane das indústrias manuractu·

rtiras patibilidades; e

crue ~o existe uma fone maio ria de empresas lecni<:a me nte idóneas ~bam ler c preencher correctamente um boletim estatí5"tico (Oll te. nc:i Ofganizaç:lo que lho permita), e u confesso que o lho para aquemeros com certa fl.lla de confia nçn. - porvent\lr:I injusta.

~ra aten uár C"Stes inconve nientes e para evitar duplicações de tra· ltIativ ao Estado e aos industriais, os núme ros do Amuirlo /!smlÍ5llco ~ à electridc:b.de são fornecidos pelos Serviços Eléctricos (hOje ~ Ge....11) mediante 3COrdO q ue propus ao InstitulO quando fui 1e da JUnla de Electrll1caç:lo. que cSIC aceitou e que foi s.'melo-!>tIo deçrclo n' 29,599, de 15 de Maio de 1939", htaialndePendememcme disl o. o Alludrlo lislalis1fco n:1o pode comer ~ do que UIll re:.UnlO Insuficieme para eSludos de pormenor; c ~ COrno ao lado desse A mu1rlo se publicam a lislfllfstlca dtlS 1"51(,·

Qado

~Eléctricas e o Boletim dI! Mfllfl.Ç, que contem as mlnúcias que -.. I~er:essa r os lécnicos daqueles ~mos. pemo que deveria haver

do;:"liIiIica Industrial, Celta pela Direcçdo Gemi da Indústria, dentro Ti

molde , donde Sóliriam os reSumos paI':} o APludrlo.

~e:1 que se fizesse; reconheço 3 ineJldci:1 da minha tentativa. ""'-de I'Ol'<ebldo que um> dos ",zOes por que se nao C.. ê O escr"" lQaa as ~o rew:lar segredos - rc: minlsct!ncl:1 da cl\la larla andante; nurnt:ros que medem :I :ll1.lvidadr indu"ilrlal d3S e rnprc a,';; $.10 ..

~ dtu IflJlillnçd8 ~lrlaIs AtlO tle 1938. p IV


J. N. Ferrei,. [)IaSjr.

valores que penencem :l economia da Nação. Guarde cada ultl o e já não é pouco. Este panor;lma estatistico explica por que motivo as palavras que adma se transcrevem, do re:lalório da lei de condicionamenlo mdtJ.SttiJl. IUO marc:ar.un a posiç.lo que 3 ideia p:.rece merecer. Alguns inquéritOS parciais que se flleram caíram no erro que atrás se apontou aos inqut segredo do seu dinheiro -

rilOS

gerais; falhos de: U~ oose esta(LStica anuaImeme acrualizada

nos

seus pontos cssenc13is, f:llhos de directrizes concretas quanto :aoS ~ivos

em vista, esses inqUêrilOS são compilações de números, sjO descrições de ~quina:s e sistemas, ~o apredaçOe.s de coisas boaS e más - mais mis que bo3sj mas são peç'JS estáric3s, onde se arrisC2f'O às vezes umas sugestões anémicas mas onde não há um movimentO t3sgado. São, no gend. lamentações que se arquivam. desabafoS de Jeremias sobre a desgraça de )e:rusaJêm; mas não vejo que alguma co~ de bom poss3 vir a este País em se acumularem nas repaniçõe5 maiS depoimentos que n;lO contenham O fundo de uma renovação. Sem eJe· inquéótos gerais ou pardais são igualmente infecundos. Esce é o ovo da lei 2005j daqui é que ela nasceu. Ao contrário dO que se te.m espalhado, ela n:lo manda concentra.r, nem diluir, netll favorecer. nem desgraçar ninguém; ela manda essendalmente fazei inquéritos indu5Uiais, mas difere de tudo que anceriormente se escreveu neste ponnenor singelo, que é o seu único mérito: especifica o qut se deve inquirir. Leiam-se as 15 alineas da Base XIX. E se ru10 se achar concordância enere o alvo concreto descas alír:: e as aspirações infusas. os desabafos tristes, os comentários melanc cos, feitos de h5 100 anos par.. cá em dezenas de relatórios oflcia~ e até não oftdais. Ie.r-.se-.t O direito de criticar a lei. Essa sed a cridd hon.....; fora disSo ,eli larg> probabilidode de o nlIo ser. Com a publicação do decreto nO 19.353 (inquêrlto Industrial df 1931), coincidiu a inscrição no orçamento da Direcção Geral da I~ Iria da verba de 500 como.' p'.I,ra as despesas do inquérito. Esta ~-­ foi aumentada para 1000 contos. partir de 1932-33 e mameve-SC ~ valor até 1938. regressando no 300 seguinte ;l verba primiliv3 de contos. Como o inquérit'O geral se não fez e apenas se ten[jr.lm aiS: inquéritos pardais, insufkientes como se disse. a verb.. que lhe er".l lina<b serviu, na sua maior pane. al,é 1940, para reforço de OUlras_~ bas orçament:üs. AoOOu esse recurso em 1941. Nilo podendo <5P".... rela lei da reot"g>nlzaçl'lo, redigida desde o ano de 40, mas cuja ~.~ ç-Jo Jogo se me afigurou demor.lda, consegui a publlcoçl'lo do oe<;'.:t. lei ng 31.1n. de 17 de Março de 1941 , que permitiu começar oe::""'" logo com Inquérito. sérios a algun. r.mos fabrl.. ~ Infelizmente, doIS fuaos vieram impedir que a reconstrução i ~ triallcnha 3\";Inç:ldo apreciavelmente. O primeiro foi a minha inOl~ d~dc de obIe .. que a verba consignada a inquêrito yohusse :la \'


Ióobo de Rumo. NcW de EconomlD!bt1ug-, \'01. J, cap. U

157

antigo de 1000 contos Oll , ao menos. a SOO, dada a escassez de SOO COntos p"dra imprimir sunciente actividade 30 u'abalho; apesar de expor

as minhas razões na elaboração de quatro orçamentos sucessivos, nunca alcancei deferimento da minha pretensão. O segundo facto eSt:á em se ler 5llspendido toda a actividade de inquénto no ano corrente, o que representa nova demora. Creio firme· tnenle que é apenas demora porque n30 pode ser, ainda que se queira,

lltudança de rumo. A verdade acaba sempre por se impor: espetar uma

eaaca no ch4lo e empurrn-la

para poente não perturba o movimento

eterno da Terra para nascente. 11VI.~~s são os faCtos m3Ls notáveis que conheço sobre inquérito -ouuwtal nos últimos 131 anos da história portuguesa. 28 - ORGANIZAÇÃO CORPORATIVA

Como todas as coisas de sabor político, :l organizaç-Jo corponniva é

~em.a excitante; e as suas qualidades oscilam, consoante

3S

opi-

er-.-~~~ o mêrilo de resolver tudo atê ao quebranto de desgraçar a -........ lVI1Üa nacional. ~mo n:lo sou político, sou capaz de ver a questão com inteira

~idade - sem querer diler com inteiro aceno; e ao correr destas ~~O Vt:m rora de propósito escrever alguma coisa sobre o b1e ' sem entt:2t nos aspectos sociais, que são importantes. mas n:1o

res.sam aqui. Os políticos ainda menos, <la ~criticas ~ acç:lo económica da organização corporativa (e incluo Ql -'SilOS de coordenaç.lo económica) ~o todas de estatura caseira e ~ parecem consistentes. Quando se dirigem ;\ orgânica, acuPor de entravar:ll liberdade de comércio. n.ao s!lo em geral sincetas Dhot:~ de oportunistas prejudicados - e muito bem - nas suas de negociar; mas a Crlt'ica toma por vezes aspt.~os doutrin:1"Iue~ aparente IIprumo, porque nos períodos perlurb.. dos cOmo dO ~ se vive há alguns anos é-se forçado a tolerar a desvergonha ~~"'\Ilador. elevada à dignidade de lei éCon6miC3 da orert'a e dá

rt;;."'"'lIIOes

do ~ Se escasseia um anlgo (e ..~ for, disso), os homon.. de boa fé

Orst::. .. I':~ ~ latitudes procuram. quase instintivamente. agatrJr-se a uma ,~o; o mercado negro. O comércio sem lei. ê enlão a sobrevi· • Or>n.,~ 1ib.,,,,Usmo - O primado do Individuai sobre o COIec1ivo. Dai ~o de interesses. l=,r80 clminho para a oposiç:lo de ideias. ~de,;\IQlq veleS. o defeito orgllnico que Sé aponla é clU.K<:rado pela !Oda. Orrnada do viver ='Clu:1l: Sl.IpOenHic :Iplicadns ao tempo de paz

~ ~riçOes,

Ulbclas. licenças. r'Jlclos em ((ue hoje se pal.llam ~ ~ e o comércio. como :1 soluç:lo menos m:1 das diOt.'u ld!ldes do

Po..".; O; mas aquela suposiç:lo n~o é legítima - pelo menos assim o tsct.~rque presumo qut: a. organlz~u;ao ser:\ sun icnlemente para arrouxar Iodas as Iimh3çócs que h ~ meia dúzia de


J. N.

/58

_ra DIas;·

anos se acumulam. ao menos em tudo que não afectar o e..'iSe.ncial- II: que deverá ser a maior pane. É preciso encarar com espírito beltl abeno :1 passagem do transit6rio par.t O penn:lncnte; dominar con\ o conhecimenlO do mundo econ6mico o h~bito - que tende p::1I'3 se imaginar necessidade - da e.xcessiva intervenção. OUtras aíticas frequenres se dirigem ao funcionamento dos organis-

mOSj mas lambém :d n!lo vejo que os defeitos destes excedam os defeitOS normais dos homens. inevbavelmente u'ansmitidos por eles: e ruI<> parece portanto rázoo.vel :u.acar O consequenl(' quando o antecedente i

conhecido. quando vcm de <-"ar~nda que anda perto de insuprível e incide de igual fOrm2 em qualquer tipo de organiZ3çâo - ch:tme·,e

corporativa ou democrãdca. Ao mesmo gênero de comentl1rio. que bate, por erro de vis.io. alvo

difereme do verdadeiro, pertence a acusaç:)o de que aos organisrn05 torporativos Clbe a culp:1 cb Clrência de produtos e seu aumenlO de preço, que tem sido a nonna dos últimos tempos. Um organismo que distribui 40 000 (oneladas de um produto a uJII país que esl:lYa habituado a consumir 100 000. ou que rep3rte ~

(oneladas de um artigo quando h:i comprador para quatro vezes mail; um org:mismo que rem por missão distribuir um produto que se aot' bou, ma de que se espera noY:l remessa da qual se não conhecc:rn. ~ ceno, nem a data da chegada, nem o preço, nem :1 qualicbde, nem' . quamicbde: um organismo com estas inglórias mrefas. ou outras semelhantes, esú su;e,ito a todas as acusações. qualquér que seja :1 equidade dos seus critérios ou a probidade dos seus aclOS. E se O org:utismot lendO que rep;tnir PrOOuto de diferentes ori~ com p~:os também diferentes - triste necessidade da econonti:l di guetr.1 - recorre ao expecUenlé univer:uJ dê: criar um fundo de com~ sa~o que manlenha o preço mêdio estável. n30 é roro que os ~

pagam para o fundo se queixem de cxlorsilo: e como 11.'10 pode .ceil.

que estes nao lenham inleligênda para compreender a mecinica da 01(' ração, e-se levado a crer que 0.'10 lêm força para l1lO5II<lf que 530 ~

Até de entidades ortebis n.'lSCem críticas:1 organismos económiCO'

que se MO sabe se filiar em n:d compreensilo ou faha de seret1i~ Um dla_ um., repartiçilo do Ministério X solidlou Õ Comiss:lo Re8-:_ dora Y que lhe detem1inados anigos; e como da IiSt.1 a~

romec:es.se

senUlcb só Um.1 pane se vendia por imemlêdio dessa Com~o , ~ a outra de produtos de comércio livre. foi respondido (com I~ aproV3çao e, fico crendo, .sem grande dC5::Ice.rto) que O primeiro SI"'!:.. de artigos esLava a. ordem c que o Sc!gundo deveria procuror·se direc:; mente no mérodo. P3SS:Idos djas cheg:.lV3~mc :1 nOlícia , em '~ qUCi.,(3 muito :1sperJ. de: que a ComissJo Y únha conlélldo o dc~ de nuncbr o Ministério X par:l o mercado negro. " Um organismo desla n3lureZ!1 não ê. n:10 deve !Cer. nCrn n-.esn~ tempo de guerr:t~ um de5't:S gr:tndcS :lrmné.ns que h <"'11l tod.:1s:lS


159

1aJs e onde o comprador encontra secçOes de todos os anigos; penso que é 3 novidade que leva uns a supor que OS organismos económicos dorntnam muito e OUIJ'OS a indisporem-se porque nào dominam tudo. Quando hã b lt:l de :Jrtigos de necessidade premente o azedume tresce, o protesto ê mais exalrado, mas nessas horas parece que nin~ .se lembro da verdadeira C".lUS:l e da responsabilidade que tem ~. A C3\1S3 é, algumas vezes, o estado de guerra, oulr3s. :1 insuflei"'Illa da produção porruguesa; quando se verifica est.1 última l a resPonsabilidade é de rodos pela passivid~de com que todos 3c,:eitam em IernJXl de paz. o desaproveitamento do trabalho nadon:tl. ou atê pela

~~aç1o aCtiva com que contribuem paro o ambieme de descrença

-...ui:ll.

Ouvida a critica alheia, rtl,çamos alguns COtl}C'nl:irios de conta propri.3. Defendo a organlzaç:lo corporativa como fórmula económica; e

enabora alguns pensem que (: :ainda cedo para se fi)(ar opi nj~o quanto à ~d'lCõ\cia neste campoN. embora se me nào apresente claro se ela

de

ser dirigi<b Ou pode ser 3uto-dirigida.. é minha convicç'Jo, nascida

dt ('eno contacto, que ela é um elemento excelente de coordenaç:lo,

lha..~o da fraude, de fort'âlecimcnw comercial -

coisas 3 3COnsea um pais que quer sair da anarqui:J. de lrnnsaccionar, fi, qu.e não beneficios. É em 5um3, um sistema que tem defeitos mas que ê ~ OI"gani7..aç-lo - coisa que em todo o mundo onde se pensa a sério I'tputa SUperior à ausência de organi7..aç-lo. ~ no fundo da vida econ6miC'3 , a servi r de base ao comércio - e

det un:

~

o A riqueza , ao bem estar, ;l cultura - eSI30 0$ órgãos de proftIo f ' cujo nível de rendimenLO mede o nivel de tecnologia , E se este ~kladO. náda se salva

da produção, ao menos no dominjo da :l organizaçdo corporativa parece de pedrJ em edifldo d. madeira. ~to assente para mim que pouco valem uma sem a outra, a 1'10 ~o e a tecnologL'\~ e enLristeço-me de pensar que 3 segunda Cfue : : tido o apreço po."tIO na primeira, CQmO inn.3 menos bonira em ~~ rep.... - ediç:lo erudi", do ton.o popular da Gma 8or-

C'6pu1a ,que tenha real valor; e

t

"""'~ em

1940 comecei. fal.r de reorg.ni7.aç:lo de IndúSlrias. ~icar Com cena estr2nhe7.n, por mais de uma vez, que talou la)

li tinha

jd I!$IalX4 orsOIlIZiIlIa. Queria-se com isto dizer que os pau'OCs ~ Ib Um grémio, os oper:bios um IJinclicalO e o Esl ado um orgo.lCOordenaç3,o; com esta arqult<.~\U'3 .se supunh~ n;lo haver

!'ala de

lalc: !':npal'"J (2ur, ln:'

as m~q\linas eram algumas yeZCS do S("CU lo ~. Ica do s&:ulo X'Vl1I e • regr.! de exploraç:lo pouco mais quç

"Dr

... ~6n~ Cutro Fctmndct. PrI"cfpk:JlH",lIame",aiS da OrJlflm:'DflJo Corpom. Ed Impbio. u.boo . •9+1. p 79


160

). N._raDiaS;·

Resulta isto, :li meu ver, de se ter espalhado a con vic~o de que a fórmula corporaliv3 é, por si só. o remêdio universal pa.ra as fraque 7P da n OSS3 vida económica . Tem·se continu ado a afi rm ar que sim.. mesmo depois de alguns anos de guerra lerem mostrado que não; e penso que os corporativistas sinceros, que avaliam sem paixão e sel11 ::.duJaÇ,Jo o :dcance cb SU:l dourrirua, devem sentir que Jh3 desacredil3J11 os defensores enfuslastas em dc!ma"ia. )ulgo q~ mIo é prudente rendef' a alguém ou alguma coisa o culto da deusa ~naceía ; como rudo que t

humano tem Iimi13do alcance, é falta de lacto dizer o conLclrio e falta de dno acredit.;'i-Jo.

O EsIaIUlO do Trabalho Nacional" já em 1933 definiu um caminho. Diz ele no artigo 7G: O Estado tem o direito e a obripçlo de coordenar e regular superionnente a vida econ6mlca e social. determinando-Ihe os objeaivos e visando designadamente o seguinte: 1°-(...) ].9 -

Defender a econontia nacional das explorações agríco-

las, Industriais e comerciais de C3rncter parasitáriO Ou incompaú· veis com os Interesses superiores da vida humana;

3° -

Consegui r o menor preço e o maior salãrio comp;llí-

veis com :1 justa remuneraÇio dos OUltOS factores de produçâo. pelo aperl'eiçoamento da técnica, dos serviços e do crêeUto. Parasiulrlas

e

i llcompalfvcis Com OS

IPrleresses superlores da vidiJ

buma,IlI são todas as indúsuias que por desorganizaÇão ou arcaísmo n,.iO b,.em o melhor prodUIO '0 mais baixo preço denlro das condições do nosso mel'Cloo e do saber dá técnica actual; cotJSegulr o ml!llor pn.'Ço e o maior salárlc pelo apeifetçoamt!rII<> da IlQI/c(1 ~ romper com mil posiçõeS c6m0d3s, que trazem anl3rraeb a si a má posição econó mica deste Jlals. Este programa parece ler caido no esquecimento; e julgo que eSS3 defidência rulo pode incluir-se emre 3quel3s a que se refere o uecho

quesegue 64 :

Alêm de taS deficiências de espírito e de técnica e a parte muiw [ajas se deverem ao factO de a orga niza~o COrpor:uiV9

ser ainda incomple12, .. Na realidade. n;lO se lrata aqui de uma falha de lêcnica corporndV'

m.'s de lécnica indusuiaJ -

.oond0n3w.

que teoricamente foi vista e pr:nicame nlC

O le m3 , que não é agradável, nunca (oi o lhado por aqueles que tinham obrigaÇlo de (3z2-lo com a Y3Slidio que merecia. ExceptuadoS .., D«tcto-Ld ri' 23.M&. de 23.9. 191). " Dr OUvtiD SW7.af. 01'. dt" \'01. III, p. 367.


lIrtba de Rumo. NoIos de EGon.",ia I'ottuguesa, Vo/. /, Cap. II

/61

alguns diplomas dispersos e frouxos, nada se fez no respeitante ~ tecnologia fabril antes da lei nll 2005. de 14 de Março próximo passado; e

I'hesmo

depois dela, o entusiasmo oficial n;lo parece grande, a ajuizar

pelo que se tem feito para lhe dar exL"CUç:1.0. fo A reorgani7..3çào industrial :1 par com a criação de novas actividades O complemento imprescindível da doulrlna corporativa, porque lhe

dará corpo. aumenrar1 o m:nerial !jQbre que ela se aplica, sem o que esta nJo f3d grandes progressos no campo económico como no social; e os números do capílUlo I mostraram o gênero e a grande?.a dos pro&resso$ que precisamos fazer. Não se chega 1;1 por via abstracta; lê pre-

Ciso atingir o vértice do concreto: demolir com a picareta, reconstruir com a inteligência. Estamos em altura de dizer com Goethe: Mebr Llcbt - mesmo que a fr..se n:lo tenha o 5.1bor filosófico que lhe atribuíram e seja apenas, ao que parece, o pedido de se levantar uma conina. EnCQnuei na face económica da organizaç:lo corporativa um crirêrio que reputo iflJceilável, pelo menos nos exemplos que analisei: a fixaça,o de CO(as de laboração para 3S unidàdes industriais de delêiminado ramo. Tive ocasião de acompanhar de perto este sislema nas indústrias de resinosos e descasque de arroz, onde se instituíram ames'da guerra, nlo por pressão de dificuldades trdnsít6rias mas, segundo creio, com base doutrimiria de prelCn5.1 equidade. Traia-se do mais sólido inchamento â rotina que julgo poder Inven::;-se. O industrial. quer seja diligeme ou mandrião. coiro ou analfatO I progressivo ou rotineiro, esteja acordado ou a dormir, tem a Barantia de unu C0(3 de malléria-prima que lhe enlr3 pela port3 dentro e que nenhum poder do mundo é Clpal de desviar. Impossibililado de melbornr de posição. o bom industrial desime~-se: coberto com ;1 ga.ranti:1 da sua COla, o mau industrial continua a Sê-lo. Desapareceu o estímulo. base do trabalho; desapareceu a selec\10, base do progresso; e o prestigio da organiZ3~o sai mal ferido dos Coment:1rios a que se pr~1 ;] fixaç.1o de tai$ COlas - espécie de quadratur.. do circulo que ninguém sabe f37.er exactamente. Se o corporativismo ê irn;ep;lr.lve! desle sistema de contingentes onde OS industriaIs marcham :I compasso corno um regimento. onde a Coordenação é rígida como uma rasoita - desdigo-me de ludo que em SUa defesa 3Clbei de escrever. Este ê o meu coment:'irio, o comentário de um engenheiro que ~plaude a disciplina mas que n:lo consente se enfraqueçam O engenho e a iniciativa _ fomes Inconteswdas de melhoria económica. que é mester estimular e n:1o amonccer. O r.ucio da produç.\o como fórmula coordenadora da actividade indUstriai é ouu·...lS das soluções el."Ccs.dvanlimte fáceis a que atds n~ç n:f1l'O. Precls..1mos resistir ao encanto da sua simplicidade.

Março 'Junho de 1945.



