Universidade São Francisco Arquitetura e Urbanismo
NOVA
PAISAGEM para uma VELHA HISTÓRIA
Gelissa Grisolia Cezarini Orientador: Prof. Dr. Fernando Atique Trabalho de Conclusão do Curso 2008
“Tratando-se de estética, é interessante chamar a atenção para o fato de que ela não surge do nada. Ao contrário, trabalha com a história, mesmo quando pretende mudar os rumos dela.” Benedito Abbud 2
Agradecimentos Para a realização deste trabalho, sou profundamente grata: Primeiramente, aos meus pais, pelo suporte e carinho incondicionais durante todo o curso, sem os quais a realização do mesmo não seria possível. Ao meu irmão, pela compreensão, amizade e afeto. Ao meu namorado pelo enorme auxílio, torcida, carinho e paciência, ao meu lado em todos os momentos e vai-véns deste trabalho. Aos amigos que me ajudaram de verdade e os que torceram por mim. Aos professores que me acompanharam no TCC e ao longo do curso. À banca examinadora, presidida pelo meu orientador Fernando Atique, composta por Nilce Cristina Aravechia e George Dantas, pelas leituras positivas, contribuições críticas e incentivos para a realização deste trabalho. Especialmente, ao Fernando pela orientação precisa, atenção e generosidade em compartilhar comigo seus conhecimentos. Às arquitetas Karina Saab e Mariana Andreatta pela oportunidade que me deram de estágio em seu escritório de arquitetura e paisagismo, além da confiança e compreensão no decorrer do curso. Às pessoas de Piracaia com quem conversei e que me emprestaram tempo e materiais. Á Deus, sempre.
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SUMÁRIO
1) INTRODUÇÃO – 5 2) JUSTIFICATIVA – 6 3) ESCOLHA DO LOCAL – 11 4) PROGRAMA – 15 5) ANÁLISE DO PROJETO – 19 6) REFERÊNCIAS PROJETUAIS – 24 7) REFERÊNCIAS CONSTRUTIVAS – 27 8) BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – 31 ANEXOS
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1) INTRODUÇÃO
Fig. 01: Foto antiga da Praça do Rosário. s/d.
No sentido de preservar as tradições populares da cidade de Piracaia, surgiu a idéia de se realizar um projeto de melhorias nos espaços onde são realizados os eventos da cidade, exposições e quermesses, ou seja, sua área central. Um local que além de abrigar estas manifestações de cunho cultural próprias do município e de lazer, possa, ao mesmo tempo, transmitir bem estar e ser agradável. Este trabalho tem como finalidade não apenas criar espaços funcionais para exposições e festas, mas também restaurar os espaços de lazer existentes que hoje se encontram danificados.
Fonte: acervo pessoal de VALTER CASSALHO.
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2) JUSTIFICATIVA Piracaia é uma cidade que promove muitas festas religiosas e sobre sua cultura local, como quermesses, rodeios, eventos ecológicos, turísticos e outros. Tais eventos podem ser observados no seguinte calendário da cidade e lista de manifestações culturais. Calendário de eventos: Janeiro Dia 20: Festa de Nossa Senhora do Rosário, São Sebastião e São Benedito. Fevereiro Carnaval: Bloco Zé Pereira com Bonecões de papel machê, marchinhas de carnaval, carnaval ao ar livre. Março Projeto música na Praça (realizado na Praça da Matriz Santo Antônio da Cachoeira) Maio Dia 1° Passeio Ciclístico Dia do Trabalhador (apresentações escolares nas praças) Encontro de Violeiros Junho Dia 05: Dia Mundial do Meio Ambiente Dia 13: Festa do Padroeiro Santo Antônio da Cachoeira Dia 16: Aniversário da cidade Apresentação da Congada Festa Junina nos Bairros e na Praça do Rosário
Julho Projeto Super Férias (Arte na Praça – artesanato, música e exposições). Agosto Festa do Peão de Piracaia Setembro Comemoração Sete de Setembro com apresentações culturais Outubro Dia 12: Festa das Crianças e Festa Nossa Senhora Aparecida Semana da água Novembro Arte e Cultura na Praça, com feiras de música e artesanato Dezembro Projeto É Natal Iluminação e coral na Praça Reveillon na praça Corrida de São Silvestre Exposição de Presépios Casa do Papai Noel Manifestações Culturais Pretinhas da Guiné, Congada, Caiapó, Banda Sinfônica de Piracaia, Orquestra Canto da Terra, Congada Verde e São Gonçalo, Projeto Fanfarra na Montanha, Projeto Guri, Bonecões, Festa Junina, Cavalhada, Catira, Orquestra Santo Antônio da Cachoeira, Grupo TLC, Altar de São Gonçalo. 6
Fig. 02: Foto do desfile das escolas de Piracaia comemorando o aniversário da cidade mostrando tradição antiga na cidade – 16/06/1978.
