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~ FORA DE HORAS #1 - uma edicao


Tema

Tanto não pode ser reposta a onda que rebentou, quanto não volta atrás o tempo que passou. Ovid

Fora de horas é uma edição sobre o tempo que não volta atrás, o que volta atrás, o tempo que passou e o que passou para além do tempo. É sobre amor, desamor, ódio, paixão, raiva, frustração, melancolia, frio, noite, fome, vontade, medo. Esta é uma edição sobre o que vai para lá, bem para além das horas do dia, do tiquetaquear do relógio. É uma edição sobre o escondido, sobre o invisível, sobre o que está à nossa frente e não vemos, sobre o fora de horas temporal e o fora de horas racional, irracional, temperamental. Sobre o desconhecido. Sobre o conhecido. Sobre tudo. Porque tudo cabe no tempo quando este não tem fim, ou quando este acaba. Esta edição é sobre o fim do começo, ou o começo do fim. E como toda a arte, esta edição é sobre vida. Esperamos que gostem!

para mais informações sobre os artistas e saber mais sobre esta edição visite www.artaffairmag.blogspot.com


Indice

Índice

Galerias Fotografia Multimédia Ilustração Artes Plásticas

Crónicas Arte Música Cinema Literatura Destinos

4 10 14 18 Revista artaffair Edição #1 - FORA DE HORAS 1 de Dezembro de 2009

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Difusão digital em www.artaffairmag.com Versão impressa disponível por encomenda

Contribuiram para esta edição: Ana Pastoria (direcção) Catarina Bizarro (literatura) Daniela Rodrigues (fotografia) Diana Aleixo (viagens) Fábio Fernandes (música) Fernando Morte (cinema) Joana Ferreira (artes plásticas) José Carlos Pereira (multimédia) Maria Matilde Marques (revisão editorial) Miguel Martins (ilustração) Tânia Santos (tradução) Euclides Póvoa (viagens)

Artistas convidados: Francisco Nunes (fotografia); Libby Brodie (multimédia); Robbie Lawrence (ilustração); Ana Fishman (artes plásticas)


Crítica de Arte Arume Calvo Baron o que se ve quando se tenta captar o sentido do rosto?

Silêncio, 2008 Arume Calvo Barón (Madrid, Espanha) responde com a essência do retrato. Esta artista emergente tem vindo a desenvolver trabalho no campo da fotografia, vídeo-arte e performance, e apresenta neste retrato a importância que o rosto constitui como zona corporal privilegiada de comunicação e de expressão. Tudo se concentra no olhar, pois este recolhe o silêncio, cria o vazio, absorve qualquer significado que fosse expresso pela fala. Aquele olhar enigmático auto-suficiente consegue construir um tempo «eterno», invulnerável. Encantador e hipnótico em toda a sua dimensão estética, intimista e humana, concentrada em valores fundamentais falsamente panfletária, Silêncio ocupa no trabalho da artista um lugar central, no modo como anseia pela expressão.

inador real, o espaço suspenso do próprio tempo, que obriga a uma paragem. Um tempo pendente no próprio espaço, onde o observador é, neste sentido, levado a parar, para deixar de olhar, passando a contemplar no seu âmago. Necessariamente, ver é ser visto olhar é ser olhado , por sua vez a imagem atrai e reflecte o olhar que olha. O interior projecta o corpo inteiro como espaço, mesmo quando esse corpo está ausente. O interior projecta-se através dos olhos; e o corpo inteiro parece concentrar-se nesses olhos. Dir-se-á, então, que o olhar projecta o corpo inteiro como espaço total atmosférico que tende a transbordar para além dos seus contornos. No fundo, o que a artista cria nesta ausência de corpo é uma atenção especial ao rosto em todas as pequenas percepções possíveis. Posto isto, a não necessidade de representação de corpo é colmatada numa presença imaginária, evitando assim, uma excessividade de presença perceptiva, atingindo o espectador com uma força inesperada.

A grande maioria das suas fotografias perpassam uma emoção e humor que esconde na realidade uma frieza sociológica e eu chegaria a dizer que na fotografia de Arume encontramos formas de exorcismo comunicacional no campo emocional, como luta assumida à racionalidade e a valores preconcebidos.

Em forma de conclusão, diria que este retrato possui o poder de suspender a respiração da velocidade quotidiana, obrigando a uma paragem racional para por em marcha um arranque cardíaco emocional. Certamente, este olhar seduz a nossa caminhada apressada para assim nos capturar na sua rede. A dualidade de género que artista tão bem explora em La Expresión No Se Destruye, Se Transforma, a exploração do subconsciente em Wake Up, ou a luta por uma afirmação cada vez mais ligada à essência da natureza, a saber nas séries Raíz Humana, Ser Universal ou mesmo em Human Binary, remetem para um caminho comprometido na afirmação humanista sob forma de tensão e anseio, que luta no prolongamento do tempo numa espécie de “afterhour” ao corrupio racional, pondo em dúvida de forma subtil a nossa caminhada, o nosso subconsciente, a máquina, em fim de contas a própria vida.