CAPtruLom AC~ÇÃODENOVAS[NDÚ~~

29 - O PROGRAMA DAS INDÚSTRJAS.BASE

Ocupa·se li Pane ( da lei n'" 2005 1 do estabelecimento de novas indústrias; da sua necessidade raJa o relatório da proposta t e quanto acaba de se dizer no capítulo amecedeme. Encerram-se nessa primejm parte três prindplos fundamentaLc; e mUito simples - com 3 simplicidade natural dos prinápios que vak-m: li iniciativa de estudos por parte do Estado (Bases I e 11), a partJdpação do "Estado no capital das empresas (Base no e as f;lcilidades ãs indústrias nascenles (Bases IV, Ve XXIO, Julgo que :1 eStes princípios cabe O nom~ de post'ulados, se alguém achar forçado que lhes dê o de axiomas. tão intuitivos me parttcm; são

ftgras de utilidade evidente, estimulantes que é ocioso discutir - ape.sar de algum romantismo e de muito exagero com que se (em apreciado Um deles: o direito de expropriação de terrenos ,

Imprescindível porque h:1 indústrias com exlge.ncias apertadas de

IocaU1.a\-'ãO e neces.sidndes de algumas dezen~s de hectares, o prindpio da e.ltpropriaç-Jo. feila esta por preço um pouco adnm do valor agri· COlá, n;lo ofende o direilo de proprit."cbde porClué': é' justo e porque é praticado em proveito da economi3 nacional , daquela economia cuja Posiç:to na Europa documentei atrás; e apontar:. quebra da produção i8rl<:ola ponuguesa peJo uso industrial de tais terrenos ê um ter'lta Il!veDle!')h! cómico de que deveriam afaslar·se as pessoas sérias. N:lo ê verdade que haja nas regf3s apontadas alguma restrição:\ ini· Cialiva jYdrticul;lr, na(b se escreveu que a limlrasse, que lhe reduzisse :I liberdade anterior; apenas se busoou encher alguns bur:aros por onde ~ escoaria todo o esforço de renovação. A ílCçilO do Estado coloca·se


/64

J. N. Ferreim Dlasjr.

ao lado da iniciativa particular Ce apenas em casos restritos) mas n;lo se propõe suOOtJruí·la naquilo em que ela se manifeste, Nâo se manifestando não existe, e MO existindo é descabido (;llar em SUbslhuiçâo. Contém o relatório da prOposta um quadro de indúslr"ia·base. Já em grande pane estudadas e concedidas na data em que o diploma se tor· nou público em documento oficial (Novembro de 1944), o que mostr.l que já n!lo era recente a sua elaboração; mas este quadro é apenas o esboço da acç:to imediata para uma primeira fase e não uma especificação limitativa tomada como alvo final, como ~tisfação definitiva. potque querer limitar o desenvolvimento económico ou supõ-Io chegado a um ponto de suficiênda é o mesmo que marcar um fim :l eternidade

dolempo. Daí a imposi~o de uma sequência de progresso industrial, de um acrescentamento continuo de novas actividades. Desenvolver a indús· lria não deve ser um addenle, mas um est;tdo permanente; não é dar uma corrida e saltar um muro. mas subir persistentemente uma Jadeirn. Julgo que me faço entender. Estar·se-:1 a subir a ladeira? Tem·se fé no caminho? Buscam-se 3S possibilidades, grandes ou pequenas, requeridas pela economia da NôlÇ4l0? S;1o perguntas cuja resposta cabe ao juízo de Deus.

o quadro das indúSlrias-ba.se, que Ogma no relatório da proposta de lei de fomento e reorganlzaçJo industrial, difere da primeil"3 redacção que lhe foi <bela em ler uma indústria a menos: o álcool carou-

Dnte. Completado com ela, ficará como se mostra na págim' seguinte (Quadro XXIV). Da supressão do álcool carburante falarei mais t3rde (nO 34); quero agora apontar algumas apreciações que o quadro mereceu e me não parecem jU5(3S. Antes de mais nam, refiro-me à sugesUlo de lhe serem acrescentadas OUtr2s aaividades de que discordei por considero-Ias In ... i~veis 00 inoponunas (grande <:onstruçâo mecânica). N:lo .sei se chegaremos 3 fazer ferro, se O fizermos não sei se serã bom, se for bom não sei se secl barato; não parece, portanto, que tenhamos base sólida p"Jr3 esboÇ2r urn.a indústria metalo-mecinica, antes de termos ré'J.liudo a mera· lurgia do ferro para os USOS correntes (lingOtes, laminados. tubos, fios e folrua de Flandres) e verificado pela experiência áS suaS áptidões. A indústria tem os seus gr:aus de noore7..a; construir um bom automóvel ou uma máquina de precisão constituem maravilhas de engenho por onde se acaba e IÜO por onde se começa - sem falar dos problemas económicos que tais construções levantam.


Ibtba de Rumo. NoIos de Economia 1'DrlI4s...... Vai. I, Cap. III

165

QUADRO XXIV

I-

N"'netO

de 0«Iem 1

--

INOúsnuAS- BASE

Meulurpa do rmo: Ungotes e bmlrudos FoUu de f1u"l~

Tubo<

Nóo)efO de

MáaJurgiadoC()f;w-e UnlJOfe!l e lantinados Tul)06eobr:llôimp~

3

• 5

6

SutralQck ;nnónW;t Nitr.IIOS c danamkb Cclulo5e .\kooI =bwante Total

Imp(lt'bç1a

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Em posição oposta, h~ quem opine que ~s novas indústrias n;'lo devem ser quaisquer indúsulas normaiS, mas só 3S que tenham feição acentuadamente nadonal. Cito, para exemplo, esta pas..'klgem II:

o futuro es~ abeno para o nosso País, por esse caminho (o aperfeiçoomento da agricultura), como sabemos que está pela electrifjC'oIçào e pelo fomento bem entendido de indústrias mcdu~

lamumle portuguesas. Não vi em pane nenhuma concretluda esta ideia. Não sei se ela engloba todas as indllsuias que possam viver exdusivamente de matérias-primas nacionais ou se quer reslringir a nossa activid1dt: aos produ-

tos de ('''f:::rtO 5.1bor 10C411. no estilo d.1 looça das Caldas ou das filigranas , IncluIos trabaJhO:Lmindros. .. N:'Io ~ ~ fattl" estinutlv.t. por $oe trat;tr de pnxtutO!l hdm>~. ~ ~me--se li vbbUKbde lh ~1eruosIderurgb. 6 N~o ~ pos$fvd (lII7-tt ~ im."Itv:& . pOr.5C ItilU( de prodUlOdi het~"1'IC:'Cl$.

1 Nlo ~ po!lStvd fnereatlnutlv.a . pot Soe tratar de produtos hd~ , Nio ~ ~I f2U!t eMlnu.ti~. JXlf se tnlU( de produtos hecerogéneos.. 9 Nio Inclui OJ trab:&l1)(lI ~grkOIu p:an cullur.. d2$ m:tttri.:u.prir1U!. 10 Valor da p50Ijna 5U~iluh"t1 pclo "COO!, I' .() fomento da lIIgricultUr:I é li rd'orm:.a económica., ln jOnlaJ do Comb'cIO, de

7.8.'9«.


J. N. /i!mjrtJ _]r.

166

de Gondomar. Em quaJquer dos C3SOS parec:::e-me tolicei a resposta a.

1:11

opinião já está <bela por Oliveira Martins e fOi reprodu1.id:1 atr:ls (nO 19), Em segundo lugar, refiro-me ;l opini:l.o de que o program3 deveria ser previsto para um prazo superior a 8 finos para ter posição marcante

na vida nacional: mas O argumento relativo ao futuro da indtlslria do ferro, que atei algumas Iinh.:ls acima , mOSLr3 quanto é inconveniente fazer progr.lmas industriais 3 longo prazo - o que implica edlfiC":lr sobre hipóteses em vez de realidades e aumenta , em proporções lncompadveis com a probidade, o grau de incertel..a das prcvbões. &sI:!., aliás. olhar para o mundo e ver os programas iodU$lriaLc; que lêm sido feitOS

por países com bem m.'lior experiência e mais largos recursos do que nÓ5j ml0 passa de um número dígito e pequeno o perlodo de anos que áS previsões abrangem (planos trienais, quadrienais, quinquenais).

Outro comentário (de que .se fez eco a própria Câmara

Corpof3~

tiva) 12 nasceu do receio de <Iue se tivesse previsto nas Indústrias--baSe um.1. excessiva Ilwcnni.z3ção, dado o grande volume de energia consomida em comparaÇio com o númerO de operãrios; mas 3 observação é improcedente se se tiver em. conta O grande volume de e1ectromeI3h..trgia e electroquímica compreendido naquele programa - actividades trn.didonalmenle consumidoras de muita electricidade, não para mectnl· 7.ar mas para aque<.X-'f ou electrolisar. Chegou a dizer-se que ;ii produç;lo de cerca de tOO 000 lOnelad~ de produtos metalúrgicos de ferro ocupa no rmalmente, em outrOS p3íses, muitas dezenas de milhares de operários; e (Iue o prev.:.r-se no quadro em discussão o reduzido núme ro de 3 000 homens para fabricar a mesma quantidade implica necessariamente uma mec-.mizaç.10 acima do normal. /Io·tas logo esclareci, quando:1 ob;c:."Cç..,o me foi posw, que a comparaç-Jo n.ao é jusu porque essas dez.enas de milhares fabricam anigo.,> metalúrgicos sob 3 forma de máquinas ou auto m6veis. enquanto o progra ma português prevê modestamente (e acertadamente, a meu ver) a fabric:lção de ferro em bruto. Av:t1i a-.5e bem o alcance do erro, nOlando que bastariam 16;a 18000 operários p3r.l que OS seus jornais excedessem o valor de venda de toda a mercadoria produzida - 100 000 toneladas de laminados. Mas a critica que reputo menos pénipicaz. é õl que se dirige ao f...ctO de se prever apenas ocupação JY.lra 6 000 operárioS - número supostO insuficiente para ter peso no emprego de mão-de-obra que deve mOS

romentar. J~ no relatório da proposta se disser.un algumas palavras de respost:' a este come:nt1rio, lembrando que o pequeno yolume de mao-de-obt2 resulta da natureza bruta dos produtos, que não pedem acabamentOS esmerados - utili7.:adores, por excelência, de numerosos br:tços: m:&S n::\o se pode deixar de começar por tais produtos simples, como nO

u DI4nolla$~".8S.de21 1 1944. p, .f9S.


167 lDesmo relatório se acentua, nem se deve esquecer o renexo destas acti\idades sobre outras que lhes são subsidiárias e que aumenUtm consideravelmeme as noY'd$ possibilidades de trabalho. Vou tentar uma demonstraç.lo quantitativa desse renexo. Suponha-

mos que cm todas as indúsulas O preço de venda d os produtos (receita bruta da empresa) se repane em média como segue: Ordenados e salários ............ ........................................... . Juros e dividendos ............................................................. Amonizaç<lcs .................................................................... . Contribuiç<lcs .................................................................... . Malérias-pritn35 ................................................................ .

Energia . .

................................................................ .

Matérias subsidiãri.'lS e pag.amento de S<!rviços ............... .

15%

12% 10%

5%

30% 10%

18% 100%

As rubricas clássias de gastos gerais, conservaç.lo, en<'''3rgos SOCiais. etc.. COnsider3m~se repartidas pelas designações acima, na pane que a cada uma delas diz respeito. Aceilemos ainda que a p.1nki paç;1o de capital estrangeiro faz sair do Pais uma part~ da imponõ1ncia de juros e dividendos; que a5 amorulaçOes, deslinad.1S :l substituição de máquinas e Instalações, v:1o tam· ~ em parte para O estrangeiro: que o mesmo acontece em pt."'queml percentagem nas m;ltérias-prinus (nas indú$(rias·base a grande massa ~ matérias-primas é nacional) c mais fonemenlC nas matérias subsidiá· nas e pagamento de serviços (lubrificantes, produtos qulmicos, peças de rn1quinas. material de construçao. m.3terial de laborJtório, material de escritório, patentes, seguros, etc.). Fixemos como segue :1 parte da despesa lotai que sai do País:

e diVidendos ...................................... "..........

1/ 4

AmoniZ2ç6es ........•.•.....••.•.•.•••••.•..•....... .............................

1/2

,.,falérias-prirnas ....... ,.... ,...... .............................................. Matérias subsidi5ri3s e pagamento de serviços ................

1/ 5 113

JUJ'05

A distribuição pode: assim f37.er-se da maneirJ indicada no Quadro

lOev.

Os 51% que 510 rt.."'Ceiro das indClstri:ls subsidiárias vilo, por 5ua vez. repartir-se de fo rma semelhanre :\ IndiC'dda neste quadro, pois se admite 3. rnl.>sma dislribuíç.lo de encargos em todas elas. o que nilo é bactameme verdadeiro mas se toma por m&li3. Os 5% da receita do Escado v:10 repartir-se, lal como a receit::a das indÚstrias. t=m ordenados e sal:'irios, juros dentro e fom do Pais, m:ueri~ ai3 e emprdt>ld>lS que constituem receita de empresas nacionais e estr;angcims. Suponhamos. paro simplici~tde das contas, que :t lei de


/68

J. N. Fmri",[)IasJr·

distribuiç:lo é a mesma nos dois casos; o erro que pode haver não leJl1. influência no resultado, visto o pequeno valor relativo da parte que cabe ao elirio. Tudo se passa entâo como $e locassem às indústrias

subsidiárias 56% do valor da produção. QUAOROXXV DISTRlBUJÇÃO DA RECEITA DE UMA EMPRESA INOUS11UAl.

......

-

Ordenados e saloinos JUros e divldendo$

No País

No ...."",...

T'"

.....

""'" """"' "'"'

"""" do lO ",bolho ,,""" do

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~

do lO

15

IS

Con!ribu_

"

M.ubtu-prinw

}O

I.

5

"

........

lotai. $Ub. e p::18. scrviçc:.IIII

Tout

IS

10 12 SI

20

I• IS 100

Quanto aos 99(, de juros e dividendos distribuídos no Pais, podemos supor que cerca de metade tcm a função de salário ou. peJo menOS. de um complemento de sa lário - sobretudo para o pequeno capitalista constiruindo a outra metade reserva directa pal'3 fonnar novos capitais;

e chamo-Ihe directa porque dos

ordenado..~

e salários sempre alguma

parcela ser2lambêm C2pltalizada. Aceites estes princípios. é fácil ca lcular como se repan e m, ef1\ últil1l3 análise, os 100% que traduzem;} receita de uma nova Indústria. As indústrias subsidi:iri3s mais O Esbdo, tendo recebido

56%.

p'Jga-

rão, por sua vez, de ordenados e sal~rios 15xO,56: e a OULraS indústriaS e novamente ao F.st.3do darão 56xO,56. de que hão-de sair para novOS salários 15xO,56xo,56. e assim sucessivamente. O 10tal de salários pagOS pelas indúSlrias subsid~rias e Estado lerá por express30 IS x (0,56+0.56'+0,56>+ ...) % é como o parêmesis é a som" dos termos de uma progressão geométrica decrescente de raz:lo 0,.56. o resull3do será ISx ~- IS x 1,27- 19.1 % Por outrO lado, as indústrias subsid i~ri as e o Estado pagat:1o de remunerações ao capital dentro do País 9 x (0,56+056>+0.56>+ ... ) - 9 x 1,27 - 115 % e como a indústria primitiva deu 996. vicl o (otal de 20.5% - mct!1de sal;\rio e metade capil3Jíz.a~o, .


lJlIba ti< Ru .... Nelas ti<

_Ia

i'om<B_ VoI. /, Cap. 11/

/69

Pelo mesmo raciocínio. 3 imponância paga 30 estrangeiro Sérá de 20% pela indústria primitiva mais 20 x 1,27 - 25,4% peJas indústrias SUbsidiárias e Estado. O resultado vai resumido no seguinte quadro: QUADROlOM OESllNO DA RECEITA OE UMA EMPRESA INDUSTRIAL

"""'''''''''

C:ilprullizaçlo

P~ga~

<XI""""

IS

"

19.1

4,S S,7S

lS,'

10,25 44JS

10,2')

iS"

eS:d:iriolS

Da lndúscria primitiva

Das incJúsr.rta..I $lJb$kli1ria$ c do Est.:ado OoC2pilal Tota~pardal Tou.1aem

'""

100,00

Será fádJ refazer as comas paRindo de OUtros números que cada

Um julgue mais acertados; mas, com as premissas aqui estabelecidas, Verifica-se que do aumento da produção industrial cabem. em números redondos, 45% a ordenados e salários, igual pe.rcentagem a pagamentos externos e 10% à capitalização, que virá facilitar novas iniciacivas.

Esta dedução muito simples mostra que os 1S% de saloirios pagos ~mente por uma indústria nova se convertem afinal em 44,35% ISto é. quase três vezes mais. Tomando como base a eSlimativa de 6 000 homens afectos ao uabalhos das indústrias-base (Quadro XXIV), vê-Ia'"Onos, ttansrorma<b em 17 700 - número baslClote mais animador. Feita a conta de outra maneira e (ornando para valor da produção OS 340 SOO COntOS do quadro I'. encontraremos como remuneraç.1o do trabalho ou equivalente lS1 000 (omos (44.35%) - com preços anteri~ à guerra. Se agora admltinnos que JXXIemos instalar devidamente

as novas indúst:rias de fonna que elas venham a pagar (tudo reduzido às <ondiçôes de 1938) 31$00 00010 média ponderada di."a de ordenados e saloirios (respeaivamente 6oSOO e 28$00, isto é, o dobro da média ~~ de há 7 anos), aquele montante de salários correspondem ao traba"K) de 16000 pessoas nómero que n::1o condjz exactamente com o anterior porque o pessoal indic:tdo no Quadro XXIV, se ganhasse a ~ia de 31$00 durante 305 dias, representaria um encargo de 16,6%


170

] . N. FemI,. DIas]r,

- um pouco superior aos 15% do Quadro XXV. Mas resulta claro que os discutidos 6000 sào uma fracção modesta da re'Jlidade. É imuitivo que :1 quantidade de trabalhadores aumentará aind:1 mais se admitinnos uma indústria mal organIzada, com pessoo.l em excesso. pagando sah'uiOS como aqueles que se registaram :urns ( nO 1(); julgo porém, que todos estar.lo de acordo em abandonar esta fórmula com que se finge dõl.f l.rnbaJho 3 multa gente - solu~'ão parecida com :1 de aplica r uma linda pinlut3 numa ponte em risco de desabar. Poderá parecer que mesmo multipliC-Jdo por 3. COmo nC<lba de se

mOSU'3r, mesmo atendendo a que o tr.lbalho de uma pessoa corres· ponde. em média ao sustento de 3 ou 4, o que eleva o tO(31 a cerc:l de 60 000, o número de trabalh3dores do Quadro XXIV é ainda exíguo e se justifkaria documemaJ mais de peno o emprego do nosso excedenl(! populadonal. Nl10 o faço porque me parece inglório. Das 80 a 100 000 pessoas que em média cresce por ano a nossa popu laç:1o, uma gra nde pane, impossível de precisar, vai diluir-se nas actividades já existentes, públi~ Ou particulares, cujo alargamento ê a regra; Oulra grnnde p3Ile ~ t:lOllX'm imprevisível, vai ser absorvida por outr:1.s novas indústrias, porque o programa das indúsLrlas.-base nào exclui a continuaçào da iniclólUva privada: Outra parte, ainda , vai repartir-se pelas mil pequenas ()('lJpaçOes que nascem todos os dias como consequência dire<..13 do aumento d~1 população e das suas necessidades: outra parte, finalmente, emigrará para as colónias ou estr.lngeiro. Sobre uma margem que, mesmo pequena , se cai no desemprego, provoca um sopro de intranquilidade em desproporçlo com ii causa. Ê para esta margem e para alguns que escer..m em excesso nas suas ocupações aauais que se impõe a melhoria da tem e o desenvolVimentO da indósuia por inidativa ofki::I1; traduzir isto em números parece-me roo arriscado como inútil. Sei que csramos mUlto longe dos 80 000 por ano: isso me basta põlro ter a noção do que valem os 60 000 a que conduz o progr.UTL1 previsco pa,ra 8 anos. E cada um ajuizará por si.

Outra conclusão muito importante se lira do Quadro XXV1: a elevada percenrogcm de pagamentos externos numa coisa que. :) primeir.l vista. parece quase exclusivamente nadonal Esta cifra vem explicar o que ê para muitos paradoxo; como o aume nto da produç1o nadonal contribui para intensificar as trocas externas; como os países que rnais traootham são os maiores clientes do estrangeiro. Ao aumento do poder de compra da populaçao. resul13me de se distribuir por ela 45% do valor da produÇãO e multiplicado muitas vezes pelo seu mpido giro. somam·se as nec.."eSSidades directas da própria indústria a satisfazer nO estrangeiro. que momam a outros 45%; e estes números faze m ufll pouco de luz sobre a mecânica da vida comercial que It!va os índiceS do t;omércio externo :1 subirem com :1 rique7.3 interna, e a que J.l fiz referência no nO20. .


UIIbo de Rumo. NoWs de Eco,/Omla /\mugI"""', VoI. 1, Cop. III

171

Destes números ressaha mais uma vez a noção de que o propósitO de vender mais produtos da terra à custa de menor 3ctivicl.1de industrial penence à Cátegoria das soluções excessllllJmente/áceis - como quem diz tentadoramente erradas. Ela não consegue criar suficiente nível para o Paí~ poder comprar nem suficienté necessidade p;.ira dever comprar - e onde 0 :10 h:i compradores não h~ comércio. A esperança no SiStema nào se confirma: o caminho da ver<blde só pode ser O oposto. Reconheço que não é legítimo ser-se nesta matéria desmedidamente Optimista: impona juntar à certeza do que se deve tentar, a certeza do que se n:lo pode fazer, isto é , do que será sempre objecto de compra extenu.. Basca ler·se um pouco de cullUt3 tét:: nica - Que ê cuhura tlo boa Como a outro - para se ganhar ;1 sensibilid3de de descobrir, .sem a ver, ~ fronteira do trabalho possível. O mundo dá exemplos numerosos de cenas limitações industriais: o equipamento eléctrico de algumas lOComotivaS fabricadas em Espanha fOi feito na Suíça; os veios d'ls turbinas suíças são forpdos na Sclmeider (França) Ou na /JcChmner (Alemanha): o leme do Non"ulldie. glória da marinha fr.mc~. foi fabricado na SJtoda (ChecosIMquia)j alguns IUbos de síntese de amoníaco fornecidos pela finna italiana Casa/e são coru,'truídos na V;cken Onglaterra). E volto à mesma ideia. Aumentar a produção n:lo é obrigatoriaIl1eme C'"dminhar para a autarquia: é subir a um ponto onde se rem mais Independência sem ler menos ligações, mais riqueza sem ter menos COmpromissos, mais autoridade sem t'e r menos ;1.migos. Mas ao olhar o quadro d3s indOslrias-basc nào posso funar-me a Um desconl'cntamento, porque me parece n:1o haver o sentimento colectivo de o realizar. A maioria olha-o como sonho de grandeza; raros. vendo mais fundo, acharão que ainda vale pouco. Julgo que ~cs últimos andam mais perto da verd~de; e por isso me parece que ~o basta cumpri-la - para o que nOlO entusiasmo - mas rulo se lOlpOc acrescentá-lo - P.1r.t o que não nOlO nenhum. t ceno que o publicar-se um progrnmn ofidal de noV:lS indústrias, quando o Es;(ado se não abalança a tomar ~bertamente a iniciativa de ~ COnstituir e orientar, ê obra de arroio que: talvez não seja prudente repetir; m3S O Que importa ê que haja nas esferas ofida,is O propósito de áctuar como se t31 compromisso livesse sido tomado. Não se SUpOnha que o representarem os proch.llos das indústriasbase valor de muito peso na estatistica de importação foi raz.'lo de esc0lha. por motivos de rei~o mercmtilista, na or8anlz.1~o do Quadro. Os I\'loljvos foram puramente indUSlriais, esI:lO dentro das rcgrás mais olter doxa.s: O primeiro, de segurança técnica , consiste em se terem escolhido rooUtOS simples. como já foi dito; o segundo, de segurança nadonal, já Oi explicado (n(t 18); o terceiro, de segurnn~':1 económica do empreendimento. estâ na temeridade que representaria. l:lnçaT. num pais sem preParação, indústrias de certo vulto que n:lo tivessem na firmeza do


/72

J.N. FmI>IraDflJSfr·

merc':3do intemo ;a garantia que lhes n;lo pode d.1r um mercado exterior desconheddo ou talvez inacessível; o quano. de lógica evidcnté, esti em se aproveitarem, rui grande maioria, ffimérias-primas nadornais :ué' agora aoo.ndonadas ou comodamente exponadas em brufo. Para satisfazerem simultaneamente a estas condições e serem suficl· entemenle Imponames para se poderem chamar de base. Liveram que limimt-se a um número dígito as Indústrias do quadro: se parecer que

M ' nisso erro ou falta de engenho, sirva-me de desculpa o

0010

ter

havido quem me :ijucb.sse com a indicação de ;alguma. Mesmo modesto, este grupo de indústrias representaria em tempo normal uma imobilização da ordem dos 600 000 comos, que hoJe deve andar pejo milhão (fom as obras de produç'Jo el{'"Clrica); e numa ép<>Ol

em que numerosas pessoas pedem sugestões para aplicação de cap'" tais, em que o passivo do banco emissor anda por 20 milhões de contos. dos quais 90% de notas em circulaç:lo e comas correntes doS bancos e tesouro público, em que se fala com SUSIO da inflação, o caminho acertado pan:."Ce ser o de pôr todo o empenho na conclusolO do progl"3.ma -

e ir pensando noutro.