Fig. 04: Dança de São Gonçalo.
Fonte: PIRACAIA: SOSSEGO NAS MONTANHAS. 2006.
Foto: acervo pessoal de HELENA MARIA ANDRADE.
Fig. 03: Congada Branca -12/10/2008.
Contudo a cidade não possui um local adequado e viável para realização de tais eventos e que atenda as necessidades da população. As festas ocorrem na Praça das Bandeiras, entre a igreja do Rosário e a antiga Casa da Agricultura, um espaço descoberto que é adaptado em época de festa com uma cobertura construída com bambu e lona (nada eficazes em épocas de chuva) e balcões feitos com tábuas de madeira para a venda de bebidas, alimentos e para os jogos típicos de quermesses em cidades do interior. Fatos que justificam a proposta de adequação do espaço da Praça das Bandeiras para que estes eventos tradicionais na cidade ocorram em local agradável. Também não existe um espaço adequado para exposições e abrigo do acervo cultural existente. Daí surge a idéia de criar um Centro de Memória e Cultura de Piracaia.
Foto: CEZARINI. 2008.
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Justificativas para intervenção na Praça do Rosário: As árvores são muito antigas, muitas estão doentes e não são feitas as limpezas necessárias e podas corretas. As árvores antigas permanecem e foi criado um projeto de paisagem na praça; com base em árvores existentes (grande porte) e nova forração, eliminando apenas arbustos, pois os mesmos formam uma barreira visual desnecessária. Uma vez que existem banheiros públicos atrás da Igreja do Rosário, o mesmo se faz desnecessário sob o coreto podendo ser aterrado e o edifício da antiga biblioteca está sem uso, não justificando sua permanência e levando em consideração a falta de espaço livre na praça. Verifica-se hoje que os canteiros da praça, onde estão as árvores, possuem apenas terra e arbustos, desagradáveis esteticamente e com barreiras visuais. O paisagismo irá revitalizar a praça, melhorando seu uso em lazer e estar. O uso da igreja para turismo, ofícios religiosos, visitas e celebrações, mostra-se às vezes complicado devido ao trânsito. Com o alargamento das calçadas e o estreitamento da rua em frente à igreja resultará em saída das missas e ofícios com tranqüilidade, revitalização do espaço em frente e em torno da igreja, além da estética e mais um local para algum evento durante as festividades do padroeiro e aniversário da cidade. O piso da praça é de cimento e encontra-se danificado. Atualmente ela é escura devido à pouca iluminação, com a proposta do projeto de iluminação, ganhará revitalização de seu uso durante a noite. Até mesmo o comércio ao seu redor intensificaria com seu uso durante o dia e noite. A seguir, fotos da praça que reforçam as justificativas descritas.
Fotografias antigas da Praça do Rosário:
Fig. 05. Fonte: acervo pessoal de TETÊ BRANDÃO. s/d.
Fig. 06. Fonte: acervo pessoal de TETÊ BRANDÃO. s/d.
Fig. 07. Fonte: acervo pessoal de TETÊ BRANDÃO. 1942. 8
Fig. 08. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 11. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 14. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 09. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 12. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 15. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 10. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 13. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 16. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 17. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 20. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 23. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 18: Excesso de espécies diferentes
Fig. 21: Canteiros descuidados
Fig. 24: Árvores sombreando toda a praça
Fig. 18. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 21. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 24. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 19. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 22. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 25. Foto: CEZARINI. 2008.
3) ESCOLHA DO LOCAL
Dados da cidade de Piracaia – SP
Área escolhida
Mapa 02: Limites
O projeto em desenvolvimento será implantado na área central da cidade de Piracaia, abrangendo a Praça Nossa Senhora do Rosário, Praça das Bandeiras, espaço da antiga Casa da Agricultura e o terreno na Avenida Dr. Cândido Rodrigues. O local escolhido é uma das poucas áreas de baixa declividade do município, apresentando sutis diferenças de cotas no percorrer da área escolhida, o que facilita o acesso de pedestres. A vegetação da área é abundante somente na Praça do Rosário, não possuindo nenhum paisagismo ao longo dos demais espaços. Mapa 01: Localização da Av. Dr. Cândido Rodrigues.