Arume Calvo Barón confere à fotografia um lugar temporal como espaço criativo por excelência, onde a artista procura expressar um único denom-

Deixo em aberto esta proposta de futuro com a feliz afirmação de Robert Filliou L´art est ce qui rend la vie plus interessante que l´art...

por Rita Roque -3-


Fotografia

por Francisco Nunes -4-


Fotografia

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Fotografia

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Fotografia

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Fotografia

www.s0n-et-lumiere.deviantart.com -8-


Musica Bat For Lashes toda uma arte com música dentro

Senhora do fora de horas e artista no verdadeiro termo da palavra, Natasha Khan ou no seu registo artístico “Bat For Lashes”, formada em música e em artes visuais, é uma cantora/ compositora/ multiinstrumentalista e artista plástica que sabe na perfeição, combinar o mundo da arte com a música experimental. Os seus espectáculos são recheados de instalações fonográficas fundidas com uma série de gravações executadas ao vivo em pistas, o que nos transporta para um a ambiente paralelo e único. Nascida em 1979 em Inglaterra, iniciou a sua vida artística participando em animações, instalações e diversas performances artísticas, até que encon-

trou na música uma verdadeira oportunidade de mostrar criações únicas nas quais se poderia expressar livremente, dando-nos a possibilidade de conhecer todo o estranho, mas belo mundo que nos envolve pelo efeito cénico que cria em palco. Percebe-se rapidamente que sofre influências da música experimental, no entanto a ela alia o seu conhecimento do mundo, sendo uma apaixonada por viagens, o que aliás, lhe serve de inspiração para as suas criações tanto visuais como musicais. Os ritmos e som experimental que utiliza serão por ventura o seu ponto mais forte tendo-lhe já valido comparações com artistas de renome tais como Björk, PJ Harvey, Tori Amos, Kate Bush e Fiona Apple, no demarca-se das demais através das suas obras de uma sonoridade e harmonia únicas e nunca comparáveis. Tem o primeiro reconhecimento pela crítica com o seu primeiro álbum Fur and Gold nomeado para um Mercury Prize em 2007. Anteriormente editara dois EP Trophy e The Wizard, ambos com pouca divulgação comercial. Outra nomeação surge já em 2008 nos Brit Awards para “melhor artista revelação” e “melhor artista feminina” pelo o EP Pearl´s Dream. Já como artista reconhecida, acaba de lançar o almbum Two Suns, inspirado nas suas viagens e nas paisagens nelas observadas. Actualmente vive junto ao mar na sua terra natal, esperando a inspiração para mais uma vez nos surpreender com as suas harmonias e imagens.

´ por Fabio Fernandes -9-


MultimĂŠdia

por Libby Brodie - 10 -


MultimĂŠdia

- 10 -


MultimĂŠdia

http://www.youtube.com/watch?v=uV1B4wba4DY - 11 -


Cinema Taxi Driver um filme de Martin Scorsese “Todos os animais saem á noite…” É a noite que serve de cenário num filme que nos coloca no meio da selva urbana a uma hora em que a sujidade emerge da civilização adormecida. Esta obra-prima de Martin Scorsese conta com Robert De Niro no papel de Travis Bickle, um veterano de guerra solitário e psicologicamente instável que tenta resolver os seus problemas de insónia trabalhando á noite como taxista nas ruas de Nova Iorque. Na segurança relativa do seu táxi, Travis observa a decadência e selvajaria que emergem das ruas da cidade muitas das vezes para o banco de trás da sua viatura que pouco mais é do que uma luz errante no meio da noite. A incapacidade de se relacionar com outras pessoas, mesmo com os seus colegas de trabalho ou com a bela Betsy (Cybill Shepherd), agrava um já crónico estado de paranóia e de solidão. Taxi Driver é um filme forte, psicologicamente violento e perturbadoramente realista. Observar como o homem comum atinge os seus limites é inquietante. Este filme é precisamente sobre os limites de um homem, Travis, sobre aquilo que o leva a romper de vez com a sociedade e sobre a forma fútil como tenta mudá-la, ao tentar assassinar um senador por razões que nada têm a ver com a política e a tentar salvar de uma forma desesperada, e contra a aparente vontade da vitima, Iris (Jodie Foster), uma prostituta de 12 anos, das mãos do seu chulo Sport (Harvey Keitel). Talvez uma das coisas mais impressionantes do filme seja a forma como sentimos compaixão pelo protagonista, um anti-herói que flutua entre a ingenuidade e a loucura, o que por vezes quase nos obriga a desculpar e talvez até a ignorar de certo modo o seu carácter psicopata. Ironicamente, ao enfrentar a sociedade de forma destrutiva, Travis acaba por tornar-se, em certa medida, naquilo que odeia e que o motiva a travar a sua desesperada e mal organizada cruzada.

por Fernando Morte - 13 -

Escrito por Paul Schrader, segundo o próprio com uma arma carregada na sua secretária, e materializado por Martin Scorsese (que faz o papel menor de um cliente louco que quer assassinar a mulher), Taxi Driver, que visualmente é soberbo e nos remete inevitavelmente para os quadros de Edward Hopper, está envolto numa atmosfera cheia de simbolismos que nos esmaga enquanto somos conduzidos pela noite Nova Iorquina.


