QUADRA 21 - O Codorna é nosso!

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“O CODORNA É NOSSO!” Arthur Theodoro, Lorrayne Santos, Monalisa Lima, Sara Marques

Devemos entender primeiramente, que o centro da cidade de Goiânia é um território de muitas histórias, já que é onde, culturalmente, se desenvolvem mais atividades ligadas ao comércio, serviços e lazer, ou deveriam. Negligenciado pelo poder público, o Setor Central foi perdendo cada vez mais força em relação a tais atividades, salvo o comércio. Somado a isso existe a perda do valor arquitetônico de seus edifícios históricos, já que eles estão, ao longo do tempo, sendo degradados, sem previsão de revitalização, além do problema das fachadas, tampadas pelos letreiros das lojas que ali existem. Inserido nesse cenário existe a Quadra 21, local de intensos fenômenos sociais, que apresenta como forte característica a ocupação e apropriação dos espaços públicos, mesmo que tal comportamento tenha perdido força nas últimas décadas.

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QUADRA 21

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QUADRA 21

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A Quadra 21 está localizada nos cruzamentos das Avenidas Tocantins e Anhanguera e das ruas 3 e 9, local esse que já fala por si sobre sua importância para a dinâmica do setor, devido a vários fatores. O primeiro é que essas avenidas foram uma das primeiras a serem construídas em Goiânia (juntos das Avenidas Araguaia e Paranaíba). Outro ponto é que ambas possuem intensa atividade de comércio e serviços, sobretudo a anhanguera, planejada para ser uma das principais vias de escoamento e fluxo da cidade, no sentido leste-oeste. Para se entender melhor a importância dessa avenida, basta lembrarmos que ela liga o Centro ao Setor Campinas (principal polo de comércio da cidade) e ao Setor Universitário, onde se concentram as principais universidades de Goiânia. Tudo isso por duas vias de sentido único em direção às regiões leste-oeste, transpassadas por uma linha exclusiva de ônibus bi-articulados, o Metrobus. Ou seja, por dia, são milhares de pessoas passando e fazendo um circuito que de alguma forma dá acesso direto a nossa quadra! Já a Tocantins, partindo da quadra em questão, acessa diretamente o centro administrativo da cidade, localizado na Praça Cívica e ao Centro de Convenções de Goiânia.

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Avenida Anhaguera

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Agora concentrando nossos estudos em uma escala mais regional (entorno), podemos falar das edificações que, por estarem próximos a quadra 21, influenciam diretamente nas atividades que nela se desenvolvem. Como é o caso do Cine Teatro Goiânia e Centro Cultural Cora Coralina, ambos localizados na quadra 67, o que gera um contraste entre o antigo e o novo para a região. Inaugurado em 12 de junho de 1942, o Teatro Goiânia marcou a história da cidade ao longo dos anos. O local, que antes funcionava como teatro e cinema e hoje só acomoda as peças teatrais, foi projetado na época que o déco estava em alta, e por isso construído de acordo com as características dessa arquitetura, com uso de formas geométricas, linhas retas e circulares estilizadas, sem contar, claro, do design de luxo. E de fato, se pensarmos na época e no contexto que o Teatro foi construído, ele representava tudo que há de moderno e luxuoso para a cidade. Antes, ele era palco de muitas peças teatrais de circuito nacional, e as salas de cinema contribuíram para que ele

se tornasse o local de encontro mais simbólico para os moradores da cidade, já que esses, após os espetáculos, tinham o costume de frequentar lugares como a Pizzaria Scarolla e a Cento e Dez (antiga whiskeria), localizadas na quadra 21, na Av. Tocantins e Rua 3 respectivamente. Já o Centro Cultural Cora Coralina aparece como um projeto recente (2013), de arquitetura moderna. Inicialmente pensado para ser uma intervenção no Teatro Goiânia, acabou tomando outros rumos e se consolidando com uma edificação independente. Localizado no lote ao fundo do teatro, no subsolo, a edificação entra em conflito, em relação as fachadas, com a construção antiga em Art Déco. do Teatro. E apesar de desvinculado com as atividades que acontecem no palco logo ao lado, o Centro Cultural vem abrigando diversas atividades ligadas a exposições de obras e eventos de artistas locais, além de ser um ponto para informações turísticas da cidade. Que mais a frente veremos que tem tudo a ver com a quadra em foco e suas apropriações.