Fonte: PIRACAIA: SOSSEGO NAS MONTANHAS. 2006.
Legenda: Região Administrativa de Campinas 1 – Piracaia 2 – Joanópolis 3 – Vargem 4 – Bragança Paulista 5 – Atibaia 6 – Bom Jesus dos Perdões 7 – Nazaré Paulista
Fonte: PIRACAIA.COM, acesso em 28/abril/2008.
Região Administrativa de São José dos Campos 8 – Igaratá 11
População estimada: 23.347 Fig. 27: Vista parcial de Piracaia em 1940.
Distâncias: São Paulo: 80 km Jundiaí: 70 km Campinas: 91 km Bragança Paulista: 28 km Fonte: IBGE, 2006.
Fig. 26: Piracaia em 1916.
Fig. 27. Fonte: acervo pessoal de TETÊ BRANDÃO. Fig. 28: Vista parcial da cidade de Piracaia em 2006.
Fig. 26. Fonte: acervo pessoal de VALTER CASSALHO.
Fig. 28. Fonte: MILGUEL ÂNGELO PINHEIRO. 12
As fotos a seguir, feitas a partir de levantamento de campo, mostram alguns pontos da รกrea e reforรงam os aspectos apontados. Fig. 29 a Fig. 32: Praรงa das Bandeiras. Local onde sรฃo realizadas as quermesses da cidade
Fig. 31. Foto: CEZARINI. 2008. Fig. 29. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 30. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 32. Foto: CEZARINI. 2008. 13
Fig. 33: Antiga Casa da Agricultura
Fig. 33. Foto: CEZARINI. 2008. Fig. 34: Rua entre a igreja e a praรงa
Fig. 34. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 35: Um dos trailers existentes na praรงa.
Fig. 35. Foto: CEZARINI. 2008. Fig. 36: Coreto visto de fora da praรงa.
Fig. 36. Foto: CEZARINI. 2008. 14
Fig. 37: Sanitários públicos existentes atrás da igreja.
Fig. 39: Situação atual do terreno do antigo Departamento de Obras da Prefeitura Municipal de Piracaia, demolido em Abril de 2008 (Avenida Cel. Silvino Julio Guimarães).
Fig. 37. Foto: CEZARINI. 2008. Fig. 38: Continuação da rua mostrada na Fig. 37, passando pela praça.
Fig. 39. Foto: CEZARINI. 2008. Fig. 40: Rua Antônio Vitor da Luz, que chega a Praça Nossa Senhora do Rosário e Praça das Bandeiras.
Fig. 38. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 40. Foto: CEZARINI. 2008. 15
Fig. 41: Antigo prédio da Biblioteca Pública Municipal de Piracaia
Fig. 41. Foto: CEZARINI. 2008. Fig. 43. Foto: CEZARINI. 2008. Fig. 42: Antiga residência e atual Biblioteca Pública Municipal de Piracaia
Fig. 42. Foto: CEZARINI. 2008.
Fig. 44. Foto: CEZARINI. 2008. 16
4) PROGRAMA
Fig. 45: Foto aérea – Potencial Programático.
O aspecto da multifuncionalidade é adquirido pelo seguinte programa: Centro de Memória: Espaço para o acervo permanente e exposições itinerantes. Administração, copa, sanitários, depósito. Infocentro: sala com computadores para acesso público á internet. Áreas de lazer: áreas de descanso e palco natural da Praça do Rosário, Setor Gastronômico e local mais bem qualificado para a realização das quermesses na Praça das Bandeiras. Serviços: Sanitários públicos e estacionamentos. Potencial Programático: 1 – Praça Nossa Senhora do Rosário: áreas de descanso, lazer e exposições artísticas. 2– Praça das Bandeiras: adequação do local e desenho de piso demarcando espaço para quermesses e construção de sanitários públicos. 3– Terreno do antigo prédio do Departamento de Obras da Prefeitura: Centro de Memória e Cultura e o Infocentro público. 4– Local da antiga Casa da Agricultura do município: Setor Gastronômico, para onde se deslocaram as lanchonetes que antes ficavam espalhadas pela praça.
