Lúcio Reis Filho, Alfredo Suppia

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O LABORATÓRIO DE MÍDIAS LOCATIVAS E CINEMA GPS (LALOCA) E A PESQUISA HISTÓRICA Mapeamento Anotativo das Obras Arquitetônicas do Estilo Art Déco em Juiz de Fora, Minas Gerais Lúcio Reis Filho 1 Alfredo Suppia 2 Resumo: A arte com mídias locativas (locative media art) surge da necessidade de repensar a relação do ser humano com o seu entorno geográfico, muitas vezes o espaço urbano, mas também regiões inabitadas (desertos, reservas ecológicas, etc.). Dessa forma, algumas interpretações sugerem a arte com mídias locativas como um espaço entre o simbólico e o imaginário. Outras perspectivas teóricas apontam para as mídias locativas e a sua relação com a arte digital. Ao longo dos últimos dez anos, mídias locativas têm servido de suporte para a confecção de variadas obras de arte. Christiane Paul explica que “[a]s mídias locativas usam uma localização no espaço público como uma „tela‟ (canvas) para a implementação de um projeto artístico e têm se tornado uma das mais ativas e crescentes áreas da new media art.” O Laboratório de Mídias Locativas e Cinema GPS (LaLoca), baseado no Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora, com filial na Universidade da Califórnia em San Diego ( UCSD), EUA, reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros, bem como bolsistas de iniciação científica em seus variados projetos. O LaLoca tem por objetivo principal estabelecer um polo de produção e pesquisa de mídias móveis. Até o momento, o LaLoca tem se concentrado na produção de filmes locativos com roteiro interativo e recurso a ferramentas abertas, criadas e disponibilizadas em software livre, em parceria com a Casa de Cultura Digital em São Paulo e seu projeto “Arte Fora do Museu”. Iniciativas como o “Arte Fora do Museu” sugerem novas reflexões sobre o tema “artistas e instituições de arte”. Como primeiro conteúdo audiovisual confeccionado pelo LaLoca, destacamos o mini-documentário locativo que visa mapear as edificações mais representativas do estilo art-déco em Juiz de Fora. De acordo com Marcos Olender, o art-déco surge em Juiz de Fora como expressão de uma nova época econômica, social e cultural. “Em lugar das mansões e sobrados ecléticos, representativos do poderio dos barões de café ou dos industriais, o novo estilo vai representar um período histórico em que o comércio, o lazer cultural e os serviços apresentam um grande desenvolvimento na cidade” (Olender, 2011, p. 261). Dessa maneira, através do mapeamento das construções arquitetônicas desse estilo em Juiz de Fora, propomos observar o uso das mídias locativas como ferramenta de pesquisa histórica. Palavras-Chave: Laboratório de Mídias Locativas e Cinema GPS. Mídias Locativas. Arte Digital. Art-Déco. Juiz de Fora. Abstract: The art with locative media (locative media art) arises from the need to rethink the relationship of humans with their geographical surroundings, often urban space, but also uninhabited areas (deserts, nature reserves, etc.). Thus, some interpretations consider art with locative media as a space between the symbolic and the imaginary. Other theoretical perspectives point to locative media and its relationship with digital art. Over the last ten years, locative media have served as support for making various artworks. Christiane Paul explains that "locative media use located in the public space as a „canvas‟ for the implementation of an art project and have become one of the most active and growing areas of new media art." The Laboratório de Mídias Locativas e Cinema GPS (Laboratory of Locative Media and GPS Cinema, LaLoca), based at the 1 2

Mestre em Co municação pela UFJF e Professor do Departamento de História da UEM G/ FCCP. Doutor em Mult imeios pela UNICAMP e Pro fessor de Cinema da UFJF. 260 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


Art and Design Institute, Federal University of Juiz de Fora, Brazil, with branch at the University of California at San Diego (UCSD), USA, brings together Brazilian and foreign researchers and undergraduates scholars in their various projects. LaLoca aims to establish a center of production and research of mobile media. So far, the La Loca concentrates efforts on film production and interactive script with locative use of open tools, created and made available on free software in partnership with Casa de Cultura Digital, São Paulo, and its project “Arte Fora do Museu” (Art Outside the Museum). Initiatives such as the "Arte Fora do Museu" suggest new reflections on "artists and art institutions." As a first audiovisual content made by LaLoca, we highlight the locative mini-documentary that aims to map the most representative buildings of the art deco style in Juiz de Fora. According to Mark Olender, the art-deco arises in Juiz de Fora as expression of a new economic, social and cultural epoch. "Instead of mansions and eclectic townhouses, representing the power of the coffee or industrial barons, the new style will represent a historical period in which trade, leisure and cultural services present a great development in the city" (Olender, 2011, p. 261). Thus, by mapping the architectural buildings of this style in Juiz de Fora, we propose to observe the use of locative media as a tool for historical research. Keywords: Laboratório de Mídias Locativas e Cinema GPS. Locative Media. Digital Art. Art Deco. Juiz de Fora.