Na data cm que foi remetida à Câmarn Corporativa a propost.1 de lei do fomen1o industrial, já ~vam concedidas, como se disse, quase tod1S as indúsn;as.-ba.se e mulros outras novas indúsuias de relativa Importãn~ cia, que o relatório ooquele diploma menciona. Nem todas vingarãO, como já se confCssou. (X>r variados motivos; nem pensar o contrário seria sensato . j\l:iis insensato do que isso só o n.;lo ajud.1.r inicialivas nascentes. A pre\fisão do que vir.'i a ser a vida de urna Indústria em projectO é sempre difícil C contingente; ê--o ;dnda na êpoca aaual; e deslas verd:t~ des intuitivas, que n:lo quero esconder, que apresento com o à-vonUlde com que se afirmam as coisas que est.io fora e acima de nós, é legítimo tirar Iodas as ilações, excepto a de que o m.1is aceruldo é conlÍnuar 3 não fazer indústrias.

Tem-se dito com alguma fn:."quência que certo cresc:er indUStriai dOS últimos 5 anos ê fnuo da guemL Inegável quantO 3. umas dezenas de carbonizações de madeirn , a 300 fomos de estanho ou a 2000 pedidOS de concessões de minas (quase tudo já mono ou prestes :I morrer), ainda vecdadeir.t qU:lfllO a muil3S pequenas 3ctividades, a afinnaÇ!lo é infundada quanto àquelas que têm verdadeiro peso. E a respeilo de muitas destas, não me pennite a modéstia explicar como nascet3rn; basta-me que os interessados fuÇ3m justiça ao muito que estudei parJ ajustar a sua capacidade de realização 30 que Julguei ser, em meu fr.tco juízo, o serviço de ponuga!. V;lo seguir~se algumas nOClS sobre cada U.ln3. das indústrias-base. Procurarei nelas ser exacto sem ser extenso e sem dar ao texto O aspecto .indo de relatório técnico. Que, pela intenção, os têcnicos me desculpem dos números que escrever a menos e os que o n:1l.o 5:10 Int' perdoem os que escrever a mais. .


l.Iabo de Ru.... _

de ELonDmliJ Portu&""'" Vai. I, Cop. III

173

;lO -FERRO

Em 1919, era eu caloiro. ouvi pela primeira vez, na aula de QuímJca Geral , falar no rcrro de Moncorvo e na 5ua sílica. Por meu mal, jã me esqueci de muita coisa (Iue me ensinaram; ma8 desta. de que a natureza nos brindai.l com um minério t:1o mau que o nào podíamos aproveil:u, fkou·me. como ficam em geral as injustíças que nos fazem. Produ;oJr f~ passou :I ser. no arquivo das minhas coisas mais íntimas, uma das obras bonüas que se podiam tenrar em Portugal. A indÚSlria do ferro é a minha das indústrias; todas lhe devem obe-

dlênct•. Já existiu siderurgia em Portugal mas não tem um passado glorioso. Ainda antes da formação da nacionalidade e , depois desta data, durante o meio milénio que decorreu

;lIê

ao começo da lV dinastia, numerosas

ferrarias se insralaram desde Tr.b-os-Montes ao AlenteJo I~; mas as alter~

nativas de desafogo e decadência e a fr.Iquíssima lr3djçào que ficou de todas elas deix3m-nos perceber que não estaria a li uma actividade com r.aizes fundas mas que antes se trararia de pequenas inida livas esporádicas e predrias. As primeiras unioodes de C<lrnc:1er (abril de certo vultO parece terem sido mOnL'lOOS em l647 pelo francês Doufour, tenente de artilharia, por Ordem de D. João IV. nos concelhos de Tomar (Prado) e de Figueiró dos Vinhos (Machuca)15 com o objectivo directo de darem material para a guerra da independência. O seu funcionamento foi reg~lado por alvará de 16 de Outubro de 1654 - porventura o primeiro diploma que entre nós se publioou sobre 11 indústri:l. do ferro depois da Restaura~Oj e eu :ll.revo-me a lembrnr, arrostando o sorriso dos conhcddos Prudentes espiritos. que bem digno de um povo viril seria o comemorarmos o tricenten:.1no desta publicaÇ"Jo com O renascer da siderurgia t"rn Ponugal - solução que só tem o defeito (se for vi:ivel) de exigir um pouco mais de suor do que as rnanifestaçoc--s discursivas com que tuJgamos alimentar a nossa economiá, elogiando-nos uns aos out.ros. t de 1697 3. primeira notícia da f:.1brict da Foz do A1ge (confluência do Alge com o Zêzere no concelho de Figueiró dos Vinhos) com o nOme de F6brlca Nova de Anilharia de Foz d'Alge, mas o Marquês de Pombal mandou su pendcJ em 1759:1 laboraç:lo de todas estas unidades que, ao que parece, n:lo funcionavam satisf.nori:ameme. Só no século seguinte. em 1802. <.ruoo a lruend~ncia Gcral das Minas e Metais do Reino cm 1801 e publicad.'l seguidamente. numerosa Jcgislaç}o que estabeleceu o monop6lio de explornçdo das minas por COnta do H PmI'. Abofm In,3Ib, .A mcbturgu on Portu}pl-. 7k"lca, Abril. 1936. I~ Eng, PC!dro Joitt l>inls. StlMfdlru PIIf(I (J Jl(s/(}rllJ d" M('Jma"CS,icll, Anexo 11<>' e 19W Ver princlp;llmcnte dQ$ dols ret:'16r1o$ do 6:u4o ~wege. tr.U\!( riC08 n;u pp. 1';8 c $Cg e 342 c kg. do II.

~~IJ$ d# ,u{~,aJ fk 1937 w

voa


j. N. Ferreira Diasfr·

/74

Estado. recomeçou a laboração <Ias FetT3rlas da Foz do A1ge, abandonadas dur.ar'lle quase meio .século; as OUll"aS jj tinh3m desap.'1.recido. Mas 3 Intendência foi extinta por dec«.'"to de 25 de Novembro de 1836. e com el41 ;I indústria siderúrgiCl. depois de 34 anos de vid1 atribulada. que se nilo sabe 3 que mais atribuir: se à agilaç;lo politica das invasões fr;mcesas e das lutas liberais, se à intonvenientc locaJizaç-JO da fábrica que todos reconheciam m:JS ninguém remediava , se ã m11 qúalidade do minéóo, se à desordem admin~u-:uiva em que a exploração parece ler·se arrastado.

Desta gesti\o não vem gl6ria para nt:nhum dos dois Intendentes Gerais. O Dr. José Bonifácio d e Andrnda e Silva, que mais (arde foi ele--

mento activo da independencia brasileira. e o SarJo d 'Eschwege, que andou depois a delinear o parque da Pena. por ordem de D . Fernando. e que mandou fazer, ao que const..,. 3 sua própria est:tt\la. hoje empo-

leir:lda numa das fragas da serra de Sintra I'. Nào me p:arece razoável pensar que este insucesso da Fol. do Nge se deva atribuir ao uso do carvão de madeira , batido pelos altos fomOS de coque, já ent1io empregados nos p3íscs hulheiros: no primeiro quar· tel do XIX o caMO de madeira era aInda 3. regl""J no centro da Europ3, e mameve·se mesmo durame todo esse .século em concorrência com O carvào de coque. emOOrJ com crescente predomínio desté último I'. Visitei há pouco :;J. Foz do AJge. num vOlte profundo e quase InaceS' sível, e percorri com melancolia as ruín.. s do que foi. há mais de u[Jl século. a úhima siderurgia ponugues...1 ; nos dois pequenos altos fomOS. que a hera e o arvoredo j~ abrJçam com troncos e mizes. vi ainda. nO revestimemo quase intacto, o vidrndo da úhima escória; e no silêncio daqueles restos senti a am3,rgura de estar pisando o campo de Uln3 batalha perdicb , Mas o fracasso do século XIX ":\0 me tirou a esperanÇOl no século XX; uma luz bem yiVôl diz-me que a técnicJ de hoJe I: mais elisuCl e mais segura do que a rêénk"3 in<.ipieme de 800. e que 3. batalha do ferro pode recomeç:u com mais larga probabilidade de êxito. Se nllo digo com certeza de êxito, não se julgue que duvido do ferro; diga·se antes que não sei se 3 certeza existe.

o problema do f(.11'O rTK.'1eCe atençao particular; rulo se estranhe que me alongue um pouco a falar dele. Desde o fim do século passado que ele cham:J a 31ençàO de alguns ponugueses, atraídos pela sua excepc;onal Imponãnda no quadro da lndÚ$lria 11.'0011.,1; num lrabalho de 11;\ pau'" aOO5 encontra-se compendi::ado o que sobre o assuntO se tem escrito .... 1& Rodrigo ~imOeJ,

1941;'j

e ·~lt"' rbJd:J

eo.u. $mlnl Cf kUJ ('~ Cc:ntro 11pogd1'ko Cok)nl:l.l. ~,

9~nvllk, 1.'''uJJiS/rnrdu lW . n Fm"c., F.d. Armand CDUn, PariS, 1932 . p ~7

En&

Adtbno Ilodr'igua. ~ sofm, () probkrna $ldeni'lPCo nncio#aJ. Coctfena ~1ndu5ub.1 Portl.te~ , cm 2.t1,S, I904 1

~


Urrba de Rumo. Noo1S de &onomÚl PorTuguesa, Vai. I, Ú1{J- ID

175

Analisad o objectivamenlc. o estudo da pr9duÇ:lo siderúrgica decompOe-se nos quan.o aspectos principais seguintes: a) Co"sumo. O nosso consumo de ferro e aço, avaliado pelas lmponaçõe$ dos 10 anos anteriores à gUCIT3., é o que se regista abreviacb.meme na página scguin(C~ (Quadro XXVU).

Neste quadro excluíram-se, por simplicidade. todos os anigas da pauta relativos á ferro é aço cOm movimentO muitO pequeno; e excluí-

ram-se também , para dar ide ia ma is justa das nossaS possibilidades Imediatas como merca do siderúrgico para uma ind6stria nacíonal, todos os artigos relativos :1 m~ quinas . acessórios, ferramentas, obra nlo especificuda, etc ., que implic:'ml ma ior Ou menor acabamento e

que não respeitam, portanto,

:lO

tr:lbalho bruto da siderurgia , lamina-

~ou~l fjns .

A comparação d:Js média s dos dois quinquênios anteriores :l guerra (t930-3.f e 1935-39) mostra que o consumo de ferro subiu em todos os artigos da pauta (excepto nos carris) mas em ritmo muito lenlo: no 'OIal , 13,8% em 5 anos. A subida de valor foi muito mais rápida : 45%.

QUAORO XXVII I.... PORTAÇÃO DE FERRO E AÇO EM 1'OR11JGAL

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F.m bruto;

161 162 163

f undido. t'm IIn~ Fundido. cm ~CI L:unitudo. ~rtQ de W~

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Aces56rios de tuboi PundJdo. em ruboi laminado. em ~~ 1..:lIInlmdo. cm tuba! C2rn\ c Toul

~RUlhu

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~' A panir de 1939 I (olha de FhlOdl'Cll ~ 11 conwlulr O aMigo 1 6S-~ "no, os ...... Itwe$ da 1"11)\'0 ~nl80 (0r."'11 MX1U dM IK)S do t6).

~

,

9IlO

6SOO 2!JS72D

por

IMo.


176

J. N. FmeUa /}fIlSJr.

Do total de 153 000 toneladas assim obtidas, é necessário ainda alY.uer como de fabricação duvidosa em Portugal: I Q.metade do peso do ferro em obra consider.tdo (cerca de

8 000 toneladas); 2'1.05 laminad~

de pequeno consumo em relação aos encargos que originam (cbapas delgadas com mais de 1,25m de t.lrgura, chapas grossas com mais de 150 ou I ,SOm, vigas acilTl3

de 200 ou 250 mesmo, etc.), que o estudo estatístico da ímport3ç:lo. feito com lodo o pomlenor, mostra totalizarem menos de 10% do peso de ferros I.minados (cerca de 13 000 toneladas). Com e5Cas deduções, poderemos conGl r como fabricação nadonal, em nlimeros redondos, com 132000 toneladas assim repartidas: Cusa ............................................... ] 2 000 toneladas I.:lInirudos ....................................................... 120 000

132000 Comando com 20 000 toneladas de sucata laminada que em média exporui\'am05 ames da guerra e que deverá ser levada para a fulUr,I siderutgi2., a produç;lo de Jalninados a partir da gusa fic-.a.rá redulida a 100 000 loneladas e o peso lotaJ da gusa .. produzir será (tida em conta a perda), Para fundiç.\o .. . 12 000 toneladas Para afi03ç20 .............................. ..... 110000 122000 Em resumo, a 5iderurgí~ ponuguesa , I'Omando por base o consulllO anterior :l guerra, deverá produzir por a no , incluída a folha de Flandres »:

Cusa Laminados......................................... ..............

122000 toneladas 120000

o que equiva le a cerca de 400 to neladas de gusa por di3; a ideia , que correu dur:ame muilo tempo, de que esta produç-.1o é diminUl2 para JUStificar um só alto fomo. tem forte exagero, porque se há muitos al[OS fomos com produ~o de 600 ou 1000 toneladas por dia. h:1l'alvcz muitos mais com 200 ou 300. Mas o nosso COnSumO ê: susceptível de largo aumento ; um progr.l~ moderado de indústrias, de electriddadc, de caminhos-<k.,,-ferro, de marinh.1 mera.nte, fará subir em poucos anos o consumo de ferro; ii própria siderurgia ê, em toda a parte, o mais fone chamariz. de indú:r trias derl\"3(,bs. Po r volta de 1950 - e a siderurgia nunca padeci", m.1t-


Ibtba de //u .... NokJs de

_Ia

m

Por1ug,U!SQ, 1'01. /, cap. III

char antes disso. mesmo que houvesse empenho em a instalar -

o

COnsumo de laminados de possível fabricação nadon:ll, supondo que a

guerra não altcl'3Ya o ritmo anterior de crescimento, lerá subido para

150 000 toneladas. se a liberdade de importação se restabelecer sem grande demor:.l ; mas não custa acreditar que possa Sér superior. se se Criar O ambiente próprio, a que acaba de se fazer referencia. Um distinto engenheiro francês que esteve entre nós por minha

iodicaçao a ocupar-se deste probJema ll , e a quem ilcompanhci em visl.

tas nas regiões de üsboa, Alcobaça, Coimbra, Aveiro e Pono (a zona mais desenvolvida de ponugal), manifestou por fiais de uma vez a boa lmpress10 que lhe deixava este País, cujo nível de vida lhe n:lo parecia muito inferior ao da França. Mas quando lhe forneci os números do

nosso consumo de ferro para base do seu estudo, o Eng.

Dumuis viu-se

obrigado a escrever: Pour un pay. de 8 000 000 d'habitanlS 140000 T représenleOI une consommation de 17,5 kg par habit:anl. Or la France eI le Portugal 001 tr'ê's nettement le même degre de dvilisation, des

standards de vie individuelle relativemente comparables, une densité de population presque indentique, Cependant la con ~ sommation inleme de la france rcprésente 5 :\ 6 000 000 de T SOit 130 kg par habi13m. La plus grasse partir de la diffêrence entre 130 kg consommation française et 17,5 kg consommalion portugaise ne peUI provenir que d'une consommation beaucoup

plus élevée au Portugal cn produits manufacturés d 'origine élrangêrc ct la balance commerciale du Ponugal doit en êcre d'autanl plus influencée que ces produiLS som plus chcrs au kg que leor matiere pre:m.iêre.

Infelizmente.

3

hipótese de Dumuis, nascida do engano a que o

levou o aspeao cuidado das povoações que visitlimo$, não se conflrma . A nossa imponação de :mi80s de ferro manufacturados não txcedc anualmente poucas dezenas de milhares de toneladas. o que 1U.0 traz aumento substancial aO pes.o dos ferros registado no Quadro 'OCvll C não eleva o consumo específico p:;ar.l além de 23 ou 25. A difeI't"nça do nosso consumo pan o consumo francês, como· para o de tnuiros outros países da Europa, é uma manifestação da nossa debilidade económica. que ficou demonslrad1 no C'Jpítu lo I e para a qual

procuro alguma colTCCÇ"Jo. . Apesar das previsões de aumento, o consumo português de ferro é itnda um pouco ~scasso para pennitir um progmma rndonal de lamj· Ragem. dado O grande número de perfIS I! dimensões a satisfazer; 180 a um númcro melhor. M:as :t soluç:1o que foi proPOsta por Dumuis c consta de um relatório oOcial, parece-me inte.1i-

20õ 000 toneladas seria


J. N. Fem,ra [)IaS]r

/78

gente e permite, com o mínimo de encargos, adaptar os laminadores :;10 ttabalho reduzido que durante alguns anos devemo ter. N:lo a descrevo

por me parecer aqui deslocada. E porque a questào do consumo esc1 neste pl!. eu declaro que considerarei como o mais inepto dos portugueses aquele que alguma vez aUlorit.'lr a mo ntagem ( frequemes vezes requerida) de pequenas instal<lçôe5 com o objecto de satisfazer programa parcia is de lamina· gemo arrancando as parce la s ma is rendosas deste programa geral !.I. Ponho de pane. evidentemente, os fo rmos ou convertido res parn pr'O"" dução de ferro-ligas, aços de fundiço1o , g U5aS ou aços especiais. que não afectam o conjumo que ficou esboçado - CQm a condição de 0:1 0 serem falsas designações a encobrir uma fabric3ç.~o de ferros CO""

remes. b) Matérlas·prlmru. O princípio de estabelecer progmmas indusuiais baseados e m minas de que: se não conhece exactamente, ncm :I existência de minério, nem a composição medi3, nem as condições de exploraç:1o, tem larga lr.I.diçi\o entre nós e creio que em t0d3 parte. E C3i~se em dois exageros, ambos afastados da ve rdade que ninguém se deu ao trabalho de averiguar ou que só se conhece por presunçõeS 8eo16gicas sempre faHveis: :I mina é alternadamente a melhor do mundo na boca do concessionário ou nem chega 3 existir na bocô1 doS pessimistas; e as desil usões são ti 1'(.'"81"".... Convenddo de que UJ:1U das condições Imprescindíveis para o CS13belecimento de uma siderurgia em base:s sé rias é O prévio c:onhecimenta exacto das carncteristicas do miné rio e .. garantia de exislc!nciU para O mínimo de 40 anos de labornç:lO, promovi nos qualtO anos de 1941 :I 44, fanlo quanto O pe rmitiram as difiCuldades da gue.rr:t. :l intensa prospecç.Jo, peJo Serviço de FomentO Mineiro1 dos jazigos de ferro, porque pouco de concreto se $.1bia sobre o seu va lor; em relat.6rios antigos e até: numa comuniC3Çl1o para um eSI'udo internadona1Jj n:lo se enCOnlf3 vam mais que vag:.s presunções. A tarefa nào est.3 aiJ'lda terminada, apesar cb dedk-aÇ1o do Serviço, que registo com prn~ zer; algumas ilusões já se desfizeram, muitas dúvidas est:lo a inda por esclarecer neSte momentO, mas hã. pelo me nos, uma grande ccneu: Moncorvo. O trabalho persistente de um dos concessio ná rios desta área. Verofnigle Stab/werI«!. reverificado pelos se rvi~ ofict.. is que colherom U Autorlzd em 1942 um .. bmlnagcm tnlõ' 10000 100C'1a<h$ com mJ.C1uln;as muiw

vdhas c por um ~ lCCntammlC mau. Mas rnlllVll'~ de um ~fM) de gucna c:, por iSto. ~ unu UttI\Ç'3 ~~ lempo linúwIo de: 611t'1O$. Apes;ar ddu. ~ c €h pro$1.0 <W dKUrudnclas,. penilrfK'io.rnc do que fl2. porque': ta 8U("fr.l :aab!l de nn<br c li montagem. qUe' tkvU f"ter« em 8~. ~ lOnge de condutd:& lJ Jaol'\lo PedtO Gonk1. CM fikrN'rTllOf'TtIl* l.'(Jn I'brtll.gal, Thl!' lcon OtC rnoutt'eS of tM- worid. Estocolmo, 19JO •


179 cemenas de amostrns e 3S analisaram, pennite reconhecer numa zona da Serra de Roboredo 165 milhões de t.oneladas de minériO (hematíte); e desm zona, a concessão mais bem estudada, Cabeço da Mua, aprele'nta 50 milhões de ton~ladas ;} viSta, com a composição médJa seguinte: Ferro _................... •....•...•..... 47% Sílica .. " ... " ......... . 25 M:J.nganêsio ,_, 0,076 Fósroro ............................ 0,396 Enxofre ................................................ ,............................ . 0,048 Quanto ao [eor de ferro a qualidade ê mêella; quanto ao de sílica é ~.

Supondo que o crescimento do nosso consumo de ferro eleva a ~ibilid.'lde da fabriaçâo nacional para 200 000 tOnelad.1s por ano, e admitindo que se n:lo empregava matéria-prima de outra origem, só a COncessão de Cabeço d, Mua assegura a laboraçilo por 110 .nos. É jã Unu ceneza animadora. Mas OULraS fontes de maléria·prima temos necessidade de empregar e estão igualmente asseguradas. As fabric.lções de :\cido sulfúrico (Barreiro, $elúb;11 e PÓVO;l de Santa Iria) e de enxofre (mina de S. Domin. 80S) dão anua lmente, como resíduo , d:!rca de 70 000 tOneladas de cinzas de pirite, que constiluem url] esplêndido minério de ferro (62 .. 66% de ferro e 2 a -i % de siHca). que antes da guerra se exportava, SObretudo para a Inglaterra e Holanda; e a produç:1O deste resíduo deve~ aumentar dentro de poucos anos par.a ser de 100 000 tonelad.1s, quando se comece 3. fnbricar su lfato de amónio. Mesmo que contemos 20 a 30 000 toneladas par.t o fomo Bassel da fábrica de Alhandra , ainda COntinuam dispontvt"Ls cerca de 70 000 loneladas, que mi.sturndas com a hematite de Moncorvo permilem melhorar o leito de fus,;o, subindo O teor de ferro para 52-55% e descendo o de sílié3 para 18-20%. Outrn melhoria pode~ eventualmente obter-se se houver minérios nacionais menos ácidos e mais ricos, ou susceptíveis de enriquecimento, que PGssam ser locados em percentagens apredáveis (Vila Cova, Guadramlt, AJ~ntejo) ou importando cena quantidade de minêrios estrangeiros pouco sllidosos (por exemplo, Bilbau, M:lrrocos, Argélia). Esta mistura de minériOS p.m~ corrigir O leito de fusão é- nonn:ll em lodáS aS sidérur· glas; e .. imporuição de lipos convenientes para a composiç3.o dos lotes ê de regra em muicos pafses. HI1 alndn como malêri3 -prima nacional as 20 000 toneladas de lSUCIt:a de feno I.. minado. que 3tr:ts se mencion;lr.lm. Quanto a mang:mésio as pesquisas em curso 5:10 animadoras. A propósito de Q tJ~s n:lo se lev:mlam dinculd3.des õ entre os caldrios que mandei an.1lisar encontrom-se alguns muito puros, com cerca de 55% de óxido de cllclo.