Fig. 45. Fonte: GOOGLEEARTCH, 2008. 17
5) ANÁLISE DO PROJETO Partindo da idéia de se fazer um projeto que não seja criado somente para abrigar turistas se escolheu a área do projeto. Com base nas quermesses realizadas na Praça das Bandeiras, esta recebeu uma nova paginação de piso, com marcações de pisos diferenciados (1), informando o espaço que cada barraca de quermesse irá ocupar, sem fugir muito de como isso é feito atualmente. Assim toda a área projetada fica homogênea, devido ao desenho de piso contínuo, mesmo com seus degraus e rampas de acesso atravessando toda a Praça das Bandeiras e, passando pela Praça do Rosário, chega até o coreto. Mostrando uma nova praça e nova área para os piracaienses sem alterar sua forma original. Retratando um pouco da cultura local através da gravação das letras de músicas dos compositores e poetas que tem como sua cidade natal Piracaia, esculpidas no granito preto que formam as linhas de piso que se finalizam no coreto (2). No atual terreno que fica logo atrás da Praça das Bandeiras foi criado um novo edifício, que abrigará um Centro de Memória do Patrimônio e Cultura da cidade (3). Este espaço será composto por um corredor de exposições do acervo cultural existente na cidade como, por exemplo, fotos e filmes históricos que retratam como era Piracaia e sua população antigamente, incluindo uma sala com retroprojetor. Também neste edifício, haverá o Infocentro municipal, para que a comunidade possa ter acesso à internet e realizar pesquisas. Foi criado um eixo, onde turistas e moradores possam
caminhar pelo centro da cidade seguindo indicações do piso que os levarão da Praça do Rosário, passando pela Praça das Bandeiras, até a chegada ao Centro de Memória. Entre este Centro e a Praça das Bandeiras a rua e a calçada estarão no mesmo nível e no mesmo piso (4). Haverá um sistema de comunicação visual adequado nesses locais e um projeto de paisagem tornando os ambientes agradáveis e de fácil acesso. Também faz parte do projeto uma intervenção na Praça do Rosário, (5) incluindo: projeto de paisagem nos canteiros e projeto de restauro do coreto, retirada do edifício da antiga biblioteca e, no local desta, a criação de um piso com altura intermediária, entre o piso da praça e o da calçada ao redor da mesma, demarcando uma área para exposições (artísticas e culturais) e para apresentações e eventos (tornando um pequeno palco natural). Outro ponto importante é a ampliação das calçadas entre a praça e a Igreja do Rosário (6), formando um calçadão. Ocorrerá o estreitamento da rua de forma a diminuir o tráfego de veículos, tornando estes espaços mais agradáveis e tranqüilos para os pedestres, além de ampliar a praça. Todos os atuais traillers foram removidos e ganharam novo formato padronizado e novo espaço, ao lado da Praça das Bandeiras, nomeado de Setor Gatronômico (ocupando o espaço da antiga Casa da Agricultura do município) (7), diminuindo as barreiras visuais ao redor da praça sem extinguir o ponto de encontro dos jovens, requalificando-o. Novos pisos foram colocados formando desenhos que 18
interliguem o novo Setor Gastronômico, as duas praças e o Centro de Memória. Toda a área em questão receberá um projeto de iluminação adequado, valorizando a arquitetura do local e suas funções, favorecendo os pedestres.
Fig. 47: Perspectiva da Praça das Bandeiras (1)
Estes locais irão se tornar pontos de encontro dos moradores em ocasiões especiais e no cotidiano, aberto para toda a população da cidade, restaurando um pouco da história e da cultura popular. Desse modo, os espaços do projeto e os eventos sociais e culturais formarão um circuito na cidade.
Fig. 46: Perspectiva do Setor Gastronômico (7), ao fundo a Igreja do Rosário.
Fig. 47. Desenho: CEZARINI. 2008. Fig. 48: Perspectiva da Praça Nossa Senhora do Rosário (2)
Fig. 46. Desenho: CEZARINI. 2008.
