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ENTREVISTA - Casa Durval atua no diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil
A Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer completa no próximo mês de julho, 25 anos de atuação, cumprindo a missão de acolher crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas crônicas, assim como a seus familiares. A casa nasceu fruto da luta pela cura do câncer do filho de Rilder Campos, presidente da instituição.
CASA DURVAL ATUA NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DO câncer infanto-juvenil
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POR CIONE CRUZ
A Ordem: Como nasceu a Casa Durval Paiva? Rilder: A Casa Durval Paiva foi criada há 25 anos com o objetivo de acolher, amparar a criança e o adolescente com câncer e doenças hematológicas crônicas no Estado do Rio Grande do Norte. Ao longo desses 25 anos, a instituição tem feito esse papel, tentando resgatar também a cidadania e a dignidade dessas pessoas. Quando eu falo dessas pessoas, eu estou falando do paciente e como consequência, a família. Então, todas as nossas ações visam isso. Elas visam dar equilíbrio às famílias, o suporte para enfrentamento dessas doenças, que é diferente de outras doenças, porque demanda muito tempo. Pelo menos cinco anos na casa, e aí a gente busca, procura uma interação, que é muito próxima, com a sociedade e com empresas. Fazer com que a Casa seja autossustentável e possa acolher, da melhor maneira possível, essas famílias.
A Ordem: De que forma a casa se mantém, hoje? Rilder: Prioritariamente, doação. São quase 20 mil pessoas que fazem doações todo mês. São pessoas que se identificam com a causa, se aproximam pela identidade com a instituição. A instituição conseguiu um protagonismo que transcende o Rio Grande do Norte. É reconhecida no Brasil inteiro pelo que faz. Em 2018, foi considerada melhor ONG do Brasil e isso a credencia a receber essas doações. Credencia a fazer com que as pessoas se sintam à vontade para doar. A doação é uma ferramenta que é utilizada como sustentação de uma entidade do terceiro setor, mas as pessoas precisam se sentir confortáveis, se sentir à vontade para doar, e é isso que a gente busca através da transparência, da credibilidade e da resolutividade.
A Ordem: A Casa realiza constantemente uma campanha para o diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil. Como se dá essa atividade? Rilder: Na verdade, existem várias ações que a gente faz. O nosso dia a dia é uma eterna campanha pelo diagnóstico precoce, porque a gente tem os parceiros, a imprensa do Rio Grande do Norte, pela qual a gente tem uma gratidão enorme, que nos ajuda bastante, senão não teríamos essa visibilidade. Todas as nossas ações, as folheterias, as mídias sociais. Todas as formas possíveis que a gente tem, utilizamos para divulgar os sintomas, para que as pessoas saibam que com o desenvolvimento da cultura, toda sociedade é privilegiada, porque o câncer é democrático; se dá em todas as classes, credos e raças. Então, ele pode dar no meu filho, no seu neto, no seu parente, no seu vizinho, no seu amigo. Então, a gente pensa que às vezes ele não vem. E ele pode chegar. É um problema de toda a sociedade. É por isso que a gente tenta, de forma contundente, fazer com que a campanha exista, a campanha aconteça, que ocupe os espaços para que a sociedade possa se prevenir. O carro-chefe da Casa Durval Paiva é fazer campanha pelo diagnóstico precoce. Nós tempos aqui um time, uma equipe multiprofissional que preenche esse dia a dia, que faz com que essas crianças sejam atendidas da melhor forma possível. E com resolutividade. A gente procura fazer no tempo mais célere possível, da melhor maneira possível, e aí nós temos que enveredar por essa luta árdua, que é a luta em busca da cura.
A Ordem: Quais serviços a casa oferece, hoje, à população? Rilder: Nós temos uma equipe multiprofissional, que vem desde o dentista, a pedagoga, a assistente social, a psicóloga, a terapeuta ocupacional, a fisioterapeuta, a professora de artes, professora de informática, profissionais esses que vivem o dia a dia da criança. Aqui e também no hospital. Nós tempos cinco pedagogas que acompanham a criança no hospital para que elas não percam o ano letivo, para que elas tenham uma interação com a rotina, porque quando você adoece, você perde a rotina, e a rotina que você perde é o lazer, o trabalho, e o estudo que a gente busca aqui trazer de volta. Na hora que a gente perde isso, a gente fica muito pesaroso. Todo atendimento que dá equilíbrio, que melhora a qualidade de vida. Nós temos um projeto que é de visita à casa da criança lá onde ela mora. Em Pau dos Ferros, na Paraíba, no Ceará, para ver a
condição socioeconômica dela, pra ver as condições de moradia. Por isso nós desenvolvemos um projeto chamado Vida, que leva roupa, cesta básica e constrói casas para quem tem condições precárias de moradia. Agora em 2019 construímos a centésima casa, fizemos mais de 130 obras de reformas (quarto, cozinha, telhado, cisternas, rebocado), tudo nessa vibe de resgatar a cidadania e a dignidade. Podem ser beneficiadas pela instituição, crianças com doenças oncológicas ou hematológicas que tenham situação socioeconômica precária e com idade até 18 anos. Geralmente a porta de entrada são os hospitais. Eles vêm, o hospital faz o diagnóstico e encaminha, mas às vezes vem algum paciente direto, pois a Casa já é conhecida, então isso é um facilitador, como referência.
A Ordem: Na sua visão, qual a importância deste trabalho? Rilder: Na verdade, o diagnóstico precoce não temos como mensurar, porque infelizmente no Estado do Rio Grande do Norte não tem números. O papel da Casa nesses últimos 25 anos, o trabalho da Casa Durval Paiva no tratamento das doenças oncológicas e hematológicas, foi um diferencial, por tudo que ela tem feito, por tudo que ela tem proporcionado a esse paciente, por tudo que ela tem desenvolvido e criado para que ele tenha uma vida digna, possa fazer um tratamento digno, possa fazer o resgate da cidadania, incluído socialmente, possa ser respeitado como cidadão. São muitos valores embutidos na ação de acolhimento.