1. Art déco em Juiz de Fora, Minas Gerais Para Telma Correia (2008: 49), art déco “ainda se coloca como o termo mais apropriado e abrangente para caracterizar uma determinada tendência de arquitetura que se difunde no país entre a década de 1930 e meados dos anos 1950, na medida em que dá conta de características relevantes dessa produção e está claramente vinculada a um período específico”. Segundo Marcos Olender (2011: 260), no Brasil “o art déco prolifera em várias cidades, de diversos portes, destacando-se principalmente naquelas que nasceram ou que tiveram um desenvolvimento urbano significativo nas décadas de vinte a quarenta do século XX”. Podemos citar Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Juiz de Fora e Goiânia. Além de se identificar com o concreto armado, o art déco se transforma no estilo preferido dos programas arquitetônicos nas primeiras décadas do século XX. De acordo com Hugo Segawa:

[...] o art déco foi o suporte formal para inúmeras tipologias arquitetônicas que se afirmavam a partir dos anos 1930. O cinema – e, por associação, alguns teatros –, a grande novidade entre os espetáculos de massa que mimet izava as fantasias da cultura moderna, desfilava sua tecnologia sonora e visual em deslumb rantes salas do Rio de Janeiro, em São Paulo e em outras capitais, em verdadeiros monu mentos déco; algumas sedes de emissoras de rádio foram construídas ao gosto (SEGAWA apud OLENDER, 2011: 260).

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Correia (2008: 50) sugere que “o aspecto inovador da arquitetura art déco situa-se na frequente simplificação geometrizante de seus elementos decorativos e na diversificação e atualização de suas fontes de influência ornamental”. Ainda segundo Correia, o estilo “incorporou referências à máquina, às vanguardas artísticas, a manifestações de arte primitiva e de arquiteturas da Antiguidade, assim como o uso cenográfico de luz artificial” (2008: 50). Em Juiz de Fora, como sugere Olender (2011: 261), as geométricas “flores de pedra” do art déco viriam a substituir os “jardins orgânicos” de ferro e vidro do art nouveau. O art déco surge nessa cidade, outrora conhecida como a “Manchester Mineira”, como forma de expressão de uma nova época econômica, social e cultural:

Em lugar das mansões e sobrados ecléticos, representativo do poderio dos barões d e café ou dos industriais, o novo estilo vai rep resentar um período histórico em que o comércio, o lazer cultural e os serviços apresentam um grande desenvolvimento na cidade. Reúne nas ruas Halfeld e Marechal Deodoro, a partir da Praça da Estação, em direção à Av. Rio Branco, a maior concentração de edificações do estilo. São casas comerciais, cinemas e hotéis que se estabeleceram na região para ficarem pró ximos dos visitantes que chegavam à cidade e desembarcavam na Estação Ferroviária [...] (OLENDER, 2011: 261).

Utilizando-se de ornamentos geométricos em diversas e caprichosas composições, a aplicação deste estilo em Juiz de Fora, explica Olender (2011, p. 261), se diferencia daquela de outras cidades da região e do país. Isto se dá pela própria disposição das aberturas e dos espaços internos. O autor observa: “Constituindo-se, basicamente, de edificações de dois ou três pavimentos, apresenta, quase sempre, largas aberturas centrais no térreo, correspondentes às lojas, e os acessos para os outros pavimentos localizados lateralmente” (2011, p. 261). De acordo com Olender (2011: 264), o arquiteto Raphael Arcuri ganhou notoriedade na cidade por importantes construções em art déco, como a Casa Magalhães - em estilo “marajoara”, a qual apresenta como ornamentação, em sua fachada, jarras e outros utensílios de cozinha, materiais vendidos numa loja que originalmente ocupava a construção - e a Galeria Pio X – com fachadas para as ruas Marechal Deodoro e Halfeld, “a primeira galeria comercial construída na cidade e que gerou inúmeras outras que transformaram o centro de Juiz de Fora em um autêntico „shopping a céu aberto‟, atração que ainda encanta os seus habitantes e aqueles que a visitam” (Olender, 2011: 265).

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Localizado na Praça João Pessoa, o Cine-Theatro Central, ainda que não expresse destacadamente o estilo, é ladeado por duas edificações consideradas representantes do art déco. “Consolidam assim um ambiente urbano que, secundado pela simplicidade ornamental da grande fachada principal do Central, manifesta um clima art-déco” (OLENDER, 2011: 261). Hugo Arcuri, filho de Raphael, pretendeu adequar o Central à estética déco, transformando-o numa verdadeira máquina, assumindo a fascinação do estilo pelos maquinismos contemporâneos. Por sua vez, Leonardo B. Castriota (apud OLENDER, 2011: 262) considera o art déco um estilo que se adaptava perfeitamente às novas exigências e programas modernos “de uma sociedade que se via às voltas com a mecanização do seu cotidiano”.