Fig. 48. Desenho: CEZARINI. 2008. 19
Fig. 49: IMPLANTAÇÃO DA ÁREA DO PROJETO PARA MELHOR ENTENDIMENTO DA ANÁLISE
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Apoiados em mapas e desenhos de múltiplas escalas, formados por levantamento métrico a campo, os estudos seguiram procedimentos habituais de projeto, baseando-se em breve pesquisa histórica, análise do contexto, levantamento da situação existente, observação de usos, identificação de conflitos entre projeto e uso, elaboração de alternativas e verificação das propostas.
A remoção destas barreiras e o aumento de acessibilidade têm como objetivo o crescimento do número de usuários, relevando entre eles uma maior diversidade. Para garantir que o espaço público funcione além de criar acessos largos e mais convidativos, é preciso ter opções de lugares para assento. Para isso, os bancos da praça foram substituídos por bancos de madeira em um formato harmônico com a praça.
Critérios prioritários no projeto
Análise das não-conformidades
Avaliando os três tipos de barreiras (físico, visual e simbólico/social) podem-se observar as seguintes existentes na área do projeto:
Foram sistematizadas em três categorias básicas.
Físico: a dificuldade nas condições de travessia da rua defronte a igreja e a falta de qualidade ambiental dos trajetos. Visual: define a qualidade do primeiro contato, mesmo a distância, do usuário com o local. Com a retirada dos trailers a praça será visível por todas as calçadas e bem iluminada sendo mais propícia ao uso. Simbólico/social: refere-se à presença de sinais, sutis ou ostensivos, que sugere quem é e quem não é bem-vindo ao lugar. Construções e atividades exercem o controle social de acesso. Como é o caso das grades desnecessárias ao redor do edifício da biblioteca e da antiga Casa da Agricultura, que serão removidos.
Não-conformidades por: 1 – intervenções oficiais: grades cercando o edifício da biblioteca e da antiga casa da agricultura e canteiros sem manutenção. 2 – projeto: dificuldades e falta de acesso, calçadas estreitas, falta de iluminação, lixeiras e opções de uso. 3 – uso: mau-cheiro devido banheiro sob o coreto (que se encontra fechado), trailers espalhados ao redor da praça.
Projeto de Paisagem na Praça do Rosário Na praça predominam árvores grandes com copas marcadamente horizontais, por isso o maior sombreamento no verão ocorre nos lados leste (sombras às 3 horas da tarde) e oeste (às 9 horas da manhã) da praça. Por ser uma praça bastante sombreada, os canteiros não receberam grama (que necessita de insolação direta para sobreviver) e, sim, forrações. 21
Plantas rasteiras utilizadas que suportam sombra constante em duas categorias:
estilo e funções já existentes, além do patrimônio cultural e arquitetônico local.
Cores nas folhas: grama preta (verde escuro), clorofito (verde claro), peperômia-marron (verde escuro amarronzado). Cores nas flores: planta-tapete (floração rasa alaranjada e folhagem mesclada verde escura nas bordas e verde claro no centro). Já nas outras áreas do projeto os canteiros receberam espécies vegetais que suportam insolação direta. No Setor Gastronômico os canteiros são compostos por bulbine (com flores pequenas, amarelas ou alaranjadas) e podocarpus (pinheiro-budista, para barrar visualmente a área de serviço atrás das lanchonetes e ornamentar o muro). O canteiro que fica logo á frente do Centro de Memória e Cultura, recebe gramaesmeralda, que possui uma maior resistência a pisoteio.