180

J. N.FerreI",lJ/IS}r

c) Combustit:eis. É insensato contar com os carvões minerais portugueses p'Jra a siderurgia: têm muiras cinzas c 0;\0 dilo com coque; rnJ5 num trabalho re<:enle~ volta ainda a fa lar-se deles (.:Om excessivo opU-mismo. P3r3 se avaliar esse optimismo basta referir que ali se COnla em primeiro lugar com a hulha de Sama Susana, que há muito se sabia exiStir em quantidade Iimiuda; e de faao, a mina suspendeu 3 I:Jvra nO 3,0 0 passado por se ler esgOl3do O combustível na zona em explornção (JOOgeis)!S e não haver ainda ~u J t3dos positivOS das sondagens em curso· . Mas ainda que tivéssemos bons carvõcs, só a quantidade necessátlJ para a produção mínima de 122 000 toneladas de gusa não and3ria

longe de 140 000 toneladas de coque ou 200 000 de carvao de pedrJ -

::aumento de consumo que as nossas existências não comportam. A

um número da mesma ordem se chegaria admitindo .. hipólese de empregar carvões pulverizados em formos rotativos,

Daí, as três soluções possíveis: t .. Importar o coque ou a hulha correspondente;

2' Empregar carvão de madeira; 3' Empregar a energia elêctrica para a produção de ca lor e usar para o carv:lo de redução qualquer das duas soluções anteriores. Dada a importância que tem O ferro nO{ vida de uma naç:1o civili7..3c.b, julgo que se devem orienl3r os estudos no sentido de o produzir com a mínima sujeição a matérias-primas estrangeiras, para Lhe dar o

m1ximo de independênda; e pondo de parte 3 segunda soluç.lo pelo grande volume de lenhas que exigiria dentro de um rAio muito restritO (cerca de 600 000 toneladas SÓ para o alto fomo), vai a minha preferência - condidonadá ao preço e às possibilidades U!CnlC'dS - para a terceira solução com o carv:1o de madeiro como redutor. A quantidade de: lenha andaria então pelas 200 000 toneladas anuais, o que parece p0ssível de obter sem esforço no distrito do POrtO e por todo o vale do Tãmega, regiões dellS3mentc :ubori~das. com os perímetros noresGIiS do Mamo e de Mondim de BaslO. e que em esboço de aote-projecto sé consideram preferíveis para este efeito. J~ vi esta modalidade acusada, num relatório andai, de não ser sufi~ cientemente autónoma, com o fundamento de que para o serviço dOS fomos elêc:tricos s:lo precisas linhas e transrormadores de fabricaçào cstr.J.ngcir:l.. COnrundirom~se , lamentavelmente, os bens de produç3o, permanentes, com os bens de <:onsumo, fungíveis, como se o forno eléctrico exigisse todos os d ias que lhe metessem um transfotm:ldor :u CoroncIIbnkl6 cb Coer.tl, OjemJfI "oçOtlm PortII8O~ Li5bo:I, 1943. p. 21 . AS II .suspen.w dt..OU<5C em AgostO de 194"': li ded~r.tçlo de. n..-duçio tb :ire;ll ~ dkb. por se coruJdcr.tr c:5gob<b pan~ do ;;1;1.180. (01 pubUOld:l nó Ok1rlodo GoeW1"Q, lU Sbie. de 27 de Dl2.m\bro do mesmo ~


lIoba de //umo. Natos de &anomia Podug..... vol. 1, Cap. III

J8J

pela boca - espécie de Moloch a ronsumir as vítimas nas entranhas de

logo

A comp:ard.ç:lo de preço - ponto fundamental- entre esta so lu ~;lo Ir: a do alto fomo cláss:iço raz~se. em primeira aproximação. da forma 8leguinre: Num alto fomo e com bom minério, urn.'l tonelada de gusa consome 900 kg de coque dos quais, aproximad,mente, 350 de redução e 550 de aquecimento; no fomo elêarico, uma tonelada de gusa obtida do mesmO tninério consome ccrça de 2500 kWh; leremos ponanto a relaç:lo:

preço do kWh _ ~ 2 220 preço do kg de coque 2 500 • Se agora considerarmos o caso português, com minérios muito silll1l3íores cargas de fundente, e se admitirmos que o forno e léctrico consome nestas condições 3000 kWh (número sujeito a h:Serva), o preço do kWh, paro compensar a inferioridade do minêrio. devem descer para o valor dado peJa relação seguinte:

ciosos, exigindo

preço do kWh _~ 0183 preço do kg de coque 3 000 '

Se lomannos o preço do quilo de coque metalúrgico, posto no 1000j de consumo, igual a s26, obtêm-se para o kWh o valor de S05.7 no pri· meiro caso c S04.8 no segundo. Ao tratar da electricidade (vol. 10 se dirá alguma cois;l desles preços; mas é de notar que eles se rererem 3 COndições de 1938 e devem portanto ser multiplicados pela relaç:lo que vier a estabelecer-se entre o nivel de preços dos próximos anos e o que eXisti3 nas vésperas da guerra. Acresce que a comparação de outros encargos de exploração dá ao fomo elêc:trico pequena vantagem. que ajuda a melhorar levemente o preço da energia. Merece ainda assinala r~se que! se em vez de fazermos a COlnparação com o preço médio a que flava O cOque em Portugal antes da guerra (por estimativa, S26 por kg, supondo importação direcla) , tomássemos o preço no pais de origem (ã rod.'l de 520). o valor do kWh deveria ser mais ooixo (entre $03.7 e $04.4) para se obrer a gusa ao preço normal. Mas presumo não ser preciso chegar a este extremo. Por um lado. se O carvão paga transportes. também os pag:t o ferro; por Outro, não nos propomos fa7.(~r gUS.1 ou aço cm concorri!ncia com Essen ou Glasgow, porque nem a França o consegue e nem por isso deixa de ter uma fordssima indústria siderúrgica a produzir 6 milhões de toneladas anuais - :I terceira c:b Europa; e. nnàlmeme, 3. subida de preço do carv!lo, que se desenha mais forte do que a dos equipámen-

to:. hidroeli!L'ttíC:O:;, será, no futuro. um passiveI factor de v:tntagem para j solução aqui defendid1 - como, aliás, para lodos os problem.'ls de electrifka~';,lo por via hidráulica.


J.N.Fmf'iraI)lasJr.

/82

A siderurgia por via electrolêrmlca pode ainda prestar-se ~ seguinte pergunu de fundo: vale :I pena comprometer na siderurgia. na função pouco nobre de fazer calor , 366 milhões de kWh permanentes

(t22000x3000), dado que as condições econ6micas na indústria trilo permitem funcion3menlo temporário?

Penso que sim por três razôcs: " As nossas disponibUid:tdes de energia hidclulica pem1!lnente ruJo devem ser inferiores a 6000 ou 7000 milhões de kWh. iSlo é , cerQ de 12 a 14 vezes a actua l produçllo conjunta hidrãulica e lênnica; a parcela pedida pela siderurgia é apenas dC' 1/ 16 a 1/ 19 de'.":." dicf'Onlbilidade5. que n05 dAo rôl.l(.l p:am

muilas dez.enas ue unos; la A Indepcndêncl:a que deve ler e81~ In dCIMrla. como I~

referi. nao aconselha a sujei~o aos merC:ldos externos no abaS-tecimemo de um produto essencial. qU3ndo Qutm solução seja

possíve.l; mas aceito que. se o consumo de ferro crescer e n:lo convier reservar-lhe uma quantidade de energia muito superior :l que se prevê agora, se admi(a a produção de uma parte d;t gusa num aho fomo norT1l3l ou em fomos toI,:uivos :l CUSl~ de arvOes unportados. porque haved sempre uma p3rceb segura e de preço menos sujeito :ii flutuações - parcela que se elevou até onde o pennlllr.lln OS recursos nacionais, limite para ~Ié:", do qU;l1 cessa a responsabilidade do homem dominado pel3

n:lIurez.... ; 3& A siderurgia. além c.b corrente de :Iqueamenlo. sed upl óptimo consumidor de energi3. e léctrica para força mona (L'llvez 50 milhões, incluída a folha de Flandres), que pode~ pagor :l tatUtI normal adequada <\ 5ua potencia e utili7.3~o _ tarifa que n:lo sen1 muito alta mns que sempre melhoror.1 a perspec· tlva pouco animadora do fornecimento aos fomos.

A panir da .solução preferida (elecuosiderurgia e carv:lo de m:lCleir3 com ntinérios nadon:tis) se desdobram agora as restantes hipóteses. Se em tempo nonnal o Cílrv!lO de madeira para redução ficar sensivelmente mais caro que o camo de coque (o que depende sobretudo do preço da lenha e da Ir.IloriZ3ção dos sub-prodUlOS) poderil recorrer-se ao coque como solução permanente, ficando o carv50 de m:ldeit3 como soluç:lo de recurso. Se OS rnin~rios nacionais não permitirem constnuir um leilO de f'OSlo ufidenlememe rico paro uma explOf3;~O económica, recorrer·se-~ nonnalmenle 30 lote CQJn minérios e."\U3ngei· tOS ; e se algum:s vez houver dificuldade em os comprar, temos recursos OOSL'lnle5 para e<mlinuannos :I exploroç:1.o, embora cm condiçOes nl3is dificeis. Em quaisquer hipóteses haver! sempre ferro e sem n<."Cessi dade de lhe aumental o preço oficial 4()()%' - como nos vem aconte.cendo M meia dúzia de anos. .


Unha de Rumo, Natas de Economia Pof'rUguesd, \1'01. 1, Cop. lll

/83

Mas se a metalurgia elcctrotémlica n~o for viável, nem por Isso :I Indústria deve~ ser abandonada; iremos para a metalurgia clássica pelo carvão com fornos altos ou rotativas, tentando. se não no todo ao menos em parte, o t:aMO vegetal; e se a diferença de preço dos dois carvões resuh3.r muito grande, aliíremos na primeira das lrês soluções Indicadas no principio desta alínea, que por ordem de mérito se dassi· flC<l em última, n:lo por descabídos rece ios de drenar o OlUO, frase que se tomou um insupo~vel lugar-comum, ma:,; pelas contingências do abastecimento, que nos mamemos roUcos nem :I muÍm boa vontade dos países amigos consegue suprir, como se tem visto. Oc,!Utl db: põe

$I

mdQ que eu le aJudareI. Estudo!' com bt,Ja vonlade

Iodas ~slas hlpôte-wS é pôr a mão) @ m Qualquer delas qu@escolhamos Oeu~ 00$

;ajudutá.

Desbravar estes problemas (ou outros parecidos) para nos lançar· mos :\ obra logo que lenhamos va lores seguros. é aquilo a que eu

chamo criar riqueza. Mas aceito que OUI.ro dêem o mesmo nome a COisas diferentes: 3 homonimia é uma insuficiência de tooa.s as Iingu3s. Como lemos que fazer alguma coisa - e não fazer é conlinuar na posi~o que o capítulo I ilustro - p-.uece rnzo!\veJ dar preferência aO que for mais útil. ao que locar de perto as nccessídades mais inadiáveis. E o ferro é uma delas. d) Técnica. Este é o quarto ponto a que quero referir-me neste muito superficial da posição do problema do ferro. Hfi 20 ou 30 anos. :1 utiJila(::\o dos minérios portugueses sena quase impossível; a sua excessiva acidez colocava--os for.l dos produtos reconhecidos como tratáveis. Mas a técnica progrediu, as necessidades fOf'3m sendo maiores. e nos últimos anOS antes desta guerra não ér.J", raros os casos de aproveitamento de minérios iguais aos nossos, e atê piores, Dai a minha esperança de uma solução favor.ivel. Mas JX>rque se ~[3va de um CISO que n30 era. corrente (via elecl1'Cr l~rmJca com minérios pobres) e porque era uma obra reputada muito Rrande na pequenez das nossas medidas, resolvi em 1941 , depois de reunidos 05 elementos de infom13~-ao (eslatísliC3S, anãUses~ etc.), conSUltar três especi31i.scas éStr'Jngeiros. desligados quanto possível de inleresses comerci~i5 : um francês, um none·ameriC<lnO e um sueco. Aproveitei ainda dois engenheiros pol:acos, refugiados em l..isboa, que tendo lrabalhado em siderurgia vieram oferecer os seus serviços e apre· senLaf'3m o relatório em comum, N~o cheguei a receber o rel:u6rio sueco; os restantes lrês, porém, n:lo põem qu.lquer objecção de principio à solução e1ecttosiderúrgica, oficialmente apresentada como preferivel ao encomendarem·se os tsludos. Mas o problem.'\, se precisa começar com relatórios, nào pode acabar por eles; é necess.1.rio o complemenlO da expericncia directa. es~:o


J. N. f<rrei",D/aSJr·

/84

Quando se dispõe de certo peso de lingotes de aço macio e se tem um programa de laminagem. é fácil a um técnico projectar os lamina· dores e fixar-lhes as condições de exploração. Por outro lado, se se di.Y põe de certa quantidade de gusa de composição conhecida, ainda é fácil projectar uma instlllaçlO de conversão ou afLflagem para a uansform:u em aço: mas o conhecer a análise química de um minério não dj gar.mtias qU.<Into ao seu comportamento no fomo nem quanto :\ condu-

ç:l<? mais conveniente para ~e. É preciso ens:liar. Daí resulta a incerteza que ainda existe quanto à soluç.1.o siderúrgica portuguesa. É necessário que se monte um fomo eléctricO de dimensões industriais, de um dos tipos adequados :\ mct3Jurgia do ferro, e que durante alguns meses se ensaie sistematicamente ludo quanto possa conduzir ao funcionamento óptimo. RiqucZ3 do leito de fusão. enriquecimento dos minérios, acidez. da escória. granulometril,

aglomeraÇão dos finos, consumo de carvào, COnsumo de energia, CO"'-

posição da gusa. produçjo e composição dos g...ses, correcção do teor de fósforo, correcção do teor de enxofre - são variáveis a considerar em busca da soluç-Jo melhor. E de a solu~o relativamente melhor ser em absoluto boa ou nú lú-de resultar em definitivo .. noção que se dever.i ter do problema em discussão. Tudo que Sé disser antes diSSO será palpite - ou quase. Está dada licença à Companhia Portuguesa de Siderurgia para <1 fabrica~o de folha de Flandres e chapas finas a partir de sucataS; é um programa que pode sem díficulcbde atingir ou exceder 30 000 toneladas anU3ls - volume que se reputa suficiente para justifiC3r uma unidade fabriJ COm esta produção especializada. A dúvida est:i em que li produ~ o nadooal de su<.:ata chegue para tanto: mas não parece impro~ve1 que aJguma se possa importar. se for precisa , CQmO faziam certO países <lotes d:1 guerra, sobretudo a Itália. Circunstândas lament4veis. e que n:1o repUlo a bem da NaçiJo. têll1 impedido a companhia de comprar os terrenos e comcç'JI ílS construções. E se tal (a(.'to me penaliza, oonsider.ada isoladamente a produif.l.O da rolhõl de fl:mdres, mais o sinto aind.1 quando penso que esta unidade deverá ser o mícleo da fmurn siderurgia, de que el;] constitui uma pane 3 integrar no todo com wntagem econ6mica evidente; aconselhei mesmo que o projecto fosse feito tendo em cont:. a futura ampliaç;lO, para evi13r m;Jis tarde de5pes::ls inóteis ou remendos defeituosos ll5• Já alguém 3pontOU como coisa gmve que 3. abund,jincia de suca t2 de feno na Europa depois da guerra pode vir perturoor a nossl p301U1 indústria de folha: mas :l pane:l d6vida sobre se isso será um bem ou um mal, tt3nquili13~ me o pensar que 3S necessid:ldes serno e nornles e • A f.lbrk:a('kl de lubo:I;, 11 que: tambtm :Se rç(\.'11: o QI.I..dro XX1v ('()mO ~rte d;I. rf\et<t!urgi:õl do ferro. eMli coocedKb :l C'mprc:$3 A. J. Olh'elr:a ..t FilhQf. de: S. Jo:'o dJ ~bddD

(JXdrio do Gor«na, II ~. de 2.4.9. (943).


, lJ1Iba de /lu"",. _

de fa,"om" "'rrug ...., VoI. I, Cop. J/J

185

que o excesso de sucata será lrolnsit6rio, Só me inleres53;.m os fenóme·

nos permanemes. Se houvesse electricidade para o fomo de experiências que acabo de referir. cuja potência presumo não deve ser inferior a 6 000 kW, ele deveria ser montado junto <fu f!\brica de folha para que 3 gusa resullante das experiências constituísse cargá líquida do fomo Martin a COnlpletar com sucata - arranjo vantajoso para a empresa, que assim obtinha maior porção de matéria-prima, e pám o Estado (3 quem competem as experiências) que encontraria comprador imediato para uma

pane dos produtos obtidos; a mesma vantagem poderi .. resu ltar da utilização dos gases. A localização óptima para o conjunto parece estar na região do Porto, por ser a que conduz ao mínimo momento de [raospones para a totalidade da siderurgia. MaS:l falta, por alguns anos, de polênda eléctrica disponível, leva a COnsidera r a hipótese de ensl'tios a fazer nO CSlr.mgeifÓ. não o ensaio de uns caixotes de minêrio mas uma ex-perimentaço1o sislenú:tica em larga escala. com muitas toneladas dos nossos minérios. dnzas de pirite e C!rvões vegetais. Seria um expedieme para vencer o ponto morto em que, tr.Inquilamente, deixamos correr o tempo.

Fazer ferro é UIll3 condi,",o de independência; e cuidar desta é O primeiro dever do Estado perante :I Nação. No meio d3 descrença com que é olhada :I ideia de extrair ferro do subsolo português, deu·me alguma satisfação registar que a Associação Industrial Portuguesa, na exposiç:1o que atrás citei (nO 20), apontou COmo um dos tópicos do plano de fomemo o estabelecimento da ind(lstria siderúrgiQ. Antes da guerra, 16 países da Europa produzlam ferro~ alguns em quantid.'ldes n30 muito superior :ls que podemos preVer entre nós. Porque havemos de exclui r a hipótese de o fabricarmos laJnbêm, sobrcmdo se tivennos o cuidado de não deixar dispersar ess.1 fabri~ç;lO e de nos rodearmos previamente de todos os elementos de infonnação?" A metalurgia do ferro teria ainda no nosso Pais um papel indirecto . muito conslder:'i:vel: desenvolver e aperfeiçoor a indústria metalcrmecânica, bem necessitada de um tónico poderoso. Uma ligeira nota juslificacl porquê. Começou recentemente a anunciar-se em Lisboa 3 produ~o de aço de cal'3crcrísticas fisico-químicas garantidas. Tenho lido centenas de anúncios de casas metalúrgicas europeias em revistas dos respeçtivos países e não me lembrQ de le.r encontrado afim13çào equivalente; li: a raz:lo é a me5mn que leva. por exemplo. os hOfé.is da Suíça. pnrn me .servir de um expressâo que jâ au·~.s empreguei, a n:lo anunciarem a lu z eléctrica e 3 casa de banho; ti Js. dqx>b de conduklo t:$tt: C-IptlUIQ 1I,."to que O Chllc:: \':11 amplbr:l ~ Aldcrurgb P'u.I produ;dr 180 000 looeb<b, ::.nu:ll$ - }omtd do 0Jmbt."Io. <k 23.8. 1~~.


J. N. Fem?/ra {);(Js]r.

186

entende·se que mu ita luz. eléctrica e multas casas de banho são atributO imprescindh'el de um hotel. Em Ponuga!. peJo menos até há pouco ('e mpo, v:irias casas fundial11 que eu S<lioo - garantia <1 sua composição; dar 3 novidade do anúncio. E sem dizer mais nada, julgo que :ué os leigos terão fonnado o seu juízo do que é hoje a indústria do ferro nestll suave tem lusltan:l. aço mas nenhuITlJ -

.

31-0COBRE

Há bons 30 anos ainda o vulgo chamava minas de cobre às minaS de pirite do Alentejo (São Domingos, Aljustrel, Lousa!, Caveira, etC.)i hOje é menos vulgar e5ta denominaçâo. O nome deve ter resuhado da lt'3clição centenária (nlesmo miJen:1~ ria) de se extrair cobre naquel3s regiões; e ainda em 1925.se reputava

possível satisfazer com a produçlo metropolilana (se fosse tratada numa oficina metalúrgica ponuguesa em vez de ser exportada em bruto, como então era) 70% da nossa imporuçào deste metal Zlt• Mas, na realidade,

3S

n0SS3S principais minas alenlejanas não 5:\0

hoje fundamentalmente de cobre, são minas de pirites de ferro cupriferas em que. p3Mada a lon:t de enriquedmenro. o cobre se apresenL:l com fracos teores (gerJlmente abaixo de 0/; %) e em que a exploraçãO

de&e meta] tem carácter acessório: o principal valor das pirites está nO enxofre e no resíduo ferT05O. Um conjumo de circunstâncias impede que se tenha hoje opini:lO Uo opti.ml.sW sobre o nosso abastecimento de cobre como aquela que se formulou ~ 20 .1005. Naquela data a produção nacional de cernen· tos cúpricos nas minas de pirite andava por 1800 lonelad:.ls anuais que, 30 teor médio de 70%. equivaliam ~ 1260 toneladas de cobre. De então pa,rJ cl a produçâo tem diminuTdo progressivamente; nos óltimos anos antes d3 guerra (1935-1939) essa p roduç:1o andou entre 300 e 500 tone· ladas, equivalentes aproximadameme a 200 ou 300 toneladas de menl1. Tem duas origens esta redução; por um lado, o teor de cobre dos min~ extrn.ídos tem baixado; por outro, muitas pirites têm .seguidO paro. a c.xponaçào sem ~rem lavadas, isto é. sem .se lhes Urar O cobre, cenamente porque às empresas mineiras se apresenta mais rendoso OU mais <"'Ómodo receber a maior valia da pirite vendida com O cobre do que fazer a sua extracç:lo para o enltegar:l indústria nacio031. )ulgo que a obrigatoriedade dessa éXlr.lC~o é 3.&;un10 que merecê o estudo das entidade oficiais; mas 3 questlo tem hoje certa dificu ldade porque se esgotaram os terreiros de algumas minas antes d~ guerra e n:lo se recompuseram durante e5(:J por falta de dinheiro (caso citado no nll 2,)· Outra Clusa que reduz a posição relativa d.1 produç'Jo ponugue~ de cobre ê o aumento de consumo. O quadro da página seguinte <:001111 Eng Lul!l dr: C:wro (' Sob. POrqu. ""ponamos cobre!, U.sboôI. 1925, p . )9.