2. Sobre as mídias locativas (locative media) Segundo o Wikipedia: “Mídias locativas são meios de comunicação vinculados a um determinado local. (...) São mídias digitais aplicadas a lugares reais que desencadear

interações

reais

em

um

dado

acabam por

plano

social”

(http://en.wikipedia.org/wiki/Locative_media). Em “Mídias Locatovas e a Esfera Pública”, Stalbaum e Silva (2011) questionam a definição acima, segundo os autores uma concepção simplista, “normalizada” e “autoritária”, que não dá conta de uma série de problemas associados ao fato de imagens poderem dialogar com sistemas geoespaciais (2011: 4). Marc Tuters e Kazys Varnelis (2006) observam que as mídias locativas emergiram ao longo da segunda metade da década passada como uma resposta à experiência descorporificada e excessivamente atada à tela (screen) da net art, ansiando por um território para além das galerias ou telas de computadores. Inicialmente proposto por Karlis Kalnins, o termo locative media foi o foco de certo número de eventos nessa mesma época, sendo o mais significativo deles o Locative Media Workshop organizado pelo RIXC, o Centro de Cultura das Novas Mídias ou Centro de Arte e Mídia Eletrônica em Riga, na Letônia, em 2003. Um relatório produzido por ocasião do workshop delineava o escopo das nascentes mídias locativas, afirmando que equipamentos GPS (Global Positioning System) acessíveis têm dado a amadores os meios de produção de suas próprias informações cartográficas com precisão militar. Em oposição à web, o foco aqui é espacialmente localizado, e centrado no usuário 263 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


individual; uma cartografia colaborativa de mente e espaço, lugares e as conexões entre eles. Em “Headmap Manifesto” (1999), espécie de ur-text para as mídias locativas, Ben Russel observa que dispositivos móveis conectados em rede e “consicentes” de sua localização tornam possíveis anotações invisíveis atreladas a espaços, lugares, pessoas e coisas (1999: 4). Segundo André Lemos (2009), a “Arte com mídias locativas (locative media art) pode ser definida como processos artísticos que usam tecnologias e serviços baseados em localização”, com ênfase no uso e apropriação de espaços urbanos, sugerindo novas relações entre mídia, cidade e ciberespaço.

Podemos definir mídia locativa (locative media) como um conjunto de tecnologias e processos info-co municacionais cujo conteúdo informacional vincula-se a u m lugar específico. (…) Esse conjunto de processos e tecnologias caracteriza-se por emissão de informação digital a partir de lugares/objetos. Esta informação é processada por artefatos sem fio como GPS, telefones celulares, palms e laptops em redes Wi-Fi ou Wi-Max, Bluetooth, ou etiquetas de identificação por rádio freqüência, RFID (Radio Frequecy Identification). As mídias locativas são utilizadas para agregar conteúdo digital a u ma localidade, servindo para funções de monitoramento, vig ilância, mapeamento, geoprocessamento (GIS), localização, anotações ou jogos. Dessa forma, os lugares/objetos passam a dialogar com dispositivos informacionais, enviando, coletando e processando dados a partir de uma relação estreita entre informação digital, localização e artefatos digitais móveis. Várias empresas, mas também art istas e ativistas, têm utilizado a potência das míd ias locativas como forma de marketing, publicidade e controle de produto, mas também co mo escrita e releitura do espaço urbano, como forma de apropriação e resignificação das cidades. (Lemos, 2008)

Lemos assinala que os primeiros projetos de locative media art datam do final dos anos 1990 e buscavam escrever e desenhar o espaço urbano com GPS, como GPS Drawing, de Jeremy Wood, ou Amsterdam Realtime, de Ester Polak. O autor classifica a arte com mídias locativas de hoje em cinco categorias: (1) anotações urbanas eletrônicas (geoannotation): escrita eletrônica do espaço que indexa dados digitais a determinado local; (2) mapeamentos e etiquetas geográficas (geotags): produção de cartografias diversas, vinculando informações como dados biométricos, fotos, textos, vídeos e sons a mapas; (3) redes sociais móveis (mobile social networking): sistemas de localização de pessoas que criam possibilidades de encontro ou troca de informações por meio de smartphones; (4) jogos computacionais de rua (pervasive computacional games): nos quais o jogador deve percorrer o espaço urbano (ver os trabalhos do grupo britânico Blast Theory); e, finalmente, (5) mobilizações inteligentes (smart e flash mobs): mobilizações políticas e/ou estéticas que 264 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