Fig. 50: Perspectiva da Praça Nossa Senhora do Rosário (5)
As espécies que foram mantidas são: albízia, tipuana, jacarandá-mimoso, sibipiruna e duas palmeiras na escada da Praça das Bandeiras. Interessante considerar que o projeto de paisagismo pode dispor de diferenciados atrativos florais em diferentes estações além de texturas diferentes, numa regra de contrastes. Este trabalho propõe alternativas para ampliar seu espaço de convívio social, por meio de desenho mais convidativos e adaptáveis que privilegiem o acesso, a integração com o entorno e a articulação com o tecido urbano, sem deixar de preservar o
Fig. 50. Desenho: CEZARINI. 2008. 22
Tabela 01: EspĂŠcies existentes
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Tabela 02: EspĂŠcies do Projeto de Paisagem
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6) REFERÊNCIAS PROJETUAIS LA PLACE DES TERREAUX Cristian Drevet e Daniel Buren (Lyon, France) 1994 A Place de Terreaux determina os eixos principais da cidade, que no caso são: eixos este-oeste de crescimento urbano e o eixo norte-sul dos rios, formando um ponto de encontro e conseqüentemente sendo a articulação principal da cidade, com a presença de estacionamentos, uma igreja (Palaís Saint-Pierre) e a Fonte de Berthold. Esta praça foi projetada para ser foco central da cidade, baseando seu traçado nas proporções das construções vizinhas. Além disso, ela conta a história social da França através de suas esculturas. O tráfego de veículos só é possível pela periferia da praça, tornando o espaço agradável para os pedestres e visitantes, que assim podem desfrutar do local com tranqüilidade. A água acaba se tornando protagonista da praça, efeito de um remodelamento da Fonte de Berthold criando-se sessenta e nove novos pontos de água. Somente três elementos sobressaem por cima do pavimento: os pontos de água blocos cúbicos que possuem a função de assento e uma fileira de colunas que marca a linha das ruas. Essa formulação, além de dar idéia de que o local é maior, facilita o entendimento dos espaços e suas funções. O aspecto da praça muda constantemente, não somente pelo jogo das fontes de água sobre o pavimento, mas também graças ao elaborado desenho do sistema de iluminação. Podemos observar na Fig. 36 uma estrutura composta por coberturas fragmentadas, protegendo mesas e cadeiras para uso livre dos visitantes, que podem ser fechadas quando necessário. A
repetição deste formato quadrado das coberturas (ombrelones) ajuda na formação do desenho da planta e deixam a praça com um aspecto regular e harmônico. Fig. 51: Através desta foto observa-se o elaborado sistema de
iluminação e seu belo efeito na praça e sob os ombrelones quadrados.
Fig. 51. Fonte: URBANISM. 2000. 25
Fig. 52. Fonte: URBANISM. 2000.
Planta geral da praรงa.
Fig. 53. Fonte: URBANISM. 2000.
Fig. 54. Fonte: URBANISM. 2000.
Fig. 55. Fonte: URBANISM. 2000. 26
Fileira de colunas demarcando a linha da rua.
A Fonte de Berthold.
Fig. 56. Fonte: URBANISM. 2000.
Ombrelones quadrados, podendo ser usado fechado ou aberto.
Fig. 58. Fonte: URBANISM. 2000.
Escada em espiral no Memorial da Cidade.
Fig. 57. Fonte: URBANISM. 2000.
Fig. 59. Fonte: URBANISM. 2000. 27
7) REFERÊNCIAS CONSTRUTIVAS Paisagismo Placemedia Lanscape Architects Naomi Uemura Memorial Park (Hidaka Town, Japan) 1994
Fig. 60. Fonte: URBANISM. 2000.
Alexandre Chemetoff Jardim d’Eau (Naney, France) 1996
Fig. 61. Fonte: URBANISM. 2000. 28
Formas simples, uso da madeira como vedação Alexandre Chemetoff Jardim d’Eau (Naney, France) 1996
Fig. 62. Fonte: URBANISM. 2000.
Fig. 64. Fonte: URBANISM. 2000.
Fig. 63. Fonte: URBANISM. 2000. Fig. 65. Fonte: URBANISM. 2000. 29
Materiais rústicos
Paginação do piso e mobiliário urbano
Jardins de Can Altamira – Distrito: Sarrià-Sant Gervasi Arquiteta: Luísa Aguado – Arquiteto técnico: Pascual Vidal Projeto: 1988 – Execução: 1990
Toru Mitani e Sasaki Environment Design Office Novartis Pharma K. K. (Ibaraki, Japan) 1993
Fig. 69. Fonte: URBANISM. 2000. Fig. 66. Fonte: URBANISM. 2000.
Fig. 67. Fonte: URBANISM. 2000.
Fig. 68. Fonte: URBANISM. 2000.
Nenad Fabijanic Main Square (Pág, Croatia)
Fig. 70. Fonte: URBANISM. 2000. 30
Paginação de piso e mobiliário urbano (Rio de Janeiro, Brasil) 2002
Fig. 71. Fonte: RIO CIDADE: O urbanismo de volta ás ruas.
Fig. 73. Fonte: RIO CIDADE: O urbanismo de volta ás ruas.