Se pensarmos a quadra 21 associada a uma linha temporal, iremos nos deparar com os momentos da história do desenvolvimento do centro. Um exemplo que ilustra essa situação são a existência de edificações na quadra que representam o processo, ao longo das décadas, da verticalização da região. Temos edifícios históricos de 1 e 2 pavimentos, marcados por suas horizontalidades. Edifícios de 3 e 4 pavimentos (década 50-60) como é o caso do Edifício 13 e do Uniorka, localizados na av. tocantins e rua 3 respectivamente. E por fim, finalizando o processo de verticalização, edifícios em altura (década de 70-80) com 15 e 20 pavimentos, representados na quadra pelos Edifícios Goiandira e Anhanguera, localizados nos cruzamentos entre av. anhanguera e tocantins e entre rua 3 e rua 9. Em relação ao último edifício, é importante destacar o seu valor histórico para o centro de Goiânia, já que ali funcionava o hoje extinto Cine Capri, que junto com o Cine Teatro Goiânia, fizeram história como os cinemas

mais emblemáticos da cidade, em suas primeiras décadas de existência. Outro tipo importante de edificação presente na quadra são as galerias. Em nossa quadra existem duas: a Galeria Goiânia Ouro e a Tocantins. A primeira foi construída na década de 70 e inicialmente funcionava apenas como cinema, mas hoje abriga o Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro e diversos tipos de comércio e serviços, como lojas de roupa, calçados, artesanato, loteria, assistência técnica de eletrônicos e escritórios de contabilidade. Um dado importante da Galeria Ouro diz respeito à apropriação do terreno para sua construção, que se fez irregular, pois se edificou em local que antes era um dos acessos para o ‘miolo de quadra’. A segunda também abriga comércios como os da Goiânia Ouro e possui uma particularidade, a de permitir um acesso direto da Avenida Tocantins para o interior da quadra, a Viela Miguel Rassi, popularmente conhecida como Beco do Codorna.

Fonte: Pedro Enrique Máximo, 2016.

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Diferentemente das outras quadras da região, a 21 carrega consigo uma particularidade, a apropriação recente do seu interior por artistas locais, transformando a viela projetada por Attilio em um grande painel para arte de rua. Mas nem sempre foi assim, problema comum aos interiores de quadra do centro, o Beco do Codorna, com alto potencial de uso público, foi, desde a concepção, gradualmente subutilizado, até chegar à condição de mero estacionamento. Apesar de ter dado lar a um bar relativamente movimentado no fim dos anos 90 (o qual deu origem ao nome popular), o uso do local como estacionamento ou espaço de carga e descarga das galerias, levou ao seu eventual abandono. Em 2014, excepcionalmente, surge o “Cena Urbana”. Proposta do professor César Viana, que junto dos estudantes do curso de publicidade da PUC-GO, levou o grupo Grafirma (um coletivo goiano de grafite e design) a esse local de abandono, para identificar nele um potencial de transformação e requalificação daquele vazio urbano a partir da arte. Desde seu encontro inaugural, em um evento que reuniu grafite, música e skate no interior da quadra 21, diversas iniciativas similares têm intensificado a apropriação do Beco pelos habitantes da cidade e também por turistas. O Festival Beco, que teve a sua primeira edição em abril de 2015, reuniu cerca de 50 artistas de todo o país, marcando também a inauguração da sede da Associação dos Grafiteiros de Goiás (AGG) e da Upoint, única galeria da cidade voltada exclusivamente aos trabalhos advindos (ou com a temática) da arte de rua. Fonte: Aproveite a cidade.

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O BECO DO CODORNA

Fonte: Mais Goiรกs.

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O BECO DO CODORNA

Entrada do Beco do Codorna. Av. Anhanguera. Fonte: Curta Mais.