utilizam as LBT (Location-Based Technologies) ou LBS (Location-Based Systems) para organizar ações efêmeras no espaço público (Lemos, 2009, 94-5). Lemos (2009) apresenta também a modalidade de vigilância e monitorame nto: projetos que exploram ameaças à privacidade e anonimato por meio de novas tecnologias. Somem-se às categorias acima modalidades abrangendo narrativas literárias e os chamados GPS filmes, narrativas audiovisuais que demandam deslocamento geográfico do espectador, como em Nine Lives (2007), entre outros exemplos. A arte com mídias locativas (locative media art) deriva de tendências e movimentos artísticos predecessores que visavam recontextualizar a obra de arte, levando-a para fora do museu - a land art, por exemplo. Surge também da necessidade de repensar a relação do ser humano com o seu entorno geográfico, muitas vezes o espaço urbano - mas também regiões inabitadas (desertos, reservas ecológicas, etc.). Dessa forma, algumas interpretações sugerem a arte com mídias locativas como um espaço entre o simbólico e o imaginário, uma modalidade que duplica o ambiente objetivo da cidade ou do campo em esquemas virtuais que, por sua vez, reconfiguram os espaços geográficos originais. Outras perspectivas teóricas apontam para as mídias locativas e a sua relação com a arte digital. Ao longo dos últimos dez anos, mídias locativas têm servido de suporte para a confecção de variadas obras de arte. Christiane Paul explica que “[a]s mídias locativas usam uma localização no espaço público como uma “tela” (canvas) para a implementação de um projeto artístico e têm se tornado uma das mais ativas e crescentes áreas da new media art ” (PAUL, 2003: 216). Ainda segundo Paul, “[n]os últimos anos, redes sem- fio e o uso de dispositivos nômades como celulares e PDAs têm esmaecido a fronteira entre o não- local (ou espacialmente inespecífico) e o locativo (ou espacialmente específico).” (Paul, 2003, p. 216). Nesse panorama, “celulares com câmeras, PDAs e iPods têm se tornado novas plataformas para produção cultural, oferecendo uma interface por meio da qual usuários podem participar de projetos públicos em rede, assim como formar comunidades ad hoc.” (Paul, 2003: 216). Paul Dourish, por sua vez, defende que o mundo tecnologicamente mediado não se encontra separado do mundo físico no qual está embutido; ao contrário, ele promove novas maneiras de se compreender e se apropriar do mundo físico (2006: 6). Segundo André Lemos,

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Se a mobilidade era u m problema na fase do upload do ciberespaço (ir ou sair do local de conexão), na atual fase do download (ou da internet das coisas), a mobilidade é uma oportunidade para usos e apropriações do espaço para diversos fins (lazer, co merciais, políticos, policiais, artísticos). Aqui, mobilidade informacional, aliada à mobilidade física, não apaga os lugares, mas os redimensionam. Co m o ciberespaço “pingando” nas coisas, nã o se trata mais de conexão em “pontos de presença”, mas de expansão da computação ubíqua em “amb ientes de conexão” em todos os lugares. Devemos definir os lugares, de agora em diante, como u ma comp lexidade de dimensões físicas, simbólicas, econômicas, políticas, aliadas a bancos de dados eletrônicos, dispositivos e sensores sem fio, portáteis e eletrônicos, ativados a partir da localização e da movimentação do usuário. Esta nova territorialidade co mpõe, nos lugares, o território informacional. (2009: 91-2)

3. O Laboratório de Mídias Locativas e Cine ma GPS (LaLoca) e o projeto de documentário locativo sobre o art déco em Juiz de Fora Baseado no Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com filial na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), EUA, o Laboratório de Mídias Locativas e Cinema GPS (LaLoca) reúne em seus projetos pesquisadores brasileiros e estrangeiros, bem como bolsistas de iniciação científica. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), o LaLoca tem por objetivo principal estabelecer um polo de produção e pesquisa de mídias móveis. Até o momento, o LaLoca tem se concentrado na produção de filmes locativos com roteiro interativo e recurso a ferramentas abertas, criadas e liberadas em software livre. O primeiro conteúdo audiovisual confeccionado pela equipe do LaLoca é um documentário locativo sobre o art déco em Juiz de Fora (título provisório) visa mapear as edificações mais representativas do estilo arquitetônico na c idade. Ao transitar pelo centro de Juiz de Fora, o visitante que dispuser de um celular ou tablet com GPS terá acesso a minidocumentários que explicam, detalham e relatam a história de edificações em estilo art déco. Os minidocumentários estão vinculados a posições geográficas específicas, cada um correspondendo a uma edificação, e são exibidos quando o usuário se posicionar ao redor da fachada de cada prédio selecionado. Localizados todos no centro da cidade, os edifícios escolhidos são alguns dos mais representativos do art déco em Juiz de Fora. Procurou-se traçar um roteiro de visitação que privilegia o deslocamento a pé pelas ruas do centro, embora o espectador- visitante (ou interator) possa alterar sua rota sem nenhum prejuízo da experiência. Cada minidocumentário mescla depoimentos de especialistas e pesquisadores a detalhes dos edifícios, registrados em foto e vídeo. A idéia é resgatar a história da edificação e 266 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