Fig. 72. Fonte: RIO CIDADE: O urbanismo de volta ás ruas. 31
8) BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Livros e trabalhos acadêmicos: ABBUD, Benedito. Criando paisagens, Guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: Senac São Paulo, 2006. BAHAMÓN, Alejandro. Arquitetura Efémera Textil. Lisboa: Monsa, 2004. BARBUY, Heloísa. A cidade-exposição: comércio e cosmopolitismo em São Paulo, 1860-1914. São Paulo: Ana Novais, 2007. BARCELONA, Rosseló. Elementos urbanos mobiliario microarquitetura. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, SA, 2000.
y
BARTALINI, Vladimir. Espaços livres públicos na cidade. Revista. Óculum, n° 5/6. p 100-102. BORGES FILHO, Francisco. Espaços Urbanos para o Lazer. Trabalho de Graduação Interdisciplinar. São Paulo: - FAU-USP, 1975.
LORENZI, Harri. Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2003. LORENZI, Harri. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2001. MOSTAEDI, Arian. Paisajismo nuevo diseño en entornos urbanos. Barcelona: Monsa, 2000. PADILHA, Márcia. A cidade como espetáculo: publicidade e vida urbana na São Paulo nos anos 20. São Paulo: Annablume, 2001. POMPERMAYER, Sandra Cristina. Centro Trentino. Monografia. Itatiba: Universidade São Francisco, 2005.
BROTO, Carles. URBANISM. Barcelona: Monsa, 2000.
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. RIO CIDADE: O urbanismo de volta ás ruas. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, s/d.
COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR. Proposta de Valorização do Centro Histórico de Salvador. Salvador: CONDER, 1978.
RODRIGUES JÚNIOR, Roberto Mello. Sistema de Área de Lazer na cidade de Santo André. Trabalho de Graduação Interdisciplinar. São Paulo: - FAU-USP, 1981.
COMPANHIA DE URBANIZAÇÃO E SANEAMENTO DE CURITIBA. Plano diretor da região de Curitiba. Curitiba: Companhia de Urbanização e Saneamento de Curitiba, s/d.
ROSSI, Aldo. A Arquitetura da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FÉLIX, Sandra Regina. Piracaia: Sossego nas Montanhas. São Paulo: Noovha América, 2006.
TEIXEIRA, Italo Filippi e SANTOS, Nara Rejane Zamberlan. Arborização de Vias Públicas: Ambiente x Vegetação. Santa Cruz do Sul: Instituto Souza Cruz, 2001. 32
FONTES DE PESQUISA
Fig. 74: Piracaiense em banco de praça.
Este trabalho teve como base, além do levantamento em campo através de fotos, levantamento métrico de toda a área em questão, e pesquisa bibliográfica, também consulta ao Plano Diretor de Piracaia e entrevista com Sr. Valter Cassalho. Fotos antigas das ruas foram conseguidas no acervo pessoal do Prof. Valter Cassalho, Helena Maria Andrade, Miguel Ângelo Pereira e Tetê Brandão. Além de pesquisa cultural no livro: Piracaia: Sossego nas Montanhas, 2006.
Fig. 74. Foto: CEZARINI. 2008.
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ANEXO 01 PONTOS TURÍSTICOS PIRACAIA – SP
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PONTOS TURÍSTICOS Santo Cruzeiro
Fonte: PIRACAIA.COM, acesso em 6/maio/2008.
Vista do Santo Cruzeiro
Fonte: PIRACAIA.COM, acesso em 6/maio/2008.
Fonte: PIRACAIA.COM, acesso em 6/maio/2008.
Cruz de cimento armado, com 14 metros de altura, construído na década de 40 pelo escultor Sr. José Bonetti e uma força conjunta de cidadãos munidos de enxada foi erguida a escada com cerca de 500 degraus, localizado no morro da Penha, considerado uma dos maiores crucifixos do mundo. Acesso: pela escada ou pela estrada asfaltada.
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Igreja Matriz de Santo Antônio da Cachoeira
Fonte: PIRACAIA.COM, acesso em 6/maio/2008.
Fonte: PIRACAIA.COM, acesso em 6/maio/2008.
A Igreja Matriz de Santo Antônio da Cachoeira situada no ponto mais alto da cidade, herdeira da pequena capela fundada em 1817 que originou a cidade. Construída com paredes de taipa de mais de 1,50 m de largura, possui ricos exemplos de arte sacra do Estado, onde se destaca o painel no teto da nave onde foram pintados os retratos de todos os papas da igreja católica sendo que em todo mundo, além de Piracaia, só existe na Basílica de São Paulo no Vaticano. 36
Igreja do Rosário Gruta Nossa Senhora Aparecida
Fonte: PIRACAIA.COM, acesso em 6/maio/2008.