UIIba de Rumo. NoIa< de Econcmkll'tlrll/8'U!SQ, 1'01. /, cap. III

para

3

/87

imponação média do cobre em bruto e obra simples no quin·

Quénia que antecedeu a estimath'a de 1925 e no que antecedeu a (Qu3dro XXVIII).

gu.""

Nestes números não escilo incluídos OS condutores eléctricos isola-

dos (anigas 1010 alO'I2-A da pauta actuaD, panl. os quais n:lo é possí· vel 5e(XIrar O peso do metal condutor (quase exclusivamente o cobre)

dos revesdmemos isolantes e protectores: dest'es condutores importaram-se anualmente 1960 toneladas no periodo 1935-39. QUADRO XXVIII IMPORTAÇÃO DE COBRE EM POR11lGAL

".

1922

IrnpUrUeÇllo;rnu~l

Anlgotb.p:6ut.:11

1921

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1929

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379

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CilindJ("'!J~.!" e$Umparb W1lY.ldo!l

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675 860 1!73

Cillndfo,.. p:l1'1 C5t1mpõui;a MO gravado!<; ContnteJec.-ahcJe,19 Tomdr.as e vtlvulas atê 2 k1'

875 075

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10 123 16

f.,'Jo e:spcdflcado

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630 117 2640

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2\l9 16

que o quadro anterior regisGl, resulta do

P'oIÍ5;

mas

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números vão subir ainda, logo

que a vida intemaoorul se nonnali:r.e. O programa de cleariflcação ~., 3"""".do; a insulaç:lo nos 61Umos .nos de duas lóbrk.s de condutores dêctriCOCi isolados. antes da guerra (OGllmenle de impona~o; o presumível alargamento da rabrfcaç.1o de m.1quinas eléctricas e aparelhagem, que aos poderes públicos cumpre acarinhõlr - tudo Isto faz prever que a necessidade de cobre se ::Iproxime, dentro de poucos anos, das 6000

tonelada<. ~ Como o llrtIg:o 860 sbDoge COI'l~tc5 c nboet; mcrtlkos COtU t'ltchJ.sJ() ~ dc- fc-:rm te aço, p'~lllne-Sl" que s qlU..'M! 1000lkbde do.5CU mQ\'ln~m:o!K"f;l (On,~litukb pelext n~ di! ~ nus. No ~ 1920-2" nlo abala aq~ls exdus5o, pelo q~ nlIo E: kgttimo COnltlr :l 100illkladc (UntO cabc:MI de: cobre. que cb'~ m ter IkIo ndSlil fpoca ptqUÇoo wn·

"mo.


188

j.N, FenoImDtasJ',

Esle número mostrn a insuficiência da produção portuguesa , ainda

que se voltasse is 1800 (oneladas de cememos de há 20 anos; daí a necessidade de novas fomes. já previstas na licença para a indústria da metaJurgia do cobre lO e no relatório da lei de reorganização industrial: como primeira, minérios colonial.s. j:i usados COm êxitO na metrópOle durante esta guerra, embora na modeSla quantidade de umas centenas de toneladas, e cuja pesquisa está em curso em Angola .t l ; como segunda. minéri05 ou males ewangeiros. cuja aquisição certamente nio· guém nos recusar.i. • .$J,bido que O ::r.ce$SO às matêrias--primas ê urna das teclas dominantes da liberdade é(.'OnÓmica que se apregoa no mundo.

Me,mo na meuópole. O problema da produção de <'Obre não pode limitar~se fi rever 3 pr<XIuçdo de cemenlOS n:lS minas de pirite; há que fazer 3 revisão das conces.sOes de minas de cobre (rodas paralisadas) e que proceder a reconhecimentos pelo Fomento Mineiro logo que abrandem os Lrabalhos actuais de pesquisa do ferro. Da oportunklade de incluir nas indústrias-base a met.'durgia do cobte c de ler concedido em 1943 a respectiva licença falam os números que apontados; e fala igualmeme a incapaci<lade em que nos vimos. nos anos que acabam de passar, de reduzir a fio ou a barra o cobre que conseguimos produzir. Parte aproveitou-se em sulfato: OUtra parte foi trefilar a Espanha; e com esta ida e volta a acrescentar- ao preço Inicial, p. elevado, veio 3 c:u.star entre duas e três vezes o preço do cobre trazido da América com fretes e .seguros de guerra. 1.$ improvisações são sempre assim. N:;lo ler- indúscrias é ls vezes um luxo alroj os ponugueses talvez perceb3m que é assim, mas perdoam o preço que lhes custa pelo pra· zer que parece wr-Ihes - prazer de fidalgo que não aceica ocufY.IçOes de mesteiral. Atidos à grandeza épi~ do braço às amuJS leito e cl3 mente às musas dada, I.emos o aI de quem sacode com afeçtaç;lo :a poeira do falO e não desce ;l chateza da prosa de cada d.i..íl. Mas O mesteiral, o que vive na poeit"'ol e na prosa , cambém tem as suas compensações; quando o fidalgo ~ as suas festas, aquele tem :I consciência de que a ele se deve o adorno da C.'Isa. Um exemplo muito modesto. Inaugurou-se h!i um anQ O Estádio NadOrull em seu ambiente de impressionante grandeza - dia festiVO para o De$pono e parJ: a Escética: nus :1 montagem do som só foi tOrnada possível porque as duas pequenas fábricas a que se fez referffida algumas linhas auis, insuladas entre nós havia pou<.:o, lhe fabricaram de urgência os condumres necessários - alguns milhares de metrOS· Sem elas. a lnauguração do Eslãdio n;lo Icria podido fazer-se . É nalurnl que algumas pessoas se sentissem felizes - quase vaidosas - por este facto; mas se a vaidade era e ·tuha porque o mérilO fot'll pequeno, dava-lhe cena inocência o ser toda interior, toda fcUa de

rteam

jO Dlttrlodo GotWHQ.11 Sbie, dr: 2Ul l9>4,. J I DidrlodtJGon>n1O, II Sk k, dt- 12.2. I94S.


lbúJo de RI..... N<Ias de Economia fut1ug~ Vo!. I, Cap, III

189

silêncio e humildade, nascida de um serviço de que nem suspeil<lvam OS 60 000 espectadores. Três anos maiS cedo a indústria nacional n.io responderi4l à chamada. Quando compreenderão os portugueses que nem SÓ o que luz é ouro?

32 - OSAZOTAOOS Num pais que é principalmente agrícola e que o apregoa lodos os

dias, a falta de uma indústria de adubos mo completa qu:mto posslvel sempre me pareceu defeito a p<..-dir renexão.

Dos uês elernemos fenilizantes - o fósforo. o potássio e o

a1;<XO -

a posse dos dois primeiros nào depende da vomade dos homens. porque a natureza os concentrou aqui e além marcando com eles uma manch<l de riqueza. O fósforo (sob a fonna de fosfatos de cálcio) coçon·

Ira-se principalmente na África do None (Marrocos, Argélia, Tunísia e Egipto), n3 América do Nane (emados da Fl6rida, Tennes.see. ldaho e Mamana) e em algumas ilhas da Oceânia: o potássio (clore1os e su lfatos de pocóissio) na América do Norte (Califórnia e Novo México), na França. AlclT13nha, Polónia, Espanha e Rússia; am~ constituem dominios fechados e restritOS na rrulo dos Seus limitados possuidores. Parn o fósforo parece não podennos sair desUl silua~o , dado que pequenas ocorrencias de fosforile aparecidas no Alto Alentejo e Beira Baixa não têm possibílidades Industriais, em vista do baixo preço dos minêrios africanos e das grclndes quantidades necessárias para lima expJora~o de algum valor nacional. Mas isto não impede que entre nós se lenha instalado e prosperado 3. indústria do superfosfato (transfonnaçào do fosfato insolúvel em fosfato assimilãveO como, ali:.'is, em quase todos os paiscs do mundo. A indústria do ferro pode trazer ao problema do fósforo uma ligeira COntribuiç1o; <bda a natureza fosforosa do minério de Moncorvo e considerado O leito de fusão como atrás se apontou (nll 30), pode conI3r-$e COm cerca de 10 000 toneladas de escóri.as nl0nlas a 16% de PJ: O)' dispOníveis anualmente para venda . Pelo que se refere ao ,xxássio, as sond3gens iníciaoos há pouco mais de um ano na orla mesozóica ocidenla l (Leio:" Caldas da Rainha)"'. se {,-"onfinnaram as previsões da prospecção sísmica que acusava largas ban· C3das salinas, trOUxeram·nos uma desilusão, porque as bancAdas solo de SÓ(lio e n:to de pol:1ssio. Se os lr.tbalhos posteriores rüo mostrarem que a POSiç-lo se inverte em qualquer O\llra zona, resw.·nos, como problema :. estudar, a rccupernç:\o do potãs."'io das !iguas--rn;1es das marinhas, <bda a nos..sa posiÇ"ao de país salinelro. Como um litro de .1gua do mar contém cerca de meio grama de clorelo de potássio e 30 gramas de cloreto de .~io. :\ produç.lo mí-dia de 240 Oóo toneladas de s-11 comum corrcspon· .u Dújrlopdo Got~ II Stric:. de 17. 11 .1943.


190

deci, leork'3mente. 3 de 4 000 toneladas de cloretO de potássio; mas a viabilidade dest';l recuperaç:1o impõe como condição necessária - é: cedo para se saber se secl. suficiente - Q combate 30 inconcebível empirismo com que se faz a pnxh,ção do sal.lt. Há até cena nOla de pitoresco em se consider3r est.1 produç;lo como nctivid.1de ~gricoJa . ParJ o azoto O problem;& linhíl O mesmo aspeao quando os únicos reculWS (além das fontes orgânicas) emm o nilr.110 de sódio do Chile e a recuperaç10 do amoníaco nos fomos de coqUe! dos países carvoeiros; mas desde o CO!TleÇO deste século e . sobretudo. depois da guerra de 1914-18. a fixação do 31.or.O aunosférico abriu o CJminho aos produtos sintéticos :I panir de uma matéria-prima 30 alcance de Ioda :1 genll!. A indústria dos azotados não podia portàntO faltar no quadro das indÚSlrias--base. Além de interessar :l lavoura , :1 fixação do 31.010 é elemento dl defesa naoonalj e sem ler pensamentos nl:lTCiais, p.-ucce legítimo pensáf que quando.5e possui o petreehal bélico que Ponugal adquiriu nos últimos anos, se devem ter todos os meios de o fazer funcíonar em pleno rendimento. Um desses meios é a fubriC'dçàO de produtos azotados em escala 5ufictentememe larga - base (Ia preparaç:l.o de explosivos. Para justificar o caminho que se seguiu ao promover em Portugal ;I monugem da IndÚSlriôl do azoto, interessa dAr ideia do que er.w ;t importação dos adubos azotados ames da 8ue~ actual. É O que se faz no quadro seguinte. QUADRO XXIX IMPORTAÇÃO OE PROOIIfQS AZOTADOS I!M POR11JGAl TOOt'Iad:ü Ar<>

SUU-;!IO ~ amOnlO

Nilt;1IO!1

AtI. 3S.f

23,,')6.2J8 14

AI1. 234-

1928 1929 1930 1931 1932 1933 19"

1935 1936 1937 1938 19.19

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»ProC. CIurlef t.q,tan, .... I,Jd,ÍJIri/I doSnllmlltNtl'8l'1, ed. ~ UnivmKbdc Tb;nka

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u.ox... 1936. )4

Arues de' 1930 ~ dan;lInitb

n;k)

t[nau n:peállcaçlo ~ paUUI.


Unha de Rumo. NcI<ls de _wmilll\>n,'8'U!!lJ, 1'c1. I, Cap. 11/

191

Uma pequena párte de.st:es nJu'3tos é matêria-prim.a de indúsrrias químiC':ls (p6lvoras)j em compensação. não é possível incluir no quadro os adubos compostos contendo .IZotO, por n:lo terem espec:ifi",ç:1.o paUlal.

Verifica-se por estes números a grande preferênd3 do nosso agricultor pelo su1fam de amónio e o ritmo crescente do .seu consumo; embor::l COm menor regularidade nola-se .. mesma tendênda nos restantes. Tendo em conta estes valores e .. indlspensl\vel folga para O

aumento de alguns anos, concederam-se qu:uro licenças pam a fabricaÇolo de adubos azotados: três p:ua sulfato de am6nio n , par.. a t."3pacidade total mínim.1 de 90 000 [oneladas anuais e oúxillla de 110 000 (campa nha de 7 ::I 8 meses) e uma para cian3l1lida Ji, pll,ra a capacidade anual mínjma de 8 000 lOnelad::ts no mesmo período de trabalho. O caso dos niU310S n.-lo está express.,mente tr3t.1do por se ler entendido que as f.\bricas de sulfa[O de amónio, dispondo da aparelhagem de

base (síntese do amoníaco), poderão posteriormente, caso lenham interesse, requerer o complemento das suas unidades com iMalaçôcs de oxidação de amoníaco, par.! prepararem o ácido nítrico e os nitraros. O mesmo problema se apresenta para OS adubos com~'tos, com 3ZOIO sob as formas amoniacal e nílrica (tipo "lIram6"lo. "ilrochalk, etc.) ou compreendendo QUItOS elementos fertilizantes (tipo lIilrophoska, "lpIx>. ltalium, Jeu1lapbos, etc.). A soluç3o dada a csce problema levantou algumas objecções que Vou rapidamente passou em revista. 3) Ca/Xlcidade das fábricas. Comentou-se o númerO" de licenças pan sulfato de am6niO pela possibilidade de que: Um3 só f3brica conseguisse preço de CUSIO mals baixo. O argumento é de admitir mas não pode ser levado ao exagero; por esse caminho leríamos cm Ponugal uma só fãbrica de cada artigo e daríamos sobrada razão aos que combatem o monopólío. Como j!i foi dito (n(l 22), o que inte.ressa é atingir o limite de capacidade que permite a laboração eficiente e par-d além do qunl o preço de CUS{'O n~o varia em termos sensíveis; dessa maneira se adquire a ceneza de eslar dentro da zona de viabilidade. O exclusivo SÓ se justifica quando necesstirio para se atingir lalzonaj fOI1l disso ninguém o aceita - nem eu. É sempre um pouco teórico calcular ln abstraclO 3 C3pacidade Illlnima; o problema parece poder re..'IOIver-se pratico.unent!!: pela oQserva,lo das cap.1ddades cb..'ii f:'ibricas similares que trnbaJltam pelo mundo, Oe uma publicação da casa Casale feita alguns meses antes de rebentar ;l guerra Jt, verifica-se que nessa dala existiam 31 fábricas, "DldrlodoCol~1O, II sme, de 11.8. 19-11 ~ 1?6. 1942.

Jo$()í(triodo~1Õ, II Sb'ic. de 22.1 l. l!M3 CapacitA dt!glllmpkmlf dlllntMt)nÚICQ slntitka prv<ett) Casale III ~ ()d iII ~bto, 1938.

J7

r!OUn,m,1f!,


192

J.N. Ftm!iro[)I(JsJr.

repartidas por 12 países, fazendo a s{ntese do amoníaco segundo a patente d~ casa, lalvez 3 de maior expansão; e que era possível cl3s-

sificá-las. de acordo com a sua capacidade de produção de amoníaco em 24 horas. da maneira seguinte: Até 24 toneladas ....................................._., .... ,•....,.... . 13f:ibric:tS

Enu-e 30 e 64 lonelams ............................................. , Mais de 80 (oneladas ...............•.....•....•.

9 9

Das três licenças concedidas em POT1ugal. a. fábrica m;tior deverá ler UrTl3 C3pacidade de )O lOneladas de amoniaco por dia e as duas mais pequenas de 30 cada umai pa,rece esunnos dentro de uma média J"3Zoável. tanto mais que se trata de montagem inicial, 3 ampliar, possívelmente, dentro de aJguns anos. Por outro lado, tendo-se encaJ"3do a produção electrOUtica do hidragênio, verificou-se ser necessário dispor de cerca de 330 milhões de kWh para 3 produção das 90 000 toneladas de sulfato; e d3da a impo~ sibilidade de gerar num SÓ local esta quantidade de energia temporária. dado ainda o incon....enienl'e de sobrecarregar (.'Om transponcs longos a energia de uso electroquímico, pareceu indispensável dividir a indústria em Ires unidades para nos adaptarmos as coisas re-.. is. b ) Processo de fixaçdo do azoto. A síntese do amoniaco. quaJquer

se adopte <eas..lc, Claude, HOI.b er, N,E.C., elc.) conduz pr:ujcamenle aos mesmos resulmdos, porque os sistemaS apenas diferem em pom\enores. Levanta-se porém a dúvioo " sobre se à síntese do amoníaco não é preferivd o processo do arco eléctrico, também chamado processo norueguês, que consiste na combinação ditecl!l do azoto com o oxigénio. O siste.ma tem de atraente o contentar-se com instalaçõcs mais barouas que :'IS do amon(aco Sintético, mas tem a limitação de só pcnnitir a fabricaç.l.o de nitr.. tQS. O amoníaco. pelo COntrário, d~ indistinumente os nilr.uos ou o sulfuto; e embora no primeiro caso haja que lhe queimar o hidrogénio - o elememo que foi mais difícil de obter - e se: a1ribua a 1al oper:1~O uma nOlável falta de lógica , a verdade é que o reparo é puramente senlimenLaL H1i porém contra o processo norueguês um argumento que nOS obriga a pô-Io de pane aO primeiro Cx:lme: o excessivo consumo de energia. Enquanlo a síntese do 3moníaco, com hidrogénio ek"CtrOliliC:o. consome C.Crc:'I de 15 kWh por quUogramõl de 3.lOtO riXado (medidos em corrente conljnU:l lTl!lS compreendendo todos os serviços auxiliares), o processo do arco eléctrico consome perto de 60. E se já é pre· ciso certo feito para conseguir energia temporária :I preço da ordem de que seja a patente que

)II;

2iOl<>-.

Eng YCf8lllo ~ Sou.a, ·AJsUnI u~ do prQbk.-nu iOOWllrbl dç flnç-lo dO ln /Jokf/m da Orrlem doth~~J;u'Ciro, 1942.


Unbo li< Rumo. i'IoIas li< f.amomio Portuguesa, Vai. I, Cup. /II

193

5 a 6 centavos por kWh p3f"'d o amoníaco Sintético, se j:1 3lrns classifiquei como perspectiva pouco ómimadora 3 de vender o kWh perma~ nente para a side.rurgia a 4 ou 5 centavos, é f~dl de imaginar a impossibilidade de. o obter, mesmo de energia sobrante.• entre 1 e 2 cemavos - o rlÚx!mO a que poderá pagá-lo o processo do :J.fCQ. se agora supusermos que do azoto contido nas previstas 90 000 toneladas de sulfato, se consegu ia transferir metade para a forma de

nitrato pela propaganda deste adubo. corno se preconiza no anigo citado. e se fabricava esse nitrato pelo processo do arco, o consumo total de energia passaria de 330 para 800 milhões em alta tensão - o que jã é muito de considerar no valor do~ nossos recursoS. E Sé encararmos a quest;lO sob o aspecto do capital investido. concluiremos que se gasta no equipamento de centrais eléctricas para a pro-dução do excesso de energia consumida, mais do que se poupou na montagem das fábricas. O processo norueguês só interessa quando se têm quedas de :igua com caracteristicas que nós não temos ou exçessos de produção de energia que n:lo sei se alguma vez d\egaremos a ter. É certo que o processo do arco eléctrico, tendo um rendimento energético da ordem de 3%, é susceptível, seguramente, de largo aperreiÇoamentoi mas como há muitos anos se aguarda esse aperfeiçoamenlO e n30 podemos ficar à espera da Ohima moda - vIdo que é responsável de p'Jnc do nos;o 3[í.i5O - julgo ler dado ao problema a únja solução práliCl. E ainda n:lo estou arrependido: quando houver uma técnica melhor, raremos como os outroS: mudaremos ou n<lo de Sistem3, confonne ;l d:1(a parecer conveniente. c) npo de adubo. A predominância dac.:b ao sulfato de am6nio nas licenças concedidas resultou nalurnhnenle da forte preferênci3 do conSumidor. Sabido' que os adubos atot.1.dos não podem substiluir-se uns aos outros, porque uns são ácidos e OUlros básicos. uns lentos c outros rápidos, sabido ainda quc uma correnle comercial, n3scid:.t de uma necessidade verdadeira ou alé de um simples h;1bilO. ":10 é fádl de modificar repe"ti.namenle, não pareceu acertado, ao tomar-se a iniciaUva oficial de resolver o problema dos azotados em fim de 1940)9, contrariar a tendênd3 do mercado. Demais, ema tendência não ~ anonnal POrque o sulfato de amónio tem largo consumo em todos os países. Surge porém um reparo "": 3 fabricaçolo de sulfato contraria o lema de poupar enxofre. porque o seu fabrico impli<.."a quanlioso ga510 de pirites. O rep3ro (cm fundamento, como o tem quanto ao consumo de todos os produtos que não $lo renovJ1veis: mas a que~Jt~o posta em nl1meros õlpresenta-se como segue. Portug;.11 ê um clássico export'3 dor de pirites como são também na Europa 3 F..spanha e ::I Noruega . O quadro seguinte dá ideia dessa t''1x >naç\o.


J. II.

194

QUADRO

_'fi

D/IlS]r.

=

EXPORTAÇÃO DE PIRITE EM PORTUGAL AnO

1930 1931 1932 1933 1934

Quon<kb"" T....."" 357000

v_ eon, >00

B9000

100

202000 286000 <.lOOOO

100 100

>00

IZIIOOO

.1500

~

9SOO 14000 12600 12000 " 11900

;oeooo 17000

1.16000 119000

o me,rcado inlemo consome perto de 100 000 coneladas anuais de pirite, das quais 3/ 4 na fabricação de ácido sulfúrico e 1/ 4 na fabrica· ção de enxofre; o programa do sulfato de amónio, se se produzirem as 90 000 toneladas, 3crescentar1 o consumo de pintes com 50 000 tonelad3s. O consumo tool fICa ainda muito mais pequeno que ~ médill da exportaçoio. Não sâo conhecidas as nossas existências de pirile; sabe-se que .. Javra d:as minas é antiga, que continua a haver pirite :1 vism. mas 0.-10 hã estudO$ p'dra um futuro largo de exploraçlo. A isso se procu rou dar remêdio pelo decre to nO33 650, de 18 de Maio de 1944. que consignou a verba de 2500 contos para a prospec~"ào eléCtrica da zona alentejana das pintes, como .seguimemo de um programa de prospecção magnétia que vinha sendo feito nas minas de ferro desde 194241. 56 depois de conhecida a existência do minério (e há já resultadOS animadores) se pode fL'(ar com segurança 3 política a seguir; mas não pareceu defe~ v('1 ficar com o programa dos :u.otados cm suspenso por uns quanros anos - e mbora o siSlel1U tivçsse tradições. Se as pirites se revelarem abundantes nada havecl que modificar: faz-se o sulfato de amónio e continua·se :I exportação. Esla (mm a van" HOU\'t"n Inlnionnl-ntc- tJlWI OlUr.II lnJcb.tiv:I ~o

~

r..- l1jS2, dr 9. J2.192S),

~ ~o clk.'gOlI1 re5Ull2doJ positivos

En8- ~I ~ Campos. O t!'lqUDdmmmllo~J6,r11ro da /KJIIf,laçdo f#1U g~ aJml.bdosstlrub. Ed. Oddemc:, USboa, 1943. p. Z16. 41 Este ,,-:.Ior mEodkJ, que" ~ :.t ,7SOO J»I' lonebd:a. l: manife'll.ilmcttlt' Infenor:lrnlkladc. -t: OiIJriOOO~dC' 7. 7 . 194Z.