chamar atenção do visitante/interator para detalhes do estilo. O projeto encontra-se atualmente em fase avançada de pós-produção. Foram editados e finalizados cinco “fragmentos” ou “episódios” documentários, cada qual entre 1 e 3 minutos. O roteiro documentário começa na Praça João Pessoa (-21.761258,-43.347735), onde duas edificações em estilo art déco emolduram o largo, tendo ao fundo o Cine Theatro Central. Em seguida, o espectadortranseunte pode visitar a Galeria Pio X e o prédio dos Correios, na Rua Marechal Deodoro (21.760421,-43.348577). O trajeto sugere a descida pela Marechal, onde vá rias outras pequenas edificações no estilo art déco ainda podem ser observadas, até a Av. Getúlio Vargas, onde o espectador-transeunte pode visualizar o Rio Hotel e a Casa Magalhães (21.759898,-43.346627). O roteiro segue pela Rua Batista de Oliveira até a esquina da Rua Halfeld, onde se localiza o Cine Palace (-21.760805,-43.346767). Finalmente, o trajeto sugere a descida da Rua Halfeld em direção à Praça da Estação, onde fica o Hotel Renascer (21.759958,-43.343417). Nesta etapa de pós-produção e implantação, o LaLoca conta com o apoio da Casa de Cultura Digital de São Paulo. Os cinco capítulos acima descritos serão publicados em duas plataformas: primeiramente no âmbito do projeto “Arte Fora do Museu” da Casa de Cultura Digital, e depois por meio do software livre WalkingTools (http://www.walkingtools.net/) 3 , desenvolvido pelos professores Cicero Silva (UFJF) e Brett Stalbaum (UCSD), pesquisadores do LaLoca. O projeto em questão tem finalidade educativa e turística, auxiliando na experimentação de rotas de aprendizado arquitetônico e fruição do espaço urbano. De acordo com Telma de Barros Correia (2008: 47-8), a arquitetura que incorpora as tendências do estilo art déco é pouco conhecida e valorizada, e tem visibilidade desproporcional à sua presença, ainda muito forte, no cenário urbano brasileiro. Segundo a autora, “é freqüente encontrar-se ausente do programa de cursos de arquitetura. Pouco pesquisada, não há consenso – a começar pela própria designação – entre os que se dedicam a abordar a produção arquitetônica que pode ser a ela vinculada”. Nesse sentido, a importância do projeto enquanto

3

Nu ma definição técnica resumida, o Walkingtools é uma confederação aberta de softwa re relacionada com projetos de arte ou educação que perpassa várias linguagens, plataformas e disciplinas que compartilham padrões para entrega de conteúdo e administração de dados de GPS através da definição de u m esquema extensão XML para os padrões do GPX, permitindo que mídias (vídeos, sons e animações ) e outras formas de dados possam ser associadas aos dados do GPS (http://www.walkingtools.net/?p=49). 267 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


ferramenta de pesquisa e divulgação do conhecimento histórico reside no resgate, mapeamento e valorização das edificações no estilo art déco em Juiz de Fora. Em outras palavras, o documentário locativo procura explorar algo apontado por Stalbaum e Silva (2011: 4), o fato de que, “(…) quando a computação e a geolocalização se cruzam, o olho humano passa a 'realmente olhar' para o que está lá nesse local (...)” O projeto de documentário locativo art déco foi inspirado numa variedade de elementos, tais como o flaneur de Baudelaire, parte da obra de Jorge Luis Borges, o filme GPS Nine Lives (criação de Scott Hessels e estudantes de arte e engenharia da Nanyang Technological University em Cingapura, dirigido por Kenny Tan), a idéia de “geografias emocionais” e o conceito de “psicogeografia” (o estudo dos efeitos do ambiente sobre o comportamento e as emoções dos indivíduos), desenvolvido pelos Situacionistas no final dos anos 1950. Segundo Tuters e Varnelis, o Situacionismo é frequentemente considerado um precursor do movimento das mídias locativas (2006: 3). Numa das primeiras taxonomias das mídias locativas, Tuters e Varnelis a ssinalam que, em sentido amplo, projetos nessa área podem ser classificados basicamente entre dois tipos de mapeamento: o anotativo (annotative), o qual consiste basicamente na “rotulação” (tagging) virtual do mundo, e o fenomenológico (phenomenological), que implica o traçado de ações ou monitoramento de trajetória (rastreamento) do sujeito no mundo (2006: 2). Grosso modo, ainda segundo os autores, esse dois tipos de mídias locativas (annotative and tracing) correspondem a dois pólos arquetípicos que se co nfiguram ao longo da arte do final do século XX, da arte crítica e da fenomenologia, talvez de outra forma representadas pelas práticas situacionistas do détournement e da dérive. Projetos anotativos geralmente procuram mudar o mundo por meio do acréscimo de dados a ele, de forma similar ao que é sugerido pelo détournement. Para Tuters e Varnelis, a obra anotativa paradigmática é Urban Tapestries, do Proboscis. Similarmente, ao adotar a tática de “mapeamento-enquanto-se-caminha” da dérive situacionista, obras de mídia locativa baseadas em rastreamento (tracing) sugerem que podemos nos recorporificar no mundo, e desta forma escapar da sensação de que nossa experiência do lugar tem desaparecido no capitalismo tardio. Tuters e Varnelis citam a obra Crowd Compiler (2002), de Christian Nold's, como bom exemplo desse segundo tipo de trabalho em mídias locativas (2006: 2). Projetos anotativos e fenomenológicos não são 268 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