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Hoje, na entrada do Beco da Codorna (pela Avenida Anahanguera) existe uma placa escrita que o identifica como “museu de arte urbana”. E, apesar de ainda não ser classificado oficialmente como um museu, o Beco é efetivamente ocupado como um espaço de apreciação da arte urbana em forma de um imenso mural de grafites em constante transformação. O icônico painel interativo “Você pode Voar”, obra do artista mineiro Dequete, atrai uma significativa quantidade de visitantes e até turistas que tiram fotos para serem postadas em suas redes sociais, divulgando o painel e atraindo outros visitantes de forma exponencial. Podemos então dizer que o Beco do Codorna é um importante cartão postal para o centro de Goiânia. As atividades que ali se desenvolvem, todas de expoente cultural, não estão ali de forma aleatória. Além da quadra 21 estar localizada em uma quadra e entorno imediato marcadas por atividades ligadas às artes, seja as que existem (teatro e cinema Cine Outro, Teatro Goiânia e Centro Cultural Cora Coralina) ou as que existiram (Cine Capri), a sua morfologia também contribuiu para a recente apropriação pelos artistas e seus murais de grafites. O seu acesso se dá por um caminho bem marcado, que termina em uma espaço amplo e fechado por grandes fachadas e paredes, que servem como uma grande tela branca e convidativa para os artistas locais ou de outras regiões. Painél interativo “Você pode voar”Fonte: Curta Mais.

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PAISAGENS

Foto: Google maps.

Avenida Anhanguera 13


Avenida Anhaguera

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Foto: Google maps.

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Foto: Google maps.

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Avenida Anhaguera

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Foto: Google maps.

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Avenida Tocantins 19


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Foto: Google maps

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Foto: Autor

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PROTAGONISTAS

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Edifício Goiandira

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Galeria Goiânia Cine Ouro

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Edifício 13

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Edifício Rassi

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Edifício 36

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Edifício Bazar kaya

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Edifício Anhanguera

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Galeria Tocantins

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Edifício São Miguel

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1 Edifício Goiandira. Fonte: Google Maps.

2 Galeria Cine Goiânia Ouro. Fonte: Google Maps.

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4 Edifício Rassi. Fonte: Google Maps.

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Edifício 36 e Bazar Kaya. Fonte: Google Maps.

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3 Edifício 13. Fonte: Google Maps.

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8 Galeria Tocantins e Edifício São Miguel. Foto: Sara Marques.

Edifício Anhanguera. Fonte: Google Maps.

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PROTAGONISTAS

PIZZERIA

EDIFÍCIO GOIANDIRA COMERCIAL 1008

Vista Rua 3

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PIZZERIA

EDIFÍCIO GOIANDIRA 994


EDIFÍCIO GOIANDIRA Na década de 1965-1975 houve um aumento acelerado da construção de edifícios em altura, que passam a ser identificados como status social e justificados como solução aos problemas de violência urbana, para os grupos de maior poder aquisitivo (VAZ, 2002). Dentro desse contexto está o Edifício Goiandira, sendo uma marca do processo de verticalização do Setor Central. Faz parte de uma época em que os edifícios verticalizados eram denominados com o nome de cidades do interior de Goiás ou em homenagem a personagens históricos. Possui 15 pavimentos, sendo o térreo de uso comercial e os demais residenciais. Não podemos esquecer que é em seu térreo que está localizado um dos marcos do circuito gastronômico da cidade de Goiânia: a Pizzeria Cento e Dez. A empresa, fundada em 28 de fevereiro de 1966, é a mais antiga pizzaria da cidade em pleno funcionamento. Ela possui os mesmos proprietários e funciona no mesmo local, com a mesma quantidade de mesas e cadeiras desde de sua inauguração - além de que 80% do cardápio também permanece original. Ela aparece, portanto, em todas as sugestões de passeio por Goiânia e nos circuitos gastronômicos da cidade. Marca a história goianiense, assim como o edifício onde está localizada.

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PROTAGONISTAS A Galeria Goiânia Ouro é hoje um edifício que abriga duas funções. Além do comércio, que ocupa o primeiro pavimento da edificação, ela possui serviços ligados a cena cultural goiana, sendo o mais expressivo o Centro Municipal de Cultura Cine Goiânia Ouro, situado no segundo pavimento. O espaço em que hoje funciona teatro, cinema, biblioteca, bar e uma loja com acervo de produções de artistas locais, é gerido pela Secretaria Municipal de Cultura de Goiás (Secult - GO) e foi reinaugurado em 2006, onde passou a ser, junto com o Teatro Goiânia, o Centro Cultural Cora Coralina, e o Beco do Codorna, local de eventos como festivais de músicas, mostra de curtas e filmes, debates, feiras, simpósios e exposições. Tal situação gera um significativo fluxo de pessoas na quadra e arredores, sobretudo