UIIba de Ru.... NciIa< de E""'OmÚl PortIl8'''', Vai. /, Cop. III

195

lagem de ocupar um ou dois milhares de homens, de contribuir CQm Uma ou duas dúzias de milhares de contos pal1l a balança comercial e

Uvrar-nos-ã da acusação de que pe:nurbamos a p37. do mundo impedindo aos nossos clientes de pirite (França, Inglate.rra, Bélgica, Holanda) o acesso :1esta matéria-prima. Se a pirite for pouca, :1 reslriç-lo natural será a da exportaÇolo, que. é a parcela mais volumosa; e se houver interesse em limitar o coru.'Umo

interno (o que não parece provável por ser pequeno) podem desviarse !,Ima parte do amoníaco para o fabriL"O de nllnHOS e adubos compostos. como já foi previsto, ou canalizar para eles os futuros aumentos de produção.

d) Produção do bitlrogétreo. A produção electrolítica do hidrogênio, como foi prevista nas licenças concedidas, ê um:1 solução geralmente reputada mais çar.J; do que :l do gãs de água ou do gtis de fomos de coque, em uso nas re,giôes carboníferas. Mas não se pense que é solu~ ç:lo aba ndonada. 3 que se lançou mito por fantasia; na Espanha, França, Suíça, ltâ.lia. Jugoslávia, encont'('am~se instalações por via electrolítica; a ch.'lve do probleOl.3 reside essendalmente no preço da energia. Est;1. assente que não devemos acelerar o ritmo de extracç:lo dos nossos carvôes, criando-lhes novas aplicaçÕês de grande cOnsumo. Contudo, como alguns ensaios feitos cm casas especialistas mostrntam que a lenrute da Batalh ... I! a que reúne melhores caracteristicas para a 8aseificaç;lo, chegou :ii encarar·se a hipótese de uma Hibrica de amoníaco lunto da mina ; mas apesar de ser uma instalação de pequena capacidade. as ~rvu de lenhite n:1o lhe asseguravam <I marcha por mais de 30 Ou 40 anos; e dai O abandono da solução. O problema apresentou-se então com esta clareza. t necessãrio que fabriquemos ad~bos azocados; das duas formas, tênnic:l ou e lêctrica de fazer hidrogénio. :1 primeira é inaplicável; logo, é forçoso aplicar a segunda. Por outro lado, como acima se diz, o úniCO obstáculo :l soluçt'io eléc:triC3 é o preço do kWh , pois que 00 aspecto técnico elll SÓ têm Vantagens: ê 3 mais simples de todas as instalações e a que dá hidrogénio mais puro. E como o preço de venda da energia depende es.senci3lmente do uSO a que se destina (dai a diversidade de tarifas que faz COnfusão a tanta gente, e daj também ti prodigiosa infih.r:aç:1o da electricidade na vida modema); como. para mais, na produção hidclulio não ~ praticamente tmC".lrgos ftxos por unidade e não h5 portanto limite mínimo de preço. só interessando compamr com o preço de custo o preço médio de venda, o problema, 30 menos em teoria , é perfeiramente solúvel; basta que o preço da energia electroquímica, em vez de Ser consequênci:l de discussõCs inténninas e nem sempre dlgniflantes, seja considerado como premissa imposta pelas condições económicas do País. Encade'J.f estas coisas é um dos aspectos de governar.


J. N. Fem!ira [)iIJs fr· Acrescente-se ainda que o preço a que é preciso chegar - da ordem de 5 a 6 centavos por kWh em aha tensão, para energia de 24 hora dur.mte 7 a 8 meses, tudo reduzido 30 nível de 1938 - se nilo ~ entusiasmo aos distribuidores tambl.-m não ê de alarmar; para fugir da zona do alarme - de que tenho pleno consdênda - é que condenei 3tms o sf.s(ema norueguês. Posteriormenu:, apresentou-se uma nova modaHdade que n:1o é clássica; 3 gaseifica~o da lenha. Apareceram propostas exaltadas de se aban,d onar quanto se tinha dito e feito para se abraçar a nova técnica:

mas recusei-me a consentir na mudança por entender que a aventura.

se foi

essencial para descobrir a Terra Nova. não parece oponuna paro fazer adubos aZOtados. Umilei-me a facilitar os estudos para avaliar o mérilO da nova prepara~o do hidrogénio.

Creio que a possibilidade do uso da madeira vai tomando consistência: se assim for. juJgo que teremos achado a fónnula para completar no Vcr.1o a produção electrolítica de invento ou P.<U3 cobrir" alguma falha de energia. Mas não julgo que deva cons~r·5e: à lenha (:omo fonte prlndpa.1 do

nooso aruorúaco. Primeiro, porque "mito a6vid3s sobre se 0SIa soIuç.Io rl!M eM (tf'ilpo nom'líil ~l'iu'lde w l'HaJtem de ph."('O ."Obre " Qurmô ~lndó. f'I"'Iue ~endq PfPCU!l'!'''' 1'"11\ .,. azatndO'i, p.<!q ~4B a Cdpde in_n~en' da na ~á ngritota do P~~. úm ~ tio ~i\v«!' (IU3nto po581vct

a

essa estabilidade ê completa por via eléctrica, porque o preço da energi>

~

imur.ivel (ou qU2Se), mas fica comprometida gravemente se tem por base o ~ da lenha. Uma falta de carv:lo, uma f.."rise d~ tranSporteS.

afectam os preços das lenhas num ritmo de especulação; ruo é precisO dizer-se, porque todos o sentem ainda. o que tem sido o met'aldo ck

lenh:I nos últimos anos. apesar de lodos os esforços das aUloridades. AcreM.'e que a fabticaç30 de 90 000 lonelaebs de 5utfat'O de amónio

deveria exigir o mínimo de 180 000 londadas de lenha; e emborJ não seja desa.bido pensar em indústrias qu~ tenham a noreS13 como fonle de matéria·prima, julgo despropositado consumir ui volume de madeiras para obter um resultado a que pode cheg.u·se por OUlra via e com maior seguranc.,ooa. 33 - A CELULOSE E O PAPEL

Quem souber que h:l em ponugal peno de 3 milhOes de h"""''''' de floresta, dos QU3ls 40% ~o de pinhal, c verificar a impona~o que se laz de papéis e pasl' de papel acham um deséquilõbrio dificll de explicar. IS10 me levou no encalço da indústria d3 celulose; e do desfia.r pe:t'Sisténle desta OlC2da nascernm uma SOCiedade e uma licença"". Não digo que sejam coisas muito V3liosaS, 1U3S ada um dá o que tem.


Unba de Rumo. NoIas de &.onom/Q I'bttus-. VoI. /, Cap. 1JJ

/97

A propósito de pasta de papel, tento-me a registar aqui algumas linhas que li hã pouco, no dia do centenário de Oliveira Martins". Consultado por Eça de Queirós em 1892 sobre o vaJor de uma p~ priedade que herdara no Alentejo, o então Ministro da Fazenda res-pondia: Se fosse minha, estudaria essa chamec-J. no pomo de vista da cuhura do espano, planta têxtil de primeira ordem para a

fubricaç:lo da massa de papel. É um produto de consumo certo e que a nova pauta permite

fazer no pais. Pelo que imagino das condições prognÓSlicas e climatéricas da regiao, creio que o espano, ou alfa. cultivado em toda a

Andaluzia e em Argel, devia dar-se bem e ooratamente na Cone Condessa. Mas nào basta a cultura; é necessário a indústria química da fabric~ç1o da massa. Teu cunhado Alexandre podia e devia pens;lr

russo.

O autor do anlgo comenta:

19nQro ~ F.ÇõI ge Queirós achou hern a ideia do (omentador mmllntkó dn~ riqUe:lAS nncionái$. ( ... ) Aquela Ideia da alfa , com que Oliveil'á Martin.." queri:\ v<lloti· zar as terras do amJgo, tão querido e admirado, era lambem um

sonho de poe... Estas palavras de um artigo de lalhe Iiler:\rio n:lo envolvem responSólbUi<fud~i mas marcam um sintoma que aflora mals uma vez - e só por isso lhes fa('O referência. A alfa ainda é ho;e uma fonte de éelulose. de boo. qualidade mas

cara; no estado aClu.1 da lécnica julgo que o pinheiro se lhe avanl.ja. def~ndo ncm defendi - mas também n:lo nego nem neguei - a vantagem de cultivar o espano à volta de Beja. Apenas pergunto: porque não havia de tenlar·se em 1892 o fabrico da pasta de papel? Porque se há-de afirmar dogmaticamente que ern romantismo e sonho de

Não

poeta?

fazer pasta de papel é, e era também no século passado, indústria

dos habitantes civiliJ..ados da Terra e não dos de Mane, de que não temos grandes notícias; e se os ponugueses - que vivem na Tem ~o homens é rulo ornngotangos e . sendo homens, se são br:mcos e não pretos, a pasta de papel é uma posstvel actividade dos portugueses. O silogismo I! impecável. Só razôcs técnicas o podem invalidar; mas essas não foram invoc:tdas, .1 R.Qdu M11Jtl.ns, .Idd;&.s dr Olh'dn M:tRlns kemI <k uma propriedade de- Eç:a de Qudrõ$. injonull do Comb'do. ediçio cb oQ"e. de 3O.'4 ,I94S.


196 A sugest30 de Oliveira Manins n:lo chegou certamente a ser esW· dada . Deve ter parecldo nluito trabalhosa, de muita responsabilidadee esUI vida são dois dias. E porque se enraizou esta crença suicida de que todo o esforço é inútil, eSle desconchavo pedante de que lodo o projea:o é f3ntasia. estamos lançados na triste posição que se regista no capítulo I. Lembro que se releiam os seus números, na espemnÇ3 de que OS verdadeiros intelectuais desta terra tomem 11 atitude que eles lhes apontam. . Vohemos à posição presente da pasta de papel. Interessa IanÇ3r OS olhos p3r.t :1 est3tistica; dá-nos nos artigos da paula mais Sllientes. O quadro que segue.. QUADROlOOO

IMPORTAÇÃO DE PAPEL E PASTA DE PAPEL EM PORTUGAL

T_.....

ImportaÇIo 111Mb

de 19JB9

An;go cb

~

,..".

112

907 926 .929 927 c 9Z8

916

-

v.Io<

-

ConI'"

..... de ....1 Clartloe p;ipcl1o

Papel de fumar Papetdejomal Papet_eoo<df"""" ToW

Em desconto destes números, Portugal exportava em média 4000 [oneladas de pasta (eucalipto), de pequeno consumo interno, no v;tlor de 3400 contos. Em face deste quadro, pouco abonalório do desembaraço nacional. a licença mendon:lda adma compreendeu como um conjunto indivisível: Ig.A rabricação de pasta química (celulose) ;I p:mir do pinheiro. OId.ividade unanimemente reputada como renmneradoróli 'lO.A fabricação de papé.ls fin05 de I' qualidade, alê ao limile de 3000 toneladas por ano. actividade de rendimento igualmente indiscutlvel; 3".A fabrk::lç:lo de pa5u mecânica e papel de ;ornai, produlos geralmente baf'3tos e mais difidlmente remuneradores. A reacção contra esca licença roi das mais Qguerridas. As empresas papeleiras (com uma ex~o) r\.~lamaram para o Conselho SuperiOr da lndúsuia e apelaram para o Supremo Tribunal Administrativo do qual. desatendidas. recorret'tlm mais tarde par:l Tribun~11 Pleno onde


UIÚI<l de /II/mo. N«os de 1'."",,,..10 fllnug ...... 1'01. 1. Cop. UI

199

lograram de novo não provimento; e o Grémio da Impref\S3 Diária apresentou seu pfOfeslO no ministl!rio com copiosas ralÕes.

No fundo, os papeleiros pretendiam evitar a entrada cm campo de um novo concorrente com :IS 3000 toneladas de papel de escrila; o Grémio da Imprensa pretendia evitar que uma evemual rutura prQ(cc· ~o ~ nova indústria lhe cercea;sse :\ regalia actual de impomr papel quase sem direhos e sem adicionais (artigo 927 da paula): mas as reclama(.OCs baseavam-se em outros argumentos. mals Ou menos

",bUO<:ldos. O Quadro XXXI e

;1

circunsHlncia de tennos abundante matêria-

prima parece justificarem sunclememcnlc o Interesse nacional de mudar o rumo das coisas, mesmo :l custa de quaJquer pequeno saco·

neio em m:uéria 0410 vital. Ainda que o executar do programa imposto à nOva empresa possa vir a altct"'.lr a taxa do artigo 927 (e )0\ atrás indiquei - nO 24 - como penso deve ser moderado esse recurso). possa acamr com o lucro de alguns intermediários ou possa InfluenCiar desravoravelmente a tranquilidade financeira dos actuais fabricantes de papel. n:lo vejo que haja nisto motivo suficiente para mud.1r de caminho. N:lo conheço nam de bom que n:lo tenha uma faceta adversa. pelo que reputo legítimo que se m;mifestc:m os direitos ofendidos por ela: mas quando se olh3 bem de freme, se reconhece que o actO considerado lesivo (em maior envergadura que a lesão presumível, quer dizer, é um ract,o prim;irio em freme de interesses de segunda ordem. ou Sê medita em que essa les:lo pode n:lo ser de direllos mas apenas de uma ailuaÇ"ao a8f3d1vel que a march.1 da vida não tenha obrigaç.1.o de res(>eh'3r, nOla-se a vantagem de ser prudenle na defeS3 para n:lo se cair na posiçào desgr-..ciosa de exage.1"3f. O empreendimento desta nova indústria está hoje em ponlo morto, o que parece não preocupar ninguém . embora eu julgue estar em perigo uma parcela d:I tal rique7.a que todos acham 61'1:1010 desenvolVer: mas. apesar disso, passados j anos sobre a data da licença, contlnoo satlsfeilo com o que nz to! reperi 10 hoje. Algumas palavras vão explicar porquê. a) Matéria-prima. A primeira dúvida séria que o problem3 chi celulose levana Ce que eu natumlmentC' comecei por ter) é o da qualidade d:. matéria-prima; habituados OS mercados e a técnica às Obras dos pinheiros nórdicos (género Pfa!t'), é natural que se duvide da :tptidão do pinheiro marítimo (Pi",tS pltlasfeT). Mas o conhec.inlenlo de que ~e j~ passou 30 uso corrcOIe n:1 Esplnha , na Fran", e n3 Améria do Nane. dando P3S(.'lS de qualidade norma.l; que os ensaios de laboratório. feitos ~bre os nossos próprios pinheiros. em Ponugnl c na Suíçd (mais t:lrde confirmados na Ingl:llcrro) davam resultados f1"3ncamcnte bons, Icvar.un-me :I abandonar esta prcocupaç-lo. Se n:!lo se fazem lOdos os tipos de: pasta. fazem-se alguns: e condnuar :J insistir na difi4


200

/ . N, Fmr/ro Oias/r,

culdade do problema é semir pelos accionistas da companhia (posstveis prejudicados) uma compaixão comovedora. A hipótese da exportação que. já foi dito (nll 23), é forçoso considerar, tem neste caso reno aspeao de verosímil. Se exporumos tradicionalmente madeiras, talvez

com um pouco de engenho pOSsamos exportar também pasL.'\ de papel (pinheiro); e n:lo julgo mesmo improvável que a exportação de pasc:J

de eucalipto posso'l ser superior às 4000 toneladas de ames da gue.rt3O problema di pasta m<.-"C'J.nica. está menos e.<oelarecido, porque se linha deixado pa..ra segunda fase; de lUdo o que li c ouvi presumo que:: UID3 pane de pinheiro, uma P.1rtC de choupo e uma pan.e de 01.1deiras importadas'S (porventura coloniais) resolverão o problema. É assuntO que n:lo pode ser abandonado pelas enlidndes oficiais, porque julguei encontrar pouco interesse por ele na empresa titular c:b Iícenç'J. Julgo que uma das razões ê aquela que apontei acima de serem artigos ooralOS sem grande nurgem de defesa; a outra 5er1 a faha de energia eléCtrica de que se exige quanlid3de apreciável a preço moder~do. Tem-se posto ::1 dúvida (e até ofieüllmente) sobre se ;I floresta portuguesa compona o consumo da noV3 indúslria. A produção de 20 000 toneladas de pasta química (número que já engloba uma parcela de e:xponaç.1o) exige 50 000 toneladas de madeira; a produ~o de 15000 toneladas de pasta mecânica exigirá 20 000 toneladas, Ao todo 70 000 loneladas por anO_ Se admilinnos que a nossa produç;lo de madeiras t da ordem de 9 milhões de metros (,,·úbicos. dos quais quase 2/3 de pinhelro4&. equivalendo. só nesta últinul esp(.'Ôe a cerca de 4 milhoes de toneladas; se considerarmos ainda que nos oito anos de 1932 a 39

exporuimos, só de cst:cios para minas, a m~ia anua l de 240 000 toneJ:ad3s; se pensarmos que está em marcha desde 1939 um pJano de povo-amemo florestal para 10 000 hectares de dunas e 420 000 hecures de .seCT2S; teremos a noç.lo de como é fraco o fundamento da dúvid:a posta, desde que se trate de zona densamente arborizada (badas do Us, do Mondêgo ou do Vouga). ainda que se prelenda, para barate'.Ir o l.r3nspone, que a recolha de madeiras se faça dentro de um raio restrilO em tomo da fábrica , da ordem de 30 a 50 quilómetros. E assente. como parece estar, que a indústria devem estabelecer-se pouco acima da foz do Vouga , hã que ponderar que dentro de 12 OU 15 anos os quase 20 000 heaafCS de dunas de Quiaios a Palheiros de: Mira, semeados no último decênio. devem poder começar a panidp3r no fornecimento atravês da ria de Aveiro. "..ara o que basla tomar es[;I navegável. como creio que está previsto, atê pr6ximo da segunda daquelas povooçOcs. U E.m UnportlllçJn 1e\~12ti um problema p2u121 porque !II enUlUU de nuddn em bnJll) (,migo 82), qUC' oo;e ~ ~ ~r p;ll"il COOSIruç6d, ~ onend2 com um d lrdlo l IncomJJOfd\-e l ~b N)'V'2, :IIp1ioV\O. .-6 Pro(, António MMtId ck AlrM:kb , 1\;)'11181", A sua rlqllnll tlMcola, Impu:1\$II N2ck.'11ul. Usl'lo'.l. 1929. P 18.

~


20/

É certo que h:i quem veja com entusiasmo o aproveitôlmenl0 das

palhas de gramínea (em especial a de arroz) para a preparaçâo de celu-

lose. sistema que a lIália desenvolveu sob a pressão da politica autárquica; mas se não vejo motivo para proibir que se aproveilcm (ames pelo contririo). também não vejo vantagem cm que se force a sua utilização, porque sei que a melhor nbra de celulose ainda é aquela que se extrai das coníferas. Dizia-me há 12 ou 15 anos o Prof. Apolin.1rio que cena aura que rodeara o gás pobre devia ter resultado da modéstia do no me, que fazia pensar numa barateza superior à real; estou em crer que os prestígio da palha vai bater em origem 5eTllelhanle. Mas nào cometo a imprudência de ser muito categó rico; ti técniOl escã longe da última p;tlavra,

b) As 3000 tOlleladas de papel. É preciso que tenha havido razões muilo fortes para introduzir e manter na licença do fabrico da celu lose a autorização para 3000 tone ladas de papéis finos. sabido que este porOlenor leva ntaria rorte reacção da indÚStria papeleira. As r.uôes foram as seguintes: I' Havendo o preconceito geral de que uma pasta nào permite fazer bons papéis se não for importada de 60 graus de lati· tud e, a pasta portuguesa ir:i encontrar toda a espécie d e oposição. A fabricação de 3000 to ne ladas de papéis de l ' qU,3l1· dade, anexa ã fabricaç-Jo da celulose, set<i: a única. dcmonslra~o irrefuúvel que o fabricante poderá razer das possibilidades de aplicaç-Jo das suas pasms. Ensaios de laboratório sào sempre discutíveis. 2' O consumo de papéis fin os (escrita. impress3o, tipo jornal e díversos)47 estava, em 1939, muito perto de 11400 toneladas assim repartidas: Fabrioo rl2cionaL. . ...... "............... Impona~o ...................................................