excludentes entre si, portanto podem se justapor. O projeto art déco em Juiz de Fora parece afiliar-se incialmente à categoria de “mapeamento anotativo” proposta por Tuters e Varnelis, muita embora também possa sugerir afinidades com a segunda categoria apresentada. No âmbito da taxonomia proposta por Lemos (2009: 94-5), o trabalho pode ser imediatamente associado à categoria das anotações urbanas eletrônicas (geo-annotation), mas também ao grupo dos mapeamentos e etiquetas geográficas (geotags). O projeto também remete ao campo de experimentos em realidade aumentada móvel, uma vez que amplia a informação influente sobre a percepção de um determinado espaço físico. Vale dizer que o projeto de documentário locativo sobre o art déco em Juiz de Fora não se esgota na publicação dos cinco episódios elaborados. Estima-se a continuidade do mapeamento das edificações em art déco ou inspiradas no estilo, com o objetivo de se organizar uma memória detalhada da sobrevivência dessa arquitetura na Juiz de Fora contemporânea. A interatividade do projeto também pode ser ampliada, com inspiração em obras como PDPal (2003), de Marina Zurkow, Scott Paterson e Julian Bleecker, uma ferramenta de mapeamento para registro de experiências pessoais de fruição do espaço público. PDPal, por sua vez, também é inspirado na idéia de “geografias emocionais” e no conceito de “psicogeografia” dos situacionistas. Em PDPal, usuários criam mapas por meio da marcação de localidades com símbolos gráficos que representam atributos e valores (Paul, 2003: 217-8). No caso do documentário locativo art déco, os espectadores-transeuntes poderiam publicar impressões relativas ao espaço visitado no próprio sistema utilizado. Enfim, todo o conteúdo continuamente acumulado em pesquisa sobre o art déco em Juiz de Fora pode ser disponibilizado não apenas em interface audiovisual por meio de telefones celulares com GPS e acesso à internet, pads e demais dispositivos móveis, mas também em experimentos de visualização com recurso a métodos e tecnologias como, por exemplo,

a

Analítica

Cultural 4 ,

do

grupo

de

pesquisa

(http://lab.softwarestudies.com/2009/03/analitica-cultural-historico.html;

Software

Studies

http://lab.software

4

Em abril de 2008, u m grupo de pesquisadores do Calit 2, coordenados por Lev Manovich, recebe uma bolsa Interdisciplinar da Chancelaria da Universidade da Califó rnia em San Diego (UCSD) para o desenvolvimento do ambiente da pesquisa Analítica Cultural: u ma p lataforma aberta para a Pesquisa em Hu manidades Digitais que apoiará análises em tempo real de variadas formas de mídias visuais e de técnicas de mapeamento (http://lab.softwarestudies.com/2009/ 03/analitica -cultural-historico.ht ml). 269 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


studies.com/2010/03/versao-alpha-do-novo-software-de.html). Sobre as possibilidades do projeto aqui apresentado, convém remetermos às observações de Stalbaum e Silva:

(...) o mo mento político das mídias locativas encontra-se em u ma fase de inú meras visualizações de cenários possíveis graças à denominada “internet das coisas”, que amplia a concepção do público (e, presumivelmente, a sua resposta política) à estrutura e distribuição da riqueza material. (2011: 5)

Com efeito, o projeto de documentário locativo sobre o art déco em Juiz de Fora se inscreve no contexto de escalada da “internet das coisas” (internet of things: http://www.iot2012.org/) e, no limite, acaba por sugerir experimentos acerca de “edifícios com

memória”.

Segundo

Tuters

e

Varnelis,

de

acordo

com

a

International

Telecommunication Union (ITU), estamos no limiar de uma sociedade de objetos em conexão ubíqua. Em breve, prevê o ITU, objetos serão os maiores usuários da internet, trocando intensamente dados entre si. Essa é a “Internet das Coisas”, um cenário de objetos informatizados e quase sencientes que nos leva a considerar a proposta de “spimes” de Bruce Sterling 5 (1991: 23-24). Durante o SIGGRAPH de agosto de 2004, Bruce Sterling proferiu a palestra “Quando os blobjetos governarem a Terra”, na qual previa um mundo em que os objetos passariam de “blobjetos” a “spimes”. Os “spimes” de Sterling são objetos sensíveis ao lugar e ao ambiente, auto-conectados, auto-documentados, e capazes de transmitir informações detalhadas sobre onde têm estado, onde estão e para onde vão, ao longo de todas as suas “vidas”. Segundo Santaella, “Qualquer coisa, da escova de dentes ao pneu do carro, entrará em faixas comunicacionais, anunciando o alvorecer de uma era em que a inter net de hoje, de dados e de pessoas, conviverá com a internet das coisas” (2008: 99). De acordo com Cory Doctorow (2005), os “spimes” são os dispositivos últimos dos “hacktivistas” – um ponto limite para tornar os frutos negativos da produção industrial vis íveis e óbvios (Santaella, 2008, p. 99). O “spime” poderia assim ajudar a desvendar o fetichismo da mercadoria descrito por Marx, o resultado da alienação do produto em relação à sua produção e origem - ou potencializar esse mesmo fetichismo, ainda é cedo para saber (sobre esse assunto ver 5