Com iniciativa de um grupo de amigos, foi levantada com muito trabalho e ajuda da comunidade a Gruta de Nossa Senhora Aparecida em Piracaia. Que completou um ano dia 12 de Outubro de 2007. Represa
Fonte: PIRACAIA.COM, acesso em 6/maio/2008.
A Igreja do Rosário, que é mais antiga que a matriz, construída em 1870, em taipa e executada pelos escravos. Seu estilo colonial brasileiro assemelhava-se aos antigos casarões dos Coronéis do Café da época.
Fonte: acervo pessoal de MIGUEL ANGELO PEREIRA.
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ANEXO 02 DADOS DO MUNICÍPIO PIRACAIA – SP
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DADOS DO MUNICÍPIO
Procissão na Praça do Rosário, em 1906
Área Total: 384,7 km² Altitude: 792 m Piracaia conta com 117 estabelecimentos industriais, 478 comerciais e 295 prestadoras de serviço. Fonte: Departamento de Finanças – maio/2006.
Coordenadas Geográficas Latitude - 23° 03´ Sul Longitude - 46° 21´ Oeste CEP: 12 970-000 Fonte: acervo pessoal de TETÊ BRANDÃO.
Prefeitura Municipal Av. Dr. Cândido Rodrigues 120 • Centro Fone: (11) 4036-7221
Cadeia e delegacia, Mercado Municipal (demolido em 1968) e casa de Dna Telitza.
Câmara Municipal Av. Dr. Cândido Rodrigues 120 • Centro Fone: (11) 4036-7441 Aspectos analíticos: Na área central da cidade, o barroco brasileiro mistura-se à arquitetura moderna e, entre estes estilos, destacam-se algumas construções em colonial português, remanescentes de uma passada época de fausto que atingiu o ano de 1910, quando as novidades tecnológicas foram chegando à cidade. Fonte: acervo pessoal de TETÊ BRANDÃO. s/d.
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ANEXO 03 HISTÓRIA DA CIDADE PIRACAIA – SP
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HISTÓRIA DA CIDADE Em 1817, Da. Leonor de Oliveira Franco e seu filho Tenente José Antônio de Oliveira, moradores do bairro chamado Cachoeira, situado ás margens do rio Cachoeira, em território de Freguesia de Nazareth, município de Atibaia e comarca de São Paulo, doam um terreno em uma colina no bairro, para a construção de uma ermitã, onde aconteceu a fundação da cidade, em 16 de junho de 1817. A lei n. 651 eleva várias freguesias, inclusive Santo Antônio da Cachoeira, do município de Nazaré, em 24 de Março de 1859; a município, em 25 de agosto de 1892, pela lei n. 80. O local de fundação se deu onde hoje é a atual Praça Júlio Mesquita, onde foi erguida e inaugurada, em 05 de Novembro de 1891 a atual Igreja Matriz de Santo Antonio da Cachoeira, mesmo nome do município na época. O município passou a chamar-se Piracaia em 20 de março de1906, e seu nome origina-se do guarani, que significa cardume de peixes. Piracaia é um recanto natural muito bonito. A Mãe Natureza premiou este lugar, em todos seus aspectos. Localizada na Serra da Mantiqueira, possui muitas cachoeiras, algumas ainda desconhecidas, montanhas, trilhas, visuais de rara beleza, lugares ótimos para caminhadas, passeios de bicicleta, moto ou cavalo. Circundada por enormes represas que oferecendo aos visitantes pesca e prática de esportes náuticos. O Sistema Cantareira de Represas onde Piracaia está inserida abastece 60 % da região metropolitana de São Paulo e seu teor de potabilidade é de 95 % considerada uma das águas de melhor qualidade do Brasil.
Foto do antigo Mercado Municipal, que ocupava o terreno onde no projeto é o Centro de Memória e Cultura da cidade.
Fonte: acervo pessoal de TETÊ BRANDÃO.
O prédio do Mercado Municipal ficava atrás da igreja do Rosário. Era uma construção de madeira, feito em 1912, onde os agricultores vendiam seus produtos. Foi demolido em 1968. Foto antiga da Avenida Dr. Cândido Rodrigues
Fonte: acervo pessoal de MIGUEL ÂNGELO PINHEIRO.
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