Vista Rua 9

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nos finais de semana, quando os eventos costumam acontecer. Mas esse espaço idealizado para democratizar a cultura não foi fundado nessa década. O Cine Ouro foi construído nos anos 70, quando estava em alta os cinemas de rua, e fazia parte do costume da população assistir filmes nos fim de semana com família e amigos e aproveitar o dia nos bares e lanchonetes que o centro oferecia. E claro, não era só ele que existia no local. No extremo oposto da quadra, no edifício hoje nomeado de Anhanguera, existia o Cine Capri (déc. 60) e na quadra logo ao lado o icônico Cine Teatro Goiânia (1942), que ainda está em funcionamento. Tudo isso faz com que a Galeria tenha uma importância para a herança histórica e cultural da capital.


GALERIA GOIÂNIA OURO

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PROTAGONISTAS

Vista Rua 9

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GALERIA GOIÂNIA OURO

Entrada do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. Fonte: Curta Mais.

Teatro do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. Fonte: O popular.

Espaço de café do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. Fonte: SEEG Goiás.

Acervo de artistas locais do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. Fonte: SEEG Goiás.

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PROTAGONISTAS

Avenida Anhaguera

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Viela Miguel Rassi “Beco do Codorna”

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Galeria Goiânia Ouro

Ed. Goiandira

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Imagem 01: Permeabilidade da quadra 21

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GALERIA GOIÂNIA OURO Outra característica que faz da Galeria Ouro ser considerada uma das protagonistas da quadra 21 diz respeito a sua morfologia. Sabe-se que ela possui dois acessos, um pela Rua 9 e outro pela Rua 3. Isso porque ela tem uma forma de “L”, que contorna o Edifício Goiandira, o que contribui para a quadra ser mais permeável (ver imagem 01). Outro dado importante sobre a Galeria, é que ela foi construída se apropriando irregularmente de um dos acessos para o miolo de quadra (ver imagem 02), já que, de acordo com o traçado original de Attilio Corrêia, ela possuía duas entradas para seu interior, uma pela Avenida Anhanguera (atual e única forma de acesso) e outro pela Rua 3 (acesso bloqueado pela construção da Galeria Ouro).

Avenida Anhaguera

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Viela Miguel Rassi “Beco do Codorna”

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Imagem 02: Mapa de acessos ao Beco do Codorno

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PROTAGONISTAS

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Vista Rua 9

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EDIFÍCIO 13 A década de 1950 é marcada como o início da verticalização de Goiânia, que começou no Setor Central. Essa primeira fase foi manifesta pela vista horizontalizada dos edifícios, construídos inicialmente com 2 ou 3 pavimentos. Apesar de não sabermos ao certo a data de construção do Edifício 13, localizado na Rua 9, ao lado da Galeria Ouro, podemos julgá-lo como pertencendo a esse momento da história da cidade. O edifício possui 4 pavimentos e um terraço coberto, sendo o térreo hoje uma loja de pesca e os demais pavimentos de uso residencial. No terceiro pavimento é possível observar que foram inseridos alguns elementos, que remetem os da arquitetura neoclássica, em sua fachada, porém não podemos afirmar que foi uma escolha consciente, podendo ser algo meramente intuitivo e decorativo. Atualmente, sua fachada do térreo e primeiro pavimento estão cobertas por anúncios e placas da loja que ali existe, tirando o foco de seu valor arquitetônico e histórico. Foto: Sara Marques

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PROTAGONISTAS

Avenida Anhanguera. 1940. Fonte: Acervo Digital da Prefeitura de Goiânia.

Vista Avenida Anhaguera

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EDIFÍCIO RASSI O primeiro traçado de Goiânia, concebido por Attlio Corrêia, em 1933, previa o zoneamento do Setor Central, na configuração urbana e na organização dos serviços de atendimento. Um dos locais de concentração das atividades comerciais foi ao longo da Avenida Anhanguera. Dessa forma, os edifícios que foram surgindo nesse local possuíam essa característica comercial muito forte. Isso pode ser observado no Edifício Rassi, que possui seu térreo claramente planejado para um espaço comercial. Não se sabe a data de construção exata do edifício, porém, ele aparece numa foto da Av. Anhanguera, datada de 1940, disponibilizada no acervo digital da Prefeitura de Goiânia. O Rassi possui dois pavimentos,hoje, ambos ocupados por comércio.