Metáforas e imagens clariv identes de uma “Internet das Coisas” e de objetos sencientes estão há mu ito tempo disponíveis na obra de Philip K. Dick, autor de ro mances Do Androids Dream o f Electric Sheep? e Ubik, e contos como “Electric Ant” e “Minority Report”. 270 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


Galloway e Ward, 2006; Canclini, 2012). Galloway e Ward (2006) observam que, à medida em que nos aprofundamos na maneira com que projetos de mídias locativas negociam espaços locais e globais, constatamos uma crescente “tecnologização” e comodificação dos espaços público e urbano. 6

A idéia de Sterling nos estimula a pensar em “edifícios-spime”, em

patrimônios arquitetônicos beneficiados por tecnologias do gênero – o uso de tecnologia a serviço da memória, num modelo não muito distante dos prédios inteligentes de São Paulo e outras metrópoles mundiais, mas com propósitos diferenciados. Cremos que o trabalho procedido pelo LaLoca responde a uma nova sensibilidade contemporânea no que diz respeito à vivência da arte e do patrimônio, cenário já examinado por Néstor García Canclini, para quem

Os museus online transcendem sua localização física e, ao mesmo tempo, podem visualizar e med ir em seus sites o número de visitantes por país. Os lugares de consumo e recepção são rastreáveis ao “perseguir” e armazenar os dados dos usuários. Por outro lado, dispositivos móveis co mo o iPhone e o iTouch dão acesso à oferta cultural da cidade onde a pessoa se encontra e a muitas outras no mundo. Trata-se de algumas das interações entre o museuedifício, os artistas como med iadores ou tradutores de seus acervos e os espectadores, que podem montar seus próprios arquivos e modos de ver. (2012: 179 -180)

Com o projeto de documentário locativo sobre o art déco em Juiz de Fora, pretendemos inicialmente colaborar com a valorização da memória arquitetônica da cidade, bem como investigar as possibilidades e resultados do recurso às mídias locativas como ferramenta de preservação cultural. Segundo Santaella,

Colocar geotags nos objetos, de modo que ess es objetos nos contem suas histórias, leva-nos a conhecer sua genealogia, seu enraizamento na mat riz de produção. Estamos entrando, portanto, em u m mundo em que, por estarem ligados a chips inteligentes, os objetos vão se tornar sencientes, quer dizer, conscientes das impressões dos sentidos, o que nos trará a possibilidade de um engajamento mais ativo entre o corpo, a cidade, os lugares e as coisas. (2008: 100)

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Em “Locative Media as Socialising and Spatializing Practice: Learn ing fro m Archeology” (2006), Galloway e Ward investigam projetos de mídias locativas em comparação ao estatuto dos museus, questões curatoriais e protocolos de pesquisa arqueológica. Segundo os autores: “Para que qualquer d ispositivo tecnológico seja “consciente” de seu contexto – físico ou de outra ordem –, ele tem de ser capaz de localizar, classificar, coletar, armazenar e usar informação “relevante”, bem como ide ntificar e descartar ou ignorar informação “irrelevante”. Se imag inarmos esses dispositivos e dados como artefatos culturais, e servidores e bases de dados como gabinetes e museus, então as míd ias locativas começam a part ilhar mu itos dos mesmos interesses e preocupações da arqueologia e antropologia.” 271 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