9900 toneladas 1500 11400

Este consumo crescia com o ritmo aproxim2do de 500 tone·

ladas por ano~ às 1500 toneladas que a metrópole comprava no estrangeiro haVl.1 que somar 1000 tone ladas do consumo das colónias, IObllllente est.rangeiro, porque a indústria metropoli· tana não tentava ou n.do conseguia conquistar O mercado 49; as fábriC'.J.S nacion:lis trabalhavam em pleno. ou quase, com larga demora na salisfaç:1o das e ncomendas; c perante eslC quadro b NSo lndukJo o pgpe:1 de jom;Il on bobirw. ~ Em 1942, Qltlmo :lno ~ que I.~nho 1'IOl1d2. o consumo atingiu 13 600 lonebcbs. ., U hJ dw que fl)\ ::Iutorl1.:Xb em AnIJQl:a unu (ilbrio de: p:lpd e paMlI dto p;&pd.


j. N. _mD/lJ5j',

202

nilo p:lreceu que uma autorização de 3000 tonel3das (ou mesmo m:1is) fosse oposta aos interesses da economia nadonal

- antes pelo rontr.i.rio". Acresce que não er3

aceit~vel 3UtOri-

l3f menOS de 3000 toneladas. porque este número é talvez o

mtnimo. já um pouco escasso, para uma tabornçolo económica: se rolo fosse ter perl$ldo no inconveniente de uma concorrência

muito violenta. teria autorizado 5 ou 6000 toneladas e 3 minh2 consdência de técnico ficaria mais satisfeita. 3' Unu indústria nova envolve sempre um risco. Faz pane das obrigaçOes de quem lança essa indClsma a.ssegurar·lhe coo· djçóes de êxito; e como no caso presente se anexou ao fabrico

da celulose (considcl"'.ldo o principal) o da pasta mecânica e papel de tomaI, pareceu equitativa :1 compensaçdo do fabrico de papéis finos. Isso mesmo dará autoridade para discutir em última an:1lise o problema da pasta mecânica discutir ou for preciso.

se se quiser

c) A posição dos papeleiras. Houve o cuidado de reservá( aos indus· triais de papel. futuros clientes da celulose, uma panidpaç:1o no capital cb nova sociedade. Nâo quiseram tomá·13; e as suas relações com 2 nova empresa nào têm sido caracterizadas por especial cordialidade. Este infeliz. caso dos Industriais papeleiras tem tomado o aspeao de um cartel que bate o pé sem se lembrar de que tem um c31canhar de Aquiles que se pode p:ar1ir. :1 pauta do anigo 936 - uma COiS.1 dl ordem de 2540 por quilo. PQ5IOS peranlc :1 criaç:1o de uma nOV3 fábrica que, por ser moderna e produzir a própria mat~ri3·prima, le~ condições de melhor preço de custo, a atitude razoâvel dos papcJeiros n~o me parece dever ser a de hostilizarem 3. inidati\'3. procurando manter, contra o interesse geral. o nível de preços de que têm gozado. mas antes ajudã·la a concretizar O seu programa, colaborar com ela, participar nela . aproveitâ·la comO ajuda e como exemplo - de que quase todos precisam, porque quase todas as f3bricas actuais ~o bem necessitadas de renovação. E depoiS passarem a vender o papel melhor e mais ooralo - isto é, dispensarem toda ou pane da muleu pautal. t assim que eu comprc..~ndo a indús· l.ria, e só assim a defendo. Num inquérito fcito em 1938 concluiu·se que. das 15 mãquinaS COOtÚlU.'l5 de fabrico de papel, tordo exislenles nas chamadas f:1briC35 gt'3ndes, 13 tinham mais de 35 anos e enue elas havia 7 com idradCS entre 50 e 70 anos" . Apesar de se descobrirem lant:IS e lão pouCO veneráveis antiguidades, do inquéril,Q não resuhou nada de prMiCO jO

lJlT\:iI JlUloriU('Jo dr 1m lOnt'I3<b.", cbcb multo témpo IUlld :& OUU'I empr~' dab de HV,II'llJI{&tef1\ ctu,·kIoa. 1'+10 ~ ii .sIIlDÇiO ilOU:ll /JoIdf,., di, {)#r«fllo GforpJ IÚI huMstrlll, II S&k:. di 8 , P 72j

C'OMkIcr.lV'.I_ ne:Ib

U


LInha de RI/mo. No/as de EaJII.mill Ponug_, VeI. /, Cap.l/l

como (já. se disse no nO 27) sucedia habitualmente; e de 1938 para d. o Sol passou mais 7 vezes pelo ponlO vemat n . Sabendo·se isto - e embora 3 ou 4 das máquinas tenham sofrido remodelações - não se estranhará que alguns técniCOS estrangeiros que mandei vir a Portugal me tivessem feito apreciações como esta.: as máqlll,zas que no meu pais

deitamos fora por Of'liquadas sdo mamuflbas em comparação com. a que vi a tmba/bar "0 fábrica la/. Ou ainda: de lal fábrica ndo se apro.veita IUlda, nem as paredes. Talvez isto explique a reacção Contra :1 licença. Com um destes técnicos :;1lmocei uma vez no hotel do Buçaco. A mala eslava fonnosa como sempre; o jardim era um assombro de cor; via-se O homem verdadeiramente encantado. Se nessa altura o entrevistassem sobre impressões de Portugal diria sinceramente maravilhas. E

os ponugueses ficariam deslumbrados - e escreveriam no jornal as Suas paJavras. Mas quando aquele homem, mais serenameme, virasse as ideias paJ'3 os assuntos prorlSSionais e recordasse as Instalações primitivas que Unha visitado, se não perdesse o entusiasmo pelos encantos da natureza, moderam o apreço pela aptidão dos homens. Essa opinião ê que deveria interessar-nos. É por isso que quando leio, reproduzidos corn uf:tnia, os comentários de ~S1rangeiros que nos dl~em que o céu é azul , o campo é verde e O povo é hospitaleiro. pergunto aos meus botões: o que pensa.r5 ele na realidade? Porque não lhe pedirJm que o confessasse? Satisfeitos com rónnulas de cortesia, vivemos no reino da ilus.ào. 34 - O ÁLCOOL CARBlJRANI'E a) As soluções e"co"tmdas. É sabido que muito antes da guerra se Procurava em grande número de países um substituto para 3 gasolina. Compreende-se o empenho; a gasolina influi grandemente na vida de lodos os povos civilizados. tanto na paz como na guerra, sobretudo nos lransportes. mas existe em pequeno número de pomos e concentrada em pequeno número de mâos.

A guerra veio intensificar estas pesquisas; dai o gmnde número de C:il.rbumnte$. de que se pode traÇ3r o quadro seguinte: A. Carburantes de síntese. Produtos liquidos de composição seme-lhanle ã da gasolina natural (hidtocarbonelos leves): Produtos de destilaç:1o ou hidrogenaç:lo de c~rvoes. de Wdl'Oalrbonetos pt!S3dos ou de óleos vegetais_ »AO:abrlgo do d«teco-Iel n· 31177. nundei (uer em 194243 um lnquetito :llndflS~do p:lpd , ~ ilOf prlndplosqUC! vieram ii SJC::(a I;b lei n· 2005.Julgo que

foinllU'lebdoarqulvar.

'*'


J. N. Fern(m DIas]r

B. Carburantes de subsLiruiç;lo. Produtos gasosos de d.iferentes composições destinados a substiruir a gasolina: Gás pobre (a partir de madeira , carvão de madeira ou C',Jrvôes minerais). Acetilene (a partir do cartxmcto de cál cio).

Gases comprimidos (8:15 de hulha , hidrogénio. propana. butana, amoniacal C. carburantes de adição. Produtos U'quidos de diferentes composições podendo substituir a g3$OUIl3 em caso de necessidade mas empregando-se geralmente em misrura com ela:

Álcool etnico. ÁJcool metílico.

AguarrJs. Benzol. Cetonas.

b) As SQ/uç{jes portuguesas. POc:m-se agora duas perguntas à considera~o dos portugueses; devemos interessar-nos por este problema? Em caso afirmativo, por qual ou quais soluções? À primeira pergunta respondo que sim, mas faÇQ-O mais por motivos de segur.lOÇ2 (n" 18) do que por motivos económicos. Sabem todos o que se passou com os nossos transpones auto,nóveis, sobretudo nos anos de 1942 e 1943. por faha da gasol ina. As restrições eram cada vez mais apertadas, as tentativas de hnprovis3r soluções surgiam de todos OS ladO$, e os í.dhos da casa. em que não ~ pão vinham confinnar o dilado: uns entendiam que o rndonamenl O estaVi1 rrol feito, out.ros que a fiscalização em venal, outros ainda que o aproveitamento das reservas tinha s ido errado. O desabafo é u~ grande terapêutica. Convenddo de que :1 nat\lreu esconde cada soluç ão útil e!11 milhões de cOisas impossíveis. tcndo estudado uns rudimentos de dJ~ culo de probabilidades. não lenho nenhuma. ré nas soluções de impl'O" viStr. não tomei por elas nenhum interesse. Reparei que foi estJ"3nhado o meu encolher de ombros pcrnnte problemas 1:10 8raves. mas mamive·me. sem desvio. fiel ;\s minhas conv-icçóes. Um dia apareceu até .:1 soluç:.1o peregrina de fazer a nd ar automóveis com água , roubando jJ esta o hidrogénio à CUSCa , segundo ouvi dizer, de umas pastilhas. Creio que houve pessoas convencidas de que tínham andado puxadas a ~gua e entusiasmadas COm uma solu~O Lia simples. esu.ndo para mais aqui r;1o pertO o Oceano Atlântico; mP por cima da minha descrença geral, havia :1 reminL<;cc!nda de se ensifÚl f na rlSica que para libertar um grama de hidrogénio sIo precisos 96500 coulombs sob uma tensão mínima teórica da ordem de 1.6 vo lts (i ndUS-trial.mente 1,8 a 2,5); ou, o que é quase o mesmo, de que lera n~ Qut• mica que o calor de formação d3 água ê de 69 000 pequenas calori2S


l.Inba de Rumo. ,'IoIas de Economia AmuS_, Vai. I, Cap. III

205

por molêcula~gr.tmai e :l noção que daqui tir'JI'a da eSlabilidade deste corpo aumentava 3S minhas dúvidas sobre 3 Ilgeireu com que se pro-punham decomp6-lo. A rl$ica e a Química também às vezes ajudam a apreciar problemas de Estado. Passado ou quase passado este penodo de tormenta, recordadas COm calma as ditlculdades, as dúvidas sobre o dia seguinte. parece oponuno começar a pensar na vida de amanh1l . Não se argumenle que a Cana das Naçõcs Unidas pôs a guerra fora

da lei e nunca mais falrarã gasolina. Quando uma casa está peno da estaÇão de bombeiros não é (,:OSlume descuidar nela 3 segurnnça regulamentar conrra incêndios: os EsladO-'i Unidos não vão abandonar as bases que alugaram nem parece que pensem em desmilitanzar Hawai; a Inglaterra não vai desfazer-se de Gibl"3.1tar nem desl'ruir as fortificaÇÕes que Cávou nO j)e11Õt1; a Rússia faz. suas tent3tivàS para pôr um pé nos Dardanelos e, porventura, mais adianlc. Acredito na boa-fé; julgo que a devemos ler e disso temos nós. portugueses. d3do prováS; mas nào faz parte d.a boa~fé o confundi-la com ingenuidade"'. Uma providencia de segurança econ6miCl tem até mais probabilidade de funcionar do que as de segurança mj)jtarj porque estas n<lo actuam quando a comenda é com os ouuos e aquelas actuam sempre - às vezes alé sem conlenda. Das numerosas soluções possíveis para substituir a gasolina (e mui~ tas haverá que não (orom mencionadas) nem todás interessam igualmente ao caso português. Antes de mais nada , quero exprimir a minha descrença nas solu~ Çôes do grupo B. São soluções de emergência (e como tal de inconteslavei préstimo) mas sem 8ronde possibilidade de se mariterem como sislemas normais cm período de paz. A técnica n:lo busca só rendimento e segurança; também alveja a simplicidade e a oomodidadei as soluções do grupo n (das quais o gás pobre é a mais difundida e a que rnais se adapta aos nossos recursos), sendo complicacbs e incómodas, ~nlam em cena medida retrocessos técniCOS que tcnder.\o a Clir em de$uso, só mantidos por alguns raros entusiastas nos ("'.UTOS ligeiros, pOr alguma economia. nos CI.rroS pesados, ou por disposições legislau. vasoA questão de preço 0:10 é decisiva , sempre repu lei exagerada cena pOlítica de impooiç:lo do gosog!:nio. As soluções do grupo A só parcialmente podem Interessar-nos por ralta de ITI3[êrias--prinus, embora tivessem já no mundo um.1 expansão COnsiderãvel antes da guem. A capacidade de produção anu31 de g-.tSO~na sintética em 1938 em de 1 n5 000 toneladas pelo processo Bergius 3CÇlo direaa do hidrogénio sobre CJrvõcs, :lIc3lrOes ou pelr6k"OS brulos) repartida, em ordem d<..'Crescentc. pela Alemanha , Estados--Unidos, .t......!.~ Lembro o

1r\$UC't"SSQ <b ....-.QSlk ~ow; linha.!.

Conr~ncb de l.ofldn.~ QCOflido pouco mõlli de um

1lW$


J. N. Fmf!I,. DIas".

206

ltoilia e lnglaterra. e de 900 000 toneladas pelo processo Fischer (trans:formação do 6xido de arbono em melana), principalmente na AlelJl3-

nh.;J;54. N'-o lendo nóS petróleo bruto C'onhecido" nem arvOes que cheguem para usos maiS modestos, n:1o parece razoável lentar hidro-gená-Ios, salvo no caso de lenhites muho pobres (tipo Óbidos ou RioMaior) se tiverem alguma aptidão para isso, existirem em grande quantidade e não puderem, em tempo normal. ser vendidas para gs

aplicações correntes a preço compenS3dor. . Como não lemos reconhecidas rochas betuminosas em grande quantidade (pelo menos na metr6pole), ficam-nos como matêrias-primas os alcatroes e óleos vegetais; mas ludo isto est<1 ainda muitO verde para se dizer a úhima palavra. É necessário, porém, que am3-

dureç-.L Chegamos fmalmente ao grupo C. Com excepção do bezol. que é derivado da hulha, lOdos os outros produtos, sendo de origem vegetal. nos podem interessar: o á.lcool metíHco obtido d3 destilaçi'lo das madeir3:1i, a aguafl"á.s da destUaç;1o da aguarrás do comércio paf'3 lhe suprimir 3$ fracções mais pesadas, e o -álcool etílico ou as cetonas obtidos por fermentaçio de substâncias sacarinas (beterraba, sorgo. melaços), de substâncias amiláceas (milho) ou por hidróllse da celulose (madeiros. resíduos vegetais). O ~Jcool medlíco só será de consider.lr se as destilações de madeira montadas ou I,icenciadas durante a guerra mantiverem a ac(ivld~de quando a vida .se normalizar; a aguarrás tem normalmente o seu mercado de exponaç~o; fica-nos o 'leool etílico (as cetonas são aindi pouco empregadas e parece nlo terem espedal interesse) como grande recw>o.

muito 3ntes da guerra o álcool se empregava, com maior oU

menor generalidade, como Cltburame de adiç:lo em numerosos paíseS, em proporções geralmente compreendidas entre 10 e 30%. Par'3 s6 f3br Europa , citam-se a Alemanha , a Áustria. a Bulgária, .3 Dinamarca. li França. a lúlia e a Suécia; em terro portuguesa COnt3vam-se Angola e·

rui

Moçambique. O assuntO fá foi tn.tado eOlre nós hfi largos anoS. Por portaria de 2 de Dezembro de 1931 (oi nomeada uma comissão de engenheirOS

para proceder ao estudo dos combustíveis lIIi11záveis nas caldeiras , nwtores f,uJuslrial.s sob 0/10",0 tk uistll do seu rentJiml!1II0 e das condições aconselháveis para o melhor aproveitamemo bu/ustrlal e de ectr "omitl geral. AO contrário de outras comissões anteriores que 010 chegarJm 3 produzir trabalho útil, eSta npresen!ou, ernJunho de 1932• ~ Cf 1Xnhdot. Curl1u"ml$tf hlbriflmlls IUlIbum:t. Ed. l>unod. Póln... 1911 . pp• ~ jÓ,.

~ A "ic\UÇlo <b Anglo-Portuguc'.5C' OU

.u l

Cornp:my, que começou 2$ pdqu ~ em Ttr rn-Vé:dr.u.. csd pordcRnirde5de 1911 Scmpn::achcl inconymknlt' k':r-kdóldoCSU C(l4'r ttSS:lo a IJfJ'I;l comp;anhi20 ewangdrll com 5edc no eMr.llng.eiro.


Unbo ti< /IJ"IO. NoI4S tk liam.miA Ponug_, Vo!.

t, Cop. 11/

207

um interessante relatório em que o problema do álcool carburante é prol'icientemente analisado em todos os aspectos. a partir de ensaios sistemáticos de motores efectuados no laboratório do (,nslitul'O Supe· rior Tecnico ~. Apesar das conclusões favoráveis e da sua objectividade, o relatório caiu no esquecimento. ~ rácil resumir essas conclusões, sem enltar nos ponnenores lêcni· tos aqui deslocados , Para o mesmo grau de compressão, Lsto ê, para motores de gasolina sem modificações, a. mistura com 10% do âlcool abSOluto faz aumentar o consumo de combustrvel por cavalo apenas em cerca de 2 a 3 %; ntas a mistura ê pouco estável devido ã avidez do álCOOl paI':) a água; pois que o álcool hidratado 030 é miscfvel com a

gasolina e tende a sep3rar~Sé dela, depositando-se no fundo do l'\..'Ôpi· tTue. Com a mistura 3 20% de álcool 3 est.1büidade é já salisfat6ria e O aumento de consumo específico vai par..! cerca de 5 11 6%; COm 3 mis-tul"á a 30% a eStabilidade é: ainda melhor mas o aumento de consumo SObe para 8 :1 9%. As experiências em estl"Jda COnfim1..1ram estes resultados ou deram-nos até Ugeirnmcotc melhores. Deve porém atender-se :1 que tais aumentos de consumo, expressos em peso, se reduzem quando expressos em volume, porque O -álcool aUmenta a densidade da mistura; á.SSim , na mistura a 20%. ao aumentO de 5 a 6 % em peso corresponde apenas o de :3 3 4% em volume; e COmo os líquidos se compram normalmente ao litro , é este último número que deve considerar-se. Em contrapartida do menor poder ca lorifico. a adição de :1.lcool tem a ~ntagem de melhorar o índice de octana da gasolina, o .que permite maiores compressões e. ponanto. cconombs no consumo: n1.'15 isto só ~ realizável :l custa: de aherações no motor. As' perdas de potência regist.ldas nos motores de gasolina com o emprego destas misturas ~o sempre muito pequenas e dependem da regulação dos carbul'adores; essa perda pode ser nula. em alguns casos e alingir cerCJ, de 5% nos nl3is desfavo~veis . . Estes números mostram que a subsdlUição da gasolina pura pela tnlStura com 20% de álcool é pmticamente insenstve.l. facto que conjusado com a boa estabil idade levou a comissão a propô· Ia. Ela é, na realidade. a mais empregada em todos os países, dentro dos limites de 10 a 30% atrns apontados. O ~Icool pode ainda. em caso de necessidade, misturar-se em maio-.... flcopercemagcns Ou .ué usar·se sozinho; nestc caso O consumo CSJX.">Cíaumenta 60% em peso ou cerca de 50% em volume relativamente :\. ttasolina pura, e xJgindo-se no motor a pequena modifiC3.ço'lo do aquecil1lerno do ar e da regula ç:io do carbul""Jdor• .:lo '" ·EMudn tkn1co t' econ6mko do emprego do :1.lrooI como ClIbul'2n.tCo. ln Bok..tfm TrubtJJho l"dWlrlDJ, n' 159. 1937.


}. N. Ferreiro ViluJr.

c) Dificuldades. E.stando defmido com tanta clareza o problema do álcool carburante, algumas razões devem ter impedido que se lhe desse solução. N~o I! de presumir que t,ivesse sido só por esquecimento. A primeira e mais grave dificuldade é de natureza fiscal. No preço de 2$60 por litro, a que se vendia a gasolina em Lisboa, antes da guem, está incluída a importância de 1$4S cobrada pelo Estado a título

de direitos e de

13X3

de salvação nacional. Como o preço médio do

álcool absoluto deverá ,ser' da ordem de 2$00 a 2$40 por litro. a que é preciso adicionar as despesas de mistura e distribuição, nesta parcela do carburante.

;1

taxa que cobra na gasolin<l. Caso se não queif:i

aumentar o preço da misrurn nem reduzir a cobr:tnça, apresentam-se duas soluções 11 propostas pela comissão de 1931: ou introduzir suavemente o regime do álcool C2.rburante para que a maior quantidade deste seja compensacb em cada ano pelo aumento de conSumo (4,5 milhões de litros anuais, média do decénio anterior à guerra). de forrtl2 a não fazer descer a importação de gasolina e portamo 3. receita do erário. ou procurar compensação em outros produtos. E pode ainda repartir-se o enClrgo por Iodas ou algumas das quatro via~ descritas. Considerada a últi.n'u imponação normal de gasolina (100 milhõeS de litros em 1939), a quebra de receita seria de 29 000 contos para 2096 de álcool e 22 000 se a misrura se reduzisse a 15%; mas estas cifr35, embora grandes, perdem importância comparadas com a quebra de 86 000 contos por ano, de 1949 par.a d , por não exceder 40 milhOes de litros a imponação média anual de gasolina desde que começou :Iguerra. Acresce que a fabricação de ~lcool carburanle daria lugM à cobromça de oontribuiç:Io industrial :l roda de 2000 contos e d.a contribuição predial rústica correspondente às matérias-primas. Outra dificuldade aparece no problema do álcool carburante: :.t fabricaçâo do álcool , por insufidencia aClual das fábricas e da rnatéri3-prima. As fábricas (salvo uma ou duas excepções) não produzem álcool absolUlo. Umitando--se ao :1.10001 rectificado de 95 a 96°; a O1atéria-prima mais usual, o Ogo, cuja produção não pode fazer-se vanJ"" com as necessidades. d§ escassamente para O consumo nonnal. TodOS se lembnm de que o ter~Sé aurorizado, hã dois Ou t.rês anos, que 100 automóveis drculassem com :ilcool t fez desaJXlrecet das fannácias a lio~ rura de iodo. 00 mau equipamento das fábricas c do preço da m:uéria-prirna resulta ainda que O nosso álcool industrial a (95°), mesmo ames da gucrrn. atingia preços impossíveis de aceitar par.t Clrbumnlc (da ordem de 4S00 a 4S;o por Iilro). Hã, portamo. que ."'<ar os problema. agrl(:ola e industrial desde O COI~"O: criar matcria-prhru, e montar f:1bric:as adequadas. Uma lerceira difICuldade do e.mprego do álcool carbutaOle esw o:J pequeoa complica~o que vem pard as empresas distribuidoras de fazerem a mistur.J, . com o Inerente aume nto de depósitos e tub:lgens: r:


Unba de Rumo. - . de Ea>nomlD Ponusuesa. 1'0/. 1, cap. lU

ainda uma quarta difICUldade

3p"drece

nos protestOS que em alguns p3i-

ses têm fcito uns senhores muito desporti&as e muil,Q entendidos, a quem a presença do álcool ofende os records e os prindpios. d) Uma solução. Não têm importância de relevo as duas úhimas dificuldades apontadas: OS depósitos e as tubagens momam-se onde necessários e as criticas dos automobilístas afe:rvorados perdem-se na vulgaridade; há sempre quem diga mal de qualquer coisa - e .u vezes até convém para dar ao mundo mais animaç.lo.