Ilustração

por Robbie Lawrence - 14 -


Ilustração

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Ilustração

http://ryuuka.deviantart.com/ - 16 -


Literatura Porno uma obra de Irvine Welsh Nenhum after-hours é melhor do que reviver o que já aconteceu e transforma-lo numa história nova. Irvine Welsh regressa trazendo na mala o seu humor cáustico e uma realidade nua, crua e ácida, envolta em drogas e pornografia.

Porno inicia-se com a citação de Nietzsche “sem crueldade não há festa” e esse parece ser o mote de toda a obra narrativa com a qual Welsh presenteia os leitores com as suas personagens mais emblemáticas, Mark Renton, Spud, Begbie e Sick boy. Novamente, Irvine Welsh enreda a história com genial precisão, contando-a pelas vozes das várias personagens (para quem já leu Trainspotting, não é novidade que o mesmo episódio tenha várias narrações de várias perspectivas). Sick Boy é desta vez a personagem principal que

por Catarina Bizarro - 17 -

tenta desesperadamente perseguir a fama e glória de que ao longo da sua vida se viu privado e tenta fazê-lo através da criação de um filme pornográfico com a sua namorada, a primeira personagem feminina trabalhada de Welsh, a ambiciosa e determinada Nicki Fuller-Smith. Ao longo do percurso de Sick Boy para ganhar um lugar ao sol na indústria porno, dá-se o encontro com Mark Renton que, dez anos após o golpe dado em Trainspotting, tenta também ele reinventar-se e transformar a sua vida. Spud é o alvo sentimental do autor, que nele representa a degradação dos dez anos que passaram. Em Spud existe toda a crueldade e decadência do mundo que o esmagam sem piedade. Já a Begbie, que em Trainspotting revelava uma loucura violenta, regressa com essas características acentuadas e refinadas pela estadia na prisão. Irvine Welsh oferece aos leitores o after hours da vida destas personagens que, passados dez anos, se transformaram, evoluíram e se preparam para, novamente, darem vida à realidade que ninguém quer ver, mas que Welsh adora revelar.


Artes Plรกsticas

por Ana Julia Fishman - 18 -


Artes Plรกsticas

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Artes Plรกsticas

http://fineartamerica.com/profiles/ana-fishman.html - 20 -


Destinos

~ Amsterdao Holanda

fotografias de Euclides Póvoa

“After Hours” remete-nos para a capital do fora de horas, Amesterdão, lugar onde, como que num passe de mágica, os cenários diurnos se transformam para dar lugar a uma noite completamente diferente. È sobretudo à volta da Praça Leidseplein, e da Rua Nes que se concentra um grande numero de locais e centros da vida nocturna desta cidade. Para os apreciadores, a música ao vivo acontece por todo o lado em salas de concerto, discotecas e cafés de Jazz. Durante as sete noites da semana só temos que saber procurar para encontrar musica de todos os tipos e para todos os gostos, desde blues até bluegrass, improvisações de jazz, música clássica, underground, hip-hop, música electrónica e reggae. Existem ainda as tão famosas coffeeshops, bastantes conhecidas devido a venda legal de drogas leves e onde se pode ficar por largas horas, desde o cair da noite até de madrugada. Existem regras e só é permitida a venda a maiores de 18 anos e na quantidade de 5gr. Teatros, existem cerca de ..... teatros e, quer de noite quer de dia, existem espectáculos em Holandês ou em Inglês. Como por exemplo o Teatro Tuschinski, construído em 1921 com uma mistura exótica de Art Deco e o estilo da escola Amsterdamse e onde podemos encontrar uma das mais belas salas de cinema da Europa. Para além destes, os teatros de rua animam a cidade a qualquer hora e, tanto grupos amadores já conhecidos como desconhecidos

por Diana Aleixo - 21 -

apresentam as suas performances para deleite do público em geral. A arte tem aqui lugar privilegiado e como tal são realizados eventos os 365 dias do ano. Um dos exemplos é o Festival Holandês que a nível artístico tem como tema – “O futuro é com arte impura”. Existem ainda outros eventos, Festivais de filmes e de artes, encontros culturais, exposições anuais que farão a sua visita a Amesterdão mais completa. Para o público jovem e informal os eventos de rua vão desde os graffitis até aos espectáculos de músicos. Para uma semana repleta de arte, magia e diversão, não podemos deixar de visitar alguns dos fantásticos museus que a cidade tem para oferecer como por exemplo Rijksmuseum, Van Gogh Museum e Stedelijk Museum ou passear pela cidade de bicicleta como um típico holandês.


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Colaborar


Assinaturas


O tema da próxima edição é “URBAN”. Participem!

submissão de trabalhos até 15 de Janeiro.


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