Pensamos em, de certa maneira, revificar a arquitetura art déco de Juiz de Fora por meio do uso de dispositivos móveis, revigorando a relação do indivíduo com a estética de sua cidade. Num primeiro passo, a idéia é instruir e informar o cidadão sobre a história e a natureza da edificação que ele visita. Numa segunda etapa, podemos pensar em “edifícios com memória”, sensíveis ao seu ambiente e às pessoas que nele circulam – uma imagem próxima à dos “spimes” de Sterling. O recurso às mídias locativas oferece um leque variado de possibilidades, cada edifício, monumento ou obra de arte exposta na cidade pode ser envolta em nuvens de informações. Paralelamente à implementação do projeto, reflexões de ordem ética, discursiva e metalinguística têm emergido neste momento, embora ainda esboçadamente, a partir de trabalhos como o de Galloway e Ward (2006). Comparando os métodos da arqueologia aos de trabalhos contemporâneos em mídias locativas, Galloway e Ward propõem investigações sobre quais tipos de relações sociais/espaciais são possíveis em determinados projetos de mídias locativas. Segundo os autores, a arqueologia oferece duas grandes contribuições à compreensão e prática de locative media arts. Primeiramente, a questão da autoria nos impele a pensar não apenas sobre quem é hoje capaz de criar e usar mídias locativas, mas também sobre quem será capaz de recriar e reutilizar mídias locativas no futuro. Em segundo lugar, a questão da propriedade (ownership) nos leva à ciência de que a maioria dos projetos de mídias locativas requer grandes bases de dados, e que esses dados estão submetidos às mesmas questões de ordem curatorial que qualquer outra coleção cultural (Galloway e Ward, 2006).7 Nosso trabalho de mapeamento e catalogação do estilo art déco em Juiz de Fora acaba por envolver algumas das questões discutidas por Galloway e Ward (2006). Estamos cientes de que iniciativas de catalogação, classificação e, em última análise, revalorização de artefatos culturais, podem e devem estar sujeitas e reflexões de caráter metodológico e processual. Estimamos que a reflexão teórica sobre as práticas do LaLoca amadureça nos próximos anos em paralelo à implementação de projetos.

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De acordo com Galloway e Ward: “Autoria e propriedade são centrais para a classificação de novos artefatos de míd ia ou dados: O que faz um esquema de classificação bottom-up mais autêntico ou válido que outro construído top-down? O que faz u m pro jeto de locative media menos ética e politicamente responsável que um gabinete de curiosidades?” (2006). 272 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


Por fim, decidimos expor este relato neste encontro no sentido de testar nossas hipóteses e objetivos, trocar experiências e coletar críticas e sugestões, pois muito trabalho ainda deve ser feito e muitas possibilidades ainda restam por ser exploradas. Referências Bibliográficas CANCLINI, Néstor García. A Sociedade sem Relato: Antropol ogia e estética da i minênci a. São Paulo : Edusp, 2012. CORREIA, Telma de Barros. Art déco e indústria: Brasil, décadas de 1930 e 1940. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v.16, n.2, p. 47-104, ju l.-dez. 2008. DOCTOROW, Cory. Resenha. In BoingBo ing - A d irectory of Wonderful Things. Disponível em <http:// www.boingboing.net/2005/10/26/bruce-sterlings- desi.html>, 2005. Acesso em 15 de janeiro de 2008. GA LLOWA Y, Anne; WARD, Matthew. “Locative Media as Socialising and Spatialising Practice: Learning fro m Archaeology.” Leonardo Electronic Al manac, Vol. 14, Issue 3-4, 2006. Disponível em http://cast.ap.buffalo.edu/courses/s10/media_urbanis m/wp-content/readings/Galloway_3.pdf . Acessado em 5 de agosto de 2012. LEM OS, André. Mídia Locativa e Territórios Informacionais. In: A RANTES, Priscila e SANTAELLA , Lúcia (orgs.). Estéticas Tecnológicas. São Paulo: Educ, 2008. Disponível em http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/mid ia_locativa.pdf . Acessado em 4 de agosto de 2012. ___. Arte com M ídias Locativas. Enciclopédi a Itaú de Arte e Tecnologia: Revista Ci bercultura, 2009. Disponível em http://www.cibercultura.org.b r/tikiwiki/tikiprint.php?page=Arte%20com%20M%C3%A Ddias%20Locativas . Acessado em 4 de agosto de 2012. ___. Arte e Mídia Locativa no Brasil. In: LEM OS, André e JOSGRILBERG, Fábio. Comunicação e mobili dade: Aspectos socioculturais das tecnol ogias móveis de comunicação no Brasil. Salvador: Edufba, 2009, p. 89-108. OLENDER, Marcos. Ornamento, ponto e nó: da urdi dura pantaleônica às tramas arquitetônicas de Raphael Arcuri. Ju iz de Fora: Ed. UFJF, 2011. PAUL, Ch ristiane. Digital Art. London: Thames & Hudson, 2003. STALBA UM, Brett e SILVA , Cicero Inacio da. Mídias locativas e a esfera pública in Revista Zona Digital, Ano I, n. 03. Acessado em 4 de agosto de 2012. Disponível em http://zonadigital.pacc.ufrj.br/reflexoes criticas/ mid ias-locativas-e-a-esfera-publica/ . Acessado em 4 de agosto de 2012. TUTERS, Marc, VA RNELIS, K. “Beyond Locati ve Media: Giv ing Shape to the Internet of Things,” Leonardo 39, No. 4 (2006): 357– 363. Disponível em Networked Publics: <http://networkedpublics.org/locative_media/beyond_locative_ media >. Acessado em 10 de novembro de 2011.

273 Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil. 9 , 10, 11 de outubro de 2012 – ISBN: 978-85-62309-06-9


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