Nào me proponho resolver O aspecto fISCal atrás apontado porque já está posto em toda a clare7~. A gasolina é um produto muito barato que permite a incidência de (ortes t3xaSi a sua substituição por qualquer OUtro produto, sempre mais caro. ou :lumema o preço de venda ou dimi-

nui a receila do Estado. A mesma questilo se pôs em todos os países: só ~ que decidir se as v.mt.agens que se colhem justificam o sacrifkjo. A solução que se vai propor respeita apenas ii dificuldade que atn\s se apontou em segundo lugar: a fabricaç;1o do 0110001. Toda a gasolina que se consome no País entra por U~boa ou pode, sem grande dificuldade, fazer-se entrar; e COmo é preciso rc:.."tluz.ir os encargos de transporte do ~lcool porque ê forçoso limitar O preço deste, é necessário que todo ele estej:I em Lisboa ou junto do estuário do Tejo, de forma a enU'3r dire<:t3ment'e , em batelões, nos depósilOs das companhias petroleiras. Mas tratlndo--se de um problema de segurança - porque no puro campo da Economia mIo é defensávclsubstilUir um produto e9:rangeiro que CUstava antes da guerra ã nxla de $40 por litro cfl Lisboa por um nadonal que custa cinco vezes mais - a fabric3ção do lIcool de verá fazer_se, pelo menos em pan.e importanle, junto do próprio Tejo. Por OUtro lado, não interessando as f;'ibricas aauais por muito pequenas e afastadas do local conveniente; sendo opin~o unânime que o preço de Pl'eparaçâo do álcool (uansforma~o d:. matéria-prima) se pode reduzir apreciavelmente numa instalaç:lo de g.r.ande capacidade, prodUZindo pelo menos SOO hectolitrOS em 24 horas, com o que talvez se consiga Chegar a cero de 550 oU SOO por lilro no caso m:lIs desf-avorá,vel de Rlalêrias-primas sólidas (ntvel de 1938. incluindo cn<..'argos de armazenagem), parece indicado que na margem do Teta. não longe de Lisboa, ~"m local acessível aOS batelões, se instale uma ou , no mbimo, duas

~bricas de 110001 absolulo. Acresce que o plano da Hidr:'iuliC3 Agrícob prevê o aproveitamento

do Serraia. regando O seu vale inferior, a lezíria de Vila Franca e OS terrenos de Panas, na margem do Tejo ao norte de Alcoc.hClC. no total de 39 000 hectares s7; e como a matéria -prima, pelo menos em gl"'Jnde pane, nilo pode dcix.'1r de est:tr na vi7.inhuo<,":1 iOledi:Jta d;ls fó,bricas


J. N. _ , . DIosfr·

2/0

pa.ra evitar transpones; como, por outro lado, as l.1Jlruras sacarinas mais aoonselhad:u pela experiência europeia do sul (Espanha. França, I.tãlia)

são a beterraba e o sorgo", arnbas regadas. parece que a 7..0n3 da lez.tria cntre Alcochete e Benavente satisfaz 3 todas as condições para ser o ct!ntro ideal da produção do á.Jcool carburante. N:1o briga esta ideia, antes se harmoniza, com o projecto da Hidráu-

lica Agricola de fazer nesu zona a criação de gados mediante pradOS artiflcfais permafJ(mU'S Otl temporários em aJJerml"c(a com cultuf(lS anxmses e de maior fendime7lto econ6mico'19. Alêm de serem cultUt35

de bom rendimento 1 a beterraba ou o sorgo dão como subproduto quantidade apreciável de forragem: como média, :1 primeira 20 tonela· das de folhas e 2 toneladas de polpa 5eC'J. por hectare; o segundo 2 [oneladas de folhas e 4 lOne1adas de semente de composi~o anfiloga aQ milho OO• O sorgo oferece ainda a vantagem de dar polpa que serVe de combustível e dispensa o carvão exigido pela belerraba. na quanti-

dade de 80 kg por hectolilro de álcool . Evidememente. em período normal , nada impede que se ;llribuB aos Açores (com base na belerraoo ou batata doce) ou a Angola (com base na cana ou no milho) um conlingeme de álcool carburante :I

-adquirir pela melr6pole, ou que se estude a vinda de melaços coloniais, dando assim ,1$ fábricas do continente um ;:Jcrescimo de matériaprima barata, que contribuiria para redul.ir o preço médio do álcool: mas, em qualquer caso, é rorçoso que esta indóstrla se instal e ma metrópole, como fia dilO, porque é preciso ter boas unidades. com :a sua tknica bem rormada, que em caso de nec::essidade pos.53m (acUmente ampliar-se e cuja maté.ria~pr'Íma resida numa cultura anual , cui:l lr.I.dição enraize numa dada zona e cuja sementeira se raça em cada ano na escala em que convier. Fora disto, voltaremos ~ impmVisaÇolO dos automóveis a água ,

Alguma reduç:lo no preço do álcool poderá talvez conseguir-se conjugando a sua fabricação com a de certa quantidade de açúcar. Embor.l se não concorde com Anselmo de Andrade 61 quando defende que a metrópole portuguesa, à semelhança de muitos países da Europa, deveria tirar da cultura da betérraba O açúcar que bastasse para O seu consumo, não se vê que seja impossível qualquer arranjo no sentido indicado. A quest:1:o ê melindrosa porque briga com interesses cri~doSj para alguns significacl. (alta de menr.alid;lde imperial; mas a hipótese ê inocente e julgo merecer alguns minutos de reflexão, ponho-a. ali:\s.

com todas as reservas.


Unba fk Rumo. Nolas tk Economia PortllglJeSa, Vai. I, Cilp, III

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Algumas v;mtagens indirectas pod~m resulrar da adopção do regime do ãlcool carburante: .. solução de cenas crises de produção, nomeadamente do vinho, da. alr:arroba e da 3gvarrãs. Já O ano 190 do decreto n9 12 214 , de 21 de Ag0.5t'O de 19261 determinava que se nomeasse uma comissão para infonnar sobre a qualidade e quantidade do álcool que se poderia adicionar ao petróleo e gasolina. como remédio de crises Vinícolas; 0'1.35 .uo sei se dt3 disposiç:lo teve seguimento. Quanto 30 vinho, se admitimlOS um excesso de 500 000 hectolitros a eliminar do mercado, a SU3 transformação em :iJcool daria cerca de 6 milhões de litros, equivalente a 6% da gasolina imponada em 1939. ESta quantidade seria bcilmcnte :absorvida como carbu rante , ou subindo IigeirJ.mente dU1"'J.nte um ano o teor d1 mistura OU reduzindo Um pouco a produ~o do álcool pela via nonual. O mesmo se passa com a alfarroba, Não convém, qua,ndo a alrar~ roba !'enha saidà para exporuç:lo, desvi:i-Ia desse caminho; já vimos a necessidade de aumentar as expol1a:çóes e n;lo convém perder cerca de 3 000 COntos por ano que ela nos dá . Mas em ano de crise. 10 000 toneladas de alfarroba: (volume de uma exportaç'lo normal) podem ser transformadas em cerca de 1 SOO 000 litros de álcool, com o qual .se repete o que se acaba de dizer. O mesmo se p::1ssa ainda com a aguarrás cuja integração na gasolina (só em caso de crise porque é um notável valor de exportaç:2o - 20 000 contos) se pode razer sem irk:onvenienlé quando em pequena quantid:lde. Para não criar demasiado optimismo qU3nlO a este aspecl'o s.'dvador do ;110001 carbuf3n1e, é neces.sãrio dizer-se que par2 manter O preço do 4lcool denLrO dos limites apontados (máximo de 2$40) h;tveria que pagar as. matérias--prímas, poStas na fábrica, 3 preços inferiord 30S normais (Vinho à roda de $24 por litro, alf.uroba a 3550 por arroba). Seriam quesIões a regular em cada caso, eswbelecendo-sc as compc.n~li-'ÕeS julgadas "Portunas; mas sempre que se tratasse de excessos de produç{lo, cujo PI'eço de OJ.:ito seria redu;rJdo, n:lo parecia violência pagá-los baratos. Toma-se nocess.:hio, naturalmente, rever toda a legi.slaç;.lo relativa à lIcOOJ, fi:<.'u o tipo de desmnurante paí.l :i nova ca tegoria de produto, ~ogar muilas restrições. em especial o an.o 12" do decreto n9 19253, de 17 de Dezembro de 1930. que proíbe a rabricação de álcool de becerrJba Ou de cere-.lis, e permitir cena ehlstiddade n3 percentagem do carburnOlt: de adiçâo para se poder fazer race, sem pertUrb3Ções, a Urna crise de f-alt;,l ou de excesso, O novo regime do :1lcool n:lo seria urna $ubversãoi deveria continuar a manter as posições hoje ocupadas Pelo 4kool "tnico e de figo . apenas impondo a este último Um.1 reorganizaç;)o indU5lriaJ cuja mO["'Jlicbde me parece inluhiva , e) O álcool carlmmnte IlIdl4slna-base. A indústria do álcool carbu:'le: rol e:xcJufda das lndÚslrJas-ba.5e, no que ouvi, por entender-se er ser uma IndÚSlria colonial; mas nquei sempre colwencido de que


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teria desfeito essa falsa opinião se me tivesse sido dado defender o que propus. 05 argumcmos sâo os que deixei esquematiz.ados~ n:lo se trata de Economia (porque seria um absurdo) mas de garantia. Ter uma segunnça - e uma segurança cara - em Angola ou Moçambique, eru risco de não poder funcionar quando for precisa, parece· me desacerto. Já o parecer da Câmara Corporativa faz este reparo 6J; mas fiel bem acrescent2c·lhe que a vantagem indirecta do sistema, como regulador de crises de produção, também não poderia exercer·se integralmente por faha de ioslaJaçOes apropriadas.

Não me causaria estranheza que a indústria fosse suprimida pelo motivo rISCai que se apontOU, seria uma opinião discutível mas aceldvel, que muita gente SUSlenla . Em contraposição. o álcool carbuC".mte tem defensores exageradoS que chegam a forçar a probidade cientifica; uma réplica severa :I esses

processos publicou-se entre nós há alguns anos". Por mim, procuro pôr o problema com imparcialidade; e se me inclino por unu. soluçãO favorável a seu respeito, MO deixo de lhe reconhecer os inconveniCOces, o maior dos quais é o preço. Por isso aceito sem custo que se cenham opiniões diferentes da minha - desde que cenham base; e por isso aceito ainda que se abandone o álcool se uma solução de síntese adaptável aos nossos recursos conduzir 3 produto mais barato. AssenIe que o álcool Clrourante, se existir, SÓ pode ser uma indús-Iria metrOpolitana, interessa ver que razões me levaram a inclui-Ia entre as indústna,s.base. Não se cifram essas razões nos 7 000 COOlOS que poderá valer a gasolina que ele substitui, dito e repisado como cem sido que me 030 seduz a ideÍ3 de armazen:u ouro; a razão essendal está em que lal indúslria lem, mais do que qualquer outra, os seUS aspectos políticos, implica a revisão do regime do açúcar e do álcool, traz :I utilização anua! de 7 000 hectares de terras regadas"', iSlo é. mobiliza 35 000 hectares com uma rOlaçào de 5 anos, paga à lavoul'J anu31mente 30 000 COnCOs de matéria-prim3 , tem ela própria um volume anual de vendas da ordem de 40 a 50 000 comos, pode alenu:at . como se indicou algumas crises que periodicamente nos afligem, e per~ mite oferecer :is indústrias um produto que até hOje não Icm havido: ~, lcooJ 3bsolulO barato. Antes d3 guerra. o ",-lcool absolulo SÓ ero con.he" cido em ponugal como produto fannacêutico :\ rod:t de 3OS00 o Iítro"j 61 P:lt'«C:'f d bdo. P "'l. 6j E118. Agr. Du~ute de Almc:l(b. T~nQ. O dkool ~{"k{l alrlnmllll~ lIDCIQ,""'. fiel Impt:rio, I...itoboil, I9)6. 64 p..lt:l 2 pl'OduçiQ de 20 mIlhOes ~ 111~. Isto f, 20M; sobt"e 100 milhóes. ~ j rc:l 5Cft redul!kb na ~o mt que $e r«lutir a pm:cnb,gt'm dto ~lrouJ (:uf 1S9i) CIIl n:,I medKb em ~ se llumentem 05 ~tet :uribul~ 4:t llhas e is coIónw. 'S AC'OrlJis.$lQ de 1931 COOlpt'(,Jll :aJgum 4kool ll46SOO ow q\lIlo: nu.." ~o ~ 5Oporur t'm oopeg., ptep:trou ~b própria O :fIlcooI absolutO par... «mtinwr a~ e~' I!ndu. pelJi ImpoMlhllkbde de o ~ncOf1 lt:lr no n ~Cldo i:Io preço i:Ioccuivt'1 (Rdll1/11iO dl~. p.(9)


. Unho de Ru..,.1I<iW de Economl4Pt>rt"8uesa, Vot. I, Cap. III

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aos preços a que se prevê podermos chegar, ele será talvez. :l origem de variadas indúStrias químicas. A indÚ$tri:l do ::ilcool carburante é bem UI11.1. indústria·base. Supondo o álcool em marcha, não deveria descurar-se emretalUO o

problema das hidrogenações, da hidrolise cb celulose ou de OUtrOS caminhos que a lécnica venha a revelar e se adaptem aos nossos recursos. Sobretudo as trunêrias celul6sicas, que temos em grande quanü.. <!ade em todos os resíduos vegetais, seriam uma esplêndida fonle de carburante; ludo está em melhorar O rendimento da sacarificação, que começou CQm BraconnOl, em 1819. por 80 litros de álcool por tonelada

de madeira e parece esta.r áctualmente cm 200 Ou 300: e o problema tem seu interesse pensando nas quantidades crescentl-"$ de álcool que 5er.5 preciso fabricar para acompanhar o desenvolvimento do consumo de gasolina.

De uma realização industrial no campo dos carburantes de sbllese ou de adi~o (ou dos dois) ":10 deveria o Estado desi"(eressar~se. num regime de sociedade mist3; julgo que seria uma das aplicações úteis para parte do fundo que o InstitutO POl1uguês de Combustíveis reuniu nos últimos cinco anos. 35 - A CONSERVA DE PRODlITOS VEGETAIS

H:t um r.uno industrial que nào OgurJ no quadro das indústriasbase mas que talvez mer("Ces5e ser inscrito l;i: 3 conserva de produtos vegetais. Isso justifica as poucas palavras que excepcionalmente lhe Vou dedicar, já que não é passivei, por ser longo e talve~ sem interesse, estender a todas as indústrias o pequeno comentário que acabei de fazer para algumas. . O motivo por que cheguei a pensar em fazer desta actividade uma IndÚStria-base é ;aceite por toda a gente; num pais prirleipalnu!1Ite agriCola, industrializar os produtos da I.crra (frutfcolas e hortíCOlas) de fOrma a tomá-los aptos 3 concorrer na alimentação de outros países, e fazer ist'o num grau de qualidade e quanlidade que pese na economia ~. .seguramente, uma boa e lógica base. J~ Anselmo de Andrade, O descrente c:bs possibilidades industriais, consider.lVa esta indústria como

nossa legotiou funç;lo de lr.bolho".

Mas duas razOes me levaram a exclui·l:. - o que n:1o signif'i<."3 abondonã_la. A primeira foi o 1.r.llar-sc de urna indúslria que 0<10 é nOV3; com mais rigor poder:\ dlzer~se que lãl actividade precisa de ser reorganiUcb do que de ser inst<tlada, embora o muito que julgo pode valer ~ ~o compare com o pouco que vale. A segunda ã.\7.30 foi :1 ImpossibiH"'q-,.C;U., noI:.ldlP.}O.


2/4

}, N, Fmr!lmDklsfr,

cbde de fazer previsões nem quanto 11 produção de m3rl!ria,s..primas/ em que julgo haver cena indecWo. nem qU3mo ao consumo dos mer-

cados externos - por ser uma actividade essencinJmeme exponOldora, A noç.Io de que .se est1 Indeciso na avaliação das possibilid:ldes agrícolas nasceu-me de informações oAciais que d~.!iaco n.selhavam a mon13gem de f1ibricas de conserva. (aliás pequenas) no vale do Tejo, com o fundamento de que poderiam faltar os géneros nos mercados de Usboo; mas MO escondo :I eslranheu com que li isto nem o mau juízo que ronnei dos Infonnadores. J~ tenho ouvido quem duvide dos programas da Hidráulie:t Agrícola por n:lo ver escoamento f:idl par-.l os produtos das terrAS regadas; ~ quem julgue em pe.rigo o abastecimento das cidades por se enlatarem alguns produtos (1., horta. Hã olo;lo um ceno desencontro. Por mim, vejo que :I indÚSlria - quando for verdadeira indústriaé capaz de dar ocupaçolo a muitos milhal'es de hectares I'egados. CitO quatro modalidades baseadas em culturas industriãis. que observei maiS de peno: linho, cânhamo. ~Icool. conserva; e penso que esta é a (mica via razoável de prender gente ao campo: dar·lhe lrabalho, razendo com que a terra produza e arranjando quem consuma OS produtos. A 4IClual indústria de conservas vegetais vale muito pouco em cornparaç:lo com as similares dos patses mediterrâneos. Nilo sei como se governa com a concorrência nos países estrangeiros; no mercado

interno os preços sao, e fOr:lm sempre. quase proibitivos. A5 cham:td:LS frutas de Alcobaça silo mimo de milion:1rios ou dieta para enfermOS: enquanto dverem os preços que têm ndo conquistam o resto da POPU" laç:1o - que ainda é :a maior parte. Não cheguei a ave.riguar se o mal vem da indústria ou do comércio: se vem da tnatéria. prima, do recipiente, do açúCilr ou da organização: O mais provável é que venha de lUdo", Precisamos, quanlo :\ conserva de vegetais. de criar UJJl3 aspiroçtO que nao existe - ou, se exiSle. MO dei por da . Temo~ que. elevar est1t . indúsm<l à cuegoria de grande :1ctivid~de nacional. 3 cmparceiror c()f11 a conserva de peixe. Estil, apesar de n:lo ser muíto antiga, adquiriu po içiio de van" guarda. Parece que vem de 1865, em Vila Real de Santo António, a prl~ meira fábriC"3 de conserva de atum em azelre; é de 1880. em Setúool, a primeira fábrica de conserva de sardinha em azeite, montada por um IndU5lrial fr.mces, que 3 falta de peixe nas costas da Breronha levou :a c.'(patriar 6l; e em meio século chegou-se 30 número de 240 unidades (167 de. coru,erva em :lzeÍle e 73 SJlgas) ocup3ndo em periodo de;: labo' ~ O ptobkm::a eh tmb::lb.~ IW consetv.U ck v~1$ poded benc:flcbr dJ. !!d\lÇ'ip que via • cbr-$C: - C' que ~ pced.tO cbr - ':\ bbric-J,~o do lJú..rIo ll;IS ~5 Oe

~ lkJkIlM dOIf ar,anlsmorl &ondmkOs c.rladotf pmo Mlllwlrlo (lO ComM:fO , trltJ, n' 2, p, ZI? C'.tq.

,,,,11",$-


Unha 1M! Rumo. No/IJj de &o"omla I'onug""", Vai. I, Cap. 10

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raÇllo ~ roda de 23 000 oper;lrios (fora a pesca) e darido-nos na expOrtaç:lo, antes d~ guerra, nos prind pais artigos. os valores do quadro que se ~gue . onde se ;tcrescema para confronto 3 magra e;c;ponação da

conserva de vegetais. QUADRO XXXII EXPORTAÇÃO DE CONSE RVAS DE PEIXE E DE VEGETAlS EM PORTUGAL

.,.,...,....

Mtd'" do 1937·)9 V_ Peso

-

Tonebd>s COro.'SERVAS OE PEIXE Atl.lftlesitníl:llte$, dJlsal Arum (' similares. tm .. zdle ou môlhos &irdinh2$ c: ~U:arcJ. em.ul6 0407 Sardinhas, em IlIttile ou m6lhos S"UI\ll:ua dr.wdinJu., em :I1.che 0\1 môlho$ ~t"moIl..I.$tOS 119 TOIll!

CONSERVAS DR VEGETAIS Pn.uas cm doce (exclukb5 fruw 1It."Cl.'l) 1 a66 .58

'-o.u,

T_..,.

"""""""l<gumc>

as Total

119 1 27)

eoo.", 467 8 182

1001 04

.l61l48 3321

192307 11673

299 48 117

222942

123 3218 93< 376 2582

591

4919

Há entre os dois tipos de conserva lima diferença fundamentaJ : n3 de peixe, a maté ria-prima está feita e é só 3p'J.nh~-I .. ; n3 de veget:lis. 3 matéria-prima r~m que Sér criada por nós com Ioda a longa canseira que começ'd no regadio da lerra. Resta saber se Deus fez OS homens só paroa as coisas (;iceis. . N~o é prudente ter como alvo :I. igualdade de export3ç-lo nos dois tipOs de conserva, sabido que a de peixe é especificamente mais vali· 06a; mas 3 diferença que o quadro aponta mostra um plano de acção àqueles que pel"C".un tempO 3 pensar nestes temerosos empr,(!imdlment0.5. COtno dizia o 3utordo pl~no de inq1.lérilo de 1907. E ê preciso perder esse te mpo (ou ganhj·lo), porque n:lo basta, para que 3S indústrias nasça m (esta ou qua lquer ou tra), actuar em a u· saa indirect:ls como n energia, os tiJ.nspones ou :I. laxa de juroi não estamos em (,'Ondiçôcs de reagir eficazmente a meios tão Suaves. lhe Para dar nome e crédito ~ indúslri:1 de con$(!l'V"d de vegetais, para ~r uma base séria de desenvolvimento, creio ser necessário, ape· lar cbs esterili.zaçôes quase sempre inlposta5 pela técnica do oficio,


J. /I. _ , . DlasJr.

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hóibituá-Ia ao princípio do mais severo respeito pelas preocupações de higiene e de valor nutritivo requeridas por um produto aUmentar em tetT3 de civilização awantacb..

Comecei .. esboçar essa política. Proibi novas montagens para a fabricação da massa de tomate, em que se guarda :I polpa e se deita o líquido p<tra o esgoco, só consentindo no sistema da concentraçâo pelo vácuo. em que se aproveitam lodos 05 principios nutritivos do frulO; comecei 3 exigir revestimentos lav:1veis em todas as dependências de fabrico; pedi análises cb água - que às vezes se lira de um poço sem O'menor t'"Uidadoi pedi um projecto dos esgotos para evitar inquinações - tudo isto mil pequenas coisas que julguei fazerem parte daquela cduC!lçao civiçp, que o Terreiro do Paço deve dar ao P:&is. Mas afin~J eram esquisitices minhas: no :100 que corre j~ foram ,,1» lidas - e rudo seguLr:1 5CIt1 novidade, continuando ;l Ir p;ara o esgoto o

sumo do lomale e a aproveilar~ a água do poço sem análise. se ilS veze~ olgum povo ~ chama HwTtmlJOlII ou. sem o dl7..cr. toma

fumaças disso, ficamos imensamenle ofendidos. Julho e Agosto de 1945.


A FECHAR Este volume eSlava escrito c entregue ao Editor qu:mdo, em OuIU·

bru. comewu a Irulnifestlr-se o movimento c""mado de

oposiç~o.

Isto

me fol\.";I a ;;Jc.'n!8Cenlur du:..'!! IInhAIt.

procurei que as palavras deste livro fossem o supone de alguma coisa simultaneamente c1ar;t, concreta e verdadeira - o que ":lo acontece :1 todas as palavras; n:1o escrevi o Uvro de um oprimido mas ape-

nas O de um discordante de certas opiniões clássicas em maléria de economia portuguesa e, mais ainda, dil frouxidlo com que tem sido

conduzida desde sempre, e conlinua a sê-Io, a nossa politica industrial. O comentSrio, por vezes ~pero. que faço ;\ nossa pobreza, n:lo l: o 313que 3 uma siruaçilo política, como já acentuei (ng 16), mas uma

exortaç!lo ao meu Pais. onde todos s:lo igualmente respons~Yeis ou igualmente vítimas; e por isso verei com desgosto e considcrnrci menos honesta «xla a polémica p.utid4rl::.. de qualquer lado que venha. que tome por base 3S fr:lquezas aqui postaS a nu. Pal"3 mais alto papel as

desCreVi· Faço flCstaS páginas, ;) acrual síluaÇ".lo política, 3 íustiça que julgo merece, porque ela satisfaz em gl"3nde parte o meu ideal de ordem. de decoro e de realidade; mas como sou um homem livre, desligado de mitOS que levam 13010 cidadão JUSto às últimas incoerências, venho no gozo dessa liberdade, que ainda n:lo foi oCendida, dizer em pGblico que 3S realizações econ6micas, num senlido que ainda se n:1o seguiu OU se não COmpreendeu entre nós, são o melhor caminho - porven-

o único - paro elevar. na m:uérla e no espírito. a vida do povodeste povo ;m6nimo a que peJ1enço. O resto , o que tenho lido I.! ouvido em matéria de Economia,

tut'A

parece-me ter laivos de academISmo ou de arruaça cord1S diCerentes no sentir da multid3o.

Dezembro de 1945.

a dedJlharcm


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