O Edifício posssui características do Art Déco, como foi comum aos edifícios da época. Isso pode ser observado pelas suas linhas retas estilizadas, que evidenciam a geometria e a horizontalidade da forma. Além disso, podemos observar em seu canto direito um ornamento, sendo sua função apenas decorativa, algo comum em certas fases do movimento arquitetônico. Uma característica de destaque da edificação é que ela possui duas fachadas. Uma voltada para a Av. Anhanguera, que atualmente está quase que em sua totalidade coberta como por anúncios e placas das lojas que ali existem, e outra voltada para o interior do Beco do Codorna, que por razão da apropriação do local, está estilizada com grafites de artistas da Associação de Grafiteiros de Goiás.

ED.RASSI

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PROTAGONISTAS

Vista Beco do Codorna

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EDIFÍCIO RASSI Fachada do Edifício Rassi voltada para o Beco do Codorna. O grafite usada para ilustrar é de autoria dos artistas Iowa e Kbelin. Essa arte já fez parte do acervo de grafites em Goiânia, no próprio Beco do Codorna.

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PROTAGONISTAS O Edifício 36 (que recebeu esse nome por conta de seu lote) possui traços mais racionais e aberturas que remetem ao movimento moderno. Dos seus 3 pavimentos, somente o térreo é utilizado como comércio. Seu acesso se dá pela Avenida Anhanguera, no entanto, uma de suas fachadas laterais possui vínculo direto com a Viela Miguel Rassi. Inclusive, tal fachada, é utilizada como painél para os artistas de arte urbana, que fazem dela uma grande tela para seus grafites.

Edifício 36. Foto: Sara Marques.

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EDIFĂ?CIO 36

Vista Avenida Anhanguera

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PROTAGONISTAS Fachada do Edifício 36 voltado para a Viela Miguel Rassi. O grafite usada para ilustrar é de autoria do artista Highraff, Zezão e Boleta e ele está localizado no Beco do Batman, em São Paulo.

Vista Viela Miguel Rassi

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EDIFÍCIO 36

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PROTAGONISTAS

Bazar Kaya. Detalhes revelados escondidos pelos anúncios. Foto: Arthur

Bazar Kaya. Fachada coberta por anúncios. Fonte: Google Maps.

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Em algum ponto este edifício se encontrou completamente coberto por anúncios em sua fachada. Entretanto, por volta do ano de 2017, o fechamento de um consultório de dentistas expôs os detalhes até então escondidos em seu coroamento. O edifício comercial identificado como Bazar Kaya (por ser o anúncio aparentemente mais antigo), apresenta em sua fachada ornamentações remanescentes do art déco. Não obstante, padrões de ornamentos encontrados nos frisos deste edifício coincidem com padrões presentes no Edifício Rassi, o que poderia indicar algumas possibilidades como um projetista ou construtor em comum, ou uma cartilha de decoração utilizada na época. Entretanto, a falta de evidência e impossibilidade de investigação pode significar também apenas uma coincidência. A mera presença de um conjunto de ornamentos é funcionalmente uma forma de evidenciar a passagem do tempo no tecido urbano. O edifício Bazar Kaya é, como qualquer outro remanescente do estilo Art Déco, uma pequena pista para revelar a história da nossa cidade.


BAZAR KAYA

Vista Avenida Anhanguera

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PROTAGONISTAS

Vista Avenida Anhanguera

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EDIFÍCIO ANHANGUERA O Edifício Anhanguera é certamente um ponto importante na identidade visual e funcional da quadra 21. Representando o maior volume no redor imediato, este edifício comercial de 20 andares foi, em um dado momento, lar do Cine Capri e parte integrante de um vasto cenário de cinemas de rua no centro de Goiânia, o qual se proliferou na década de 60. Nessa época, o cinema de rua era ao mesmo tempo uma grande forma de entretenimento e de apropriação do espaço público. Entretanto, com a proliferação dos shopping centers na virada do milênio, eles se estabeleceram como abrigo da maior parte dos cinemas da cidade, e, juntamente com a popularização das locadoras, tornou cada vez mais o cinema de rua como um serviço inviável. Atualmente o Edifício Anhanguera abriga uma gama de comércios diversos, entre eles a tradicional loja Kaverna, um ícone cultural da cena alternativa de Goiânia.

