O projeto do Edifício Almeida da Silva tem como desafio a concepção de um projeto de habitação de interesse social no espaço um dia ocupado por essa emblemática obra arquitetônica. Esse desafio foi encarado a partir de duas óticas: a preservação da memória arquitetônica e social preexistente e a incorporação das necessidades de seus novos usuários.
Circulação interna
Partindo dessas premissas, criamos duas lâminas habitacionais atingindo o gabarito de 81m, embasadas por um programa que complementa as necessidades de seus usuários e dialoga com a cidade: um edifício de HIS, que conta com uma oficina de reciclagem de papel, um memorial e uma praça coberta. Os programas escolhidos para acompanhar o programa habitação levam em conta o contexto, principalmente social, no qual o edifício está inserido; a oficina de reciclagem foi pensada como local de aprendizado aos moradores e não-moradores e como local de produção - o que criaria uma renda para essas pessoas através da comercialização do que for produzido nas feiras de segunda e quinta feira e ainda contribuiria para a conscientização sobre a questão do lixo e de como tratá-lo.
O memorial, proposto à meio nível do abaixo do térreo, pretende rememorar a história do edifício anteriormente ali presente sem deixar que a história da tragédia - humana e urbana - seja esquecida, nos convidando a uma reflexão sobre a problemática habitacional na cidade de São Paulo. Como memória da ocupação, o nome dos falecidos no incêndio faria parte da exposição, buscando lembrar das pessoas que ali viveram - também presente no nome do edifício, homenagem à família dos gêmeos Wendel e Werner. Já como lembrança da identidade arquitetônica do edifício Wilton Paes, fotos e cartazes preencheriam as paredes. A famosa escada helicoidal seria a peça principal como escultura que pode ser vista da rua, através dos caixilhos que também foram feitos com base no edíficio tombado.
A circulação vertical foi posicionada em um bloco contíguo à empena cega vizinha com o objetivo de posicionar as lâminas habitacionais na melhor orientação NO-SE, garantindo condições adequadas de insolação e ventilação às unidades, as quais são acessadas por passarelas metálicas interconectadas que assumem também o papel de travamento estrutural e dão unidade ao conjunto. As unidades foram pensadas, por sua vez, de modo que as áreas molhadas ficassem nas paredes voltadas para a circulação horizontal e as áreas secas, que permitem as maiores janelas, fossem voltadas para a rua em uma das lâminas e para a Igreja Evangélica de São Paulo na outra. Isso cria uma fachada de grandes janelas no sentido horizontal e que criam um ritmo nessa direção. A fachada também foi tratada com cores de modo a ressaltar esse ritmo e dar vida ao espaço criado.
200 unidades, sendo:
Unidade 60 m² 8 unidades
Memorial
Considerando a diversidade de tipos de usuários a quem as unidades habitacionais se destinam, propusemos cinco tipologias de habitação (dois apartamentos-tipo de 30m² e outros de 36m², 42m² e 60m²) que levam a uma ocupação que vai desde uma até oito pessoas por apartamento.
Pavimento tipo 1
Além disso, considerando também acessibilidade universal, nos propusemos o desafio de projetar todas as unidades acessíveis de acordo com a NBR9050, respeitando as referências de metragens usuais para HIS no Brasil. Como forma de otimizar os espaços internos, sugerimos que os móveis considerados essenciais (armários e mesas de refeição) sejam entregues como parte da habitação.
Unidade 42 m² 26 unidades
Unidade 36 m² 52 unidades
Estrutura
Pavimento tipo 2
Lavanderia do condomínio Salão multiuso
Circulação
Unidade 30 m² 88 unidades
Oficina de reciclagem de papel Primeiro andar: oficina e área comum
Uso condominial: lavanderia e sala de reuniões
Uso público: oficina de reciclagem de papel
Unidade 30 m² 26 unidades
Estacionamento para veículos leves e bicicletas Bicicletário público Bicicletário
Térreo Corte transversal
EDIFÍCIO ALMEIDA DA SILVA habitação de interesse social + memorial + oficina de reciclagem de papel+ praça coberta