Seu uso mais expressivo, no entanto, é um templo da igreja universal, ocupando 2 pavimentos inteiros do edifício, presumidamente o espaço anteriormente utilizado pelo Cine Capri. Devido a uma área maior de empenas cegas do que a maioria, as fachadas do edifício se encontram cobertas por anúncios ainda maiores que os comumente encontrados na quadra. Finalmente, aspecto importante sobre o Ed. Anhanguera como uma exceção ao gabarito típico da quadra, é a geração de um marco na paisagem urbana, um ponto de referência que orienta o transeunte. Sendo um marcador do cruzamento entre a Avenida Tocantins e a Avenida Anhanguera, a torre cria uma forma de ser encontrada e, consequentemente, de encontrar protagonistas adjacentes como o Teatro Goiânia, a Vila Cultural Cora Coralina e o Beco da Codorna, mesmo estando a grandes distâncias dos mesmos.

Edifício Ahanguera. Antigo Cine Capri. Data: década de 60. Fonte: Arquivo TV UFG.


PROTAGONISTAS

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Vista Avenida Tocantins


EDIFÍCIO ANHANGUERA

Edifício Anhanguera. Cruzamento entre Av. Anhanguera e Av. Tocantins. Fonte: Google Maps.

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PROTAGONISTAS

Galeria Tocantins. Fonte: Google Maps.

Vista Avenida Tocantins

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Galeria Tocantins como estรก hoje, vista do interior da quadra. Foto: Autor.


GALERIA TOCANTINS A Galeria Tocantins, assim como a Cine Goiânia Ouro, também colabora com a permeabilidade da Quadra 21. Isso porque o edifício possui dois acessos: o primeiro e principal se dá pela Avenida Tocantins - avenida essa muito importante para a história de Goiânia, pois seu traçado é original do plano urbanístico de Atílio Correia Lima, de 1933, além de ser uma das principais vias de fluxo da região central da cidade, que converge para o seu centro administrativo (Manso, 2001) - e o segundo pelo Beco do Codorna (ver imagem 01). Essas entradas se interligam por um grande corredor central

que permeia toda a extensão da edificação, o que faz da sua morfologia uma de suas características mais expressivas, já que permite o transpasse dos visitantes do exterior para o interior da quadra. Outro aspecto da arquitetura da galeria importante é seu estilo arquitetônico, que apesar de ser uma manifestação tardia do Art Déco (Conde e Almada, 2009), não deixa de ser um traçado que faz parte da historicidade do centro da capital, com suas linhas retas estilizadas, que evidenciam a geometrização das formas e sua horizontalidade.

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PROTAGONISTAS Fachada da Galeria Tocantis voltada para o Beco do Codorna. O grafite usada para ilustrar é de autoria do artista Matheus Dutra. Essa arte já fez parte do acervo de grafites em Goiânia, no próprio Beco do Codorna.

Vista Beco do Codorna

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GALERIA TOCANTINS

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PROTAGONISTAS O Edifício São Miguel é uma edificação, assim como o Ed. 13, representante da fase do ínício da verticalização do centro de Goiânia, já que possui 3 pavimentos e suas características arquitetônicas (art déco, com traços do movimento moderno, por possuir linhas mais racionais), indica um projeto do final da década de 50. Localizado na Avenida Tocantins, ele funciona hoje como um edifício de serviços. No primeiro e segundo pavimento abriga uma escola de cursos técnicos e supletivo e no terceiro uma clínica dentária. Uma característica de destaque de sua morfologia é a de possuir uma fachada voltada para o interior da quadra 21, mas diferente da Galeria Tocantins, esse acesso não é usado, e fica sempre bloqueado. A edificação, assim como várias da quadra, tem sua fachada da avenida completamente tomada pelos letreiros dos serviços que eles abrigam e propagandas. Já a fachada voltada para o Beco do Codorna é apropriada por artes urbanas de variados artistas.

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Fachada do Edifício São Miguel tomada pelos letreiros. Fonte: Google Maps.


EDIFÍCIO SÃO MIGUEL

Galeria Tocantins. Fonte: Google Maps.

Vista Avenida Tocantins

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PROTAGONISTAS Fachada do Edifício São Miguel voltada para o Beco do Codorna. O grafite usada para ilustrar é o presente no Teatro do Centro Cultural da UFG. Bicicleta sem Freio.

Vista Beco do Codorna

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EDIFÍCIO SÃO MIGUEL

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